Revista Atua - Abril 2021

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sumário da edição

A Revista Atua, ano 12, número 47 (abril de 2021), é uma publicação quadrimestral sem fins lucrativos da ACE - Associação Comercial de São João da Boa Vista (SP). Sua distribuição é gratuita. Colaborações e matérias assinadas são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores, não representando necessariamente a opinião dessa publicação. Tiragem: 3 mil exemplares

www.revistaatua.com.br @atuarevista

@revistaatua

Presidente Luis Fernando de Melo Diretor de redação Candido Alex Pandini Gerente Raphael de Padua Medeiros Editor Mateus Ferrari Ananias - mateus@acesaojoao.com.br Jornalista responsável Ana Laura Moretto - Mtb. 87609 / SP - imprensa@acesaojoao.com.br

Foto: Arquivo Pessoal - Silvia Ferrante

MATÉRIA DE CAPA

030 O amor que revolucionou São João “O amor é sempre o melhor caminho”, afirma a escritora Silvia Ferrante ao falar sobre o casal Cristiano Osório de Oliveira Filho (Bilú) e Maria da Costa (Rosinha), uma moça pobre, jogada às margens da sociedade, que encontrou na prostituição a única forma de sobreviver. Silvia conta sua versão desta história no livro A Primeira Dama (IDB, 2011) e é apoiando-se nesta obra e em uma entrevista com sua autora que revisitamos nesta reportagem a trajetória de sofrimento, luta, resistência e amor.

056 Andradas, a terra do vinho e das belezas naturais Localizada na Serra da Mantiqueira, Andradas é conhecida como a Terra do Vinho por sua tradição vinícola trazida dos imigrantes do norte da Itália. Além da Festa da Uva, realizada anualmente no mês de julho, a cidade oferece atrativos propícios para a prática de esportes de aventura.

OUTROS DESTAQUES:

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moda & beleza

018 042

empreendedores saúde

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esportes

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meio ambiente

062 066

culinária

078 086

psicologia

sociedade

figura que atua

Repórteres Bruno Manson Daniela Prado Jeferson Batista Lethycia Costa Reinaldo Benedetti Revisor Jeferson Batista - jefersonbatista1108@gmail.com Projeto gráfico Mateus Ferrari Ananias Departamento Comercial Luciana Castilho - comercial@acesaojoao.com.br Produção de anúncios Gabriel Henrique Paschoal Garcia - gabriel@acesaojoao.com.br Fotos Leonardo Beraldo / Cromalux - www.cromalux.net Produção e direção de arte Bruna Ribeiro - brunaribeiro@321economiacriativa.com Estagiários Leticia Lorette Mayquele Loiola Professores orientadores Ana Paula O. Malheiros Romeiro Maria Isabel Braga Souza José Dias Paschoal Neto Foto de capa Foto: Leo Beraldo / Cromalux Produção: Ana Laura Moretto e Gabriel Garcia Agradecimento: Paulo Gabriel Tonon, Maria Aparecida Batista e Antonio Carlos Lorette / Museu de Arte Sacra

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moda & beleza

Moda: comportamento e reflexo dos acontecimentos de uma época Pós-pandemia e a tendência da economia, política e social que reflete nos trajes Foto: Reprodução Internet

POR LETHYCIA COSTA

Você sabe quantos litros de água são gastos para produzir sua calça jeans? No Brasil, mais de 5.000 litros, mostram informações da Vicunha Têxtil, a maior produtora mundial de índigos e brins. Além de impactos hídricos, o mundo da moda também é responsável por impactos na biodiversidade e pela degradação de ambientes naturais para extração da matéria prima e descarte de peças que são produzidas em excesso. “A moda é muito pautada no desejo, e em criar desejos que resultam em ciclos de renovação constante e isso faz com que a indústria da moda esteja sempre produzindo mais do que usamos” diz Bárbara Poerner, colunista do Fashion Revolution Brasil. Analisando os impactos ambientais causados pela moda 6

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por conta da relação entre volume de produção, preço e consumo, fica nítido que o mundo da moda precisa de uma revolução, de uma mudança sistêmica na forma de produzir e influenciar o consumo desenfreado. A docente de moda e consultora de imagem pessoal e estilo Nayara Fadel, afirma que “antes da pandemia, a moda já vinha dando alguns sinais de ruptura de quebra de paradigmas, porém com a covid-19 tudo se acelerou e movimentos de consumo consciente se fortaleceram". De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) no ano de 2020 houve uma diminuição 36% das indústrias de vestuário e 37,6% das vendas de roupas de varejo, ou seja, a pandemia conseguiu dar início a uma transformação no mundo da moda.

“Nossa necessidade de moda é reflexo da urgência do mundo, hoje buscamos uma moda mais empática e humana, queremos restabelecer nossas relações de consumo e com a natureza, estamos em busca de uma moda totalmente oposta da anterior a pandemia", explica a colunista. Além desse novo modo de consumir roupas e outros acessórios, os consumidores estão mais conscientes em relação a condição financeira, isso fez com que a busca por brechós aumentassem, muitos passaram a comprar roupas de segunda mão de brechós, pois estes vendem estilo, sustentabilidade e economia. Além das relações de consumo, a pandemia mudou também o estilo das pessoas. Que agora preferem usar peças produzidas com tecidos mais leves e naturais, com modelagens mais soltas

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que proporcionam conforto ao movimento do corpo. “Temos uma composição gigante de linguagem visual e como estamos transitando nesse meio digital por conta do home office, algumas coisas vão perdendo o sentido, como a ideia da impecabilidade, e ao mesmo tempo dando voz a aquilo que nos acolhe, nos abriga, traz aconchego, a maneira como definimos o conforto pode mudar de pessoa para pessoa, mas a tendência de comportamento de buscar esse conforto é o que move a maioria”, explica a docente de moda, que continua: “estamos em busca de um vestir mais atemporal para vida e rotina, buscamos conforto, funcionalidade, minimalismo e durabilidade. Então, nesse momento estamos revisitando nosso armário, ressignificando aquilo que já temos, observando o que realmente nos agrega, e nos desapegando do que não faz mais parte de quem somos. Queremos uma moda facilitadora da nossa rotina”, As mudanças advindas dos tempos de crise sanitária não se restringem apenas às vestimentas. O isolamento social criou também novos padrões de beleza, que passaram a ser mais naturais: a maquiagem ficou para outro momento, dando

espaço para uma beleza natural, os cabelos ganharam força para serem aceitos, sejam em textura ou cor. Esse movimento minimalista e de autoconhecimento para recriar o estilo tornou-se uma tendência conhecida mundialmente como High Low, que faz da moda individual, porém diversa e democrática, anti-padrões, capaz de proporcionar originalidade, liberdade, conforto e economia, ou seja, a moda se tornou criatividade para gerar individualidade e esse novo conceito se fixou nas nas ideias.“O conforto paira pelo ar e é nosso maior movimento na moda. Estamos seletivos, práticos e buscando facilidades para nosso dia a dia. A indústria da moda entendeu e captou essas demandas e vem se adaptando cada vez mais a isso”, diz Nayara Fadel. Pode-se notar que a forma de produzir e vender de lojas de varejo foi modificada, até mesmo os desfiles não são mais os mesmos, a pandemia e o isolamentos social fez com que tudo transitasse para o meio digital, que veio para ficar, porém com a busca do consumo afetivo, as propagandas tiveram que mudar, não existe mais a possibilidade de vender com um

marketing generalizado, as empresas precisam de um marketing direcionado, capaz de agregar valor à comunidade e as pessoas locais e regionais. “Durante a pandemia autoconhecimento tem sido nossa chave para encontrar nossas preferências, desejos e vontades. Estamos isolados e nos reconhecendo diariamente. Temos usado esse conhecimento de nós mesmos para nos adornar após repensarmos gostos e hábitos, essa é a nova tendência, que busca uma construção de identidade através da moda, e expressa para fora aquilo que temos dentro, materializando nossos gostos, valores, posicionamentos, identidade, personalidade através das cores, estampas, tecidos e modelagens”, explica a consultora de imagem pessoal e estilo. Esse novo jeito de consumir moda, busca trajes que sejam reflexo da essência de cada um, faz com que as pessoas nao aceitem mais apenas um padrão de beleza a ser seguido, e sim a busca do diverso, que traz conforto e aconchego para os consumidores serem quem quiserem, onde quiserem, porque a moda nada mais é do que uma criatividade individual. A

TRANSFORMAÇÃO

De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) no ano de 2020 houve uma diminuição 36% das indústrias de vestuário e 37,6% das vendas de roupas de varejo, ou seja, a pandemia conseguiu dar início a uma transformação no mundo da moda.

Foto: Reprodução Internet

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negócios

Da sala de aula para a barbearia Vencendo preconceitos, a professora Roberta Carvalho resolveu empreender e abriu uma barbearia tornando-se destaque em uma profissão tipicamente masculina Foto: Divulgação

POR BRUNO MANSON

Com o crescimento do mercado de beleza masculina, a profissão de barbeiro está cada vez mais em alta. O ofício tem suas raízes no antigo Egito, mas foi na civilização grega que surgiram os primeiros profissionais desta área, que eram responsáveis por cuidar exclusivamente da barba e dos cabelos de homens nobres e guerreiros. Com o passar dos séculos, a profissão foi se transformando e se adaptando às mudanças da sociedade. Atualmente, o ramo das barbearias segue a todo vapor. De acordo com re10

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latório da agência Euromonitor, o consumo no mercado brasileiro de beleza masculina cresceu 70% entre 2012 e 2017, chegando a faturar R$ 19,8 bilhões. Seguindo esse ritmo, a projeção é que este mercado chegue a R$ 26 bilhões em 2021, ultrapassando os Estados Unidos se tornando o líder global no segmento. Este mercado competitivo chamou atenção da professora Roberta Carvalho. Com 28 anos de idade, ela é a proprietária da Barbearia Madame, localizada em Vargem Grande do Sul. Com uma decoração retrô e música ambiente – clássicos dos anos 1980 e 1990 –, o estabelecimento foi inaugurado em

2019 e, desde então, tem conquistado o público masculino e até mesmo atraído clientes de outras cidades. COMO TUDO COMEÇOU Lecionando em duas instituições de ensino em São João da Boa Vista, Roberta sempre pensou em ter um negócio próprio. A ideia de abrir a barbearia veio de sua mãe Silvia e causou espanto no começo, uma vez que é uma profissão predominada por homens. Contudo, a educadora ficou curiosa e resolveu pesquisar mais a respeito. “Vi que nas grandes cidades há barbearias que o atendimento é feito por mulheres e achei bem


legal. Foi aí que decidi então me matricular num curso. A duração foi de quatro meses e, nesse tempo, fui montando a barbearia”, recorda. Para evitar gastos, ela montou o salão junto à sua casa, na Vila Santa Terezinha. “Aos poucos fui deixando a barbearia do meu gosto, comprando as coisas para decoração, o espelho, a cadeira, o lavatório e outros itens. Quando terminei o curso, já estava com ela montada”, conta a empreendedora. “A princípio ficava imaginando o que as pessoas iriam pensar a respeito, pois barbearia era coisa de homem e não de mulher! No começo tive uma resistência em aceitar. Depois comecei a ver por outro lado essa situação e cheguei à conclusão que podemos ter a profissão que quisermos”, destaca. DIFICULDADES A Barbearia Madame foi inaugurada no dia 19 de julho de 2019. O nome escolhido por Roberta foi uma maneira de enfatizar que é uma mulher à frente do estabelecimento. “O público masculino teria que saber que seria uma mulher que

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realizaria o atendimento, por esse motivo pensei em madame”, explica. Assim que abriu o salão, ela enfrentou dificuldades e até um pouco de preconceito, o que lhe deixava pensativa se deveria ou não prosseguir com este empreendimento. “Lembro como se fosse hoje: o primeiro rapaz que entrou na barbearia, olhou para mim e perguntou se o barbeiro estava. Quando disse que é eu que faço o atendimento, ele me olhou e falou que precisava ir ao supermercado e logo voltava. Estou à espera dele até hoje”, recorda em meio aos risos. “A princípio, fiquei muito triste. Fiquei pensando se realmente havia feito a escolha certa”, complementa. SUPERAÇÃO No entanto, Roberta não desistiu. Convicta de que seu trabalho seria voltado exclusivamente para o público masculino, ela começou a participar de workshops com barbeiros profissionais e a apreender cortes modernos e que estão em evidência. Os dias foram se passando e ela foi divulgando seu trabalho nas redes sociais, o

que acabou chamando atenção de muita gente e atraindo novos clientes, incluindo de cidades vizinhas. “O pessoal foi gostando e hoje, graças a Deus, tenho uma ótima clientela e aceitação. Posso dizer que não há mais preconceito!”. AMOR PELO QUE FAZ Hoje, a barbearia não se tornou apenas fonte de renda para Roberta, mas sim uma verdadeira paixão. Assim que chega das escolas onde trabalha, ela inicia o atendimento no salão por volta das 18h e segue até tarde da noite. “Já cheguei a ficar até as 23h30 atendendo. Já aos sábados, atendo o dia todo e não tenho horário para terminar”, destaca. “A barbearia se tornou um verdadeiro hobby. Há uma frase que diz: ‘escolha um trabalho que você ame e nunca terá que trabalhar um dia’. É assim que me sinto no salão!”, declara. “Quero realizar cada sonho que tive quando criança. Estou lutando dia após dia para conseguir alcançar e sei que com fé, otimismo e força de vontade vou conseguir! Se não der certo, tudo bem, pelo menos eu tentei”, finaliza a empreendedora. A

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solidariedade

Transformando vidas Projeto Supera leva conforto e qualidade de vida para mulheres que lutam contra o câncer de mama POR MAYKELE LOYOLA SOB SUPERVISÃO DE ANA PAULA MALHEIROS

O câncer de mama é o que mais atinge as mulheres no Brasil e no mundo. São 1,38 milhões de novos casos por ano de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). O diagnóstico, além de doloroso, atinge diretamente a autoestima das pacientes, que passam por um processo de desconstrução da própria imagem a partir da queda dos cabelos e a perda do seio. Perante este sofrimento, surgiu o Projeto Supera, uma ação que objetiva oferecer um maior conforto – físico e também psicológico – para as pacientes que passam por este momento delicado. A iniciativa foi desenvolvida pelo Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) – órgão da Associação Comercial de São João da Boa Vis-

ta (ACE) – e o curso de Fisioterapia da Unifae. O trabalho foi inspirado na ação mundial chamada Heart Pillow Project, que começou nos Estados Unidos, e tem como finalidade oferecer, gratuitamente, a cada mulher com câncer de mama, uma almofada de coração, projetada para ser colocada embaixo dos braços, aliviando assim a dor da incisão e auxiliando na proteção do uso do cinto de segurança. Paralelamente a isso, o Projeto Supera ainda conta com doações de sutiãs adaptados para próteses, visando elevar a autoconfiança das pacientes, que não puderam, ou não quiseram, passar por uma reconstrução mamária. UM GRANDE DESAFIO Ajudar as mulheres nesta etapa tão dura de suas vidas é um grande desafio. Sensibilizadas com este problema, as integrantes do CMEC uniram forças para

realizar um trabalho social que fosse capaz de transformar a perspectiva de vida dessas pacientes. “Já tínhamos vontade de colaborar com a sociedade de alguma forma, mas não sabíamos como, quando, então, conhecemos o trabalho realizado pela ação ‘Heart Pillow Project’, por meio das redes sociais. Fomos impactadas e decidimos que esse seria o projeto ideal para realizarmos”, conta Silvia Alessandra Francioli de Melo, uma das diretoras do CMEC. Com o apoio da Unifae, o projeto veio a se tornar realidade. Após muito trabalho e dedicação, em fevereiro deste ano, ocorreu a primeira distribuição de lingeries adaptadas e almofadas de coração às pacientes. A entrega ocorreu na Clínica de Fisioterapia do Centro Universitário. As quais ainda foram agraciadas com um cartão contendo uma mensagem especial e ainda informações

Foto: Divulgação

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Foto: Reprodução Internet

de uso e contatos. “Me senti honrada em participar. O acolhimento que obtive na clínica e a troca de conhecimento com outras mulheres foram essenciais para o meu processo de recuperação” afirma Andreza Casarini Perinotti, uma das pacientes beneficiadas pela ação. UNINDO FORÇAS Assim que tomou conhecimento do Projeto Supera, a empresária Elizandra Rinaldi Bergonsini Beraldo ficou comovida com a ação e quis fazer parte desta iniciativa. Hoje, sua empresa, a Bella Li Lingerie é a responsável pela doação dos sutiãs com proteses às pacientes assistidas. “Vivemos em uma sociedade com grandes diferenças sociais, as oportunidades não são iguais e muitas pessoas sofrem com a falta de recursos. Foi pensando nisso que tomei a decisão de ajudar. Desde que comentei com minha equipe percebi muito carinho e cuidado com a ideia, o designer, a modelagem dos sutiãs e cada detalhe na hora de confeccionar”, declara a empresária. EXPERIÊNCIA GRATIFICANTE Para as instituições que colaboram, o sentimento gerado pelo envolvimento com a ação é de alegria e gratidão. “É um ganho para nós, especialmente para o projeto de qualidade de vida em oncologia. O fato dessas pacientes se sentirem cuidadas tem um significado muito grande, tanto pela recuperação física, quando a recuperação emocional”, assegura a professora dra. Laura Ferreira de Rezende Franco, pró-reitora de Pesquisa do Unifae e uma das coordenadoras do Projeto Supera. COMPROMISSO Diante da importância da promoção de projetos sociais, a presidente do CMEC, Vera Sassaron Pandini, considera esta ação muito especial. De acordo com ela, além de promover o bem-estar e oferecer uma melhor qualidade de vida às pacientes, o Projeto Supera é fiel ao compromisso do CMEC, em unir e inspirar mulheres. “As ações do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura se dividem em duas áreas, a empresarial, no qual nós realizamos palestras, rodadas de negócios e promovemos cursos, que são destinados a mulheres empreen13

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ALMOFADAS DE CORAÇÃO

A almofada foi criada para ser colocada debaixo do braço, aliviando a dor da incisão e auxiliando na proteção do uso de cinto de segurança, além de trazer um pouco de bem-estar e acolhimento para mulheres que passaram pelo tratamento do câncer de mama, ajudando na recuperação após a mastectomia que é um procedimento cirúrgico para a remoção de uma ou ambas as mamas.

dedoras ou que querem empreender, e na área social, onde buscamos promover trabalhos sociais, geralmente arrecadamos fundos com a venda de ingressos de algumas palestras e a renda é destinada para alguma instituição. O intuito é sempre estar colaborando”, destaca. FAÇA PARTE Para participar do Projeto Supera como paciente, basta acessar o Instagram do projeto de pesquisa e extensão em oncologia da Unifae - @ladorosadavida - na

bio do perfil é possível encontrar um link no Linktr.ee direcionado as orientações remotas, e publicações que disponibilizam na legenda link e chave de acesso para reuniões no aplicativo Zoom. Além das opções acima, o número para contato direto com clínica de Fisioterapia do Unifae, também está disponível: (19) 36314725. Nesse mesmo sentido, para apoiar a iniciativa, colaborar e realizar doações, basta entrar em contato por meio do telefone disponibilizado pela Associação Comercial: (19) 3634-4318. A REVISTA ATUA | ABRIL DE 2021

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inauguração - Olhar de Jabuticaba

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empreendedorismo

Perfil dos empreendedores POR LETHYCIA COSTA

Ninguém nasce empreendedor, é a dedicação e o investimento em um plano de negócios que faz microempreendedores superarem os desafios e sobreviverem no mercado. Conheça a seguir trajetória profissional do microempresário Flávio Zaparoli Quiles, de 43 anos; e de Lívia Tonso, de 63 anos. Os dois, com muito empenho e estudo de mercado, atuam em São João da Boa Vista há mais de 25 anos. Foto: Léo Beraldo/Cromalux

Flávio Zaparoli - Auto Mecânica Brasília

Flávio Zaparoli Quiles começou no ramo de manutenção automotiva aos 15 anos de idade, trabalhando como ajudante de seu pai na empresa da família, que atua no mercado há 28 anos. Como surgiu a ideia de ser empreendedor? Na verdade, não fui eu quem teve a ideia. Tudo começou com meu pai, Genésio Quiles, em 1993. Após ele sair da concessionária de veículos que ele trabalhou por 27 anos, ele montou uma oficina mecânica para trabalhar por conta própria. No começo da Auto Mecânica Brasília era só eu e meu pai. Naquela época, eu trabalhava como ajudante dele e aos poucos fui aprendendo a profissão, passei a frequentar feiras do setor automotivo e comecei a fazer vários cursos técnicos e de gestão. Desde o início, tivemos bastante apoio da Associação Comercial e Empresarial de São João da 18

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Boa Vista (ACE) e do SEBRAE e então fomos crescendo e nos mantendo no mercado durante todos esses anos. Atualmente meu pai está aposentado e eu trabalho com a minha esposa e mais quatro colaboradores. Quanto ao nome da Auto Mecânica, foi minha mãe quem teve a ideia por causa do nome da rua em que a empresa está localizada, a Avenida Brasília. Estamos no mercado de reparação automotiva há 28 anos. Quais foram as maiores dificuldades no início da empresa? As maiores dificuldades do começo foram levantar capital para


compra de equipamentos e a construção do prédio em que a empresa atua hoje. Recordo-me que tínhamos também muita dificuldade na parte de gestão, porém, por meio de muito trabalho, conseguimos superar todas as nossas dificuldades. Como você aprendeu identificar as oportunidades? Quando comecei a fazer visitas em feiras do setor e cursos técnicos, principalmente os voltados para gestão, passei a mudar minha visão do negócio e pude enxergar melhor as oportunidades no mercado. Qual seu plano para o futuro? O foco está sempre em melhorar os processos e a qualidade. Outro plano para o futuro é vencer os desafios que o setor automotivo impõe, pois as mudanças de tecnologia são cada vez mais rápidas.

Na sua opinião, quais os fatores mais importantes para o sucesso do seu negócio? Nesses 28 anos de Auto Mecânica Brasília, os fatores mais importantes para o sucesso do meu empreendimento foi muito trabalho, comprometimento, persistência e sempre buscando melhorar para conseguir oferecer uma mão de obra qualificada a todo o momento para os nossos clientes. O que diria para alguém que está pensando em iniciar um negócio? O começo normalmente é difícil. Por isso creio que, antes de pensar em começar, é importante buscar o maior número de informação e conhecimento sobre o ramo do empreendimento desejado, fazer um bom plano de negócio e ter comprometimento com a empresa. Acho que esse é o ponto de partida: informação.

Livia Tonso - Livro Mania

Oportunidade de mudança: a busca por uma nova colocação no mercado de trabalho levou a editora e jornalista Lívia Tonso a tornar-se sócia, em 1994, da Livro Mania. Como surgiu a ideia de ser empreendedora? Foi o convite de uma amiga e nos tornamos sócias, até hoje. Trabalhávamos em São Paulo, em editoras diferentes. Ela resolveu voltar para São João da Boa Vista, onde tem família, aproveitando uma oportunidade de expansão (na área 19

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de divulgação de livros em escolas e bibliotecas do interior) de uma editora onde eu trabalhava. Depois ela se estabeleceu com a Livromania, uma distribuidora de livros. Como a atividade se expandiu para atendimentos a livrarias do interior, então ela me convidou para formar parte da equipe. Aceitei porque eu estava REVISTA ATUA | ABRIL DE 2021

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buscando uma nova colocação e achei melhor encarar uma oportunidade de mudança de profissão. Eu era editora de livros e estávamos numa época em que as ofertas eram restritas. Todos precisávamos rever nossas profissões. Isso foi no ano de 1994, época em que se falava em sobrevivência profissional através da aceitação de novos caminhos.

temente, e se alegraram de ver que a Livromania ainda existe.

O que é Livromania? Por muito tempo foi uma livraria e papelaria esotérica e com uma linha de presentes no mesmo ramo: incensos, bruxinhas, pedras, CDs de música de relaxamento e meditação. Hoje mantemos a vertente espiritualista ainda e temos uma abertura grande. Trabalhamos com todo tipo de livros, muitas encomendas e até oferta de novidades de mais vendidos, bestsellers em geral. Nunca fomos uma livraria religiosa, hoje temos todas as linhas. Consideramos que a informação pelo livro é fundamental para todos e por isso lamentamos que outras livrarias tenham fechado aqui na cidade.

Qual seu plano para o futuro da Livro Mania? O mesmo de sempre, atendimento personalizado, privilegiando cada oportunidade de deixar o cliente contente. Queremos que os clientes encontrem aqui um ambiente de novos ares no seu dia a dia! Adaptar-se às novas tecnologias também é essencial.

Quais foram as maiores dificuldades no início da empresa? Manter os custos e a sobrevivência com a pequena margem de "lucro" que o livro oferece, isso até nos dias de hoje. O livro sempre teve um preço sugerido pelas próprias editoras como preço final do produto ao consumidor. E com a concorrência acirrada pela internet o negócio pega às vezes. Nos últimos tempos, muitos clientes antigos reapareceram, surpreenden-

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Como você aprendeu identificar as oportunidades para sua empresa? De olho no mercado que é o melhor indicativo e por solicitações dos clientes.

Quais os fatores mais importantes para o sucesso do seu negócio? É aquele ditado antigo, “O olho do dono é que engorda o gado”, ou seja, de olho em tudo sempre, não gastar mais do que entra, avaliar realmente as necessidades, de qualquer ordem, desde as do cliente até as suas particulares e individuais. O que diria para alguém que está pensando em iniciar um empreendimento? Conheça o ramo, as tecnologias. Pense a longo prazo, e equilíbrio emocional! Outra dica que deixo é: a vida é uma oportunidade para ser vivida, não vale a pena o stress e a correria. O cliente deve ver em você segurança. A


“Toda carreira PROFISSIONAL começa com o ESTÁGIO.” A oportunidade de vivenciar na prática os conteúdos acadêmicos, fazendo com que o estagiário adquira conhecimentos relacionados à profissão escolhida. Atento a isto o IPEFAE atua com o Programa de Estágio, desenvolvendo novos profissionais.

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nossa cidade

Santa Casa: a centenária instituição de acolhimento e misericórdia A entidade é um dos patrimônios mais relevantes da cidade e responsável por tratar e salvar milhares de vidas POR REINALDO BENEDETTI

Uma das mais antigas e respeitadas instituições filantrópicas de São João da Boa Vista ganha ainda mais importância nos dias atuais por ser, certamente, o único hospital que atende gratuitamente a todos que necessitam. Que pese enfrentar crise financeira sem precedentes e com problemas estruturais, a Santa Casa de Misericórdia Dona Carolina Malheiros é um dos patrimônios mais relevantes da cidade e responsável por tratar e salvar milhares

de vidas por aqui. Em meio a uma das maiores crises de saúde pública do país, causada pela pandemia de Covid-19, é na Santa Casa que a população de São João e região alcança a possibilidade de se curar da doença, que já tirou a vida de milhares de pessoas pelo Brasil. E mesmo sendo uma entidade privada, o espírito público da instituição está presente desde a sua fundação, com a ajuda de muitas mãos caridosas da época. Por mais de meio século após a fundação de São João da Boa Vista, em 1824, a população que aqui habi-

tava não possuía atendimento médico profissional e nem mesmo um local para tratar da saúde. Publicações de historiadores como Theophilo Ribeiro de Andrade, Antonio Gomes Martins, Maria Leonor Alvarez Silva, Matildes Resende Lopes Salomão, Rodrigo Rossi Falconi, Antonio Carlos Lorette e materiais produzidos nos principais jornais da cidade, revelam que os doentes naquele período dependiam dos chamados “curadores”, pessoas sem habilitação na medicina. Ou então conseguiam atendimentos por meio de

PRIMEIRO PRÉDIO

A primeira sede da Santa Casa era um edifício em estilo neoclássico, majestoso e que chamava bastante atenção. Seu interior era composto por acomodações de grandes dimensões, o que na época era usual em busca de uma adequada circulação de ar. Foto tirada em 1930. Foto: Reprodução Internet

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Foto: Reprodução Internet

médicos que vinham de cidades da região, os quais também dispunham de mínimos recursos para o exercício da profissão. As consultas, na maioria das vezes, eram feitas na residência dos pacientes, sob condições muito precárias. Para os que viviam na zona rural somava-se a dificuldade de acesso. É diante deste cenário que algumas pessoas começam a pensar a possibilidade de implantação de um hospital na cidade, em especial para atender os menos favorecidos. Assim é gestada a Santa Casa Dona Carolina Malheiros, em meio ao sofrimento de tantos que não conseguiam atendimento médico e por iniciativa de pessoas providas de espírito altruísta. O COMEÇO Dona Carolina Augusta dos Santos Malheiros Vasconcellos, que dá nome ao hospital, é quem oferece o primeiro passo para a concretização do tão sonhado espaço médico, doando, em fevereiro de 1891, 30 contos de réis para a criação da

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Santa Casa local. É formada, então, uma direção provisória, presidida por Antônio Benedicto dos Santos Malheiros, advogado e irmão de Carolina, que organizou uma campanha na cidade para conseguir o terreno. A pedra fundamental é lançada em 13 de maio de 1891. No entanto, o projeto inicial não progrediu, pois o terreno estava no centro da cidade e as normas sanitárias da época não aconselhavam a instalação de um hospital próximo a

aglomerados humanos. Somente em 1893 o impasse é resolvido, quando Conrado Marcondes de Albuquerque e a esposa e Gertrudes da Silva Franco doaram, em vida, um terreno em loteamento na periferia da cidade. Assim, em 1895 é lançada outra pedra fundamental e iniciada a construção do prédio. Como a doação inicial era insuficiente logo no princípio da construção, o autor do projeto, o engenheiro Alfredo Emílio Pacheco de Mello, ide-

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Foto: Divulgação

REFERÊNCIA

A Santa Casa de Misericórdia Dona Carolina Malheiros é referência em toda região com cerca de 3.000 atendimentos ambulatoriais por mês e mais de 600 cirurgias. Além dos atendimentos emergenciais devido a atual pandemia da Covid-19.

aliza uma quermesse para obter novos recursos. A festa beneficente foi realizada em junho de 1896 e arrecadou 24 contos de réis, permitindo apenas a construção das paredes do prédio. As obras foram novamente paralisadas até 1898, quando foi eleito provedor o Dr. Francisco Carneiro Ribeiro Santiago, que organizou uma campanha para recuperar e terminar a construção do prédio e conseguir materiais indispensáveis para o adequado funcionamento do estabelecimento. Em seis de agosto de 1899, a Santa Casa de Misericórdia “Dona Carolina Malheiros” foi, enfim, inaugurada. Seu estatuto foi aprovado no consistório da Igreja Matriz em três de abril de 1897, dando constituição jurídica à Santa Casa, inscrita no Cartório de Registro Geral da Comarca, em sete de setembro de 1900, como Irmandade de Misericórdia de São João da Boa Vista. O PRIMEIRO PRÉDIO As portas do primeiro prédio da Santa Casa sanjoanense foram abertas no dia 15 de agosto de 1899. Era um edifício em estilo neoclássico, majestoso e que chamava bastante atenção. Seu interior era composto por acomodações de grandes dimensões, o que na época era usual em busca de uma adequada circu24

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lação de ar. A sala de espera era ampla e se comunicava com a administração e a farmácia. Havia, também, uma sala destinada a realização das cirurgias, além das enfermarias masculina e feminina. Três compartimentos, localizados aos fundos das enfermarias, serviam para os enfermeiros, rouparia e passagem para os banheiros. A cozinha estava localizada nos fundos do prédio e, entre as enfermarias, havia um salão de refeição para os pacientes convalescentes. Quando foi fundada, São João da Boa Vista contava com pouco com 23.953 habitantes, conforme levantamento realizado pelo Club da Lavoura, em 1900. Já naquela época, semelhante ao que acontece hoje, a maior parte dos atendimentos realizados durante o início do século a pessoas de baixa renda, principalmente da zona rural, era gratuita. Mas, havia também internações de particulares pagantes. Parturientes e até mesmo alguns casos cirúrgicos eram atendidos em casa, da mesma forma que alguns pacientes com doenças infecciosas. Não havia muitas consultas, sendo no máximo dez por dia no ambulatório. Havia poucas medicações, sendo a maioria manipulada. Os exames laboratoriais eram primitivos e o primeiro aparelho de raio-x só foi comprado em 1928, um equipa-

mento portátil da General Electric, que era até levado à casa de alguns pacientes, quando necessário. A CHEGADA DAS IRMÃS No início do seu funcionamento, ainda modesto e com poucos atendimentos, o serviço de enfermagem da Santa Casa era mantido por um casal de espanhóis, Jacinto e Dolores Durão, que cuidava de todos os doentes. Com o passar do tempo e o crescimento populacional, o trabalho foi ficando pesado para o casal e a mesa administrativa iniciou ações para aumentar o número de funcionários, sem acrescer muito as despesas. A alternativa foi buscar o auxílio das Irmãs de Caridade, que possuíam formação especializada, como enfermeiras e farmacêuticas. Após várias tentativas, em 1916, sob a provedoria de Dr. Alípio Noronha Gomes da Silva, foi firmado convênio com as Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. Com a ajuda da comunidade local, foram feitas reformas no prédio, com as devidas acomodações e construção da capela. Em pouco tempo, as religiosas passaram a assumir diversas funções no hospital. O trabalho era tão bem feito, que elas ganharam, rapidamente, a confiança da população.


A NOVA SANTA CASA A chegada das Irmãs Apóstolas trouxe mais qualidade à Santa Casa, que continuou atendendo a todos de forma ainda mais especializada. Mas, com o crescimento da população e a evolução da medicina, que não mais se limitava a atendimentos domiciliares, a estrutura do hospital começou a ficar defasada. O prédio da Santa Casa havia sofrido poucas alterações até o início da década de 1940 e já se mostrava insuficiente. Neste período, no intuito de construir novo prédio e resolver o problema, a mesa administrativa comprou um terreno em local distante do antigo prédio e o projeto arquitetônico foi elaborado pelo engenheiro Francisco Palma Travassos. Mas, como o antigo prédio era próximo ao cemitério e o terreno adquirido era bastante distante, começou uma polêmica na cidade sobre a mudança ou não de local. O entrave só foi resolvido quando Zilda Carvalho, enfermeira que trabalhava no Instituto de Higiene de São Paulo, informou sobre a volta ao Brasil do professor Odair Pedroso, que havia feito um Curso de Administração Hospitalar, em Chicago. Ao tomar conhecimento do empasse, Odair Pedroso não aconselhou a mudança e sim a construção de uma nova Santa Casa no mesmo local. Inclusive,

foi ele o responsável, diante dos dados estatísticos, pela elaboração do projeto adequado à realidade local. Assim, a pedra fundamental da “Nova Santa Casa” foi lançada em 13 de março de 1947, quando Abel da Silva Pinto Vieira ocupava o cargo de provedor do hospital. Foram criadas diversas comissões que auxiliaram a diretoria administrativa na construção da nova Santa Casa, sendo que a Igreja Católica, por meio das festas religiosas, e a ajuda popular tiveram importante participação. Mas, grande parte do dinheiro veio do governo estadual, na gestão dos governadores Jânio Quadros e Carvalho Pinto. Os registros dos historiadores indicam que tudo era feito com muita economia, mas sempre respeitando o projeto original de acordo com as mais modernas normas de construção. O responsável pela obra foi o licenciado Luiz Todescato, profissional do Escritório de Engenharia de Gastão Cardoso Michelazzo. A primeira etapa da Nova Santa Casa foi inaugurada em 1952, compreendendo o 1º Pavilhão (Maternidade, Berçário e Pediatria) e o 2º Pavilhão (Seção B e Centro Cirúrgico). Em 1962, quando era provedor Dr. Palmyro Ferranti, foi inaugurada a fase final da Santa Casa. O novo prédio foi construído totalmente de acordo com as normas

adotadas nos países desenvolvidos. Após sua inauguração, passou por diversas reformas e acréscimos. Do antigo prédio, nada restou, sendo totalmente substituído pelas novas dependências. REFERÊNCIA EM TODA REGIÃO Com 533 funcionários ativos, destes 115 médicos plantonistas atuantes e 67 beneméritos, a Santa Casa de Misericórdia Dona Carolina Malheiros realiza mais de 3.000 atendimentos ambulatoriais por mês e mais de 600 cirurgias. Apenas no mês de janeiro de 2021 foram 3.046 atendimentos ambulatoriais. Deste total, 1.662 foram realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde). No mesmo período, foram feitas 610 cirurgias, sendo 433 pelo sistema Público. Estes dados mostram que o hospital tem como prioridade o atendimento gratuito.As 20 cidades da região de São João têm na instituição local a referência para diversos atendimentos de alta complexidade, como traumato-ortopedia, oncologia, neurocirurgia, nefrologia, nutrição enteral e parental. A Santa Casa de Misericórdia Dona Carolina Malheiros é um hospital filantrópico, cuja gestão é feita por uma mesa diretora eleita pela Irmandade do hospital, composta atualmente por 143 membros da sociedade civil. A

VISTA AÉREA

O "complexo" da Santa Casa é enorme, ocupando todo um quarteirão. Em seu terreno, também situa-se o velório municipal, UPA e Ambulatório da UNIFAE.

Foto: Léo Beraldo/Cromalux

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lançamento coleção inverno 2021 - Arezzo

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matéria de capa

O amor que revolucionou São João Para viverem juntos, o filho de um coronel e uma ex-prostituta enfrentam uma sociedade tradicional na segunda metade do século XX Foto: Arquivo Pessoal - Silvia Ferrante

POR JEFERSON BATISTA

“O amor é sempre o melhor caminho”, afirma a escritora Silvia Ferrante ao falar sobre o casal Bilú e Rosinha, formado por um filho do coronel mais importante da região e por uma moça pobre, jogada às margens da sociedade, que encontrou na prostituição a única forma de sobreviver. Silvia conta sua versão desta história no livro A Primeira Dama (IDB, 2011) e é apoiando-se nesta obra e em uma entrevista com sua autora que revisitamos nesta reportagem a trajetória de sofrimento, luta, resistência, amor e prazer desses personagens que fazem parte da memória sanjoanense. A resistência foi a grande aliada do casal composto por duas figuras, de certo modo, revolucionárias, que desafiaram o statu quo de uma sociedade interiorana do século passado. Uma história antiga e local, mas com relevância até os dias de 30

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hoje em diferentes lugares, inclusive no exterior. O livro de Silvia ganhou uma versão em inglês chamada The First Lady e é facilmente encontrada em sites de livrarias portuguesas. “É um livro que conta uma história Universal, ou seja, uma história de amor. Tem todos os ingredientes de que as pessoas gostam”, comenta a escritora, membro, desde 2008, da Academia de Letras de São João da Boa Vista. O amor de Bilú e Rosinha tirou os véus de uma sociedade que escondia muita hipocrisia. A simples presença deles no Theatro Municipal ou na Igreja Catedral, por exemplo, era suficiente para incomodar muita gente. Além disso, os sentimentos dele por ela não deram coragem apenas para confrontar a alta sociedade sanjoanense, mas colocaram combustível em um motor que promoveu uma renovação urbana e cultural em São João. Em busca de construir um mundo seguro, divertido e


Foto: Arquivo Pessoal - Silvia Ferrante

AUTORA

A autora Silvia Ferrante, que escreveu o livro A Primeira Dama, contou a história de Bilú e Rosinha, reconstituindo a São João dos anos de 1930 e 1940. O amor de Bilú e Rosinha tirou os véus de uma sociedade interiorana que escondia muita hipocrisia. A simples presença deles no Theatro Municipal ou na Igreja Catedral, por exemplo, era suficiente para incomodar muita gente. A obra conta ainda com o prefácio do jornalista Luis Nassif.

confortável para sua amada Rosinha, o rico e influente fazendeiro Bilú construiu casas, igreja e reergueu um clube. Apesar de respeitar sua família e a sociedade tradicional, o casal rompia com alguns costumes conservadores e se tornavam um exemplo para uma juventude disposta a trazer novos ares para a cidade. Nesse processo, Rosinha mostrou ser uma mulher forte, inteligente e amável. Diante das adversidades, ela foi “uma mulher que teve muita coragem e determinação”, como avalia Ferrante. “Enfrentou provações que dariam a muitas pessoas, motivos para desistir de tudo, porém, continuou em frente e escreveu sua história”. DA POBREZA AO LUXO Rosinha foi Maria da Costa que, como define a escritora sanjoanense, “passou da menina paupérrima, a uma senhora da sociedade, à duras penas”. Filha do ferreiro José Manoel da Costa e da lavadeira Inês Ferreira da Costa, vivia em

Araguari, no triângulo mineiro com a família. Em 1919, com pouco mais de dez anos, deixou aquele local para sempre. Foi levada, por um padre, para trabalhar de babá em São Paulo. Na capital paulista, o luxo da casa onde chegou para cuidar de três crianças a encantou. Nunca havia visto um local como aquela. Apesar de ter um quarto confortável, a menina estava longe de ter uma boa vida. Trabalhava muito no cuidado das crianças e o fato de não saber ler, escrever e ver horas, dificultava ainda mais. Ainda que sua patroa confiasse em seu trabalho, as coisas ficaram insustentáveis quando a dona da casa fantasiou que seu marido estava de olho na menina. Temendo o pior, uma outra empregada da casa, arrumou-lhe um casamento com João Luis da Cunha Pereira, um barbeiro de Limeira, no interior de São Paulo, primo da tal empregada. A dona da casa se livrou de Maria, que, por sua

vez, ganhou um noivo sem pedir. Em Limeira, Maria passou a viver com João Luis. Conheceu pessoas na cidade e levava uma vida relativamente tranquila. Até que no Natal de 1923, flagrou seu marido na cama com um outro homem. Eram tempos mais difíceis que os atuais para homossexuais. Um casamento de fachada era uma ótima saída para esconder uma identidade sexual. Mas, nesse caso, a vida dupla prejudicou a jovem Maria, que, mais uma vez, viu-se obrigada a deixar o local onde vivia e, busca de novos ares. Sendo assim, rumou para Santos com uma amiga que havia feito em Limeira. No litoral paulista, passou a viver de favor. Sem saber ler e escrever, não conseguia trabalhar no comércio ou nas fábricas. Sua única experiência profissional fora como babá, em São Paulo. A pessoa que a recebia, prima de sua amiga de Limeira, já havia colocado a situação: não teria condições de sustentar Maria, nem por um dia. Com o fim de suas reservas, a moça estava preocupada. Em abril de 1924, Maria teve contato com Aninka, dona do chamado Cabaré Polonês. Sem recursos, Maria topa ser “uma das damas do cabaré” e passa a chamar Marie, uma personagem para fazer aquele trabalho que não lhe agradava, como relata Silvia. Os cabarés em Santos eram frequentados por figuras importantes da alta sociedade paulista e até de outros países. Coronéis, políticos e militares, muitos casados e com filhos, buscam sexo e diversão nessas

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O CASAL QUE MUDOU SÃO JOÃO

Cristiano Osório de Oliveira Filho (Bilú) e Maria da Costa (Rosinha), ambos com 18 anos. O amor do casal foi símbolo de resistência desafiando a conjuntura de uma sociedade de cafeicultores do século passado. O curioso é que São João da Boa Vista era uma cidade “moderna” para os padrões da época, especialmente por conta da sua proximidade com Poços de Caldas.

Fotos: Arquivo Pessoal - Silvia Ferrante

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Foto: Arquivo Pessoal - Silvia Ferrante

casas onde o prazer era facilmente comprado. Os rapazes sanjoanenses Zuza e Bilú, quando estavam na cidade santista, não deixavam de visitar esses locais e foi em uma dessas visitas que conheceram Marie. DO LITORAL PARA O INTERIOR Zuza se encantou com a beleza da jovem e prometeu lhe dar uma boa vida em São João da Boa Vista. Muitas damas dos cabarés, jovens oriundas de camadas populares, sonhavam com a chegada de um príncipe encantado que as tirariam daquele lugar. Tudo indicava que a vez de Maria havia chegado. Mas, na verdade, o jovem rico de São João adorava zombar da vida e das pessoas e sua ideia era enganar a jovem. Bilú, seu companheiro daquela noite, tentou demovê-lo de seus objetivos. Mas não conseguiu. O fato é que algum tempo depois, eles buscam Maria e a levam para o interior. Chegando em São João, Maria não encontrou nenhuma coisa confortável. Foi deixada em uma pensão, onde ficou sem entender o que estava se passando, até cair a ficha que estava sendo enganada. Zuza desapareceu. Bilú, no entanto, fez o movimento contrário: se aproximou da moça. Suas visitas à pensão eram diárias e o pagamento pela hospedagem ficou sob sua responsabilidade. Eles se tornavam amigos. “Enquanto essa amizade crescia, o coração de Bilú foi enchendo-se cada vez mais de amor e carinho por ela”, escreve Silvia. O FILHO DO CORONEL Bilú não era apenas um jovem com posses. Ele era Cristiano Osório de Oliveira Filho, braço direito de seu pai, o coronel Cristiano Osório de Oliveira, o maior fazendeiro e banqueiro da região. A família, que tinha Gabriela como matriarca, era composta por 11 irmãos. O filho que levava o nome do pai era seu “substituto natural, ele sabia disso e preparou-se para esse fim”, registra A Primeira Dama. O casamento com uma jovem à sua altura social era, sem dúvida, outra coisa praticamente natural. Sua posição social, contudo, não o impediu de se declarar à Maria em uma das noites que a visitou na pensão. Talvez ele até imaginasse o que aquele amor pudesse causar em sua família, tradicional, rica, alicerce e exemplo para de uma sociedade. Mas não estava preocupado com isso. A questão é que a jovem ficou perdida, assustada. Não entendia porque Bilú estava falando aquilo e, dias depois, voltou a Santos, sem dizer nada ao jovem fazendeiro. Bilú caiu de cama. “Doença de amor”, diziam pela cidade. Seus pais, que estavam em Santos, onde o coronel tinha negócios, tomam conhecimento da situação e ficam abismados ao saber do caso. Como seu filho poderia estar doente por causa 32

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DESTAQUE

Rosinha na praia de Santos, mulher que desafiou a moral rígida da sociedade sanjoanense para viver um amor. Mesmo sofrendo preconceito, se tornou referência na cidade sempre ajudando os mais necessitados e sendo uma grande incentivadora dos comerciantes locais e responsável por muitas festas na cidade.

de uma prostituta? Era algo inimaginável. Ainda que as famílias soubessem que seus pais e filhos frequentavam prostíbulos, era quase certo que aquilo era feito de forma secreta, às escuras. De volta à São João, um padre afirma à família Osório que apenas a jovem poderia salvar Bilú da morte. Para salvar o filho, Gabriela não vê outra solução a não ser recorrer à Maria. Diante do pedido, quase uma súplica, ela aceita voltar ao interior para visitar o jovem. A partir de então, a história ganha um novo capítulo. UM NOVO CASAL SE FORMA Maria e Bilú começam a se entender. Vendo que a moça fazia bem ao rapaz, a família autoriza que eles fiquem juntos. Mas foram morar na fazenda, longe dos olhares curiosos da cidade. “São João fervilhava com a novidade. Todos queriam saber sobre o novo casal”. As reprovações começam a entrar em cena. Muitos irmãos se mostram contrários ao relacionamento e não admitiam que alguém como Bilú tivesse vivendo com uma prostituta. Sua própria mãe, Gabriela, apesar de reconhecer que Maria havia salvado a vida de seu filho, torcia que ele cansasse da moça e a mandasse de volta ao cabaré, em Santos. Isso nunca aconteceu. De acordo com Silvia, Bilú foi “porto seguro” para Rosinha: “ela sabia que com ele ao seu lado nada poderia lhe acontecer”. As pessoas não disfarçavam o nojo que sentiam de Rosinha, o apelido que Maria ganhou do amado. Em 1930, por exemplo, o casal decidiu ir ao Theatro Municipal assistir uma apresentação do maestro Villa Lobos, um dos


maiores artistas da época e amigo da sanjoanense Guiomar Novaes. Ao passo que o casal avançava para dentro do teatro, as pessoas iam se afastando. Poucos amigos tiveram coragem de cumprimentá-los. Olhares raivosos fitavam e pareciam queimar a pele dos dois, que seguiam para um camarote reservado. Rosinha, muito religiosa, também sofria perseguições na Igreja Catedral. Sempre sentava ao fundo, para não ser notada, mas quando uma senhora a via, pedia ao sacristão para tirá-la do templo. Ela, por sua vez, ignorava a intromissão e continuava reclusa em suas orações. Mas seu coração entristecia. Não tinha paz nem na igreja. Se desejava se divertir, não podia. Sua presença era negada no Centro Recreativo Sanjoanense. Certa vez, algumas mulheres chegaram a fazer uma barreira humana para impedir a entrada dela no espaço. A vida do casal era boa e luxuosa, com direito a viagens constantes a Santos, São Paulo e até mesmo a Europa. Mas Rosinha não queria viver enclausurada quando estivesse em São João, apesar das violências cotidianas, queria participar da vida social, cultural e religiosa da cidade. Afinal de contas, tinha esse direito e sabia muito bem disso.

O primeiro passo foi sair da fazenda e morar em uma casa construída no que à época era a periferia da cidade, na antiga Rua São João, atualmente Rua Getúlio Vargas. O AMOR QUE RENOVOU SÃO JOÃO Nas décadas de 1930 e 1940, apesar da sociedade tradicional ocupar espaço central em São João, a cidade já possuía um grupo de jovens que queriam mudanças, grupo do qual Bilú e Rosinha eram membros com certo protagonismo, inclusive tinham recursos e influência para promover qualquer mudança. “Eram revolucionários, não eram os tradicionalistas. Tinham pensamentos mais liberais. Eram livres pensadores onde não eram aceitos preconceitos de forma alguma. Respeitavam as tradições, mas não aceitavam a hipocrisia e o preconceito”, registra A Primeira Dama. Com apoio desse grupo, capital político e financeiro, Bilú começou a forjar novos espaços sociais em São João, espaços em que Rosinha não seria expelida e, finalmente, poderia participar das atividades sem ser julgada. Além disso, é preciso registrar que a sociedade precisava das bem feitorias da família Osório. Eles eram um dos

poucos milionários. Bilú, então, decidiu usar isso ao seu favor. UM TEMPLO E UM CLUBE PARA ROSINHA No final dos anos 1930, os religiosos redentoristas planejavam construir um santuário na mineira Poços de Caldas. Sabendo dessa ideia, Bilú procurou os padres e disse que estava disposto a ajudá-los, mas com uma condição: a igreja deveria ser construída em São João. “Já que Rosinha não poderia frequentar a Igreja Catedral, então ela teria uma igreja para ir, quando o Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro ficasse pronto”, mostra o livro de Silvia. E o resultado foi a construção do maior templo neocolonial do Brasil, que teve sua pedra fundamental lançada em 1941. Projetada pelo arquiteto Benedito Calixto Neto, responsável também pela nova Basílica Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida (SP), a igreja sanjoanense ganha destaque pela beleza e grandiosidade, sendo hoje um dos pontos turísticos mais visitados da cidade. Com 38 grandes vitrais e obras do pintor Gaetano Maomi, o local se tornou um refúgio perfeito para a amada do herdeiro dos

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SOCIEDADE ESPORTIVA SANJOANENSE

Fotos: Arquivo Pessoal - Silvia Ferrante / Memorial Rubro-Negro

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Inauguração da piscina olímpica da SES: Bilú e Rosinha cortam a fita simbólica de inauguração, observados por Zelão Aparecido. Ao lado, vista aérea do enorme complexo aquático. Bilú era um grande incentivador das ações em prol do esporte e da cultura. Com a fundação da SES, Dona Rosinha ficou responsável pelos bailes e pelo cultivo das rosas do jardim do clube.

Foto: Reprodução Internet

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Foto: Léo Beraldo/Cromalux

SANTUÁRIO

O Patrimônio histórico de São João da Boa Vista, o Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro celebrou os 80 anos de sua fundação. Construído com o intuito de abrigar na cidade uma Casa Missionária dos Padres Redentoristas, o espaço abriga diversas obras sacras e é considerado o maior templo neocolonial do Brasil.

CAPELA PARTICULAR

A capela particular de Rosinha e Bilú, dedicada à Santa Terezinha. Em 2000 houve uma reforma com a expansão da capela para o alpendre da frente. A instalação arquitetônica é do arquiteto e historiador Antonio Carlos Lorette. Foto da exposição São João Decor 2011.

Osórios, que, durante todo o processo de arrecadação de fundos para obra, participou ativamente na organização de eventos culturais e quermesses. No final da obra, conta Silvia, que Rosinha faz uma ligação entre a igreja e sua casa, que ficava do lado. Naquele momento, o casal já estava bastante conhecido por causa das benfeitorias e dos eventos sociais. “As festas que ela promovia eram famosas em toda a região. Rosinha foi uma batalhadora incansável, e assim, aos poucos, foi entrando na vida da sociedade”. Com a morte do coronel Christiano Osório, seu filho Bilú toma, finalmente, a centralidade dos negócios e da sociedade. No final dos anos 1940, assume a presidência da Sociedade Esportiva Sanjoanense, que na época não contava mais do que com um campo de futebol e uma quadra de tênis. Em sua gestão,

o clube ganha uma sede social e uma piscina olímpica. Grandes festas começam a ser realizados no local. Rosinha, mais uma vez, toma frente na organização dos eventos sociais, que passam a atrair muita gente e a beneficiar os comerciantes locais. A mulher que não podia entrar em espaços sociais, era, agora, uma grande incentivadora dos comerciantes locais e responsável pela diversão da cidade. Algo, no entanto, ainda incomodava Bilú. Ele e Rosinha não eram oficialmente casados. A mãe dele, quando Rosinha chegou em São João para ficar, pediu para que eles não se casassem até as coisas se acertarem. Porém, muitos anos se passaram e esse pedido não fazia mais sentido. Sendo assim, em dezembro de 1945, o casal coroa o amor em uma pequena e privada cerimônia para amigos, em São Paulo. “Foi um belo

SALA DE VISITA

Foto da sala de visita do casarão do casal, com pinturas parietais de Attilio Baldocchi e moveis originais "Luiz XV", feitos no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, especialmente para ela. Nesta sala, existia um vaso de cristal Baccarat do tamanho da proprietária, exatamente 1,50 m. Foto da exposição São João Decor 2011.

Foto: Fritz Foto

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Foto: Fritz Foto

jantar com músicos e boa comida para alguns amigos queridos e mais chegados. De São João, vieram poucas pessoas”, relata Silvia em sua obra. Nunca tiveram filhos, Rosinha chegou a engravidar, mas perdeu o feto. Vinte anos depois, Bilú faleceu, aos 69 anos, vítima de um tumor abdominal. Seu enterro, no Cemitério São João Batista, foi sóbrio, sem homenagens. Atendendo seu pedido, o corpo foi sepultado em um túmulo simples, não no imponente mausoléu da família Osório de Oliveira. A morte do amado levou a vontade de viver de Rosinha. Em 1977, após escrever um bilhete dizendo que o queria, dona Rosinha, como era conhecida, mostrando que tinha certa autoridade na cidade, comete suicídio utilizando uma arma que mantinha em uma gaveta no seu quarto. Amigos, funcionários e muitos curiosos acompanharam o velório realizado em sua capela privada. Os bens do casal foram distribuídos para pessoas muitos próximas (seus funcionários) e para diversas instituições sociais de São João e região, especialmente a Santa Casa Dona Carolina Malheiros - o casal, ainda que mortos, fizeram o bem para a sociedade que tanto os julgou em vida. A

SERÁ A ROSINHA?

Recentemente, foi encontrado um suposto retrato de Maria da Costa, dona Rosinha, caracterizado como dama do século XVIII, pelo artista italiano Sinibaldo Tordi, 1951. A peça faz parte da coleção do historiador Antonio Carlos Lorette, que está pesquisando sobre o quadro.

Foto: Acervo pessoal - Antonio Carlos Lorette

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Retrato de Lara Merlin, junto a sua mãe Gislaine Kemp Merlin, que a auxilia na idealização e confecção das produções fotográficas

em meio à realidade Aos olhos da talentosa fotógrafa e artista digital sanjoanense Lara Aline Merlin, reconhecida internacionalmente no campo da fotografia fineart como “Kemp von Sellessen”, não há necessidade de uma autêntica coroa de ouro cravejada com pedras preciosas, tampouco estar presente num castelo medieval, para ser retratada a imponência e exuberância de uma rainha. Seu deslumbre pela realeza medieval, figuras mitológicas e personagens de histórias e contos de fadas, aliado à sua criatividade e bom gosto, além de um talento sem igual conquistado por inúmeros cursos e workshops com os mais destacados profissionais da área, resultaram num trabalho diferenciado, belo e inspirador. Suas fotos esbanjam a riqueza de detalhes, o contraste das cores e especialmente expõem sua arte em transformar materiais da própria natureza ou recicláveis em acessórios requintados que valorizam a produção e preconizam a beleza, a elegância e a autenticidade. Confira, nas próximas páginas, algumas de suas incríveis produções fotográficas. Autoretrato, em projeto que simboliza a fusão do passado com o presente, marcado pela pandemia.

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Ensaio Malévola, realizado na Chapada dos Guimarães com a Miss Cuiabá Drielly Malaquias Amorim

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Ensaio temático realizado em Florianópolis, com as modelos Nadine Alba (esquerda) e Ana Damski (direita)

Ensaio temático indígena realizado no Mato Grosso com as influenciadoras digitais Lídia Paiva (esquerda) e Hamanda Campos (direita)

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Ensaio com a médica e musicista Regina Ina retratando uma camponesa medieval

Ensaio Viking com o modelo Henrique Basaglia

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Ensaio temático “Fadas”, encomendado por Luciana Marinho e sua filha Bianca

Lavinia Carvalho Pradella, representando uma princesinha medieval

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a essência de toda a magia Lara Merlin explica que é no tratamento de pós-produção que a mágica acontece. As imagens ao lado são um exemplo de quando um mero registro fotográfico se transforma em verdadeira obra de arte, onde a edição de cada foto envolve longas horas ou, até mesmo, dias de trabalho contínuo.

Acima, ensaio inspirado na realeza com a modelo Alina Júlia Castro, Miss Poços de Caldas 2017. Abaixo, ensaio inspirado na lenda sobre Fênix com a modelo francesa Lorelei Enchantress.

Para conhecer mais sobre o trabalho da artista sanjoanense Lara Aline Merlin. acesse:

www.kempvonsellessen.com @kempvonsellessen 41

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saúde

Uso de cannabis avança em tratamentos de doenças crônicas Medicamentos à base de maconha podem garantir qualidade de vida a pacientes, barreiras morais, contudo, dificultam avanços científicos e usos Foto: Reprodução Internet

POR JEFERSON BATISTA

O uso da cannabis para curar ou amenizar danos causados por várias doenças é milenar e está presente em diferentes sociedades. Apesar dos benefícios medicinais cientificamente comprovados proporcionados pela planta, conhecida popularmente como maconha, regras morais, que penetraram na legislação, colocam barreiras para médicos, pesquisadores e, claro, pacientes. Nos últimos anos, contudo, têm surgido com mais força grupos organizados que lutam por leis favoráveis ao uso do canabinoide e outras substâncias originárias da cannabis sativa, variedade da 42

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planta utilizada para a fabricação de medicamentos. Em um caminho permeado pela desinformação sobre o tema, a tarefa de associações de pacientes, organizações médicas, centros de pesquisas e autores independentes é grande, mas alguns avanços já foram registrados. O empresário catarinense Pedro Luis Sabaciauskis fundou, em 2019, a Associação Brasileira de Cannabis Medicinal, a Santa Cannabis. Ele conta que começou a se interessar pelo assunto quando sua avó, Edna Aparecida Estrela Ferreira, de 82 anos, foi diagnosticada com um quadro avançado de Parkinson e recebeu indicação médica para uso de cannabis.

Naquele momento, a família não tinha condições de comprar o medicamento processado do exterior, única opção legal disponível. Quem opta por importar, com autorização, tem que desembolsar pelo menos R$10.000,00 por mês. Para resolver o problema, Sabaciauskis começou a cultivar e produzir o óleo da planta em casa, mesmo sem autorização. Ainda segundo o relato, a avó teve uma melhora significativa, voltando a exercer atividades que sempre gostou, como cozinhar e tricotar. “Minha avó usava fraldas, ficava na cama e hoje ela consegue ter uma vida ativa”. Por meio da associação, ele tem ajudado outras famílias a terem acesso aos medi-


camentos. A cannabis pode ser útil em terapias para amenizar os danos de depressão Grave, Parkinson, Fibromialgia, dores intratáveis, Epilepsia, Alzheimer, Autismo, Esclerose Múltipla, Câncer, Lúpus, doenças raras, Aids, entre outras, como mostra informações disponibilizadas por Eliane Nunes, médica formada pela Unesp (Universidade Estadual de São Paulo). Em São João da Boa Vista, existem registros de pessoas que utilizam produtos à base de cannabis em tratamentos médicos. “A cannabis sativa L é eficaz porque ela faz parte do sistema interno humano. Ela regula, fortalece e equilibra o corpo. Todas essas substâncias podem ser ótimas para o sistema endocanabinoide em diversas formas”, explica Eliane Nunes, psicanalista e psiquiatra. Ainda de acordo com a especialista, são várias as doenças. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA O primeiro medicamento feito a partir da planta foi autorizado no Brasil em 2016, pela Anvisa (Agência Nacional de

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Vigilância Sanitária). Mas o cultivo artesanal ou para fins científicos no Brasil só é possível, legalmente, por meio de uma autorização judicial. A importação é mais ampla. Pelo menos 7.600 brasileiros têm autorização da Anvisa para comprar medicamentos à base de cannabis de outros países. Em março de 2020, uma nova resolução da agência sanitária autoriza a fabricação e comercialização do canabidiol, mudanças que podem ampliar o número de medicamentos disponíveis aos pacientes. As associações, como a Santa Cannabis, lutam para democratizar mais o acesso a este tratamento, buscando autorização para cultivar e produzir a um preço mais acessível, por exemplo. “Precisamos de um arcabouço legal para regulamentar o uso da cannabis no Brasil para fins medicinais, alimentares e outros. É preciso alterar também o preconceito que existe no país desde 1931, com a lei do Pito do Pango, quando a maconha que foi criminalizada”, explica Nunes, fundadora da Socie-

dade Brasileira de Estudos da Cannabis Sativa – SBEC, entidade sem fins lucrativos, criada para fomentar políticas públicas na área de Cannabis medicinal e promover estudos científicos. Em países da Europa, o uso da cannabis, incluindo de forma recreativa, já é bastante consolidado. O mesmo ocorre em partes da América do Sul. Os Estados Unidos possuem regras específicas em cada estado, mas, de um modo geral, a planta é largamente utilizada: 38,4 milhões de estadunidenses utilizam cannabis pelo menos uma vez por ano, segundo pesquisa da New Frontier Data. Nunes alerta, no entanto, que a busca por patentear produtos deixa-os mais caros e, portanto, restringindo as parcelas mais ricas. Aqui no Brasil, um projeto de lei de agosto de 2020, do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), quer legalizar a cannabis para fins médicos e industriais no país, desde que os fabricantes tenham licença do governo federal. A

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empreendedorismo

Criatividade, conteúdo e estratégia A agência Hellomark completa cinco anos de mercado, se consolidando como uma das maiores empresas de marketing de toda a região

DIVERSIFICAÇÃO DE SERVIÇOS

POR BRUNA RIBEIRO

A Hellomark é uma agência sanjoanense, jovem e inovadora, que conquistou seu espaço na prestação de serviços especializados de Marketing, Endomarketing, Treinamento e Consultoria de Vendas. Muito além de entregar resultados, a empresa visa parcerias duradouras com clientes e colaboradores, onde a troca de experiências é constante. OS SÓCIOS As formalidades são importantes, mesmo em ambientes inovadores. Então, vamos às apresentações: Laerte Lelis (34) é natural de São João da Boa Vista, um empreendedor com ampla experiência de mercado e forte perfil maker. Em sua trajetória profissional, sempre se destacou por suas ideias criativas de gestão e metodologia de vendas. Ao explicar de onde vem toda sua motivação, a resposta foi direta: “minha maior motivação é a minha família. Sou casado, tenho quatro filhos e eles são a minha herança, a minha base". Já João Fornazieiro (35) também é natural de São João, designer, e, como descrito por Laerte, “um homem de poucas palavras, com muito talento e um coração imenso”..João costuma dizer que "o que o motiva são as amizades conquistadas nesses cinco anos". 44

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A Hellomark trabalha com quatro vertentes que, correlacionadas, potencializam a gestão: Marketing; Endomarketing; Treinamento e Consultoria de Vendas. Todo o suporte e infraestrutura que sua empresa precisa para se tornar competitiva no mercado.

CONSTRUINDO UMA HISTÓRIA Apresentações feitas, vamos à história: tudo começou em 2016, quando Laerte era proprietário da Agência Verus e João, proprietário da Jones Design. “Cada um trabalhava em sua casa e as coisas estavam indo bem, porém percebemos que, se somássemos nossas habilidades, poderíamos ir além”, explica Laerte. Dessa conversa, nasceu o projeto, que virou a sociedade e a instalação da primeira sede da empresa, uma sala de 45 m², em um prédio comercial situado na Av. Dr. Durval Nicolau. “No início éramos nós dois, mas estavamos pensando em uma futura expansão, tanto que, quando fechamos o projeto dos móveis planejados, já deixamos preparadas as mesas para mais quatro colaboradores e uma recepcionista. A sala ficava vazia, mas sabíamos que a agência daria certo, ela tinha que dar certo”, comenta João. No final do ano veio o tão esperado primeiro grande contrato: uma empresa tradicional da cidade, a Têxtil São João. “Quem nos recepcionou ali foi o Bruno Beraldo e o senhor Wagner Beraldo. Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que eles são os principais responsáveis pela fundação da Hellomark..


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Especialmente porque acreditaram no nosso potencial e nos deram uma oportunidade. Então, somos muito gratos por isso”, relata Laerte. E, ano após ano, o crescimento da Hellomark foi exponencial. Em sua carteira de clientes, há empresas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Rondônia e no exterior. Em 2020, em meio à pandemia, a empresa se mudou para uma sede maior, agora com aproximadamente 200 m². “Como disse antes, no início da agência, éramos só eu e o Laerte. Atualmente, contamos com um time de 17 pessoas”, explica João Gabriel. Além da visão de crescimento do negócio, um diferencial da Hellomark é o fator humano e o ambiente colaborativo, que estão arraigados na cultura e valores da empresa – inclusão, empatia, abertura para novas ideias, excelência, transparência e colaboração. “A Hellomark conta com um time de excelentes profissionais em todas as áreas: Redação, Criação, Vendas, Web, Branding, Fotografia, Vídeo, Treinamento e Endomarketing. Todos são profissionais estratégi-

cos que colaboram para o crescimento da empresa”, afirma Laerte. DESENVOLVIMENTO REGIONAL Numa visão de negócios, assim como outras empresas, a Hellomark colabora para o desenvolvimento econômico das regiões onde atua e tem consciência da importância do seu papel..“O trabalho que nós desenvolvemos está ligado diretamente com o faturamento das empresas, ou seja, se ajudamos um cliente a se desenvolver, ele vai gerar mais empregos e movimentar a economia. Trata-se de um ciclo virtuoso, e a Hellomark tem um papel fundamental”. Em termos de afeto, motivação é o que não falta. “Eu gosto muito da minha cidade e da minha

região, eu nasci aqui e tenho um carinho muito grande por São João e pelas pessoas daqui”, diz Laerte. E ele complementa, “Vejo São João como uma cidade que tem um potencial gigantesco para crescer e se tornar um grande polo de desenvolvimento para o Brasil. São João é um berço de empreendedores, isso é fato!” VISÃO ESTRATÉGICA Acompanhar as mudanças do mercado é algo que tem assustado muitos empresários. Porém é preciso lidar com essas questões. Além de entender as dores e os prazeres de se empreender, a Hellomark também está sempre à frente em termos de tecnologia, como afirma Laerte: “Eu brinco, às vezes, que uma agência de marketing trabalha para o Google, Facebook... e eles estão no ápice da inovação, ditando as regras. Portanto, estar engrenado com esse mercado e as tendências é primordial. Ou você se adapta rapidamente ou está fora. E o mesmo acontece com nossos clientes, não importa qual seja o ramo de negócio. Logo, para que uma empresa tenha um crescimento sustentável e escalonável, é preciso oferecer um produto de qualidade, acompanhar as tendências do seu segmento e alinhar a estratégia do negócio com o atendimento comercial e o marketing..Essas três últimas ações compõem uma das nossas especialidades”, finaliza Laerte.

FUNDADORES

Laerte Lelis era proprietário da Agência Verus e João Fornazieiro, proprietário da Jones Design. “Cada um trabalhava em sua casa e as coisas estavam indo bem, porém percebemos que, se somássemos nossas habilidades, poderíamos ir além”,.explicou Laerte. Dessa conversa nasceu a sociedade, que já completa cinco anos.

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esportes

Elas são belas! Elas são Ciclobelas Formado por mulheres ciclistas, grupo já conta com mais de 280 participantes Foto: Divulgação Ciclobelas

POR BRUNO MANSON

O ciclismo é uma das atividades que mais tem ganhado adeptos nos últimos anos. E o público feminino não tem ficado de fora dessa prática, que deixou de ser apenas uma modalidade esportiva e passou ostenta a ser um estilo de vida, atraindo praticantes de todas as idades. Em São João da Boa Vista, a paixão pelo ciclismo levou um grupo de mulheres a se unir para participar de trilhas, além de tirar dúvidas sobre trajetos e outras questões relacionadas à atividade. Batizado de Ciclobelas, o grupo reúne hoje 287 integrantes, que se interagem diariamente por meio das redes sociais. Raquel Câmara Bortolussi foi uma das idealizadoras. Integrante da Associação Bikers Mogiana, ela conta que tudo começou em meio ao convívio com as ciclistas, que sempre lhe questionavam sobre trajetos e outros assuntos relacionados a bike. Além disso, muitas também pediam a ciclista para chamá-la quando fosse pedalar em determinados locais. “Como há e havia muitos grupos de ciclismo espalhados, surgiu a ideia de concentrar em um único lugar e assim uma apoiar, motivar e incentivar uma à outra. Assim, também motivando novas ciclistas para o movimento”, relata. O Ciclobelas surgiu em junho de 2020 e rapidamente foi ganhando adeptas, repercutindo nas redes sociais. “O início foi bem além das expectativas, pois achávamos que teríamos umas 30 a 40 mulheres no grupo. No entanto, com um ou dois meses já tivemos que mudar a plataforma para o aplicativo de mensagens Telegram, uma vez que o WhatsApp não comportou o número de integrantes, que era mais de 160 ciclistas”, explica Raquel. “Atualmente estamos com 287 membros no grupo do Telegram, mas ativamente deve estar em torno de umas 100 pessoas em movimento”. Assim que o Ciclobelas surgiu, a intera46

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ção entre as participantes foi bem intensa. “Havia pedais quase todos os dias e um interessa enorme por parte de quem estava iniciando na bike. Todas se ajudando, dando dicas e se descobrindo sobre duas rodas”, recorda Raquel. Com o passar do tempo foram se formando pequenos grupos entre as ciclistas por questão de afinidade ou de desenvolvimento no esporte. Desta forma, o movimento foi se mantendo, com muita interação entre as participantes, com dicas, marcação de pedais, venda e troca de roupas e acessórios de ciclismo. METAS O grupo Cliclobelas conta com um perfil no Instagram aberto para todas as ciclistas. “Este é o canal onde trabalhamos com o público feminino de maneira geral, as que fazem parte do grupo de Telegram ou não. Ele se estende a toda ciclista”, afirma Raquel. “Fizemos algumas parcerias e sorteios. Temos como meta continuar nessa linha e, assim que seja possível, pretendemos interagir com a mulherada, com pequenos cursos básicos relacionados à bike, como de troca de pneu, manutenção da relação e afins. Coisas básicas, mas de muita

utilidade para os ciclistas e que às vezes as mulheres não sabem, pois são poucas as que têm conhecimento sobre isso. Pretendemos também fazer passeios, encontros voltamos para o público feminino, mas devido à pandemia estamos de mãos atadas”, comenta. EXPERIÊNCIA GRATIFICANTE Bastante ativa nas redes sociais, a professora Vanessa Carvalho é uma das idealizadoras do Ciclobelas e tem se surpreendido com as mensagens de agradecimento e as histórias de superação relatadas no grupo. “Ter feito parte na iniciação desse projeto é gratificante. Algumas mulheres deixavam de pedalar por falta de companhia. Hoje elas se sentem mais motivadas e adquiriram o hábito!”, destaca. “As integrantes são animadas, postam fotos dos seus pedais e contam suas superações. É bem interessante saber como elas têm se saído por meio das redes sociais”. LOGOTIPO Pode-se dizer que a interação entre as participantes é uma das marcas do Ciclobelas. Tanto é que até o logotipo do projeto foi criado por Karen Cristina


Foto: Divulgação Ciclobelas

Zanetti Ramos Rodrigues, que é uma das ciclistas participantes do grupo. “O processo de criação foi inspirando em alguns desenhos da internet. Depois de muita pesquisa cheguei à conclusão que eu queria uma logo meio vintage, meio retrô, mas com as características femininas”, revela. Somente depois de várias tentativas é que ela juntamente com Raquel e a Vanessa definiram a arte. O logotipo escolhido traz uma faixa com o nome do grupo Ciclobelas, com uma roda de bicicleta na parte de cima e uma coroa na parte de baixo. “Depois do logo desenhado, nós pedimos para nossa amiga Renata Mesquita desenhar no computador, pois eu não tenho essa habilidade tecnológica para fazer a arte final. E ela nos ajudou muito nessa hora”, conta Karen. Para Karen, o Ciclobelas não é apenas um grupo, mas sim uma verdadeira família. “É uma satisfação enorme fazer parte! Faz muito tempo que pedalo, mas saber que a Raquel e a Vanessa trouxeram essa motivação para as mulheres se movimentarem e criarem novos horizontes através de uma atividade física é gratificante e satisfatório”, declara. COMO PARTICIPAR O Ciclobelas continua crescendo e ganhando cada dia novas adeptas. E para as mulheres que ainda não fazem parte do grupo, Raquel deixa um convite: “Venha pedalar com

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Av. Dona Gertrudes, 17 Centro - São João da Boa Vista - SP WhatsApp (19) 97142-1902

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a gente! O pedal nos proporciona descobertas incríveis! Aliás, o nome Ciclobelas não vem só do fato da beleza feminina, mas sim das belezas que encontramos e que o pedal nos proporciona: belas paisagens, belas amizades, belas companhias, belas cicloviagens e por aí vai. Venha ver a beleza que há no pedalar e interagir com a natureza. Para participar, basta deixar um direct no Instagram que entramos em contato”, finaliza a integrante. A

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esportes

Superação da própria vida é o limite para Veridiana Real Paratleta embaixadora dos três tambores, Veri, como é chamada, nunca se dá por vencida e sempre mira novos objetivos POR DANIELA PRADO

Em 22 de abril de 1995, em São Paulo (SP), nasceu uma menininha que, logo nos primeiros momentos de vida, experimentou a força de uma palavra que nortearia sua vida: superação. Durante o parto, devido a um erro médico, Veridiana Real sofreu uma anoxia cerebral, problema que viria a lhe causar tetraparesia espástica nível motor 2, pitose bilateral (dificuldade em reabrir os olhos, após fechá-los), baixa acuidade visual e prejuízos no equilíbrio e coordenação motora. Mas, já neste primeiro momento da vida, ela demonstrou a todos que não estava ali por acaso e que desistir não faria parte dos seus planos. Sua mãe, Andréa Trajan Real, ouviu dos médicos o diagnóstico de que provavelmente Veri, como é chamada, nunca andaria ou falaria. Mas a vida chegou a galope e entrou em cena o personagem que se-

ria determinante para mudar completamente essa história: o cavalo. PRIMEIROS PASSOS A partir desses diagnósticos fechados, Andréa, que já tinha experiência com equitação e esportes hípicos, com muita fé e uma vontade enorme de escrever uma nova história para sua filha, apostou todas as fichas na credibilidade que tinha na relação entre cavaloe ser humano.“Por ser apaixonada por esse nobre ser [cavalo], ela conversou com meu pai e, entre ficar de clínica para clínica, nos mudamos para a fazenda e assim aconteceu toda a minha trajetória”, lembra Veri. O primeiro contato com cavalos foi por volta dos seis meses de vida, passeando com a mãe, e com um ano e meio, Veri ganhou seu primeiro animal, descrito por pela como “um piquirinha muito fofo”, O animal foi batizado como Gigante. “Não demorou para eu sentir

Foto: Acervo pessoal

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que ele e os outros que tive depois seriam as minhas pernas para sempre! Naquela época, o nome ‘equoterapia’ não era muito difundido em nosso país, mas, por meio dela, encontrei um rumo diferente de vida. E assim fui desenvolvendo minha coordenação, minha memória e minha propriocepção, da melhor forma que poderia acontecer. Quando estava andando a cavalo, tudo se transformava como num passe de mágica”, conta. Durante sua infância, tratamentos fonoaudiológico, hidro terapêutico, fisioterapêutico e psicológico também fizeram da rotina. Alguns, como fisioterapia, pilates, musculação e a própria equitação são realizados até hoje.“Passei por algumas cirurgias e confesso que enfrentei muitas dores, porém nunca desanimei. Sempre fui estimulada a acreditar que estamos aqui para sermos felizes, independente dos problemas que tivermos que enfrentar”, declara a jovem. A família, como a própria Veri reconhece, teve papel fundamental em todo esse processo, especialmente a avó Marisa, apontada como uma pessoa incomparável e presente, e sua mãe, Andréa, que sempre a incentivou e apoiou, com amor incondicional. “Os cavalos tornaram-se seres que completavam o meu corpo, então comecei a treinar para estar presente no meio das competições. Minha primeira modalidade foi o hipismo clássico, fiz umas duas provinhas. Depois, com minha égua Hortelã, comecei a treinar andamento e pedi à diretoria da Eapic para me apresentar na primeira prova de marcha feminina. Confesso que também não foi essa a modalidade que me encantou, é uma prova muito parada. Fiquei a pensar em onde eu encontraria o peda-

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ço que faltava, para que eu pudesse estar mais feliz ainda, e foi quando minha mãe começou a praticar a modalidade Três Tambores. Todos os dias, eu ia vê-la montar e aquele bichinho da adrenalina começou a me tentar”, conta Veri, sobre como o contato com este esporte surgiu em seu caminho. ENTRE TAMBORES E SUCESSO No final de 2015, Andréa, foi fazer um curso internacional de Três Tambores com Joyce Loomis e este foi o ‘pedaço’ que a jovem estava procurando e que respondeu aos seus questionamentos – naquele curso, ela decidiu o que realmente queria para sua vida. “Aquele esporte era a adrenalina que me faltava! Correr, sentir a liberdade, o vento batendo em meu rosto, a sensação de estar sozinha, provando que posso ir muito além. É bem assim, uma superação”, diz Veri. Em 2016, a jovem percebeu que havia um outro sonho que precisava ser realizado, para que a satisfação que ela experimentava ao montar fosse ampliada para outras pessoas com necessidades especiais.“O ‘não’ eu já tinha, então resolvi escrever um e-mail para a ABQM (Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha), contando a

respeito da minha vontade de participar de provas e estar também presente com outros paratletas, disputando em igualdade de condições. E não é que a categoria caiu na graça da diretoria e fui convidada a lançá-la em Avaré, durante o Congresso da raça quarto de milha?”, empolga-se Veri, ao recordar como foi surpreendente e gratificante receber essas notícias. Por sua luta e por ser precursora desta categoria, Veridiana Real ganhou o título de Embaixadora dos Três Tambores, o que lhe trouxe ainda mais responsabilidade. “O trabalho todo foi sempre super reconhecido por nossa Associação e, em 2019, fui homenageada no maior evento de premiação da raça quarto de milha, o ABQM Awards, que é uma espécie de Oscar das modalidades de provas existentes dessa raça. Ser chamada e aplaudida por mais de 500 pessoas como ‘a menina que mudou a história dessa raça de cavalos no Brasil’, me encheu de orgulho, acho que ninguém imagina o que isso representou em minha vida”, enfatiza Veri. Após o lançamento da categoria em provas oficiais, a paratleta ainda alimentava o sonho dos rodeios e relatou sua história de vida e seus objetivos à Graziela Agnes, da ANTT (Associa-

Foto: Acervo pessoal

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ção Nacional dos Três Tambores) e esta tornou-se sua madrinha de rodeio. “Já andei por aí, correndo provas bem emocionantes: em Americana, Jaguariúna, São João da Boa Vista, Santo Antonio da Alegria, entre outras. Com essas provas, já cheguei a conhecer outros estados. Esse convívio social faz toda a diferença, não importando o tipo de limitação que você tenha, afinal todos têm limitações”, conclui. EXPERIÊNCIAS E PLANOS Com o passar do tempo e à medida que evoluía, Veridiana começou a receber convites para palestrar, sendo o primeiro deles em um Centro de Equoterapia em São José do Rio Pardo. Na marcha natural dos acontecimentos, a paratleta e embaixadora dos Três Tambores teve em mente a ideia de que outros paratletas que vislumbravam competições se interessariam por modalidades diferentes. “Em 2019, junto com meu amigo Gabriel Claro, em Avaré, lançamos a modalidade Rédeas, conhecida como ‘para raining’, que já existe em outros países mas não no Brasil. Para completar lancei também a modalidade de ‘seis balizas’, no Haras Raphaella, em Porto Feliz. Temos que dar chance a outros gostos”. Enquanto isso, Veri divulga seu trabalho nas redes sociais e já participou de alguns programas de TV, contando como transformou diversos ‘nãos’ em sim. Para o futuro, a jovem paratleta tem muitos planos, que podem vir a ser adiados mas Veri acredita que tudo vai acontecer na hora certa. “Um de meus planos é ir para os Estados Unidos e divulgar também toda essa história lá. Gostaria de deixar um recado. Nunca desistam de seus sonhos, tenham fé, movam montanhas. O hoje tem que ser melhor que o ontem, nascemos para sermos felizes, independente de como viemos! A vida não é sobre chegar, conquistar e realizar. É sobre quem você se torna durante a caminhada! Não importa como cheguei a esse mundo, o quanto de obstáculos tive que transpor para alcançar meus objetivos. A felicidade sempre esteve no meu DNA e quem diria que, com todas as negações que me foram apresentadas pela vida, aos 25 anos, tudo seria transformado em uma história de sucesso?”, finaliza com gratidão. A


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história

Tiro de Guerra sanjoanense reúne personalidades marcantes 105 anos formando histórias e realizando feitos marcantes POR LETÍCIA LORETTE SOB SUPERVISÃO DE ANA PAULA MALHEIROS

Vanguardista no chamado a defender a Pátria amada, o Tiro de Guerra de São João da Boa Vista completa, em 2021, 105 anos nesta missão, por onde já passaram inúmeros tenentes e atiradores, formando histórias e realizando feitos marcantes. Muitos deles, já aposentados, permanecem na cidade e são cidadãos assíduos na sociedade. O Tenente Mercilio Macena Benevides, natural de Corumbá (MS), é um exemplo. Veio para São João devido a carreira militar e reside na cidade até hoje, conquistando o título de cidadão sanjoanense e participando ativamente das necessidades da cidade, como diretor do albergue municipal, membro da Irmandade da Santa Casa D. Carolina Malheiros e portador da Medalha do Mérito Cívico. “Eu e minha família criamos um afeto pela cidade e por sua infraestrutura, e vimos aqui o nosso lar”, relata. Um ponto marcante é a amizade formada entre os tenentes e atiradores. “Dentro do Tiro Guerra, fiz amizades verdadeiras e fundamentais, que perduram até hoje. Entre os atiradores que dirige os vejo sempre, e me orgulho do respeito que se dirigem a mim” alegra-se Tenente Macena. Já o Tenente Antônio Fernandes Filho, sanjoanense, orgulha a cidade por ter sido terceiro sargento na Força de Emergência da Organização das Nações Unidas (ONU), em

1967. “Junto da ONU fui combatente na fronteira de Gaza com o Egito. Tive a infelicidade ou felicidade de participar da Guerra dos Seis Dias. Morreram nesta, 19 mil pessoas entre civis e militares” relembra Antônio, que também é membro da Irmandade da Santa Casa. A doação de sangue para o banco municipal é uma das atividades que mais orgulha os profissionais do Tiro de Guerra local. O gesto é realizado desde o alistamaento militar. “Para mim o mais importante nesses seis anos foi transformar os atiradores em doadores de sangue voluntários” aponta Tenente Fernandes. Natural de Itajubá (MG), o Tenente José Wanderley Damasceno, veio para São João para assumir o cargo de instrutor do Tiro de Guerra. “Minha primeira impressão sobre a cidade foi a melhor possível: bem organizada e com um povo acolhedor, possuindo as melhores condições para que eu cumprisse a missão que recebi” conta José Wanderley. “O Tiro de Guerra é fundamental para a formação de liderança dentro de uma cidade, além de contribuir constantemente nos momentos festivos e sociais” adiciona Tenente Damasceno, que atualmente é o diretor da mesa da Santa Casa e cidadão sanjoanense. “Em âmbito territorial São João da Boa Vista gerou profissionais que atuam no exército e na força aérea, servindo em várias regiões do país” acrescenta o tenente. Todos os anos, durante o período de alistamento, o TG é responsável por campanhas de arrecadação de agasalho e alimentos, coleta de lixo eletrônico (pilhas e baterias), conscientização de jovens para a doação de sangue e de medula. “Acredito que os tenentes e o Tiro de Guerra podem influenciar os atiradores a serem melhores cidadãos” aponta Leonardo Silva, que foi atirador durante o período de 2018. Personalidade muito marcante, Esmeralda Martins Araújo, é sempre lembrada por todos como a primeira mulher a ocupar um cargo no Tiro de Guerra sanjoanense, como secretaria. “Tive de enfrentar o machismo de 32 anos atrás, não podia participar de muitos acontecimentos dentro do TG pelo fato de ser mulher. Tive de me impor e mostrar a força feminina. Permaneci motivada pelo rigor, patriotismo e ânsia de perfeição do Tiro”. Através de toda sua batalha, ela se tornou fonte de companheirismo para todos que passaram por lá. “Nós passamos a ter tanta convivência que me assusta, me chamam para conversar sempre, para contar seus problemas familiares ou na carreira” finaliza Esmeralda. A Foto: Reprodução Internet

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voluntariado

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Mais cores e amor na praça da Bíblia As praças são lugares para passar o tempo, marcar um encontro, registrar um momento, conversar, conhecer pessoas novas e, claro, divertir a criançada

Nossa cidade possui praças maravilhosas, bem conservadas, e que registram muitas lembranças boas. Muitos de nós cresceram correndo por elas, participando de eventos ou apenas se sentando em uma boa sombra. Pensando no quanto essa figura da praça é importante para a cidade, a Dra. Cherie, empresa sanjoanense de vestuário profissional, decidiu participar do programa de adoção de praças, com o objetivo de ressignificar esse espaço coletivo no seu entorno. “A ideia surgiu quando mudamos para 54

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nossa sede que ficava na Vila Loyolla, e percebemos que a praça da Bíblia poderia ser melhor aproveitada pelos moradores do local. Surgiu um grande desejo de proporcionar um espaço mais bonito e funcional para a comunidade daquela região, e também para os nossos colaboradores que começaram a frequentar o local”, explica Ana Carolina Navarro, diretora de Marketing e Cultura da Dra. Cherie. “No entanto, não sabíamos por onde começar, afinal, aquele era um espaço público. Decidimos procurar a prefeitura e fomos muito bem recebidos – o

processo de adoção da praça foi bem rápido e fácil, e logo, com a ajuda de parceiros e dos nossos colaboradores, conseguimos dar uma nova vida ao espaço”. PARCERIAS A empresa ainda pôde contar com a ajuda de parceiros para realizar o projeto. Foi o caso da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNIFEOB, com a coordenação do Ricardo Ciaco e participação dos professores Victor Minghini e Isabela Donato, realizou um concurso de ideias com seus alunos para elaborarem


ENTREGA À COMUNIDADE A reforma da praça foi entregue no dia 27 de novembro de 2020, dia em que a marca comemorava o seu aniversário de 6 anos. “Foi uma forma de agradecer aquela comunidade pelo tempo que estivemos naquele local. Hoje a Dra. Cherie mudou de sede, para um novo espaço, mas sentimos que a reforma da praça foi uma forma de retribuir pelo quanto fomos felizes naquele espaço, que nos proporcionou crescimento e realizações”, argumenta Ana Carolina. O resultado final, pode ser conferido da Rua Gabriel Pio Loyola, e mostra que as empresas também podem ser um importante canal de transformação social

o projeto de um trecho da praça. Esta etapa ainda será realizada, elaborada pelos alunos: Katherin Marques Teixeira Mansini, Andressa Tatiana Ribeiro, Luciano Candido Ferreira e Beatriz Luciano Ferreira. A empresa Construtev, construtora aqui da cidade também foi a responsável pela execução do projeto, elaborado pelo arquiteto Victor Minghini. "A transformação da Praça da Bíblia coloca luz em formas possíveis de atuação para melhorarmos a nossa cidade. Desde o princípio foi um processo coletivo e colaborativo, a iniciativa da Dra. Cherie mostra que ações sociais se potencializam quando rompemos barreiras e estabelecemos diálogos. A praça agora vigora como um discurso eloquente que, enquanto comunidade/sociedade, podemos todos contribuir para uma cidade melhor”, afirma Victor Minghini. “A ideia era trazer mais cores e conforto, principalmente em tempos tão

cinzas de pandemia, levando um pouco do propósito da Dra. Cherie, que é transmitir amor. Nossos funcionários também ajudaram, fazendo a pintura da praça, o que os ajudou a criar uma conexão maior com o projeto e com a comunidade que fazem parte”, explica Ana Carolina.

SOBRE ADOÇÃO DE PRAÇAS Sobre a adoção de praças: pode ser feito por qualquer empresa ou pessoa física, basta apresentar o projeto na prefeitura, de acordo com as especificações necessárias. Mais informações sobre como adotar uma praça através do e-mail gcarla.martins@saojoao.sp.gov.br ou telefone (19) 3634-1030.

AÇÃO EM PROL DA COMUNIDADE

A adoção de praças é uma forma de auxiliar o poder público na conservação dos espaços urbanos, além de oferecer a comunidade uma contrapartida social. Ana Carolina Navarro, explicou que esse não é um projeto de privatização do espaço público e fez questão de ressaltar que os adotantes não podem realizar nenhum tipo de exploração comercial, econômica e/ou publicitária no local. "O objetivo é, realmente, devolver um pouco do apoio que a Dra. Cherie recebe de toda a sociedade", finalizou Ana Carolina.

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nossa região

Andradas, a terra do vinho e das belezas naturais Rodeado pela natureza, município mineiro é referência no turismo nacional

POR BRUNO MANSON

Pode-se dizer que Andradas é um dos lugares mais bonitos e acolhedores de Minas Gerais. Situada na divisa com o Estado de São Paulo – nos limites entre Águas da Prata, São João da Boa Vista, Espírito Santo do Pinhal e Santo Antônio do Jardim – a cidade celebrou 131 anos de emancipação política no dia 22 de fevereiro e é atualmente uma referência turística nacional. A natureza exuberante e as belas paisagens, além do patrimônio histórico e a tradição vitivinícola são verdadeiras riquezas e estão entre os principais atrativos do município. A ocupação da terra que constitui hoje o município de Andradas foi feita nos fins do século XVIII por dois fazen-

deiros de Baependi (MG) – Felipe Mendes e o guarda-mor Antônio Rabelo de Carvalho – que ali chegaram em viagem de exploração. Depois de terem atravessado o Rio das Antas e cruzado a Cachoeira Grande do Córrego do Tamanduá, eles se fixaram nas margens do Córrego do Cipó. Com o gado que haviam trazido iniciaram a criação e a partir daí cresceu a localidade. Com o tempo, os latifúndios iniciais se fragmentaram. A atividade econômica era variável conforme a época do ano e determinada pelas estações. A vida familiar, econômica e artesanal se fazia em torno do triângulo casa, paiol e senzala. A formação do patrimônio da Igreja Católica começou com a doação de um alqueire de terra por Cândido José Men-

des ao mártir São Sebastião – área que circundava a capela já então existente. Com a abolição da escravatura, apareceram os primeiros colonos, em sua grande parte de origem italiana, o que influenciou significativamente a atividade agrícola local. TERRA DO VINHO Com aproximadamente 41 mil habitantes – conforme estimativa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – Andradas teve sua história marcada pela colonização italiana. E um dos traços disso é a tradição da vitivinicultura presente até hoje – o que até lhe rendeu o título de Terra do Vinho. Com uma altitude de 913 metros, a cidade oferece o clima perfeito para a

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cultura da uva, o que contribuiu para que mais de 500 famílias de imigrantes se instalassem e desenvolvesses suas técnicas de cultivo das videiras e produção de vinhos. Tamanho potencial fomentou o surgimento de vinícolas e projetou o município como um dos maiores produtores da bebida fermentada do Brasil. Diante desta tradição, Andradas criou a Festa do Vinho. A primeira edição ocorreu em 1954 e contou com a presença do então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek. Realizada anualmente no mês de julho, a festividade faz parte do patrimônio cultural da cidade, atraindo grande público com shows de artistas de renome nacional. A programação ainda conta com apresentações culturais com artistas andradenses na praça principal, além de trazer comidas e bebidas típicas, que engrandecem e resgatam a celebração popular. A Festa do Vinho ainda é marcada pelo concurso da rainha e princesas da festa, o que exalta a beleza da mulher andradense e enaltece ainda mais a tradição do evento na cidade. TURISMO ENOGASTRONÔMICO Vinho, gastronomia e turismo. Essa combinação incrível é uma das marcas registradas de Andradas. O município tem vinícolas, que atuam desde a produção artesanal até a mais moderna técnica. E em todas é possível acompanhar todo este processo e degustar os melhores vinhos, o que proporciona ao

visitante uma experiência única. Exemplo disso é a Vinícola Basso, instalada na Chácara Lagoa Dourada, no bairro Alto Alegre. Com mais de 100 anos de fundação, a empresa continua produzindo vinhos com a mais pura uva, ganhando a cada ano mais adeptos devido ao sabor de suas variedades. Fundada em 1912, a Associação Vinícola Marcon conta com a produção e moagem da uva realizadas também na Chácara Lagoa Dourada. Na vinícola podem-se ver os processos de filtragem, armazenamento e engarrafamento das bebidas. Em 2006, a Família Marcon inaugurou a Enoteca, onde há a degustação e comercialização dos vinhos. Com uma variedade de vinhos reconhecida e premiada internacionalmente, a Casa Geraldo conta com um Complexo

Turístico Enogastronômico – com atrium (onde acontece a recepção), auditório, bar VIP, restaurante, sala de degustações e o Templo do Vinho, onde é possível adquirir os produtos e souvenirs da empresa. A vinícola está situada na Fazenda São Geraldo, no bairro Jaguari. Outro exemplo é a Adega J. Bertoli, situada na rua São José, 119, na Vila Santa Rita. Construída em 1905, a vinícola passou por adaptações para oferecer um roteiro diferenciado aos turistas, resgatando a história da cidade e mostrando todo o processo de produção do vinho. Também se destaca a Adega Muterle. Sua história teve início em 1918, quando José Muterle chegou da Itália e iniciou sua produção de uva e vinho. A partir daí, sua família deu continuidade à produção e hoje é uma das referências do mercado. A vinícola fica na Chácara Pirapitinga, no Jardim Muterle. Localizada na Chácara Santa Clara, no bairro Jaguari, a Adega Beloto surgiu por volta de 1930 e também oferece um roteiro especial aos visitantes. Atualmente o vinho é produzido uma vez por ano – após o dia 20 de janeiro. A uva de maior qualidade é a jaquet. SÃO SEBASTIÃO A Igreja Matriz de São Sebastião é um dos patrimônios de Andradas. Situado na Praça Coronel Luiz Venturelli – no coração da cidade –, o templo foi idealizado pelo padre Aristóteles Aristomedo Benati e faz parte do roteiro do Caminho da Fé. Sua construção teve início em 1914 e foi concluída somente em 1941. Com uma arquitetura em estilo neo-

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Foto: Leo Beraldo / Cromalux

nio Augusto de Oliveira. A construção se iniciou na administração do prefeito Nívio Leandro Previato, sendo concluída e inaugurada em 27 de novembro de 1981, durante a gestão de Waldemar de Souza Franco. Hoje, o local oferece oficinas gratuitas de música e teatro, além de exposições de arte e fotografia.

clássico de grandes proporções, a igreja abriga a imagem de São Sebastião, o padroeiro do município. Datada do ano de 1903, a escultura passou por restauração e recebeu um altar para sua proteção e exposição ao público. Vale destacar que a imagem foi tombada como bem móvel em 2007, sendo considerada um importante patrimônio histórico. PATRIMÔNIOS Entre as riquezas históricas de Andradas destaca-se a Casa da Memória, a qual abriga o museu municipal. Loca-

lizado na rua Major Bonifácio, 82, na região central, o prédio abriga peças que remontam parte da ocupação, desenvolvimento e crescimento da cidade, assim como de outras regiões vizinhas. Conta ainda com acervos fotográfico, audiovisual e jornalístico, além de livros históricos e outros de extrema raridade, como o Albúm Chorographico de Minas Gerais, de 1927. O local é aberto para visitação e pesquisas de segunda a sexta-feira, 12h às 18h. Outro prédio histórico andradense é o Teatro Municipal José Stivanin, na Praça Antô-

CEMITÉRIO O atual Cemitério Municipal de Andradas foi construído nas primeiras três décadas do século XX, sendo o terceiro instituído na localidade. Com túmulos e lápides que se destacam como obras de arte – algumas feitas pelo renomado escultor sanjoanense Fernando Furlanetto –, a necrópole foi inventariada como patrimônio cultural da cidade. Entre os inúmeros túmulos existentes no cemitério, chama a atenção a sepultura da Sra. Guilhermina Barbosa, considerada ‘milagreira’ pela população andradense. Nascida em 1917, na cidade de Brazópolis (MG), ela era benzedeira e viveu durante muitos anos em Andradas, na Serrinha, local em que faleceu em 1965. Ao longo de sua vida, vários milagres lhe foram atribuídos. Tamanha era a repercussão na época, que Guilhermina chegou até mesmo a receber romarias em sua casa. Após a sua morte, o túmulo dela passou a ser local de peregrinação, sendo visitado por inúmeras pessoas devotas. Devido à sua importância histórica, religiosa e cultural, a sepultura foi inventariada como patrimônio do município. GASTRONOMIA Entre os atrativos gastronômicos, o restaurante Aldeia Fazenda Velha é um dos destaques. Como o próprio nome diz, trata-se de um restaurante fazenda, localizado a apenas três quilômetros do centro, em um local cercado pelas Serras da Mantiqueira e do Caracol.

CASA DA MEMÓRIA

Inaugurado em agosto de 1995, o Museu Municipal João Moreira da Silva abriga grande parte da história e do desenvolvimento de Andradas. Possui ainda um pequeno acervo histórico e cultural do país e da região, representados por objetos e utensílios domésticos antigos. Foto: Leo Beraldo / Cromalux

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Foto: Gabriel Garcia

Com um vasto cardápio, o espaço serve a tradicional comida mineira preparada em um fogão à lenha, além de saladas e sobremesas caseiras. Ao todo, são mais de 70 opções para o almoço – servido sempre nos finais de semana e feriados, das 11h às 16 horas. Outra opção é o Soberano Steak House, situado na rua Major Bonifácio, 71, região central. O restaurante oferece carnes especiais, desde os valorizados chourizo e ancho, aos tradicionais filé mignon e picanha, além dos internacionais t-bone e prime rib. Os cortes são selecionados e temperados para agradar os mais exigentes paladares.

A carne bovina é a estrela da casa, mas aves e peixes também fazem parte do cardápio, que traz ainda uma variedade de entradas e porções, acompanhamentos – saladas, massas e risotos – e sobremesas que vão do tradicional petit gateau ao exótico terrine de chocolate com calda de frutas vermelhas. TURISMO DE AVENTURA As montanhas de Andradas são redutos naturais para a prática da maioria dos esportes radicais. Possuem uma enorme gama de trilhas ecológicas, onde podem ser realizados trekking, off-roads com jipes e motos, mountain bike e muito mais, transformando a cidade em um verdadeiro point para os amantes de turismo de aventura. Na Serra do Caracol, o Pico do Gavião é marco divisório de Minas Gerais e São Paulo, integrando-se a Serra da Mantiqueira. O local é visita obrigatória para os adeptos do voo livre, com condições climáticas favoráveis e 360° de rampas naturais, que permitem decolagem durante a maior parte do ano. O pico é sede de diversos campeonatos, incluindo o Brasileiro de Asa-Delta. Outro esporte praticado em Andradas é a escalada nas Pedras do Elefante, do Pântano e várias outras que fazem parte do paredão rochoso da Serra do Pau D’Alho. No bairro do Pântano encontra-se um Campo Escola para quem

quer iniciar a prática deste esporte. Também podem ser praticados muitos outros esportes radicais, como tirolesa, rapel, além do canyoning e cascading nas nascentes e cachoeiras encontradas nas montanhas andradenses, bem como esportes off-road em trilhas 4x4 e motos. Andradas tem mais de 80 cachoeiras cadastradas dentro de propriedades rurais particulares. Para visitação é necessária autorização do proprietário e acompanhamento especializado. Algumas propriedades oferecem ainda uma boa infraestrutura para receber os turistas. TURISMO DE NEGÓCIOS E COMPRAS Em meio a todos esses atrativos, Andradas oferece uma vasta opção em compras, indo do artesanato até produtos altamente sofisticados, por conta da sua diversidade econômica. Como quase toda cidade mineira, não poderia faltar os queijos e doces produzidos na fazenda de forma caseira. E para acompanhar o cafezinho, o município também é produtor de biscoitos e bolachas artesanais. Andradas também é conhecida como polo da moda feminina, com aproximadamente 40 confecções do gênero, além dos artigos em couro e um diversificado artesanato. Outro ponto forte para o turismo de negócios e compras são as indústrias moveleiras e de cerâmicas, que efetuam vendas para todo o país. A

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culinária

Vagem verde, cozida em azeite INGREDIENTES • 500 g de vagem verde picada • 5 dentes de alho • 100 ml de azeite • 5 tomates pelados e cortados em cubos • 1/2 colher de chá de sal • 1/2 colher de chá de coentro seco MODO DE PREPARO Cozinhe as vagens e reserve. Em uma frigideira, coloque o azeite em uma frigideira, acrescente o alho e mexa um pouco com uma pitada de sal. Adicione a vagem picada e o restante dos ingredientes. Adicione o coentro e, em seguida, o tomate. Tempere com sal e, em seguida, adicione o vagem. Sirva frio ou quente. FIQUE DE OLHO! Com um sabor delicado e agradável, a vagem é um vegetal de extrema importância para a nossa saúde. Responsável por fornecer os mais diversos nutrientes, o seu consumo regular proporciona muito bem-estar ao corpo, fortalecendo os trabalhos do organismo. Conheça alguns dos principais

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benefícios de acrescentar essa leguminosa nas suas refeições da sua família. A vagem é da mesma família do feijão, por isso, também é conhecida como "feijão verde". A leguminosa tem propriedades poderosas para o nosso corpo como vitaminas do complexo B e minerais. Podendo ser acrescida em saladas ou em pratos quentes, a vagem é um alimento altamente nutritivo e suas vantagens são significadas pela presença do ácido fólico, vitamina C, fibras e minerais como o magnésio, cálcio, ferro e fósforo. "A vagem desempenha funções grandiosas no organismo. Melhora o sistema cardiovascular e deixa os ossos mais fortes, além de sua ação antioxidante", reitera a nutricionista a profissional", explica a nutricionista Paola Lisboa.

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culinária

Moassaleh de carne INGREDIENTES • 01 quilo de carne bovina tipo acém (cubos grandes) • 02 colheres de sopa de manteiga c/ sal • 200g de grão-de-bico • 200g de cebola cortada • Temperos, como preferir (canela, gengibre, alecrim, pimenta de reino, etc.) • 01 colher de chá de sal MODO DE PREPARO Cozinhe o grão-de-bico com água na panela de pressão por 45 minutos. Depois de cozido, reserve-o. Na mesma panela, coloque os temperos e a manteiga. Em fogo baixo, misture esses ingredientes; acrescente a cebola e continue mexendo. Quando a cebola ficar dourada, acrescente a carne e um litro de água. Tampe a panela e cozinhe por 30 minutos. Em seguida, junte o grão-de-bico à carne e cozinhe por mais 10 minutos, sempre em fogo baixo. Sirva quente com arroz branco.

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UM POUCO DE HISTÓRIA O grão-de-bico é uma dos principais elementos na cozinha árabe, sendo o mais famoso o homus – uma espécie de pasta feita com o grão. A primeira menção ao prato foi feita por Platão e Sócrates em 400 a.C, quando enalteciam as qualidades do grão-de-bico para a saúde. Porém, acredita-se que os egípcios apenas misturavam o grão com vinagre, formando uma pasta, que pode ter sido o princípio do que conhecemos hoje como homus. Outra versão do surgimento do homus afirma que a iguaria foi uma criação do sultão Saladino, e que a receita original do sultão é guardada até hoje com seus descendentes.

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sociedade

Há vagas para a diversidade? Pessoas transgênero da região buscam espaço e respeito no mercado de trabalho POR JEFERSON BATISTA

Trabalhadora rural, cabeleireira, maquiadora, enfermeira, bombeira e, agora, instrutora de atendimento pré-hospitalar. O currículo de Alessandra Windson Francisco, 50 anos, reúne essas e outras atividades profissionais. A trajetória desta pinhalense no mundo de trabalho sempre foi marcada por muita luta, como de milhões de brasileiros. Contudo, o fato de ser uma mulher trans exigiu dela um esforço ainda maior para se afirmar como uma profissional qualificada e enfrentar o preconceito. “Eu sempre quis trabalho, na época era muito difícil, por mais profissionais que era, olhavam sempre com um olhar de discriminação”, conta. O olhar discriminatório relatado por Alessandra surge pelo fato de que parcela da sociedade não compreende a existên-

cia das pessoas T (transgênero, travestis e transexuais), que, de modo resumido, nasceram com características físicas de um gênero, mas se identificam com o outro gênero. Por exemplo, uma pessoa que nasce com os órgãos masculinos e é, portanto, considerada um menino, mas, no desenvolver de sua vida, ela se identifica como o gênero feminino, portanto, é uma mulher trans. “Não somos anormais. Eu não sei porque muita gente se incomoda, porque a vida é nossa, nascemos assim, não é uma escolha, a gente não resolve ser trans porque a gente quer, não ter o que fazer, você olha para seu corpo e não está contente”, afirma Bernardo Souza Azevedo, de 22 anos, morador de Vargem Grande do Sul, que deu seu primeiro passo na transição com o corte de cabelo curto. Ser trans não é anormal, nem doença, como já demonstraram pesquisas científi-

cas. É uma condição humana como outra qualquer. As pessoas podem ser cisgênero ou transgênero. A questão é que, na prática, essas pessoas enfrentam o desafio de sobreviver diante de um mundo bastante violento com elas. De acordo com pesquisa da União Nacional LGBT, a expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de apenas 35 anos, enquanto a população em geral passa dos 75 anos. O desemprego e o subemprego são fatores que colaboram para a vida precária desta população. DURA REALIDADE Quando busca explicar por que o Brasil e outros países da América Latina registram altos índices de violência contra travestis e transexuais, a ONG Transgender Europe cita, como uma das causas, a vulnerabilidade dessas pessoas ao trabalharem na prostituição. Ao fazer

VENCENDO O PRECONCEITO

A trajetória de Alessandra sempre foi marcada por muita luta, como de milhões de brasileiros. Contudo, o fato de ser uma mulher trans exigiu dela um esforço ainda maior para se afirmar como uma profissional qualificada e enfrentar o preconceito.

Foto: Alessandra Windson Francisco

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Fotos: Leo Beraldo / Cromalux

BERNARDO AZEVEDO

“Não somos anormais. Eu não sei porque muita gente se incomoda, porque a vida é nossa, nascemos assim, não é uma escolha, a gente não resolve ser trans porque a gente quer, não ter o que fazer, você olha para seu corpo e não está contente”

isso, a entidade internacional aponta, indiretamente, um dos maiores obstáculos para transgêneros brasileiros: a exclusão do mercado de trabalho. Segundo o Relatório da violência homofóbica no Brasil, publicado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), a transfobia faz com que esse grupo “acabe tendo como única opção de sobrevivência a prostituição de rua”. Não é mera força de expressão. Estimativa feita pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), com base em dados colhidos nas diversas regionais da entidade, aponta que 90% das pessoas trans recorrem a essa profissão ao menos em algum momento da vida. SEM VAGAS Sem legislação específica que garanta espaço no mercado de trabalho, transexuais e travestis dependem de iniciativas pontuais por parte de algumas empresas. Esse movimento, contudo, ainda é muito tímido. É por isso que políticas públicas para enfrentar a violência e gerar renda são fundamentais, acredita Maria Aline Moreira, 33 anos. Ela é travesti, viveu em São João da Boa Vista e agora está em São Paulo, onde atua como enfermeira, graças ao Transcidadania, programa de rein-

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OPORTUNIDADES

Políticas públicas para enfrentar a violência e gerar renda são fundamentais para que transexuais e travestis possam "competir" de forma justa no mercado. Graças a um programa de reintegração social que Maria Aline conseguiu seu espaço. “Eu trabalho como enfermeira particular, estou iniciando minha graduação em enfermagem, mas ainda somos poucas nestes espaços, existem mais pessoas trans no submundo”.

Maria Aline Moreira

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Foto: Leo Beraldo / Cromalux

tegração social e o resgate da cidadania para travestis, mulheres transexuais e homens trans em situação de vulnerabilidade, oferecendo cursos e oportunidades profissionais. Maria Aline também é atriz e militante dos direitos LGBTQIA+. “Eu acredito que estamos vivendo uma ascensão das pessoas T e agêneros. Eu trabalho como enfermeira particular, estou iniciando minha graduação em enfermagem, mas ainda somos poucas nestes espaços, existem mais pessoas trans no submundo”. APOIO DA FAMÍLIA Em um mundo marcado por preconceito, é difícil, claro, entender a realidade de uma filha ou de um filho trans, contudo, é imaginável compreender as barreiras que estas pessoas passam. Por isso, o apoio de familiares e amigos é importante. Foi graças à compreensão de seus pais que Samantha Santos formou-se enfermeira e atua em hospitais de São João. “Eu sempre tive base familiar. Meus pais sempre conversaram comigo e eles sempre quiseram que eu estudasse, fosse alguém na vida. Comecei minha transição com 14 anos, como apoio deles”. Respeitada nos locais em que trabalha, Samantha acredita que as pessoas precisam “buscar informações e as empresas precisam se abrir para a diversidade, algo que também faz parte da responsabilidade social”. O mesmo respeito deve prevalecer nas relações profissionais. Bernardo, que trabalha em um estacionamento e faz entregas, conta que sempre recebeu o respeito de colegas de trabalho e até mesmo a ajuda de algumas pessoas nas burocracias para fazer a troca de nome. Kaio Henrique de Lima (foto ao lado), ceramista em Vargem Grande do Sul, afirma: “quando fala que é trans, o preconceito já vem”. Por esse motivo, segundo as pessoas entrevistadas, muitas vezes o contrato de trabalho não vem. “Temos que ser vistas como pessoas, como humanos. A sociedade, muitas vezes, diz que não somos capazes, então temos que provar o contrário”, afirma Alessandra, a primeira bombeira civil trans do mundo. A

APOIO FAMILIAR

Graças ao apoio da família que recebeu desde cedo, Samantha Santos formou-se em enfermagem e hoje é respeitada nos hospitais que trabalha em São João. "Meus pais sempre conversaram comigo e eles sempre quiseram que eu estudasse, fosse alguém na vida”. Fotos: Samantha Santos

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meio ambiente

Natureza e o homem se conectam em Águas da Prata No King Park Adventure é possível apreciar as montanhas, praticar esportes e reunir a família, em meio às belezas da região POR DANIELA PRADO

Nas terras do Morro São Miguel, em Águas da Prata, há cerca de 10 anos, a empresária e empreendedora Maria Cristina Lerosa, preocupada com a iminência daquele território cair nas mãos de mineradoras, resolveu adquiri-las, como forma de impedir a devastação da área. Como Cristina bem sabia, uma ação mineratória desse porte sempre causa um impacto social, ambiental e econômico bastante significativos e, por esse motivo, a empresária fez um esforço financeiro, se desfazendo de algumas propriedades, para adquirir aquela área e preservar a fauna, a flora, a riqueza mineral e outros atributos ali existentes. Trata-se de um milhão de metros quadrados que, por fim, foram poupados da extração mineral e agora sobrevivem,

para que futuras gerações possam conhecer e entrar em contato. Pouco tempo depois da compra, a região de Águas da Prata começou a receber muitos turistas, incluindo praticantes de esportes ao ar livre, como mountain bike, caminhadas em trilhas, arvorismo, entre outros. Percebendo o crescimento destes esportes na região e o potencial turístico de sua propriedade, Cristina convidou o consultor de marketing, Cristiano Mistura Dorico, para ser seu sócio e iniciar, assim, um ousado empreendimento, que recebeu o nome de o King Park Adventure, inaugurado oficialmente nos dias sete e oito de março de 2020, ocupando uma área de 450 mil metros quadrados. “Deste modo, o morro foi ocupado com atividades que levam as pessoas a momentos de conexão com a natureza, de relaxamento e de bem estar. Ofertamos

uma uma programação musical, esportiva, cultural, ambiental, gastronômica e social, no intuito de melhorar a vida das pessoas. O King Park existe não só para ser uma empresa, mas para colocar Águas da Prata novamente no cenário turístico. A vocação do município é turística”, argumenta Cristiano, que acrescenta: o principal objetivo deste equipamento turístico é ser algo que atraia um grande fluxo de frequentadores, promovendo o desenvolvimento sustentável, econômico e social de Águas da Prata e de todas as cidades do seu entorno. CURIOSIDADES HISTÓRICAS Para quem nem desconfia em que chão está pisando quando adentra o King Park Adventure, Cristiano conta que este está instalado exatamente onde, em 1932, estourou uma das batalhas da

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Foto: Leo Beraldo / Cromalux

SONHOS QUE SE COMPLETARAM

Cristina Leroza e Cristiano Mistura uniram suas ideias e criaram o King Park Adventure, equipamento turístico que tem como principal objetivo atrair um grande fluxo de frequentadores, promovendo o desenvolvimento sustentável, econômico e social de Águas da Prata e das cidades do seu entorno.

Revolução Constitucionalista, movida pela disputa por território entre Minas e São Paulo. “O nosso estado acabou perdendo a guerra, mas aqui, na nossa região, ganhamos uma batalha. Esse fato deve-se muito ao relevo natural das nossas montanhas e terras, em que se tinha a vantagem em poder observar as tropas inimigas com uma distância um pouco maior e se preparar melhor para os ataques. E o Park faz parte de um Morro que compõe a serra que foi palco da batalha. Inclusive, ainda temos vestígios dessa história, as trincheiras, objetos de guerra, e por aí vai”, diz. A segunda curiosidade que Cristiano destaca é que uma das figuras mais representativas nessa revolução foi Maria Sguassábia, professora que se infiltrou nas tropas de batalha, indignada ao ver que um soldado desertou do batalhão. “Ela se disfarçou de homem, ingressou no batalhão e, para não ser descoberta, foi a melhor soldado. Quando foi identificada, ao invés de o chefe da tropa a banir, colocou-a como líder do batalhão, o que fez com que os homens – que não podiam render menos ou ser menos que uma mulher - virassem verdadeiras máquinas de combate”, narra Cristiano. Para acentuar a importância desta conquista e perpetuar o papel que Maria Sguassábia teve em nossa região, o King Park Adventure vai abrigar um museu em homenagem a ela e aos heróis que tombaram na Revolução de 1932. “O museu terá parte preservada do solo original do morro e a reprodução de trincheiras, objetos de guerra e material audiovisual. Ele vai ser um museu sensorial, com experiência de cheiro, toque. O conteúdo vai ser bem legal”, adianta o sócio do King Park. 74

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PANDEMIA A FAVOR A primeira estaca de construção do King Park Adventure foi fixada no local em nove de março de 2019. Naquele momento, Cristiano traçou um cronograma de trabalho para que em um ano 90% das obras estivessem concluídas. A meta foi cumprida. “Quando completou um ano, a gente inaugurou e foram dois dias de evento com música, esporte, gastronomia e entretenimento. No final de semana seguinte, infelizmente por conta da pandemia, tivemos que fechar os portões. Nesse tempo fechado, finalizamos a nossa rede de energia elétrica, nossa rede de internet, os encanamentos de água, a estrutura dos containers, que hoje são praça de alimentação, caixa de bar e loja. Estamos finalizando agora a nossa entrada social, com as portarias e as cancelas de fluxo de acesso. Usamos esse tempo de pandemia ao nosso favor para fazer melhorias e para avançar em muitas parcerias que estão em andamento, com empresas que vão viabilizar produtos, serviços, atrações e programação para o King Park durante todo o ano de 2021”, anuncia Cristiano, responsável pelo marketing, parceria e eventos do parque. O ESPAÇO E SEU PÚBLICO O King Park Adventure está instalado em um espaço que contempla uma pista de mountain bike XCO, a qual também pode ser utilizada para caminhadas, corridas e motocross. Os cinco km de

percurso aproveitam todas as condições naturais do terreno e do relevo, que apresenta retas, subidas, descidas, morros e curvas, oferecendo ao mesmo tempo, a segurança que os esportistas de aventura precisam para praticá-los. “Essa pista permitirá que o King Park realize etapas, provas, circuitos e campeonatos, sejam locais, regionais, estaduais e nacionais”, planeja Cristiano. O parque também possui uma mini-pista de moutain bike para as crianças e pessoas com deficiências físicas. “Essa pista será multiuso e ocupada por corridas kids, corridas de carrinho de controle remoto, corridas inclusivas (para cadeirantes) e também para mini-motos. Já o imenso gramado principal abrigará atividades/eventos de música, arte, gastronomia, esporte e cultura. O King Park Adventure terá uma programação completa, com mostras, feiras, oficinas, workshops, congressos e festivais que serão uma nova opção de lazer, turismo, capacitação e desenvolvimento aos cidadãos de Águas da Prata e de toda a nossa região, movimento esse que, com certeza, vai atrair um grande fluxo turístico regional”, enfatiza o sócio. É importante ressaltar que os idealizadores deste empreendimento estão abertos a parcerias e têm feito contato constante com a população, com atletas, artistas locais, proprietários de negócios, comércio, prestadores de serviços e proprietários de residências disponíveis para o modelo AirBNB. A


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crônica

BÊ-Á-BÊ-Ó POR MARCELO SGUASSABIA

Na qualidade de vítima comunicante da ocorrência, compareceu dia 04/01/2020, às 9 horas e quinze minutos, neste Oitavo Distrito Policial, o menor autodenominado Miguelzinho. Aparentando idade aproximada de 4 anos e meio, não portava documentos ou quaisquer sinais de identificação. Com sinais visíveis de trauma psicológico, porém não apresentando indício algum de violência física, o comunicante trouxe ao conhecimento da autoridade policial de plantão os fatos que seguem. Tanto o pai quanto a mãe, em dias alternados, deitavam-se à cama com a criança e, tapando-lhe a boca à força com uma chupeta, ameaçavam-na dizendo que a Cuca iria pegar, caso não conciliasse sono de imediato. Por tratar-se possivelmente de cúmplice ou mesmo co-autora da ameaça, o Cabo Hermenegildo, a pedido do escrivão deste BO, deu busca detalhada em arquivos da polícia no encalço da vulga "Cuca", não encontrando no entanto quaisquer registros anteriores que a ela fizessem alusão. Ainda segundo a criança, em outras ocasiões fora testemunha de mensagens incitando maus-tratos aos animais, com uma canção cuja letra descrevemos, desafinadamente entoada pelo pequeno Miguel:"Atirei o pau no gato-to, mas o gato-to, não morreu-reu-reu, Dona Chica-ca, admirou-se-se, do berro, do berro que o gato deu". Não soube informar o comunicante se o felino e a pessoa mencionados na música são reais, fictícios ou acobertados por pseudônimos. Por via das dúvidas, ordenou o senhor Delegado uma investigação

nas redondezas para que se apure o paradeiro da mencionada Dona Chica, caso esta realmente exista e possua domicílio fixo - onde possa ser encontrada e intimada a prestar depoimento ou a dar maiores esclarecimentos exigidos pela justiça. Um total de três diligências serão oportunamente agendadas, a fim de que tanto Dona Chica quanto o gato sejam comunicados de seu envolvimento nos relatos e possam constituir advogados que os defendam. Prosseguindo com sua exposição, a vítima afirmou que as ameaças à sua integridade física aconteciam também de outras e variadas formas. Dentre elas, o menor destacou um tal "Boi de cara preta", sempre disposto a pegar crianças em possível ação orquestrada com o vulgo "Bicho-Papão". Ao citá-los, a criança foi convidada a fornecer um retrato falado dos mesmos. Tais esforços, entretanto, revelaram-se inúteis, na medida em que os supostos meliantes eram citados como seres fantasmagóricos ou habitantes de outros mundos, não se apresentando fisicamente em nenhuma ocasião perante Miguelzinho. Ao rol de atrocidades a amedrontar o menor havia ainda "Samba Lelê", que de acordo com a criança era constantemente apresentada pelos pais como doente, com a cabeça quebrada e merecedora de lambadas. Mesmo que não se concretizassem as promessas de violência, a depoente afirmou que bastavam as menções a este estranho rol de criaturas para que urinasse e defecasse de nervoso em sua caminha, sendo que tais fatos incitavam sobremaneira a ira dos genitores, tornando ainda mais inamistoso o ambiente doméstico. A Foto: Reprodução Internet

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psicologia

Saúde, afetos e mundo do trabalho Dá-se o nome de Síndrome de Burnout ao esgotamento (de sentido, de forças ou emocional) causado, no contexto do trabalho, por atividades demasiadamente desgastantes e estressantes.

POR DANILO CICONI

No correr dos nossos dias, diversas dimensões de nossa experiência humana nos afetam de formas muito íntimas e particulares e cooperam ou não com a nossa percepção de felicidade e de qualidade de vida. Sem dúvida, é o trabalho uma dimensão entre as mais importantes. Toda a nossa relação com a natureza e boa parte de nossas interações sociais são perpassadas pelas nossas vivências no mundo do trabalho. Gastamos em nossas atividades laborais grande parte de nosso tempo e de nossas energias. Assim, o nosso trabalho é parte integrante de nossa identidade. Por isso, nos alegramos diante de nossas conquistas profissionais, "vestimos a camisa" da empresa a que estamos vinculados, nos esmeramos em tornar o ambiente profissional agradável e aconchegante, ce-

lebramos nossos bons resultados (senso de autoeficácia). Mas, também por isso, o trabalho pode se tornar fonte de angústia e sofrimento. Dá-se o nome de Síndrome de Burnout ao esgotamento (de sentido, de forças ou emocional) causado, no contexto do trabalho, por atividades demasiadamente desgastantes e estressantes. É um fenômeno crônico emuitas vezes demoramos para nos apercebermos dele. A angústia vai criando raízes paulatinamente e, de repente, nos notamos exauridos. Perdemos a capacidade de “colocar a cara” (identidade) no que a gente faz. Nos sentimos frustrados e pouco realizados. Pressões excessivas (metas irrealistas, por exemplo), conflitos interpessoais (mais competição que cooperação) e falta de reconhecimento podem estar na base da referida sintomática. A pandemia do covid-19 mudou as configurações do mundo do trabalho.

Muitos de nós nos mantivemos em algum período no chamado home office. Mediado pelas novas tecnologias de informação e comunicação, as nTIC’s (aplicativos de mensagem ou de chamadas de vídeo, smartphones etc.), a vida profissional extrapolou o espaço da empresa e fez-se presente no ambiente doméstico. Tendo misturadas essas dimensões da vida, corremos o risco de acentuar, ainda mais, o desequilíbrio trabalho-família ou trabalho-vida pessoal. A superexposição às nTIC’s trouxe a alguns mais (auto) cobranças e mais cansaço mental, o tecnoestresse. Aos que permaneceram na modalidade convencional ou presencial de trabalho, sobretudo aqueles que lidam com o atendimento ao público, a ameaça do Sars-CoV-2 tornou negativa a percepção de segurança e de conforto dos ambientes em que atuamos. Profissionais da saúde vivenciam fadiga por compaixão

Foto: Reprodução Internet

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(um tipo de Burnout associado a experiências de impotência diante do sofrimento do outro, de pacientes e adoentados). A crise econômica despertou a ameaça do desemprego e intensificou angústias, inseguranças e cobranças. Especialistas já falam em “Burnout por Covid-19”. Fato é que, de alguma forma, ninguém saiu ileso da pandemia (ainda em curso) e dos desdobramentos desta no mundo do trabalho e na qualidade de vida. Neste momento histórico, é preciso que todos se unam para tornar melhores as condições (materiais e imateriais) de trabalho e de relacionamento humano. Se a contemporaneidade, marcada pela instabilidade, complexidade, diversidade de mercados e hostilidade das organizações, já demandava estratégias mais assertivas de Gestão de Pessoas, a pandemia avultou esta necessidade. Benefícios (materiais e simbólicos), mudanças

ergonômicas nos ambientes de trabalho, proposição de atividades como ginástica laboral, Sipat etc são atividades que colaboram para a motivação e a sensação de bem estar dos trabalhadores, mas sozinhas são insuficientes. Os departamentos de Gestão de Pessoas precisam garantir que os colaboradores tenham reais condições de desempenhar as suas atividades com segurança, reconhecimento, autonomia (dentro do grau de responsabilidade da tarefa e da capacitação do profissional), cooperatividade; que as angústias dos funcionários sejam acolhidas, que a carga horária seja adequada, a remuneração justa e as metas realistas e possíveis. Por fim, é preciso que os empregados tenham condições reais demanter as medidas de prevenção ao coronavírus e de segurança sanitária. (pessoas saudáveis, felizes e gratas são capazes de produzir mais e melhor.)

Individualmente, deve o trabalhador observar com cautela a própria saúde mental. Avaliar seus pensamentos e emoções associados à sua vivência laboral. Cuidar para manter, a desdém das circunstâncias, o necessário equilíbrio trabalho-família, trabalho-vida pessoal. Prática de atividade física regular (ainda que não estruturada), técnicas de respiração e de meditação, práticas religiosas, busca por suporte social são importantes ferramentas para manejo da ansiedade e de outras emoções intensas. A ajuda especializada (por exemplo, a psicoterapia) pode colaborar com a construção da saúde e da qualidade de vida. A atenção primária no SUS (UBSs, Estratégia de Saúde da Família) e secundária (os Centros de Atenção Psicossocial - CAPS) oferecem atendimento psicossocial gratuito e são serviços extensivos à toda a comunidade. A

Saiba se você possui a Síndrome de Burnout ( ) Você se sente mais cansado ao final do dia do que costumeiramente se sentia antes, ainda que suas tarefas/rotinas continuem as mesmas. Você percebe, também, que tem levado mais tempo para realizar atividades que, até pouco tempo, eram relativamente simples e rápidas para serem executadas. ( ) A ansiedade pelas tarefas a realizar no trabalho atrapalha o seu sono a noite. Ao acordar pela manhã, você se sente como se não tivesse realmente descansado, como se não tivesse forças para começar um novo dia. ( ) Logo pela manhã, você sente angústia ao pensar que deve ir para o trabalho. Grande parte das vezes, sente vontade de chorar no caminho até a empresa. ( ) Mesmo nos momentos de lazer, você não consegue desconectar seus pensamentos das tarefas e obrigações do trabalho.

( ) Você tem estado impaciente, o que tem impactado negativamente seus relacionamentos com pessoas próximas e familiares. ( ) Você começou a desacreditar em sua própria capacidade. Se compara aos seus colegas e sente-se mal, por pensar que apenas você não é capaz de cumprir satisfatoriamente com todas as tarefas do dia e metas propostas. ( ) Você não se sente realizado profissionalmente. Se sente invisível, como se seu trabalho nunca fosse visto ou reconhecido, como se você não fosse importante para a empresa. ( ) Você acredita que precisa organizar melhor a própria rotina e atividades, que precisa parar de procrastinar, mas não sabe como e acredita não ter forças para melhorar sua disciplina pessoal.

Se você se identifica, já há algum tempo, com um ou mais dos itens anteriores, é importante se cuidar. Mudar hábitos e rotinas, procurar angariar sentido às suas atividades, buscar suporte social e, se necessário, ajuda especializada. Converse com pessoas de confiança, não simplesmente para “reclamar”, mas para partilhar estratégias de enfrentamento, buscar soluções criativas (dentro de suas possibilidades). É importante desacelerar, cuidar da própria saúde. Por mais difícil que pareça, tem jeito! Não dá para viver eternamente à espera da sexta-feira para ser feliz. Saúde mental se constrói de segunda à segunda, em tudo o que a gente faz e em tudo o que a gente é.

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negócios

INFORME PUBLICITÁRIO

Droga Nova: uma história de sucesso Nos anos 1980, as oportunidades de trabalho eram muito difíceis, principalmente para as pessoas mais pobres. No meio de tantas dificuldades, surgiu uma vaga para lavar a “vidraria” utilizada em medicamentos e manipulações, na então farmácia Cruzeiro. Angelo Ismael Datorre, conhecido como Ismael, vindo de família humilde, aproveitou agarrou a oportunidade e iniciou sua carreira. Em pouco tempo de trabalho, Ismael começou a se interessar por aquele mundo novo, de fórmulas e medicamentos. Com o tempo e nas horas vagas, começou a ler e estudar as bulas dos medicamentos que eram comercializados ali – ele tinha um objetivo ousado: aprender tudo daquele universo. Não demorou muito para que o conhecimento dele fosse notado e, da função de lavagem, foi direto para o balcão, atendendo os clientes. Foi ali que conheceu seu futuros sócios, José Carlos Alcará. Com o passar dos anos, Ismael conseguiu economizar algum dinheiro, que investiu na compra de um terreno, que mais adiante, faria a diferença em sua vida. O SURGIMENTO DA DROGA NOVA Em 1988, Ismael enxergou uma oportunidade única de ter sua própria farmácia. Ele não exitou e chamou seu companheiro de balcão para, para, juntos, iniciar esse sonho. O medo era grande, mas a vontade de empreender superava qualquer sentimento ruim. Com a fundação da Droga Nova, Ismael e José Carlos tiveram de se esforçar para ganhar destaque e espaço no mercado. Mas logo, devido a atenção e o cuidado com os clientes, a clientela foi só aumentando. Até o Sr. Leoncinho, proprietário da Farmácia Cruzeiro e ex-patrão da dupla, começou a recomendar a Droga Nova para seus clientes. Pouco a pouco, o sonho foi se consolidando e o inimaginável para os sócios aconteceu: o espaço físico - localizado na Cel. Ernesto de Oliveira estava ficando pequeno para o atendimento ao público.

Foi então, em busca de espaço, que a farmácia se instalou na esquina da Rua Cel. Ernesto de Oliveira, 227 – onde se situa até hoje. O tempo passou, e uma grave crise financeira atingiu a empresa. Ismael reuniu suas economias e comprou, então, a parte de seu sócio para tentar recuperar a farmácia. A paixão pela área era tão grande da família dele que seus dois filhos estavam estudando farmácia e ele apostava todas as suas fichas nisso para a grande guinada nos rumos da empresa. Diante do cenário da crise financeira, Ismael chamou seus filhos novamente para trabalhar na Droga Nova, dessa vez com a missão de recuperar a empresa. As dívidas e problemas eram muitos, mas a vontade de trabalhar e contornar a situação era ainda maiores. Alguns anos depois, o negócio que estava a beira da falência deu a volta por cima, graças ao emprenho de Ismael e seus dois filhos. Hoje, a Droga Nova também oferece emprego a 37 pessoas que, diariamente, trabalham para levar saúde a população sanjoanense. LEGADO FAMILIAR A Droga Nova, fundada pelo Sr. Ismael, é hoje umas das maiores farmácias do Estado de São Paulo, graças a uma nova gestão familiar. Com ampliações e investimentos em novas tecnologias, hoje a Droga Nova oferece serviços de manipulação e ortopedia, se tornando um estabelecimento completo, para atender as necessidades da cidade.

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Loja do Manezinho atravessa gerações Fundada em 1939 e atualmente em outro endereço, o estabelecimento comercial se adaptou ao tempo, sem abandonar tradições Foto: Leo Beraldo / Cromalux

POR DANIELA PRADO

Certamente as costureiras ou pessoas que ainda gostam de roupas feitas sob medida devem se lembrar do nome Manezinho. Tempos atrás, quando se aparecia com um “tecido chic” — um corte de seda, crepe patou, chiffon ou mesmo algodão — para transformar em vestidos, camisas, blusas e outras peças de vestuário, era comum a pergunta: “Onde você encontrou este tecido bonito assim?”, ao que se seguia a resposta: “Ah, foi na Loja do Manezinho!”. Fundada em 1939 pelo casal Manoel Jacinto e Luisa Poveda Jacinto, a loja nasceu com o nome de Secos e Molhados São Manoel. O endereço de inauguração 82

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a rua Cel. José Procópio, nº 400, na Vila Conrado. Permaneceu neste número até 1996, momento em que passou a atender seus clientes no número 425, da mesma rua. O bancário aposentado Ismael Jacinto e a economista Claudia Cristina Jacinto Cenamo, são hoje os proprietários da loja do Manezinho, uma das mais antigas e tradicionais em funcionamento na cidade. “Como o casal fundou o armazém, eles estiveram a frente por muitos anos e, graças a esse trabalho, educaram seus cinco filhos: Ismael Jacinto, Adazir Jacinto Datolli, Israel Jacinto, Manoel Jacintho Junior e Marlene Jacinto Carvalho, hoje dona da Carvalho Modas, na rua Tiradentes”, conta Alexandre Jacinto,

filho de Ismael, portanto neto dos criadores do armazém, e responsável pelo Manezinho’s Palace Hotel. Aos poucos, os artigos vendidos no armazém foram dando espaço para foi os tecidos, situação que começou por acaso. Como explica Alexandre, na necessidade de conseguir mais uma renda para a família, a Dona Luisa, que havia aprendido corte e costura, começou a desmanchar sacas de trigo para fazer camisas para os colonos das fazendas trabalharem. "Com o passar dos anos e as mudanças de transporte da farinha, minha avó começou a vender tecidos e armarinhos também. Logo vieram vendedores de tecidos - produtos que eram chamados

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de fazendas-, e dona Luisa começou a vender lazis, tergais, tecidos de algodão puro e, posteriormente, tecidos mistos", conta Alexandre. Hoje seus filhos são engenheiros, matemáticos e contadores, ou seja, seguiram seus próprios rumos. Marlene, a caçula, chegou a ser a primeira funcionária registrada da empresa, depois tornou-se funcionária concursada do Banco do Brasil. Ismael, o atual dono da loja, é o filho mais velho dos fundadores e formou-se em Engenharia Mecânica, pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), ao mesmo tempo em que era funcionário concursado do Banco do Brasil. “Em 1975, consegui uma transferência para São João da Boa Vista, pelo Banco do Brasil. Meus pais, já cansados, estavam querendo se aposentar e fechar a loja. Foi quando tive a ideia e propus ser sócio deles, dando assim um novo gás na empresa, que já estava vendendo roupas feitas, que eu e a Marlene trazíamos de São Paulo. A sociedade durou até 1996, quando o meu paifaleceu”, recorda Ismael. Com a morte do fundador loja, ocorreu a primeira mudança de endereço – para a rua 14 de julho. Em seguida, já nos anos 2000, a empresa passou por uma outra mudança de endereço, voltando para a rua original, em um novo número.

vieram as roupas feitas. Hoje, outro forte são roupas íntimas para mulheres e homens, mas, curiosamente, com o espírito dos antigos, ou seja, com o sistema de caderneta, sempre matendo a confiança nos clientes. Temos, claro, outros sistemas de venda, incluindo cartão e parcelamento. Isso mostra que a loja se adaptou à modernidade, sem deixar sua essência do passado”, reconhece Ismael. O empresário ressalta ainda uma curiosidade que acontece só em cidades do interior: como a empresa é puramente familiar, ele e Alexandre, filho e neto de Manezinho, são conhecidos pelo mesmo apelido do patriarca da família Jacinto, algo que lhes dá orgulho.

SOBREVIVENDO ÀS MUDANÇAS E MODERNIDADES Entre tantas histórias e clientes, a Loja do Manezinho foi se moldando e se adaptando aos tempos atuais, desde o de o armazém de secos e molhados, passando pelo dos tecidos e armarinhos.“Com a chegada dos filhos,

MANEZINHO

Ismael Jacinto, filho dos fundadores Manoel Jacinto e Luisa Poveda Jacinto, a loja nasceu com o nome de Secos e Molhados São Manoel. Ismael e o filho Alexandre são conhecidos pelo mesmo apelido do patriarca da família Jacinto, algo que lhes dá orgulho.

Foto: Leo Beraldo / Cromalux

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As sanjoanenses Maria Aparecida Bassi, Sheila Nascimento e Rosa Goulardins, são algumas clientes veteranas que ainda frequentam o estabelecimento. Já Vera Gomes e Vatacena Gomes de Aguiar, por exemplo, são clientes falecidas que fazem falta no dia a dia da loja Sem dúvida, um estabelecimento que há quase 100 anos vem servindo muitas famílias, e que ainda tem muito a oferecer e muitas novas histórias a acumular em sua bagagem, pois quando uma família se une em torno de um negócio ou empresa com comprometimento, planejamento e amor, o resultado realmente acontece, de maneira muito efetiva. A


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figura que atua

Amor ao próximo e trabalho se entrelaçam Neto Bittar fala a respeito da entidade e de outras áreas do serviço social em que atua POR DANIELA PRADO

No mundo atual, a impressão que se tem é de que a grande maioria das pessoas age apenas segundo os próprios interesses ou visando lucrar algo. Encontrar alguém que, desinteressadamente, se preocupe em cuidar do outro e em saber como este se encontra é cada vez mais raro e, por isso mesmo, ao se deparar com alguém assim, a admiração é inevitável. O sanjoanense Delvo Westin Bittar Neto é um desses exemplos. Herdeiro do nome do avó,o Dr. Delvo Westin Bittar, médico que participou do Corpo Clínico da Santa Casa de Misericórdia Dona Carolina Malheiros, onde há um quadro em homenagem a ele na Galeria e que também dá nome ao posto de saúde localizado na Av. Dr. Oscar Pirajá Martins-, Neto também herdou dele o amor ao próximo. “Quando ele nasceu, morava na casa do avô e, para não confundir as pessoas, começaram a chamá-lo de Neto, que na verdade era neto mesmo. O apelido ficou e hoje ele é mais conhecido como Neto”, comenta Zuleica Bittar, sua esposa. O médico cardiologista hemodinamicista André Bittar é um dos três filhos do casal,que tem ainda outros dois filhos:

Richard e Henrique Bittar, os quais seguiram a carreira do pai e são Administradores de Empresas. Delvo Westin Bittar Neto é formado em Administração de Empresas, tendo trabalhado por 40 anos na Importadora Boa Vista S/A, antiga Volkswagen. Paralelamente, sua atuação junto à Irmandade da Santa Casa também merece destaque e Neto recorda que o início de seu envolvimento com essa entidade deu-se por meio do convite feito pelo Dr. José Rubens Ceschin, em 1990, para participar desta Irmandade e da respectiva diretoria. “Eleito como tesoureiro, continuo nessa função até os dias atuais”, acentua. Sobre a Irmandade da Santa Casa, ele esclarece que esta existe há 120 anos. “Ela responde pela Santa Casa, escolhe a mesa diretora e o Provedor, que permanecerão no cargo por três anos. A Irmandade é constituída por pessoas da comunidade e a condição primeira para participar é uma contribuição mensal. Uma vez ao ano, pelo Estatuto, essa Irmandade pode concordar ou não com o que foi exposto. A Santa Casa é uma instituição privada, não governamental, que recebe recursos do governo Municipal, Estadual e Federal para atender os pacientes do SUS. Todos que participam não recebem nenhuma espécie de remuneração ou privilégios, são voluntários”, justifica. ATUAÇÃO NA SOCIEDADE SANJOANENSE Neto Bittar sempre esteve engajado em projetos e entidades de ajuda ao próximo, como o Lar do Pequeno Vicente, por exemplo. “Na área social, faço parte da fundação do Lar do Pequeno Vicente, localizado no Jardim Nova República, etapa IV, também regido por Estatuto. Fui Presidente e atualmente ocupo o cargo de Vice-Presidente. É uma instituição sem fins lucrativos, que atende crianças de sete a 12 anos no período em que não estão na escola. Os membros da Diretoria são eleitos por um grupo de colaboradores, sem remuneração, num trabalho voluntário. Colaborei por um período, com a doação de refrigerantes nas festas do ‘Dia das Crianças’, que eram realizadas pelo Lions Clube, além de patrocinar alguns jantares festivos, realizados pelas ‘Senhoras de Rotarianos’. Participei também da direção da Associação Comercial, no mandato do Dr. Rageh Adib”, cita ele, sobre os projetos sociais que já participou ou ainda participa. Indagado sobre qual o real significado de estar envolvido nestas causas, em que a caridade verdadeira é a força motriz, o empresário sanjoanense revela que participa destes movido por sentimentos de auxílio ao próximo. “Não visando reconhecimento, nem remuneração, mas amor profundo pelos meus semelhantes”, finaliza Neto. A

Foto: Acervo pessoal / Neto Bittar

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história

80 anos de fé e devoção Investindo em melhorias e na preservação de sua história, Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro comemorou o Jubileu de Carvalho Foto: Ana Laura Moretto

POR BRUNO MANSON

Patrimônio histórico de São João da Boa Vista, o Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro iniciou em 2020 as festividades de seu Jubileu de Carvalho. As comemorações aconteceram até final de março deste ano, data em que se celebrou os 80 anos de sua fundação. Construído com o intuito de abrigar na cidade uma Casa Missionária dos Padres Redentoristas, o espaço abriga diversas obras sacras e é considerado o maior templo neocolonial do Brasil. Tamanha sua importância fez com que o papa Francisco enviasse um ofício parabenizando e abençoando a paróquia. O documento foi encaminhado pelo assessor direto do pontífice, o monsenhor Luigi Roberto Cona. “Tivemos a alegria de receber do Vaticano a bênção papal do sumo pontífice, o qual cumprimenta toda a cidade sobre a abertura das comemorações dos 80 anos do Santuário”, comentou o padre Carlos Alberto Baptistine. Os festejos tiveram início oficialmente com a Abertura da Porta Jubilar no dia 19 de março de 2020. A cerimônia teve a presença do padre Marlos Aurélio da Silva, provincial dos Redentoristas de São Paulo, além de outros confrades e de Dom Joércio Gonçalves, bispo emérito de Coári (AM), da Congregação do Santíssimo Redentor (CSSR). Devido às normas de saúde adotadas por conta da pandemia, a solenidade não contou com a participação de fiéis, porém, Dom Antônio Vilar, bispo da Diocese de São João da Boa Vista, concedeu ‘indulgências’ para todos que, durante o ano de festividade de fundação, passaram pela Porta Jubilar. Logo em seguida, foi celebrada uma missa de ação de graças e em homenagem a São José e, ao final, os presentes foram conduzidos até o altar de Jesus Misericordio88

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so, onde foi feito o Hall dos Reitores. Um fato curioso sobre a Abertura da Porta Jubilar é o fac-símile de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro presente na solenidade. Trata-se de uma cópia do ícone original que se encontra na Igreja Santo Afonso, em Roma, na Itália. Entregue à paróquia sanjoanense no final do ano passado, a reprodução foi confeccionada em Cracóvia, na Polônia, pelo padre redentorista Eugênio Karpiel e pintada por Magdalena Kolodziwij. PRESERVAÇÃO E TECNOLOGIA Em meio as comemorações do Jubileu de Carvalho, o Santuário tem recebido diversas melhorias, como a restauração dos vitrais, a reativação das luzes da torre, bem como a manutenção dos sinos e relógios, além da reforma dos banheiros, entre outras benfeitorias. De acordo com Baptistine, o intuito é zelar pela sua preservação, seguindo todas as determinações do Condephic (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural e Ambiental de São João da Boa Vista). Paralelamente a isto, o espaço também tem recebido inovações tecnológicas. Desde 2019, a entrada e os altares contam com QR Code, um código de barras bidimensional que pode ser facilmente escaneado pela maioria dos telefones celulares . Desta forma, quem visitar o local pode obter diversas informações sobre a igreja, sua história e seus espaços. Além disso, o templo tem até um aplicativo para celular, onde é possível acessar informações como horários de missa, orações, sacramentos e contatos. Entusiasta das novidades tecnológicas, o pároco explica que o objetivo des-


tas ações é, além de resgatar e difundir a história do Santuário, destacá-lo como um centro turístico religioso. SÍMBOLOS COMEMORATIVOS Em celebração aos 80 anos de fundação, o Santuário ganhou um brasão carregado de um forte significado religioso e reforçando a identidade visual da igreja. Criada pelo padre Pedro Gruzdz, a arte mostra os arcanjos Miguel e Gabriel segurando um escudo de cor dourada, representando a eternidade e a ressurreição de Cristo. O emblema traz uma cruz composta de três cores: dourada (em referência à redenção), branca (simbolizando a pureza, vitória e glória) e azul (em alusão à perseverança, firmeza e fidelidade, expressando também o discipulado de Maria). Já ao seu redor há uma lança, uma esponja e as mãos em forma de cálice, lembrando os objetos associados à Paixão de Cristo. A imagem ainda conta com os monogramas ‘teu F’ [‘Eis teu filho’] e ‘tua M’ [‘Eis tua mãe’] simbolizando passagens bíblicas.O brasão é coroado com uma videira com uvas

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– em menção ao Evangelho de João e a Eucaristia – e três lírios – representando a virgindade de Maria, além de ter uma faixa de cores azul-escuro e vermelha, que remetem à roupa da santa no ícone do Perpétuo Socorro.Também foi criada a bandeira do Santuário Nossa Senhora do Perpetuo Socorro – que traz o brasão ao centro, em referência à Eucaristia e também em alusão às cores da bandeira do Vaticano. HISTÓRIA O templo teve a pedra fundamental lançada em 19 de março de 1941 – quando se celebra o Dia de São José –, marcando assim o início de sua construção. Em novembro daquele ano, a igreja recebeu o ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que havia sido benzido pelo Papa São Pio X em 6 de março de 1913. Na ocasião se deu a inauguração da primeira ala do templo e entrega do convento aos missionários. A construção do Santuário foi acontecendo aos poucos e contando com a ajuda de muitos colaboradores da sociedade sanjoanense, como

Christiano de Oliveira Filho e sua esposa Maria Ferreira da Costa, conhecidos como Bilu e Rosinha, respectivamente, Gabriella de Oliveira Costa e seu esposo João Baptista Figueiredo Costa, entre outros nomes que marcaram a história da cidade. Com o tempo o local foi se transformando em um centro de devoção Mariana na cidade e atraindo fiéis de toda região. PRECIOSIDADES Em meio a sua riqueza histórica, o Santuário abriga um conjunto de 11 itens catalogados que fazem parte do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Unidade Redentorista de São Paulo. A igreja foi agraciada com uma relíquia do beato Donizetti Tavares de Lima. A peça destinada à paróquia é bastante especial, pois é considerada de primeiro grau. Esta categoria abrange partes do corpo e, trata-se de uma amostra de osso. A relíquia foi apresentada em uma missa realizada no dia 16 de junho de 2020, data de sua morte – ‘nascimento ao Céu’ – e determinada pelo Vaticano. A

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olhares - Davis Carvalho

VITRAL DO SANTUÁRIO NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO O vitral (do francês vitrail) é um tipo composto por pedaços de vidros coloridos ou pinturas sobre o vidro que representam personagens ou passagens bíblicas. É um elemento arquitetônico característico do estilo gótico. A igreja também faz parte do patrimônio histórico e cultural de São João da Boa Vista. 90

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