Revista Atua - Novembro 2018

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sumário da edição

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A Revista Atua, ano 10, número 41 (novembro de 2018), é uma publicação quadrimestral sem fins lucrativos da ACE - Associação Comercial e Empresarial de São João da Boa Vista (SP). Sua distribuição é gratuita, não podendo ser comercializada. Colaborações e matérias assinadas são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores, não representando necessariamente a opinião dessa publicação. Tiragem: 3 mil exemplares Presidente Candido Alex Pandini Diretora responsável Angela Bonfante Cabrelon Gerente Raphael de Padua Medeiros Jornalista responsável Franco Junior - Mtb. 81.193 - SP

Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux

MATÉRIA DE CAPA

Jornalistas Daniela Prado Ignácio Garcia Mirela Borges Pedrinho Souza Reinaldo Benedetti Revisão Ana Lúcia Finazzi - analuciafinazzi@uol.com.br

038 Octávio da Silva Bastos São João da Boa Vista é privilegiado por ter tido grandes homens públicos, preocupados com seu povo e o desenvolvimento local. Entre este seleto grupo está Octávio da Silva Bastos, pernambucano que adotou São João da Boa Vista como sua cidade do coração. E todo homem público tem a sua marca e a de Octávio Bastos é, sem dúvida, a Educação.

Projeto gráfico Mateus Ferrari Ananias - mateus@acesaojoao.com.br Comercial Adrielli Souza - comercial@acesaojoao.com.br Publicidades Alexandre Pelegrino - alexandre@acesaojoao.com.br Fotos Leonardo Beraldo / Cromalux - www.cromalux.net Produção e direção de arte Adriana Torati e Renata Maniassi

082 Ações para proteger a natureza Em busca de garantir a preservação da exuberante beleza local, sanjoanenses e o Poder Público estão desenvolvendo ações que visam proteger o meio ambiente e ampliar as áreas verdes do município.

074 A importância do aleitamento materno A maioria das pessoas já ouviu falar sobre a importância da amamentação natural. Mas, na prática, muitas ainda têm dúvidas sobre o assunto. Para se ter uma ideia, estima-se que ela possa evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos, em todo mundo.

Alunos de jornalismo Camilla Resende Duda Oliveira Luiz Cláudio Caldas Tamyres Sbrile Alunos de publicidade Amanda Leonardi Ana Paula Morais Gabriel Enrique Paschoal Garcia Sara Damico Professores orientadores José Dias Paschoal Neto Ana Paula O. Malheiros Romeiro Maria Isabel Braga Souza

Erramos OUTROS DESTAQUES:

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moda & beleza

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história

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empreendedores

066 088

receitas

viagem e lazer

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cultura

Em nossa última edição, na matéria intitulada Em busca da igualdade, creditamos erroneamente a psicóloga Michele Anadão como presidente do Grupo Pétalas, quando na realidade, ela é presidente da ONG Superação.


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moda & beleza

Moda fitness no dia-a-dia Mercado fashion começa a absorver peças fitness para compor looks da moda. POR TAMYRES SBRILE

O mercado da moda fitness tem se reinventado, diariamente. Academias, serviços de personal trainer e nutrição esportiva são segmentos que têm crescido e, junto deles, a necessidade e as possibilidades do uso de roupas esportivas. Com peças confortáveis e descoladas, a área tem obtido cada vez mais adeptos e movimentado a economia do país. SETOR EM ALTA De acordo com o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a projeção é de que o Brasil assuma a liderança mundial em negócios voltados aos esportes e atividades físicas. Ainda de acordo com a entidade, nos Estados Unidos, a taxa de crescimento de empreendimentos no segmento fitness foi de 0,7%, de 2009 a 2012, enquanto no Brasil o crescimento foi de 29%, no mesmo período. Este desempenho reforça a ideia de que o país deve assumir a liderança no segmento. A inteligência setorial do SEBRAE revelou, em 2015, o que os consumidores buscam na hora de comprar uma peça fitness: conforto, tecnologia e estilo. Entre os atrativos, as peças trazem estampas com frases e mensagens motivacionais para a hora dos treinos.

demias, a versatilidade das peças permite que a mulher as use em diversas ocasiões”. As pessoas não usam mais as roupas fitness apenas para ir à academia. Seja para ir à padaria, ao médico, passear com o cachorro, ou mesmo para ir à igreja, o estilo é visto no cotidiano, em qualquer horário do dia e em diversas situações. A moda fitness se enraizou e hoje até quem não é adepto das práticas esportivas tem alguma peça do segmento no guarda-roupas. De tal forma que é impossível não querer uma peça também. O estudante e também jogador de basquete, Evander Pereira, comenta que notou uma diferença na segmentação do mercado, pela altura dele, pos antigamente era mais difícil encontrar peças fitness. “Não achava coisas assim para pessoas da minha estatura. Hoje em dia a gente acha bastante coisa legal, com estilo e que seja confortável, tanto para treino quanto para o dia a dia”, afirma. Mariana Alvarez pontua que o crescimento do mercado de roupas fitness vem

acompanhando a busca também crescente por um estilo de vida mais saudável. Ela destaca que a peça que mais sai na loja delas é a calça legging. “Acho que pela versatilidade da peça, a legging é nosso principal produto”, explica. Ela ainda conclui que suas clientes são muito exigentes, além de pedirem por uma peça prática, querem também estarem na moda. A estudante Camilla Resende é um exemplo disso. Ela conta como despertou esse interesse por roupas desse estilo. “Eu nunca liguei muito para as roupas de academia, nem tinha muitas. Mas, quando comecei a treinar todos os dias, passei a investir mais nas roupas”, garante. Por serem roupas de um segmento específico, as roupas fitness têm um custo um pouco alto. Os preços podem variar conforme a marca, tamanho e até mesmo o material. Camilla também observa: “eu costumo me preocupar com o preço. Sempre pesquiso para alinhar o meu gosto com a melhor oferta, na hora da compra.” A

OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO As empresárias Marina de Vasconcellos Previero Alvarez e Mariana Maaz Silva possuem uma loja exclusivamente voltada para a moda fitness. Elas contam como tudo começou. “Nós vendíamos roupas fitness como uma renda extra e enxergamos um mercado promissor. A mulher brasileira é muito interessada em beleza, saúde e a preocupação com o corpo impulsiona o mercado da moda fitness”, relembra Mariana. E acrescenta: “nossa marca não está presente apenas nas acaFoto: Reprodução Internet

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moda e beleza

Brasil é o país que mais faz cirurgias plásticas no mundo As cirurgias estéticas mais utilizadas são o aumento da mama e a lipoaspiração. POR DUDA OLIVEIRA

O Brasi é conhecido por ser o país das mulheres maravilhosas e dos bumbuns perfeitos. É também quem lidera o ranking de cirurgias plásticas no mundo. De acordo com o censo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC), os procedimentos cirúrgicos no país aumentaram significantemente de 2009 para 2016. Em 2009 foram feitas 629.000 cirurgias plásticas no país, sendo que, dessas, 459.170 foram de procedimentos estéticos, o que representa 73% do total de cirurgias, e somente 169.830 foram de procedimentos reparadores. Já em 2016, o número total dos procedimentos subiu para 1.472.435, sendo 839.288 de procedimentos estéticos e 664.809 de cirurgias reparadoras. O censo mostra, também, a quantidade de procedimentos estéticos cirúr-

gicos e não cirúrgicos. Em 2014, foram feitos 271.490 procedimentos não cirúrgicos, mas esse número aumentou drasticamente em 2016, saltando para 1.332.203. Em 2016, os procedimentos cirúrgicos tiveram também um aumento, mas não tão considerável quanto o anterior, sendo que, em 2014, foram feitos 1.288.800 e, em 2016, 1.472.435 procedimentos que envolveram cirurgia. PROCEDIMENTOS A cirurgiã plástica e professora de anatomia do UNIFAE (Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino), Maria Helena Proença de Moraes, explica que a cirurgia reparadora se distingue da estética, pois recompõe uma parte do corpo. “Existem duas partes que não se excluem, se complementam dentro da cirurgia plástica, que são a cirurgia plástica estética e a reparadora. A reparadora é aquela que

você vai devolver a estrutura de alguma parte que foi retirada, por exemplo, um câncer de mama em que houve a retirada da mama. Então você reconstrói uma parte, como se estivesse restituindo uma mutilação. Essas cirurgias não deixam de ter um aspecto de bem-estar estético, também”, afirma. O Censo apontou, ainda, quais os procedimentos não cirúrgicos mais utilizados, que são a Toxina Butolínica, mais conhecido como Botox; Preenchimento que ficou conhecido mundialmente após uma das irmãs Kardashian usar preenchimento labial como sua marca; e Peeling, que é bastante utilizado para tirar algumas manchas da pele, rugas e até acne. Já as cirurgias estéticas mais utilizadas, são o aumento da mama, por meio de implante de prótese de silicone; Lipoaspiração, que pode ser indicada para retirar o excesso de gordura localizada;

CADA VEZ MAIS JOVENS

Os pacientes que mais fazem cirurgia plástica são jovens entre 19 e 35 anos. Somente no ano passado foram feitos mais de 90 mil procedimentos em jovens de 19 anos, passando até os Estados Unidos, que realizou cerca de 60 mil procedimentos em jovens.

Foto: Reprodução Internet

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e a Dermolipectomia abdominal, que é uma cirurgia para tirar o excesso de pele e gordura na região do abdômen. As cirurgias reparadoras mais comuns são para a remoção de tumores cutâneos, ou seja, câncer de pele; cirurgias para reparar o excesso de pele pós-obesidade; e reconstrução mamária; sendo que o procedimento para remoção de tumores cutâneos é o mais realizado, ficando com 40% dos procedimentos. PÚBLICO PRINCIPAL Os pacientes que mais fazem cirurgia plástica são jovens entre 19 e 35 anos. Somente no ano passado foram feitos mais de 90 mil procedimentos em jovens de 19 anos, passando até os Estados Unidos, que realizou cerca de 60 mil procedimentos em jovens de mesma idade. Maria Helena conta que, para cada cirurgia estética há uma indicação e que é sempre preciso respeitar o desenvolvimento do corpo, a fim de se fazer uma cirurgia plástica. “Por exemplo, orelha de abano, você só faz a partir dos seis anos, não se faz antes disso; Rinoplastia, o ideal é terminar o crescimento da face, então espera-se até o final da adolescência; implante mamário de silicone, o ideal é esperar até o final da adolescência, também, porque vai completar o desenvolvimento da mama, para aí se colocar a prótese. Tem gente que se submete à cirurgia com 16 anos. Eu discordo um pouco, porque você tem que completar o desenvolvimento do corpo para recorrer a uma cirurgia dessas”, esclarece. A pressão estética pode ser um dos fatores que contribuem para que haja cada vez mais procura por procedimentos estéticos, como explica a psicóloga clínica, Bárbara Caroline Ferrari Tagliaferro. Ela conta que a pressão estética é uma pressão social lançada, predominantemente, pela mídia. “Esta pressão estética leva as pessoas a se sentirem insatisfeitas com o que são e com seus corpos. Há sempre uma procura de se encaixar em um padrão de beleza irreal e a imagem é muito valorizada em nossa sociedade”. “Acredito que sofremos influência, principalmente, de revistas, televisão e redes sociais. Somos expostos a barrigas negativas, braços malhados, peles jovens, lábios carnudos, narizes empina12

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dos, seios firmes e levantados. Pessoas que se utilizam da beleza exterior como mercado, como sinônimo de perfeição, plenitude e glória, como se quisessem dizer que quem é daquele jeito tem tudo. Então, muitas pessoas buscam estar dentro desse glamour, pois é uma falsa imagem de sucesso. Acreditam que se forem ‘perfeitos’ por fora irão ter os melhores namoros, os melhores passeios, os melhores amigos e conseguirão conquistar o mundo”, afirmou a psicóloga. Barbara falou também que é preocupante ter o Brasil como líder do ranking de cirurgias plásticas no mundo, e atribuiu isso à valorização da aparência no país. “As capitais do país estão localizadas perto do litoral e, como o clima é quente na maior parte do ano, mostrar o corpo se torna algo ‘obrigatório’, porque aqui a cultura prioriza a beleza exterior, o corpo moldado, tanto por cirurgia, como academia. E como isso é valorizado, as pessoas se sentem na obrigação de ter uma boa imagem”, disse. Os pacientes, de acordo com Maria Helena, ainda assumem um gran-

de risco de complicações, o que pode até levar à morte. “Existem riscos que qualquer cirurgia apresenta, como risco de infecção, queloide, cicatrizes, abrir os pontos, inchaço, hematoma, sangramento, arritmia, trombose venosa nas pernas, tromboembolia pulmonar ( que é quando o trombo sai das pernas e vai para o pulmão). Então, a cirurgia plástica apresenta os mesmos riscos que qualquer outra cirurgia”, adverte. A cirurgiã disse, ainda, que é comum os pacientes associarem as cirurgias, relizando-as concomitantemente, aumentando o tempo e risco da cirurgia. “Quanto mais tempo cirúrgico você submeter a pessoa anestesiada, parada, durante o procedimento, maior o risco, também. É comum, na cirurgia plástica, querer fazer tudo junto, o que é um grande risco, porque já se comprovou que tempo operatório curto é melhor que tempo operatório prolongado, para se evitar riscos. Então, quanto maior e mais longa é a cirurgia, maior é a chance de trombose e outras complicações. Isso deve ser ponderado quando se vai fazer

Ranking de cirurgias plásticas no mundo Segundo dados divulgados pela ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgeons), o Brasil lidera o ranking de procedimentos cirúrgicos realizados em 2013, com 12,9% do total de cirurgias plásticas realizadas no mundo, seguido dos Estados Unidos com 12,5%, México com 4,2%, Alemanha com 3%, entre os primeiros lugares. A cirurgia plástica mais realizada no mundo em 2013 foi a mamoplastia de aumento (colocação de prótese de silicone nas mamas). Em relação ao número de procedimentos não cirúrgicos, como aplicação de toxina botulínica, preenchimentos cutâneos, os Estados Unidos contam com 21,4% do total.


uma cirurgia e qual cirurgia se vai fazer. Tem gente que quer fazer tudo de uma vez e é muito mais arriscado, porque você vai aumentando exponencialmente o risco de complicações”, esclarece. BANALIZAÇÃO DAS PLÁSTICAS Maria Helena conta que acredita que haja uma banalização das cirurgias plásticas, pois muitos pacientes não entendem a plástica como uma cirurgia. “Existe uma certa banalização, porque hoje em dia faz-se muitas cirurgias plásticas e tem gente que acha que é igual a ir ao salão de beleza: você vai, fica lá a tarde toda e sai de lá renovada. Não é. Muitos não tomam consciência de que é uma cirurgia, um procedimento invasivo, que pode ter sangramento, complicações, infecção ou trombose, e a pessoa não pensa. Associam ao embelezamento corporal, então esquecem que é uma cirurgia. Você vai ser anestesiado, receber drogas na veia que vão ser metabolizados pelo seu fígado, vai cortar e vai sangrar”, conta. A psicóloga Bárbara também alertou para os casos onde a pressão estética

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pode influenciar não somente na compulsão por procedimentos estéticos, mas também em transtornos alimentares e de autoimagem. Ela pondera que esses são os transtornos do comportamento que mais matam no mundo, seja por desnutrição, problemas cardíacos e suicídio. Além disso, não há uma causa única para o desenvolvimento desses transtornos. “Há um conjunto de fatores, como componentes biológicos, psicológicos, familiares, genéticos, socioculturais e de personalidade. O foco nesses transtornos é a relação que a pessoa tem com comida e com a sua alimentação. A autoimagem está diretamente relacionada a esses transtornos, pois ela retrata a forma física como cada um se enxerga, e no caso dos transtornos alimentares, geralmente a autoimagem é distorcida. Também não existe uma única causa que resulte em transtornos de imagem, e sim o mesmo conjunto de vivências de um ser humano, como nos transtornos alimentares”, conta. “Os transtornos alimentares e de autoimagem estão ligados com os padrões de beleza e com acontecimentos do

passado, com laços familiares e com o mundo externo. O modo como os pais e a sociedade enxergam a criança e lidam com a sua alimentação pode moldar o seu comportamento e sua opinião sobre si mesma, pois a forma como dão esse feedback a elas é de extrema importância para a construção de sua personalidade e, posteriormente, de sua identidade. Fatores externos muitas vezes destroem autoestimas muito bem construídas no ambiente familiar, e isso nos mostra que não temos controle sobre como as pessoas interpretam e sentem determinadas situações. Então, o que para mim não tem problema ser dito, pode ser um monstro gigante dentro de certas pessoas”, afirmou Bárbara. A psicóloga disse ainda que procurar ajuda de profissionais da saúde mental, psicólogos e psiquiatras, se torna de extrema importância, pois existem muitas comorbidades junto a esses transtornos. “Não esconder de familiares e amigos também é importante, pois quanto mais as pessoas souberem, mais conseguirão ajudar”, finaliza. A


comportamento

Constelação Familiar: método terapêutico ganha adeptos Em Águas da Prata, grupos se reúnem para aplicação da terapia, em busca da resolução de conflitos pessoais. POR CAMILLA RESENDE

O método psicoterapêutico, conhecido como Constelação Familiar, tem se tornado popular em diversas partes do Brasil e chegou também à região de São João da Boa Vista. Em síntese, a terapia estuda os padrões de comportamento de grupos familiares, através de suas gerações. A opção pela Constelação Familiar pode ser feita para resolução de conflitos pessoais, como ferramenta nas empresas para solucionar atritos entre funcionários, para tratar os problemas com alunos indisciplinados na escola e já é aceita, em alguns casos, pelo Sistema Único

de Saúde (SUS). A terapia pode ser usada, ainda, para resolver questões jurídicas, principalmente no direito de família. A Constelação Familiar foi criada pelo psicoterapeuta alemão, Bert Hellinger. Segundo a teoria, cada pessoa é parte de um sistema regido por três diretrizes, chamadas por Hellinger de “Três Leis da Vida”. Para ele, o “pertencimento, a ordem e o equilíbrio” agem na vida de todas as pessoas, quer saibam de sua existência, quer não.

PERTENCIMENTO E EQUILÍBRIO Na “Lei do Pertencimento”, é entendido

que todos fazem parte de um sistema familiar, do qual não podem ser excluídos. Para o psicoterapeuta, se isso acontece, o sistema fica pressionando na busca do membro excluído da família. Essa tensão só pode ser aliviada com o retorno do excluído para o sistema familiar. A “Lei da Ordem” prevê que os indivíduos que vieram antes, em um sistema familiar, têm precedência sobre os que vieram depois. Os avós precedem os pais, que, por sua vez, precedem os filhos, por exemplo. Se quebrada a Lei da Ordem, causa pressão no sistema familiar, até que se retome o lugar de cada indivíduo no grupo. A “Lei do Equilíbrio” fala que

CONSTELADOR

Na cidade, o terapeuta constelador é José Alexandre Ribeiro Dutra, o Xamã Timberê Aryanã. Timberê é terapeuta natural, constelador, hipnólogo e xamã transpessoal Aryanã.

Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux

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Foto: Reprodução Internet

deve haver uma troca igualitária entre os membros do sistema, no que se trata de dar e receber, em sentido amplo. Se alguém somente dá e outro indivíduo somente recebe, o sistema é pressionado até que o equilíbrio da troca entre os indivíduos seja restabelecido. A técnica da Constelação Familiar pode ser aplicada de diversas formas. No geral, quem procura a terapia para tratar de uma questão recebe o nome de “constelador”. Quem orienta a sessão é chamado “terapeuta constelador” e, para o desenvolvimento do método, alguma vertente precisa ser escolhida como forma de “representar” o problema abordado na sessão. Em Águas da Prata, cidade vizinha a São João da Boa Vista, é possível fazer parte de uma sessão de terapia Constelação Familiar. Na cidade, o terapeuta constelador é José Alexandre Ribeiro Dutra, o Xamã Timberê Aryanã. Timberê é terapeuta natural, constelador, hipnólogo e xamã transpessoal Aryanã. Ele opta por trabalhar com o método de grupo para o momento de representação, mas explica que a terapia pode ser feita de

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diversas formas. “O trabalho pode ser feito em uma variedade muito grande, hoje em dia. Pode incluir desde a utilização de bonecos, até cavalos. Há uma terapeuta que trabalha com bonecos de espuma que são jogados em uma piscina, existem pessoas que trabalham com cadeiras ou bonecos de brinquedos”, conta. Para as sessões em grupo, os parti-

cipantes que recebem o nome de representantes e a função de colaborar com o movimento da terapia, se sentam em um círculo. O constelador da vez se senta ao lado do terapeuta e narra a história que o motivou a procurar a terapia. Neste momento, descreve Timberê, é preciso sentir a história para, então, nomear cada emoção presente na narrativa apresentada.

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Algumas das pessoas que participam da sessão como representantes são convidadas a representar os elementos presentes na história a ser constelada: um pai, uma mãe, o sentimento de medo, ansiedade, felicidade ou instabilidade, por exemplo. “A constelação é como uma bolha. Como se nessa bolha estivessem todas as informações sobre o tema que a pessoa está levando. E as outras pessoas que se aproximam dessa bolha, são como pequenas bolhas menores que, ao encostar nessa bolha grande, fazem uma absorção daquela história, como uma osmose. Existe uma troca de uma história pessoal com essa história maior, que foi o tema levado”, afirma. Nomeados, os representantes se deslocam para o centro do círculo. “Peço para que elas saiam de sua bolha pessoal e entrem nessa bolha coletiva. Então as pessoas começam a ter essas sensações que existem dentro dessa bolha. É como se elas passassem a sentir o que elas estão representando naquele momento e, automaticamente, trabalhando isso internamente, aquilo que elas também sentem”, relata Timberê. PERCEPÇÃO DOS RESULTADOS Com o método, o constelador assiste a representação do problema pelo qual ele passa. Nenhum dos representantes têm algum texto prévio ou qualquer tipo de ensaio. Toda a representação acontece baseada nos sentimentos que surgem naquele momento. Os resultados para o constelador podem surgir de forma imediata ou a longo prazo. O tempo para desfrutar dos resultados varia de acordo com as proporções e a complexidade dos casos levados até a constelação. Ainda com a variável, Timberê afirma que as soluções aparecem rapidamente. “Muitas vezes, em casos que ficariam em umas seis ou sete sessões, com uma Constelação a pessoa consegue resolver todas as questões pendentes. Isso porque é um conjunto de pessoas que auxiliam no resultado e na conscientização do constelador. É algo muito rápido. Por exemplo, teve uma pessoa que foi na Constelação porque tinha conflitos com a família e, quando chegou em casa, a família estava toda sentada na mesa aguardando a chegada dela para o almoço. Para ela foi uma surpresa, porque ela contou que isso não 16

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Não há estudos científicos que provem sua eficácia Bruno Costa, psicólogo da Universidade de Brasília (UNB), diz que como não existem estudos que atestem a eficiência e a eficácia da constelação, não adota a prática. “Não estou invalidando a vivência e a experiência das pessoas que afirmam sentir a energia dos outras. Mas o que acontece pode ser um fenômeno psicológico vindo de uma experiência catártica, ou de alguma forma estimulada pelos procedimentos usados na sessão de constelação”, explica Além da falta da base científica, é questionada a falta de acompanhamento psicológico após participar da atividade, já que a pessoa pode descobrir traumas ou lembrar de histórias que está reprimindo. Depois, ela sai da constelação sem ter um terapeuta e terá de lidar com as descobertas sozinha. Tiago Tatton, psicólogo e pós-doutorando em psiquiatria na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ainda acrescenta que é arriscado o fato de que quem está comandando a constelação nem sempre ter formação em psicologia ou análise. Costa afirma que já teve de acolher pessoas com crises depois de passar uma constelação. “Todo procedimento psicológico que procura investigar e trazer lembranças de períodos conflituosos não superados pode causar uma crise depressiva e até existencial na pessoa”, diz. Para ele, o procedimento ainda demanda muita pesquisa. “E isso não é ruim, é bom para verificar sua validade.”

acontecia há muito tempo”, contou. CONSTELAÇÃO COMO ALTERNATIVA As vantagens da Constelação Familiar fazem do método uma alternativa de resolução de conflitos que se torna cada vez mais popular e utilizada. Em casos específicos, o método pode ser usado como alternativa para resolução de conflitos judiciais. A aplicação do método no Direito é de iniciativa do Juiz Sami Storch. A advogada Ellen Cristina de Oliveira Lopes tem uma tese de mestrado, na linha de educação e cidadania e trabalha a psicologia moral junto ao direito, na resolução de conflitos através dos meios adequados. Para entender o uso da Constelação na área judicial, Ellen participa de sessões da terapia. “A constelação traz à tona a real causa do conflito, faz com que as pessoas do sistema se ouçam, se vejam e se entendam dentro daquele sistema familiar”, endossa a advogada. Ellen pontua, ainda, que os casos em que é mais comum a aplicação da Constelação Familiar envolvem, por exemplo,

um problema de pensão alimentícia ou da guarda dos filhos por pais que se divorciam. Quando as partes passam a entender as causas que as levaram ao conflito, é mais provável que a resolução do caso se dê de forma amigável, com um acordo que gere a solução definitiva. “A gente entende que, quando esse conflito não é solucionado pela sua causa real, as partes vão, inclusive, ser reincidentes nos processos. Hoje, se faz um processo por causa da guarda dos filhos, mas, dalí a pouco, se o conflito não está resolvido e não há um diálogo para que as duas partes se entendam, surge um processo por causa da pensão alimentícia, e vai, cada vez mais, carregando o judiciário”, exemplifica Ellen. A eficácia provoca o crescimento na utilização da Constelação. “São poucos os Juízes que aplicam o método e sempre depende da vontade das partes envolvidas. Mesmo assim, desde 2012 a aplicação da Constelação Familiar vem crescendo bastante. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pelo menos 11 Estados e o DF já a aplicam”, finaliza. A


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comportamento

O remédio que vem da natureza Aromaterapia tem sido procurada para quem quer qualidade de vida e curar problemas de saúde. POR LUIZ CLÁUDIO CALDAS

Em busca de uma vida mais saudável e livre de produtos industrializados, as pessoas procuram por terapias e tratamentos à base de produtos naturais. A aromaterapia é um tratamento feito com óleos essenciais, substâncias vegetais extraídas a partir de plantas, flores, frutas e sementes que podem tratar doenças físicas e emocionais. O tratamento se dá por meio de inalações dos óleos ou aplicações sobre a pele. Quando absorvidos, vão para a corrente sanguínea e para o sistema neurológico. Os óleos são ricos em ativos químicos que podem ser benéficos para a saúde. Um óleo essencial pode ser um aliado na cura de diversos problemas. Para a bióloga Amires Antenesca Fusco da Silva, especializada em botânica e aromaterapia, e que há cinco anos trabalha com a prática, os benefícios à saúde são muitos. “O tratamento traz vitalidade, dá ânimo, melhorara o sistema imunológico, desintoxica o organismo, e o paciente fica doente com menos frequência, além de trazer mais qualidade de vida, tanto na parte física quanto no emocional”. Amires tem, ainda, um comércio ligado a este segmento. A aromaterapia ainda é desconhecida pela maioria das pessoas, mas segundo a terapeuta, a procura e o interesse pelo tratamento e terapia com os óleos essências vem aumentando. “Aparece aqui gente que já tentou todos os tratamentos possíveis e não teve resultado. Vem para a aromaterapia e consegue ter uma boa melhora,” conta Amires. Com o tempo, os óleos começam a fazer parte da vida dos pacientes que optam pela terapia. “É uma coisa que começa sendo pontual e que vira algo do dia a dia, mesmo”, completa Amires. Ela mesma diz que utiliza os óleos todos os dias. A professora de inglês e yoga, Eliane Araújo Neves Nohra, optou 18

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pela aromaterapia. Adepta de uma vida natural e livre de produtos industrializados, buscou pela aromaterapia pensando na sua qualidade de vida. “Quanto mais aprendo, mais fico fascinada com o poder dos óleos, de nos cuidar fisicamente, mentalmente e emocionalmente”. Entre os óleos que utiliza todos os dias estão o de limão e grapefruit, lavanda, ylang ylang, seiva de dragão e melaleuca. Como professora, ela utiliza os óleos em seu trabalho, o que despertou o interesse em seus alunos. Muitos deles passaram a utilizar os óleos, após experimentar nas aulas. RESULTADOS POSITIVOS Eliane confessa, ainda, que os resultados da aromaterapia, na sua vida, foram além do esperado. “Posso dizer, sem hesitar, que me trouxe muita saúde e autocuidado. É uma pena que seu uso seja pouco conhecido”, lamenta. Por serem altamente

Foto: Reprodução Internet

concentrados, os óleos essenciais devem ser ministrados e diluídos com cuidado. Há contraindicações para quem utiliza medicamentos cardíacos, para o sangue e antibióticos, pois pode potencializar a ação do remédio no organismo. Nestes casos é recomendado procurar a orientação de um aromaterapeuta e de seu médico. Atualmente é regularizada pelo Ministério de Saúde e o SUS, que reconhecem a aromaterapia como terapia complementar. Alguns médicos e hospitais já trabalham com a terapia. Também é usado em tratamentos veterinários. Segundo Amires, existem barreiras e muitas exigências para que este tipo de terapia seja mais difundida na sociedade e que reconhecimentos por órgãos governamentais são um avanço para a área, tanto para quem trabalha, quanto para quem se utiliza e acredita no poder curativo dos óleos essenciais. A


ROUPAS

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ECO

CLEANING


educação

INFORME PUBLICITÁRIO

CNA completa dez anos de sucesso A escola de idiomas comemora, também, reconhecimento nacional pelo padrão de qualidade. Sob o comando dos sócios Ramon Thereza e Luciano Pacheco, o CNA São João tem se destacado no cenário nacional desde sua instalação na cidade, em 2008. E, para manter o padrão de qualidade, no início desse ano a unidade passou por uma ampla reforma estrutural e arquitetônica, a fim de oferecer mais conforto a seus alunos. “A escola conta com um projeto realmente diferente, inovador, que, aliado à metodologia de ensino e toda tecnologia existente dentro e fora das salas de aulas, garante um excelente resultado no aprendizado de um novo idioma”. Outra novidade, neste ano de 2018, foi a implantação do projeto Speaking Exchange, onde os alunos da escola conversam diretamente com idosos que moram em casas de repouso espalhadas por todo os EUA, o que oferece uma ótima oportunidade de treinar a conversação, além de realizar um intercâmbio cultural sem sair do país. DESTAQUE NACIONAL Além dessas novidades, o CNA São João recebeu, pelo segundo ano consecutivo, o Prêmio Destaque da CNA, ou seja, a escola é reconhecida nacionalmente pelo padrão de qualidade nos processos administrativo e pedagógico. Ramon Thereza considera uma honra a premiação. “É um indicativo de que estamos no caminho certo, na busca constante de melhorias e maneiras de facilitar o aprendizado de um novo idioma”. “Além disso, temos um grande time de colaboradores que acompanha cada passo dos nossos alunos, desde o momento da matrícula até a conclusão do curso, quando o aluno adquire uma das mais reconhecidas certificações internacionais, a da Cambridge University”. PARCERIAS Além disso,o CNA São João possui parcerias educacionais com as mais renomadas instituições de ensino do mundo, 20

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NOVA INSTALAÇÕES

Todo o projeto foi inspirado no metro de Nova York, e tem como objetivo principal oferecer comodidade e conforto aos estudantes, para facilitar ainda mais o aprendizado do novo idioma.

como o Instituto Cervantes e a Disney Education. Ramon explica que o objetivo disso é sempre oferecer os melhores materiais e processos pedagógicos, sob medida para cada aluno. “Para as crianças, o CNA oferece aulas lúdicas, com personagens Disney. Já para os adultos, a escola garante, ao término do curso de Inglês ou Espanhol, uma certificação internacional, aceita por mais de 20.000 universidades, empregadores e governos no mundo todo, o que comprova a fluência no idioma. Tudo isso sem custo adicional”. “Hoje, podemos

dizer com muita honra: aprender inglês ou espanhol no CNA São João é certamente a escolha mais segura dentre as escolas de idiomas da cidade”, finaliza Ramon.

PRAÇA CEL. JOAQUIM CANDIDO, 60 - CENTRO TELEFONE: (19) 3635-1666


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seu pet

Risco de carrapatos aumenta no verão Veterinária destaca como os pets adquirem estes hóspedes indesejáveis. POR DANIELA PRADO

Toda mudança brusca de temperatura traz consigo problemas de saúde sazonais - gripes e resfriados no inverno, conjuntivite, frieiras no verão, só para citar, bem superficialmente, alguns. Pois bem, animais domésticos também passam por isso e, com a chegada do calor, uma série de patologias acomete cães e gatos com maior frequência, sendo o carrapato um agente parasita que está nesse cenário de verão. Andréa Gonçalves Lara de Andrade, médica veterinária da Clínica Montanheses, que trabalha com cães, gatos, aves e roedores, esclarece que, de fato, quando a temperatura aumenta, os parasitas de modo geral desenvolvem-se com mais facilidade. “Carrapatos, pulgas e vermes, os chamados parasitas internos (verminoses) também são mais intensos no verão, sendo que, no inverno, eles não deixam de existir”, diz Andréa. A veterinária esclarece que, na verdade, os hemoparasitas en-

tram na corrente sanguínea através da picada, com a finalidade de se alimentarem. “Quando o carrapato vai morder o hospedeiro para se alimentar, ele libera uma saliva para que não haja a coagulação do sangue, até para conseguir sugá-lo. E ao liberar essa saliva, ela é que leva o parasita que está dentro do carrapato para dentro do animal que está sendo picado”, descreve Andréa, completando que esse é o modo de transmissão e vale tanto para cães como para gatos. Outro detalhe que ela justifica é que, mesmo que em um ambiente com infestação de carrapatos, a probabilidade de haver um espécime doente seja maior, basta um único doente para que o animal seja atingido. “Na realidade, eles estão sempre se contaminando porque, se o carrapato for saudável e ingerir o sangue de um cachorro doente, ele vai ficar contaminado; e quando for sugar o sangue de um cão sadio, levará essa contaminação. As pessoas têm medo de deixar vários cães juntos porque um tem a doença e pode

passar para o outro, mas quem transmite a doença é só o carrapato contaminado, ou seja, um cachorro não passa a doença para o outro”, acentua a veterinária. O fato do animal ser criado na cidade, com toda segurança, proteção e cuidados veterinários, não impede o pet de ter a doença. Andréa observa, ainda, que o carrapato pode vir numa ave que pousa no quintal, pode ser trazido no adubo colocado naquela planta da cozinha, está nas calçadas e na frente da sua casa.“Geralmente ele fica mais em frestas, em lugares mais quentes. Ele não mora no cachorro, nem no gato. O carrapato e a pulga hospedam-se nestes pets para se alimentarem. Eles vivem e se reproduzem no ambiente. Às vezes você sai com seu cachorro, vai a um jardim em frente a sua casa e é ali que ele vai se contaminar”, comenta Andréa , salientando que os matinhos destas calçadas também costumam atrair carrapatos, que podem até subir na sua roupa e, por você, encontrar o cachorro, pelo qual têm preferência devido ao fato da temperatura do animal ser superior a dos humanos. O animal, como a veterinária enfatiza, tem que estar o mais protegido possível, evitando esses ambientes porventura contaminados e, hoje em dia, existem muitas medicações interessantes para combatê-los. “Eu, particularmente gosto mais do produtos que você dá para o animal usar e não os de uso no ambiente. Assim você medica o animal e, quando forem passear, ele não vai trazer carrapato para a sua casa. Se trouxer, a tendência é que esse carrapato morra, pelo fato do animal estar protegido”, ressalta Andréa. SINTOMAS DA DOENÇA Segundo Andréa, animais acometidos pela temida doença do carrapato tendem

Foto: Dani Prado

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a ficar muito quietinhos, dormindo mais tempo que o habitual e ficam inapetentes. “Muitas vezes, querem só aquela guloseimazinha e isso engana um pouco o proprietário porque o pet não come a ração. Mas a guloseima, ele dá uma corridinha e pega; o dono acha que está tudo bem. Com o calor, a pessoa também se confunde porque acha natural o animal ficar abatido, mesmo”, observa. O abatimento a que Andréa se refere também não é o dia todo - na doença do carrapato, são picos febris, ao longo do dia. “Mas o dono conhece seu animal melhor que nós, veterinários. Se percebeu alguma coisa estranha, como a pelagem ficando diferente, ou se o cachorro sempre foi muito rosado na boca, nos olhos e agora já não está tanto, procure um veterinário para fazer uns exames e observe bem, porque a doença também pode se instalar no animal e ficar por muitos meses sem sintomas. Posteriormente, se o pet desenvolver alguma outra patologia, aí é que ela derruba o animal”, enfatiza. COMO AJUDAR SEU PET Andréa pondera que a doença do car-

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Foto: Noppharat4969 / Shutterstock

rapato tem uma margem de cura bem interessante, existem antibióticos e exames específicos que permitem detectá-la, para conseguir tratar o parasita certo. “As pessoas são muito preocupadas com limpeza e parecem ter receio de que a gente pense que o ambiente em que o animal vive tem sujeira, mas não tem nada a ver. Então, não fique envergonhado, procure sempre um veterinário responsável, que vai dar andamento aos pro-

cedimentos cabíveis. O ‘olhômetro’ não funciona bem e tende até a prejudicar em alguns casos. Alguns animais podem ter um problema anterior que você deve tratar primeiro, melhorar o estado geral dele para depois poder tratar da doença, sem riscos do próprio tratamento fazer mal. Em suma, sempre é bom procurar um profissional veterinário responsável, para poder realmente ter uma base mais segura”, finaliza. A


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empreendedorismo

Perfil dos empreendedores POR FRANCO JUNIOR

Sonhar, acreditar e ter coragem. Essas são as peças chaves para que os empreendedores Frederico Rodrigues Mauro, 29, e Adriana de Godoy Oliveira Carvalho, 46, pudessem iniciar seus próprios negócios. Mesmo com os problemas econômicos vividos pelo Brasil, eles apostaram em suas ideias e, hoje, possuem empresas consolidadas no mercado sanjoanense. Esse é o segredo que eles contam e sugerem para que aqueles que pensam em ser um empreendedor possam colocá-lo em prática em seus planos. Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux

Frederico Rodrigues Mauro 29 anos, internacionalista

Frederico Rodrigues Mauro é formado em Relações Internacionais, em São Paulo. Após passar por diversas experiências na capital, ao ver o funcionamento de grandes franquias, resolveu voltar para São João da Boa Vista e investir em um negócio próprio, que funcionasse com a mesma qualidade e eficiência das redes que ele acompanhava. Com o sonho colocado em prática, atualmente, ele possui dois restaurantes no mercado sanjoanense: a KasaSushi, aberta em dezembro de 2015, e que completa três anos no final deste ano, e a Felice Pizzaria, que já funcionava na cidade, mas foi comprado, por ele, em dezembro de 2016. Antes de montar sua empresa, qual foi sua trajetória profissional? Me formei em Relações Internacionais em São Paulo. No período em que passei por lá, lidei com pesquisa de mercado. Trabalhei em duas empresas, sempre com clientes grandes. Trabalhava mais especificamente com os chamados clientes ocultos, mystery shopper, em que você instrui o cliente a ir a um lugar específico e verificar se aquele lugar está agindo da maneira como a franquia exige. Trazendo esse estilo de trabalho para a Kasa Sushi, falo para todos os 30

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garçons que eles precisam receber os clientes na porta, com um ‘boa noite’, ‘bom dia’, ‘boa tarde’ e tudo mais. Quando estou aqui, é uma coisa, eles agem de um jeito. Às vezes, se eu saio, eles agem de outro. Então, essas grandes empresas contratavam alguns clientes que os funcionários não sabiam, mas na verdade eles estavam prestando atenção em vários detalhes, para ver se o local estava atendendo ao que a franquia pedia. No tempo em que fiquei em São Paulo, trabalhei com McDonalds, postos Shell, Subway, Boticário, enfim, grandes franquias.


Onde e como você viu a oportunidade para a abertura de um restaurante de comida japonesa? Sempre gostei de organizar festas e churrascos de amigos. Reveillons que eram para ser para cinquenta pessoas e acabavam com trezentas. Sempre gostei de organizar essas coisas e comecei a me interessar por franquia. Quis abrir uma franquia e fiquei pensando o que fazer. Ao mesmo tempo, eu vivia muito dentro dessas franquias - porque meu papel na verdade era o da pessoa que ficava no escritório, pensando nos questionários, pegando as respostas e mandando para os clientes, os relatórios e tudo mais. Isso me fez ver que esse mundo de franquias é muito preto no branco, precisa ser tudo exatamente igual. Comecei a ver como era ‘preso’ a esse mundo e analisei as franquias que poderiam dar certo na cidade. Pensando em São João, pode ser que um lanche que é de costela seria melhor se fosse com outro tipo de carne, mas as franquias não permitem isso. Quando analisei estes pontos, verifiquei o que fazia falta em São João, e vi que era uma casa de comida japonesa. Na época, quando larguei tudo em São Paulo e retornei para São João, não havia ainda nenhum outro grande restaurante de comida japonesa na cidade, existiam só alguns, menores. Vi ali, então, um nicho e pensei que poderia começar por ali. Corri atrás de algumas coisas e pensei na parte boa da franquia. Aí, fui atrás de um modelo de negócio já pronto, para poder trazer para São João. Foi então que conheci o pessoal de Poços de Caldas e trouxe o KasaSushi para São João. Peguei uma consul-

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toria deles por algum tempo e eles trabalharam para mim numa época, mas as duas lojas não tinham nada a ver. Era o mesmo nome, o mesmo modelo de negócio, mas era algo independente. Qual a principal dificuldade em ter seu próprio negócio? A principal dificuldade em ter um negócio é a parte burocrática de tudo. Hoje, a dificuldade é a crise que o país vem passando. Converso com vários colegas, advogados, dentistas e comércio em geral, também. Todo mundo está passando por dificuldade e teve uma grande queda nas vendas. No que eu trabalho, que é a parte de alimentos, é muito rigoroso. A gente tem que manter muito a risca todos os quesitos de vigilância sanitária e tudo mais. Apesar de necessária, ela acaba sendo bem burocrática. E essa é uma parte difícil. O que vê como principal ponto positivo em ter sua própria empresa? O ponto positivo em ter minha empresa é que consigo fazer o meu horário. É o que todo mundo chama de liberdade. Meus amigos até brincam comigo por que, às vezes, eles me veem de segunda, terça, quarta em um lugar que eles estariam de final de semana. Eles falam ‘vida boa’ e ‘queria estar aí’. Só que ao mesmo tempo, na sexta, no sábado, no domingo e nos feriados, tenho que estar aqui tomando conta do meu negócio, não deixo na mão de ninguém, estou todo >


dia aqui. Outra parte que, às vezes, toma essa nossa liberdade, é que não tem como se desligar completamente. Se tocar seu telefone às sete da manhã, você tem que atender, porque pode ser fornecedor que não vai entregar e você precisa saber, pode ser algum outro problema que está acontecendo. E qual é o grande diferencial da KasaSushi? O que sempre prezo, aqui, é um bom atendimento. Como trabalhava com isso em São Paulo, consigo ver o que faz diferença. Para comer uma pizza ou um sushi, você tem inúmeras opções em São João e, se você pensar na região, existe mais ainda. O que faz o cliente escolher a KasaSushi, ou outro lugar, é a experiência que ele vai ter aquela noite. Uma coisa que sempre aprendi, quando trabalhei em São Paulo, também, é o preço que vai ter o seu negócio, não é só a comida, mas também ele foi bem atendido, se estava frio ou calor, se o ambiente estava gostoso ou se estava tudo limpo ou tudo sujo. Então, uma coisa que cobro muito deles, aqui, é um bom atendimento, fazer o cliente se sentir em casa e prestar muita atenção no que está acontecendo. Se o cliente é seu amigo e quer conversar, converse, mas se o cliente quer ficar mais fechado e ficar mais na dele, oriento para atender da mesma forma que atenderia todo mundo, e respeitar que ele queira ficar mais na dele. Acho que isso faz toda a diferença, a experiência que você tem no restaurante, você se sentir à vontade e gostar de tudo que está acontecendo a sua volta. Como lidar com a concorrência para atrair novos clientes e manter os já consolidados? Acredito que a renovação é o ponto chave. Você sempre tem que mudar alguma coisa. Um item ou outro no cardápio, no ambiente, mudar um quadro, mudar o jardim, colocar um ar-condicionado, tirar um ventilador, colocar uma sobremesa nova, um sabor novo de sushi. Uma coisa que a gente faz bastante aqui é trazer novas opções de peixe. Ou seja, um peixe que o pessoal não está acostumado a comer, a gente traz pra cá. Como a crise ecocômica está impactando seus negócios? O problema econômico no Brasil está bem complicado. Há três anos, quando decidi voltar para São João e abrir meu próprio negócio, conversei com vários amigos de São Paulo. E, na época, já estávamos entrando em crise. Me chamaram de louco por querer investir em algo, com o Brasil naquela situação. Mas o que eu passei naquela época, não chega perto do que passo hoje. É engraçado dizer, mas converso com todo vendedor que passa aqui e eles dizem que não estão vendendo nada. O que a gente tenta fazer para driblar esse problema são algumas promoções pontuais, alguns combos mais em conta. A própria ACE (Associação Comercial e Empresarial) nos festivais que ela promove, mexe muito com o comércio e ajuda bastante. São duas ou três semanas que dão uma esquentada muito boa no comércio. Qual seu plano futuro para a empresa? Acho que é o sonho de todo empreendedor querer expandir, 32

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montar um modelo de franquia e ir para frente, ou abrir loja própria. No meu modelo de negócio, eu gosto muito de estar em cima, de ver tudo que está acontecendo, se meus clientes estão sendo bem atendidos, se meus garçons estão agindo da maneira que eu quero. Isso é uma coisa que me faz ter dificuldade, quando penso em expandir, pois não vou estar lá para ver, não vou estar lá para tomar conta. Como vou confiar que tudo está ocorrendo da maneira que eu gosto? Mas acho que expansão é o sonho de qualquer empreendedor. Para quem pensa em se aventurar na abertura de um empresa de alimentação fora do lar, qual a principal dica que você pode dar? Ainda sou minúsculo nesse mundo de empreendedor. O que eu tenho não significa nada perto do que os grandes têm por ai, sonho em um dia poder ampliar meus negócios. Mas o que eu tenho a falar para quem quer empreender é para ter coragem. Se você tem um projeto, colocou no papel e funciona, tenha coragem. Não adianta nada ter vontade, você fazer tudo e não ter coragem de ir atrás. Você nunca vai se arrepender daquilo que você não fez. Prefiro, muito mais lá na frente, ver que não deu certo do que me arrepender e pensar todo dia em que coloco a cabeça no travesseiro se daria certo ou não. Se eu não tivesse feito, eu não saberia se deu certo ou não. Então, se você não fizer, não saberá. É melhor se arrepender se der errado do que não saber o que pode acontecer. Dá o mesmo trabalho sonhar pequeno como sonhar grande. Então, sonhe grande é corra atrás, porque ninguém vai fazer por você, que é a única pessoa que pode fazer dar certo seu negócio. Não é seu pai, sua mãe, seu amigo, o Brasil, o presidente. Só você vai fazer seu negócio dar certo. É preciso ter coragem e correr atrás. Não é fácil, não. São sete dias na semana, 24 horas por dia, quatro semanas por mês, 12 meses no ano. O tempo inteiro correndo atrás. Não pode ter preguiça. Tem vontade de empreender para ficar um mês na praia? Não, não é isso. Eu até falo para os meus amigos, hoje eu trabalho muito mais do que eu trabalhava em São Paulo. E olha que lá eu chegava a varar a madrugada trabalhando. É claro que tenho meus momentos livres, mas não dá pra desligar nenhum minuto. Todos os problemas para resolver são seus. Como espera que a empresa esteja daqui a quatro anos? Daqui a quatro anos espero estar com minhas empresas consolidadas, continuar com o público que eu tenho, manter a qualidade dos meus produtos - que é algo que friso muito para todos os meus fornecedores. Estou indo para três anos de Sushi. Vencer o tabu de que se uma empresa fica aberta três ou quatro anos é uma empresa de sucesso, pois a média de risco de uma empresa não vingar, no Brasil é dois anos. Então, é vencer esse tabu. E daqui a quatro anos, tenho vários projetos em mente que, devagar, pretendo colocar em prática. Quero trazer muito entretenimento para São João. Tenho muitos projetos para 2019, que se derem certo, São João só tem a ganhar com isso.


Adriana de Godoy Oliveira Carvalho 46 anos, costureira

Adriana de Godoy Oliveira Carvalho é formada em Ciências e Matemática. Mas foi acompanhando o hobby da tia que descobriu sua paixão: a costura. Foi neste ramo que conseguiu, há mais de trinta anos, realizar o sonho das clientes que chegam com uma simples ideia no papel e acabam com o material desenhado em seus corpos. É com o Ateliê Bihello que ela e as filhas, Beatriz Helena de Oliveira Carvalho e Heloísa Ilka de Oliveira Carvalho, empreendem e transformam tecidos em sonhos realizados. Como você decidiu abrir um ateliê de costura? Sou formada em bacharelado em Ciências e Matemática. Na época fiz por falta de opção profissional, pois me casei muito cedo. E minha mãe não gostava que eu costurasse, porque ela queria que eu tivesse um diploma. Em meu sangue, desde menina, corria e falava mais alto o mundo da moda, desde minha infância já me demonstrava com o dom da costura e desenvolvimento de artes. No decorrer de minha infância, vendo minha tia Maria, conhecida como Madrinha, criar apenas por hobby suas fantasias maravilhosas para a ‘sobrinhada’ ir em blocos brincar os carnavais de São João, ficava encantada com aquilo e com todas as costureiras que minha mãe frequentava como cliente. E não via a hora de criar minhas coisinhas. Por necessidade, em épocas difíceis em que tive minhas duas filhas, atuei como professora , que era a minha área de formação, mas desisti para cuidar delas. E, no meio do caminho, confeccionava quase todas as roupas para elas, no dia a dia, vestidinhos de festas, fantasias e figurinos de dança e teatro que elas frequentavam. E o que estava adormecido foi se aflorando cada dia mais. Daí uma amiga, uma conhecida e uma parente começaram a fazer as encomendas. Cada dia os modelos eram mais difíceis e mais requintados. Até aquele momento, tudo que eu sabia sobre costura era dom e teimosia. Até que me dei conta de que minhas filhas haviam 33

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crescido e o dom que estava em meu sangue também corria nas veias delas. Foi aí que me aprimorei em vários cursos em Campinas e São Paulo. Desde modelagem industrial, até desenvolvimento de coleção, especialização em corte e costura, acabamento e sob medidas. Participei de dois concursos ganhando o primeiro lugar em História da Moda e Melhor Execução Miniatura da Moda Japonesa. Além de Tesoura de Ouro em que fui primeiro lugar em Melhor Acabamento Moda Século XIX, pela Escola de Moda Sigbol. Neste meio tempo, minhas filhas Beatriz Helena de Oliveira Carvalho e Heloísa Ilka de Oliveira Carvalho estavam se formando em Designer de Moda pela faculdade Belas Artes e FMU, em São Paulo. Ambas participaram de Workshop e programações de moda, como Fashion Week, Santista, Canatiba, Desfiles de moda na Livraria Cultura e outros. E, assim, estava nascendo nosso sonho. De dentro de casa, por volta de 30 anos, passamos para nosso novo espaço formal. Hoje trabalhamos juntas em nosso Ateliê Bihello, totalmente desenvolvido, aconchegante, que fica localizado na rua Carolina Malheiros. Decidi investir no ateliê, resgatando o passado de grandes costureiras que como eu sonhavam com seu espaço e infelizmente muitas não conseguiram realizar seus sonhos. Desenvolvemos e estamos trazendo o moderno, com pitadas destes tempos que não voltam mais. > REVISTA ATUA | NOVEMBRO 2018

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Qual a principal dificuldade em ter seu próprio negócio? Sinto que seja a valorização de nossa mão de obra. Tanto no mercado quanto entre as colegas que atuam na costura, pois, como eu disse, foram anos de aprimoramentos em cursos, estudos, investimentos em maquinários e tudo que envolve um ateliê, desenvolvimento em pesquisas com modelos, matéria- prima etc. Todo nosso trabalho é desenvolvido juntamente com os clientes, professores e fornecedores, para que possamos atender melhor às necessidades e viabilidade de cada modelo e cliente. O que você destaca como ponto positivo em ter seu próprio ateliê? Olha, brinco que somos, de profissionais da costura até, muitas vezes, psicólogas, professoras, mães, tias ou amigas, apenas. Sempre tem uma cliente ou outra pra um cafezinho e um desabafo. Eu considero isso um dos pontos mais importantes. O que acredita ser o diferencial de sua empresa? A verdadeira costureira está em extinção. A costura não só transforma um tecido, mas sonhos em realidade. Ela muitas vezes dá sentido à vida. Cura a alma e sofrimentos. Pois aqui tudo é possível. Acredito que nosso diferencial é todo o amor incondicional que temos à nossa profissão. Todo dia temos obstáculos e nos organizamos para superá-los e vencê-los. Como lidar com a concorrência para atrair novos clientes e

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manter os já consolidados? Não sou de ficar muito focada na concorrência, pois acredito que o mundo está para todos. Basta ser autêntico e ético. E sempre superar as expectativas que aquele cliente trouxe para você. E como driblar o problema econômico atual? Nossa economia está muito difícil, em qualquer área. Mas tento manter e expandir através de nossos conhecimentos e trazer para a cidade cada vez mais produtos diferenciados, com muita qualidade. E, através de tudo isso, realizando sonhos em nossa área de trabalho, que envolve muitos momentos mágicos, que não voltam mais. Me sinto a verdadeira “fada madrinha”, tanto em uma festa de 15 anos, como em casamentos, apresentações de danças e teatros. Muitas destas apresentações tiveram premiações em festivais em que concorreram em alto estilo, juntamente com seus figurinos. Algumas escolas de nossas cidades já foram premiadas, levando sua arte para fora de nosso país. Isso me deixa muito feliz. Um simples tecido se tornando um tesouro na forma de um corpo. Pensa em expandir ainda mais seu negócio? Penso em expandir nosso ateliê em vários segmentos na área de moda, que ainda está em estudo. Também acho que será bem aceito. Nosso foco, mesmo, é realizar seus sonhos e realizarmos os nossos. A


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negócios

Nós vamos ‘invadir’a cidade! Projetados como extensão da calçada, no lugar de vagas de estacionamento, parklets são a nova tendência de lazer e convívio entre as pessoas. Foto: Reprodução Internet

POR IGNÁCIO GARCIA

Uma nova tendência que tem ‘invadido’ as grandes cidades do Norte ao Sul do País, nos últimos anos, são os parklets. Trata-se de um diferente conceito de mini-praças - projetados no lugar de uma ou duas vagas de estacionamento, destinadas a veículos em vias públicas - para serem uma extensão da calçada e funcionarem como um espaço público de lazer e convivência para qualquer pessoa que por eles passa. Pensados com o intuito de gerar debate sobre o uso compartilhado do solo, em 2005, em São Francisco (CA), nos Estados Unidos, a ideia, aqui no Brasil, só ‘deu o ar da graça’ cerca de sete anos depois, no ano de 2012. Apenas um ano depois, saiu do papel e o primeiro parklet foi instalado em solo brasileiro, mais precisamente na capital paulista. O ‘lance’ seria somente mais uma em meio às inúmeras ideias inovadoras que vemos todos os dias despontado por aí. Mas a ‘pegada’ tem o toque, ou melhor, a consultoria de um empreendedor da nossa vizinha Águas da Prata, o consultor Augusto Aielo, cofundador da Soul Urbanismo – empresa realizadora de parklets e que nasceu da união dos sonhos com a técnica. Só que Aielo nunca gostou da visão de ser um consultor. “Me considero um ‘palpiteiro’, ajudo como voluntário novos projetos e empreendedores com ideias ou contatos, literalmente palpitando”, considerou. E é isso que o ‘palpiteiro’ tem mais feito junto à Soul; empreendido. “O lado fascinante de empreender é você poder transformar seus sonhos em realidade. É óbvio que, para isso, terá que se dedicar ao extremo e aguentar muita ‘porrada’, pois não existe cenário perfeito”, adiantou. E de ‘pancada em cima de pancada’ – com resultado de sucesso -, o pratense 36

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Augusto Aielo e seus parceiros idealizadores têm trabalhado para que os parklets caiam no gosto e no bom gosto das administrações municipais pelos confins do Brasil, já que, por serem espaços públicos, precisam de lei ou decretos municipais para serem regulamentados. De acordo com o portal da Soul Urbanismo, para serem aprovados na prefeitura de cada município, as mini-praças precisam primeiramente de uma Lei ou um Decreto deferido anteriormente pelo Legislativo municipal. “Essa regulamentação também serve de diretriz na hora de projetar e construir os parklets, determinando padrões mínimos, servindo também de iniciativa”.

PROJETO SE ESPALHA A ideia já está caindo no gosto de grandes cidades no território brasileiro. Ao menos vinte e oito delas já contam com parklets. Na região Norte, a capital Belém (PA); no Nordeste, são as capitais Fortaleza (CE), Recife (PE) e Salvador (BA); no Sudeste, Vila Velha e Vitória – ambas no Estado do Espírito Santo-; Bauru, Campinas, Guarujá, Jundiaí, Piracicaba, São Paulo, Sorocaba e Suzano, no Estado de São Paulo; Poços de Caldas (MG); Niterói e a capital sul-fluminense, no Estado do Rio de Janeiro. No Centro-Oeste, Campo Grande (MS) e Goiânia (GO). Por fim, na região Sul, com os municípios de Blumenau e Flo-


Foto: Divulgação

JOVEM EMPRESÁRIO

O consultor ‘palpiteiro’, Augusto Aielo, é um ‘cara’ aberto aos negócios, cheio de ideias e de disposição para tudo o que der e vier. Além de empreender pela Sou Urbanismo, ele atua como vice-coordenador do Fórum de Jovens Empreendedores da Associação Comercial de São Paulo.

rianópolis, ambas no Estado de Santa Catarina; Curitiba, Londrina e Maringá (PR); Passo Fundo, Ponta Grossa, Porto Alegre e Uruguaiana, no Estado do Rio Grande do Sul. Mas, e aí, será que já existe um Decreto ou Lei em São João da Boa Vista que permita a instalação dos parklets? Vamos esperar pra ver! PARKLETS NO DIA A DIA Em síntese, os parklets são mini-praças que ocupam o lugar – vaga - de um ou dois carros em vias públicas. O modelo

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pode possuir bancos, mesas, palcos, floreiras, lixeiras, paraclitos, entre outros elementos de conforto e lazer. Assim, enquanto duas vagas de estacionamento nas ruas são utilizadas por, em média, quarenta carros por dia, um parklet atende cerca de 300 pessoas neste mesmo período, além de promover uma maior interação social entre os cidadãos, melhorando a convivência de todos e possibilitando o uso do solo de maneira democrática, não somente voltado para automóveis. Segundo a Soul Urbanismo, os parklets também são ideias para atrair clientes em comércios e proporcionar-lhes uma experiência agradável. Uma pesquisa realizada em Nova Iorque (EUA), divulgou que sua instalação em frente a estabelecimentos comerciais gerou um aumento de 14% no consumo nestes.“Outra vantagem está no fato de que os parklets são feitos de materiais sustentáveis e sua montagem/desmontagem é fácil e rápida, por possuirem componentes modulares e pré-fabricados, que apenas são levados e fixados no local. Sendo assim, não atrapalham o trá-

fego ou poluem o ambiente com lixos e entulhos”, informou. Além disso tudo, dão vida à cidade, aos percursos do nosso dia a dia, criam espaços bonitos e agradáveis em meio à ‘selva de pedra’, fazendo com que as pessoas tenham vontade de andar a pé. “Como nosso nome já diz, os parklets fazem um convite à alma, na cidade que a suprime em meio a tanto caos. Trazem a essência da cidade em um pequeno espaço, que pode servir para uma pausa, para um descanso, para encontrar um amigo, ler um livro e, principalmente, não servir a nada disso e a tantas outras coisas; essa é a beleza da democracia do espaço público”. Conforme analisa a empresa, em meio a tantos afazeres e preocupações do dia a dia, as pessoas simplesmente se esquecem de parar um minuto, observar e curtir a cidade. “Os parklets surgem com esse propósito: lembrá-los de que é possível aproveitar e amar cada canto da nossa cidade, mesmo que seja só por um minuto, entre um compromisso e outro. Pois não existe a cidade do trabalho e uma outra cidade do lazer. Existe, sim, a cidade em que moramos”, conclui.

SONHADOR, VISIONÁRIO E PALPITEIRO QUE DEU CERTO O consultor ‘palpiteiro’, Augusto Aielo, é um ‘cara’ aberto aos negócios, cheio de ideias e de disposição para tudo o que der e vier. Além de empreender pela Sou Urbanismo, ele atua como vice-coordenador do Fórum de Jovens Empreendedores da Associação Comercial de São Paulo. “É um ótimo centro de liderança e de boas conexões. Desenvolvo projetos de capacitação e desenvolvimento de nossos associados. Empreender não precisa ser algo solitário, tem muita gente ‘louca’, também, empreendendo com quem vale a pena o compartilhamento”, garantiu. Aielo não para por aí. Há algum tempo ele também fundou a Bunkka, empresa que leva eventos a espaços públicos, convidando as pessoas a utilizá-los e aproveitá-los. Logo, como visionário que é, promoveu a fusão da Bunkka com outra empresa, a Eu Grande, e as transformou em uma única empresa chamada ‘Voe Sem Asas’. “Ela estimula a cultura empreendedora pelo Brasil e já palestramos para mais de vinte mil jovens, até o momento”, finalizou. A

Cresce número de jovens empreendedores no Brasil Ter a perspectiva de uma carreira profissional em empresa ou no serviço público parece que está deixando de ser o sonho dos jovens brasileiros. Eles estão querendo, cada vez mais, a independência se tornando empreendedores desde cedo. Essa é uma das principais descobertas da pesquisa GEM 2017, do SEBRAE/IBQP, que revela o novo perfil do empreendedor no país. Ela aponta que, no ano passado, a participação de pessoas entre 18 e 34 anos no total de empreendedores em fase inicial cresceu de 50% para 57%. Isso significa que são nada menos que 15,7 milhões de jovens atrás de informações para abrir um negócio ou com uma empresa em atividade no período de até 3 anos e meio. Outro dado interessante que a pesquisa mostra é que também aumentou o percentual de pessoas que buscam empreender por oportunidade, saltando de 57% para 59% dos entrevistados. “O jovem brasileiro já entendeu que para ter trabalho a melhor alternativa é criar o próprio emprego, é empreender, inovar e gerar novas vagas. E eles não empreendem por necessidade, estão de olho nas oportunidades do mercado, estão atendendo demandas sociais e movimentando a economia. Aliás, este resultado é um refl exo também do início da recuperação da nossa economia”, destaca o presidente do SEBRAE, Guilherme Afif Domingos. Segundo o estudo, a taxa total de empreendedorismo (TTE) no Brasil foi de 36,4%. Em números absolutos o contingente de empreendedores no Brasil chega a quase 50 milhões de pessoas. E quando se trata de nível de escolaridade, o que chama a atenção é o fato de que entre os empreendedores iniciais, o grupo mais ativo, aquele com maior taxa de empreendedorismo (23,9%) é o que tem apenas o ensino fundamental completo, uma taxa que é 10 pontos percentuais acima da taxa verificada no grupo de pessoas com nível superior. Um número que salta aos olhos também dá conta de que quase 8 milhões de empreendedores estabelecidos não completaram o ensino médio. Segundo a pesquisa, isso é reflexo direto da crise econômica. “Como contraponto, porém, entre este mesmo grupo de empreendedores, 2 milhões têm ensino superior completo”, destaca.

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matéria de capa

Octávio da Silva Bastos: o semeador da educação Conheça a trajetória do pernambucano que alterou os rumos da educação em São João. POR REINALDO BENEDETTI

São João da Boa Vista é privilegiado por ter tido grandes homens públicos, preocupados com seu povo e o desenvolvimento local. Entre este seleto grupo está Octávio da Silva Bastos, pernambucano que adotou São João da Boa Vista como sua cidade do coração. E todo homem público tem a sua marca sendo a de Octávio Bastos, sem dúvida, a Educação. ORIGEM Octávio da Silva Bastos nasceu em Recife, no estado de Pernambuco, em 31 de março de 1906. Jamais imaginaria que, cinquenta anos após seu nascimento, viria se tornar um dos mais importantes personagens de São João da Boa Vista. Filho de Arnaldo Olinto Bastos e

Laura da Silva Bastos, formou-se em 1928 pela Faculdade de Direito do Recife. Já nessa época, funcionário da Companhia de Seguros Phenix Pernambucana, demonstrava grande liderança e capacidade empreendedora. Ainda no Nordeste, o jovem jurista participou da Revolução de 1930, que levaria ao poder Getúlio Vargas. Ele ingressou como voluntário junto às tropas que marcharam para Alagoas, Sergipe e Bahia, sob o comando de famosos nomes, como Carlos de Lima Cavalcantti, Juracy Magalhães e Juarez Távola. Mais tarde, Juarez assumiria o Ministério da Agricultura e dos Transportes e, Juracy, seria declarado interventor da Bahia. Já Carlos de Lima, assumiria como interventor no estado de Pernambuco, nomeando o jovem Octávio como ter-

ceiro promotor público da Comarca do Recife e Secretário de Estado. Em 1934 foi nomeado o primeiro promotor e membro do Conselho Penitenciário de Pernambuco. Em 1939, Octávio Bastos é nomeado promotor público adjunto da Justiça do Distrito Federal e se muda para o Rio de Janeiro. Hospedado no Florida Hotel, onde residia, tem o primeiro contato com a mulher que seria sua futura esposa e apresentaria São João da Boa Vista a ele. Margarida Maria Noronha, sanjoanense que estava com a família de passagem pelo Rio de Janeiro, conhece Octávio Bastos nesta ocasião. Pouco tempo depois, selariam sua união na Igreja de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte. Casados, Octávio e Margarida viveram no Rio de Janeiro por mais dez anos, mas o vínculo com São João estava selado. CONTATO COM SÃO JOÃO É por intermédio da esposa Margarida e amigos que Octávio Bastos tem o primeiro contato com São João da Boa Vista, encantando-se pela cidade. Tanto que, mesmo exercendo suas atividades na então capital federal, Octávio Bastos fez questão de que suas duas primeiras filhas, Laura e Celina, nascessem em São João. Apenas a terceira filha, Margarida Maria Noronha Bastos, nasceu no Rio, em 1948. “Eu acho que foi realmente uma relação de amor que ele sentiu, pois gostou daqui. Nós nascemos aqui e ele começou a conhecer todo mundo. No fim ele conhecia mais gente que minha mãe”, lembra a filha Laura Maria Noronha Bastos. Após passar por grave problema de saúde, que o leva a Poços de Caldas para se tratar, finalmente Octávio mudou-se para São João, em 1956. >

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OCTAVIO BASTOS

Dono de forte personalidade, falava arrastado e ostentava extrema simplicidade. E esse jeito do pernambucano não demorou a conquistar a amizade e confiança dos sanjoanenses. Tanto que, em 1959, foi convidado por José Ruy de Lima Azevedo para entrar na política, como vice-prefeito.

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No comando da Comércio Indústria S. Bastos Ltda, uma empresa algodoeira, Octávio demonstra forte responsabilidade nos negócios, conquistando a confiança de empresários e fazendeiros locais. Além disso, Octávio gerenciou também a Algodoeira Santa Helena, de propriedade da família de Christiano Osório de Oliveira Filho, o famoso “Bilu”. “Ele era uma pessoa de muita capacidade e que também transmitia muita confiança. Então, tudo o que ele convidava a gente para fazer, que pensava que devia ser feito, ele conversava com os amigos e conseguia o apoio”, disse, na ocasião do centenário de Octávio Bastos, Christiano Osório de Oliveira Neto, amigo e também fundador do UNIFEOB (Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos). ENTRADA NA POLÍTICA Dono de forte personalidade, falava arrastado e ostentava extrema simplicidade. E esse jeito do pernambucano não demorou a conquistar a amizade e confiança do sanjoanense. Tanto que, em 1959, foi convidado por José Ruy de Lima Azevedo para entrar na política. Naquele ano o então PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e a UDN (União Democrática Nacional) eram os partidos de maior destaque na cidade, com fortes divergencias entre ambos. “São João viveu um momento conturbado e uma grande parte da população juntou-se para que o Zé Ruy fosse candidato a prefeito pela UDN. E uma noite, na sede da Associação Rural, da qual José Ruy era o presidente, ele disse que aceitaria se Octávio fosse o vice. Caso contrário, não iria. Aí fomos para a casa do Dr. Octávio e lá, diante dos apelos dos companheiros, ele concordou em ser

DUAS GERAÇÕES

Octávio Bastos, ao lado de “Dona” Celina - sua madrasta e mãe de criação - e seu neto, João Otávio Bastos Junqueira, atual reitor da UNIFEOB. João Otávio assumiu a fundação de ensino em 1999. “Foi uma decisão difícil e, o que pesou, foi esse lado emocional, de saber que, de alguma forma, eu estava contribuindo para dar continuidade a uma obra que meu avô ajudou a fazer”.

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Octávio Bastos e a Academia de Letras de São João A ideia para a fundação de uma Academia de Letras em São João da Boa Vista partiu de Milton Duarte Segurado, em conversa informal com Octávio da Silva Bastos, que era, na época, Prefeito Municipal. Milton Segurado, homem culto, professor de nossas faculdades e membro da Academia Campineira de Letras, mostrou que o momento era propício para a fundação de uma Academia aqui em São João, acompanhando o surgimento das faculdades. A ideia foi bem acolhida por Octávio Bastos e, com base nos estatutos da Academia de Campinas, foi sendo elaborado um projeto, reunindo, num todo, os estatutos e o regimento interno. Anos mais tarde, Octávio procurou dois companheiros, também ligados à cultura, Octávio Pereira Leite e Francisco Roberto Almeida Júnior. O passo seguinte foi o de procurar uma pessoa para ser o presidente da nova sociedade cultural: a comissão não teve dificuldades e o convidado foi Dom Tomás Vaquero, Bispo Diocesano. A primeira reunião da Academia aconteceu em 10 de setembro de 1971, na Residência Episcopal, sob a presidência de Octávio Bastos.


CRIAÇÃO DA UNIFAE

Durante seu mandato como prefeito, Octávio Bastos criou a Faculdade de Ciências Econômicas de São João da Boa Vista, atual UNIFAE, em 23 de setembro de 1961. Ela foi instalada nas salas da antiga escola Prof. Hugo Sarmento. O crescimento levou à compra das instalações do Antigo Colégio Santo André, de então propriedade das Irmãs Andrelinas.

o vice. Imediatamente ele saiu e foi na Associação Rural, onde os dois foram aclamados candidatos”, contou Clineu Junqueira, outro parceiro de fundação do UNIFEOB. Assim, ele e o amigo José Ruy foram eleitos para comandar São João. E o desenvolvimento da cidade passa a ser uma das prioridades de sua vida. Octávio Bastos muito colaborou com a administração de José Ruy, se tornando candidato natural à sucessão, nas eleições de 1963, que foram por ele vencidas, tendo como vice o jornalista Welson Barbosa.

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EDUCAÇÃO Já na Prefeitura, Octávio começou a deixar a sua principal contribuição para a cidade, que foi a aposta na educação como principal meio de transformação. Homem simples, nutria forte convicção de que o desenvolvimento de qualquer povo passa, sem dúvida, pelo seu perfil educativo e cultural. Assim, soma esforços e decide criar a Faculdade de Ciências Econômicas de São João da Boa Vista, hoje UNIFAE (Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino), onde também foi professor.

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“Quando a FAE foi criada, havia muita dificuldade para se estudar. Eram poucas as instituições no Estado de São Paulo e era só para quem tivesse maiores recursos. Então, era difícil para o jovem da época estudar. A criação da FAE abriu uma perspectiva para muitos. Ela foi a primeira instituição da cidade e uma das primeiras regionais. Portanto, teve um impacto regional muito forte e começou a definir um perfil para São João como polo regional”, contava o saudoso e então diretor da instituição, professor João Batista Ciaco, por ocasião do centenário de Octávio Bastos. E Octávio não se deu por satisfeito, como um visionário da área educacional decidiu mobilizar forte grupo de sanjoanenses em torno de um grande objetivo: criar a Fundação Sanjoanense de Ensino, hoje UNIFEOB. Sem fins lucrativos, acreditava que a instituição teria o objetivo de ampliar oportunidades, educando gerações e contribuindo com o melhor desenvolvimento e formação da cidadania. Padre José Benedito de Almeida David, professor e ex-reitor da PUC Campinas, ressaltou o olhar de Octávio para o social, no momento da criação da instituição. “A preocupação em oferecer oportunidade do ensino vinculada não a uma iniciativa meramente de caráter privado, mas a uma fundação, realmente foi uma grande conquista para a cidade. A educação sempre foi uma coisa muito presente na preocupação do Dr. Octávio”. A fundação foi oficialmente criada em 1965, com o lançamento da primeira turma da Faculdade de Direito, já em 1967. O PREFEITO Dr Octávio começou a ganhar expressão e a confiança da cidade com suas iniciativas e realizações, em especial com a criação das duas instituições de ensino superior. E isso o levou, ainda em 1965, a ser eleito prefeito de São João, com grande apoio popular. Seu mandato foi marcado pela conquista para a cidade de grandes empresas de expressão nacional e a consequente geração de muitos postos de trabalho. Outra criação importante de Octávio Bastos foi a Academia de Letras da cidade, a segunda do interior do Estado. Além de ter criado o centro de Integração Comunitária (CIC) e bairros inteiros, como a Vila 1º de Maio. Sidney Beraldo, outro conceituado homem público sanjoanense e hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, conta o que o marcou em Octávio Bastos. “Como prefeito, ele sempre levou em conta uma coisa que me marcou muito, a gestão com austeridade, o cuidado na aplicação do dinheiro público. Outra coisa importante, a capacidade de liderança do Dr. Octávio. Ele tinha essa característica, de não impor nada, um homem que sabia ouvir e entender as pessoas e com isso ele formava um time que trabalhava ao seu lado para que suas ideias fossem colocadas em prática”, ressalta Beraldo. FAMÍLIA E AMIGOS Octávio Bastos sempre demonstrou enorme gratidão pela forma como foi acolhido na cidade e pelo apoio que rece44

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beu dos sanjoanenses. Sua esposa Margarida contou que todas as ações e criações do marido foram a forma que ele encontrou de retribuir não apenas a acolhida, mas a forma generosa e sincera que a cidade lhe dedicava. “Então ele procurou deixar alguma coisa de bom para São João, como compensação pela recepção que teve aqui. E ele conseguiu deixar”, dizem os familiares. Lucilla Martarello Astolpho, professora e ex-diretora do Curso de Filosofia, afirma que ele sabia que a faculdade ia crescer dessa forma. “Ele plantou uma sementinha e dessa sementinha, que era boa, surgiram as outras sementes, que são todas essas faculdades que estão ai”. Olympio Guilherme Cabral, que foi amigo e conviveu com Octávio Bastos, ressalta que o pernambucano tinha uma visão diferenciada e que sua grande contribuição foi, sem dúvida, a educação. “Na minha época havia uma única oportunidade para estudar aqui, e era particular. Era um curso de contabilidade. Ou era esse curso ou enxada. Não tinha opção. E o Octávio transformou São João ao criar as duas faculdades”, diz Cabral, que reforça que Octávio Bastos era uma pessoa extremamente simples, amável e que tratava a todos igualmente. João Otávio Bastos Junqueira, o primeiro neto e atual reitor da UNIFEOB, ressalta que os valores do avô o marcaram profundamente e, até por isso, decidiu dar continuidade ao seu legado. “Ele era muito sensível, muito humano, sempre se vestiu muito simples, tinha gosto simples, nunca foi de esbanjar. Me marcou muito a simplicidade dele”, diz. João Otávio assumiu, então, em 1999, o comando da Fundação em um momento difícil da sua vida. “Eu estava indo para os Estados Unidos, estava fazendo meu doutorado na Unicamp e foi uma decisão difícil deixar isso de lado para assumir a instituição. E o que pesou foi esse lado emocional, de saber que, de alguma forma, eu estava contribuindo para dar continuidade a uma obra que meu avô ajudou a fazer”, reintera. E o atual reitor afirma que o espírito do avô era o que realmente a UNIFEOB vive hoje. “Uma instituição comunitária, sem fins lucrativos, que atende milhares de alunos carentes aqui na região, que dá apoio a um monte de ações sociais, culturais, esportivas. Acho que esse é o espírito que temos que dar continuidade. E por isso é importante não só um lugar para que as pessoas estudem, mas onde elas tenham continuidade naquele projeto, naquele sonho inicial”. “Ele plantou a semente em solo fértil e ficou trabalhando para que aquela semente que floresceu se transformasse num carvalho de tronco sólido, que desse origem às faculdades que todos nós, hoje, admiramos em São João”, aplaude o amigo Celso Ribeiro, que também foi professor da Faculdade de Direito. Apesar de ainda com disposição e desejo de levar avante muitos projetos para a cidade, a saúde de Octávio Bastos estava fragilizada e, em março de 1985, veio a falecer na cidade de São Paulo. Porém, seu legado e exemplo de vida permanecem vivos e fincados para sempre na história de São João, influenciando muitos jovens a também lutarem pela transformação, por meio da Educação.


UNIFEOB: a principal criação de Octávio da Silva Bastos Todos os amigos mais próximos a Octávio Bastos revelam que apesar dele ter sido um homem importante para o desenvolvimento de São João da Boa Vista, e com importantes realizações, a sua principal criação foi a então Fundação Sanjoanense de Ensino. Criada em 1965, por um grupo liderado por Octávio Bastos, a primeira faculdade implantada foi a de Direito, em 1966, que teve seu reconhecimento em 1972. Esta faculdade teve como principal diretor Octávio da Silva Bastos. Em 1971, foi implantada a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Em 1973, entrou em funcionamento a Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas, cujo reconhecimento ocorreu em 1977. A faculdade de Medicina Veterinária iniciou suas atividades em 1987, e foi reconhecida em 1992. Em outubro de 2001, pela portaria Nº 2201, foi autorizada a abertura do curso de Bacharel em Ciências Biológicas, que entrou em funcionamento em 2002. Pela portaria Nº

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2200, foi autorizado também o curso de Bacharel em Enfermagem. Pela portaria Nº 950, de 2002, foi autorizado o curso de Bacharel em Fisioterapia e, pela portaria Nº 837, do mesmo ano, o curso de Bacharel em Sistemas de Informação. Com o crescimento e a integração dos seus cursos, ocorreram mudanças em seu estatuto e, juntos, os cursos de graduação e pós passaram a compor as FIFEOB (Faculdades Integradas da Fundação de Ensino Octávio Bastos). CENTRO UNIVERSITÁRIO Em dezembro de 2003, depois de atender a todas as exigências do MEC, as FIFEOB conquistaram o status de Centro Universitário. Assim, foi adotado o nome UNIFEOB (Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos). Em 2012 foram oferecidos, para o ano de 2013, os vestibulares para os cursos de Engenharia Agronômica, Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo. O UNIFEOB ainda passou a fazer

parte de um seleto grupo de instituições de ensino superior reconhecidas pelo seu trabalho comunitário, sendo uma das filiadas à Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc), hoje presidida pelo reitor da UNIFEOB, João Otávio Bastos Junqueira. Além das atividades acadêmicas, o UNIFEOB possui vários projetos sociais e culturais, com envolvimento de professores, alunos e colaboradores. Com uma estrutura completa, possui dois campi, dois polos (Poços de Caldas e Araras), um hospital veterinário, uma clínica de fisioterapia, uma Fazenda Escola com mais de 150 hectares, entre outros ambientes. E para 2019, o UNIFEOB anunciou novos cursos. Serão lançados cursos nas áreas de negócios, saúde, biológicas e sociais aplicadas. São eles: Biomedicina, Ciências Biológicas - Licenciatura, Design de Interiores, Gestão Comercial com ênfase em vendas e varejo, Gestão Financeira com ênfase em Controladoria e Nutrição.


Jantar do Empresรกrio

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viagem e lazer

Do azeite nobre ao turismo rural Após conquistar importantes prêmios internacionais pela produção de azeites com qualidade excepcional, a Fazenda Irarema aposta no Turismo Rural como modelo de negócio. POR IGNÁCIO GARCIA

Cravada entre as montanhas de Poços de Caldas (MG) e a calmaria de São Sebastião da Grama (SP), na divisa entre os Estados de Minas Gerais e São Paulo, a centenária Fazenda Irarema, que desde 1870 dedicou-se à produção cafeeira – mais com a produção de amoras pretas e aspargos -, há quase dois anos tem se aventurado no mundo da olivicultura. E já em sua primeira safra, produziu um azeite de qualidade excepcional, que alcançou prêmios internacionais. No final de abril deste ano, o poços-caldense Moacir de Carvalho Dias, olivicultor, azeitólogo e um dos sócios da empresa Irarema, conquistou uma das maiores classificações de azeite do mundo, na categoria blend, qualidade produzida na fazenda da família e que disputou com mais de mil amostras.

Para surpresa do produtor e da irmã dele, Gabriela Carvalho Dias, que também é sócia e responsável pelo departamento financeiro da empresa, a premiação veio durante o Concurso Mundial de Azeite, o NYIOOC World Olive OilCompetition, que teve lugar em Nova Iorque, nos Estados Unidos, sendo que é considerado o maior e mais prestigiado concurso de qualidade de azeite do planeta. E a surpresa de ambos com o prêmio não deixa dúvidas, já que, totalmente despretensiosos, encaminharam amostras dos frutos moídos de sua primeira produção da lavoura de oliveiras, que ainda engatinhava, com menos de dois anos. “Foi uma enorme surpresa. Sabíamos que este concurso era muito importante e muito concorrido. A amostra foi enviada mais para servir como um termômetro, se o nosso trabalho estava sendo bem feito, e

acabou sendo premiada. Foi muito gratificante e um grande estímulo para nós”, confessou Gabriela à reportagem da Revista Atua. Em entrevista ao portal de notícias PoçosCom, publicada em 5 de junho de 2018, Dias contou que “a mistura das cultivares produzidas na propriedade agradou ao paladar dos jurados. Eu não esperava por este resultado, tanto é que competi com professores meus da Europa, produtores que estão no mercado há mais tempo e, de repente, a mistura que desenvolvi aqui foi a melhor da categoria. Fiquei muito feliz com o prêmio”, comemorou. Em terras vulcânicas, microclima único, muita dedicação e trabalho, o azeite extra virgem puríssimo, fresco e com um terroir marcante, produzido na Fazenda Irarema, é resultado de uma grande estrutura, que passa pela colheita,

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PARA TODOS OS GOSTOS

Ainda na Fazenda Irarema, os visitantes podem observar demais atraçþes, como duas lojas, uma cafeteria e a Boutique da Carne, todas com acesso livre e gratuito. Uma das lojas conta com os azeites produzidos e envasados na fazenda, bem como, doces, vinhos, geleias gourmet, etc.

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processamento dos frutos, moagem, armazenamento e envase do produto. Na primeira produção, conforme reportagem da PoçosCom, o rendimento foi de apenas 27 litros de azeite. Todavia, os empresários da Irarema estão confiantes para a próxima safra, de 2019, e esperam por uma produção estimada entre 1.800 a 2.000 litros, podendo chegar, no futuro, em até 80 mil litros de azeite. Segundo a reportagem da Atua apurou, ao menos onze famílias trabalham na empresa Fazenda Irarema e, para os próximos anos, estima-se que será necessário o emprego de aproximadamente oitenta pessoas para a colheita das azeitonas. Mas não é apenas à fabricação de azeite que a Fazenda Irarema tem se dedicado. A propriedade tem se voltado ao Turismo Rural para apresentar às pessoas que a visitam o mundo do azeite, e também para que os visitantes tenham acesso a todas as informações relevantes sobre o azeite, desde a sua fabricação até o consumo, especialmente para saber diferenciar entre um produto de baixa qualidade e um excepcional. “Além de investir na construção da fá-

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brica, a Fazenda Irarema também investiu na parte de turismo rural. Criamos uma loja com curadoria de produtos regionais de alta qualidade e montamos uma cafeteria com menu especial. Temos outras

duas lojas: a de cosmética com azeite, com uma arquitetura moderna, e a boutique de carne. Tudo isso encanta muito quem nos visita. Investimos muito, pois sabíamos dessa lacuna, da falta de um espaço como

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PRÊMIO INTERNACIONAL

A premiação veio durante o Concurso Mundial de Azeite, o NYIOOC World Olive OilCompetition, que teve lugar em Nova Iorque, nos Estados Unidos, sendo que é considerado o maior e mais prestigiado concurso de qualidade de azeite do planeta.

esse. E o retorno foi surpreendente”, afirmou Gabriela. TURISMO RURAL Nas dependências da Fazenda Irarema, os visitantes podem passear pelo olival e conhecerem a plantação de oliveiras, tudo por meio de transporte fornecido pela propriedade e sem a necessidade de realizarem caminhadas. Além disso, ainda é oferecida uma visita guiada por todas as instalações da fábrica, o que inclui a explicação de todos os processos de fabricação dos azeites, desde a entrada da azeitona até o envase. Ao final do tour pela fábrica, os turistas participam de uma degustação sensorial, onde podem provar os diferentes tipos de azeite e receber uma aula básica sobre azeites. Logo depois, estarão aptos a diferenciar um azeite ruim de um excelente. E para participar do tour completo – que vai desde o passeio ao olival à degustação dos azeites -, o custo é de R$ 50 por adulto, sendo que crianças com até 12 anos de idade não pagam. O tour completo, que pode ser feito com o mínimo de cinco e o máximo de 15 par-

ticipantes por horário, tem duração que gira em torno de uma hora e meia, com saídas aos sábados, domingos e feriados, sempre às 10h e às 14h. Ainda na Fazenda Irarema, os visitantes podem observar demais atrações, como ao menos duas lojas, uma cafeteria e a Boutique da Carne, todas com acesso livre e gratuito. Uma das lojas conta com os azeites produzidos e envasados na Fazenda, bem como uma curadoria de artigos e guloseimas regionais especiais: queijos premiados, doces, vinhos, geleias gourmet, peças para decoração etc. Na outra, uma loja moderna montada utilizando três contêineres, os turistas podem conhecer e

adquirir sabonetes totalmente artesanais, todos produzidos à base de azeite de oliva. Ainda durante a visitação, as pessoas contam com uma cafeteria à disposição, com delícias fresquinhas e especialmente preparadas em todos os finais de semana, sempre com exclusividades no cardápio. Entre elas, os destaques são os pães produzidos com linguiça artesanal, queijos meia-cura, brownie de chocolate branco com macadamia, sorvete de azeite e azeite de limão siciliano, entre outras gostosuras. Para um bom arremate, os visitantes também se beneficiam da Boutique da Carne, a Bemdita Carnes, que tem desde cortes especiais até carnes para o dia a dia, todos frescos com entregas semanais e provenientes de uma fazenda de gado Nelore e Angus, na cidade de Perdões (MG). SERVIÇO A Fazenda Irarema informa que, em breve, todos os azeites produzidos por lá estarão disponíveis no e-commerce. Enquanto isso, as encomendas podem ser feitas por e-mail ou Whatsapp e os envios podem ser realizadispelos Correios para todo o Brasil. Para saber mais sobre os variados produtos e também sobre o turismo rural pela Fazenda Irarema, os interessados podem buscar informações por meio das plataformas digitais. Pelo Instagram, acesse @fazendairarema. Já pelo Facebook, acesse /fazendairarema. A

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@mamdeluca

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psicologia

A sabedoria começa na reflexão Quanto mais o ser humano se permite refletir, maior sua viabilidade de transformação. POR MARYÁ REHDER AMBROSO

Você tem se dado a chance de parar para refletir sobre os atos e sentimentos de sua vida, ou está com o tempo tão corrido a ponto de deixar o dia passar, as coisas acontecerem e não se permitir pensar sobre tudo o que ocorreu? O ser humano encontra-se tão apegado a convicções, convenções e certezas, que tem se esquecido de avaliar o valor de suas ações e sentimentos. É certo que somos seres imperfeitos, mas é necessário que saibamos dar espaço para que possamos refletir sobre o que nos rodeia, sobre quais sentimentos nos são despertos e quais atitudes são mais válidas para que, assim, haja a possibilidade constante de crescimento pessoal. Avaliar as suas atitudes e sentimentos é ferramenta essencial para que seja possível se aperfeiçoar, aprender e reconhecer seus erros, celebrar seus acertos e ganhos, colocando em prática a arte de refletir e analisar aonde se pode lapidar e evoluir, bem como onde se deve mudar o trilho e recomeçar.

Por essa razão, o convite à auto imersão em si deve ser diário e realizado de maneira sincera, isenta de persuasões ou do anseio de agradar aos outros. Pois somente assim haverá a permissão de um novo olhar do individuo sobre si mesmo, sobre situações que o podem desafiar e, sobretudo, que possa levá-lo a uma mudança, a um crescimento, a uma evolução, uma renovação. Assim, quanto mais o ser humano se permite refletir, maior sua viabilidade de transformação, de obtenção de conhecimento livre de presunção, com simplicidade e humildade para atingir de forma rica e nobre a tão desejada sabedoria. Logo, temos então que o saber é fruto desta busca diária por conhecimento sobre si, sobre o outro, sobre a vida. Dar abertura para a autorreflexão é se abrir para um universo de novas oportunidades e conquistas pessoais. Quando nos avaliamos, mudamos e, ao mudarmos, possibilitamos que os outros nos vejam de forma diferente, nos admirando, aprendendo junto, crescendo e evoluindo juntamente também. O ganho é de todos! A

Foto: Reprodução Internet

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história

Uma viagem ao passado O Empório Camargo está na terceira geração da família, e é uma dos comércios mais tradicionais da cidade. POR PEDRINHO SOUZA

Hoje em dia é muito difícil ir a um armazém para comprar mercadorias, mas houve um tempo que era uma prática muito comum. Com a chegada da energia elétrica, eletrodomésticos e supermercados, as mercearias foram se extinguindo. O Empório Camargo, porém, resiste, sendo um dos poucos que mantêm a tradição dos armazéns em nossa cidade, onde se vende de tudo. Comércio tradicional de São João da Boa Vista, a empresa está há setenta e quatro anos ininterruptos em atividade e é referência em atendimento e variedade nos produtos. Caminhar pelos corredores do Empório Camargo é como voltar ao passado, com as histórias e os produtos. INÍCIO DAS ATIVIDADES As portas da empresa abriram-se em 1944, através de Benedito Rodrigues de Camargo Filho, que passou por

enormes dificuldades. Na colônia da fazenda que administrava houve uma explosão da pedreira que causou a perda de um olho e o braço, mas a esposa Carolina Quinteiro Camargo, sempre disposta, colaborava com as tarefas. Benedito cultivava algodão com o genro, Afonso Navarro. Com o dinheiro que economizou, comprou uma venda na Rua Campos Sales, perto do córrego, no qual chamavam de Venda Camargo, que atuava no ramo de secos e molhados, e apesar de vender praticamente tudo, a especialidade era a alimentação. A ideia era de que os filhos, Antônio e João Camargo, assumissem a empresa, já que tinham talento com economias. Ambos saíram dos serviços e foram ajudar o pai que veio a falecer no mesmo ano. Daí em diante, a firma passou a ser empório. Além de Antônio e João, Benedito e Carolina tiveram mais oito filhos: Carolina, Elvira, José, Maria, Benedito, Francisco, Djanira e Paulo.

No dia 17 de dezembro de 1949, aconteceu uma forte chuva em São João, a qual é considerada, até hoje, a maior catástrofe da história da cidade. A família Camargo perdeu todo o estoque que tinha no armazém, como conta uma matéria do jornal O Municipio, na edição de 25 de dezembro de 1949, com o título ‘A catastrófica Tromba dágua, caída no dia 17 em S. João’ (imagem no rodapé da página). A família Camargo teve de começar do zero, mas não desistiu. Em 1950, Afonso Navarro convidou os irmãos para montarem um novo empório na Rua Ademar de Barros, no número 391, esquina com a Rua Floriano Peixoto, onde até hoje funciona a loja.Na época, a sociedade era de cinco pessoas: os genros de Benedito, Afonso Navarro e Davi Ferreira, e os irmãos Benedito, Antônio e João Camargo. A firma se chamava Comercial União Ltda. Em 1953, saíram os dois cunhados

DESTRUIÇÃO TOTAL

Conforme narra a matéria: “(...) da meia hora da madrugada de 17 até às 4 horas da manhã, o espetáculo era terrível. Nunca, em tempo algum, a nossa cidade fôra visitada por tamanha massa de água e com tal fúria. Os gritos de socorro, os rasgos de valentia de inúmeros nadadores e canoeiros arriscando a vida, ofereciam um espetáculo de horror e de admiração(...) Na Rua General Carneiro, arrazou um armazém da firma Irmãos Camargo, que se encontrava repleto de mercadorias, arrastando quasi uma casa há pouco construída sobre as duas margens do córrego(...)”.

Foto: Arquivos da família

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Fotos: Arquivos da família

e o nome virou Irmãos Camargo, que ficaram juntos até 1957. Foi quando saíram Benedito e Antônio, e o empório ficou só com o João Camargo, popularmente conhecido como Camarguinho. Desde 1966 a empresa se chama Empório Camargo. O comércio é referência no município, seja no atendimento ou na diversidade dos produtos. Como diz a letra de Alex Rocha, no álbum Acordais, ‘é no Empório do Camarguinho, tudo que eu quero eu acho rapidinho’. CAMARGUINHO O filho de Benedito, João Camargo, o Camarguinho, nasceu em 1924, em Vargem Grande do Sul e teve como esposa Maria Romera Camargo. Aos 14 anos, Camarguinho foi trabalhar na cidade, no empório do cunhado, Afonso Navarro, onde o irmão Antônio (conhecido por Tonhão) já trabalhava. João não sabia nada de vendas, mas tinha força de vontade, por isso aprendeu rápido. De 1957 até 2003, quando faleceu, justamente na loja, Camarguinho esteve à frente da empresa, sempre junto de sua esposa, Maria Romera, que era cabeleireira e logo largou o salão para ajudar a cuidar do empório, até seu falecimento, em 1977. Aos poucos Camarguinho foi passando o bastão aos filhos, Ana Laura e João Batista, que até hoje administram o Empório do Camargo. HOJE EM DIA Desde que os irmãos assumiram o empório, a empresa diversificou no oferecimento de produtos e passou por várias ampliações, sem perder o charme tradicional e seu público cativo, que abrange tanto o pessoal da “roça” quanto o da “cidade”. “O nosso diferencial é a forma de tratar o cliente. A gente cria um laço de carinho e amizade, é uma interação muito prazerosa”, pontua Ana Laura, proprietária do Empório Camargo. Devido à procura dos clientes, a venda inovou e incluiu outros produtos em seu hall, especialmente para animais domésticos. “Expandimos bastante, principalmente na área para animais, como rações para os pets. A ideia é modernizar, sem perder a essência”, explica o mé59

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GERAÇÕES NOS NEGÓCIOS

O empório foi criado por Benedito Rodrigues de Camargo Filho (foto acima), em 1949. De 1957 até 2003, quando faleceu, justamente na loja, Camarguinho (foto ao lado) esteve à frente da empresa, sempre junto de sua esposa, a Maria Romera. Abaixo, a atual fachada do empório.

dico veterinário Sérgio Laan Rocha, que é o responsável pelas orientações veterinárias aos clientes do estabelecimento. FUTURO Essa já é a terceira geração da família Camargo à frente da empresa. E a jovem Maria Júlia Mucin Camargo, filha

de João Batista Camargo e Silvia Mucin, já se prepara para seguir os passos da família. Apaixonada por animais, Maria Julia cursa Medicina Veterinária no Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos, Unifeob, e já se prepara para manter viva a tradição que iniciou com o bisavô, a do ‘armazém de secos e molhados’. A REVISTA ATUA | NOVEMBRO 2018

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nossa cidade

Olha a faca! De servidor público federal à nobre cutelaria artesanal brasileira, o sanjoanense, artesão e cuteleiro, Cassio Becker, conta como o hobby se tornou sua maior realização profissional. POR IGNÁCIO GARCIA

Tudo começou com um hobby, por prazer, no ano de 2008, enquanto o sanjoanense Cassio Becker, 47, ainda era servidor público federal. À época, com 37 anos, Becker coordenava e atuava no setor de informática do Ministério do Turismo, em Brasília DF, onde trabalhou na área pública por aproximadamente vinte e cinco anos. Sem filhos, Becker queria mais, desejava algo que ‘saísse’ de suas próprias mãos. Foi então que encontrou a possibilidade de produzir alguma coisa real, “física mesmo” e inscreveu-se no curso Introdução à Cutelaria Artesanal, pela Universidade de Brasília (UnB). “Apaixonei-me pela arte! Daí em diante, fiz outros cursos de cutelaria e fui me aperfei-

çoando”, contou à reportagem da Atua. E de lá para cá, em dez anos, o artesão e cuteleiro só obteve conquistas, participou de inúmeros concursos de cutelaria pelo país e é um dos organizadores do Salão Brasiliense de Cutelaria, que ocorre no início de abril, na capital federal, fruto da parceria estabelecida entre o Instituto de Artes da UnB e a Sociedade Brasileira dos Cuteleiros. Cassio teve a honra de ser premiado em todos estes concursos, em categorias variadas. No mais recente evento, a Feira Anual de Cutelaria Artesanal de Sorocaba, que foi realizada no primeiro final de semana de agosto, Becker foi premiado. “Existem alguns eventos de cutelaria pelo País. Os maiores são os dois de São Paulo e Sorocaba (no Estado de São Pau-

lo), Curitiba (PR) e Brasília (DF). Nestes eventos promovem, entre os cuteleiros presentes, concursos para diferentes categorias de facas; às vezes chegam a mais de cem modelos”, conta. Nos Estados Unidos e pela Europa, também há muitos eventos voltados à cutelaria e alguns poucos brasileiros têm a oportunidade de participar. “Dos brasileiros de que tive o prazer de ser aluno, alguns destes também foram premiados, o que eleva o nome da cutelaria nacional a um patamar de muito respeito no mercado internacional”. TRABALHO A experiência galgada por Cassio Becker fez com que, no início de 2017, ele passasse a viver apenas desse trabalho. Depois de mais de trinta e poucos anos

MATERIAIS DIVERSOS

Além das lâminas de alta qualidade, nos cabos são utilizadas madeiras exóticas, materiais sintéticos e fibra de carbono. Já para as bainhas, usamos couros de primeira linha, naturais, curtidos ou exóticos.

Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux

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Fotos: Leonardo Beraldo / Cromalux

vivendo e trabalhando fora de São João, ele voltou no início de 2018 e hoje vive na cidade. “Trabalho com vários materiais: aços especiais para as lâminas, bem como fabrico aço damasco [um tipo de aço obtido através da mistura de outros], o que proporciona padrões sensacionais nas lâminas”, contou. Mas Becker também usa materiais do mundo todo para a fabricação dos cabos, que são desenhados especialmente para cada tipo de uso. “Madeiras exóticas americanas, africanas, asiáticas, materiais sintéticos, fibra de carbono etc.”, afirma. Já para as bainhas, usamos couros de primeira linha, naturais, curtidos ou exóticos.“Sinto-me realizado profissionalmente. Faço parte da família da Cutelaria Artesanal Brasileira e sou apaixonado por essa nobre arte”, conclui. E o cuteleiro Cassio Becker foi mais além e, atualmente, além da produção de facas em sua oficina, à rua Irmãos Marcos, 173, no bairro Santo Antônio, o profissional ainda ministra cursos para iniciantes e cuteleiros já experientes. ORIGEM DA CUTELARIA Se você não sabe o que exatamente significa cutelaria, não se assuste. Uma legião de brasileiros ainda desconhece a palavra. Apesar de o termo cutelaria ser pouco utilizado, ele começa a aparecer com maior frequência, inclusive fora dos círculos especializados. Resumindo, cutelaria é a arte de fabricar instrumentos de corte. A palavra cutelo – instrumento cortante semicircular de ferro – vem do latim cultellu (faquinha), de onde provém também a palavra cutela, faca larga para cortar carne. As facas fazem parte da história do homem e não é possível imaginar o desenvolvimento de nossa raça e a sua sobrevivência sem elas. No paleolítico inferior, há 2.500.000 anos, na Tanzânia e na Etiópia já existiam as primitivas facas feitas de lascas de pedra. Com elas foram feitas as pontas das lanças de madeira, foi cortado o couro para as roupas e foram produzidos utensílios destinados à defesa e ao abrigo. Podemos dizer que o que diferenciou o homem dos macacos foi, sem dúvida o fato de que um descobriu a faca e dominou o fogo e o outro não. A 62

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culinária

Filet mignon em redução de vinho e peras com crosta de gorgonzola INGREDIENTES • 02 medalhões de filé • 30g de gorgonzola • 50g de farinha de rosca • 01 ovo • 01 cálice de vinho tinto • 01 pera em cubinhos • 01 ramo de alecrim MODO DE PREPARO Tempere os medalhões com sal e pimenta do reino a gosto. Leve-os ao fogo e deixe grelhar. Faça um purê de mandioquinha: cozinhe as mandioquinhas e as amasse. Em uma panela faça um refogado com manteiga e cebola e leve a mandioquinha amassada. Use um caldo de legumes ou leite para deixar o purê homogêneo. Reserve. Para a crosta de gorgonzola, prepare em uma tigela a mistura de gorgonzola, farinha de rosca e o ovo. Misture tudo e, se ne-

cessário, umedecer com um pouco de creme de leite. Reserve. Para o molho, em uma frigideira derreta a manteiga e adicione as peras. Deixe cozinhar alguns instantes e acrescente o alecrim e, em seguida, o vinho. Deixe ferver. Engrosse o molho e sirva. UM POUCO DE HISTÓRIA O gorgonzola é originário da localidade de Gorgonzola, nos arredores de Milão, na Itália. Neste queijo, assim como em todos os queijos azuis, no processo de maturação, são injetados fungos e, neste caso, injeta-se o Penicillium. Algumas famílias deste fungo (especialmente a Penicillium notatum) produzem penicilina, uma molécula usada como antibiótico, que mata ou impede o crescimento de certos tipos de bactérias. RECEITA INDICADA POR: Sto. Amaro Bar e Restaurante (19) 3631-8961 www.facebook.com/santoamarobarerestaurante

Foto: Ana Paula Morais / Gabriel Enrique Paschoal Garcia

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culinária

Abacaxi do Bem INGREDIENTES • Meia rodela de Abacaxi, cortada na espessura de um dedo • Lascas a gosto de canela em pau • 03 rodelas de laranja • Mentha da sua preferência (menta, hortelã, poejo, etc) • 1/2 colher de sopa de Hortelã desidratada • 01 anis estrelado • ½ maçã descaroçada, com casca, cortada em cubos

criadas pelo ser humano -, mas o mais comum, no Brasil, é chamar de hortelã os pezinhos da espécie Mentha piperita e de menta os da Mentha spicata.

RECEITA INDICADA POR: Drinks Nos Trinks (19) 99202-1030 | drinksnostrinks@gmail.com

MODO DE PREPARO Coloque em ebulição 250 ml de água filtrada. Adicione as frutas e cozinhe por 5 minutos. Com o fogo desligado, basta acrescentar os outros ingredientes, misturar e abafar a panela. Após 15 minutos pode fazer a coagem e apreciar a infusão. Guarneça com abacaxi ou ramo de menta. FIQUE DE OLHO! Menta e hortelã são nomes populares usados para designar espécies que pertencem a um mesmo gênero, chamado Mentha. Ao redor do mundo existem de 25 a 30 espécies naturais desse gênero – além de outras tantas espécies

Foto: Amanda Leonardi / Sara Damico

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saúde

Esponjas: as vilãs da cozinha Sem higienização adequada, o item se torna criadouro de germes. POR FERNANDA SENE

Um estudo realizado pela Fundação de Pesquisa para Saúde e Segurança Social (FESS) revelou que a cozinha é área da casa com a maior concentração de germes. Segundo a pesquisa, uma simples esponja para lavar louça é o produto mais contaminado em uma cozinha, podendo concentrar um criadouro de micro-organismos, em razão do acúmulo de restos de alimentos e umidade. É comum usar a mesma esponja para lavar louças e limpar outros ambientes da cozinha, como mesa, armário, fogão e, em alguns casos, até mesmo o chão para retirar alguma sujeira. De acordo com Artur Timerman, mestre em infectologia pela USP, “este é um erro grave. Usar a esponja desta maneira contribui para a transferência de bactérias e fungos de um local para o outro. As esponjas novas, inclusive, contem milhares de germes por metro quadrado. Por isso, o momento de trocar a esponja é uma questão de bom senso e vai depender se o item é muito utilizado ou não. O recomendado é dispensar a esponja a cada sete dias. Outra recomendação é ter uma para as louças e outra para as panelas e pia”. Confira algumas dicas simples para cuidar da sua esponja, evitando doenças e problemas de saúde:

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• Esponja seca sempre: Depois da lavagem da louça, é bom enxaguar bem a esponja em água corrente até parar de sair espuma. Retirada toda a espuma, é hora de torcer bem a esponja e guardá-la em local seco, de forma que permita escorrer o resto da água. • Sabão nunca: O recomendável é somente detergente na esponja e nunca sabão (líquido ou em pedra), pois esse tipo de produto não apresenta características bactericidas e pode levar germes para a esponja e, consequentemente, para as louças. • Fique atento às novidades: O mercado já disponibiliza esponjas com tecnologia que não permite a proliferação de bactérias. • Desinfecção diária: Para desinfetar as esponjas tradicionais, o que deve ser feito uma vez ao dia, o microbiologista cita três métodos acessíveis. O primeiro é lavar a esponja, embrulhar em um papel toalha, colocar em um pires e levar ao micro-ondas por um a dois minutos. Outra opção é lavar a esponja e deixá-la submersa em um recipiente com água fervendo por três minutos. O terceiro é imergir a esponja em uma solução de duas colheres de sopa de água sanitária mais 1 litro de água, por 10 minutos. A


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saúde

Amamentação A importância e os desafios do aleitamento materno. POR MIRELA BORGES

A maioria das pessoas já ouviu falar sobre a importância da amamentação natural. Mas, na prática, muitas ainda têm dúvidas sobre o assunto. Para se ter uma ideia, estima-se que ela possa evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos, em todo mundo. Porém, aqui no Brasil, em 2017, foi constatado que apenas 39% dos bebês brasileiros foram alimentados apenas com leite materno nos primeiros meses de vida, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Porém, em 2017, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, apenas 39% dos bebês brasileiros foram alimentados somente com leite materno nos 5 primeiros meses de vida. O leite materno é um alimento

completo. Isso significa que, até os seis meses, o bebê não precisa de nenhum outro nutriente (chá, suco, água ou outro leite). Ele é rico em anticorpos que protegem a criança de muitas doenças como diarreia, infecções respiratórias, alergias, diminui o risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade. No entanto, o aleitamento materno sozinho não é suficiente para evitas todas as doenças. Por isso, é fundamental uma correta vacinação do bebê. Se ele mama no peito, vai responder mais rapidamente ao efeito das vacinas, produzindo anticorpos. O ato de sugar o peito também é um excelente exercício para o desenvolvimento da face da criança, ajuda a ter dentes bonitos, desenvolver a fala e ter uma boa respiração.

Além dos benefícios para os filhos, a amamentação ajuda também as mães: rapidez na redução do peso após o parto e na recuperação do tamanho normal do útero, diminui o risco de hemorragia, anemia, diabetes e do desenvolvimento de câncer de mama e de ovário. DESAFIOS DA AMAMENTAÇÃO Apesar dos muitos benefícios, algumas mulheres têm problemas ao amamentar. Casos como rachadura no bico do seio, leite empedrado e as mamas inchadas e duras, que geralmente surgem nos primeiros dias após o parto, ou quando amamenta muito o bebê, são os mais comuns. “Desde a gestação eu sempre pensava: ‘vou amamentar no peito! ’ Era uma vontade enorme de ver meu filho ficar gordinho, saudável e forte com o leite

SEMANA MUNDIAL DE ALEITAMENTO MATERNO

Há 26 anos a Aliança Mundial para a Ação de Aleitamento Materno (WABA – World Alliance Breastfeeding Action) promove, no mundo todo, a Semana Mundial do Aleitamento Materno, com a finalidade de divulgar e promover a amamentação, evento que ocorre anualmente entre os dias 1 e 7 de agosto.

Foto: Thinkstock / Getty Images

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PRECONCEITO

Brasil é o país onde as mulheres mais são criticadas por amamentar em público, diz pesquisa realizada pela Lansinoh Laboratórios. Na outra ponta, dar de mamar em público é perfeitamente natural para 64% das mães e gestantes do nosso país

materno. Por isso fui a quatro palestras de amamentação. Queria aprender como cuidar dos seios para ter um aleitamento saudável e livre de problemas”, relata a auxiliar administrativa Graziele Gomes Gonçalves. Apesar das preocupações e cuidados, Graziele teve problemas durante a amamentação. “Meu filho nasceu no domingo e quando o leite desceu, meus seios ficaram igual a duas bolas de handebol, eles endureceram e pareciam pedras. Durante quinze dias tive febre e dores terríveis quando ia dar de mamar. Fui diagnosticada com mastite [inflamação nos seios pelo acúmulo de leite]”. Conta a auxiliar que, por causa dos problemas, pensou em desistir da amamentação “Eu só pensava: cadê aquele amor da amamentação? Cadê aquela foto de propaganda linda, que ‘mostra’ a maravilha de se dar o peito ao filho? Quase desisti! A doula que me acompanhou no parto ajudou e, com o tempo, os seios voltaram ao normal”. Outro caso, semelhante ao de Graziele, foi o da faxineira Selma Regina. “Quando minha filha mais nova nasceu, meu leite não queria sair para eu amamentá-la e por causa das sucções fortes que ela fazia na hora de mamar tive rachaduras nos bicos dos seios, o que me causava muita dor. Com o tempo foi melhorando. Apesar deste problema, a amamentação foi a experiência mais maravilhosa da minha vida”, comenta. PROBLEMAS DURANTE A AMAMENTAÇÃO Sobre as dificuldades que algumas mulheres sofrem na amamentação, a pediatra Tatiana Emília Ferreira explica: “É comum ter fissuras na ponta dos seios, que podem ser dolorosas e fazer com que o ato de amamentar se torne uma tortura. Isso acontece porque, logo nos primeiros dias do nascimento, os peitos estão 76

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cheios, o que pode causar distensões na pele e inchaço. Para amenizar esse problema, deve ser evitado o uso de produtos para a pele ou mesmo lavar o bico dos seios várias vezes por dia, além de ser recomendado passar o próprio leite para hidratar o local. Posicionar o filho de maneira que mãe e bebê fiquem confortáveis e fazer com que o pequeno tenha uma pegada de peito correta podem evitar as rachaduras”. Ela explica, ainda, alguns cuidados básicos que a mulher deve tomar ao amamentar como: “evitar bebidas alcoólicas, cigarros e drogas ilícitas, além de beber muita água. Tomar cuidado ao consumir alguns alimentos que podem causar gases ao bebê, especialmente se essas comidas já causavam antes um desconforto na mulher. Estes alimentos são: leguminosas, como feijões, grão de bico e lentilha; batata doce, brócolis, ovos, couve-flor, cebola e outros”. VACINAÇÃO E ALEITAMENTO MATERNO Algumas pessoas pregam que a amamentação substitui a vacinação. Sobre isso a Dr. Tatiana explica: “todas as crianças devem ser vacinadas, independentemente de serem ou não alimentadas com leite materno. A proteção transmitida pelo leite é diferente da produzida

pelas vacinas. A amamentação protege o bebê transferindo fatores imunológicos da mãe. Entre as doenças prevenidas pela amamentação estão as infecções gastrointestinais bacterianas. Além disso, o leite materno também diminui a agressividade do agente infeccioso. Já a vacina leva o bebê a criar anticorpos contra o agente imunizante, presente na vacina. Ou seja, cada vacina age contra uma doença especifica. Por isso, as duas formas de proteção devem ocorrer conjuntamente”. E alerta as mães: “Em caso de dúvidas, o melhor é conversar com o(a) pediatra e saber a real importância da vacinação contra tantas doenças virais, que matam ou deixam sequelas graves, se acometidas na criança.” SEMANA MUNDIAL DO ALEITAMENTO MATERNO Há 26 anos a Aliança Mundial para a Ação de Aleitamento Materno (WABA – World Alliance Breastfeeding Action) promove, no mundo todo, a Semana Mundial do Aleitamento Materno, com a finalidade de divulgar e promover a amamentação, evento que ocorre anualmente entre os dias 1 e 7 de agosto. Neste ano de 2018, o lema da Semana foi: “Aleitamento materno: pilar da vida”. E busca garantir que “em nosso mundo, cheio de desigualdade, crises e pobreza, a

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amamentação seja a base de uma boa saúde para toda a vida de bebês e mães”. 47% DAS MULHERES NO BRASIL SOFRERAM PRECONCEITO Estudo promovidos pelo Lansinoh Laboratórios, entre os meses de abril e maio de 2015, apontou um resultado positivo: dar de mamar em público é perfeitamente natural para 64% das mães e gestantes do nosso país – enquanto 16,2% consideram isso constrangedor e apenas 1,7% acham que é algo errado. Apesar dessas estatísticas, ainda há quem enxergue essa atitude com maus olhos, pois 47,5% das brasileiras relataram que já sofreram preconceito por amamentar em público, colocando o Brasil no topo entre os países que mais censuram a mulher durante esse momento que estreita o vínculo entre mãe e filho – a média global é de apenas 18,1%. Também fizeram parte da pesquisa França, Alemanha, Colômbia, México, Turquia, Canadá, Estados Unidos, Reino Unido e China – lugar em que as mamães menos são criticadas por alimentar seus bebês na frente de outras pessoas, com 9,7% das entrevistadas, mas também o país em que apenas 19% vêem esse ato como algo natural e onde 38,3% das mulheres nunca deram de mamar aos seus filhos publicamente. FAMOSAS SE POSICIONAM Para tentar quebrar esse tabu, muitas mães famosas já manifestaram seu apoio à amamentação, compartilhando fotos desse momento íntimo com seus filhos nas redes sociais. Mas será que ver uma imagem de uma celebridade amamentando serve de incentivo e faz com que as mulheres se sintam mais confiantes em oferecer o peito para os seus pequenos? No Brasil e na China a resposta é “sim”, com respectivamente 76,2% e 87,4% de entrevistadas dizendo que se sentiriam mais confortáveis para dar de mamar se mais famosas fossem vistas alimentando seus filhos. Entre os 10 países

que participaram do estudo, Shakira e Kate Middleton foram apontadas como as “celebridades mães” mais admiradas e respeitadas. No Brasil, os principais nomes citados foram os da apresentadora Ana Hickmann e da atriz Angelina Jolie. Em contrapartida, a maioria das mulheres na Colômbia, França, Alemanha e Estados Unidos indicaram que não se sentiriam influenciadas ao ver famosas amamentando. EXPERIÊNCIA PESSOAL Já repreendida por outra mulher, em um shopping, a arquiteta Karina Cavalcante, mãe de Íris, de 1 ano, disse que sempre amamentou a filha em público. “Eu não tinha pudor, embora as pessoas tenham”. Karina, que hoje trabalha com a confecção de slings (peças de tecido que transpassam o colo e as costas da mãe, facilitando o transporte da criança), é também doula (mulher que auxilia outra mulher durante a gravidez, o parto e o pós-parto) e participa de discussões sobre o aleitamento. “Sempre vejo relatos parecidos com o meu. Acho difícil uma solução, porque depende de como cada um foi educado, mas movimentos como o mamaço ajudam a fazer com que as pessoas vejam que a amamentação em local público é normal”, afirmou Karina, em recente entrevista a Agência Brasil. Na mesma entrevista, o publicitário Matheus Esperon também considera necessárias campanhas para valorizar a amamentação em si. Para o publicitário, a campanha deve ser voltada para as mães e também pensada para conscientizar os homens de que é algo completamente natural. “Fazer textão no Facebook – não tenho nada contra, pelo contrário – é legal e pode impactar, mas, definitivamente, não vai atingir uma parcela relevante de quem precisa. Talvez campanhas do governo sejam uma solução bacana”. “Pessoas que dizem que as mulheres deveriam se cobrir durante o ato de amamentar deveriam experimentar almoçar com um pano cobrindo a cabeça e o próprio prato, para ter um mínimo de noção do absurdo de uma sugestão dessas”, afirmou Esperon. A

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

AMAMENTAÇÃO EM PÚBLICO

Nádia Costa amamenta a filha Rafaela Costa. Segundo a revista médica britânica The Lancet, a cada ano, 820 mil vidas poderiam ser salvas com o aleitamento materno.

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meio ambiente

Sanjoanenses promovem ações para proteger a natureza Iniciativas locais visam proteger o meio ambiente e ampliar as áreas verdes do município. POR REINALDO BENEDETTI

São João da Boa Vista é privilegiada pela natureza exuberante. Quem chega por aqui é recepcionado pela Serra da Paulista, com suas curvas e verde que encantam. E em busca de garantir a preservação de toda esta riqueza, muitos sanjoanenses e até o Poder Público local desenvolvem ações que visam proteger o meio ambiente e ampliar as áreas verdes do município. PROJETO PLANTAR Um destes projetos é liderado pelo procurador do Estado, Marcos Cesar Pavani Parolin (foto abaixo). Trata-se de uma ONG, organização não governamental, criada em janeiro deste ano para difundir a importância do meio ambiente na

sociedade, por meio de diversas ações. Denominado de Projeto Plantar, seu principal foco não é o ativismo ambiental, mas sim uma ação de aprendizado através das árvores. Localizado na rua Luis Previero, no Jardim São Domingos, o projeto já possui diversos voluntários. “O Projeto Plantar é uma ONG diferente, primeiro porque não celebra ativismo ambiental, nem confrontação com quem quer que seja, mas visa um caminho de aprendizado baseado na assertividade das árvores. Segundo, porque não se vincula a nenhum segmento político, ideológico ou religioso, unindo pessoas pela simples motivação de gerar a vida e distribuir árvores para um mundo melhor, sob o princípio de total gratuidade”, explica Parolin, presidente da ONG. Ele conta que tudo surgiu quando revolveu

construir um viveiro de mudas para um projeto pessoal e individual. Porém, em pouco tempo, o projeto tornou-se algo coletivo e hoje abriga mais de sessenta voluntários. “Não se constroi um mundo melhor sozinho e todo crescimento individual implica uma vida de relacionamento com tudo o que nos rodeia”, acrescenta. Assim, Parolin e os demais voluntários começaram a produzir mudas de árvores para os diversos projetos da ONG. O primeiro deles é o de Educação Ambiental, focado para jovens do ensino fundamental e médio de escolas públicas. Com o propósito de educar cada cidadão para o convívio com o meio ambiente, a ONG formaliza convite às escolas para receber seus alunos para uma visita guiada, ocasião em que os jovens receberão as primeiras noções

Foto: Divulgação

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Foto: Divulgação

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A ONG incentiva que de alunos de escolas públicas e particulares da cidade visitem o viveiro de mudas, para receberem as primeiras noções sobre a preservação do meio ambiente .

sobre a preservação do meio ambiente e o respeito a todos os seres vivos do planeta. E durante as visitas guiadas, os alunos semearão árvores que se transformarão em mudas, as quais, posteriormente, serão doadas às próprias instituições de ensino ou plantadas em regime de mutirão, em locais apropriados. ADOTE UMA ÁRVORE Um segundo projeto da ONG é o chamado de “Adote uma árvore”, através do qual qualquer pessoa poderá receber mudas para plantio, gratuitamente. Mediante o preenchimento de um formulário simples, cada muda que sair

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do viveiro deverá alimentar um banco de dados que integrará o site do Projeto Plantar, podendo, através da página da ONG ser localizado o local onde cada árvore foi plantada. Quando atingir o máximo de sua capacidade, o viveiro do Projeto Plantar produzirá cerca de

dez mil mudas por ano, distribuídas em cerca de oitenta espécies de árvores nativas da flora brasileira, muitas das quais não são encontradas em viveiros municipais ou particulares. O terceiro projeto ocorrerá sempre ao final de cada ano, com o início das chuvas, quando as

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mudas excedentes no viveiro, ou seja, aquelas que já atingiram uma fase de desenvolvimento que requer imediato plantio, serão inseridas em locais mapeados pela ONG e plantadas em regime de mutirão. E tudo, ressalta Parolin, com a devida autorização do Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal. A ONG pretende plantar cem mil árvores em dez anos. Outra ação que o Projeto Plantar pretende desenvolver na cidade é o sombreamento urbano. De acordo com Parolin, essa ação será um trabalho de apoio ao Poder Público, em relação à legislação municipal do sombreamento urbano. “Nós vamos postular que sejam cumpridas as leis municipais referentes ao sombreamento urbano. Vamos tentar fazer isso de maneira mais proativa possível, pois temos um princípio de fraternidade e não de litigância. Mas, por exemplo, se a lei diz que em todo terreno edificado tem que ter uma arvore, nós vamos pedir que a lei seja cumprida. A ideia é melhorar as leis municipais que tratam do assunto”, explica. O presidente da ONG chama a atenção para o aquecimento do planeta e afirma que é preciso melhorar as condições climáticas na zona urbana. “Uma rua sombreada por árvores representa uma diminuição de temperatura de até 4 graus no local. Um dos objetivos, por exemplo, é

que se admita, num futuro breve, o plantio de árvores mais frondosas, ou mesmo de árvores frutíferas em zonas urbanas, como ocorre em outros municípios”. Por fim, o projeto mais ambicioso da ONG é o chamado “Araucária”. Através dele, os idealizadores e voluntários irão reimplantar uma espécie nativa do Brasil que é o Pinheiro Angustifolia, conhecida como Araucária. Segundo Marcos Parolin, no Estado de São Paulo a Araucária era encontrada em toda a extensão da Serra da Mantiqueira mas, atualmente, encontra-se extinta nesta região, possuindo poucos remanescentes, como em nichos específicos, como é o caso de Campos do Jordão e Santo Antonio do Pinhal. Em Minas Gerais, ela é vista na Região de Extrema, Monte Verde e também em Poços de Caldas. Assim, a ONG pretende plantar 50 mil Araucárias na região da Serra da Paulista. As árvores serão plantadas em áreas privadas e todos os proprietários de terras, nessas localidades, poderão participar do projeto e receber o maior número possível de mudas. ADOTE UMA MUDA Neste momento, o Projeto Plantar está focado na distribuição de mudas. De acordo com Parolin, o objetivo é distribuir cerca de 1.000 mudas neste período chuvoso, por meio da adoção.

“A pessoa preenche um formulário e ela adota uma árvore, assumindo um compromisso meramente ético de cuidar. Esta pessoa leva a muda para sua propriedade, seja ela uma chácara, sítio ou mesmo na área urbana”, explica. A ideia é que as mudas sejam entregues até o começo de janeiro, para que o Projeto Plantar comece o cronograma de 2019 com mais tempo para produzir novas mudas. “O nosso trabalho é de educação. Mais importante do que produzir mudas é fazer o caminho da conscientização. E tem que ser feito, não só com crianças, mas com todo mundo. É um trabalho de educação nossa, também. É simplesmente doar coisas boas para o mundo e deixar algo para quem vai ficar depois de nós”, complementa. COMO AJUDAR Interessados em serem voluntários podem entrar em contato pela página oficial da ONG no Facebook, através do www.facebook.com/adoteumaarvore ou pelo WhatsApp (19) 99737-4400. O presidente da ONG ressalta que por lá vigora o princípio da gratuidade, ou seja, ninguém contribui com nada a não ser com o seu trabalho ou, eventualmente, com algum insumo. “A gente não trabalha com dinheiro”, avisa. 20 ANOS DEDICADOS ÀS ÁRVORES O sanjoanense Juvenal Tarifa é outro cidadão preocupado com o futuro e com a natureza. Aos 76 anos, ele vem plantando árvores em sua propriedade localizada na Vila Valentim, desde que retornou da capital paulista, onde morou até os 60 anos. “Eu comecei a construir aqui, na nossa área, e sempre gostei de plantar árvores. E assim tudo começou”, confirma. >

MULTIRÕES DE PLANTIO

O grupo também organiza mutirões de plantio de mudas, como o projeto que pretende plantar 50 mil Araucárias na região da Serra da Paulista. As árvores serão plantadas em áreas privadas e todos os proprietários de terras, nessas localidades, poderão participar do projeto e receber o maior número possível de mudas.

Foto: Divulgação

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JUVENAL TARIFA

Ele já plantou mais de 140 espécies de árvores em uma área de 4.610 m², ao longo de uma trilha de 350 metros, à beira do Rio da Prata. Por lá existem dezenas de espécies frutíferas e também de árvores bastante raras, que já se encontram em extinção.

Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux

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Foto: Assessoria de Comunicação / Prefeitura de São João da Boa Vista

VIVEIRO MUNICIPAL

O local abriga mais de vinte e cinco mil mudas de quarenta espécies de árvores, que podem ser retiradas gratuitamente por moradores de São João da Boa Vista.

distribuídas cerca de cento e cinquenta mudas, sendo que as mais procuradas são as espécies Oiti e Mini-Flamboyant. “Aqui, quando a pessoa chega, eu já procuro orientá-la sobre a espécie adequada para arborização urbana. Se é do lado da rede elétrica é uma espécie, se é do outro lado pode ser de um porte maior. Temos um catálogo com todas as espécies do momento e um guia de plantio”, destaca.

Hoje, já são mais de 140 espécies de árvores plantadas em uma área de 4.610 m², ao longo de uma trilha de 350 metros, à beira do Rio da Prata. Por lá existem dezenas de espécies frutíferas e também de árvores bastante raras. As primeiras a serem plantadas, há quase 20 anos atrás, foram os Ficos. E dali em diante vieram os Ipês, o Jatobá, o Jacarandá Mimoso, o Abricó-de-macaco, entre tantos outros. E todas elas possuem a história afixada em um recipiente plástico, os quais ficam pregados nas próprias árvores. Outro detalhe é que cada uma delas homenageia uma pessoa, geralmente personalidades da cidade. Mas, uma em especial, tem todo o carinho especial de Juvenal Tarifa: a Paineira. Isso porque essa árvore, que foi plantada em 2.000, homenageia sua mãe, Dolores Valentim Tarifa. “Na chácara dela tinha uma Paineira e, quando fomos morar em São Paulo, cortaram a árvore. Quando ela veio passear na chácara, chorou quando não viu a árvore que, com suas painas, enchera tantos colchões e travesseiros confeccionados por ela. Ai plantei essa Paineira, como homenagem a ela. E, se Deus quiser, essa não vão cortar”, lembra emocionado. Casado com Conceição Dela Torre Tarifa, o casal recebe crianças e jovens de escolas de São João para passearem pela trilha e conhecer um pouco mais sobre as árvores e sua importância. E 86

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Juvenal Tarifa diz que está aberto a escolas para agendamento de novas visitas, sempre no intuito de promover a educação ambiental. Interessados em conhecer mais o trabalho desse sanjoanense podem entrar em contato pelo telefone (19) 3623-5510. PREFEITURA AUMENTA PRODUÇÃO DE MUDAS Mas não são somente os moradores que estão preocupados com arborização e recomposição da vegetação na cidade: a Prefeitura Municipal também está fazendo sua parte, ampliando a capacidade de produção de mudas no viveiro municipal. A produção de mudas para arborização urbana e recomposição de matas ciliares é a principal finalidade do viveiro municipal, situado em uma área de 20 mil m², no bairro Colinas da Mantiqueira. O local abriga mais de vinte e cinco mil mudas de quarenta espécies de árvores, que podem ser retiradas gratuitamente por moradores de São João da Boa Vista. Para solicitação, é necessário indicar o lugar da cidade, zona urbana ou rural, em que será feito o plantio. Segundo o técnico agropecuário, Willian Feldberg Karp, pós-graduado em gestão ambiental, a meta é fazer com que o Viveiro Municipal aumente a quantidade de produção de mudas para distribuição. O auxiliar administrativo, Júlio César Alvarenga, esclarece que, mensalmente, são

SÃO JOÃO MAIS VERDE A Prefeitura, por meio do Programa Ambiental São João Mais Verde, foi beneficiada com R$ 2,15 milhões provenientes do Fundo de Interesses Difusos (FID) do Governo do Estado, para desenvolver ações ambientais no município. Deste montante, R$ 151 mil foram destinados para a revitalização do Viveiro Municipal. “A parte financeira envolve a reforma, aquisição de equipamentos, aquisição de novas sementes que a gente não tinha na região e a câmara fria para armazenamento de sementes”, diz o diretor de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento, João Gabriel de Paula Consentino. Nos últimos cinco anos, de acordo com o diretor, já foram plantadas mais de vinte e cinco mil mudas. A meta é chegar a quarenta mil mudas plantadas em áreas da Prefeitura. REFLORESTAMENTO E MATA CILIAR A Prefeitura finalizou o plantio de espécies nativas nas imediações do Jardim Hortências, próximo às margens do Rio Jaguari Mirim. Já na região do Parque dos Resedás, o trabalho começou a ser realizado. Ao todo são sete mil mudas nativas, plantadas em locais definidos, como Áreas de Proteção Permanente (APP). Também serão realizados plantios ao longo do Córrego São João, bairros Colinas da Mantiqueira, Jardim Canadá, São Domingos e Solário da Mantiqueira, bem como em outras regiões da cidade. A


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cultura

De ateliê a Casa da Arte A evolução do espaço cultural, em Águas da Prata, que atrai visitantes com eventos de artes. POR MIRELA BORGES

Da necessidade de criar um local para trocar experiências e compartilhar trabalhos artísticos com outras pessoas surgiu, há pouco mais de um ano, o centro cultural Casa da Arte. A ideia do projeto nasceu da vontade da artista visual e designer de joias, Carolina Araújo, de ampliar seu ateliê e realizar os projetos pessoais. “Este centro cultural é também a minha casa, onde posso trabalhar em minhas artes”, explica a idealizadora do projeto. O desenvolvimento do espaço, que também funciona como hospedaria e restaurante, está em construção. Porém, Carolina fala dos momentos de que se orgulha. “Todo o processo tem sido curioso e marcante! Temos recebido, desde o início, o retorno positivo das pessoas, que falam a respeito da importância de se ter um local

como a Casa da Arte e sobre os contatos feitos com pessoas, aqui. O estímulo que recebem artisticamente sempre é ressaltado pelos frequentadores da Casa. É muito gratificante saber que estamos contribuindo para o desenvolvimento social e cultural dessas pessoas”. Entre os eventos que são realizados, no local, estão venda de garagem; manifestos de arte; venda de produtos locais, bazares; festivais de dança; além de oficinas e workshops. As ações do projeto ocorrem periodicamente. “Não temos datas fixadas. Os eventos não são regulares. Alguns já se repetiram, mas não há datas fechadas. Por exemplo, ‘vendas de garagem’ já foram realizadas quatro vezes. O ‘arte educa’, duas vezes. No ano passado, tivemos o ‘manifesto arte’, e queremos repeti-lo este ano. Lançamos os eventos na página da Casa no Facebook (www. facebook.com/casadaartehospedariacafe).

Divulgamos lá, também, os eventos que estamos promovendo fora do projeto”, explica Carolina. EVENTOS E PERCAUSOS O jornalista que trabalha como produtor, fotógrafo e divulgador de eventos na Casa da Arte, Márcio Custódio, conta sobre imprevistos que ocorreram durante o tempo de funcionamento do local. “Como os eventos são realizados a céu aberto, ficamos a mercê do tempo. E já tivemos dias, em vésperas de eventos, com um dilúvio de chuva, deixando em dúvida a realização do mesmo, com a meteorologia indicando chuva no dia do evento. E por muita sorte, o céu surgiu limpo, com muito sol. Isso já aconteceu algumas vezes. Nós até achamos, hoje em dia, que isso já significa muita sorte para as ações da Casa”. Márcio já trabalhou na área do jornalismo, porém afirma que se identificou

Foto: Divulgação

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Foto: Divulgação

ARTE E CULTURA

O espaço cultural trabalha com a elaboração de palestras e oficinas, com a temática ligada a vários segmentos da arte e da cultura. “É muito gratificante saber que estamos contribuindo para o desenvolvimento social e cultural dessas pessoas”, explica Carolina Araújo.

com as ações proporcionadas pelo centro cultural. “Sempre gostei de trabalhar com eventos em geral. Além de gostar muito da parte cultural, motivo que mais me atraiu, despertou em mim a vontade para abrirmos este espaço. Com os eventos, começamos a conhecer mais pessoas da área cultural na nossa região e os trabalhos delas têm sido uma ótima experiência de trocas de informações”. A TROCA DE EXPERIÊNCIAS E O CONTATO ARTÍSTICO A sócia-proprietária da Apiflora Biossistemas Agrícolas e proprietária da Artemísia Produtos Terapêuticos, Sandra Renata de Paulo, juntamente com o companheiro, o engenheiro agrônomo e também sócio proprietário na Apiflora, Leandro Lyra Massoli, frequentam o centro cultural desde o início das atividades. Sandra comenta sobre a experiência proporcionada pelo local. “Está sendo muito boa, eles são muito criativos. A cada evento tem novidades e pessoas novas estão sempre che-

gando. E isto é ótimo para criar contatos”. Sandra conta o que mais a atrai na Casa da Arte. “Além da grande diversidade de pessoas que frequentam o espaço, a Carol sempre consegue trazer músicos excelentes. O mais marcante foi, sem dúvidas, o Bruno Lllya, tocando handpan. Além das dinâmicas muito inteligentes, que sempre são feitas para as crianças”. O músico, compositor e locutor, que tem uma oficina de robôs de sucata, Raphael Zarella, frequenta a Casa da Arte desde que se mudou para Águas da Prata, há mais de um ano. “Quando me

mudei para a cidade, me tornei vizinho do local onde acontecem os eventos, e por meio de amigos em comum eu conheci a desenvolvedora do projeto. A partir daquele momento, comecei a participar das ações”, conta. Raphael tem dois filhos, e sempre que surge a oportunidade ele participa das ações do centro cultura. Como afirma, “é muito especial fazer eventos naquele lugar. As festas são, sempre, muito gostosas. Eu já participei dos eventos tocando e também com minha oficina”. Sobre o projeto que desenvolve, ele explica que reutilizando brinquedos quebrados, cabeças de bonecos, latas, parafusos, fios velhos, bolinhas de gude, tocos de madeira e diversos materiais que podem ser encontrados largados e sem uso, damos asas à imaginação e juntos construímos um robô ou um boneco de sucata. “As crianças colocam a mão na massa, reciclando, recriando e dando vida ao que poderia ser chamado de lixo”. A

INCENTIVO A CRIATIVIDADE

Raphael explica que “A oficina de bonecos e brinquedos com sucata é voltada para crianças a partir de dois anos de idade, e com grupos de até 15 crianças”. Ela utiliza brinquedos quebrados, cabeças de bonecos, latas, parafusos, fios velhos, etc, para criar novos brinquedos.

Foto: Divulgação

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cultura

Tocko Michelazzo, um sanjoanense no Prêmio Bibi Ferreira O sanjoanense recebeu novamente o prêmio, na categoria Melhor Desenho de Som. POR DANIELA PRADO

A cerimônia que revelou os ganhadores da 6ª edição do Prêmio Bibi Ferreira ocorreu em setembro, no Teatro Renault, em São Paulo, capital. Trata-se de um prêmio de grande relevância, senão o mais importante do teatro musical no Brasil e recebe esse nome em homenagem à atriz Bibi Ferreira, considerada ‘a grande dama do teatro musical brasileiro’. Em 2018, o sanjoanense Tocko Michelazzo recebeu novamente o prêmio, na categoria Melhor Desenho de Som, pelo musical Cantando na Chuva. Tocko é sound designer, profissão que engloba o projeto de som, rider (lista de equipamentos), alinhamento do sistema de som, equalização de orquestra e microfones, criação de efeitos e ambiências e programação de mesas digitais. Contudo, a experiência de conquistar um Bibi Ferreira não é inédita na vida do sanjoanense. Em 2017, Tocko já havia ganho o prêmio, pelo trabalho realizado no musical My Fair Lady. “É muito gratificante o reconhecimento, em particular esse ano, com o Cantando na Chuva, pois misturava duas coisas que não combinam - microfone e água. Contei com a ajuda da Lia Figueiredo como técnica de microfones, que me dava todo suporte no palco e cuidava dos atores e microfones”, comenta ele, entusiasmado.

Lia Figueiredo é esposa de Tocko e também atua na área da música, tanto para auxiliá-lo como em sua carreira de cantora profissional. “O Prêmio Bibi Ferreira é uma premiação que visa o reconhecimento dos profissionais da área de musicais brasileiros. Essa foi a 6ª edição do Prêmio, que conta com várias categorias, desde atores e diretores até a área técnica, desenho de som, luz, cenário, entre outros”, enfatiza o premiado. COMO A HISTÓRIA COMEÇOU Tocko Michelazzo começou na carreira do áudio há 18 anos, fazendo um curso (de áudio) no IAV - Instituto de Áudio e Vídeo, na capital paulista, e o dono lhe ofereceu uma oportunidade de trabalhar

com musicais. “Meu primeiro musical foi Victor ou Victória, com Marília Pêra, Léo Jaime, Daniel Boaventura e outros. Dali fui convidado para ir para o Teatro Renault, na época Teatro Abril, onde fui chefe do departamento de som por nove anos. Participei das montagens de A Bela e a Fera, Fantasma da Ópera, Miss Saigon, Cats, Mamma Mia, entre outros”, conta ele. Em 2011, Tocko saiu do Teatro Renault e iniciou sua carreira como sound designer, no musical Cabaret, com Cláudia Raia, para quem o sanjoanense assinou trabalhos como Crazy for You, Raia 30 anos, Chaplin e Cantando na Chuva. “Alguns outros musicais que assinei foram My fair Lady, Gabriela, Hebe, Alegria

PREMIAÇÃO

Neste ano, o sanjoanense Tocko Michelazzo recebeu novamente o Prêmio Bibi Ferreira, na categoria Melhor Desenho de Som, pelo musical Cantando na Chuva. Em 2017, Tocko já havia ganho o prêmio, pelo trabalho realizado no musical My Fair Lady.

Foto: Arquivo pessoal

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Foto: Divulgação

MAIOR DESAFIO

Para as duas cenas imperdíveis do musical em que, graças a sistema tecnológico trazido de Londres, chove de verdade no palco, foi preciso fazer uma série de adaptações nas roupas, transformando-as em impermeáveis. A cena tradicional em que Don Lockwood,o personagem de Jarbas Homem de Mello canta na chuva, seu terno, que passou por tratamento impermeabilizante, não se ensopa. Completam o figurino 70 perucas.

Alegria, A Pequena Sereia e alguns outros”, cita. Tocko esclarece que, quando se fala em desenho de som, sempre é algo pensado em conjunto com a Direção Artística e Musical do espetáculo. “Cantando na Chuva é um musical antigo, mas eu queria dar uma sonori-

dade mais atual, então criei um sistema de Surround e efeitos que envolviam a plateia e trazia o expectador para dentro das cenas. O maior desafio foi combinar a chuva [10 mil litros de água por sessão] com o microfone sem fio do Jarbas Homem de Melo. Ele fazia um número

inteiro embaixo d’água, cantando e sapateando. Foram muitos testes de marca e posicionamento de microfones para conseguirmos o resultado ideal. E foi gratificante”, define. E acentua que o sucesso deste trabalho, em grande parte, deve-se também à participação da Lia Figueiredo como técnica de microfones, o que dava a Tocko todo suporte, cuidando para que os microfones se mantivessem secos durante as 2h40’ de espetáculo. A

Bibi Ferreira, a primeira-dama do teatro Abigail Izquierdo Ferreira, ou simplesmente Bibi Ferreira é atriz, cantora. diretora teatral e compositora. Filha do ator Procópio Ferreira com a bailarina argentina Aída Izquierdo, desde cedo teve contato com os palcos e espetáculos, o que inevitavelmente a levou para a vida artística – sua estreia no palco se deu aos 24 dias de vida, substituindo uma boneca que desapareceu dos contra regras. De lá para cá, foram muitos os musicais estrelados por ela, como Brasileiro, Profissão: Esperança, My Fair Lady, Piaf, Roque Santeiro, Carmem, Bibi in Concert, só para citar alguns. Considerada um dos maiores expoentes do teatro musical brasileiro, Bibi contabiliza mais de 75 anos de uma carreira que fala por si. No mês de setembro deste ano, Bibi anunciou – através de uma rede social - seu afastamento definitivo dos palcos. “Nunca pensei em parar. Essa palavra nunca fez parte do meu vocabulário, mas entender a vida é ser inteligente. Fui muito feliz com minha carreira. Me orgulho muito de tudo que fiz. Obrigada a todos que de alguma forma estiveram comigo, a todos que me assistiram, a todos que me acompanharam por anos e anos. Muito obrigada!”, escreveu.

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Foto: Reprodução Internet

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ponto de vista

Cachorro com linguiça Na eventualidade do cão ser bem comportado e indiferente à linguiça, ele pode, quando preso, sofrer ataque de vira-latas famintos. POR MARCELO PIRAJÁ SGUASSÁBIA

Ninguém aguenta mais tanta carestia, onde é que esse mundo vai parar? O preço da linguiça está pela hora da morte, e daqui a pouco não teremos mais como amarrar nossos cachorros. A guia da Lilica, que chegou a ter 15 gomos no tempo das vacas gordas, diminuiu para 12, depois para 10 e agora está com 7 míseros nacos de linguiça toscana. Não demora muito e terei que andar curvado quando for levá-la para passear! Aí, no futuro, sei que vocês usam essa expressão “do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça” quando querem se referir a uma época de bonança e fartura sem fim, em que todo mundo confiava em todo mundo, em que não havia maldade entre as pessoas, em que tudo era bom, fresquinho e a preço de banana - inclusive a banana, que no futuro eu estou sabendo que custa os olhos da cara. Mas, por favor, não diminuam o nosso infortúnio, dizendo que aqui nesse retrógrado passado era tudo maravilhoso.

Não era. Quer dizer, não é, porque eu ainda vivo aqui e falo com conhecimento de causa. Fora que o uso veterinário desse embutido seboso pode trazer funestas consequências para a saúde dos animais. Loucos por linguiça, não são poucos os casos de canjiquinha, ou neurocisticercose, acometendo os cães quando da ingestão da carne de porco crua. Na eventualidade do cão ser bem comportado e indiferente à linguiça, ele pode, quando preso, sofrer ataque de vira-latas famintos, que se regalam com a iguaria ao mesmo tempo em que libertam o totozinho para os perigos da rua. Não é exagero dizer que o hábito, tido como nostálgico por vocês, é na realidade causa de transtornos sociais para nós. Assim, peço que parem de afirmar asneiras, chamando de bom e saudoso um contexto tão problemático e cheio de perigos, tanto para os cachorros quanto para seus donos. Aproveito para deixar sugestões que substituam a expressão por outras com o mesmo sentido, porém menos mentirosas: “Bons tempos em que só a pedra era lascada”, por exemplo. A Foto: Reprodução Internet

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olhares - Wenderson Maldonado / Fritz Fotografia

INTERNA MATA EM NÓS Ao visitar os templos naturais Nos deparamos com altares celestiais Repletos de luz divina, beleza e paz Despertando o desejo de assim nos tornarmos iguais Vivendo a imagem verdadeira, harmônica e perfeita da natureza, interna da mata, para sempre em nós (Rita Teixeira) 98

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