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sumário da edição
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A Revista Atua, ano 11, número 42 (abril de 2019), é uma publicação quadrimestral sem fins lucrativos da ACE - Associação Comercial e Empresarial de São João da Boa Vista (SP). Sua distribuição é gratuita, não podendo ser comercializada. Colaborações e matérias assinadas são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores, não representando necessariamente a opinião dessa publicação. Tiragem: 3 mil exemplares Presidente Candido Alex Pandini Diretora responsável Angela Bonfante Cabrelon Gerente Raphael de Padua Medeiros Jornalista responsável Franco Junior - Mtb. 81.193 - SP Jornalistas Ana Laura Moretto Daniela Prado Pedrinho Souza Revisão Ana Lúcia Finazzi - analuciafinazzi@uol.com.br
Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux
MATÉRIA DE CAPA
Comercial Adrielli Souza - comercial@acesaojoao.com.br
034 O vulcão de Poços e sua importância
Publicidades Alexandre Pelegrino - alexandre@acesaojoao.com.br
Serras, terras ricamente férteis e paisagens exuberantes são abundantes em nossa região. O que muitos não sabem é que tudo isso é resultado de um vulcão extinto, em cujo centro situa–se hoje a cidade de Poços de Caldas. A foto de capa é da Fonte do Padre, em Águas da Prata, que foi revitalizada pelo projeto desenvolvido pela Associação dos Amigos do Caminho da Fé e custeado pela Fundação Banco do Brasil. O projeto arquitetônico é de autoria de Antonio Carlos Lorette. A composição da foto sintetiza toda questão envolvida com o vulcão: natureza, paisagem, águas termais e, também, a intervenção do homem nesse ambiente.
Como o solo do complexo alcalino de Poços de Caldas e uma família de empreendedores, transformou uma cidade tradicionalmente cafeeira em uma produtora de um dos melhores vinhos do mundo.
OUTROS DESTAQUES: 006
moda & beleza
058
história
028 050
empreendedores
066 088
receitas
viagem e lazer
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cultura
Fotos Leonardo Beraldo / Cromalux - www.cromalux.net Produção e direção de arte Adriana Torati e Renata Maniassi Alunos de jornalismo Andressa Souza Giovanna Moura Luana Zuin Marina Borges Mirela Borges Professores orientadores José Dias Paschoal Neto Ana Paula O. Malheiros Romeiro Maria Isabel Braga Souza
042 O vinho na terra do café
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Projeto gráfico Mateus Ferrari Ananias - mateus@acesaojoao.com.br
Erramos Em nossa última edição, na matéria intitulada Otávio Bastos: o semeador da educação, incluímos a informação de que Otávio Bastos teve ligação com a compra do antigo Colégio Santo André, de propriedade das Irmãs Andrelinas. Na realidade, o prédio foi desapropriado pelo prefeito Oscar Pirajá Martins e, o motivo da iniciativa, foi barrar o projeto de transformar o local em hospital psiquiátrico, idealizado por um grupo de médicos locais captaneados por Alfredo Valim. Agradecemos a correção indicada por Antônio Celestino Neto, presidente da Câmara Municipal de 1977 a 1979.
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moda & beleza
T-shirts como plataforma para expressão As camisetas com frases se tornaram a principal forma de exteriorizar a rebeldia na moda. POR GIOVANNA MOURA
Katharine Hamnett é o nome da estilista britânica que fez uma revolução através da moda nos anos 1980, com a criação das slogan t-shirts. Dona de um estilo casual-chique, ela mostrou ao mundo que ética, elegância e sustentabilidade podiam ser a combinação perfeita para se estar na moda. No war, Blair out (Não à guerra, fora Blair), Choose life (Escolha a vida) e Clean up or die (Desintoxique-se ou morra) foram algumas das mensagens sociopolíticas que inspiraram Katharine. E nada de crepe georgette em seda pura. As camisetas eram brancas, básicas e traziam em seus dizeres frases de efeito escritas em pesadas letras pretas. Em 1984 ela conheceu a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, vestindo uma de suas criações. “Finalmente! Algo original” foi o que disse a primeira-ministra ao vê-la com uma camiseta que trazia uma mensagem antimíssil. Os slogans estampados nas t-shirts tinham o intuito de causar
uma certa reflexão em quem os lia. A necessidade de dizer ao mundo aquilo em que se acredita, através da moda, ganhou espaço nas vitrines, e hoje é difícil encontrar alguém que não tenha uma peça assim em seu guarda-roupa. As slogan t-shirts vestiram, revestiram, inventaram e se reinventaram ao estilo de cada um. Atualmente elas trazem não somente pensamentos ativistas como os de Katharine, mas também frases de músicas, trechos de livros, séries, filmes e o que mais o tecido e a imaginação permitirem. Por exemplo: você pode sair na rua hoje e encontrar alguém vestindo uma camiseta com uma frase do Chico Buarque. Caminhe mais um pouco e poderá encontrar outra pessoa voltando da academia e carregando em sua estampa uma frase motivacional que remete à saúde do corpo. Já na outra esquina, há alguém dizendo, através do tecido, que é feminista ou então fã do Super-Homem ou do seriado Friends. Ou seja, tudo pode virar moda para representar um pouco do > que nós somos. Foto: Reprodução Internet
SLOGAN T-SHIRT
Uma das empresas mais famosas desse segmento é a Peita, que nasceu pelas mãos da designer Karina Gallon em Curitiba, na Marcha das Vadias de 2017, em forma de camisetas, lambes e cartazes com o dizer Lute como uma garota.
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Foto: Reprodução Internet
LUTE COMO UMA GAROTA Uma das empresas mais famosas desse segmento é a Peita, que nasceu em Curitiba, na Marcha das Vadias de 2017, em forma de camisetas, lambes e cartazes com o dizer Lute como uma garota. Pouco mais de um ano depois do início do projeto, a marca desenvolveu parcerias com ONGs comprometidas com causas sociais, principalmente as envolvidas com feminismo e direitos da mulher. “Não vendemos feminismo, somos feministas que vendem camisetas”. A frase é da designer e proprietária da Peita, Karina Gallon. “Nosso posicionamento é bem claro. Tanto no mundo online como offline. Venderíamos feminismo se apenas comercializássemos as camisetas sem mostrar quem são essas mulheres e de que lutas estamos falando”. A marca-protesto, que comercializa peitas com dizeres polêmicos, ganhou o Brasil com a frase Lute como uma garota. Gal Costa, Manuela D’Ávila, Aíla, entre outras, divulgaram fotos suas com a camiseta. O projeto ainda abraça causas sociais com a co-criação de manifestos. Um exemplo é a parceria com o Criativos pelo Haiti, que mobiliza voluntários para desenvolver atividades de cunho humanitário no devastado país da América Central, e os dizeres Você importa pra mim, também na versão em crioulo haitiano: Ou enpotan pou mwen.
IDENTIDADE E EXPRESSÃO Beatriz Anadão é assistente de marketing e trabalha com publicidade da moda. Para ela, esse tipo de camiseta é a primeira coisa que as pessoas reparam. “É como se fosse uma propaganda alternativa sobre você mesmo. Elas reafirmam o seu pensamento e dizem aos outros: Eu sou assim!”. Beatriz completa
Foto: Reprodução Internet
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dizendo que quem veste uma slogan t-shirt deve sempre estar aberto ao diálogo. “Acho que vale lembrar que é preciso estar atento com a mensagem que se passa ao gritar seus ideais dessa maneira. Vejo nesse tipo de camiseta uma ferramenta muito forte para falar de si”. A moda é uma plataforma de expressão e expansão do nosso pensamento. A estilista Tammy Cassiano acredita que a maneira como nos vestidos é como desejamos ser vistos pelo mundo. “Não queremos passar despercebidos e temos a necessidade de sempre pertencer a algum grupo, entende? Somos vitrines de nós mesmos, o que está por fora reflete o que está por dentro”, afirma a estilista. Vestir aquilo que somos e poder ver aquilo que o outro é possibilitou essa conexão entre as pessoas, através das camisetas. Ellen Souza é estudante de publicidade e propaganda, além de ser fã das t-shirts. “Quando você vê alguém na rua com uma camiseta sobre algo que você se identifica, é como se você já fosse amigo daquela pessoa, automaticamente vocês já criam um assunto, pois sabem que têm algo em comum”, finaliza. A
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comportamento
Masculinidade tóxica: como o machismo afeta os homens Certos comportamentos e estereótipos podem prejudicar homens na saúde e nos relacionamentos. Imagens: Reprodução Internet
POR LUANA ZUIN
Não chore. Não brinque com boneca. Seja forte. Não cruze as pernas. Não use rosa. Não cumprimente outros homens com beijo no rosto. Que homem nunca ouviu alguma dessas frases em algum momento da vida? Esses são apenas alguns exemplos oriundos da masculinidade tóxica. DEFINIÇÃO A masculinidade tóxica pode ser definida como características e comportamentos que a sociedade atribui de maneira estereotipada ao sexo masculino, sendo estas nocivas ou restritivas aos próprios homens ou às pessoas que estão ao seu redor. É uma espécie de “receita cultural” de como um menino e um homem devem ser, agir, sentir e falar — e esse código de conduta que rege o comportamento masculino é combustível histórico do machismo. De acordo com a professora do curso de Psicologia da UNIFAE, Betânia Alves Veiga Dell’Agli, a masculinidade tóxica é um padrão que foi construído historicamente. “Essa questão de os homens terem que manter esses padrões comportamentais de ser o forte, de não chorar, de não mostrar sua sensibilidade ou suas emoções, foi algo instituído para o papel de homem ao longo da história”, explica. Em 2016, a pesquisa Eles Por Elas, feita pela ONU Mulheres e viabilizada pelo Grupo Boticário, percorreu três estados brasileiros, entrevistou 20 mil pessoas — entre especialistas, institutos, pessoas, empresas e grupos de discussão — e ajudou a jogar um pouco de luz à questão. Os estereótipos masculinos causam dificuldades para os homens: 66,5% deles não conversam com os amigos sobre medos e sentimentos, outros 45% não gostam de se sentir responsáveis pelo sustento financeiro da casa e 45,5% gostariam de se expressar de modo menos duro ou agressivo. SITUAÇÃO GRAVE A Profa. Dra. Betânia explica como a restrição de se expressar ou demonstrar sentimentos, instituída aos homens, pode afetar as relações interpessoais. “Impede-o de lidar de uma forma adequada com seus sentimentos e também interfere na relação com o outro, porque se ele não pode se > 10
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Imagens: Reprodução Internet
expressar, o outro não consegue entender o que ele pensa”, explica. Além disso, a masculinidade tóxica também pode afetar a saúde física dos homens – um exemplo são os que deixam de realizar o exame do toque retal por medo ou vergonha. O resultado são homens com emocionalidade restrita, sufocados, que acabam por adoecer e morrer, ou se autodestruir, mais cedo. No Brasil, a expectativa de vida dos homens está sete anos abaixo das mulheres. A Associação Norte Americana de Psicologia estima que 80% dos homens nos EUA sofrem de Alexitimia, uma condição caracterizada pela dificuldade em identificar e expressar os próprios sentimentos. No Brasil não há dados do tipo, mas acredita-se que os números são semelhantes. MUDANÇA DE COMPORTAMENTO O estudante Edson Abel, 44, relata que desde a infância ouve frases restritivas como as citadas no começo do texto. “Essa coisa de ‘homem não chora’ ouvi a vida inteira. Eu fui chorar na frente do meu pai com 42 anos, quando me separei. Até então, ele nunca tinha me visto chorar e eu também nunca o vi chorar. Já o meu filho, vi chorando várias vezes, o que eu considero bom”, relata. Edson conta que, quando adolescente, sentia uma pressão maior para se encaixar nesses estereótipos masculinos, o que foi mudando com a idade. Desde um brinco que deixou de colocar por medo do que o pai ia achar ou não compartilhar com os amigos homens as poesias que escrevia, para não ser julgado como “delicado”, até coisas mais banais: “Eu não usava rosa, porque era ‘cor de mulher’. Hoje, acho isso bobeira. Tenho camisa rosa, acho bacana”, conta. Edson considera que seu filho vive hoje numa sociedade mais livre do que aquela em que ele viveu, já que assuntos desse tipo estão sendo discutidos e alguns padrões estão sendo quebrados. Um exemplo é o estudante Vinícius Gandra de Souza, 20, o qual conta que acha desnecessários esses padrões: “Acho ridículo. Ninguém deixa de ser homem porque chora”, 12
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afirma. Vinícius diz que alguns de seus amigos também pensam como ele, mas ainda existem alguns que ele considera machistas: “Com eles, eu não converso sobre sentimentos ou vida pessoal. Eu também ainda sou um pouco machista, porque fui criado numa cultura machista, mas tento melhorar”, conta. Para a mudança desses comportamentos que afetam a vida do homem e, consequentemente aqueles ao seu redor, a Profa. Dra. Betânia acredita que o caminho é o diálogo e a discussão do tema, além de “a questão da própria educação, porque, por mais que a sociedade esteja mudando e a mulher cobrando uma posição diferente do homem, ela tem criado seus filhos da mesma maneira. Então, para mudar, é preciso colocar o tema em debate e, aos poucos, ir modificando a forma da educação dos filhos”, finaliza. A
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esportes
O fenômeno crossfit A modalidade virou febre mundial pela eficácia, mas são necessários cuidados para evitar lesões. POR PEDRINHO SOUZA
É difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar do crossfit. A modalidade virou febre em toda parte do mundo e explodiu entre os fãs de academia que buscam um corpo mais definido. O crossfit tem o objetivo de melhorar o condicionamento físico de pessoas de diferentes faixas etárias, de sedentários a atletas profissionais. O esporte tem despertado a curiosidade e interesse de investidores e atletas, tanto pela metodologia eficaz de exercício, quanto pelo modelo de negócio.
atualmente existem mais de 10 mil academias afiliadas pela CrossFit Inc., em mais de 97 países. Não existe um motivo específico que justifique essa explosão de popularidade que o crossfit teve nos últimos 10 anos, mas segundo os próprios praticantes, o que mais o diferencia de outras modalidades é a quebra da monotonia com os WODs (Workout of the Day), espírito de trabalho em equipe e maior intensidade dos treinos, o que gera resultados mais
ORIGEM O crossfit teve sua origem em meados da década de 90, na California, quando um ex-ginasta chamado Greg Glassman começou a desenvolver um novo método de treinamento composto por exercícios funcionais, de alta intensidade e com foco em desenvolver o condicionamento físico de uma forma geral, sem focar apenas na especialização de uma determinada habilidade, como acontece nos treinos tradicionais. Glassman foi o treinador do Departamento de Polícia de Santa Cruz e abriu sua primeira academia em 1995, mas a marca crossfit só foi oficialmente estabelecida em 2000. Desde então, várias academias começaram a surgir nos Estados Unidos (em 2005 já eram 13) e
CROSSFIT
A modalidade une exercícios de levantamento de peso, ginástica olímpica, cordas, pneus, elásticos e atividades feitas com o peso do próprio corpo. A aula de crossfit tem, em média, duração de uma hora, onde se trabalha mobilidade, aquecimento, técnica e Work Out of the Day (WOD – que é o treino do dia).
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rápidos e ajuda a manter os praticantes motivados, uma vez que eles são desafiados a cada treino. O QUE É CROSSFIT? O crossfit é uma metodologia de condicionamento físico criada nos movimentos funcionais, nos movimentos constantemente variados e nos movimentos de alta intensidade. Para quem não se adapta à rotina da musculação (pesos, esteira e bicicleta), pode ser uma atividaFoto: Leonardo Beraldo / Cromalux
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de estimulante. Porém, antes de iniciar, é recomendado passar por uma avaliação médica e a de um profissional de educação física. A modalidade une exercícios de levantamento de peso, ginástica olímpica, cordas, pneus, elásticos e atividades feitas com o peso do próprio corpo. A aula de crossfit tem, em média, duração de uma hora, onde se trabalha mobilidade, aquecimento, técnica e Work Out of the Day (WOD – que é o treino do dia). A FEBRE DO CROSSFIT Guilherme Ferreira Neto, 27, é coach level 01, e proprietário do CrossFit São João da Boa Vista. Segundo ele, o crossfit causou uma revolução no mundo fitness, especialmente, por conta da proposta de desenvolver o condicionamento físico por completo. Esse tipo de treinamento visa a performance e não a estética, melhora todos os índices de saúde. Desta forma, a metodologia do crossfit é, comprovadamente, a forma mais rápida de ganhar condicionamento físico. Pois, por exemplo, para correr mais rápido, você precisa perder gordura corporal, para levantar mais peso, precisa de mais músculos.
RISCO DE LESÃO O crossfit foi taxado por causar uma alta taxa de lesões entre os participantes. Mas será que realmente há uma maior incidência de lesão, quando comparado a outros esportes? Não existem muitas publicações científicas sobre o assunto e, além disso, há muita dificuldade em definir “o que é lesão” nos artigos científicos. Para alguns autores, lesão é qualquer tipo de dor, enquanto para outros, é somente quando há necessidade de interrupção e cuidados médicos. Essa falta de consenso dificulta muito analisar os números descritos nos artigos. Dados recentes parecem dissipar o equívoco das maiores taxas de lesão. Um estudo recente avaliou a incidência de lesão em 1000 horas de prática esportiva, em diferentes modalidades. Diversos esportes do nosso dia a dia, como futebol, basquete e corrida, tiveram taxas bem mais altas que o crossfit, o qual teve a incidência de 2,4 e 3,1 por 1000 horas de exposição para os atletas inexperientes, em dois estudos separados. Outro estudo, na mesma linha, também apresentou os esportes de contato, como futebol, bas-
quete, lutas e futebol americano, como os líderes nas taxas de lesões. O QUE DIZEM OS MÉDICOS O médico ortopedista José Luiz Nello Rossi, explica que como todo exercício físico, o crossfit não está isento de riscos de lesões, mas deve-se considerar que os benefícios são muito maiores. Ele explica que “o lugar mais perigoso é o sofá da casa, o sedentarismo”. José Luiz também esclarece que as lesões mais comuns são as que afetam os músculos e as articulações. Podem ser causadas por impactos e desequilíbrios musculares, quando o condicionamento físico é feito sem sincronia e sem respeitar lesões já existentes. Os locais mais afetados são a coluna lombar e os joelhos, mas lesões podem ocorrer em qualquer local. Para evitar uma contusão, é fundamental respeitar o corpo. “A condição física é diferente entre as pessoas e também se modifica ao longo do tempo. É preciso atenção tanto do educador físico como da pessoa que faz os exercícios. Nosso organismo não é uma máquina e as diferenças individuais devem ser respeitadas”, pontua o ortopedista. A
Fotos: Leonardo Beraldo / Cromalux
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seu pet
Fique de olho nos olhos de seu pet Os pets podem apresentar inúmeras doenças oculares, assim como os humanos. POR PEDRINHO SOUZA
A oftalmologia veterinária vem crescendo consideravelmente com o passar dos anos e é uma área que tem ganhado cada vez mais a confiança dos donos dos pets Há alguns anos, essa especialidade não era tão evoluída e, por isso, não possuía muitos recursos para tratar os problemas oftalmológicos dos animais. A falta de recursos e conhecimento na área poderiam fazer com que um simples problema de vista resultasse na perda da visão. SINTOMAS E CAUSAS Os principais sinais das doenças oculares são secreções (mucosas, purulentas, com odor forte ou não), olhos vermelhos, coceiras, olhos fechados, dificuldade de abrir os olhos à luz, dor na região, aumento da pupila, mudança na coloração, entre outros. De acordo com Luciano Fernandes da Conceição, médico veterinário, oftalmologista, que atua nas cidades de Ribeirão Preto, Piracicaba e São João da Boa Vista, o animal que apresenta sinais de doenças oculares precisa ser atendido rapidamente por um profissional especializado. Existem diversas causas para os problemas oculares dos pets e que são muito
prejudiciais para a sua saúde. Pode-se dizer que estas razões estão na predisposição de cada raça, nos motivos acidentais, na idade, na procura por um profissional não qualificado, na medicação sem orientação e na falta de higiene na região ocular. PROBLEMAS CAUSADOS Os pets podem apresentar inúmeras doenças oculares, assim como os humanos. As principais e mais comuns são as inflamações nas pálpebras, as ceratites (ulcerativa ou não), o glaucoma e a catarata. Para evitar problemas oftalmológicos no animal, o ideal é realizar check-ups sempre que possível, seguindo as orientações do oftalmologista. “É importante ficar
atento a qualquer alteração da normalidade, quando possível evitar alguns objetos que possam causá-los, como, por exemplo, brinquedos duros e pontiagudos”, informa o médico veterinário Luciano. LIMPEZA Uma dúvida frequente é de como fazer uma limpeza adequada nos pets e quais os cuidados necessários. Existem alguns produtos específicos para se realizar a limpeza dos olhos e da região ocular, porém, eles só devem ser utilizados se recomendados por um profissional. “De uma maneira geral, água sempre funciona muito bem para uma boa limpeza. Assim como nós, os pets também
PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS
No Brasil há algumas clínicas veterinárias oftalmológicas específicas, mas o mais comum é encontrar oftalmologistas veterinários terceirizados, que atendam em clínicas gerais, como o caso do médico veterinário Luciano.
Foto: Reprodução Internet
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devem passar por uma limpeza diária na região ocular, em especial aqueles que possuem muitos pelos nessa região como os shihtzus, os lhasa apsos, os malteses, os yorkshires, entre outros”. É importante ressaltar que qualquer medicação receitada deve ser seguida à risca, já que o sucesso na evolução do tratamento depende do tutor e é essencial cuidar da saúde oftalmológica dos animais, para que eles tenham qualidade de vida. CLÍNICA ESPECIALIZADA No Brasil há algumas clínicas veterinárias oftalmológicas específicas, mas o mais comum é encontrar oftalmologistas veterinários terceirizados, que atendam em clínicas gerais, como o caso do médico veterinário Luciano. “Ressalto a importância do proprietário procurar referências do profissional, pois há muitos que se intitulam oftalmologistas sem terem o aval do Colégio Brasileiro de Oftalmologia Veterinária, sem possuírem gabarito para exercerem tal especialidade”, finaliza. A
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Principais doenças oftálmicas • Conjuntivite - é uma inflamação da conjuntiva, ou seja, da membrana mucosa que cobre a região interna da pálpebra superior e inferior e também do bulbo ocular. Nos gatos é um dos problemas mais frequentemente diagnosticado e de causa infecciosa. Nos cães, diferente dos gatos, é de ocorrência rara, e geralmente está associada com falta de lágrima. • Ceratite - se caracteriza por uma inflamação na córnea associada ou não com uma lesão. Sua origem pode ser um trauma ou alterações de cílios e pálpebras, por exemplo. As raças com maiores riscos são aquelas com os olhos expostos, como o Pug, Shih-tzu, Buldogue, Persa. • Glaucoma - nesta doença a pressão intraocular fica elevada e, aos poucos, vai causando a morte das células da retina e nervo óptico, levando à cegueira. A idade contribui para o aparecimento do problema, que acaba surgindo geralmente acima de 5 anos. As raças com maior risco são Cocker, Sharpei, Basset Hound, Beagle, Samoieda e Husky, por uma questão genética. • Catarata - é uma doença silenciosa que, nos cachorros, chega tanto na juventude como na velhice. O cristalino, lente interna dos olhos, fica opaco e não deixa que a luz chegue à retina. Por isso o animal não enxerga. As raças com maiores riscos são Poodle, Cocker, Schnauzer, Yorkshire e Lhasa Apso.
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RUF E GUIA DO ESTUDANTE CONFIRMAM
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arquitetura
INFORME PUBLICITÁRIO
Um novo conceito em arquitetura Comemorando 7 anos do seu escritório, Mariana Mendes De Luca inaugura seu novo espaço. “Acredito que temos que buscar aquilo que é essencial para os nossos dias. Para mim, isso é arquitetura inteligente, o restante é desperdício de energia”, explica , logo de cara , a arquiteta Mariana Mendes De Luca, sobre a concepção do seu novo espaço de trabalho. Projetado com foco na redução dos espaços e na máxima funcionalidade, o escritório da arquiteta foi criado sob uma palavra de ordem: essência. “Penso que, se eu guardo algo e depois de um tempo eu não o uso, isso quer dizer que aquele objeto não é essencial para minha vida. Mas esse mesmo objeto pode ser essencial para outras pessoas. Os espaços reduzidos têm grande importância para que o ciclo não se interrompa, pois eles nos obrigam a compartilhar com o outro algo que talvez um dia já tenha sido importante para nós”, conta. Ela explica que , recentemente, decidiu encarar o desafio de reduzir o espaço físico de 85m² para cerca de 35m², sem comprometer a necessidades de um escritório e também o conforto. Mariana encarou o desafio e preparou um projeto inovador, que contou também com um modelo de iluminação desenvolvido especificamente para estimular a produtividade, garantindo o conforto e sofisticação do ambiente. Especializada em Light Design, a arquiteta conta que a iluminação é algo primordial para garantir ao ambiente a sensação de bem-estar. “Uma boa iluminação veste a arquitetura. É impossível pensar em um espaço sem se preocupar com o sentimento que ele vai causar em nós. E a iluminação tem uma grande importância nessa sensação”. Além de otimizar os espaços e garantir o conforto através da iluminação, Mariana optou por trabalhar com grandes superfícies que deixam expostos objetos ganhos de clientes e colegas de profissão, ao longo de sua carreira. “Deixar as peças expostas não só mostra um pouco da minha personalidade e história, como me obriga a tê-las sempre organizadas, sem contar que, toda vez que olho para elas, me vem à memória algum momento que faz parte da minha essência”. E para reforçar a personalidade marcante do ambiente, a escolha dos materiais esteve intimamente ligada ao uso das cores: “As pessoas têm medo de usar cores, mas se elas imaginassem o benefício delas em nosso dia a dia, apostariam e ousariam muito mais”, finaliza.
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empreendedorismo
Perfil dos empreendedores POR ANA LAURA MORETTO
A vida é cheia de altos e baixos. Muitos empreendedores aproveitam essas oportunidades – ou mesmo as adversidades – para investirem na montagem de seu próprio negócio. Mas não basta ser ousado, empreender exige paciência, persistência e a capacidade de conviver com as adversidades do dia a dia e não desistir. Conheça a trajetória do empresário João Roberto de Oliveira Alessio Pedro, de 53 anos; e de Eloise Zanetti, de 34 anos, que transformaram adversidades em oportunidades. Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux
Eloise Talita Zanette 34 anos, jornalista
Desde criança, no Paraná, Eloise Zanetti demonstrava interesse por moda. Após se formar em jornalismo pela Unesp e passar um tempo no exterior estudando fashion business no London College of Fashion, decidiu, juntamente com sua mãe e irmã, criar a marca Santa Saia. Antes da Santa Saia, como foi sua trajetória profissional? Sou formada em jornalismo, com MBA em marketing. Trabalhei sempre na área comercial, primeiro na indústria e depois em uma importadora. Morei fora do Brasil por pouco mais de um ano onde trabalhei como garçonete e cuidadora de idosos. Nessa época, consegui juntar dinheiro para fazer meu primeiro curso na área de fashion business, em Londres, algo que foi muito transformador, pois me ensinou que moda é 90% suor e 10% glamour. Acredito que o mix dessas experiências me moldou e ajudou a moldar muito das minhas ideias e objetivos nos negócios. Como surgiu a Santa Saia? A Santa Saia nasceu em 2009, como uma marca própria, 24
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voltada para o e-commerce e para o atacado. Começamos trabalhando - literalmente - nos fundos da nossa casa, com duas máquinas de costura e muita vontade de crescer. Eu criava (ainda crio) os modelos e fazia toda a parte comercial e de marketing. Minha mãe, Dona Nice, era responsável pelas modelagens e as peças pilotos [que são as primeiras peças de cada modelo feitas para aprovação e ajustes]; e minha sócia e irmã, a Evelyn Zanette, cuidava do administrativo e financeiro. No início, fabricávamos para outras marcas, pois não tínhamos produção suficiente para manter nossas costureiras trabalhando o tempo todo. Fabricamos para a Zara, Absolluti, Rubinella, entre outras. Com elas aprendemos muito sobre produtividade, padrão de qualidade e sobre como funcionam as confecções de grandes empresas. Isso
nos ajudou a perceber que, como somos em três mulheres em casa, com idades, gostos e tipos físicos bem diferentes, se a roupa desse certo para nós três, é porque estávamos no caminho certo. No início foi tudo muito intuitivo mas, hoje, sabemos que nosso público alvo-principal são mulheres entre 25 e 45 anos, independentes, que buscam conforto, praticidade e modelagem que vista bem, sem se preocuparem se a peça é ou não de uma grife famosa. Onde e como você viu a oportunidade de criar a loja? Nos últimos anos, antes de abrirmos a loja (abrimos a primeira em 2014), eu estava morando em Curitiba e vendendo a Santa Saia lá, no atacado, para lojistas do Paraná, e viajando sempre para São João. Quando encontramos um ponto comercial do jeitinho que a gente queria, vi que era a hora de voltar e fincar raízes por aqui. Hoje temos duas lojas físicas em São João. Uma loja só voltada à moda festa, a Santa Saia Festa, que trabalha com vestidos curtos e longos para madrinhas, formandas e convidadas; e a Santa Saia Store, de moda casual, além também da nossa loja online, a www.santasaia.com.br. Qual a principal dificuldade em ter seu próprio negócio? No início, foi a falta de capital de giro. Depois a falta de experiência em administrar um negócio, funcionários, etc. Mas, hoje, percebo que o fato de não possuir dinheiro disponível para investir no início foi muito positivo. Foi isso que nos
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fortaleceu e ensinou que é necessário montar a empresa devagar, tentando estrutura-la com uma base forte. Qual o diferencial da Santa Saia? Nosso atendimento e a fabricação própria da maioria das peças. Isso faz muita diferença, uma vez que conseguimos oferecer produtos de uma qualidade bem maior, criados com muito carinho e vendidos a um preço justo. Creio que isso faz muita diferença. Como lidar com a concorrência para atrair os clientes? Sendo diferente, original, oferecendo bons produtos, com excelente atendimento e com preço justo. Qual seu plano de futuro para empresa? A curto prazo, a abertura de uma terceira unidade, em uma cidade da nossa região. A médio prazo, o objetivo é totalizar cinco lojas e trabalhar o fortalecimento do nosso e-commerce, que pode ser extremamente rentável. Qual dica você dá para alguém que sonha em ter seu próprio negócio? Tenha disciplina, guarde dinheiro para os momentos de crise (pois eles virão, com certeza) não desista quando as dificuldades aparecerem. Eu posso até desanimar, às vezes, mas eu recupero minhas forças e não desisto nunca. Não podemos nos deixar abater ou desistir, esse é o foco. >
Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux
João Roberto de Oliveira Alessio Pedro 53 anos, administrador e engenheiro agrônomo
João Roberto de Oliveira Alessio Pedro, é administrador de empresas e engenheiro agrônomo. Ele transformou uma demissão em uma oportunidade de construir o próprio negócio. Criou a Parada Trudelnik em Santo André e, mais recentemente, decidiu se mudar para Águas da Prata. O espaço, um lugar diferenciado para se tomar um café, com grãos especiais e moídos na hora, também oferece o tradicional pãozinho europeu - chamado de Trudelnik, que é o produto principal da cafeteria. Antes da cafeteria, como foi sua trajetória profissional? Sou um paulistano divorciado, de 53 anos, criado na capital. Minha formação acadêmica é como engenheiro agrônomo, pela faculdade de Espírito Santo do Pinhal, e administrador de empresas, pelo Mackenzie. Profissionalmente tive uma trajetória bem variada, começando como pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), passando por um empório de alimentos, uma importadora de acessórios de decoração e por fim funcionário público, em cargo comissionado na prefeitura de São Bernardo do Campo, de 2014 a 2016. Onde e como você viu a oportunidade de criar a cafeteria? Em 2016 já sabíamos que a possibilidade do partido do atual prefeito de São Bernardo vencer era mínima. Sendo assim, uma colega, também comissionada, sugeriu abrirmos algo no ramo de alimentação. Ela esteve em Praga, leste Europeu, onde comeu o pãozinho chamado Trudelnik (também conhecido como Kurtos Kalacs e Chimney Cake) e sugeriu de fazermos aqui, pois agradaria os brasileiros. No início de 2017 começamos a fazer várias pesquisas, pois não sabíamos como era feito e quais equipamentos precisaríamos. Descobrimos que em Gramado e Curitiba já tinha gente fazendo e fomos até lá para conhecer. Retornamos e começamos a correr atrás dos equipamentos e da receita. Durante esse processo, conhecemos um polonês que fazia o pãozinho e nos passou a receita. Fizemos vários testes, até chegarmos na receita atual. Definido o pãozinho, percebemos que deveríamos oferecer 26
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algo para acompanhá-lo, e pensamos no café. Fizemos um curso de barista em São Paulo. Como o pãozinho seria nosso carro-chefe, resolvemos dar o nome com ênfase ao Trudelnik (colocamos a letra “u” para ficar mais fácil de falar) e fomos em busca de um ponto. Queríamos um ponto localizado em uma rua com um movimento bom de pessoas a pé e demos sorte de achar no calçadão , no centro de Santo André, com duas escolas próximas. Precisávamos saber o que era oferecido no comércio da região e os preços praticados, pois não podíamos fugir da realidade do entorno (preço, produto e qualidade). Constatamos que nosso produto era competitivo, mas precisávamos nos diferenciar e resolvemos criar um espaço bonito, aconchegante, pois partimos do princípio de que não precisaria ser “popular” para ser barato. Escolhemos um café diferenciado e acrescentamos alguns ítens para atrair mais gente como: quiches, cookies, brigadeiro gourmet , brownie, etc. Tudo era feito por nós. Assim nasceu a Parada Trudelnik, que durante um ano teve muito sucesso atendendo adolescentes, executivos da região, comerciantes locais e outros, de várias classes sociais. Após este ano de trabalho árduo, minha sócia resolveu que não queria mais, pois estava cansada. Sendo assim, comecei a pensar no que fazer e depois que vi o custo alto que ficaria para tocar sozinho, resolvi concordar com a venda. Nesse meio tempo, um amigo que também tem casa em Águas da Prata, comentou sobre uma galeria com pousada que iria abrir e sugeriu que eu averiguasse. Vim para Águas da Prata, onde tenho casa de veraneio desde 1974, e gostei
da localização. De volta a Santo André, propus a compra da parte da minha sócia e resolvi trazer a Parada Trudelnik para cá. Tomada essa decisão, comecei a pensar no que eu faria de diferente e qual seria meu público. Acostumado com Águas da Prata, sempre percebi que não tinha um lugar diferenciado para tomar um café, com grãos diferentes, doces que não fossem de milho, etc. Sendo assim, resolvi trabalhar com diversos grãos especiais , moídos na hora para o cliente, e fazer alguns doces diferenciados, em um espaço também diferenciado. Qual a principal dificuldade em se ter seu próprio negócio? A principal dificuldade são os custos, apesar de hoje em dia termos a opção de abrir como Microempreendedor Individual (MEI), o que reduz um pouco. O que vê como principal ponto positivo em ter sua própria empresa? Nada melhor que você ter a liberdade de fazer o que quiser e como quiser. Você é responsável pelos seus acertos e pelos seus erros. É indescritível a sensação de fazer algo que deixou o cliente satisfeito e feliz, a ponto de voltar sempre. Qual o diferencial da Parada Trudenilk? Acho que o diferencial é um conjunto que agrada: lugar diferenciado dos que existem na cidade; tudo é feito na Parada com muito cuidado e pensando em fazer algo diferente. O cliente tem a opção de escolher um grão especial de café que
será moído na hora; e o bom atendimento. Como lidar com a concorrência para atrair os clientes? Para lidar com a concorrência você deve sempre estar atento ao que acontece no seu entorno. Não podemos nos acomodar, achando que já está bom, pois sempre podemos melhorar. Tive de fazer alterações no que oferecia, pois vi que os clientes buscavam mais coisas. Sempre devemos ter algo novo a oferecer: um doce novo, uma bebida nova, um recheio diferente, etc. O cliente precisa se acostumar com o fato de que todo mês irá encontrar algo novo no estabelecimento, pois isso fará ele querer voltar. Não esquecer do atendimento, o que é essencial. Quais os planos para a empresa? Tenho planos a longo prazo, que já estão sendo traçados e espero que dêem certo, talvez uma nova Parada. Estou em Águas da Prata faz quase cinco meses e muito satisfeito com o resultado obtido até agora. Qual dica você dá para alguém que sonha em ter um comércio parecido com o seu? A dica é: ame o que você faz e trabalhe muito, pois em comércio isso é importantíssimo. Descubra o que você faz de melhor, abra uma MEI e batalhe. Pense na concorrência e veja o que pode acrescentar de diferente. Assisti a uma palestra sobre empreendedorismo, promovida pelo SEBRAE, faz pouco tempo e concordo com o que foi dito: “tenha conhecimento e propósito”. A
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negócios
A mulher de negócios A empresária Rosana Marques, hoje reconhecida no meio empresarial do país como uma das principais protagonistas da ‘criação’ do polo de Juruaia, fundou a sua empresa em 1994. POR MARINA BORGES
Cada vez mais o empreendedorismo vem ganhando espaço no universo feminino e a empresária Rosana Marques é um exemplo de mulher bem-sucedida profissional e socialmente. Reconhecida no meio empresarial do país como uma das principais protagonistas da ‘criação’ do polo de Juruaia, Rosana embarcou no mundo dos negócios em 1994, ano no qual fundou sua primeira empresa. Foi no setor da moda que a empreendedora vislumbrou uma oportunidade de negócio e, juntamente com seu irmão, criou a marca Ousadia. O tempo mostrou que a decisão foi certeira e, posteriormente, o nome da empresa passou a ser Ouseuse. Este ano, a marca que é referência em moda íntima completa 25 anos de sucesso. “O mundo do comércio sempre fez parte da minha vida, pois meu pai era comerciante. Antes de ser empresária fui balconista em uma farmácia e professora. As experiências adquiridas, desde a adolescência, me ajudaram muito na criação da Ouseuse e, sem dúvida, foram determinantes para que eu me arriscasse em um negócio maior”, revelou Rosana. Segundo a empreendedora, a criação do polo de Juruaia foi o resultado de uma intuição. Rosana sempre almejou ajudar a comunidade como um todo e conseguiu juntar o útil ao agradável, abrigando mais confecções na cidade para atrair consumidores. Ao acreditar nessa ideia, começou a incentivar mais e mais pessoas – inclusive colaboradores – a criarem suas próprias confecções. Foi assim que Juruaia começou a despertar para a sua vocação têxtil, e o município, até então com uma economia agropecuária, tornou-se polo de moda íntima. “Tenho muito orgulho por ter contribuído para a criação do polo e, com isso, ter mudado a história de uma cidade. 30
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Ainda somos um pequeno município do interior de Minas, porém, hoje, nos destacamos no mapa do Brasil como uma cidade economicamente ativa”, contou a empresária. PROJETOS SOCIAIS Após consolidar-se como empresária, Rosana tornou-se associativista e fundou a associação comercial e a câmara da mulher empreendedora, além de ter realizado a 1ª Felinju, que é o maior evento de moda íntima de Minas Gerais e um dos
maiores do país. A juruaiense continuou engajada e as oportunidades começaram a bater em sua porta. Rosana foi convidada para ajudar a gerir entidades assistenciais de Juruaia, como o Lar São Vicente de Paulo e Hospital Monsenhor Genésio. E foi assim que começou a sua relação com os projetos sociais. “Eu queria mais e, assim, decidi criar, em 2007 o Projeto Social Amigas do Peito, que doa sutiãs especiais para mulheres carentes que passam pela mastectomia. Em 2018, também criei o Projeto SocioFoto: UNCTAD / Jean Marc Ferré
ambiental Amiga Recicla, que arrecada roupas íntimas usadas e as repassa para famílias carentes. É uma forma de agradecer por tudo que a vida me proporcionou”, exaltou Rosana. O projeto social Amigas do Peito foi criado para ajudar mulheres carentes que tiveram que fazer a mastectomia. A Ouseuse confecciona e doa um sutiã especial, que possui uma abertura lateral com possibilidade de colocar uma prótese mamária. Desde que foi criado, o projeto já doou mais de nove mil sutiãs, tanto no Brasil quanto no exterior. O Amigas do Peito já ajudou milhares de mulheres a superarem um momento muito delicado na vida delas e é um projeto marcante para a Ouseuse. A mastectomia é um procedimento comum no combate ao câncer de mama, mas muitas não conseguem fazer a prótese mamária. Dessa forma, o sutiã ajuda a mulher a encarar uma nova realidade corporal e resgatar sua autoestima. MULHERES DO BRASIL As mulheres alcançaram um protagonis-
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mo muito grande na história do Brasil e o surgimento de um movimento político foi natural. O Mulheres do Brasil é um movimento suprapartidário, ou seja, que está acima de partidos e, hoje, conta com mais de vinte mil mulheres de todo o Brasil e até do exterior. Juntas, essas mulheres colocam em prática várias ações e projetos para melhorar a vida de milhões de pessoas. O grupo é presidido pela empresária Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza. “Acredito que a missão de todo empresário de sucesso – diga-se de passagem, de toda pessoa de sucesso – é de ajudar o próximo. Essa é a minha crença e por isso me juntei ao Grupo Mulheres do Brasil. Há uma força muito grande quando nos reunimos, uma energia singular que contagia a todos. Muito bom estar com essas mulheres inspiradoras e fazer o bem pelo Brasil”, enalteceu Rosana. Ao ser questionada a respeito do machismo no mercado da moda íntima, a empresária revelou que sempre foi muito respeitada como profissional e que soube se impor, mesmo quando
precisava negociar apenas com homens. “Acho que há um pouco de mistificação no machismo empresarial. As mulheres têm se mostrado capazes e estão chamando a atenção do mercado. Não faltam exemplos de mulheres no Brasil bem-sucedidas e, garanto, há muito respeito por suas carreiras”, afirmou a empreendedora. Rosana Marques sempre foi muito perseverante e se descreve como uma otimista incorrigível. Para aqueles que desejam investir e apostar no mercado empresarial, a empreendedora listou que dedicação, criatividade, organização e foco são características imprescindíveis para obtenção de sucesso na carreira de negócios. Outras atitudes como observar o mercado e trocar ideias com clientes e colaboradores devem ser cultivadas nesse meio, também. Segundo Rosana, os erros não devem ser apagados, eles devem servir como oportunidades. E, se teve algo que a empresária de Juruaia soube fazer, foi agarrar as oportunidades que a vida lhe deu. A
posse da nova diretoria da ACE
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matéria de capa
O vulcão de Poços e sua importância para a região Conheça como essa peculiar formação geológica beneficiou toda região de Poços de Caldas. POR ANA LAURA MORETTO E MATEUS ANANIAS
São João da Boa Vista e toda região são privilegiados por serras, terras ricamente férteis e paisagens exuberantes. O que muitos não sabem é que tudo isso é resultado de um vulcão extinto, em cujo centro situa–se hoje a cidade de Poços de Caldas. A região sofreu, há 80 milhões de anos, uma intrusão (uma espécie de enxerto de rochas alcalinas no solo já existente) e, com o movimento intenso das rochas e do magma, que foi expulso durante a erupção vulcânica, a região foi elevada a mais de 500 metros de altitude em relação ao nível do mar. Com o tempo, essas mesmas rochas esfriaram e o centro do vulcão sofreu um desabamento, formando
uma espécie de “enorme cratera”, que deu origem ao que conhecemos hoje como Planalto de Poços de Caldas. As “serras” que dominam a paisagem da região, na verdade, fazem parte das bordas da caldeira do vulcão. O tema do vulcão – já bastante conhecido – voltou à pauta por conta dos trabalhos recentemente desenvolvidos por alunos do curso de turismo rural do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). “Esse vulcão era enorme, com cerca de 40 km de diâmetro. Por ser tão grande, se formou uma grande caldeira, com vários vulcões pequenos borbulhando dentro dela. Isso aconteceu durante milhares de anos”, explica a gestora ambiental, Alice de Abreu, uma das participantes do programa do SENAR. Ela também expõe que, segundo os
estudos do engenheiro Resk Frayha, foi essa atividade geológica que deu origem às águas sulfurosas e às riquezas minerais que fazem parte do complexo alcalino de Poços de Caldas, o único no mundo com essas características. O professor Francisco Sérgio Bernardes Ladeira, do Instituto de Geociências da Unicamp (Universidade de Campinas), destaca que o que vemos hoje, com uma topografia mais elevada, não é exatamente o edifício externo do antigo vulcão, mas, sim, suas porções mais interiores, o que é chamado de caldeira. “Em grande medida o antigo vulcão já foi erodido”. Essa incomum formação geológica trouxe muitos benefícios a toda região, loteando-a com diversos atrativos naturais, devido ao excelente clima, águas de características térmicas e sulfuro-
ENORME VULCÃO
A caldeira Vulcânica de Poços de Caldas abrange, além da referida cidade, os municípios de Caldas, Santa Rita de Caldas, Águas da Prata, São Roque da Fartura, Andradas e Águas da Prata. Só é possível identificar as bordas do vulcão em imagens aéreas ou de satélite.
Foto: Reprodução Internet
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SERRA DA PAULISTA
Importante pela diversidade e riqueza de atividades ali desenvolvidas, a Serra da Paulista é um local fascinante por sua beleza natural. Inserida na área rural de São João da Boa Vista, abriga em torno de 470 pequenas propriedades rurais, com média de 20 hectares cada uma.
sas, picos conhecidos mundialmente e solo rico em minerais, que tornam a terra naturalmente fértil. SERRA DA PAULISTA “Em São João temos a Serra da Paulista, que se formou devido a essa atividade vulcânica. Assim como a Serra do Mirante, Serra do Deus Me Livre e Serra da Fartura, e que em conjunto formam a Serra da Boa Vista, como era conhecida na época da fundação de São João, e que originou o nome da cidade”, explica Antonio Carlos Lorette, arquiteto e historiador da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Minas Gerais. A serra é importante pela diversidade e riqueza de atividades ali desenvolvidas, abrigando em torno de 470 pequenas propriedades rurais, com média de 20 hectares cada uma. Composta por floresta tropical, com altitude especial, é rica em solo fértil e clima excelente. “No sul de Minas, a presença das rochas alcalinas – denominadas de vulcanismo alcalino – permitiu a formação de solo com concentrações bauxíticas, ou seja, a concentração de alumínio que hoje é explorado na área. Já nas áreas alcalinas o solo não é muito fértil para plantio, pois é bastante ácido, necessitando de correções. Mas, na área da região de São João da Boa Vista, encontramos outras rochas de origem vulcânica mais antigas e que possuem diferentes características químicas, as quais permitem a formação de solos bastante férteis”, afirma o professor Francisco Sérgio, da Unicamp. CAFÉS VULCÂNICOS Aproveitando esses solos, a região se tornou uma grande produtora de cafés, 35
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Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux
CAFÉ NO VULCÃO
Leandro Carlos Paiva, professor de indústria e qualidade do café do campus de Machado, do Instituto Federal do Sul de Minas, explica que a principal característica do café produzido é a acidez cítrica bastante intensa, com frutas amarelas e aromas florais.
com altos níveis de qualidade e possuidores de sabores e aromas especiais. Isso porque a altitude da região e o solo vulcânico, rico em nutrientes, são fatores que colaboram para a qualidade da bebida produzida. De olho nesse potencial competitivo foi criada, em 2012, a Associação dos Produtores de Cafés Especiais da região de Poços de Caldas ou, como é conhecida, Cafés Vulcânicos. Abrangendo produtores dos municípios mineiros e paulistas, o grupo tem o objetivo principal de tornar a região vulcânica de Poços de Caldas referência mundial na produção de cafés especiais. A associação já reúne quase quarenta produtores e busca, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), a identificação de procedência da área. Entre os associados, já existem cooperativas, exportadores, torradores, indústrias de cafés e cafeterias, além de produtores interessados em terem o selo de procedência, no futuro. “A elevação vulcânica que temos lá (na região de Poços de Caldas), é a única no Brasil. Até onde a gente entende, não tem nenhuma outra formação vulcânica desse tipo. Poços de Caldas 36
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é o único município que está dentro da cratera. Mas estamos apostando no ‘terroir’, que é a influência do solo e do clima em determinado produto, no caso, o nosso café.”, explica Leandro Carlos Paiva, professor de indústria e qualidade do café do campus de Machado, do Instituto Federal do Sul de Minas, em recente entrevista. Ele complementa explicando que a principal característica do café produzido é a acidez cítrica bastante intensa, com frutas amarelas e aromas florais. ÁGUAS MEDICAMENTOSAS Mas não foi só a agricultura que se beneficiou da formação geológica, o turismo também. A região possui mais de doze tipos de águas de diferentes propriedades terapêuticas e dermatológicas, com elementos químicos radioativos, bicarbonatadas e magnesianas. Elas são inadequadas para o consumo diário, mas, sob prescrição de especialistas, podem auxiliar no tratamento de diversas doenças, especialmente gástricas e de pele. O professor Sérgio Bernardes explica, ainda, que “a existência de todo vulcão implica na presença de manto (camada de rocha mais quente próxi-
ma da crosta) e, apesar dele não estar mais ativo por dezenas de milhões de anos, a crosta mais delgada permite a existência de águas aquecidas e com diferentes características químicas”. Segundo Alice de Abreu, a tradição oral da região diz que, por volta do século XVIII, quando as terras do sul de Minas começaram a ser ocupadas por ex-garimpeiros, os quais passaram a se dedicar à criação de gado, os produtores perceberam que suas criações sempre lambiam a água que brotava de determinadas pedras, quando aparentavam estar doentes. Por curiosidade, os moradores das fazendas começaram a utilizar essa água e descobriram que ela tinha algum tipo de propriedade especial. A cidade de maior destaque na região, por conta de suas águas, talvez seja Poços de Caldas. Situada bem dentro da caldeira do vulcão, pelo menos desde 1886 já possuía uma casa de banho, utilizada para tratamento de doenças cutâneas. Ela se servia da água sulfurosa e termal da fonte da Praça Dom Pedro II. Em 1889, foi fundado, por Pedro Sanches, outro estabelecimento para o mesmo fim, captando água da Fonte Pedro Botelho. Ali, a água sulfurosa subia até
os depósitos por pressão natural. Em 1931 foram construídas as Thermas Antônio Carlos, em um dos mais belos prédios da cidade. O balneário passou a oferecer uma série de serviços e tratamentos corporais, a partir do uso da água termal, até então inexistentes no Brasil. Na década de 40, nos tempos dos cassinos, Poços recebia a visita da aristocracia brasileira, sendo que esta frequentava os salões do Palace Cassino e do Palace Hotel. A proibição do jogo, em 1946, e a descoberta do antibiótico, tiveram forte impacto para o turismo na cidade. O termalismo deixou de ser a maneira mais eficaz de tratar as doenças para as quais era indicado. E os
cassinos foram fechados. A economia da cidade sofreu um grande abalo, mas a má fase foi superada com a mudança de foco no turismo. A classe média e grandes grupos passaram a frequentar as termas, a visitar as fontes e outros pontos de atração da cidade. TERRAS RARAS Desde 1982, também por conta da formação geológica, as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) exploram, em Poços de Caldas e Caldas (MG), terras raras e urânio. Os elementos terras raras compõem um grupo de 17 componentes da tabela periódica, possuindo propriedades químicas semelhantes e um vasto núFotos: Reprodução Internet
mero de aplicações práticas. O termo “raras” não é para designar a dificuldade de encontrá-los no meio ambiente, pois, na realidade, até que são bastante abundantes na crosta terrestre, mas sim pela dificuldade de separá-los, a partir de seus minerais. De acordo com Hermi de Brito, professor do Instituto de Química da USP e especialista no estudo dos elementos terras raras, estes possuem utilidade nos mais diversos campos tecnológicos. “Estão presentes nos conversores catalíticos dos automóveis, nas usinas petrolíferas, nos imãs de geradores elétricos, em bioensaios, lasers, displays, lâmpadas fluorescentes e LEDs. Algumas aplicações interessantes são, por exemplo, na área de comunicação por fibra óptica e na biomedicina”, esclarece. ÁGUAS DA PRATA No esteio do auge da cidade de Poços de Caldas, a pacata Águas da Prata também construiu uma fama invejável: a de ser a Vichy Brasileira. Em 1876, a descoberta da fonte de água mineral, na margem do Ribeirão da Prata, por Rufino Luiz de Castro Gavião, proveniente de São João da Boa Vista, que ali fazia caçadas, é atribuída ao acaso. O caçador percorria as terras do Alegre quando percebeu a preferência dos animais silvestres pela água da nascente. Resolvendo prová-la, surpreendeu-se com suas qualidades. O fato foi relatado e comprovado por ou-
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THERMAS ANTONIO CARLOS
Um dos mais importantes atrativos de Poços de Caldas, foi inaugurado em 1931, o prédio encanta por sua arquitetura e mobiliário que preservam as suas características originais. O edifício é imponente e monumental e possui uma arquitetura onde predomina o estilo neoclássico. No local, o turista pode desfrutar de banhos termais, que curam e relaxam, além de limpeza de pele, massagem, sauna, dentre outros. Abriga salas de banho, vestiários, duchas, saunas, salas de inalações e pulverizações, todos com equipamentos e mobiliários originais.
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Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux
tras pessoas. A inauguração do ramal da Estrada de Ferro Mogiana, ligando Cascavel (hoje Aguaí) a Poços de Caldas (então Caldas), em 1886, despertou o interesse dos cafeicultores da região para a estação de embarque da ferrovia, no vale banhado pelo Ribeirão da Prata e o Córrego da Platina, que passaram a construir suas residências junto à estação, nascendo então um povoado. Em 1876 foi instalada a primeira engarrafadora de água no então bairro de São João da Boa Vista, que passou a distrito em 1926 e foi emancipado em 1935. Em 1916 fez-se o primeiro hotel e, por iniciativa particular de seus moradores, foi efetuada a análise química da água das fontes, constatando-se suas propriedades alcalinas, semelhantes às das fontes da cidade de Vichy, na França. Desde então, Águas da Prata ficou conhecida com o cognome de a Vichy Brasileira. Para se ter uma ideia da importância dessa descoberta, basta destacar que a água de Vichy possui 15 minerais diferentes, com a habilidade de acelerar o processo de cura de ferimentos, além de benefícios para a pele. Atualmente é possível comprar um frasco de 50ml da água francesa por cerca de R$ 50,00. “Segundo os estudos, essas características acontecem pelo tipo de lugar que essa água surge, nos fonólitos, que é uma rocha vulcânica não muito comum de ser encontrada. Ela adquire essas propriedades que propiciam ao organismo humano os mesmos benefícios que a água francesa, especialmente na dermatologia, pois suas propriedades minerais são excelentes no tratamento de regeneração e recuperação da pele”, explica Erik Brumann, guia turístico local. Em 2016, a fundação Banco do Brasil, em parceria com a Associação dos Amigos do Caminho da Fé, realizou o projeto de revitalização das fontes hidrominerais do município de Águas da Prata. Foram investidos R$ 1,1 milhão de reais para promover o desenvolvimento sustentável do município, valorizando seu potencial turístico hidrotermal, por meio da revitalização de suas fontes e da sensibilização e capacitação da população local. Além disso, o projeto proporcio38
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VICHY BRASILEIRA
Em 1876 foi instalada a primeira engarrafadora de água em Águas da Prata. Em 1916, a cidade ganhou seu primeiro hotel. Na página ao lado, encaminhada pela Biblioteca Nacional, anúncio de contra-capa da Revista da Semana, de agosto de 1954, sobre um dos hotéis da cidade.
nou estudos aprofundados no território das fontes contempladas, como análise das águas, avaliações e autorizações dos órgãos competentes, reformas e adaptações nas fontes, conforme legislação vigente, além da arquitetura dos bivetes, reconstruindo sua identidade. Além da Fundação BB, o projeto contou também com a parceria da Prefeitura Municipal de Águas da Prata e da Associação Comercial de São João da Boa Vista, através do Programa Empreender. Segundo Érik,
a prefeitura de Águas da Prata estima que, anualmente, cerca de 200 mil pessoas passam pela cidade, por conta dessas águas medicamentosas. O planalto de Poços de Caldas e suas cercanias, criadas pelo extinto vulcão, não são apenas um elemento geológico característico da região. Graças a ele, nossa cidade e toda região ganharam muitos benefícios, seja no campo econômico, turístico, científico, histórico, além da exuberância arquitetônica e paisagística. A
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negócios
INFORME PUBLICITÁRIO
Lavanderia DryClean USA inaugura loja em São João da Boa Vista Além de oferecer uma grande gama de serviços, a empresa foca em preservação ambiental, com processos totalmente ecológicos. A DryClean USA, a maior rede de lavanderias ecológicas do mundo, inaugura loja em São João da Boa Vista, reforçando a presença significativa da empresa e consolidando a marca na região. Atualmente, o grupo possui mais de 240 lojas em todo o território nacional. Segundo Philippe Jean, diretor nacional da DryClean USA, o sucesso no projeto de expansão da empresa é resultado dos vários diferenciais que são oferecidos aos clientes em cada localidade em que as lojas são abertas. “Temos uma marca reconhecida mundialmente, a melhor tecnologia de lavagem de roupa do mundo, a Wet Cleaning, totalmente ecológica, máquinas e insumos [sabão, amaciante e detergente] importados da Alemanha”. PROCESSO ECOLÓGICO O sistema é utilizado pela empresa desde 2002, quando a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu o uso da lavagem a seco com percloroetileno, por ser considerado cancerígeno e agressivo para o meio ambiente. “Essa tecnologia é exclusiva da nossa empresa”, afirma Philippe. Ele destaca também que a empresa tem como um dos focos a preservação ambiental, gerindo resíduos e implantando soluções para a redução do uso de água e energia elétrica. Para as empresárias Adriana e Daniela Varsone, proprietárias da franquia em São João, esse é o principal diferencial da empresa. “Temos essa visão ambiental, desde a lavagem até as sacolas ecológicas para a substituição dos plásticos utilizados nas embalagens das roupas; isso é tão importante quanto mantermos um atendimento adequado e realizarmos o delivery gratuito das roupas, que podem ser entregues no mesmo dia”, explica Adriana. SERVIÇOS E PLANOS Daniela Varsone explica que a DryClean USA também trabalha com lavagem de artigos delicados. “Através desse processo ecológico, que não danifica as roupas, oferecemos lavagens de vestidos de noiva, vestidos de festas bordados, tingimento de roupas, lavagem especial de tapetes e cortinas, artigos de couro e peles, enxoval de bebe, cama, mesa e banho e artigos infantis, desde pelúcias até carrinhos”. Outro destaque é a assinatura de planos mensais de lavagem, com quan40
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tidades de peças e produtos que podem variar. “É uma proposta interessante, porque o cliente pode se programar em relação à quantidade que deseja lavar no mês. Além disso, retiramos as peças em domicílio, com o cliente escolhendo o dia e o período, e isso sem custo adicional”. “Todas as nossas roupas são individualmente pré-lavadas, no sistema de tira-mancha, passadas e embaladas, nossa prioridade é a qualidade da lavagem com foco no acabamento de cada peça”, explicou Daniela. OUTROS SERVIÇOS Adriana Varsone também destaca que além de lavagem e higienização a DryClean USA oferece outros serviços, como conserto de malas, bolsas e mochilas, além de todos os consertos de sapataria e costura. “Oferecemos esses serviços para que nossos clientes possam conservar, consertar ou renovar seus calçados, suas malas, mochilas, bolsas e artigos de couro. Ou então, consertar um botão solto, uma barra por fazer, ou um zíper quebrado. Esse é nosso foco, ser mais que uma lavanderia e oferecer soluções práticas e rápidas para o dia-a-dia”, finalizou Adriana.
Avenida Dr. Durval Nicolau, 1074 @drycleansaojoao
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viagem e lazer
O vinho na terra do café Vinícola Guaspari cultiva uvas em meio ao rico solo gerado pelo vulcão de Poços de Caldas. POR MARINA BORGES
Produzir vinho numa região tradicionalmente cafeeira foi um desafio que a família Guaspari enfrentou. Graças à aposta, a vinícola provou que a cidade de Espírito Santo do Pinhal não tem potencial apenas para a monocultura do café. Os Guaspari sempre foram muito ligados ao campo, mas foi somente após a compra de uma fazenda na região pinhalense que eles tiveram a oportunidade de procurar outros produtos. E conseguiram. Explorando outras vocações para as terras, a família apostou numa nova cultura: a produção de vinho. A vinícola surgiu a partir da convergência de uma série de fatores: a paixão pelo vinho e por tudo o que ele representa (gastronomia, natureza, arte, famílias, amigos e gerações); a percepção de que
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a cidade de Pinhal reúne características muito favoráveis à vinicultura; a vontade de colaborar com o desenvolvimento da região e a visão empreendedora de perceber potencial para uma nova cultura em uma área tradicionalmente cafeeira. Estes foram alguns dos aspectos que fizeram a Vinícola Guaspari sair do papel. POR QUE PINHAL? O conhecimento a respeito de mineração permitiu que a família observasse as características geológicas da região, criadas pelo complexo alcalino de Poços de Caldas [vide matéria O vulcão de Poços e sua importância para a região - pág. 34]. As altitudes de 800 a 1.300 metros e as noites frescas, a amplitude térmica e a ótima insolação – semelhantes à das grandes regiões produtoras mundiais – os motivaram a aventar a possibilidade
do cultivo de parreiras. De acordo com um estudo botânico francês, as regiões que citavam os fatores diferenciados de terras em altitudes de 700 a 1.300 metros obtinham as condições climáticas ideais para a cultura do vinho. Somando esse fator a um solo seco, com ótima drenagem e granítico em grande maioria, típico de alguns dos grandes terroirs do mundo, foi possível concluir que a criação de uma vinícola em Pinhal era uma aposta certeira. A VINÍCOLA Em 2006 foram plantadas as primeiras videiras, compostas por mudas de diversas variedades francesas, escolhidas em virtude das características do terroir da região. Porém, somente dois anos depois o primeiro vinho foi produzido. Em
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2008, a primeira safra da Guaspari contabilizou 30 garrafas da bebida. A área de plantio das uvas sofreu uma ampliação gradual desde o início do projeto e, atualmente, possui 50 hectares de vinhedos próprios, nos quais ocorre toda a produção de vinho. Uma das grandes inovações do projeto Guaspari é a transferência da safra para o inverno, quando o clima é o ideal, semelhante ao das grandes regiões produtoras de vinho do mundo. A colheita no inverno é possível devido ao manejo de dupla poda: há uma poda de formação (imediatamente após a colheita) e, depois, uma poda de produção. A colheita, que ocorre nos meses de julho e agosto, marca a época mais intensa do ano, na qual inicia-se um novo ciclo na vinícola e o nascimento de uma nova safra. Segundo a equipe da Vinícola Guaspari, o maior desafio para produzir vinho no Brasil é o fato de ter que lidar com paradigmas estabelecidos há muito tempo com relação à qualidade dos vinhos nacionais, ainda vista com receio por parte dos consumidores. Para tentar barrar o preconceito e valorizar a cultura brasileira, o projeto conta com especialistas reconhecidos no Brasil e 44
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no exterior. Atualmente, 54 profissionais capacitados no mercado estão envolvidos na equipe da Guaspari, sendo quatro funcionários no enoturismo, oito na vinícola, 30 no campo e 12 no setor de comércio, marketing e suporte. ENOTURISMO O enoturismo é um segmento da atividade turística que se baseia na viagem motivada pela apreciação do sabor e aroma dos vinhos e das tradições dos locais em que a bebida é produzida. O horário de visitação da Vinícola Guaspari funciona aos sábados e domingos, às 9h30 e 14h30, e às sextas-feiras, de 15 em 15 dias. As visitas acontecem em grupos de no máximo 22 pessoas e os visitantes são acompanhados por um guia da Guaspari em um passeio de aproximadamente duas horas. No início do trajeto, feito de caminhão, são apresentados os vinhedos da Vista da Vinícola, que proporcionam uma visão geral dos terroirs e o local onde as uvas estão plantadas. Durante o passeio até as videiras, características singulares da vinícula podem ser observadas, entre elas o solo
granítico, semelhante a um dos terroirs mais emblemáticos do mundo, localizado na França. Outra inovação apresentada aos visitantes é o processo da dupla poda, que resulta na transferência da safra para o inverno, período em que há a alternância entre os dias ensolarados e as noites mais frias e marcado por uma amplitude térmica que permite o perfeito amadurecimento das uvas. E o passeio não termina no campo, o grupo visita também a vinícola, passando pela área de produção, engarrafamento, cave de barricas e de garrafas. “Nessa etapa do processo, eles irão conhecer o manejo meticuloso que damos às uvas, a passagem do vinho pelos tanques de inox, seguindo pela sala de barricas de carvalho francês, até chegar à cave de garrafas, onde alguns rótulos que ainda não foram lançados seguem seu processo de evolução envelhecendo na cave de garrafas”, explica a diretora executiva da Guaspari, Fabrizia Zucherato. A visita se encerra com uma degustação, onde são apresentados quatro rótulos e o agendamento é feito pelo site www.vinicolaguaspari.com.br na parte de Enoturismo ou por meio do telefone: (19) 3661-9190. A
Foto: Divulgação
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figura que atua
Vanessa Hanhela e seus mil tons Atual Presidente da Associação Vereda Cultural, a violinista conta como a música surgiu em sua vida e como organiza projetos. POR DANIELA PRADO
Certamente muitos admiradores da música erudita, que vivem em São João da Boa Vista e região, já assistiram a algum concerto didático realizado pela Orquestra de Câmara Stravaganzza, criada e dirigida pelo violinista Seir Piage. Sempre levando ao público obras de Vivaldi e outros compositores clássicos, mesclada com informações a respeito deles e da música em si, a Stravaganzza se destacou por fazer música em igrejas, resgatando essa cultura e apresentando-a às novas gerações. Para se manter na estrada, muitos foram os desafios e dificuldades, mas um nome sempre esteve por trás de tudo, garantindo que, no final, os aplausos viriam: Vanessa Hanhela. Aos 31 anos, esta Foto: Kauê de Oliveira
mineira de São Lourenço, que iniciou seus estudos de violino com 18 anos, lembra que essa é uma idade já considerada avançada para iniciar o aprendizado de um instrumento. “Porém, na música, iniciei com 12 anos, através do canto coral e flauta doce. O violino sempre foi o instrumento que eu quis tocar, desde muito pequena. Creio que a influência tenha sido por ouvir muita música clássica em casa”, comenta Vanessa. Como naquela cidade não havia professores do instrumento, seu ingresso no Conservatório Estadual de Música Juscelino Kubitschek de Oliveira, situado na cidade mineira de Pouso Alegre, no curso de técnico de violino, só ocorreu quando Vanessa se mudou para Paraisópolis (MG). “Lá estudei por 4 anos. Depois disso, sempre mantive os estudos através
de aulas particulares”, completa. SURGE A ORQUESTRA A Orquestra de Câmara Stravaganzza surgiu no caminho de Vanessa em 2014. “Quando ingressei no grupo, assumi a liderança administrativa do mesmo e fundei a entidade Associação Vereda Cultural, organização sem fins lucrativos, para poder receber patrocínios e doações, constituindo a personalidade jurídica do grupo”, recorda a violinista. E prossegue que, naquele mesmo ano, inscreveu o primeiro projeto na Lei Rounet, com o objetivo de profissionalizar o grupo, que antes ensaiava apenas informalmente, entre amigos. “Em 2015 fomos contemplados por um edital do Banco do Brasil e também obtivemos o patrocínio do Bradesco e da Mineração Curimbaba, que se mantiveram até 2018”, relembra. Atualmente Vanessa é violinista da Orquestra Vereda Cultural, presidente da associação de mesmo nome, ficando responsável por toda a administração e elaboração dos projetos da Orquestra - o que envolve captação de recursos, gerenciamento dos projetos, prestação de contas e divulgação, entre outras atividades. “Minha rotina é bem intensa, pois gerir um projeto é uma atividade muito dinâmica, temos que estar em contato com muitas áreas e prestadores de serviços. Tenho que redigir releases para imprensa,
CULTURA COMO TRABALHO
A jovem musicista Vanessa Hanhela é presidente da Vereda Cultural, sendo responsável por toda a administração e elaboração dos projetos da orquestra de mesmo nome - o que envolve captação de recursos, gerenciamento dos projetos, prestação de contas e divulgação, entre outras atividades.
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Foto: Samara Figueira
materiais de divulgação, administrar redes sociais, além de todo controle financeiro: pagamento dos profissionais, captação de recursos, entre outros”, confessa a violinista, pontuando que, como o patrocínio não é integral, ela precisa cumprir muitas funções, que poderiam ser delegadas a funcionários, caso tivessem o recurso completo. Vanessa produz materiais e está em constante contato com potencias patrocinadores ou parceiros, para garantir a execução dos projetos, além de cumprir todas as atividades bancárias e operacionais. “Estudo violino e participo de um coral em São João, além dos ensaios da Orquestra”, frisa ela. EM BUSCA DE NOVIDADES Quanto às ideias originais para realizar um concerto nesta ou naquela cidade, a violinista conta que surgem através da definição dos objetivos estatutários do grupo - para atividades educacionais, elabora-se projetos específicos, como as aulas de música e os concertos didáticos de formação de plateia; para atividades
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artísticas sempre se busca uma novidade no conceito dos concertos, para que o grupo possa, cada vez mais, cumprir a missão de difundir obras-primas. “Com a evolução do nosso trabalho, buscamos ampliação da área das cidades que recebem os concertos. Com isso, crio projetos que possam ser atrativos para cidades do interior, como o que estamos
agora em processo de captação, intitulado Concertos pelo Caminho da Fé, que consiste na realização de apresentações em cidades integrantes do circuito turístico do Caminho da Fé”, enfatiza. E prossegue contando que, quando o recurso já está captado, os contatos são feitos sempre diretamente com as igrejas, para fechar as apresentações. >
Foto: Kauê de Oliveira
através da união de pessoas”, enfatiza. Para Vanessa, a música é um sonho infinito, que ela pretende perseguir por toda sua vida, assim como a saúde depende de hábitos alimentares saudáveis e exercícios físicos diários. “A música para mim é uma atividade que me faz bem, me causa um bem estar, por isso faço questão que esteja presente sempre em minha rotina. A emoção de tocar ou cantar é impagável, mas essa emoção, para mim, é muito maior num grupo”, finaliza ela, reconhecendo que tocar ou cantar sozinha, para ela, não faz muito sentido, até porque, a seu ver, a música foi feita para a socialização, para unir pessoas, por isso a energia é muito maior quando se toca em conjunto.
“Quando ainda temos que buscar o recurso, contatamos as prefeituras e empresas de cada cidade. Não é nada burocrático, é somente trabalhoso e necessita de persistência”, Vanessa observa. Em relação ao repertório escolhido para cada evento, a violinista esclarece que o dos concertos artísticos da Orquestra é, em sua maioria, erudito, do período barroco, clássico, romântico e moderno. “Nossa missão é difundir a música de câmara e as obras primas de grandes compositores. O repertório é definido conforme o tempo de ensaio que o patrocínio permitirá realizar. Por exemplo, se temos mais de três meses para ensaiar e cumprir os concertos, podemos executar peças mais elaboradas e de difícil execução, bem como introduzir novas obras no repertório da orquestra. Quando acontece de termos menos tempo de ensaio, optamos por executar obras que já fazem parte do repertório do grupo, pois já foram estudadas e praticadas pelos integrantes”, aponta ela, lembrando que o encerramento das apresentações, normalmente, é com a obra de algum compositor brasileiro, o que já se tornou de praxe na Orquestra. O local escolhido não influencia na escolha do repertório, mas a época do ano (Natal, aniversário ou morte de um compositor) contribui na definição deste, com intuito de homenagem. 48
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“Já nos Concertos Didáticos, destinados para crianças e jovens das escolas, além do repertório erudito, executamos músicas contemporâneas, como pop, funk, rock, para mostrar a eles que uma orquestra pode executar qualquer estilo musical, além de aproximá-los dos instrumentos de orquestra, despertando-lhes o interesse pelo aprendizado de algum instrumento” conta. Apesar de uma rotina repleta de compromissos e atividades, Vanessa conclui que o esforço vale muito a pena “Vale pela realização pessoal e pelo prazer que a música traz, mas principalmente por poder contribuir com a humanização da sociedade, promovendo cultura, possibilitando momentos de lazer para as pessoas, além de contribuir com a educação de muitos jovens”, considera Vanessa. E reforça: “Essa atuação na sociedade é o que me move, é o que realmente faz valer a pena cada sacrifício, cada dificuldade e cada ‘não’ que recebemos. É cada sorriso da plateia que me estimula a correr atrás de tudo isso. A minha missão é poder contribuir de alguma maneira para uma comunidade mais humana e creio que estou fazendo a minha parte, o que me deixa muito contente. Não posso deixar de agradecer a todas as pessoas e empresas que nos apoiam, pois um sonho, um projeto, só pode ser realizado
STRAVAGANZZA E VEREDA CULTURAL A Orquestra de Câmara Stravaganzza passou por modificações em seu nome e atualmente é conhecida por Orquestra Vereda Cultural. Vanessa Hanhela explica que essa mudança no nome aconteceu no final de 2018, devido à troca do Diretor Artístico, que era Seir Piage. “Percebemos que o nome Stravaganzza estava muito vinculado à imagem do antigo maestro e solista e aproveitamos o momento para alterá-lo, o que, aliás, já era uma ideia a ser colocada em prática. Modernizamos o nome, pois o antigo apresentava uma certa dificuldade de pronúncia e memorização por parte de empresas (potenciais patrocinadores) e também do público. Com o novo nome, privilegiamos a nossa língua portuguesa, ampliando, ainda, a atuação da entidade cultural que mantém a Orquestra – a Associação Vereda Cultural. O nome Vereda Cultural traduz o que acreditamos: o caminho é a cultura!”, esclarece Vanessa. Seir Piage também saiu da Orquestra, por decisão própria e motivos pessoais, sendo substituído pelo músico e regente de formação André Russo Rodrigues, o qual assumiu a Direção Artística. André já atuava como pianista da Orquestra e agora assumiu também a regência do grupo, o que Vanessa, por considerá-lo um excelente músico e profissional, avalia que vai engradecer ainda mais o trabalho do grupo, mantendo a qualidade que já possuía. A
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saúde
Epidemia de Aids entre jovens Número de contaminados, entre 15 e 24 anos, é um alerta para o Brasil e o mundo. POR MIRELA BORGES
O Brasil é o país da América Latina que mais concentra casos de novas infecções por HIV. Segundo dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), em 2016, cerca de 49% das pessoas contaminadas eram brasileiras.A maioria dos casos de vítimas é de jovens entre 15 e 24 anos, fato que abre o debate: “Por que o índice é maior entre as pessoas desta faixa etária?”. Talvez porque, diferentemente dos anos 80, nos dias atuais o tratamento para o HIV garante a qualidade de vida dos pacientes. De acordo com dados do Ministério da Saúde, que considera que há uma “epidemia entre os jovens”, de 2006 a 2015, a taxa de detecção de casos de AIDS entre jovens do sexo masculino, com 15 a 19 anos, quase que triplicou, de 2,4 para 6,9 casos por 100 mil habitantes. Já entre aqueles na faixa dos 20 aos 24 anos, o índice mais do que dobrou: de 15,9 para 33,1 casos por 100 mil habitantes. Como se já não bastasse, os argumentos moralistas e religiosos também ampliam o problema, afetando negativamente a construção da resposta para a epidemia de HIV e Aids.A resposta brasileira à epidemia de Aids, outrora exemplo para o mundo, tem perdido a luta para a falsa moral e o conservadorismo. Enquanto isso, a Aids continua crescendo. O diretor-presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), Richard Parker, não usa meias palavras: para ele, o Brasil vive uma nova epidemia de HIV.
EM NOSSA CIDADE São João da Boa Vista possui, hoje, 187 pacientes em tratamento de Aids pelo Serviço de Atendimento Especializado (SAE) criado para ajudar vítimas de HIV. Segundo o Departamento Municipal de Saúde, entre os anos 2015 e 2019, foram notificados 106 casos de HIV e Aids. A quantidade de notificações anual se mantém na média de 20 a 32 casos/anual. O médico responsável pelo acompanhamento dos pacientes no SAE, Luiz Eduardo dos Santos Mattos, explica: “atualmente são 268 pacientes de toda a região em tratamento com ARV [sigla de antirretroviral, medicamento usado para tratamento de HIV/ Aids] e, no momento, em média 40 pessoas para os outros atendimentos”. “Quando as pessoas são diagnosticadas com o vírus, são feitos os agendados e elas são encaminhadas para iniciar acompanhamento e tratamento com a gente. Atendemos pacientes de São João, Aguaí, Águas da Prata e Santa Cruz das Palmeiras”. “O que mais me marcou durante estes 16 anos de trabalho no SAE, além do falecimento de um colega querido de nossa, equipe no ano passado, foi ver o acolhimento e a humanização realizados pela nossa equipe. No SAE não existe só doenças, acima de tudo existem doentes”, ressalta o médico. O médico Luiz Eduardo dos Santos Mattos fala também sobre a questão do aumento de casos de jovens que contraíram o HIV, os efeitos colaterais causados pelos remédios do tratamento e como o vírus pode ser evitado. >
Sífilis também avança Sífilis é o nome dado à infecção decorrente da bactéria Treponema pallidum. Ela invade o corpo em quatro fases; na última, ataca os sistemas vascular e nervoso. Quando a bactéria finalmente ocupa o cérebro, o infectado começa a sentir alterações de humor e pode desenvolver demência. É a chamada neurosífilis. Mas como é que o Brasil conseguiu virar palco de uma epidemia tão facilmente curável? Umas das justificativas utilizadas pelo Ministério da Saúde é a queda no uso das camisinhas. Ela, de fato, é real – mas fica difícil jogar toda a responsabilidade em cima disso, porque os números da queda não são tão expressivos assim: em 2004, 58,4% dos jovens de 15 a 24 anos usavam o preservativo em relações casuais; em 2013 (ano da pesquisa ministerial mais recente sobre o assunto), o número baixou para 56,6%. No uso dentro de relações estáveis a proporção é parecida: em 2004 eram 38,8%; em 2013, 34,2%. A maior parte dos casos está na região Sudeste (56%), a mais urbanizada e desenvolvida do País. Só para ter uma ideia do desastre, em 2015 tivemos 6,5 casos de bebês infectados a cada mil nascidos vivos; o valor é 13 vezes maior do que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera aceitável. Em São João, de 2011 a 2019 foram 332 casos de sífilis notificados entre gestante e população geral. Segundo o Departamento Municipal de Saúde, localmente a sífilis também está apresentando crescimento, tanto em relação ao número de casos, como também ao número de casos em jovens.
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Foto: Divulgação / Prefeitura Municipal
ACOMPANHAMENTO
O Serviço de Atendimento Especializado (SAE) atende hoje 268 pacientes de toda a região. O tratamento para a doença consiste na utilização de antirretrovirais. “Quando as pessoas são diagnosticadas com o vírus, são feitos os agendados e elas são encaminhadas para iniciar acompanhamento e tratamento com a gente”, explica o médico Luiz Eduardo dos Santos Mattos.
Em quais faixas etárias é encontrada a maioria dos casos de portadores de HIV? A maioria dos casos de HIV se encontra na faixa etária dos 25 aos 39 anos, devido ao fato de serem indivíduos sexualmente ativos e com maior número de parceiros sexuais. Quando este crescimento começou a ser notado? Na década de 80 notou-se pela primeira vez uma epidemia do vírus, até então desconhecido, inicialmente, na comunidade homossexual, que posteriormente se estendeu para a comunidade heterossexual, predominando nesse grupo, atualmente. Qual é a relação do crescimento de casos no Brasil e no mundo? Segundo dados da UNAIDS 2016, desde 2010 foram diagnosticados 1,8 milhões de casos por ano no mundo. Atualmente, 36,9 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo; desde a epidemia, 77,3 milhões de pessoas foram infectadas e 35,4 milhões de pessoas morreram. No Brasil, existem hoje 860 mil pessoas vivendo com HIV/AIDS. Qual a explicação para este crescimento? A principal explicação é a não adesão do preservativo (camisinha), que é o principal método de prevenção. No entanto, hoje em dia existem outras estratégias que devem ser associadas ao uso de preservativo. Há uma incidência maior entre homens ou mulheres? A incidência, no Brasil é maior no sexo masculino, na proporção 1,8 homens 51
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para 1 mulher infectada. Isso se deve ao fato dos homens terem um maior número de parceiras (os) e de aderirem menos aos cuidados de saúde. A faixa etária de 15 a 24 anos tem aumentado no sexo masculino, entre homens que praticam sexo com homens. Geralmente as vítimas não tomavam o devido cuidado por conta da falsa ideia de que o HIV pode ser controlado? Sim, muitas pessoas acreditam que a medicação (TARV) promova a cura. No entanto, não é o que acontece. O medicamente controla o vírus no sangue se usado da maneira correta, porém não há cura. O paciente será portador do vírus para sempre, e se deixar de usar a medicação corretamente, o vírus voltará a circular rapidamente no sangue. Qual é o conselho que pode ser dado às pessoas que pensam assim? E o que precisa ser feito para alertar os jovens,
principalmente, sobre o vírus? A orientação é que as pessoas utilizem camisinha nas relações sexuais como método de prevenção. Para os indivíduos com HIV, que fazem tratamento com a medicação (TARV), a recomendação é que não deixem de tomar a medicação corretamente, além do sexo protegido. E, para os usuários de drogas, a recomendação é que não compartilhem seringas. A pessoa infectada será um transmissor pelo resto da vida? Sim, deverá tomar as medicações diariamente e usar camisinha sempre, além de outras medidas preventivas como tratar outras infecções sexualmente transmissíveis e não compartilhar seringas. Quais são os efeitos do coquetel de drogas na vida do portador? Podem ocorrer vários efeitos colaterais como enjoo, vômitos, dor abdominal, > REVISTA ATUA | ABRIL DE 2019
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dor de cabeça, depressão, aumento do colesterol, aumento da glicemia, perda de gorduras localizadas na face, nos braços e nas pernas (lipodistrofia), além de, eventualmente, provocar problemas renais e no fígado. Não há efeitos colaterais no uso sistemático destes remédios? Para as pessoas que frequentemente estão expostas (por exemplo, profissionais do sexo, soro discordantes, entre outros) existe o tratamento pré-exposição. Nesses casos, o paciente faz uso de duas medicações diárias e é acompanhado no ambulatório de pré-exposição. Como funciona o tratamento Profilaxia Pós Exposição? Quais os riscos de ser administrado frequentemente? Nos pacientes que sofreram acidente biológico ou exposição sexual desprotegida deve-se iniciar a medicação (TARV) de preferência nas primeiras 2 horas após o acidente, até 72 horas após. A duração da profilaxia pós-exposição é de 28 dias e o acompanhamento por 3 meses. Como o vírus pode ser prevenido? Como a transmissão do HIV pode ser sexual, sanguínea, vertical (mãe para filho) ou percutânea (por meio de seringas que entram em contato com a pele), o método de prevenção seria criando uma barreira entre o vírus e o indivíduo exposto. A camisinha é a principal forma de prevenção, mas não é a única. Observou-se que algumas medidas em conjunto são mais efetivas do que uma só. Por isso, hoje em dia associamos algumas estratégias de acordo com a vulnerabilidade do paciente. As estratégias para prevenção são o uso da camisinha, o tratamento de infecções sexuais (como gonorreia, sífilis, herpes, entre outras), prevenção pré-exposição em pacientes selecionados, prevenção pós-exposição em pacientes que foram expostos, testagem de HIV em campanhas, manter carga viral indetectável em pacientes HIV+, realizar pré-natal em Gestante HIV e não compartilhamento de instrumentos no uso de drogas injetáveis. A 52
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Aids: o que é e quais os sintomas? A Aids é causada pelo vírus HIV, que prejudica o sistema imunológico, isto é, as células que protegem o organismo de doenças causadas por outros vírus, bactérias e parasitas, além de células que causam câncer. Isso faz com que o corpo humano fique mais vulnerável a tipos raros de cânceres e doenças como pneumocistose, a toxoplasmose, a criptococose e a citomegalovirose. Os estudos mais atualizados indicam que o vírus causador, o HIV (sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana) surgiu a partir de uma mutação do SIV (vírus da imunodeficiência símia), que atingia chimpanzés. Acredita-se que a transmissão ocorreu quando seres humanos caçavam esses animais para se alimentar da carne no continente africano, ao longo do século 19. Os primeiros casos da doença surgiram no fim dos anos 1970, nos Estados Unidos. No Brasil, a primeira notificação foi em São Paulo, em 1980. No fim daquela década, a Aids já era considerada epidemia mundial. De acordo com último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, de 1980 a junho de 2018, foram identificados 926,752 mil casos de Aids no Brasil, com estimativa de 40 mil novos casos por ano. CONTÁGIO E TRANSMISSÃO A transmissão só acontece no contato com fluidos como sangue, esperma, secreção vaginal e leite materno, nos quais o vírus aparece em quantidade suficiente para ser transmitido. Esse contato pode ocorrer durante a relação sexual desprotegida, compartilhamento de seringas, agulhas e objetos cortantes, na transfusão de sangue contaminado, no momento do parto e pela amamentação. Pessoas infectadas pelo vírus HIV podem permanecer por mais de dez anos sem desenvolver os sintomas de Aids. Isso tudo depende tanto do vírus quanto do organismo infectado. Porém, o diagnóstico e o tratamento precoces são importantes para garantir qualidade e maior expectativa de vida para o portador, além de controlar a transmissão para outras pessoas. Por isso, é importante adotar práticas seguras em todas as relações sexuais, com o uso do preservativo. Em casos de relações sexuais desprotegidas, é essencial fazer o teste. Foto: Arquivo/Agência Brasil
PARA REALIZAR O TESTE Caso você tenha interesse em realizar o teste gratuito de HIV, basta procurar qualquer uma das unidades básicas de saúde, unidades do Programa Saúde da Família (PSF) ou diretamente no ambulatório do SAE, que situa-se na Rua Dr. Jarbas A. Carvalho, 115, no Jardim Progresso.
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saúde
A importância de escolher o colchão ideal O colchão é fundamental para a qualidade do seu sono e de sua saúde. POR PEDRINHO SOUZA
Ter uma boa noite de sono é fundamental para a saúde do corpo e da mente. Durante este período, o corpo recarrega as energias, restabelece as células e recupera o sistema imunológico para podermos encarar mais um dia. A equipe da Revista Atua conversou em Aguaí (SP), com José Luiz Nello Rossi, ortopedista formado em medicina, com especialização em ortopedia pela Santa Casa de São Paulo. Ele diz que todos nós precisamos de uma boa noite de sono e dormir em um bom colchão garante nosso melhor sono possível. QUAL O MELHOR COLCHÃO? Os colchões mais comuns são os de es-
pumas e os de molas. Os colchões de água têm um uso muito restrito no dia a dia e são utilizados quase que exclusivamente para pacientes acamados. “Não caia na tentação de produtos milagrosos e terapêuticos, não existe comprovação científica de benefícios de colchões magnéticos, com infravermelho e outras promessas. A escolha do melhor colchão depende do objetivo de cada pessoa, cada um se adapta a um tipo de colchão”, comenta o ortopedista. Os colchões de má qualidade (ou inadequados para o seu corpo) podem causar problemas de sono, dores e desgastes na coluna. Por isso, é recomendado analisar bem o modelo antes de efetuar a compra e, para acertar na escolha, é fundamental avaliar
o peso e as medidas das pessoas que deitarão sobre o colchão. “O colchão é importante, mas não faz milagres, caso uma pessoa tenha algum distúrbio de sono, continuará com o problema mesmo que durma no melhor dos colchões. Os objetivos na escolha são conforto e postura correta”, complementa. Preparamos um guia rápido, para explicar para você sobre os principais tipos de colchão do mercado. Confira abaixo: ESPUMA POLIURETANO As espumas de poliuretano existem em densidades diferentes para o descanso adequado de cada pessoa. Quanto maior a densidade, mais duro é o colchão. “Para identificar o tipo de densida-
Foto: Reprodução Internet
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de, que são certificadas pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), são denominadas de D18, D20, D23, D26, D28, D33, D40 e D45. Quanto maior a densidade, maior o desempenho do colchão. Estes colchões tendem a ter um preço mais barato e têm bom isolamento térmico, o que é bom no inverno, mas não tanto no verão”. Com o avanço da tecnologia surgiram outros tipos de espuma para proporcionar maior conforto e se adaptar às várias necessidades. ESPUMA VISCOELÁSTICA A viscoelástica é uma espuma termo-inteligente e tem o que chamamos de memória. Também é conhecida como a espuma da NASA (Agência Espacial Norte Americana). “Ela se adapta mais facilmente ao calor e ao peso do corpo em repouso, sendo mais eficaz para evitar pressões nas extremidades de contato, como ombros, quadris, joelhos e tornozelos”. ESPUMA LÁTEX O de látex proporciona maior conforto
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térmico, pois mantém uma temperatura estável devido ao fato de que sua espuma possuir pequenos furos para que o ar circule mais. Esse tipo de espuma também oferece mais estabilidade de molejo. Assim, os movimentos da pessoa ao lado serão quase imperceptíveis.Este material é bem flexível e se adapta com maior facilidade a diferentes biotipos, sendo um colchão avaliado como bem agradável. “Nos de espuma uma boa dica é verificar a tabela disponível nas lojas de colchão e testar o mais recomendado ou um de densidade superior, principalmente se a pessoa tiver dores nas costas”. MOLAS ENSACADAS As molas ensacadas individuais visam proporcionar a estabilidade de movimentos. Desta forma os movimentos de uma pessoa não são muito sentidos pela pessoa ao lado. O maior número de molas por metro quadrado proporcionará maior estabilidade e maior conforto. MOLAS BONNEL Os colchões de molas Bonnel são desen-
volvidos com fio de aço e podem apresentar grandes variações na quantidade de molas e na espessura do arame. Esse tipo de colchão tende a ser mais econômico, porém a estabilidade é menor, tendendo a ser menos confortável. O maior número de molas por metro quadrado e melhor tecnologia no aço das molas, podem melhorar seu desempenho. “Geralmente os colchões de mola têm melhor ventilação que os de espuma, resultando em melhor conforto térmico em regiões mais quentes. Eles tendem a ser mais confortáveis tanto para pessoas mais leves quanto as mais pesadas. Um bom colchão respeita a curvatura da coluna vertebral. O colchão deve dar suporte adequado a todas as zonas do corpo. Cada pessoa deve testar e ver a qual colchão se adapta melhor”. O médico ortopedista, José Luiz Nello Rossi, finaliza explicando que “o colchão é fundamental para a qualidade do seu sono e de sua saúde, portanto pesquise sempre os modelos disponíveis e evite focar apenas no valor monetário do mesmo”. A
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sociedade
ONG promove a representatividade LGBT Associação & Grupo Quatro Estações há onze anos organiza a Parada do Orgulho Gay em São João da Boa Vista. POR ANDRESSA SOUZA
Em um mundo cada vez mais plural, ainda há quem sofra por ser diferente com a própria opção de vida. Em 2018, 420 LGBTs morreram no Brasil, segundo o relatório do Grupo Gay da Bahia. Não há dados oficiais sobre casos do tipo. Em mais de setenta países, a homossexualidade é considerada crime. Diante de um mundo tão preto e branco, a Associação & Grupo Quatro Estações (A.G.Q.E), de São João da Boa Vista, é uma ONG que luta contra a descriminalização e traz a tona o arco-íris da diversidade LGBT. Há onze anos o Quatro Estações promove a Parada do Orgulho Gay da cidade. Um dos fundadores, Wellington Ambrozio, conhecido como Yco, conta que a Parada Gay e a ONG nasceram
durante um momento de descontração entre amigos. “O Grupo Quatro Estações surgiu enquanto estávamos em um churrasco, em uma conversa, quando a gente decidiu fazer a primeira parada LGBT, em São João da Boa Vista. No começo foi difícil. No dia da primeira Parada choveu muito. Havia dez pessoas. Nós achamos uma loucura. Particularmente pensei que nem continuaria, mas acabou que deu tudo certo”, conta Yco. CRESCIMENTO A Parada não só continuou, como ganhou mais integrantes. Com apoio de setores públicos, hoje o evento conta com uma infraestrutura de dois trios elétricos, diversos artistas e, segundo a organização, cerca de cinco mil pessoas prestigiam o evento. De acordo com
Yco, ao longo dos anos, a Parada ajudou a mostrar a representatividade LGBT na cidade. “Todo ano o nosso principal foco é fazer com que as pessoas enxerguem que a Parada não é bagunça”. Não é um evento tipo carnavalesco. Nós queremos mostrar que o grupo Quatro Estações está de portas abertas para todo mundo”, afirma. Para Yco, entre os principais frutos do Quatro Estações, estão as sutis demonstrações de amor entre casais homossexuais no espaço público. “Eu ando bastante pela cidade e vejo que hoje em dia há mulher com mulher dando a mão, homem com homem se abraçando, o que até seis anos atrás não existia, que não podia, mas agora isso está melhor”, comenta o fundador. Ele ainda ressalta. “Quanto mais preconceito existir, mais Foto:Andressa Souza
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resistência vamos ter”. Desde 1990 a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou da lista de transtornos mentais identidades trans e a homossexualidade. O psicólogo, Daniel Furtado, explica que a organização entendeu que esses fatores são condições do ser humano e não transtornos. “Há uma condição como em qualquer outra pessoa hétero. Então, não há um transtorno a ser tratado ou cuidado, e sim uma condição existencial. Desta forma, não há um caminho da psicologia que determine o que se fazer com aquilo que não é um transtorno. O que tem de ser feito é como em qualquer questão existencial de qualquer ser humano”, afirma. O Quatro Estações trabalha durante o ano todo para “promover a cidadania e os Direitos Humanos como um todo”. Pessoas interessadas em entrar em contato com a ONG podem acessar a página no Facebook: facebook.com/associacaogrupoquatroestacoes. A
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Novos ventos vindos do Centro-Oeste No dia 13 de fevereiro, o Supremo Tribunal Federal iniciou a discussão sobre a criminalização da homofobia. O primeiro Projeto de Lei sobre o assunto foi apresentado na Câmara dos Deputados em 2001, mas foi arquivado. Depois dele, outros projetos também foram apresentados, porém tiveram o mesmo destino. Por isso, o tema chegou à Corte por meio de ações protocoladas pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Intersexos (ABGLT) e o Partido Popular Socialista (PPS). De acordo com dados do Instagram, as hashtags #Écrimesim e #CriminalizaSTF juntas estiveram presentes em mais de 40 mil postagens na primeira semana de votação no STF. A decisão do Supremo sobre criar regras temporárias para punir os agressores, até a aprovação da matéria no Congresso Nacional, ainda não foi tomada. Até o momento, quatro ministros votaram a favor da criminalização, são eles: Celso de Mello, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. A volta do tema ao plenário do Supremo não tem data marcada, de acordo com o presidente do STF, Dias Toffoli.
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culinária
Baião de dois, a moda do Café na Bodega INGREDIENTES • 500g feijão novo/verde • 150g arroz • Queijo coalho ralado • 100g bacon picados em cubos • 100g calabresa defumada, picada em pequenos cubos • Cream cheese ou requeijão • Sal ou tablete de caldo de legumes • 01 cebola média picada • 03 tomates picados • Salsinha desidratada MODO DE PREPARO Deixe o feijão de molho de véspera. No dia seguinte, refogue bem o bacon, a calabresa e cebola. Adicione o feijão, tomate, sal/tablete de caldo de legumes e a salsinha. Depois de pronto, acrescente o arroz e deixe cozinhar até que o arroz fique cozido, úmido e com consistência cremosa. Acrescente o cream cheese ou o requeijão. Para finalizar o prato, jogue por cima do baião o queijo coalho ralado.
UM POUCO DE HISTÓRIA O baião de dois é uma receita típica do Nordeste, especialmente do estado do Ceará. O termo ‘baião’ vem do nome de uma dança típica que foi muito difundida pelo cantor que ficou conhecido em todo o Brasil como o Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Pelo fato do prato ser um dos mais populares na região, ganhou até música criada pelo cantor e o compositor Humberto Teixeira. O prato teria surgido com o intuito de evitar o desperdicio de comida. Desta forma, a população costumava misturar os ingredientes no feijão já cozido. Com o passar do tempo, a receita foi sendo aprimorada e foram acrescentados outros ingredientes escolhidos pelos cozinheiros.
RECEITA INDICADA POR: Café na Bodega Telefone: (19) 98109-8852 www.facebook.com/CafeNaBodega
Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux
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culinária
Bolo de mandioca, sem farinha de trigo ou fermento INGREDIENTES • 01 kg de mandioca / macaxeira / aipim ralada • 01 caixa de leite condensado light • 600 ml de leite • 03 ovos • 30 g coco ralado • 01 colher de sopa de manteiga MODO DE PREPARO Comece batendo no liquidificado a manteiga, os ovos e o leite condensado, até obter uma mistura bem homogênea. Após isso, vá adicionando, aos poucos, leite e coco ralado. Após esse processo ser finalizado, adicione toda a mandioca ralada e bata no liquidificador por mais 01 minuto. Unte uma forma e despeje todo o conteúdo de forma homogênea sobre ela. Leve a forma ao forno preaquecido, por cerca de uma hora. UM POUCO DE HISTÓRIA Mandioca, macaxeira, aipim - ou como você desejar chamar são nomes de uma espécie da Manihot esculenta. É uma espé-
Foto: Divulgação
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cie de raiz tuberosa, que teria tido sua origem mais remota no sudoeste da Amazônia e que, antes da chegada dos europeus à América, já estaria disseminada, como cultivo alimentar, até o México. É a terceira maior fonte de carboidratos nos trópicos, depois de arroz e milho, e um dos principais alimentos básicos no mundo em desenvolvimento, existindo na dieta básica de mais de meio bilhão de pessoas. A mandioca tem quase duas vezes mais calorias que a batata. Ela é, provavelmente, um dos tubérculos tropicais de maior concentração de calorias. Uma porção de 100 gramas de mandioca contem 160 calorias. Embora a mandioca contenha baixos índices de gordura e proteína, ela ainda é mais proteica que o inhame, a batata e a banana.
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nossa cidade
A magia do Natal em São João Trabalho em equipe para decorar e proporcionar a alegria da tradicional Parada de Natal. POR MIRELA BORGES
“Quando nós da organização vemos a Avenida Central de nossa cidade lotada nos dias da Parada de Natal, a emoção e a sensação de sucesso são incríveis. Por isso, é preciso ter a cabeça no lugar para cada ano trabalhar mais ainda e melhorar o que apresentamos”, palavras enfatizadas por Marco Antônio Combi, o Chefe da Seção de Eventos do Departamento de Cultura e do Departamento de Turismo, para descrever o orgulho do resultado do trabalho em equipe com o fim de proporcionar o inesquecível fim de ano em São João. A época mais esperada do ano se torna mágica. Todos os anos a Associação Comercial, em conjunto com a Prefeitura da cidade organiza a programação do Natal Mágico, com eventos gratuitos
que incluem shows musicais de artistas locais, dança, literatura, eventos religiosos e audiovisuais. E entre as atrações de destaque estão as tradicionais Paradas de Natal, que encantam milhares de pessoas, todos os anos, na Avenida Dona Gertrudes. NATAL EM SÃO JOÃO No começo do mês de dezembro, a Missa Campal abre a programação de Natal na cidade. A iluminação é acesa em diversos pontos e a decoração é ressaltada para trazer o encanto natalino para as ruas de São João. E este trabalho é feito por toda uma equipe que traz essa magia para a cidade. O pavimentador Clésio Gomes Mariano é uma das pessoas que torna mágico o fim de ano em São João. “Sou pavimentador no Pátio Centralizador de
Serviços e, desde 2011, trabalho no barracão da cultura e participo ativamente de todas as ideias, ou seja, opinando e tentando melhorar o projeto. Afinal, com todo esse tempo trabalhando com enfeites, desenvolvemos uma visão melhor de aprimoramento”. “Sensação de dever cumprido”. É assim que Clésio se sente ao ver o reconhecimento de seu trabalho: “Quando eu abro as redes sociais, sempre vejo a população elogiando muito a decoração. E a sensação de dever cumprido, ao ver a emoção das pessoas, é maravilhosa. Afinal, trabalhamos para isso”. “Me sinto ótimo ao saber que meu trabalho está sendo reconhecido”, comenta emocionado e o auxiliar de serviços gerais, Helder Delfino, ao falar sobre sua participação no Natal Mágico. “Participo desde o começo até o fim. Ajudo na decoFoto: Leonardo Beraldo / Cromalux
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ração, na iluminação e em tudo que posso para tornar o fim de ano, em nossa cidade, o melhor possível. Temos muito trabalho ao longo deste planejamento, por isso é muito prazeroso quando a equipe é elogiada. Me sinto ótimo ao saber que meu trabalho está sendo reconhecido”. PARADAS DE NATAL O desfile musical onde anjos, reis magos e o Papai Noel encantam milhares de pessoas, ocorre na Avenida Dona Gertrudes, em dois domingos consecutivos, para comemorar a vinda do Natal, uma das atrações mais aguardadas pelos sanjoanenses durante o ano. 2018 foi marcado pelo Espetacular Circo de Natal, tema das Paradas de Natal, em que bailarinas e elfos dançaram ao longo de toda a avenida e personagens de desenhos animados criaram vida. “As Paradas de Natal são fundamentais e complementam o sucesso que a decoração tem alcançado. Com certeza a ida de nossa população e a visita dos turistas à Avenida são garantidas pelo sucesso do perfeito entrosamento entre a iluminação, os enfeites e o show que, este ano, foi realizado por mais de 300 integrantes e atraiu milhões de pessoas”, ressalta Marco Antônio. A festa já virou uma tradição para os sanjoanenses e movimenta o comércio local. “A parada já se tornou um evento da cidade. A população fica no aguardo desse dia, ansiosamente. Essa tradição ajuda muito o comércio da cidade, ou seja, um ajuda o outro”, conta Clésio Gomes Mariano. E para todos estes espetáculos acontecerem é preciso muito trabalho em equipe. “Anualmente, desde o primeiro semestre, a Prefeitura, através do Departamento de Turismo, faz reuniões com a
DEVER CUMPRIDO
“Quando nós da organização vemos a Avenida Central de nossa cidade lotada nos dias da Parada de Natal, a emoção e a sensação de sucesso são incríveis. Por isso, é preciso ter a cabeça no lugar para cada ano trabalhar mais ainda e melhorar o que apresentamos”. diz Marco Antônio Combi, o chefe da seção de eventos do Departamento de Cultura e de Turismo.
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diretoria da ACE, com a presidente do Fundo Social de Solidariedade, Solange Carvalho, e todos os funcionários que estarão envolvidos na montagem dos eventos do Natal daquele ano. Entre as várias propostas apresentadas pelos integrantes, há a escolha do tema do ano”, explica Marco Antônio. Os resultados de todo este trabalho emocionam sanjoanenses e visitantes, que sempre prestigiam as decorações, iluminação e todos os eventos preparados para comemorar o fim de ano, motivo de orgulho para todos os envolvidos, como conta Marco Antônio: “Colocada toda a decoração e iluminação em seus respectivos locais, ficamos na expectativa da reação e aprovação de nossa população e visitantes. Anualmente, para nossa satisfação, a decoração tem sido reconhecida e elogiada por sanjoanenses e pessoas que vêm de outras cidades para prestigiarem nossas festividades, o que nos dá sempre a sen-
sação de dever cumprido. É uma enorme alegria saber que nossas propostas e objetivos foram alcançados”. E para os desfiles das Paradas de Natal acontecerem, há trabalhos de grupos e companhias de teatro que se preparam semanas antes para dar vida aos personagens que encantam a todos na Avenida Dona Gertrudes. “Nas semanas que antecedem as Paradas, temos um trabalho bem minucioso. Cerca de um mês e meio antes começamos a planejar o que vamos apresentar no desfile. As nossas performances são inspiradas no tema das Paradas daquele ano, mas também tentamos encaixar coisas novas. Como trabalhamos com o teatro, tentamos deixar nossa ala o mais lúdica possível, nossas apresentações envolvem teatro, dança e também performances acrobáticas, para dar uma alusão ao circo. Pensamos em como podemos entreter todas as pessoas presentes ao desfile, de todas as faixas etárias ,” conta Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux
Foto: Dú Paparazzi
o diretor da Companhia Artes Insanes, Bruno Daniel Tabarim Caggiano. Os ensaios continuam até o último minuto, para trazer uma apresentação perfeita ao público, ressalta Bruno, que complementa: “No dia da Parada de Natal sempre chegamos antes no Palmeiras Futebol Clube, o espaço reservado para todos os participantes do desfile poderem organizar os espetáculos, para a gente poder repassar os passos que executaremos na Avenida, vestir os figurinos, preparar toda a maquiagem e tomar o lanche que a Associação Comercial e Empresarial oferece. Temos que chegar sempre mais cedo para deixar tudo organizado, pois somos a maior companhia que desfila nas Paradas. Atualmente temos a sede da Companhia Artes Insanes em São João e mais três filiais: em Vargem Grande do Sul, Aguaí e Mogi Guaçu, e no dia da Parada juntamos todos os alunos da nossa região para fazermos o ensaio geral e garantirmos um espetáculo de qualidade no desfile. ” E todo este trabalho investido nas Paradas mostra seus resultados. Nestes anos de evento, a evolução foi marcante, tanto para quem prestigia a festa quanto para os próprios participantes. “A Parada está crescendo muito e o público gosta de ver todas as atrações diversificadas que os desfiles trazem. Eu acho isso muito bacana. A estrutura das Paradas melhora mais a cada ano, os carros alegóricos estão maiores 69
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e com detalhes muito bem produzidos, a decoração impecável e sempre uma novidade. Além disso, uma das principais evoluções que eu sempre elogio é o figurino”, ressalta Bruno. BARRACÃO DE ENFEITES Todos os enfeites das Paradas de Natal são produzidos em um barracão, localizado no Bairro Santo Antônio. As árvores de Natal, Papai Noel, bonecos de neve, entre outras decorações, dão um charme especial para a cidade. E por trás de cada detalhe destes enfeites, que encantam cada sanjoanense, estão os esforços e dedicação da equipe do Natal Mágico, que começa a preparar as confecções desde agosto. As alegorias das Paradas de Natal são confeccionadas pelo carnavalesco Valdemar do Nascimento, e pela produtora cultural, Sônia Gonçalves. “Fazemos uma reunião com o pessoal da ACE para escolher o tema para as Paradas daquele ano. A partir daí começamos os trabalhos pela estruturação dos enfeites que é feita a partir dos desenhos que planejamos. O Valdemar começa a elaborar toda a decoração que precisa ser soldada, como por exemplo os carros das alegorias, os bonecos e árvores. Toda esta base é feita pelo Valdemar, junto com algum funcionário, tudo isso em agosto. Meu trabalho começa em outubro, com três ou mais ajudantes, quando fazemos toda a parte da decoração dos carros, bonecos, árvores, en-
fim, toda a decoração para acontecer o desfile”, explica Sônia Gonçalves. A Parada de Natal contribui para o desenvolvimento da cidade, além de gerar empregos para esta época. O comércio local se fortalece com os turistas, mais um motivo de orgulho para Sônia. “No dia do desfile, várias pessoas vêm nos cumprimentar, muitos visitantes que vêm acompanhar a Parada. Onde vou sou reconhecida e recebo muitos elogios, e esta sensação é incrível. Todo o nosso compromisso, os esforços e a dedicação que temos em nosso trabalho ,para fazer todo este espetáculo acontecer, valem a pena”. O conjunto de trabalhos realizados no barracão é feito por uma equipe temporária de aproximadamente seis pessoas, englobando “cortes, costuras, colagem... Cada um faz uma parte, para não atrasar”. Trabalho de meses e o “coração na mão” durante as duas noites, mas o orgulho depois de todo o trabalho feito recompensa: “Não há nada mais gratificante do que os sorrisos nos rostos das crianças. O olhar maravilhado delas, e até mesmo dos adultos, é o maior pagamento que poderíamos ter. Sempre faremos o melhor para alegrar a todos”, conta Sônia Gonçalves, emocionada. Atrás de cada ponto iluminado e dos enfeites natalinos, está o trabalho em equipe de vários funcionários que não medem esforços para encantar cada pessoa no fim de ano. A REVISTA ATUA | ABRIL DE 2019
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posse da nova diretoria da ACE
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meio ambiente
Comunidade de Àguas da Prata tem casas 100% sustentáveis Iniciativas locais visam proteger o meio ambiente e ampliar as áreas verdes do município. POR MARINA BORGES
Casas sustentáveis são aquelas projetadas e construídas a fim de respeitar o ecossistema, seguindo os princípios da sustentabilidade ambiental e garantindo o bem-estar dos moradores. Essas casas são feitas a partir de mecanismos que diminuem os impactos ambientais, como aproveitamento de água da chuva, purificação da água utilizada na casa, utilização de materiais orgânicos e energia solar. Em Águas da Prata, há uma comunidade que possui uma construção e vivência totalmente sustentáveis. O projeto que leva o nome de Círculo Vivencial Terra Viva existe há cinco anos e funciona como um laboratório de experimentação. No cotidiano, os moradores realizam experimentos de técnicas
e conhecimentos não tradicionais para suprir necessidades universais básicas em harmonia com a natureza local e consciência planetária. O PROJETO A motivação para criar o Círculo Vivencial Terra Viva veio a partir do respeito que os mantenedores e moradores Nathália Luvizaro e David Moisés têm por todos os seres vivos que compõem o ecossistema. Desde 2014 as construções da comunidade são feitas de modo a facilitar as necessidades básicas e aproveitar as características do local, como luz, ar e relevo. A comunidade, que é a casa de David e Nathália, é mantida por eles próprios. Com a ajuda de um amigo, os dois constroem as casas sustentáveis com argila, areia e mato picado. Além Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux
disso, eles ainda difundem os ensinamentos cultivados lá por meio de cursos de técnicas de construção e venda de comidas e remédios naturais. No projeto, a alimentação é à base de ingredientes naturais: o pão é cozido no sol, com aveia hidratada e trigo germinado e há também horta e pomar no local. O setor de reutilização e limpeza de água da comunidade é feito através de uma bacia de evapotranspiração; as paredes são feitas com terra do local; o banheiro é seco, o que reduz a zero o índice de contaminação do solo e das águas, além de facilitar a limpeza no dia a dia. As casas são frescas no calor e aconchegantes no frio, e ainda mantêm a umidade ideal. Segundo Nathália, a finalidade do projeto é sair o máximo possível do mecanismo de consumo e extração da natureza e caminhar no tempo natural das coisas, mirando atender às necessidades humanas de uma maneira equilibrada. “Temos que ter consciência de onde as coisas vêm e como são feitas e saber de perto os processos envolvidos. Devemos conhecer as necessidades e buscar alternativas mais coerentes com a paz para todos os seres”, exaltou Nathália Luvizaro. >
BAIXO IMPACTO
Desde 2014 as construções da comunidade são feitas de modo a facilitar as necessidades básicas e aproveitar as características do local, como luz, ar e relevo. Além de reduzir custos, ao optar por essa opção sustentável, 70% dos impactos ambientais dissipados nos processos industriais são reduzidos e, assim, sua casa fica de fora desta rede de exploração abusiva de recursos naturais.
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FOCO NA NATUREZA
Nathália Luvizaro e David Moisés criaram o projeto com foco na natureza: toda a alimentação é à base de ingredientes naturais: o pão é cozido no sol, com aveia hidratada e trigo germinado e há também horta e pomar no local.
Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux
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CUSTO BENEFÍCIO A relação de custo e benefício que uma casa sustentável oferece varia muito para cada pessoa e situação. No entanto, são bem mais vantajosas que as construções convencionais. Por exemplo, um cômodo de mesmo tamanho ganha em equilíbrio de temperatura e umidade se as paredes forem feitas com terra e, se este mesmo cômodo for feito com cobertura verde, há a possibilidade de dispensar a laje e obter um ambiente fresco. O maior investimento que uma casa ‘ecologicamente correta’ demanda é em mão de obra, pois os materiais utilizados em sua construção são naturais, como terra, madeira e bambu. Apesar disso, este mesmo cômodo pode sair até pela metade do valor de um convencional. As bioconstruções dispensam produtos de limpeza e mantém as casas vivas, além de serem práticas e precisarem apenas de breves manutenções, como uma nova camada de argila na parede, por exemplo. “O mais interessante é que uma bio-
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construção pode ter muitos recursos tradicionais utilizando técnicas simples espelhadas na natureza, como uma casa com ar-condicionado, água quente, luminosidade e móveis embutidos, por exemplo”, revelou Nathália Luvizaro, fundadora e mantenedora do projeto Círculo Vivencial Terra Viva. Além de reduzir custos, ao optar por essa opção sustentável, 70% dos impactos ambientais dissipados nos processos industriais são reduzidos e, assim, sua casa fica de fora desta rede de exploração abusiva de recursos naturais. A
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cultura
Sucesso na internet Douglas Henrique da Silva tem se destacado nas redes sociais por conta de seus desenhos. POR MARINA BORGES
Filho de uma empregada doméstica e de um pedreiro, o garoto sanjoanense mora na parte alta da cidade. Um garotinho sanjoanense, de apenas 7 anos, está encantando a internet com sua fofura e com seus desenhos. Douglas Henrique da Silva começou a desenhar desde muito pequeno, até que seus pais e irmão perceberam que os desenhos eram diferenciados e com grande perfeição. Foi aí que o irmão Wellington, de 17 anos, decidiu criar uma página no Facebook intitulada Desenhos do Douglas, para divulgar a arte do pequeno. Mas não imaginava que em menos de uma semana atingiria 130 mil seguidores. Hoje, a página já passa de 153 mil seguidores. “Eu criei a página e no mesmo dia
tinham mais de mil compartilhamentos. Eu só compartilhei no meu perfil e na minha cabeça ia chegar a 200 curtidas, e olha lá. E aí o garoto explodiu, em quatro dias tinham mais de 50 mil curtidas.” contou Wellington Henrique do Santos. SUCESSO NA INTERNET Douglas conquistou fãs do mundo todo que compartilham e incentivam a iniciativa do garoto. Foi destaque no jornal carioca Extra, nas redes sociais da Cartoon Network Brasil e na Globo.com, quando então começou a receber diversas mensagens, pedidos de desenho e muitos presentes. “Melhor página de arte que eu já vi, tanto pela qualidade dos desenhos, quanto pelo carisma do Douglas”, disse o internauta Lucas Souza, do Rio Grande do Sul.
Douglas é filho da empregada doméstica Beatriz Aparecida da Silva e do pedreiro Sérgio Henrique da Silva. Os pais contam que sempre incentivaram o garoto e que ele desenhava enquanto assistia os desenhos do Cartoon Network, quando a pedido do irmão Wellington a mãe autorizou a criação da página. “Ele desenha enquanto assiste televisão, e o mais engraçado é que entra o comercial e ele não se perde no desenho, ele termina o desenho usando só a memória. Eu fico sem palavras pra dizer o que tô sentindo”, contou a mãe Beatriz, orgulhosa do talento do filho. Sérgio não imaginava o sucesso que o filho estava fazendo, até que recebeu um casal em sua casa com alguns presentes “Eu assustei quando apareceu na minha casa uma moça e o namorado, trazendo preFoto: Leonardo Beraldo / Cromalux
TODO MUNDO ESTÁ MORRENDO DE AMORES
Talentoso, com um jeitinho só seu e bochechas que dão vontade de apertar, o menino Douglas está encantando a internet. Sua legião de fãs passa de 130 mil seguidores no Facebook e mais de 2 mil no Instagram.
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sentes para o Douglas. Pensei: ela saiu da casa dela e veio até a minha, quer dizer que tem algo diferente, aí eu soube que os desenhos estavam fazendo sucesso”, contou o pai do menino, emocionado. PRESENTES E RECONHECIMENTO Douglas começou a receber diversos presentes vindos do mundo todo, enviados por várias marcas e pessoas admiradoras de suas artes, mas o melhor presente foi o reconhecimento do seu maior ídolo, o americano Ian Jones-Quartey, criador do desenho animado favorito de Douglas o OK K.O!. Ele enviou uma mensagem especial ao artista mirim, no vídeo publicado na página do Cartoon Network Brasil, com os dizeres: “DOUGLAS, TÁ POR Aí?!?! Olha quem mandou um vídeo pra você!”. A mensagem do cartunista dizia: “Meus amigos do Cartoon Network me mostraram seus desenhos e eu achei eles incríveis. Eles também me contaram que você ama OK. KO. Isso é tão legal! Muito obrigada por assistir meu desenho. Eu realmente achei seus desenhos ótimos. Uma coisa que eu gosto de fazer é pegar um caderno de rascunhos, pode ser de qualquer tipo. Dai guarde esse caderno com você e desenhe todas suas ideias nele. Eu tive muitas ideias assim, usando sempre um caderno de rascunhos. Continue desenhando, continue criando, continue assistindo meu desenho. E quem sabe um dia eu não vou estar assistindo o seu? Até mais, Douglas”. Douglas emocionado não sabia explicar direito o que sentiu. “Parece que eu senti uma emoção disparando dentro de mim”, contou o garotinho. A página no Facebook é monitorada pelo irmão, e diversas são as mensagens de apoio ao menino. O brasileiro Pedro Guarisse, que atualmente mora em Viena, na Áustria, deixou uma mensagem especial para o Douglas em sua página: “Douglas, eu espero um dia ver seu nome entre grandes desenhistas ou animadores. Segue esse seu sonho que você tem muito potencial”. O carisma de Douglas é tão grande que uma das mensagens diz que ele alegra os dias tristes: “Vou colocar sua foto de papel de parede no meu celular pra quando eu estiver triste, ver esse sorriso e lembrar que tem o Douglinhas pra fazer a gente feliz todo dia”, comentou o 79
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internauta Tiago Silva. Com tanto apoio na internet, Mariana Cequinel, internauta, criou um Fã Clube para o menino, intitulado Fã Clube dos Desenhos do Douglas.“O Douglas merece muito, sério. Nossa, isso é incrível! Desde o começo fui sempre muito fã dele, meu irmão também tem 7 anos e faz desenhos, igual a ele”, contou a jovem. OPORTUNIDADES Após toda a repercussão na internet, a artista plástica Vânia Palomo, proprietária da escola Vânia Palomo School of Design & Arts, recebeu uma mensagem de uma moça pedindo uma oportunidade para o Douglas. “Eu estava em viagem de férias, quando recebi uma mensagem de uma moça de nome Kathherin Marques, que me segue na página da escola. No momento ela me pediu para que eu pudesse ajudar um garoto muito talentoso em seus desenhos. Eu não o conhecia, mas após o relato dela eu liguei pra minha secretária autorizando uma bolsa ao garoto”, contou Vânia Douglas está cursando história em quadrinhos e ilustração e a escola possui um trabalho social, que ajuda instituições de São João com crianças talentosas e que por motivos financeiros não conseguem fazer cursos. “Ele é um encanto, superamoroso e muito talentoso, e sempre receptivo aos ensinamentos dados”, afir-
mou a artista plástica. “Agora eu acredito que ele tenha um futuro melhor. A Escola deu uma oportunidade pra ele, que eu sozinho não conseguiria, ainda mais uma escola tão importante como essa. Ele vai poder aprimorar seus desenhos com esse curso”, observou o pai Sérgio. Douglas conta que sonhava em ser policial, mas que após todo o sucesso na internet e apoio de diversas pessoas decidiu ter seu próprio trabalho com desenho. Ele já tem a ideia, os personagens, as cores e como toda a história se desenvolverá. Além do curso, a escola de arte levará Douglas a uma visita ao estúdio de Maurício de Souza, um dos mais famosos cartunistas do Brasil e criador da Turma da Mônica. Na escola em que estuda, Douglas já sente um pouquinho da “fama”. Os professores, funcionários e colegas pedem desenhos como presente. “Agora os meus amigos sabem dos desenhos porque a minha professora espalhou e agora eles ficam felizes e pedem desenhos pra mim. Um deles até me falou que quer ser desenhista também”, disse Douglas. A família conta que estão muito felizes e emocionados com tanto carinho e ajuda que o garoto está recebendo e esperam que Douglas aproveite essas oportunidades, consiga estudar, realizar seus sonhos e ser tornar um grande desenhista. A
Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux
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ponto de vista
Sagrada mudança “Para que tanta ostentação?”, questionou o atual Pontífice em recente entrevista à RAI. POR MARCELO PIRAJÁ SGUASSÁBIA
É ponto pacífico que, para ser o domicílio de uma pessoa só, a vastidão do Vaticano é um pouco vasta demais. Tanto isso é verdade que fontes confiáveis do clero afirmam que o mandatário supremo da Igreja católica teria confessado, a alguns cardeais mais próximos, que para ele uma kitnet estaria de bom tamanho. Tudo indica que há estudos prontos para a implantação de mudanças substanciais nos domínios físicos da Santa Madre, transformando quilômetros infindáveis de corredores folheados a ouro em um reles predinho cheira-a-mofo. No andar de cima do modesto aposento papal se acomodará a Guarda Suíça, ocupando um total de 16 apartamentos do tipo 2 + 1. Considerando que cada quarto comporta com relativo conforto uns três ou quatro treliches, a coisa estaria resolvida. Os guardas lavariam suas fardas roxas e amarelas no Colarmaq da lavanderia, devidamente equipada com um varalzinho de parede. Assessores diretos, conselheiros, guarda-costas, porta-vozes e outros Foto: Reprodução Internet
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profissionais indispensáveis ao exercício da função passariam a se alojar nos demais andares. A ideia, controversa, não encontra unanimidade no alto escalão católico. Os mais críticos dizem que esse empobrecimento planejado seria uma alternativa franciscana demais, depondo contra a solidez institucional do catolicismo e colocando em posição vexatória o pastor do maior rebanho cristão do mundo. Uma figura que ao mesmo tempo é chefe de Estado - já que o Vaticano é um país. Os 44 hectares, ou quase 2 alqueires, dos domínios onde repousa São Pedro, se reduziriam à praticidade de um prédio de tamanho médio. Museus, arquivos secretos e não secretos, tumbas, catacumbas, banco, rádio e tv, agência de correios, Capela Sistina e tudo mais que compõe o divino complexo passariam à iniciativa privada, que se responsabilizaria pela manutenção impecável da ex-nação e seus tesouros. “Para que tanta ostentação?”, questionou o atual Pontífice em recente entrevista à RAI. “Temos que dar exemplo
de austeridade, pobreza e humildade. O Senhor espera de nós muitos sacrifícios, para que possamos compensar os desmandos cometidos pela inquisição, a desavergonhada venda de indulgências e, mais recentemente, os sucessivos escândalos financeiros e sexuais”. Indagado sobre o extenso séquito de empregados a seu serviço, o Papa responde: “Uma faxineira a cada dez ou quinze dias liquidaria a fatura. Pessoalmente, não preciso mais do que isso e do meu suprimento mensal de mocotó”. Para não onerar excessivamente o condomínio, o sobe-e-desce de elevadores seria evitado com um simples banquinho ou pufe ao lado da guarita, onde o Pontícife despacharia todas as manhãs. Ou seja, audiências, coletivas de imprensa, pronunciamentos, missas e até mesmo concílios de cardeais teriam lugar no térreo. Sendo o Brasil o maior país católico do mundo, nada justificaria a permanência do Vaticano na Itália. A constatação levanta a tese, não confirmada oficialmente, mas muito plausível, de que o país de Jair Bolsonaro será escolhido para abrigar a nova sede da Santa Sé. A
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olhares - Diego D. Duenhas
FRONTEIRA ENTRE ÉPOCAS Recorte que mostra a intersecção entre o concreto do Balneário Teotônio Vilela e a natureza de Águas da Prata (SP). Ilustra a ideia de que a modernidade - representada pelo concreto armado, um dos mais importantes elementos da arquitetura do século XX - traria o progresso blasè até mesmo à natureza bucólica. Hoje, abandonado, ainda desperta paixões e motiva os protetores de seu entorno e ativistas da sua função social. 82
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