AstroPT Abr2011

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Volume 1, Edição 3

Abril 2011

astroPT magazine

MMA


Abril 2011

EDUCAÇÃO

Sistema Solar riores parecem tartarugas. - coloquei no sistema de Tycho e vi Marte a colidir com a nossa Lua. - fiz um “trace”/ rastrear planetas, para perceber a complexidade ilógica do sistema de Tycho. - e voltei ao sistema de Copérnico para colocar uma data especial: 21

de Dezembro de 2012. A imagem acima representa como os planetas vão estar nessa data. Como vêem, não há qualquer alinhamento planetário! Podem também, em qualquer dia, usar este site para ver onde os planetas estão em relação ao Sol e à Terra. Carlos Oliveira

“… não há qualquer alinhamento planetário!”.

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Enviaram-me pelo Facebook, este fantástico site. Nele vemos o Sistema Solar de forma dinâmica. Coisas que fiz: - coloquei a dar as fases da Lua. - coloquei o tempo a passar o mais rápido possível – e mesmo assim os planetas exte-

Está ligado à astronomia e quer ver aqui a sua empresa, produto ou o seu website?

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Volume 1, Edição 3

EDUCAÇÃO

O melhor professor que já tive David Owen escreveu um excelente artigo na edição Asiática do Reader’s Digest. Podem ler em inglês, aqui. Podem ler a tradução para português, aqui, aqui, e aqui. Vou colocá-lo aqui também: “O professor Whitson ensinava ciências para o 6ª ano de escolaridade. No primeiro dia de aulas, ele ensinou sobre uma criatura chamada cattywampus, um animal noturno extinto durante a Era do Gelo. Ele passou para os alunos um crânio enquanto falava. Todos nós fizemos anotações e depois respondemos a um teste sobre a aula.

Quando recebi o teste corrigido, fiquei surpreso. Havia um grande e vermelho X em todas as minhas respostas. Eu tinha errado em tudo. Devia haver algum engano! Eu tinha escrito exatamente o que o professor Whitson tinha dito na aula. Depois percebi que todos tinham errado. O que teria acontecido? Muito simples, explicou o professor. Ele tinha inventado tudo sobre o cattywampus. Aquele animal nunca existiu, ou seja, todas as informações nas nossas anotações estavam erradas. Nós queríamos ter notas positivas quando

demos respostas erradas? Desnecessário dizer, nós ficamos revoltados. Que tipo de teste era esse e que tipo de professor era ele? Nós deveríamos ter descoberto, disse o professor Whitson. Afinal, enquanto ele passava o crânio do cattywampus pela sala (que na verdade era o crânio de um gato), não disse que não havia evidências do animal? Ele descreveu a sua incrível visão noturna, a cor do seu pêlo, e muitos outros fatos que ele não poderia saber. Ele deu um nome ridículo ao animal e mesmo assim

8 Motivos para estudar Astronomia Devido a Abril ser o Mês da Astronomia, a Editora Abril decidiu publicar um artigo relacionado com a astronomia. O artigo tem por título: “8 motivos para estudar astronomia“. Eu fui contactado para dar a minha opinião, e dei algumas das vantagens de se estudar astronomia, sobretudo a partir deste post, e desta categoria. No artigo foi incluída a razão que considerei mais importante: a sobrevivência humana. Leiam o artigo, e cliquem sobre a parte que diz “Instiga a perpetuar a sobrevivência humana“. Carlos Oliveira

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ninguém havia desconfiado. Os zeros nos nossos testes iriam para a avaliação final, ele disse. E eles foram. O professor Whitson disse que esperava que aprendêssemos uma lição dessa experiência. Professores e livros didáticos não são infalíveis. Na verdade, ninguém é. Ele disse-nos para nunca deixarmos o nosso cérebro distrair-se, disse-nos para duvidarmos das coisas, e pedíssemos explicações sempre que pensássemos que ele ou qualquer livro estivessem errados. (continua na pág. 4)


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O melhor professor que já tive (cont.)

Todas as aulas com o professor Whitson eram uma aventura. Ainda me lembro de algumas aulas de ciências do começo até ao fim. Um dia ele disse-nos que o seu carro era um organismo vivo. Nós demoramos dois dias para pensar num argumento contrário que ele aceitasse. Ele não nos deixou sossegar até que tivéssemos provado não só que sabíamos o que era um organismo, mas também que conseguíamos defender a verdade. Nós levamos o nosso recém-adquirido ceticismo para todas as nossas aulas. Isso causou problemas aos outros professores, que não estavam habituados a serem desafiados. O nosso professor de história começava a falar sobre algum assunto e de repente alguém limpava a garganta com um “ram -ram” e dizia “cattywampus”. Se alguém me pedisse Página 4

uma proposta para solucionar os problemas de nossas escolas, ela seria o professor Whitson. Eu não fiz nenhuma grande descoberta científica, mas ele deu-me a mim e aos meus colegas algo tão importante quanto: a coragem de olhar a outra pessoa nos olhos e dizer que ela está errada. Ele também mostrou-nos que este processo pode ser divertido. Nem toda a gente dá valor a isso. Uma vez contei isto a um professor da escola primária, que ficou horrorizado. “Ele não o devia ter enganado!”, disse. Eu olhei-o nos olhos e disse que ele estava errado.” Deixem-me dar a minha experiência pessoal: Tive muitos professores, quer em Portugal, quer na Inglaterra, quer nos EUA. Lembro-me de poucos. Mas os que me lembro tinham uma característica: faziam-me pensar. Esses foram os que me marcaram. Os outros foram esquecidos, porque não tiveram interesse. Na escola secundária,

lembro-me de um professor de filosofia que estava sempre a fazer perguntas, de um professor de sociologia que punha tudo em causa e “ai de nós” se aceitássemos tudo (curiosamente, era padre, mas dos que não tentavam impôr as crenças dele), e de um professor de saúde que dava as aulas de forma fantasticamente divertida e interessante (tive negativa no 1º período com ele, mas foi um dos melhores professores que tive… no final do 1º período ele foi para África como médicovoluntário, e nunca mais tivemos aulas com ele – ou seja, só o tive como professor 3 meses e no entanto teve um impacto mais profundo em mim do que aqueles que tive durante alguns anos). Na Universidade em Portugal, lembro-me de um professor de Gestão do Pessoal que nos deixava ser criativos nas aulas e nos testes. Na Universidade na Inglaterra, lembro-me de um dos professores de Psicologia nos Media que era “louco” divertido (era um dos criativos escritores da famosa série Dr. Who e

achava que tudo tinha uma explicação lógica… por exemplo, se eu usava uma camisola vermelha, é porque estava mais disponível para amar), lembro-me também de um professor de astronomia dos últimos anos que dava as aulas só com discussões (líamos os trabalhos antes da aula, e a aula só servia para discutir uns com os outros), e lembro-me de outro professor de astronomia, que também era o diretor do departamento, que estava sempre a fazer perguntas difíceis e aparentemente sem nexo (lembro-me no 1º semestre, em Introdução à Astronomia, ele ter mostrado uma suposta imagem tirada a partir da superfície de Vénus (viase alguma lava até) em que se viam algumas estrelas no céu. Perguntou se víamos algum erro na imagem. Vários colegas meus sugeriram várias respostas. Eu costumava ser bastante participativo, mas neste caso mantive-me calado. Ele deve ter notado, e perguntou-me diretamente. Eu respondi que não sabia – que sabia que as


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respostas dos outros estavam erradas, mas não conseguia entender qual seria a resposta certa. Ele continuou a fazer mais algumas perguntas aos meus colegas. Eu tinha razão – as respostas que eles tinham dado estavam mal. Ele deu a resposta certa: Vénus tem uma atmosfera bastante espessa. É impossível ver o céu a partir da superfície de Vénus, por isso ele tinha-nos mentido, aquilo não era uma foto da superfície de Vénus. Fiquei furioso. Não com ele, porque achei uma atividade excelente – adorei a atividade. Fiquei sim furioso comigo próprio, por não ter percebido algo que deveria ser tão evidente). Nos EUA, ainda está muito fresco, mas adorei o professor de física que ensinava pseudociência e que nunca nos disse como fazia os truques nas aulas, adorei a professora de filosofia da ciência que passava a vida a fazer-nos

discutir nas aulas, adorei o professor de métodos avançados de educação que raramente nos dizia o que pensava mas estava sempre muito interessado no que nós pensávamos, e adorei o professor de reforma sistémica que nos deu um semestre com tanta liberdade de pensamento que só na última aula conseguimos perceber as ligações entre tudo e finalmente percebemos que não estávamos perdidos, pelo contrário, o método de ensinar era simplesmente genial. Curiosamente, esta forma de ensinar também foi adotada por Carl Sagan, Richard Feynman, Enrico Fermi (que nos testes das aulas de física, perguntava coisas como: “Quantos afinadores de pianos existem em Chicago?”, ou seja, não era nada sobre a aula, sobre decorar livros, mas sim sobre a forma de pensar lógica e racional), Eleanor Duckworth, e muitos outros

O menino prodígio Jacob Barnett é um miúdo nascido em Indianapólis e tem um QI de 170 (Einstein possuía um QI de 160). Começou a estudar Astrofísica aos 8 anos, devido ao seu enorme gosto pelo cálculo, álgebra, geometria e trigonometria, na Universidade de Indiana. De acordo com o Indiana Star, o professor de astrofísica Scott Tremaine afirmou estar impressionado com o seu interesse na Física, com a quantidade de aprendiPágina 5

EDUCAÇÃO

obviamente. Devido a estas experiências que tive como aluno, é normal que tente levar isso para as minhas aulas, agora que sou eu que estou na posição de ensinar aos alunos. Tal como faço em várias palestras (como podem ler aqui), também nas aulas sou um bocado “diferente”. Na disciplina de astrobiologia que leciono por aqui, na 1ª aula (de apresentações) aviso os alunos que nos testes não quero ver respostas que eu disse ou que estão no livro – sob pena de terem negativa, como tem acontecido várias vezes nos primeiros testes porque os alunos ainda não perceberam o método, e decidem “vomitar” aquilo que decoraram do livro e das notas das aulas – e aviso-os também que irei mentir-lhes várias vezes ao longo do semestre. E realmente, minto-lhes várias vezes nas muitas atividades que fazemos nas aulas, para demonstrar os problemas das crenças, do “peer pressure”, dos argumentos fala-

ciosos, etc. Uma das atividades que faço todos os anos é conseguir convencer alguns alunos que uma camisola cinzenta é na realidade azul. A minha atividade favorita é aproveitar uma notícia que tenha sido recente sobre exoplanetas, e tentar convencê-los que foi descoberta vida extraterrestre nesse planeta, mostrando-lhes até fotos de alguns dos supostos extraterrestres (como estas fotos). Faço isto com cerca de um mês de aulas, e já após os primeiros testes e vários trabalhos para casa. Apesar de se terem passado ainda poucas aulas, é raro algum dos alunos ainda acreditar em mim. Sinto um misto de revolta (então eu sou o professor e eles não acreditam em mim?), frustração (já não os consigo convencer de nada), e orgulho (estão a mostrar que estão a aprender o que lhes pretendo incutir).

Carlos Oliveira

zagens realizadas até agora. A teoria que está a desenvolver (que desafia o Big Bang) envolve problemas complexos de astrofísica e da física teórica, cuja resolução levará a um prémio Nobel. Pode ler-se aqui, aqui e aqui. (EN) Ou aqui. (PT) José Gonçalves


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O que nos Representam as Estrelas? – Civilizações Antigas I

Imagem: Stonehenge, Wilshire, England Crédito: NASA/APOD

“Todas as civilizações antigas têm uma ligação às estrelas.”

Imagem: Dólmen (Época do Neolítico) com entrada voltada para nascente. Esposende, Portugal Crédito: José Gonçalves Página 6

A

s estrelas apresentam algum significado desde sempre. Pelo seu mistério, pela sua beleza e pela curiosidade. Carl Sagan mostra-nos como pensariam, provavelmente, homosapiens pre-históricos acerca das estrelas. Reparamos, também, que todas as civilizações antigas têm uma ligação às estrelas pelos seus escritos antigos. Davam nomes às figuras que imaginavam nas estrelas, ao ligá-las umas às outras. Depois inventavam estórias com essas figuras. As suas crenças e superstições dependiam da posição relativa das estrelas e também do Sol e da lua. Mesoamericanos “Os Maias acreditavam

“Os Maias acreditavam que o Universo era plano e quadrado e o Sol girava em torno da Terra. Havia o submundo, dominado pelos deuses da morte. O céu pertencia ao Sol e a Itzamna. Quando escurecia, os maias podiam ver as acções dos deuses nos desenhos das estrelas como o desenrolar de uma narrativa.” (daqui) Algumas das constelações dos maias seriam escorpião, jaguares, serpente, morcego, tartaruga e tubarão. Tinham também um gémeos, em que um era porco. Egípcios Do outro lado do Atlântico, para os egípcios, a estrela Sirius era alvo de veneração e representava a Deusa Sothis, ou Isis Sotis, e o Deus Hermes Thot. O aparecimento na abóbada coincidia com a cheia do rio Nilo (aproximadamente 3.000 anos A.C.). A cheia vinha trazer prosperidade e fertilidade às terras inundadas. (daqui) Sirius faz parte da Constelação de Canis

Major e faz par com a Constelação de Canis Minor. Os dois cães pertencem e servem o caçador celeste Orion. Era para Sírius que iam as almas dos Faraós e sacerdotes após a morte para “receberem instruções” e ganhar conhecimento. Romanos Na antiga Roma, sacrificavam-se cães em nome de Sírius. Iremos ainda analisar quais as outras civilizações antigas que elaboravam representações estelares e quais as relações entre as representações nas diferentes civilizações. Houve alguma coincidência em olhar sempre para as mesmas estrelas? Houve coincidência em elaborar os mesmos desenhos nas estrelas? Ou houve alguma passagem de informação entre civilizações antigas? Os ETs andaram a espalhar as tradições de observação astronómica? Dário S. Cardina Codinha


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O que nos Representam as Estrelas? – Civilizações Antigas II A Grécia Antiga e a transição entre Mesopotâ-

mios, Egípcios e Gregos A mais antiga evidência direta de constelações vem da Mesopotâmia (Iraque). A mais antiga referência está na “Oração aos deuses da noite”, da Babilónia em cerca de 1700 a.C. Em 1300 a.C. os marcos fronteiriços apresentavam ícones de constelações e ainda símbolos do Sol, Lua e planetas. Após 1100 a.C. foram escritas 3 tábuas (MUL.APIN) com uma lista de observações astronómicas que referiam mais de trinta constelações. Muitas das constelações, cerca de 20, gregas são

cópias das constelações mesopotâmicas. Como exemplo: constelações Assírias para constelações Gregas Peixe-Bode – Capricórnio Grandes Gémeos – Gémeos Outras 10 constelações gregas têm as mesmas estrelas dos assírios mas com nomes diferentes. Exemplos: Trabalhador – Áries Andorinha – Peixes Arado – Triângulo A tradição destas estrelas terá passado da Mesopotâmia e Egipto para a Grécia por volta de 585 a.C. Os documentos gregos mais antigos foram escritos por Homero, no século VII a.C, que

menciona duas constelações, Orion e Ursa

Maior, e dois aglomerados, Plêiades e Híades, e ainda duas estrelas, Sírius e Arcturus. A transferência de registos terá ocorrido quando? A ausência de constelações gregas, com a excepção de Orion e Ursa, de Homero, antes de 500 a.C sugere que a informação foi passada após essa data. Em 400 a.C ocorreram oportunidades para que o conhecimento migrasse da Mesopotâmia para a Grécia. Híparco é a figura chave

desta transição. Em cerca de 150 a.C comparou a tradição do livro de Eudóxio (1130 a.C) com o que era realmente visível. Foi

Híparco que descobriu o movimento de precessão e, assim, o estudo das constelações tornou-se científico. Ainda em 128 a.C criou o primeiro catálogo de estrelas de forma a definir a precessão e buscar novas estrelas. O primeiro astrónomo a desenvolver um modelo geométrico de três dimensões para explicar o movimento aparente dos planetas foi Eudoxo de Cnido no século IV a.C Aristóteles (384-322 a.C) desenvolveu uma ideia de Universo, com a Terra no seu centro e com todo o resto rodando ao seu redor em órbitas No século seguinte, Hiparco fez inúmeras contribuições importantes como descrito acima.

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Ler mais em: http://astro.if.ufrgs.br/ antiga/antiga.htm SCIAM Edição Especial “Etnoastronomia” http:// pt.wikipedia.org/wiki/ Hist%C3% B3ria_da_astronomia Constelação de Orion e do Touro

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Dário S. Cardina Codinha


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EDUCAÇÃO

Cérebro com 2500 anos

Crónica publicada no “Diário de Coimbra”. A palavra “fóssil” deriva do étimo latino fossilis que significa desenterrado ou extraído da terra. O que é que está enterrado? Restos ou vestígios de animais, plantas e outros seres vivos que remontam a épocas passadas e que aparecem conservados em depósitos sedimentares, rochas encontradas no contexto geológico que é a crosta terrestre e cuja formação foi contemporânea desses seres vivos. Esta premissa permite inferir da idade do fóssil. Os fósseis constituem o objecto de estudo da ciência designada por paleontologia, disciplina científica a que se deve a maior parte do conhecimento factual sobre o passado e evolução da vida no planeta Terra. A Página 8

sua actividade experimental não se limita a encontrar fósseis, o que pode ser feito por qualquer cidadão independente da sua formação. O paleontólogo contextualiza o fóssil no registo geológico da história do planeta, reconstitui e interpreta o ecossistema passado, permite o conhecimento dos processos através dos quais a vida interage com o envolvente e evolui. A ideia generalizada da raridade dos fósseis é falsa e talvez alimentada pela mediatização pontual e enfatizada da descoberta de um fóssil específico, cuja descoberta contribui para a explicação de um elemento em falta. É um pouco como as colecções de cromos. É relativamente fácil encontrar e acumular cromos e rapidamente preencher a caderneta respectiva até à situação da falta de um par de cromos, ditos raros. O entusiasmo e a notícia empolgada é assim alimentada pela ansiedade de encontrar os poucos cromos em falta e raramente festa é feita quando a caderneta fica preenchida o suficiente para se ter uma ideia global da constelação. O processo de geração de um fóssil (outro aspecto

de interesse da paleontologia) é um fenómeno comum associado à morte e mineralização de um dado organismo. Na realidade, têm sido encontrados fósseis dos mais variados seres vivos, mesmo aqueles que viveram há milhares de milhões de anos. Dependendo das condições de fossilização, todas as partes dos seres vivos podem deixar registo fóssil, mesmo os componentes orgânicos mais delicados como sejam os tecidos moles. A maior parte das vezes, são outras formas de vida (animais, bactérias, etc.) que degradam e reciclam os restos constituintes de um determinado ser vivo impedindo assim que essas partes fossilizem. A alteração da constituição hídrica dos tecidos orgânicos altera também o registo fóssil em relação à realidade do ser vivo assim deixa testemunho. Neste contexto, é de registar a descoberta de um cérebro praticamente inteiro no interior de um crânio humano com cerca de 2500 anos de idade (673 – 482 a.C. o resultado da datação por radiocarbono). A conservação do tecido cerebral encontrado, não sendo única, espanta exactamente pela raridade deste tipo de achados. O tecido cerebral é rapidamente degradado a não ser que

disso seja inibido por qualquer processo de mumificação ou por condições específicas do seu enterro. O cérebro pertenceu a um homem, com idade entre 26 e 45 anos, que terá sido enforcado e de seguida ritualmente decapitado. O crânio descoberto em 2008, em Heslington, no estado de York no Reino Unido, foi estudado por uma equipa multi-disciplinar liderada pelo arqueólogo britânico Mark Johnson. Os cientistas investigaram não só as condições singulares que permitiram a conservação do fragmento cerebral preservado desde a Idade do Ferro, mas também análises histológicas e biomoleculares. Foi possível determinar a constituição em aminoácidos, lípidos e proteínas especificamente do tecido nervoso (uma proteína proteolítica da mielina e outra específica dos oligodendrócitos). Os resultados agora colocados online num artigo a publicar no Journal of Archaeological Science, indicam que o crânio deve ter sido enterrado rapidamente numa cova com uma grande espessura de argila húmida, em condições de muito baixo nível de oxigénio, o que, conjuntamente com outras condições encontradas, pode ter contribuído para a preservação dos tecidos encefálicos. António Piedade


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ASTROFOTOGRAFIA

A Lua a 1,2 segundos luz da Terra Há 18 anos que a luz refletida pela Lua Cheia não demorava tão pouco tempo a atingir os nossos bastonetes e cones… Ou seja, os 356 577 km que nos separavam nessa noite davam uma latência de aproximadamente 1,2 segundos para o passado. Esta imagem corresponde à inauguração do meu novo sistema de controlo remoto do telescópio. Finalmente vou deixar de “rapar” frio à noite. Agora, no conforto da minha sala ou outra divisão da casa, posso programar tudo e ir acompanhando o processo, sem ter que vestir o fato de

esquimó. Equipamento: FS-102NSV f/6 + ST2000XM; RGB 1x 0,002″ por canal às 23h10m UT. João Cruz

Júpiter reprocessado Foi lançada ontem (2Abr11) a versão 6.0 do Registax, aplicação informática para processamento de imagens planetárias/ Lua. Fiz um primeiro teste com uns avis antigos de Jupiter, que não tinham muita qualidade, para ver como se portava esta aplicação. Parece-me bastante boa, melhor mesmo que a versão anterior v5, incluindo multipontos automáticos de alinhamento e um processamento mais rápido, que facilitarão em muito a vida dos astrofotografos “planetários”. Esta aplicação é gratuita e pode-se descarregar aqui, e um pequeno tutorial aqui. João Cruz Página 9


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Exploração

Vaivéns Já têm casa Após meses na dúvida, e após dezenas de instituições se terem candidatado a ficarem com os vaivéns, a NASA decidiu os destinos finais dos vaivéns espaciais:

cial Endeavour irá ficar no excelente Centro Científico da Califórnia, em Los Angeles. - o Vaivém espacial Atlantis irá para o fantástico Centro Espacial Kennedy, na Flórida.

- o Vaivém espacial Enterprise (que foi o 1º a ser feito, nunca voou, e tem o nome da nave de Star Trek) irá ficar no fabuloso porta-aviões que é o Museu Intrepid do Mar, Ar e Espaço, em Nova Iorque. - o Vaivém espacial Discovery irá ficar no Centro Steven F. Udvar-Hazy, que é um anexo do enorme Museu Smithsonian do Ar e do Espaço, em Washington D.C.. - o Vaivém espa-

Na minha opinião, foram bem escolhidos.

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O Centro Espacial Johnson, em Houston, Texas, também era um forte concorrente devido ao centro de controlo das missões espaciais, mas em termos de visitantes não tem a quantidade e fama dos outros. Daí que recebeu cadeiras de comandante, cockpits, etc. O Centro Espacial de Huntsville, no Alabama, também era um

forte concorrente sobretudo pelo Space Camp (Campo de Férias Espacial), mas em termos de visitantes não tem a quantidade e fama dos outros. Daí que recebeu vários motores e sistemas variados. O Planetário Adler, em Chicago, também era um forte concorrente por ser no centro-norte dos EUA (distribuição geográfica) e ser um dos mais famosos planetários do mundo, mas em termos de visitantes não tem a quantidade e fama dos outros. Daí que recebeu vários simuladores de vaivém. Leiam sobre isto, em inglês, aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira


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Exploração

A missão VA201 da Arianespace Depois da espectacular

criogénico ESC-A ficou coloca-

abortagem registada a 30 de

do numa órbita com um apo-

Março, o foguetão Ariane-

geu a 35.976 km, perigeu a

5ECA (VA201/L558) colocou

249,8 km e inclinação orbital

em órbita com sucesso dois

de 5,98º.

satélites de comunicações, o

O YahSat-1A será operado

YahSat-1A e o Intelsat New

pela empresa Al Yah Satellite

Dawn. O lançamento teve

Communications Co., de Abu

lugar às 2307UTC do dia 22

Dhabi. Construído pela

de Abril de 2011 a partir do

Astrium e pela Thales Alenia

Complexo de Lançamento

Space, o YahSat-1A tinha uma

ELA3 do CSG Kourou, Guia-

massa de 5.956 kg no lança-

na Francesa.

mento. Está equipado com 25

O Intelsat New Dawn será operado pela Intelsat e irá fornecer

A massa total colocada na

repetidores em banda Ku e 14

serviços de banda larga, televisão e outras aplicações, ser-

órbita de transferência para

repetidores em banda C. O

vindo como uma ligação entre a África, Europa Ocidental,

a órbita geossíncrona foi de

satélite irá proporcionar servi-

Médio Oriente e Paquistão. Construído pela Orbital Sciences

10.050 kg, sendo 8.956 kg

ços de telecomunicações para

Communications, o satélite tinha uma massa de 3.000 kg no

correspondentes aos dois

o Médio Oriente, África, Euro-

lançamento.

satélites. O estágio superior

pa e Sudoeste asiático.

Rui Barbosa

Índia volta ao espaço com o PSLV A agência espacial indiana ISRO, levou a cabo com sucesso o lançamento do PSLV-C16 regressando assim ao espaço após o desaire com o seu foguetão GSLV em Dezembro de 2010. O lançamento do PSLV-C16 teve lugar às 0442UTC do dia 20 de Abril de 2011 a partir da Plataforma de Lançamento FLP do Centro Espacial Satish Dawan SHAR, na Ilha de Sriharikota. A bordo do PSLV seguiam três satélite: o Página 11

Resourcesat-2, o YouthSat e o

ta instrumentos para

X-Sat.

estudar a alta atmos-

O satélite Resourcesat-2 é um satélite de detecção remota com uma massa de 1.206 kg que será utilizado para auxiliar os cientístas a medir a contaminação dos solos, detectar novos recursos terrestres e monitorizar a utilização dos solos. O satélite também terá um papel nas agências de defesa da Índia. O YouthSat, com uma massa de 92 kg, foi construído em conjunto pela Índia e pela Rússia e transpor-

fera e medir os raios cósmicos solares. Finalmente, o satélite X-Sat é um satélite de Singapura com uma massa de 106 kg. Este satélite tem como função levar a cabo a demonstração de tecnologias de processamento de imagens e de detecção remota. Imagem: ISRO

Rui Barbosa


Abril 2011

Exploração

Progress M-10M em órbita a caminho da ISS A Rússia levou a cabo o lançamento do veículo de carga 11Ф615А60 n.º 410 que recebeu a designação Progress M-10M após atingir a órbita terrestre. O lançamento teve lugar às 1305:21UTC do dia 27 de Abril a partir da Plataforma de Lançamento PU-5 do Complexo de Lançamento LC1 ‘Gagarinskiy Start’ (17P32-5) do Cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão. Todas as fases do lançamento decorreram sem problemas e o Progress M-10M ficou colocado numa órbita inicial com um apogeu a 245,91 km, perigeu a 193,83

km, inclinação orbital de 51,64º e período orbital de 88,62 minutos. A acoplagem com a ISS deverá ter lugar às 1429UTC do dia 29 de Abril. A bordo do Progress M10M segue uma carga com uma massa total de 2645 kg que inclui água, mantimentos, oxigénio, ar, propolentes, experiências e equipamento para os membros da Expedição 28. Imagem: Roscosmos Rui Barbosa

Lancem os foguetes! 10th annual NASA Student Launch Projects Este fim de semana decorreu em Bragg Farms in Toney, Alabama. Estiveram presentes 45 equipas (17 do ensino secundário e 28 do ensino superior). O objectivo era simples: os foguetes teriam que atingir uma altitude de uma milha, aproximadamente 1,61 Km. Os paraquedas amorteciriam a queda das varias partes do foguete e do payload, portacargas, que se separou do restante engenho. Também se pontuou várias caracteristicas que posPágina 12

suiam os foguetes. Alguns desses foguetes, como por exemplo da equipa do MIT, possuiam sensores de temperatura, humidade e radiação solar. As melhores equipas serão convidadas para a segunda fase deste projecto, consistindo no desenho e construção de um foguete que seja reutilizável e que tenha uma elevação de 10 000 pés (~3,05 Km) a partir do solo, com recuperador de água. Decorrerá em NASA’s Wallops Flight Faci-

lity na Virginia. José Gonçalves

Imagem: Um dos foguetes com desenho do ADN. Crédito: NASA


Volume 1, Edição 3

Exploração

Uma Nova Era Conhecido simples-

compartimento de carga

mente como shuttle, o

e os três motores princi-

Orbiter é ao mesmo

pais montado na extre-

tempo o cérebro e o

midade traseira.

coração do Sistema de

Em 12 de Abril de 1981,

Transportes Espacial

nos comandos do

(STS) da NASA. Assim

comandante John Young

era o STS antes de

e do piloto Robert Crip-

todos os voos de trans-

pen, rugiu para o espaço

porte. Com um tama-

na primeira missão espa-

nho e peso de um avião

cial de sempre. Vinte

DC-9, a aeronave con-

anos antes, em 12 de

tém a cabina pressuri-

Abril de 1961, o cosmo-

zada (que pode trans-

nauta Yuri Gagarin, inau-

IMAGEM: Para ver as características numa melhor

portar até sete mem-

gurou a era do vôo espa-

resolução ir aqui.

bros da tripulação), o

cial humano quando se

José Gonçalves

Columbia, 30 anos O primeiro lançamento do vaivém espacial Columbia ocorreu às 1200:04UTC do dia 12 de Abril de 1981. Desde então, as viagens espaciais foram vistas de outra forma envoltos numa promessa que nos dizia que o acesso ao espaço seria para todos dentro de «poucos anos». Infelizmente, o vaivém espacial não foi capaz de cumprir a promessa e ainda hoje cada viagem tem os seus riscos. Ainda me lembro de Página 13

assistir a este lançamento, brincando com um pequeno avião que imaginada ser o vaivém espacial a partir no exacto segundo para viagens fantásticas pelo espaço… Há mesmo coisas que não se esquecem! Rui Barbosa

tornou na primeira pessoa a orbitar a Terra. Crédito da imagem: NASA.


Abril 2011

Exploração

Nautilus-X “A NASA divulgou os primeiros esboços de uma nave espacial voltada para a exploração espacial de longa duração. A nave, chamada Nautilus-X, é projetada para ficar permanentemente no espaço, ou seja, ela deverá ser construída no espaço e não terá estrutura própria para pousar em planetas, luas e asteroides. (…) a Nautilus poderia manter uma tripulação de 6

astronautas por um período de até 2 anos. (…) (…) O que mais se destaca na nave é a presença de uma estrutura giratória destinada a gerar gravidade artificial.(…) (…) Concepção do uso da Nautilus como um posto avançado, estacionado no Ponto de Lagrange L1, para a exploração da Lua. (…)” Leiam mais, no Inovação Tecnológica. Leiam também, aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira

A Terra vista por Yuri Gagarin Comemora-se no próximo dia 12 de Abril os 50 anos da épica viagem de 108 minutos de Yuri Gagarin na órbita terrestre. Para assinalar a data, o produtor de documentários Christopher Riley e a ESA alinharam na criação de um filme que reproduz a visão de Gagarin a partir da sua cápsula espacial Vostok1 durante o histórico voo orbital. As imagens foram obtidas pelo astronauta italiano Paolo Nespoli através da cúpola da Estação Espacial Internacional, em órbitas muitas semelhantes àquela trilhada pela cápsula Página 14

soviética, e posteriomente editadas e sincronizadas com as gravações audio originais do diálogo de Gagarin com o centro de controlo da missão. O filme vai ser disponibilizado gratuitamente na internet a 12 de Abril. Consultem o site FirstOrbit para mais informações. Sérgio Paulino


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Personalidades

A trágica história de Vladimir Komarov Há um livro prestes a ser publica-

espaciais.

do sobre a vida do cosmonauta

Assim a Soyuz I iria levar um cos-

soviético Yuri Gagarin, o primeiro

monauta para órbita perto da

homem no espaço. Ele fez o his-

Terra e uma segunda nave espa-

tórico voo espacial a 12 de Abril

cial seria lançada com outro cos-

de 1961, a bordo da Vostok 1. O

monauta a bordo. Os dois

livro chama-se “Starman: The

homens iriam trocar de lugar e o

Truth Behind the Legend of Yuri

primeiro cosmonauta iria voltar à

Gagarin” e está a provocar muito

Terra na nave do segundo cos-

burburinho. Não sobre Gagarin,

monauta.

mas sobre o seu grande amigo e

O que poderia correr mal?

companheiro Vladimir Komarov. Uma história verdadeiramente desoladora. Os autores do livro, Jamie Doran e Piers Bizony afirmam que a sua versão da história baseou-se em factos descritos por um antigo oficial do KGB. O oficial é Venymin Ivanovich Russayev, e as investigações são de um repórter do jornal Russo Pravda, chamado Yaroslav Golovanov. Há muitos muitos anos atrás dois

Tudo.

o

mensageiro das más notícias. Como Krulwich observa: “Toda a

Vários técnicos inspeccionaram a

gente que viu esse memorando

Soyuz I antes do lançamento e

… foi despromovido, demitido,

encontraram nada mais que 203

ou enviado para a Sibéria.”

problemas estruturais. Claramen-

Incluindo o agente da KGB

te, a missão devia ser adiada,

(Russayev) que tentou transmitir

pois a probabilidade do cosmo-

o memorando de Yuri.

nauta regressar vivo eram ínfimas. O escolhido para a malfadada missão foi Vladimir e o seu amigo Yuri foi escolhido para suplente.

Russayev, perguntou a Vladimir porque não se recusava a realizar a missão. Ao que Vladimir respondeu: que se ele se afastasse, o seu substituto seria lançado

Não querendo ver o seu amigo

para uma morte quase certa e

morrer, Yuri escreveu um memo-

que esse suplente era o seu gran-

rando de 10 páginas para Brezh-

de amigo Yuri. “Ele vai morrer em

nev e deu a um amigo no KGB.

vez de mim”, disse ele. “Nós

Yuri era um tesouro nacional,

temos que cuidar dele.” E dito

uma celebridade, certamente

isto, explodiu em lágrimas,

que aqueles que possuíam poder

sabendo que assim estava a

iam ouvir as suas preocupações.

sacrificar-se a si mesmo.

espaço. A ideia era mostrar aos

Mas o memorando nunca chegou

Aparentemente Yuri apareceu

americanos como se faziam voos

a Brezhnev. Ninguém queria ser

naquele dia fatídico, de 23 de

cosmonautas russos, conheceram-se e tornaram-se bons amigos, eles eram Yuri e Vladimir. Tudo corria bem até que um dia, o líder da URSS, Leonid Brejnev, decidiu que seria boa ideia, encenar um encontro entre duas naves espaciais soviéticas, no

Página 15


Abril 2011

Personalidades

A trágica história de Vladimir Komarov (cont.) Abril de 1967, e exigiu ser ele a

corpo derrete com o impacto.

se despenhou perto da cidade de

realizar o voo, mas foi recusado.

Enquanto ele dirige-se para o

Kirzhach.

O lançamento ocorreu de acordo

sacrifício, os postos de escuta

Mais pode ser

com o planeado, com Vladimir

dos EUA, na Turquia ouvem-no

lido aqui, aqui e aqui.

bordo. De facto as várias avarias

chorar de raiva, amaldiçoando

mostraram-se fatais. Krulwich

aqueles que o colocaram dentro

escreveu:

daquela terrível nave espacial. ”

“Assim, há um astronauta no

Tudo o que sobrou de Vladimir

espaço, girando à volta da Terra,

Komarov foi um osso do calca-

convencido de que nunca vai

nhar e uma massa de restos calci-

conseguir voltar a Terra. Vladimir

nados. Mesmo assim, o funeral

está ao telefone com Alexsei

de Estado foi de caixão aberto

Kosygin – um alto funcionário da

(como se pode ver pela foto).

União Soviética – que também está a chorar porque, também ele, acha que o cosmonauta Vladimir vai morrer. O veículo espacial pobremente construído, está a ficar perigosamente sem combustível e o pára-quedas não funciona, o cosmonauta … está prestes a, literalmente, despenhar-se a toda a velocidade contra a terra, enquanto o seu Página 16

Um ano mais tarde, morre Yuri quando o MIG em que treinava

Conceição Monteiro


Volume 1, Edição 3

Personalidades

50 anos da morte de Valentin Bondarenko Comemoram-se este ano os 50

mo Vostok 3A precursor, o cos-

tou apagar o fogo por ele pró-

anos do primeiro voo espacial

monauta Bondarenko encontrava

prio, mas o seu fato de treino de

tripulado por Yuri Gagarin a 12

-se no décimo dia de um exercí-

lã começou também a arder. O

de Abril de 1961. No entanto, o

cio de quinze dias na câmara de

médico de serviço, Mikahil A.

caminho que levou ao triunfal

isolamento nas instalações do

Novikov, tentou abrir a porta da

voo da Vostok-1 foi um caminho

Instituto de Aviação e Medicina

câmara mal se apercebeu do

difícil marcado por desastres que

Espacial em Moscovo. A câmara

incêndio, mas esta operação

só muito mais tarde o mundo

continha 50% de oxigénio a uma

demorou vários minutos durante

teria conhecimento.

pressão reduzida para simular a

os quais Bondarenko ficou com-

atmosfera de um veículo espa-

pletamente queimado. Enquanto

Uma dessas tragédias foi a morte

cial, e era completa-

era retirado da

jovem cosmonauta até hoje

mente à prova de

câmara, repetia

seleccionado. O texto a seguir é

som para testar os

constantemente,

um excerto de um artigo que irá

efeitos do isola-

“Foi culpa minha,

surgir na Edição Dourada do

mento. Após a fina-

não se culpa mais

lização de alguns

ninguém.”

testes médicos na

O principal médico

conclusão do seu

do hospital para

período de isola-

onde Bondarenko

mento, Bondarenko

foi transportado

removeu os senso-

referiu mais tarde

de Valentin Bondarenko, o mais

Boletim Em Órbita que será editado a 12 de Abril próximo para assinalar o 50º aniversário do épico voo de Gagarin. Lembrando Valentin Bondarenko O sucesso inequívoco do Korabl-

res que estavam fixados ao seu

Sputnik 4 foi uma injecção de

que “o corpo do cosmonauta

corpo e com algodão ensopado

moral no programa Vostok, que

estava totalmente sem pele, a

em álcool, limpou as zonas onde

até então não tinha tido uma

cabeça de cabelo, não havia

os sensores estavam colocados.

missão sem qualquer problema

olhos na face – tudo tinha sido

Sem olhar, ele atirou o algodão

desde Agosto de 1960. A euforia

queimado. Era uma lesão total

com álcool que acabou por cair

em relação à missão foi, porém,

do pior grau.”

no anel de um aquecedor eléctri-

um pouco ofuscada por uma tra-

co que estava ligado. O algodão

gédia que atingiu a equipa de

começou a arder de imediato e a

cosmonautas da maneira mais

chama tornou-se muito intensa

inesperada.

numa atmosfera rica em oxigé-

A 23 de Março, somente dois

nio. Ao princípio, em vez de fazer

dias antes do lançamento do últi-

soar o alarme, Bondarenko ten-

Página 17

Bondarenko acabou por falecer às 1200UTC do dia 23 de Março, oito horas após o acidente, de choque resultante das queimaduras. Foi a primeira morte de um treinando espacial na história do programa espacial. Somente com


Abril 2011

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50 anos da morte de Valentin Bondarenko (cont.) 24 anos de idade e o mais novo

kiy . As notícias do acidente

ca da tragédia. O acidente ou a

da equipa, ele foi enterrado no

foram completamente suprimi-

existência de Bondarenko só

seu local de nascimento em Khar-

das no interesse da moral, espe-

foram revelados em 1986 como

kov, onde moravam os seus pais.

cialmente considerando que a

parte de uma série de artigos do

A sua esposa Anya e o seu filho

primeira missão pilotada Vostok

jornal Izvestia celebrando o 25º

Sasha permaneceram em

estava então prevista para

aniversário do primeiro voo espa-

Zelenyy, recebendo uma pensão

menos de três semanas. Não é

cial pilotado.

especial do estado por ordem

claro se algum dos outros cosmo-

directa do Ministro da Defesa

nautas foi na altura ou várias

Marechal Rodion Ya. Malinovs-

semanas depois informado acer-

Rui Barbosa

Cosmonauta n.º 1

Yuri Gagarin tornou-se no primeiro ser humano a realizar um voo espacial quando tripulou um veículo especial Vostok numa única órbita da Terra na manhã da Quarta-feira, 12 de Abril de 1961. Era um dia de Primavera sem nuvens no centro de lançamenPágina 18

tos de Baikonur nas estepes áridas do Cazaquistão quando os 24 motores do primeiro estágio do foguetão R-7 entraram em ignição. “Poyekhali“, disse Gagarin à medida que o foguetão se elevava. “Aqui vamos nós!” Em minutos ele estava no espaço dizendo que se sentia bem, que a Vostok estava a funcionar. “Eu consigo ver o horizonte,” disse, descrevendo imagens que nenhuma humano havia visto antes. “Tem uma espécio de halo, um arcoíris…” Ele passou sobre o Oceano Pacífico e sobre a América (e pensou em Alan Shepard, que Gagarin acreditava vir a ser o primeiro a ir ao espaço). Sobre Africa os retro-motores funcionaram, tirando o veículo especial de órbita. Após a reentrada, que se tornou complicada devido à falha na separação dos retro motores, Gagarin ejectou-se da Vostok tal

como planeado e desceu de pára -quedas em segurança para um campo cultivado de uma quinta colectiva perto de Saratov. O voo de Gagarin teve uma duração de 1 hora e 48 minutos. Gagarin nasceu a 9 de Março de 1937 na vila de Klushino, região de Smolensk a Oeste de Moscovo. O seu pai era um carpinteiro, e afamília Gagarin viveu sobre ocupação alemã na vila de Gzhatsk durante vários anos durante a Segunda Guerra Mundial. Após de formar na escola secundária em 1949, Gagarin frequentou a Escola Técnica de Agricultura de Lyubertsy durante dois anos seguida pela Escola Técnica Industrial de Saratov. Mas enquanto estudava para se tornar um trabalhador fabril, Gagarin juntou-se num clube de pilotos amadores e aprendeu a voar. Um dos seus instrutores reco-


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Cosmonauta n.º 1 (cont.) mendou-o para a força aérea e Gagarin ingressou na Escola Superior da Força Aérea de Orenburg em 1955. Após finalizar os seus estudos em Novembro de 1957, foi oferecida a Gagarin a hipótese de se tornar instructor em Oreburg, mas ele optou pelo serviço na Frota do Norte. Durante dois anos foi piloto baseado em Zapolyarny, a Norte do círculo Ártico, até de voluntarear para o grupo de cosmonautas em Outubro de 1959. No mês de Março seguinte, após meses de testes medicos, psicológicos e politicos, Gagarin foi um dos 20 jovens pilotos que se apresentaram no Aeroporto Central de Frunze em Moscovo para iniciar o treino para o voo especial tripulado. Rapidamente Gagarin tornou-se um dos candidatos para o primeiro voo e em finais de Março de 1961 foi indicado pelo director do treino dos cosmonautas, O Tenente-general Nikolai Kamanin, que ele seria o piloto do primeiro Vostok. Uma reunião da Comissão Estatal a 8 de Abril de 1961, confirmou a nomeação de Gagarin. Após o seu histórico voo Gagarin passou muitos dias e semanas a Página 19

participar em encontros públicos e viagens, visitando a Checoslováquia, Grá-bretanha e Canadá. Foi-lhe difícil dedicar tempo à sua carreira de piloto activo e de cosmonauta e viu-se relegado para trabalhos administrativos. Ele foi, de facto, nomeado comandante da equipa de cosmonauta a 25 de Maio de 1961, um posto que manteve até Dezembro de 1963 quando foi nomeado director-adjunto do Centro de Treino de Cosmonautas. Nestes postos ele dirigiu o treino das primeiras mulheres cosmonautas (que chegaram ao centro em Março de 1962) e serviu como operador de comunicações para as missões conjuntas da Vostok-3 e Vostok-4, Voskhod -1 e Voskhod-2. Esteve também activo politicamente como delegado aos Congressos do Partido em 1961 e 1966. Até Junho de 1964, Gagarin esteve proibido de voar e treinar de forma active, uma restrição que ele achou crescentemente frustrante. Fez repetidos apelos ao General Kamanin para que lhe fosse permitido treinar de noco, e em Abril de 1966 Kamanin acedeu, permitindo que Gagarin se juntasse ao grupo de cosmonau-

tas, iniciando assim o treino para um novo voo especial. As nomeações prelminares para a missão Soyuz-1 / Soyuz-2, feitas em Setembro de 1966, originalmente não incluiam Gagarin. Mas ele lutou pela sua inclusão, e foi finalmente nomeado como segundo ou piloto suplente de KOmarov na Soyuz-1. Esperavase que participasse numa missão Soyuz de uma semana em 1967. Mas após o seu lançamento a 23 de Abril de 1967, a Soyuz-1 de Komarov viu-se com severos problemas técnicos: um painel solar não se abriu apropiadamente, deixando o veículo especial com escassez de energia. Também ocorreram problemas com o sistema de controlo de attitude. O lançamento da Soyuz-2 foi cancelado e foi ordenado o regresso da Soyuz-1. Após a reentrada, porém, os pára -quedas na cápsula de Komarov não se abriram devidamente. O veículo despenhou-se no solo e rompeu em chamas, matando Komarov e levando o programa especial Soviético a uma paragem repentina. Gagarin participou nos serviços funebres de Komarov, e esperou envolver-se na investigação e regressar ao voo. Mas cinco dias após o acidente, o General Kamanin removeu de novo Gagarin do treino e foi probido de voar. Ao longo de 1967 Gagarin continuo os seus estudos na Academia de Engenharia da Força Aérea em


Abril 2011

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Cosmonauta n.º 1 (cont.) Zhukovsky (formar-se-ia em Fevereiro de 1968) e supervisionou o treino não só para os voos orbitais da Soyuz, mas também para as missões Soyuz-Zond circumlunares. A 12 de Março de 1968, após a finalização dos trabalhos académicos de Gagarin, Kamanin foi capaz de permitir que este voltasse aos treinos. Gagarin imediatamente se juntou aos cosmonautas Shatalov, Volynov, Gorbatko e outros em voos para similar a ausência de gravidade a bordo do Tu -104, e requelificarse como piloto de aviões a jacto. Às 10:19 da manhã de 27 de Março de 1968, Gagarin e o instructor de voo Vladimir Seregin levantaram voo da base aérea de Chkalov perto do Centro num MiG-15. Após um pedido dos pilotos para uma alteração de curso, nada mais foi escutado. Os controladores no solo ficaram alarmados. Foram ordenados helicópteros de busca e salvamento levantassem voo. Outras bases na região foram alertadas. As horas foram passando sem qualquer palavra. Finalmente foram avistados destroços numa floresta a pouco Página 20

mais de 1,6 km da vila de Novoselovo. O próprio Kamanin voou até ao local, percorrendo neve profunda até ao local da cratera que estava agora cehia de água da neve que se havia derretido. Era já anoitecer e a escuridão tornou impossível verificar o que havia ocorrido. Somente com o amanhecer do dia seguinte é que os restos mortais de Gagarin

foram encontrados. Uma investigação e reconstrução do acidente 20 anos mais tarde concluiram que o MiG-15 de Gagarin e de Seregin havia sido apanhado num vortex de outro avião a jacto e entrou numa pirueta. Os pilotos recuperaram, mas viram-se num mergulho extreme a uma altitude não muito superior a 1.000 pés. Foram incapazes de sair do mergulho ou

mesmo ejectarem-se. Gagarin foi o tema de vários trabalhos biográficos em todo o mundo, incluindo “Órbitas de uma Vida” por Oleg Nudenko (1971), “Meu IrmãoYuri” por Valentin Gagarin (1973), “Não Poderia Ter Sido de Outra Forma” por Pavel Popovich e Vasily Lesnikov (1980), “108 Minutos e Toda Uma Vida” pela sua esposa Valentina (1981), “Palavras Sobre Um Filho” pela sua mão Anna (1983) e “Gagarin” por V. Stepanov (1986). As autobiografias incluem “O Meu caminho para o Espaço” (1961) e “Chama” (1968). Gagarin também foi co -autor de vários trabalhos técnicos, incluindo “Sobrevivência no Espaço” (1969). Uma cratera no lado oculto da Lua, um navio de rastreio soviético, a Academia da Força Aérea do Estandarte Vermelho (Ordem de Kutuzov), o Centro de Treino de Cosmonautas e a sua cidade natal Gzhatsk, receberam o nome de Yuri Gagarin, o “primeiro cidadão” das viagens espaciais. Adaptado de um texto de Michael Cassutt. Rui Barbosa


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Entrevista com o cosmonauta Konstantin Valkov O cosmonauta Konstantin Anatoliyevich Valkov esteve em Portugal para participar no Dia da Rússia e do Cosmos inserido na Semana da Cultura Russa organizada pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP) entre 11 e 16 de Abril de 2011. A sessão solene contou com a presença do Eng. Couto dos Santos, da jornalista Tâmara Moroshan (jornal Slovo), de João Luís Sousa (jornalista do jornal Vida Económica), de Joana Neves (bolseira do Instituto Pushkin) e do cosmonauta Konstantin Valkov. Inicialmente, havia sido anunciada a presença do cosmonauta Oleg Kotov, mas este não pôde estar presente pois foi condecorado pelo Presidente Russo no mesmo dia em Moscovo. No ISCAP encontrava-se também em exibição uma exposição fotográfica sobre a aventura espacial russa que contou com a exibição de alguns vídeos sobre a missão de Yuri Gagarin. Valkov fez uma apresentação com o tema “O Cosmos: Uma Vida Para a Paz” referindo também os preparativos e a missão de Yuri Gagarin, além de abordar a sua própria preparação para a missão Soyuz TMA04M que deverá ser lançada a 26 de Março de 2012. No final da sua palestra o Boletim Em Órbita teve o privilégio de conversar com Konstantin Valkov. Boletim Em Órbita (BEO) – O que é ser cosmonauta na Rússia do Século XXI? Konstantin Valkov (KV) – Ser cosmonauta na Rússia requer muito trabalho e concentração. O mais difícil é estar constantemente preparado «a vida toda». Página 21

BEO – Na Rússia ainda existe a ideia de que um cosmonauta é um «herói»? KV – Ao contrário do que acontecia anteriormente, já não há essa ideia. Hoje em dia ser cosmonauta é uma profissão normal, mas apesar disso é uma profissão muito difícil e dura. BEO – O que é que levou Valkov a escolher a profissão de cosmonauta? KV – Gagarin chamou-nos a todos para ir ao espaço. Desde a minha infância sabia quem era Gagarin e tinha o sonho de ser piloto militar. Todos sonhávamos ser Gagarin, mas víamos a sua figura como algo de inultrapassável. No fundo, nunca vamos conseguir ultrapassar o que Yuri Gagarin fez! Em termos pessoais, foi-me dada a oportunidade de ingressar no Centro de Treinos de Cosmonautas e eu aproveitei essa oportunidade. E sendo sincero, era isso mesmo o que eu queria pois para um piloto, ser cosmonauta é um passo à frente, e isto visto não do ponto de vista de uma carreira, mas sim do ponto de vista pessoal. BEO – Como é que vê o futuro espacial da Rússia e a colaboração com os Estados Unidos? KV – A colaboração com os Estados Unidos irá continuar e nesta altura ainda bem que se compreendeu que a Guerra-fria foi um grande erro, pois do ponto de vista tecnológico são projectos que requerem grandes investimentos e somente um país não é capaz de suportar todo esse investimento. Os dois países têm os seus trabalhos de investigação independentes, mas somente com uma estreita colaboração é que se conseguirá chegar a um objectivo.

BEO – E no futuro será possível uma colaboração com a China? KV – Sim, é possível! Ao longo dos últimos anos a China tem tido uma história espacial semelhante à nossa, conseguindo avançar rapidamente no lançamento dos seus cosmonautas. A colaboração com a China não é só possível, como desejável. BEO – A ISS funcionará até 2020. Será que Valkov só fará uma viagem ao espaço? KV – A nossa equipa de cosmonauta não é assim tão grande e a ISS é ocupada por uma tripulação de seis pessoas. Cada um de nós é preparado de forma individual mas também fazendo parte de uma equipa, e até 2020 espero que eu e todos os meus colegas deveremos viajar até à ISS mais do que uma vez. Da mesma forma que se colocou em orbita uma nova estação antes da destruição da Mir, certamente se irá lançar um novo projecto antes do final da ISS. BEO – Obrigado pela oportunidade e sucesso para a sua missão e carreira espacial! KV – Muito obrigado! O Boletim Em Órbita agradece a colaboração de Susana Pinto, do Gabinete de Comunicação e Relações Públicas do ISCAP, e a colaboração na tradução de Zarina Shihverdieva. Rui Barbosa


Terra

Abril 2011

GOCE mapeia gravidade terrestre de forma detalhada O elegante satélite GOCE (Gravity Field and Steady-State Ocean Circulation Explorer), de que já falamos neste post, passou os últimos dois anos a medir o campo gravitacional terrestre, criando um modelo com detalhes sem precedentes de variações mínimas na força da gravidade por todos os pontos do planeta. No mapa acima, vê-se a superfície do planeta Terra moldada pela gravidade, com zonas a amarelo (maior gravidade) e zonas a azul (menor gravidade). Leiam mais sobre isto, aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira

Relâmpagos O astrónomo amador Paulo Casquinha tirou estas fantásticas fotografias ao céu de Palmela, Portugal, há poucos dias atrás, e deu-nos autorização para as colocarmos neste post. Carlos Oliveira

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Terra

Mau Tempo

Crédito: Frank Cianciolo/McDonald Observatory

Crédito: Tom Pennington/Getty Images

Por aqui tem estado muito bom tempo. Muito Sol e esta semana tivemos temperaturas perto dos 40ºC. Sendo o Texas tão grande (maior que a França) e estando temperaturas tão altas, é “normal” que em várias zonas do Texas tenham havido vários fogos, como se pode ver nas imagens. Já foram arrasados 500 mil hectares de terreno, foram destruídas mais de 200 casas, e várias centenas foram danificadas. Há bombeiros de 34 estados a tentar combater as chamas. Vejam este vídeo no Público.

Por outro lado, os estados do sul dos EUA têm sido massacrados com tornados nas últimas semanas. Mais de 200 tornados arrasaram várias centenas de casas e mataram várias dezenas de pessoas. O mais recente foi esta noite na cidade de St. Louis. Entre várias outras coisas, arrasou partes do aeroporto, e por isso o aeroporto teve que fechar indefinidamente. Quem saía de St. Louis ou até estava em trânsito, vai ter que sair de carro. Carlos Oliveira

Dia da Terra Hoje é o Dia da Terra. Tal como em anos anteriores, hoje celebra-se o planeta com várias atividades por todo o mundo que visam preservar o nosso ponto azul-claro. Carlos Oliveira

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Abril 2011

Terra

Radiações Naturais e Artificiais Para entender o desastre de Fukushima precisamos de fazer algumas perguntas. A primeira é questionar o que é a radiação.

da) expõe a pessoa a mais de 1mSv.

1- Raios gama e raios X – Os átomos libertam partículas leves com potencial para penetrar o tecido

A radiação nuclear, para efeitos de perigosidade, é medida em millisieverts, unidade internacional de dosagem de radiação. (1 sievert =100 rems, unidade de dosagem de exposição a raios-X e raios gama; 1 millisievert = 0,1 rem.) O pico da dose de radiação medida dentro da estação Daiichi, em Fukushima, em 15 de março: 400 mSv/hora, e a 16 de Março, nos limites da estação nuclear Daiichi, em Fukushima, era de 1,9 mSv/hora. A exposição máxima à radiação permitida por lei para trabalhadores nos EUA é de 50 mSv/ ano e média de exposição dos americanos a fontes de radiação natural e artificial é de 6.2 mSv/ano. Agora podemos perguntar o que é um nível perigoso de radiação? Normalmente somos expostos a 2 a 3mSv/ano, vindos de radiação cósmica, emissões de materiais de construção e substâncias radioactivas naturais. O aconselhado seria menos de 1mSv/ano, segundo a Comissão Reguladora Nuclear dos Estados Unidos. No entanto há uma grande diferença entre ser exposto a 1 mSv diluído ao longo de um ano e ser exposto a 1mSv duma só vez, mesmo que seja a única exposição do ano. Para dar um exemplo comum, um tac (tomografia axial computorizaPágina 24

das duas formas de radiação por ionização:

A síndrome aguda de radiação manifesta-se após os 3S (3 mil vezes mais a exposição anual recomendada). Os sintomas iniciais são as náuseas e a diarreia. Se o caso for mais grave, os sintomas são a perda de apetite, fadiga, febre e convulsões. Há radiações e radiações A radiação mais preocupante é a radiação por ionização, que é produzida por isótopos pesados em decaimento. Os isótopos usados são o iodo 131 (com meia-vida de 8 dias) e o céssio 137 (com meia-vida de 30 anos). Os produtos de decaimento destes isótopos emitem radiação gama e partículas beta sob a forma de electrões ou positrões. Este tipo de radiação tem energia suficiente para ionizar átomos, ao eliminar electrões, que instabilizam moléculas de tecidos vivos. Podemos verificar a diferença

2- Radiação alfa e beta – potencial mais baixo que a radiação anterior e podem ser bloqueadas facilmente. Contudo, se estas partículas forem ingeridas ou inaladas tornam-se mais perigosas porque irão libertar toda a energia que têm ao colidir com os átomos do tecido vivo e irão, assim, causar mais problemas. Iodeto de Potássio protege da radiação Após o acidente de Fukushima, foram distribuídas mais de 200 mil pastilhas de iodeto de potássio. Este composto protege a tiróide da forma radioactiva. A tiróide absorve as formas de iodo até um limite em que não é capaz de absorver mais. Assim, ao saturar a tiróide com iodeto de potássio, a tiróide deixa de absorver o composto de iodo seguinte, que seria o iodo radioactivo. Mais aqui

Dário S. Cardina Codinha


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Terra

NASA tech dentro do reactor nuclear do Japão iRobot Corp. forneceu dois PackBots (tecnolog ia da NASA) de ajuda após o devastador terr emoto de 11 de Março de 2011, e do tsunami no Japão. O s modelos PackBot, atu almente estão a fazer leituras de radioatividade nos edifícios danificados da central de Fukushima. Estes estão equipados com várias cámaras e sensores de material de risco. As imagens e os dados fornecidos pelos PackBots indicaram níveis d

e radiação demasiado elevados para permitir que equipas de reparação possam entrar em segurança nos edifícios da central. Urbie foi um esforço conjunto da Defense Advanced Research Project Agency (DARPA) com o Programa Tático Móvel de robots, da JPL, da iRobot Corp, do Instituto de Robótica da Universidade Carnegie Mellon e dos Laboratórios de Pesquisa Robótica da Universidade do Sul da Califór-

Urbie, um dos primeiros PackBot's. Crédito: NASA/JPL-Caltech

nia. JPL é controlado pela NASA pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena. José Gonçalves

Tecnologia da NASA ajuda doentes com cancro Tecnologia que a NASA desenvolveu para experiências de crescimento de plantas em microgravidade no espaço, está agora a servir também para com sucesso reduzir os dolorosos efeitos secundários da quimioterapia de doentes com cancro. Leiam em inglês, aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira

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Terra

Tornado no Alabama Há dias atrás, publiquei este post, com vários tornados. Hoje houve mais 94 tornados nos EUA. Um deles passou pela cidade de Tuscaloosa, e arrasou com parte dela. Parte da cidade foi completamente devastada. Para quem acha que o Homem é o “dono” do planeta… cá está a natureza a “colocar-nos no sítio”… Carlos Oliveira

Como funciona o tornado Um tornado é um fenômeno meteorológico que se manifesta como uma coluna de ar que gira de forma violenta e potencialmente perigosa, estando em contato tanto com a superficie da Terra como com uma nuvem cumulonimbusou, excepcionalmente, com a base de uma nuvem cumulus. Este tipo de fenómeno meteorológico ocorre em qualquer local do planeta, com excepção das regiões polares. Contudo, é nos Estados Unidos, em particular na Alameda dos Tornados (Tornado Alley), onde este fenómeno tem um número elevado de ocorrências e essas já foram referidas no nosso blog. Página 26

Infografia de um tornado. Crédito: infothread.info


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Terra

Como funciona o tornado (cont.) Aparentemente os tornados estão ligados a uma interação existente entre fortes fluxos de massas de ar ascendentes e descendentes e provocam uma movimentação intensa no centro das nuvens carregadas de supercélulas tempestuosas. Essas células normalmente formam-se devido ao contraste existente entre duas grandes massas de ar com diferentes pressões e temperaturas. Após tocar o solo, um tornado pode atingir uma faixa que varia entre 100 a 1200 metros, deslocando-se por uma extensão de aproximadamente 30 km .

Número de tornados em USA, entre 1918 e 2008. Crédito: Chuck Doswell

1- Antes do desenvolvimento da tempestade, uma mudança na direção do vento e um aumento da velocidade com a altura criam uma tendência de rotação horizontal na baixa atmosfera. Essa mudança

do vento. 2- Ar ascendente da baixa atmosfera entra na tempestade inclinada e o ar em rotação da posição horizontal muda para a posição vertical. 3- Então há a formação de uma área de rotação com comprimento de 4–6 km, que corresponde a quase toda extensão da tempestade. A maioria das tempestades fortes e violentas são formadas nestas áreas de extensa rotação. 4- A base da nuvem e sua área de rotação são conhecidas como wall cloud. Esta área é geralmente sem chuva. Fonte: wikipedia

Formação de um tornado. Crédito: wikimedia

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na direção e velocidade do vento é chamada de cisalhamento

Como referido anteriormente, é nos Estados Unidos onde ocorre o maior número de tornados. Apesar de uma diminuição do número de vítimas, o número de tornados tem vindo a aumentar no decorrer dos anos.


Abril 2011

Terra

Como funciona o tornado (cont.) Este fenómeno ocorre em grande número nos Estados Unidos devido às grandes massas de ar frio que vêm do norte e às massas de ar quente vindas do Golfo do México. Como neste corredor central não existem grandes barreiras naturais como a que existe a Oeste, temos aqui uma grande área onde estas massas podem colidir e formar as super células de tempestade e que se tornarão as responsáveis pelo surgimento de tornados. Contudo, apesar do aumento de número de tornados, o número de tornados com grande poder destruidor têm diminuido quando comparado com décadas anteriores.

Imagem: Mapa dos Estados Unidos com as regiões mais afetadas. Fonte: Oklahoma Climatological Survey . Montagem: José Gonçalves

As zonas de relevo representam cadeias montanhosas e nessas não ocorrem tornadoes. Há um maior número de ocorrências na região central, constituídos por áreas de baixa altitude e planas, onde o ar frio da região polar se cruza com o ar quente vindo da zona do Golfo. Não esquecer que ainda temos as massas de ar que também se deslocam do Atlântico e do Pacífico.

Classificação

Velocidade dos ventos

Largura da trilha (metros)

Comprimento da trilha (km)

Danos provocados

Os tornados podem ser classificados relativamente ao seu poder destruidor. Essa escala é conhecida pela escala de Fujita.

F0

65-115

3-20

0-2

Leves

F1

115-180

10-100

1-5

Modera-

Na tabela temos essa escala e a sua relação com a velocidade dos ventos, largura da trilha, comprimento da trilha e danos provocados.

F2

180-250

50-500

2-20

Fortes

F3

250-330

500-1000

5-60

Severos

F4

330-420

1000-2000 10-150

Devasta-

O valor máximo, definido até ao momento, é o F5, onde a velocidade dos ventos poderá alcançar valores entre os 420 e os 530 km/h.

F5

420-530

2000-5000 10-500

Incríveis

Página 28

Tabela: Escala de Fujita, com associação de outras características correlacionadas.


Volume 1, Edição 3

Terra

Como funciona o tornado (cont.) No seguinte gráfico temos a classificação de tornados e o número de ocorrências desde 1950.

O fenómeno nos Estados Unidos tem sido monitorizado nos últimos anos com alguma preocupação. Esta advém da consta-

tação de que estes fenómenos estão a ocorrer mais cedo do que o normal para a sua época e num número muito elevado. No gráfico verifica-se a situação anómala de 2008 e 2011. Este ano poderá estabelecer um novo record para o número de tornados ocorridos nos Estados Unidos. É caso para dizer: A força de coriolis no seu melhor. José Gonçalves

Número de tornados e sua classificação desde 1950. Crédito: Harpers-Ferry Weather

Página 29

Gráfico: Número de tornados ocorridos anualmente em território norteamericano. A destacar o invulgar número de ocorrências em Abril, podendo extrapolar uma ideia do que vai ser este ano em termos de casos relacionados com este fenómeno.


Abril 2011

Sistema Solar

Equipa da New Horizons lança busca por novos alvos na Cintura de Kuiper constelação de Sagitário, uma do encontro da sonda com PluA equipa da missão New Horiregião densatão. zons, em colabomente preenchiVão participar neste projecto ração com astróda pelas estrelas uma equipa internacional de nomos dos do centro da astrónomos provenientes de maiores obserGaláxia, onde a nove instituições sediadas nos vatórios em procura dos eluEstados Unidos, no Canadá, na todo o mundo, sivos objectos França e no Chile. Prevê-se que iniciou este mês da Cintura de no conjunto sejam obtidas uma extensa Kuiper é extremilhares de fotografias, contencampanha de mamente difícil. do cada uma milhões de estrebusca de objecComo resultado, las. A equipa de astrónomos tos da Cintura a equipa teve de terá de mergulhar nesta pilha de Kuiper que criar um prograde dados para procurar pequepossam ser visima de busca nos pontos de luz em movimentados pela sonespecífico para a to com órbitas localizadas na da americana missão, um que Cintura de Kuiper. depois do seu Representação artística do encontro da pudesse alcanencontro com o sonda New Horizons com um objecto da Cintura de Kuiper. Crédito: Johns çar os seus sistema plutonia- Hopkins University Applied Physics Sérgio Paulino Laboratory/Southwest Research Instituobjectivos antes no em meados te (JHUAPL/SwRI). de 2015. Segundo John Spencer, um dos investigadores da missão, a New Horizons tem combustível suficiente para se aproximar, pelo menos, de um objecto com um tamanho mínimo de 50 quilómetros. De acordo com Spencer, ainda não haviam sido identificados os alvos seguintes da missão por duas razões. Em primeiro lugar, estes objectos deverão ter um brilho 10 mil vezes mais fraco que o de Plutão, um brilho próximo do limite do detecção dos maiores observatórios. Em segundo lugar, a New HoriDiagrama da trajectória da New Horizons com os principais eventos assinalados. A órbita de Plutão e a trajectória da sonda encontram-se marcadas, respectivamente, a amarezons desloca-se na direcção da lo e e a vermelho. Crédito: Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/ Southwest Research Institute (JHUAPL/SwRI). Página 30


Volume 1, Edição 3

Sistema Solar

Um tesouro escondido em Mercúrio? Terá a MESSENGER descoberto o local onde se esconde um tesouro? No passado Domingo, a sonda americana apontou as suas câmaras para uma grande cratera sem nome com uma curiosa marca em forma de X no seu interior. Obviamente, as duas linhas perpendiculares não marcam nenhum esconderijo de qualquer tesouro mercuriano. São apenas duas cadeias de crateras secundárias alinhadas de forma caprichosa, com origem nos ejecta de dois impactos primários localizados nas proximidades. Sérgio Paulino Imagem: Cratera mercuriana sem nome fotografada no dia 24 de Abril de 2011 pela sonda MESSENGER. Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington.

Locais na superfície de Lutécia recebem nomes oficiais Foram aprovados no início do mês pelo Working Group for Planetary System Nomenclature (WGPSN) da União Astronómica Internacional (UAI) nomes novos para crateras e outros locais de interesse geológico observados no ano passado pela sonda europeia Rosetta na superfície de Lutécia. As 13 crateras nomeadas receberam o nome de cidades romanas e outras regiões europeias adjacentes contemporâneas de Lutécia – a cidade sepultada no que hoje são as fundações de Paris. Para as regiões e outras estruturas geológicas foram reservados, respectivamente: os nomes de Hermann GoldschPágina 31

midt (o descobridor do asteróide 21 Lutécia) e de províncias do Império Romano do tempo de Lutécia; e os nomes de rios e territórios adjacentes a Roma usados no mesmo período. Para mais informações visitem esta página. Sérgio Paulino 21 Lutécia e os 36 nomes escolhidos para crateras, fissuras, escarpas e outros locais na superfície do asteróide. Crédito: ESA 2010 MPS para a equipa OSIRIS/MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/ UPM/DASP/IDA.


Exoplanetas

Abril 2011

Entrevista com Gordon Walker

[Crédito: foto cedida por Gordon Wal-

do sistema solar, apesar de estranhar o aparente pouco entusiasmo com que foi recebiEm 1987, no meio da excitação da pela comunidade científica. provocada pelo aparecimento da supernova 1987A na Grande Fiquei ainda mais intrigado com Nuvem de Magalhães, a notável a engenhosa técnica inventada descoberta de por um planeta em Walker torno da estrela e Gama Cephei foi Campanunciada por bell um grupo de para três astrónomos consecanadianos: Gorguir don Walker, Brufazer a ce Campbell e detecStephenson ção. Na Yang. Lembroverdade me como se fosmuitas se hoje de ver a das notícia nas revisequipas tas New Scientist que e Astronomy e actualde ter ficado fasmente cinado com esta fazem primeira detecção [Artigo na revista NewScientist (1987) anun- detecciando a descoberta dos primeiros exoplanede planetas fora tas. Crédito: New Scientist.] ção de Página 32

exoplanetas pela medição da velocidade radial usam uma técnica essencialmente idêntica à dos canadianos. Deles Geoff Marcy disse “(They) invented the technique that we stole” (entrevista ao The Globe & Mail, 2009) . Alan Boss, outro especialista de renome na área diz “(Gordon) Walker and Bruce Campbell [...] were true pioneers in the field of searching for planets around other stars” (The Crowded Universe, 2009). Gordon Walker, o líder da equipa canadiana, é actualmente professor “Emeritus” (aposentado mas com uma ligação activa à universidade), na Universidade de British Columbia, no Canadá. Iniciou o seu percurso académico com um bacharelato em Física em 1958, pela Universidade de Edinburgh, seguido de um doutoramento em Astrofísica pela Universidade de Cambridge em 1962. Durante a sua longa e produtiva carreira foi autor de mais de 160 artigos sujeitos a revisão independente. Participou ainda em vários projectos importantes: membro do Scientific Advisory Committee e do Board of Directors do CanadaFrance-Hawaii Telescope (CFHT); Project Scientist no desenvolvimento dos telescópios Gemini (dois gigantes de 8 metros no Chile e no Hawaii);


Volume 1, Edição 3

Exoplanetas

Entrevista com Gordon Walker (cont.) membro do Gemini Scientific Advisory Committee e do Gemini Board of Directors; membro da Science Team do telescópio MOST, o primeiro telescópio espacial canadiano, e; consultor no desenvolvimento e selecção de instrumentos para novos telescópios, como o TMT (Thirty Meter Telescope). Contactado pelo AstroPT, Gordon Walker aceitou amavelmente responder a algumas perguntas sobre a sua contribuição seminal para a detecção de exoplanetas e sobre os seus projectos mais recentes. [AstroPT] – When did you first became interested in science, namely astronomy ? What is your scientific background ? What research areas interest you the most ? [Gordon Walker] – My introduction to astronomy is still a vivid memory. It was 1943 walking home one night with my father during the war time blackout. I was seven years old, it was clear and I asked him about the stars – he told me that each one was a sun but so far away that they just seemed points of light. Soon after I learnt about the light year and developed an abiding interest in astronomy. I grew up in Scotland where I went to school and University graduating with a degree in Natural Philosophy (Physics) and completed a PhD in Astrophysics at Cambridge in Página 33

[O Canada-France-Hawaii Telescope. Crédito: Canada-France-Hawaii Telescope.]

1962. I have always been interested in astronomical instrumentation and actually wrote a text book on it published in 1980. My areas of research apart from extra-solar planets have included interstellar dust and molecules, and stellar oscillations and rotation. [AstroPT] – What was the state of the art of radial velocity work by 1980, when you started your observing program at the CFHT (Canada-France-Hawaii Telescope) ? At the time, why did you feel you could make an important contribution to the field ? It seems that you correctly assessed that, by the late 70s, several technologies had matured sufficiently to allow a major breakthrough in radial velocity measurements. Can you comment on this ? [Gordon Walker] – There was a long tradition of measuring

radial velocities from photographic spectra by setting the cross hair of a travelling microscope on each absorption line and on comparison emission lines imposed on either side of the stellar spectrum. This was labour intensive and yielded radial velocities with a precision of 1 km/s at best, but that was adequate to help solve the rotational properties of our Milky Way Galaxy since the distances to individual stars were not very certain. Not only were photographic emulsions extremely inefficient – detecting at most 1% of the incoming light – the emulsion would shift during the development process. Electronic detectors had a very much higher detection efficiency and, with the advent of digitising electronics (analog to digital converters), could be directly transformed into the digital images which are so familiar today. In a digital format it was then possi-


Abril 2011

Exoplanetas

Entrevista com Gordon Walker (cont.) ble to directly compare the spectra of a star taken on different nights to see how the radial velocity of the star had changed. The challenge was to eliminate systematic shifts caused by the erratic motion of the star image on the spectrograph slit and, in the earliest TV systems, due to jitter in the electron reading beam. The key was to impose fiducial lines right in the stellar spectrum before the light passed into the spectrograph. One could rely on them not to

have changed in wavelength and lines caused by (telluric) gases such as water vapour and oxygen in the Earth’s atmosphere fulfilled this condition. Precise radial velocity programs became possible with the introduction of low light level multichannel detectors (first LLTV, then solid state print readers, finally charge coupled devices CCDs), high speed analog to digital converters, and digital computers for the data manipulation. We also benefited from

[O foco coudé permite desviar o feixe de luz do telescópio, independentemente da posição deste último, ao longo de um eixo imóvel até um compartimento no observatório. Aí, o feixe de luz é analisado por instrumentos que, pelo seu tamanho, peso ou outros requisitos, não podem ser montados directamente no telescópio. Na imagem vê-se desenhado o percurso da luz até ao foco coudé do telescópio Cassegrain de 3.6 metros do ESO. No foco coudé existe uma sala com o famoso espectrógrafo HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher). Crédito: Vik Dhillon.] Página 34

[A célula de fluoreto de hidrogénio no foco coudé do CFHT. Crédito: fotografia cedida por Gordon Walker.]

the superb, large, static spectrographs developed at the coudé foci of most large telescopes. [AstroPT] – Can you describe the setup you used during the 80s at the CFHT ? When did your team came up with the idea of using a gas cell to imprint a stationary reference spectrum for measuring radial velocities ? Can you describe how the technique works and how the cell is positioned in the light path from telescope to detector ? What precision were you able to achieve using this technique ? [Gordon Walker] – My contribution was to suggest that we could look for extra-solar planets using telluric lines but Bruce Campbell made the important step of introducing a captive gas such that one could take


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Exoplanetas

Entrevista com Gordon Walker (cont.) spectra with and without it – an the spectral resolution available the iodine technique. essential step for the best precito us – the HF lines gave a well [AstroPT] – In 1987, together sion – and impossible with spaced comb of lines with simiwith Bruce Campbell and SteEarth’s atmosphere. He chose lar widths to the absorption phenson Yang, you announced hydrogen fluoride in consultalines in the stellar spectra. This the discovery of planetary comtion with Gerhard Herzberg and all made the data analysis companions to Gamma Cephei, Beta Alex Douglas. The gas was conparatively straightforward. With Geminorum (Pollux) and Epsilon tained in a 90 cm long, heated the advent of large, square Eridani. In retrospect, these cell with sapphire windows and CCDs and echelle gratings one detections seemed robust and it could be raised and lowered could stack a whole series of indeed the planets were confirinto the horizontal coude telesspectra on the detector and med later (about 10 years later) cope beam delivered by Artie Hatzes’ team to the spectrograph. with parameters similar On any given night at to those derived by your CFHT we achieved a team. Yet, by 1992, you precision of about 10 essentially retracted the m/s and a bit larger discoveries, claiming that from year to year. the data was not good [AstroPT] – Most gas enough to make a clear cell installations case for any of the platoday use nets. What happened ? (molecular) iodine [Gordon Walker] – While for the reference the Gamma Cephei result spectrum. Why did looked intriguing in 1988, you choose to go the data were hardly with hydrogen fluoriconvincing – there were de, especially given unknowns in terms of its toxicity. What is it the binary period and [A velocidade radial de Gamma Cephei com dados da equipa about its spectrum the possible stability of canadiana e da equipa de Artie Hatzes. Crédito: observatório de that makes it so such a triple system. In McDonald.] appealing and worth the mean time, we had the risk when compafound that all of the cover an order of magnitude red with iodine ? giant stars in our target list had more spectrum. For such a [Gordon Walker] – Our observalong period (months to years) setup a quite different gas is tions were made in the pre-CCD radial velocity variations – ironirequired which was why Marcy era when the best solid state cally, these had all been designaand Butler chose iodine. These detectors were linear arrays of ted velocity standards by the latter elaborations introduced self-scanned silicon diodes. International Astronomical Union many more complications into They were excellent detectors for the days of photographic the data processing, admirably but only available in arrays of up radial velocities. Gamma Cephei overcome by Paul Butler, but it to 1872 diodes – so this restricwas designated a giant and so did slow their development of ted us to some 120 Angstrom at there was a real possibility that Página 35


Abril 2011

Exoplanetas

Entrevista com Gordon Walker (cont.) the variations were intrinsic to the star. Further, as a byproduct of our spectra we were able to measure chromospheric activity. One, the nearby star Kappa-1 Ceti, showed a very marked correlation of its radial velocity with its level of chromospheric activity, very similar to the the solar 11 year sunspot cycle but with a shorter period. Gamma Cephei also showed a weak level of chromospheric activity with a similar period to the radial velocity variations. The paper we wrote in 1992 says `planet or rotation’ in the title – when writing the paper I felt convinced that we had a planet but the presence of the weak chromospheric signal tipped the balance for one colleague whose opinion I respected in favour of rotation. Subsequently, the chromospheric signature proved spurious, the star was reclassified as a sub-giant, and the binary period proved to be significantly longer than we had thought – all of this came from the much longer time base and careful work by Artie Hatzes. In science one goes with the model that appears to work best at the time. It has to be remembered that the planet search program was only one of many astronomical programs we were pursuing at that time. Bruce had left a couple of years earlier and we were faced with the difficult task of re-analysing Página 36

Marcy and Butler, and the Texas group had done but relied on the stability of their spectrograph. But they were right – their spectrograph was fed by an optical fibre which had the effect of scrambling the incoming light which largely eliminated erratic slit illumination by the star. Their data raised a number of [A anã vermelha companheira de Gama Cephei em 2007. Créquestions in dito: NAOJ.] my mind but I quickly withdrew my reserva[AstroPT] – How did you feel tions when I saw the velocity when you received word of the curve measured independently discovery of 51 Pegasi b ? Had by Marcy and Butler. Like the you ever considered the possibiGeneva group our observing lity that Jupiter-sized planets runs were limited to three or might exist in such short orbits ? four pairs of nights per year. We Could you have detected Hot could have detected such a Jupiters in your data or was short period Jupiter – but such a your observing schedule finesystem was completely unextuned for finding long period pected. planets ? [AstroPT] – In recent years you [Gordon Walker] – I was one of were involved in the design of the referees. I have to admit MOST (Microvariability and that at first I was very skeptical Oscillations of STars), Canada’s given our experience with Gamfirst space telescope. Can you ma Cephei. The Geneva group describe the instrument and its didn’t use an imposed absorpcapabilities ? What exactly was tion fiducial spectrum as we, your contribution ? all of the data.


Volume 1, Edição 3

Exoplanetas

Entrevista com Gordon Walker (cont.)

[MOST, o telescópio espacial canadiano especializado em fotometria. Crédito: Projecto MOST.]

[Gordon Walker] – MOST is a 15 cm aperture white light photometric satellite telescope in a 104 minute orbit. It can stare for weeks at a time at individual stars within a broad band of the sky. The science detector is a CCD and to increase the precision for bright stars, the star is isolated by a pinhole and an image of the telescope entrance pupil in the light of the star is projected onto the CCD. The original goal was to detect the natural frequencies of various stars, particularly those like the Sun. Stars are like musical instruments, they have natural, resonant frequencies and overtones related to the star’s internal structure. From the frePágina 37

quency spectrum one can determine a great deal about the structure and chemistry of the star. While the mission was only planned for two years it still continues the original science objective with an extensive range of other programs. I designed the science experiment and the electronic detectors were built in my lab. [AstroPT] – You have used MOST to study the interaction between stellar atmospheres and close-in Hot Jupiters. What stars have you studied and what results did you get ? [Gordon Walker] – I have been involved in several attempts to detect photometric signals from parent stars associated with the orbital periods of their close-in planets. The effects are subtle and the only one of note may be Tau Bootis in which an active spot appears to have tracked its giant jupiter mass planet. The spot is not at the sub-planet point but precedes it by some 60 degrees suggesting that the interaction is magnetohydrodynamic. Although I stepped down from MOST two years ago others are continuing to look for such effects. Segue-se um resumo da entrevista em português da responsabilidade exclusiva do autor da entrevista. Gordon Walker despertou para a astronomia em plena 2ª Guerra Mundial, numa noite em que

vigorava o “blackout”. Quando voltava para casa com o seu pai perguntou-lhe o que eram as estrelas. O pai respondeu-lhe que cada uma delas era um sol, mas tão distante que era visível apenas como um pequeno ponto de luz. Esse primeiro encontro com as estrelas levou-o a um interesse vitalício pela astronomia e a uma carreira na astrofísica. Depois de duas décadas de trabalho de investigação, no final dos anos 70, Walker e dois colaboradores, Bruce Campbell e Stephenson Yang, resolveram aplicar as tecnologias digitais emergentes à medição das velocidades radiais das estrelas. Até então este processo era realizado manualmente sobre espectros obtidos em chapas fotográficas e com a ajuda de um microscópio. A precisão das velocidades assim medidas era da ordem de 1 km/s. Durante a década de 80, a equipa desenvolveu uma técnica de medição que permitiu atingir uma precisão cerca de 100 vezes superior, na ordem dos 10 m/s, suficiente para detectar planetas gigantes em torno de outras estrelas. O equipamento de medição envolvia a introdução de uma célula de vidro com um gás cuidadosamente escolhido no foco coudé de um telescópio, imediatamente antes do feixe entrar num espectrógrafo. Desta forma, sobreposto ao espectro da estrela alvo, aparecia um conjunto de linhas espectrais esta-


Abril 2011

Exoplanetas

Entrevista com Gordon Walker (cont.)

Página 38

panheiros planetários. Em 1995, Gordon Walker foi um dos revisores do artigo de Michel Mayor e Didier Queloz, submetido à revista Nature, dando conta da descoberta do 51 Pegasi b. Dada a natureza do resultado, Walker teve algumas reservas iniciais que rapidamente foram dissipadas pela análise do método experimental utilizado pela equipa suiça, pela qualidade dos dados e, em especial, pela imediata confirmação das observações por Marcy e Butler. Walker refere que, tal como a equipa suiça, a sua equipa tinha apenas acesso ao CFHT alguns pares de noites por ano, e poderia ter detectado Júpiteres Quentes, caso existissem em torno das estrelas no seu programa de observação. No entanto, acrescenta, ninguém esperava encontrar planetas gigantes numa tal configuração orbital. Recentemente, Walker fez parte da equipa que desenvolveu o telescópio MOST, o primeiro telescópio espacial canadiano, do tamanho de uma mala de viagem. O pequeno satélite tem um telescópio de apenas 15 cm de diâmetro e pode observar o mesmo objecto, ininterruptamente, durante semanas, com uma precisão fotométrica excelente. O objectivo principal da missão era o de estudar as oscilações das estrelas usando técnicas da asterosismologia. As

frequências e sobretons observados estão intimamente relacionados com a estrutura interna e densidade média das estrelas. Walker foi responsável pelo conceito da missão e os detectores utilizados pelo MOST foram construídos no seu laboratório. Enquanto cientista da missão, utilizou ainda o telescópio para realizar observações de estrelas hospedeiras de Júpiteres Quentes, na tentativa de identificar casos em que a actividade cromosférica da estrela pudesse ser relacionada com a órbita planetária. Tal indicaria uma possível interacção entre os campos magnéticos da estrela e do planeta. Walker refere que são observações difíceis de realizar e que actualmente o caso mais convincente é o da interacção entre Tau Bootis e o Júpiter Quente que a orbita. Luís Lopes

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cionárias devidas ao gás contido na célula. Estas linhas, com comprimentos de onda bem conhecidos, funcionavam como referências para a medição dos movimentos das linhas no espectro da estrela. O gás escolhido pela equipa, em função de restrições no equipamento, foi o fluoreto de hidrogénio, uma substância altamente tóxica e que corrói inclusivé o vidro comum, daí utilizarem uma célula de vidro de safira. Esta técnica é no essencial idêntica à utilizada por Marcy e Butler anos mais tarde e é actualmente utilizada por muitas outras equipas de investigadores. No final dos anos 80 a equipa anunciou a descoberta de três planetas em torno de Gama Cephei, Pollux (Beta Geminorum) e Epsilon Eridani. Depois de inúmeras tentativas falhadas de detecção de exoplanetas ao longo das décadas anteriores, a comunidade científica encarou com suspeição este anúncio. Havia também algumas incógnitas relativamente às propriedades das estrelas hospedeiras que tornaram a análise dos dados complicada. Em 1992, já sem Campbell, e numa demonstração de grande honestidade científica, a equipa escreveu um artigo em que dizia não poder inequivocamente demonstrar que as variações detectadas na velocidade radial das estrelas resultavam da presença de com-

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Exoplanetas

Detectados Trânsitos de 55 Cancri-e !

[O tamanho aparente de 55 Cancri-e em trânsito, relativamente à sua estrela hospedeira, quando comparado com hipotéticos trânsitos da Terra e de Júpiter, relativamente ao Sol. O sinal do trânsito de 55 Cancri-e é minúsculo e só pode ser medido com um instrumento com uma precisão notável como o MOST. Crédito: Jason Rowe and Jaymie Matthews, respectivamente da NASA e da Universidade de British Columbia] “We have detected transits of the innermost planet “e” orbiting 55 Cnc (V=6.0), based on two weeks of precise photometric monitoring with the MOST space telescope. The transits of 55 Cnc e occur with the period (0.74 d) and phase that had been predicted by Dawson & Fabrycky, and with the expected duration and depth for the crossing of a Sun-like star by a hot super-Earth. Assuming the star’s mass and radius to be 0.96 +/- 0.10 Msun and 1.10 +/- 0.10 Rsun, the planet’s mass, radius, and mean density are 8.57 +/- 0.64 Me, 1.63 +/- 0.16 Re, and 10.9 +/- 3.1 g/cm^3. The high density suggests the planet has a rock-iron composition as opposed to hydrogen,

[O trânsito de 55 Cancri-e segundo dados obtidos com o telescópio MOST. Notem o decréscimo de apenas 0.02% no brilho da estrela provocado pelo planeta. Crédito: Winn et al.] Página 39

water, or other light elements. This makes 55 Cnc e similar to the other transiting super-Earths in tight orbits around G stars (Kepler-10b and Corot7b), and unlike the lower-density super-Earths that are less strongly irradiated (GJ 1214b and Kepler11d,e,f). The host star of 55 Cnc e is far brighter than that of any other known transiting planet, which will facilitate further investigations. “ Este é o resumo que inicia o artigo de Joshua Winn (MIT e Kavli Institute) e co-autores. A descoberta é notável pelo planeta em si, que como veremos tem características únicas, mas também pelo facto de 55 Cancri ser agora a estrela de maior brilho aparente para a qual foram detectados trânsitos de um planeta. Este último facto facilitará o estudo futuro dos trânsitos pois é mais fácil obter observações de grande precisão para estrelas brilhantes. O sistema planetário de 55 Cancri (também conhecida como ρ-1 Cancri, na constelação do Caranguejo) é composto por 5 planetas que orbitam uma estrela de tipo espectral G8 V muito

análise mais detalhada dos dados levou Rebekah Dawson e Daniel Fabrycky a propor que o verdadeiro período de do 55 Cancri-e era de 0.74 dias, pouco menos de 18 horas! Esta nova órbita, fez descer a estimativa da massa mínima do planeta para 8.3 vezes a massa da Terra e aumentou a sua probabilidade de trânsito de uns 13%, na sua órbita original, para uns respeitáveis 33%. Foi precisamente esta probabilidade elevada de trânsito que levou os autores do artigo a tentarem a sua detecção utilizando para o efeito o telescópio espacial MOST. É caso para dizer que a sorte sorri aos audazes. Com base nos trânsitos, Winn e coautores derivam uma massa de 8.6 e um raio de 1.6, em unidades terrestres, para o planeta, correspondendo a uma densidade de 10.9 g/cm^3. Este valor da densidade, cerca do dobro da terrestre, é notável e sugere que o planeta é maioritariamente composto por metais

rica em “metais”. O planeta -e foi descoberto em 2004 por McArthur et al. utilizando o telescópio Hobby-Eberly do observatório de McDonald, no

e por rocha. As probabilidades de suportar uma atmosfera substancial são pequenas. O brilho da estrela hospedeira permitirá observar os trânsitos com

Texas. Na altura, a análise dos dados indicava que este planeta deveria possuir uma massa de cerca de 14.2 vezes a da Terra e orbitar a estrela

grande detalhe com o telescópio Hubble, no visível e ultravioleta, e com o telescópio Spitzer, no infravermelho, o que possibilitará a detecção e caracteri-

hospedeira com um período de 2.8 dias. Em 2008, uma nova análise por Debra Fisher e colegas da San Francisco State Uni-

zação da sua atmosfera, mesmo que ténue. Como curiosidade, Jaymie Matthews, o segundo autor, é a pessoa ao lado do telescópio MOST na última imagemdeste post. Podem ver o artigo original aqui e a notícia aqui.

versity, detectou um planeta adicional, o 55 Cancri-f, e confirmou a existência do 55 Cancri-e que entretanto tinha sido posta em causa por um outro estudo. Em 2010, uma

Luís Lopes


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to mais de 4000 posts publica-

comemorou 4 anos de existência.

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dos e 6000 comentários. Temos 25

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continuem a seguir o nosso trabalho e

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A Nebulosa Tromba de Elefante, é constituída por gás brilhante e nuvens de poeira da região de formação estelar, que podem tomar formas quase humanas. (…) Na APOD de 25 de Abril. Conceição Monteiro


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