Volume 1, Edição 2
Março 2011
astroPT magazine
Obrigado DISCOVERY Pontos de interesse especiais:
Entrevista a Scott Parazynski Entrevista com Steven Vogt Adeus do Discovery
A Super Lua
Astrofotografia
O vaivém espacial Discovery aterrou no Centro Espacial Kennedy às 1657:17UTC do dia 9 de Março de 2011, pondo assim um ponto final na sua 39ª viagem espacial e à sua longa história. As rodas do Discovery pararam às 1658:14UTC ao fim de uma viagem de 12 dias 19 horas 4 minutos e 50 segundos. Após uma manutenção inicial o vaivém espacial será rebocado para as instalações do OPF-2 onde será desactivado. O Discovery será mais tarde entregue ao Smithsonian onde ficará em exposição permanente num museu. Na próxima edição do Boletim Em Órbita será publicado um artigo completo sobre a missão STS-133 e sobre a história do vaivém espacial Discovery. Para alguém que desde pequeno segue a exploração espacial, tanto o lançamento do Discovery como a sua última aterragem foram momentos únicos. Ao contrário do que aconteceu com as Soyuz, nunca terei a oportunidade de ver o lançamento de um vaivém espacial. Fica agora o vazio; faltará algo que me acompanhou nos últimos anos e que muitos de nós se habituaram a ter como garantido. Com o regresso do Discovery é o princípio do fim de uma era, faltando agora o último voo do Endeavour em Abril e o último voo do Atlantis, em Junho. Até um dia Discovery! Rui Barbosa
Créditos: NASA
Março 2011
Afinal os Maias previram o quê? Começo com um pouco de
torno
história sobre um povo com
Havia o submundo,
capacidades extraordinárias.
dominado
De
deuses da morte. O
entre
as
civilizações
da
Terra. pelos
dos
céu pertencia ao Sol
maias foi a que se manteve
e a Itzamna. Quan-
por mais tempo. Ainda exis-
do
tem cerca de 6 milhões de
maias podiam ver
maias no México, Guatema-
as acções dos deu-
la, Belize e Honduras. A sua
ses
época áurea remonta entre
das estrelas como o
250
desenrolar de uma narrati-
mesoamericanas,
a
900.
mapearam
a
Os
maias
passagens
de
objectos celestes. Os seus almanaques prevêem eclipses e as posições de Vénus e de Marte. A astronomia maia sobreviveu ao tempo. Contudo, a sua
mitologia
também
sobreviveu. Os movimentos do Sol, Lua e Vénua eram considerados
movimentos
dos deuses. A astronomia estava inserida num sistema de crenças e rituais religiosos que incluíam sacrifícios
escurecia,
nos
os
desenhos
va.
venuzianos,
tanto
Imagem: Calendário Maia Para saber mais: http:// en.wikipedia.org/wiki/ Maya_calendar
Vénus
como a Terra voltavam à
Os calendários Maias: contagem
mesma
longa – com
posição
relativa-
mente às estrelas.
“Os
maias
anos de 360 dias
O objectivo do calendário de
cíclico
contagem longa era o de
acreditavam
outros dois calendários:
registar factos históricos de
que o Universo
tzolkin – 260 dias, religioso
forma linear sem a repetição de datas que os calendários
era plano e
haab – 365 dias, civil
– combinação de
Os 260 dias do tzolkin representa
o
número
de
dias em que o Sol passa pelo zénite em algumas das cidades.
Outra
explicação
para este calendário é o
quadrado e o
de contagem curta obrigam. Neste calendário, de 360
Sol girava em
dias, o dia era kim, o mês
torno da Terra ”.
era uinal e tinha 20 kim. O ano, tuin, tinha 18 uinais para totalizar os 360 kim.
número de dias em que
Daqui nada ressalta que em
no. Com os anos bisextos,
Vénus está visível. A combi-
2012 haverá algum evento
e não só, o nosso calendá-
nação tzolkin-haab traduzia-
destruidor.
rio perde 1 dia a cada 3300
se em repetição de datas a
—–
anos. Mais em pormenor,
cada 18980 dias (73 tzolkin
A precisão dos Maias é algo
eram 52 haab).
que nos deixa perplexo. Ora
Outras datas estavam rela-
reparem:
cionadas
observações
O haab, com 365 dias, fica-
dos planetas e ciclos religio-
astronómicas. Vénus demo-
va desencontrado do ano
sos.
rava 584 dias a completar o
solar real a cada quatro
seu período sinódico (a vol-
anos. Para comparar a pre-
tar à mesma posição no
cisão maia vamos usar o
céu).
nosso calendário gregoria-
e guerras. A sorte ou o azar de
quem
sociedade
vivia
dependia
interpretações sobre
o
naquela
dos
das
xamãs
movimento
dos
astros. Havia a obsessão em descobrir relações numéricas entre os movimentos
Os maias acreditavam que o Universo era plano e quadrado e o Sol girava em Página 2
a
Após
cinco
ciclos
um ano, no calendário gregoriano
tem
365,24250
dias,
ano
solar
o
tem
365,24219 dias. Inscrições nas ruínas de Palenque mostram que os maias sabiam que 1507 anos
solares
correspon-
diam a 1508 haab. Assim, deduziram, por observação
Volume 1, Edição 2
sistemática, que um
disputar jogos de bola em
tinham interesse em calcu-
alguma coisa, para além de
que,
era
lar quanto tempo demorava
ser uma observação meti-
Sabiam ainda de 46 tzolkins
decapitado. Então estes dois
até que este planeta apare-
culosa?
correspondiam a 405 ciclos
irmãos venceram as provas
cesse novamente em frente
pode querer dizer que um
lunares. No calendário de
e tornaram-se Vénus e Sol.
da mesma constelação. Cal-
lápis gigante vais riscar as
Ptolomeu temos 29,53337
Desta forma representavam
cularam
ao
paredes da minha casa no
dias. No calendário maia
sacrifícios e batalhas. Atra-
número de 702 dias, inter-
dia 4 de Abril de 2013? Não
temos 29,53086. Uma pre-
vés das posições de Vénus,
calado com 540 a cada sete
me parece. Mas há quem
cisão maior!
os mesoamericanos deter-
ou oito anos.
acredite! Há quem encontre
O segredo está na persis-
minavam
Algumas das
tência e na observação sis-
sacrifícios e batalhas.
tinha
365,242203
ano dias.
quem
perdesse
jogos
de
bola,
e
chegaram
constelações
Para
mensagens
dos maias seríam escorpião,
em
os
pseudo
subliminares
qualquer
coisa,
até
temática dos movimentos e
Marte tem um período de
jaguares, serpente, morce-
em canetas BIC!
posições dos corpos celes-
translação maior que o da
go,
Fonte:
tes, durante muitos anos.
Terra. Por esse motivo, a
Ti n h a m
Enquanto isso, o segredo
cada 780 dias, o nosso pla-
gémeos, em que um era
SCIAM
dos pseudo também está na
neta ultrapassa Marte, que
porco.
―Etnoastronomia‖,
persistência da loucura.
parece andar para trás, na
Em suma, os maias eram
―Astronomia Maia‖, Bruno
abóbada celeste, num movi-
obcecados
Maçaes.
mento que dura cerca de 75
dados e recolher informação
dias. Para os maias Marte é
sistemática. É como medir
uma
porco
tudo em minha casa e fazer
―decapitado‖. Uma curiosi-
comparações com tudo isso.
dade ressalta: 780 dias cor-
Muito
respondem a 3 tzolkins, ou
63cm,
260 dias.
234/63=3,71 que é a medi-
mas também os
Ainda relativamente a Mar-
da da espessura do meu
planetas (que também
te,
telemóvel. Isto quer dizer
eram deuses).”
—Os mesoamericanos adoravam não só o Sol mas também os planetas (que também eram deuses). O Planeta Vénus, para os maias, representava a guerra e era irmão do Sol. Estes dois irmãos teríam passado por provas no submundo ao
espécie
os
de
mesoamericanos
tartaruga
em
bem, a
e
a
A cratera marciana da imagem, observada pelo instrumento HiRISE, a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (NASA), é um caso raro de pontaria cósmica. É que esta cratera está mesmo no centro de outra cratera maior. Universidade do Porto
Página 3
Créditos: NASA/JPL/University of Arizona Montagem: José Gonçalves
um
comparar
TV
secretária
Pontaria
Centro de Astrofísica da
tubarão.
t am b ém
esp ec ial
Dário S. Cardina Codinha
mede
“Os mesoamericanos
234,
adoravam não só o Sol
Março 2011
Novo modelo para as manchas solares mínimo solar‖, diz o autor Dibyendu Nandi do
equipe Nandi‘s acredita que desenvolveram um
Instituto Indiano de Ciência, Ensino e Pesqui-
modelo computacional que apresenta as leis da
sa em Kolkata.‖Nossas conclusões são baseadas
Física que estão por detrás dos três aspectos
num novo modelo computacional do interior do
deste processo – o dínamo magnético, a grande
ceu e entrou em colapso; o campo magnético do
Sol.‖
corrente de convecção, e a evolução flutuante dos
Sol ficou enfraquecido, permitindo que os raios
solares têm reconhecido
Em 2008-2009, as manchas solares quase desapareceram completamente, durante dois anos. A actividade solar caiu para mínimos de cem anos; a atmosfera superior da Terra arrefeTrês anos atrás, em 2 de março de 2008, o rosto do sol era inexpressivo - sem manchas solares. Crédito: SOHO / MDI
“A equipe Nandi’s acredita que desenvolveram um modelo computacional que apresenta as leis da Física que estão por detrás dos três aspectos deste processo .”
Durante anos, os físicos
cósmicos penetra-se o Sistema Solar em núme-
a importância da grande corrente de convecção no Sol: um vasto sistema
ros recordes. Foi um grande evento, e os físi-
de correntes de plasma chamados de ―fluxos
as manchas solares começou realmente no
cos solares questionaram -se abertamente, sobre
meridional‖ (semelhante ao das correntes oceâni-
final de 1990 durante o auge do 23º ciclo solar,‖
onde é que estão todas as manchas solares?
cas na Terra), fazem a viagem ao longo da
diz o co-autor Andrés Muñoz Jaramillo, do Cen-
Agora eles conhecem a resposta.
superfície do Sol mergulhando para o seu inte-
tro Harvard-Smithsonian de Astrofísica. ―Naquele
―Correntes de plasma no
rior, na zona próxima dos pólos, e reaparecen-
tempo, a corrente convectiva acelerou.‖
do de novo, perto do equador do Sol. Estas
A corrente nesse movi-
fundo o sol interferiu com a formação de manchas e prolongando o
correntes desempenham um papel fundamental no ciclo solar de 11 anos. Quando as manchas solares decair,
começam a as correntes
superficiais são puxadas para dentro da estrela; 300 000 km abaixo da superfície, o dínamo magnético do Sol amplifica a decomposição dos campos magnético. As manchas solares reanimadas tornam-se flutuantes e sobem até a
Nesta visão artística de uma secção do Sol, a grande corrente de convecção (Great Conveyor Belt) aparece como um par de linhas preta ligando a superfície da estrela ao seu interior. Crédito: Andrés Muñoz Jaramillo do CfA Harvard. Página 4
campos magnéticos das manchas solares.
superfície como uma rolha na água. Nasce um novo ciclo solar. Pela
primeira
vez,
a
―De acordo com nosso modelo, o problema com
mento rápido arrastou pedaços de manchas solares até ao dínamo interno Sol para a amplificação. À primeira vista, isto poderia parecer aumentar a produção de manchas solares, mas não. Quando os vestígios de velhas manchas solares alcançam o dínamo, estes rodeiam a corrente através de uma zona de amplificação, que é muito rápida para a plena re -animação, prejudicando a produção de manchas solares. Mais tarde, na década de 2000, de acordo com o modelo, a corrente con-
Volume 1, Edição 2
Ciclos de manchas solares no último século. A curva azul mostra a variação cíclica do número de manchas solares. As barras vermelhas mostram o número acumulado de dias sem manchas solares. O mínimo alcançado pelo 23º ciclo solar foi o mais longo da era espacial, com o maior número de dias sem manchas. Crédito: Dibyendu Nandi et al.
vectiva baixou novamente, permitindo que os
relativamen te breve, durando poucos anos,
goso para viajar. Ao mesmo tempo, a acção
da mesma forma que um ultra-som funciona numa
campos magnéticos passassem mais tempo na
pontuada por episódios de ―violência‖ e com a
de aquecimento dos raios UV esteve ausente, o
ecografia. Ao ligar os dados de alta qualidade do SDO‘s
zona de ampliação, as novas manchas solares
duração de dias, o mínimo de actividade solar
que levou a um arrefecimento da atmosfera
ao modelo computacional, os pesquisadores poderão
eram escassas.
pode durar por muitos anos. O famoso mínimo
superior da Terra e ao seu colapso. O lixo espa-
ser capazes de prever como no futuro esses mínimos
de Maunder do século XVII durou 70 anos e
cial parou a sua rápida deterioração e começou
solares se manifestarão.
coincidiu com a Pequena Idade do Gelo na Europa.
a acumular-se na órbita da Terra…
financiada pela NASA no
Os investigadores tentam ainda perceber a ligação
Nandi observa que o seu novo modelo computa-
para
o
mais profundo
mínimo de actividade solar em um século,‖ diz o co-autor Petrus Martens do Estado de Montana Universidade Departamento de Física. Colegas e simpatizantes da equipa clamam que o novo modelo é um avanço significativo. ―Entender e mínimo de
prever o actividade
solar é algo que nós nunca fomos capazes de fazer antes — e que acaba por ser muito importante‖, diz Lika Guhathakurta de Heliofísica da Nasa D i vi s ão Washington, DC.
em
Enquanto que o máximo de actividade solar é
Página 5
entre estes dois fenómenos.
cional explica não apenas a ausência de manchas
Uma coisa é clara: Durante estes períodos
solares, mas também o en f raq u eci men to do
longos de mínimos de actividade solar, coisas
campo magnético do Sol, em 08-09. ―É a confirma-
estranhas acontecem. Em 2008-2009, o domí-
ção de que estamos no caminho certo.‖
nio global do campo magnético do Sol enfra-
Próximo passo: O Solar
queceu e o vento solar diminuiu. Os raios cósmicos, normalmente travados pelo magnetismo do Sol surgiu no interior do Sistema Solar. Durante o mínimo solar mais profundo do século, ironicamente, o espaço tornouse num lugar mais peri-
Dynamics (SDO) da
Créditos: Esta pesquisa foi programa Living With a Star Program e pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Governo da Índia. Dr. Tony Phi l l i ps Flight Center da NASA Goddard Space Tradução: José Gonçalves
Este espaço
Observatory NASA pode
pode ser seu!
medir os movimentos da corrente convectiva do
Contacte-nos!
Sol, não apenas na superfície, como também no seu interior. A técnica é chamada heliosismologia, que revela o interior do Sol em grande parte
PUB
―O palco estava montado
Março 2011
BIG BANG (as)SEXUAL Sob agitação constante em biosfera.
banho-maria‖ a vida terá evoluído de excitação em
Desses tempos apreciamos a fidelidade na cópia eficiente e exacta da informação
mais
ajustada
envolvente, garantir
ao
capaz
uma
mentar, sempre com rima presa na assexualidade de uma exuberante mitose.
de
explosão
exponencial de clones colonizadores da imensa solução aquosa que envolvia e arrefecia
excitação, molecular e ele-
suavemente
os
resquícios da acresção planetária.
Pelo menos e tanto quanto sabemos durante uns dois mil milhões de anos, a vida pendulou assim até à incorporação, não de moléculas e elementos, mas de outras ―bolhas replicantes‖, num exercício deambulante de
Imagem: Proto-célula primária A vida eclodiu replicante no planeta, sem tons de azul, há
cerca
de
quatro
“A replicação assexuada populou o planeta de seres
milhões de anos.
unicelulares em suspensão aquosa.”
simultaneamente
Biomoléc ulas
mil
cont endo informa-
talítica de se replicarem, no interior de bolhas primevas lipídicas,
por
deram
não
encontramos
fósseis
terrestres
primeiros tempos. Por isso são úteis quaisquer fósseis
películas a
toada
borem
esta
emp re stem
predação indiferenciada.
desses
extraterrestres que corro-
ção e ―habilidade‖ autoca-
delimitadas
Ainda
hipótese
e
s ubst ân cia
científica à ficção.
E, numa relação atrevida, uma bolha incorpora outra bolha
até
um
resultado
estável. A tendência entrópica controla-se num erotismo que dissolve o paradigma procariótico de um
A
replicação
assexuada
populou o planeta de seres unicelulares em suspensão aquosa. Cada novo átomo incorporado
acrescentava
excitação à duplicação até
único
ambiente
interino.
Num espasmo vesicular, a vida abraça-se em novos compartimentos
intracelu-
lares num prenúncio eucariótico.
ao ajuste da estabilidade conforme à fidelidade origi-
António Piedade
nal. (continua – primeiro de uma série Uma chuva de elementos ―supernovos‖, jorrados pela explosão distante de uma supernova,
causaria
con-
vulsões assexuadas muito Crédito: NASA/JPL
Página 6
constante
para
o
mote
replicativo
assexuado
na
excitantes para as bolhas replicantes.
de posts sobre este assunto)
Volume 1, Edição 2
Mais Informação sobre Beta Pictoris b
O planeta beta Pictoris b observado pelo VLT em 2003, 2009 e 2010 menor. As observações de
tal temperatura a uma dis-
que
2003 e 2009 foram tam-
tância
Pictoris
milhões de anos de idade
bém realizadas no infraver-
semelhante à de Saturno
de acordo com os modelos
melho (desta feita nos 3.8
ao Sol no Sistema Solar,
actuais de evolução estelar.
do VLT, para observar beta
micrometros).
implica que, mesmo tendo
Pictoris em comprimentos
Os novos dados permitem
de onda no infravermelho
confirmar
(2.18 micrometros). Nesta
orbital e deduzir a massa
região do espectro a turbu-
do planeta entre 7 e 11
lência atmosférica é mais
vezes a de Júpiter e a sua
baixa e simultaneamente a
temperatura efectiva entre
diferença de brilho entre o
1100 e 1700 Celsius. Uma
A
eq ui p a
o
instrumento
ut ili zou de
óptica
adaptativa NaCO, instalado no
t el es c óp i o
planeta
e
a
Ye pu n
estrela
é
o
movimento
de
beta
em conta que a estrela é mais
maciça
e
luminosa
que o Sol, o planeta é muito jovem e retém ainda muito calor resultante da sua formação. Este facto é consistente com a juventu-
terá
cerca
de
12
Beta Pictoris, como o nome indica,
encontra-se
direcção
da
na
constelação
austral de Pictor (o Pintor), a uma distância de 64 anos -luz. Luis Lopes
de da própria beta Pictoris
nais que trabalham em países diferentes. Os astrónomos amadores e profissionais de todo o mundo são convidados a contribuir para a reunião, com a participação de jovens astrónomos e estudantes a ser particularmente encorajada.
PUB
Conferência a decorrer entre 20 e 25 de Junho 2011 em Tenerife – Ilhas Canárias – Espanha.
Página 7
O principal objectivo da conferência é fornecer um fórum de discussão e expansão das comunidades astronomia amadora e profissional. Tendo em conta o ritmo vertiginoso de desenvolvimento científico e técnico existente nos actuais observatórios astronómicos, Discover the Cosmos and Change the World será um fórum importante para incentivar a colaboração entre os grupos amadores e profissio-
Uma sessão especial dedicada à educação de astronomia, divulgação e popularização da Astronomia também será organizada. Estudantes do ensino secundário, professores, amadores e educadores em geral estão convidados a participar. Como parte da conferência será feita uma excursão de 1 dia ao observatório Teide, de La Palma, que abriga o telescópio óptico de 10,4 metros (o maior do mundo). A conferência em si do Festival STARMUS. Centro Astrofísica UPorto
é
uma
parte
Março 2011
Glória no fundo do mar
Crédito: NASA
O satélite Glory não atingiu a órbita terrestre devido a um problema com a separação da carenagem de protecção do foguetão Taurus-XL não conseguindo assim a velecidade necessária para atingir a órbita terrestre. O lançamento teve lugar às 1009:43UTC do dia 4 de Março de 2011 e foi levado a cabo a partir do Complexo de Lançamento SLC-576E da Base Aérea de Vandenberg, Califórnia. Tal como havia ocorrido no lançamento do Orbiting Carbon Observatory em 2009, as fases iniciais do voo correram normalmente até ao momento da separação da c ar en agem. Os comandos para a pressurização do sistema foram enviados e este parece de facto ter-se pressurizado, no entanto a duas metades da carenagem
Página 8
O Glory iria investigar o clima e a atmosfera terrestre. O satélite utilizava o desenho do modelo LEOStar da Orbital Sciences Corporation, com painéis solares móveis, estabilização espacial nos seus três eixos e capacidades de comunicações em banda X e banda S. A missão do Glory seria a recolha de dados sobre as propriedades e a distribuição dos aerossóis na atmosfera terrestre, e sobre a irradiância solar para os registos do clima a longo termo. Para além do satélite Glory, considerado como a carga principal a bordo do foguetão Taurus-XL, seriam colocados em órbitas três pico-satélites que pequenas dimensões: o KySat-1, o Hermes e o Explorer-1 Prime. O satélite KySat-1 foi o primeiro satélite construído pela Kentucky Space. Era um CubeSat com uma massa de 1 kg, alimentado a energia solar e mede 0,1 metros de aresta. Uma vez a sua colocação em órbita confirmada pelos computa-
dores de bordo, os controladores em Terra deveriam operar o satélite durante 18 a 24 meses e estaria disponível para ser utilizado por estudantes não só do Kentucky mas também do mundo inteiro, permitindo-lhes enviar comandos seleccionados para o satélite e descarregarem os dados recebidos. Desenvolvido pelo Colorado Space Grant Consortium (CoSGC), o pequeno Hermes era um CubeSat que tinha como objectivo melhorar as comunicações destes satélites através do teste em órbita de um sistema de comunicações em banda S de grande fluxo de dados que irá permitir a transmissão de grandes quantidades de dados, tornando assim possível as actividades científicas e a obtenção de imagens através deste tipo de satélites. O projecto também pretendia criar um modelo de satélite facilmente reprodutível e extensível para apoiar futuras missões, permitindo assim a futuras equipas do consórcio CoSGC focalizarem-se mais nos aspectos científicos dos veículos espaciais em órbitas terrestres baixas em vez da logística no desenho desses veículos. A missão pretendia também assim a caracterização dos ambientes típicos dos CubeSat através da obtenção de dados relacionados com a temperatura e campo magnético
ao longo da missão. O Explorer-1 PRIME era um CubeSat da Montana Space Grant Consortium desenvolvido pelo Space Science and Engineering Laboratory (SSEL) da Universidade Estadual do Montana. Com uma massa de 1 kg, o satélite tinha como missão detectar as cinturas de radiação de Van Allan em honra do 50º aniversário do satélite Explorer-1. O Explorer-1 PRIME transportava um contador Geiger doado por Van Allan que será utilizado para medir a intensidade e variabilidade das cinturas na órbita terrestre baixa. O satélite iria também demonstrar o software desenvolvido no SSEL e que utiliza um chip rádio para fechar uma ligação de dados com hardware de rádio amador standard, permitindo assim a todas as pessoas o contacto com o satélite e descarregar dados científicos e de manutenção. Rui Barbosa
Crédito: satnews.com
Este espaço pode ser seu! PUB
de protecção não se separaram. Em resultado do peso excessivo, o fo gu etão n ão conseguiu atingir a velocidade orbital depositando a sua carga no Oceano Pacífico.
Contacte-nos!
Volume 1, Edição 2
A PRIMEIRA FLOR, O PRIMEIRO OVÁRIO rio vegetal que se transfor-
altura do ano, exemplares
mará no fruto.
de plantas gimnospérmicas
Os paleobotânicos conside-
(“gimnos”
r a m
g é n e -
―nu‖ em grego) que apre-
ro Archaefructus presente
sentam a descoberto os
nesse fóssil (actualmente
maiores óvulos do Reino
conhecem-se três espécies
Vegetal.
extintas) a ―mãe de todas
exemplares de Cyca revo-
as plantas com flor moder-
luta,
“Diário de Coimbra” a
nas‖
angiospérmicas,
vivos, que exemplificam o
propósito
Imagem: Archaefructus liaoningensis
Crónica publicada no
a
ou
que
São
significa
excelentes
fósseis
jurássicos
do
Dia
que hoje engloba cerca de
estado da arte da apresen-
I n t e rn a ci on a l
da
230 mil espécies por toda
tação das células reprodu-
a
Mulher. Que bela flor, ainda mais
biosfera.
designação
Imagem: Extremely Rare Jurassic Araucaria moreauniana Flower Fossil
Aliás
esta
tivas femininas antes da
deriva
das
evolução para a flor.
tual fecundação, os óvu-
apetecível de dar e rece-
palavras gregas ―angios‖
Tanto quanto é possível
los
ber neste dia internacio-
para ―urna‖, e ―sperma‖
saber
dos
sementes e os ovários
nal da mulher. Inspire o
para ―semente‖. Por outras
registos fósseis, o primeiro
converter-se-ão em fru-
palavras é a antecâmara
ovário e as primeiras plan-
tos mais ou menos sucu-
da semente encerrada num
tas com flor desenvolve-
lentos, ou melhor, nutri-
fruto.
ram-se
Há pelo menos cerca de
Na evolução das angios-
Cretáceo
130
seu perfume e mergulhe, brevemente, na história da vida que ela encerra.
no
através
paraíso
origem
a
do
inferior (entre
de
anos
p érmi c as ,
g ran d e
145,5 a 99 milhões de
inferior)
uma
―inovação‖ da vida não foi
anos atrás) no território
tanto a modificação estru-
que hoje é o continente
tural e funcional de folhas
asiático. A primeira flor
gensis (ver aqui, aqui e a
que se ―converteram‖ em
desabrochou numa Ter-
qui),
foi
sépalas no cálice e em
ra repleta de dinossau-
encontrado, em 1998, na
pétalas coloridas na corola,
ros.
mas mais a modificação de
As flores hoje belas, perfu-
tivos para um potencial
uma incipiente folha numa
madas e delicadas, símbo-
embrião.
túnica protectora do óvulo,
los de emoções várias e
Esta tendência protectora
ra das plantas modernas
que virá a dar origem ao
muitas paixões, terão pri-
da
com flor: a internalização
ovário. Esta túnica foliar
meiramente
funcionado
feminina é uma constan-
e protecção dos óvulos,
tornou o óvulo secreto e
como muralha protectora
te da evolução da vida,
pudico, qual folha da videi-
do precioso óvulo, contra a
iniciada
ra a cobrir o ventre à Eva
acção de besouros jurássi-
pelas plantas angiospér-
estrutura vegetal desig-
bíblica.
cos, outros insectos e ani-
micas e rimada sucessi-
nada por carpelo. O ová-
No Jardim Botânico da Uni-
mais.
vamente pelos animais.
versidade de Coimbra é
Acrescente-se
possível observar, por esta
gem que, após uma even-
milhões
(cretácio pl an ta
da
esp é-
cie Archaefructus liaonincujo
província
fóssil Chinesa
de
Liaoning, apresenta uma estrutura floral precurso-
ou células germinativas femininas, no interior da
Página 9
a
hoje
darão
de
Imagem: Cycas revoluta - Os óvulos são as estruturas alaranjadas.
célula
germinativa
primeiramente
passaAntónio Piedade
Março 2011
De Planeta X até Plutóide: Entendendo a Saga de Plutão
Em 2006, Plutão invadiu as páginas dos jornais quando deixou de ser um planeta, fazendo nosso Sistema Solar ficar com apenas oito planetas. Depois, em 2008, ele sofreu um refinamento em sua classificação. Aqui está uma breve revisão histórica para entender por que os Astrônomos tiveram tanto trabalho com esse pequeno membro do Sistema Solar. Plutão foi descoberto em 1930 pelo jovem astrônomo americano Clyde Tombaugh, que tinha 24 anos de idade na ocasião. Clyde trabalhava no Lowell Observatory, um observatório construído
Página 10
pelo magnata Percival Lowell que conduziu, ele mesmo, uma busca pelo então chamado planeta X. Esse foi o apelido dado por Lowell a um possível corpo que estaria, junto com Netuno, perturbando a órbita de U r a n o . L o w e l l emp en h ouse arduamente nessa busca entre 1905 e 1916, quando veio a falecer. Após um período de brigas na justiça com
a viúva de Lowell, o observatório retomou a busca pelo planeta X em 1929, entregando essa
missão ao jovem Clyde Tombaugh. A descoberta foi oficialmente anunciada pelo Lowell Observatory em 13
Volume 1, Edição 2
de março de 1930. Acima, estão as placas fotográficas usadas por Tombaugh para descobrir Plutão. A comparação entre as posições do ponto indicado pela seta nas duas imagens mostrou um deslocamento nítido em relação às estrelas. O título diz ―Descoberta do Plante Plutão‖, mas lembre-se que Plutão não é mais um planeta! Assim que foi descoberto, os astrônomos envolvidos acreditaram que de fato ele era o procurado planeta X, responsável pelos efeitos observados nas órbitas de Urano e Netuno. Não se soube de imediato que ele era muito pequeno para ter qualquer efeito considerável sobre aqueles dois planetas gigantes. Calcularam a massa de Plutão como sendo aproximadamente a massa da Terra o que, de fato, poderia ter influência em Netuno e Urano. Mas esse valor não estava correto. Apenas em 1978, com a descoberta de seu satélite Caronte, pudemos obter a massa de Plutão com maior exatidão, e ela é cerca de 0,2% a massa da Terra. Medidas mais acuradas da massa de Netuno, possíveis através de dados coletados pela sonda Voyager no fim da década de 1980, mostraram que ele era cerca de 0,5% menos massivo do que se supunha. A nova massa de Netuno foi capaz de explicar o que se observava na órbita de Urano, e hoje há um Página 11
consenso entre os astrônomos de que não existe o tal corpo batizado de planeta X. Que nome dar ao novo objeto descoberto foi o primeiro intenso debate que surgiu, imediata-
bro de um conjunto de corpos que chamou de ―ultranetunianos‖. Disse que o u tros co rpo s naquela região esperavam para serem descobertos. Frederick Leonard viveu o suficiente para descobrir que acer-
Telescópio usado para descobrir Plutão
mente após sua descoberta. A peleja foi resolvida quando, na Inglaterra, uma menina de 11 anos de idade chamada Venetia Katharine Douglas Phair, filha do reverendo Charles Fox Burney, e mais conhecida como Valentia Burney. Muito interessada em mitologia, disse a seu avô que o novo objeto deveria receber o nome do deus romano das profundezas. O avô dessa menina era bibliotecário da Universidade de Oxford, e passou a sugestão da neta a um astrônomo da Universidade que contatou seus colegas nos Estados Unidos. A sugestão da menina Venetia Burney foi aceita. No mesmo ano da descoberta de Plutão, o astrônomo Frederick Charles Leonard, que fez contribuições à Astronomia em diversas áreas, disse que Plutão deveria ser mem-
tou na mosca! Mas o termo que usamos atualmente para designar um objeto cuja órbita é exte-
rior à órbita de Netuno é transnetuniano. Ainda na década de 1930 e nas posteriores décadas de 1940 e 1950, surgiram com bastante força as idéias de duas regiões no Sistema Solar que seriam repletas de pequenos corpos. Em 1932, o astrônomo Ernst Julius Öpik, nascido na Estônia, propôs que os cometas do Sistema Solar deveriam vir de uma espécie de nuvem, ou casca esférica, que circundaria o Sistema Solar. Essa idéia foi reavivada em 1950 pelo astrônomo holandês Jan Hendrik Oort, quando percebeu que cometas de longo período, aqueles que dão uma volta ao redor do Sol em mais de 200 anos, deveriam vir
Março 2011
de uma região muito parecida com a descrita por Öpik. Hoje essa região é conhecida como nuvem de Oort ou nuvem de Öpik-Oort.
à da Terra. Um corpo com uma massa dessa poderia, sim, ter perturbado gravitacionalmente objetos menores em sua vizinhança.
Um pouco antes das idéias de Oort, em 1943, o astrônomo, economista e engenheiro irlandês Kenneth Essex Edgeworth publicou um importante artigo onde apresenta a hipótese de que o material que se condensou para dar origem ao Sol e todos os corpos que giram ao seu redor teria deixado restos na região exterior à órbita de Netuno, que estariam muito espalhados para darem origem a planetas, mas poderiam dar origem a diversos corpos pequenos. Edgeworth imaginou que muitos desses corpos seriam núcleos de cometas que, eventualmente, seriam perturbados em sua órbita exterior a Netuno e visitariam regiões internas do Sistema Solar.
Kuiper teria uma grata surpresa mais tarde. Devido a essa falha numérica na massa de Plutão, nenhum objeto foi espalhado por ele para a nuvem de Oort. A região proposta por Edgeworth e por Kuiper ficou mais conhecida popularmente como cinturão de Kuiper, mas muitos astrônomos preferem chamá-la de cinturão de EdgeworthKuiper.
Em 1951, surge o trabalho de outro astrônomo h o l an d ês , c h amad o Gerard Peter Kuiper. Ele propôs que um disco semelhante ao de Edgeworth havia existido nos primórdios do Sistema Solar, mas ele não acreditava que ainda pudesse existir. Kuiper achou que Plutão tivesse espalhado todos os pequenos corpos criados para a nuvem de Oort. Parece estranho? Lembre-se de que em 1951, assim como todos os astrônomos da época, Kuiper acreditava que Plutão tinha massa semelhante Página 12
Até a década de 1990, a nuvem de Oort e o cinturão de Kuiper permaneceram sem comprovação observacional. Depois de 1992, devido ao avanço das tecnologias de observação do céu, finalmente, os pequenos e distantes objetos do cinturão de Kuiper começaram a ser observados. Já não era mais hipótese, mas uma estrutura real do Sistema Solar. Sem falarmos em tamanhos, entenda essas regiões da
seguinte maneira: após as órbitas dos planetas existe uma região povoada por pequenos corpos gelados, no mesmo plano dos planetas, que é o cinturão de Kuiper. Circundando isso tudo existe uma região também formada por corpos pequenos e gelados, mas distribuídos de forma esférica, como se formassem um globo que encerra o Sistema Solar. Essa é a nuvem de Oort. O cinturão de Kuiper se liga à nuvem de Oort por uma região intermediária conhecida como disco disperso. Dessa forma, já no início da década de 1990 ficou claro que o Sistema Solar possuía um conjunto considerável de pequenos corpos antes não observados e que, de alguma forma, Plutão fazia parte desse conjunto. Mesmo assim, não se cogitou em retirar Plutão da classe de planetas, tanto por razões históricas, para se manter a tradição de tê-lo como planeta, como porque todos os outros objetos descobertos naquela
região eram menores que ele. Até que… em 2005, o grupo liderado pelo astrônomo n o r te- amer i c an o M i ke Brown anunciou a descoberta de um objeto maior que Plutão. E agora? Esse seria mais um planeta do Sistema Solar? A descoberta de Mike Brown e seus colegas gerou uma grande divisão na comunidade astronômica mundial. A questão não se resumiu ao meio científico, mas a opinião pública mostrou-se bastante expressiva. A questão só poderia ser resolvida pela União Astronômica Internacional, ou IAU (da sigla em inglês de International Astronomical Union), instituição que, entre outras atribuições, regulamenta nomenclaturas e definições utilizadas oficialmente na Astronomia. Em 24 de agosto de 2006, a IAU publica um documento onde aparece oficialmente a definição de uma nova classe de membros do Sistema Solar: os planetas anões. Nesse mesmo documento é colocada também a definição de planeta. A principal diferença entre planetas e planetas anões é
Volume 1, Edição 2
onde estabelece uma nova classificação para alguns planetas anões tran s n etu n i a n o s s emel h an tes a Plutão: plutóides (leia a tradução na íntegra do documento o f i cial aqui).
que os planetas precisavam necessariamente ter ―limpado‖ sua órbita, ou seja, deveriam ser o corpo dominante na órbita, o que não acontece com planetas anões. Segundo as definições estabelecidas por esse documento, Plutão passou a não se enquadrar mais entre os planetas e enquadrou-se perfeitamente na categoria de planetas anões. O objeto descoberto por Mike Brown e seu grupo foi batizado pela IAU de Éris, deusa grega da contenda e da discórdia. Perfeito, não? A criação dos planetas anões alterou também a situação do antigo asteróide Ceres, cuja órbita localiza-se entre as órbitas de Marte e Júpiter, na região conhecida Página 13
como cinturão de asteróides. Segundo as definições do documento da IAU de 24 de agosto de 2006, Ceres deixa de ser asteróide e passa a ser também um planeta anão. Até agora, vimos que Plutão enquadra-se em três classificações. Ele é um planeta anão, um transnetuniano e um objeto do cinturão de Kuiper. Isso até 2008… Um fato que não podia ser ignorado é que Plutão continuava sendo um planeta anão peculiar, assim como Éris. Esses dois são transnetunianos consideravelmente maiores e mais massivos que outros planetas anões encontrados. Em 11 de junho de 2008, a IAU publica outro documento
Assim, plutóides são planetas a n õ e s , tran s n etu nianos e mais brilhantes que um determ i n a d o parâmetro. Por razões técnicas, em vez de utilizar um valor de massa, a IAU achou mais conveniente utilizar um parâmetro de brilho para determinar se um planeta anão transnetuniano poderia ser plutóide ou não. Falamos há pouco de Ceres que era um asteróide e mudou de classificação para planeta anão. Note que Ceres não é um plutóide, porque se localiza no cinturão de asteróides, logo, não é um transnetuniano. Até 2008, os únicos plutóides eram Plutão e Éris. Enfim, vamos às classificações do nosso pequeno companheiro Plutão. Ele é um planeta anão, um objeto transnetuniano,
um plutóide e um objeto do cinturão de Kuiper. Pode parecer nomenclatura demais para um único corpo, mas não é. Uma das coisas mais importantes na Ciência é separar os objetos que se estuda agrupando-os segundo características em comum. Pense, por exemplo, na Biologia, em que um único objeto de estudo é classificado segundo seu reino, filo, classe, ordem, subordem, família, gênero e espécie. Ufa! Um outro exemplo que podemos considerar é como poderíamos classificar você, leitor. Você é certamente um ser humano, me perdoem possíveis leitores extraterrestres. Mas se você é brasileiro, possui direitos e obrigações legais relacionados ao Brasil, portanto, você tem características diferentes de um ser humano norteamericano ou alemão. Mas pode chegar um dia que não seja suficiente saber se você é um ser humano ou brasileiro. Nos dias atuais, se você for assistir a um jogo de futebol no Maracanã, é imprescindível classificálo também com respeito ao time para o qual você torce, de preferência antes de entrar no estádio. Isso pode ser mais importante que saber se você é humano ou extraterrestre. Leandro Guedes
Março 2011
Crateras marcianas com nomes portugueses: a cratera Aveiro
Página 14
na cratera Aveiro.
A cratera Aveiro num mosaico de imagens obtidas a 31 de Março de 2004 pelo instrumento THEMIS da sonda 2001 Mars Odyssey (ver aqui imagem original). Crédito: NASA/JPL/Arizona State University.
Aveiro é uma cratera de impacto com cerca de 9,11 km de diâmetro, situada a nordeste de Tharsis Montes, a meio caminho entre Kasei Valles e a cratera Fesenkov. A sua formação é posterior às erupções que à cerca de 3,36 mil milhões de anos cobriram de lava toda a planície em redor. Os numerosos barrancos que sulcam a vertente norte são talvez os pormenores mais interessantes visíveis em toda a cratera. Tal como acontece em outros locais em Marte, estas estruturas aparentam ter sido esculpidas recentemente por água corrente proveniente de lençois de gelo subterrâneos. Próxima paragem: cratera Coimbra. Sérgio Paulino
Marte Crédito: NASA
Este espaço pode Barrancos na vertente norte da cratera Aveiro. Imagem obtida a 14 de Março de 2003 pela sonda Mars Global Surveyor (ver aqui imagem original e imagem de contexto). Crédito: NASA/JPL/Malin Space Science Systems.
ser seu! PUB
Provavelmente muitos de vós desconhecem o facto de existirem crateras em Marte cuja designação oficial teve origem em localidades portuguesas. A nomenclatura das formações geológicas dos planetas e satélites do Sistema Solar está a cargo do Working Group for Planetary S ys te m Nomenclature (WGPSN) da União Astronómica Internacional (UAI), e respeita um conjunto de regras e convenções bem definidas. No caso do planeta vermelho, as crateras com um diâmetro inferior a 60 km recebem os nomes de cidades e vilas de todo o mundo com menos de 100 mil habitantes. Como demonstra uma rápida busca no site do WGPSN, são 4 as crateras marcianas com nomes de localidades de Portugal. Estes locais não receberam até hoje grande atenção por parte da comunidade científica, mas não deixam ainda assim de estimular a minha curiosidade relativamente ao seu aspecto. Tive de me embrenhar nas bases de dados das diversas missões a Marte para encontrar imagens destas estruturas, e descobrir alguns aspectos interessantes da sua geologia. Foi este o pretexto para iniciar convosco um pequeno périplo por estes locais, uma viagem com partida
Contacte-nos!
Volume 1, Edição 2
Crateras marcianas com nomes portugueses: a cratera Coimbra Como tinha prometido na semana passada, chegou a altura de vos mostrar uma nova cratera marciana com o nome de uma cidade portuguesa: a cratera Coimbra. Coimbra é uma cratera de impacto com 34,53 km de diâmetro, situada no extremo sul de Arabia Terra, uma das regiões mais antigas de Marte. Dista algumas dezenas de quilómetros da cratera Vernal, lo c al onderecentemente foram detectados indícios da presença de antigas fontes h i d ro t e r m a i s , e um
dos sítios candidatos para a a m a r t a g e m d o robot Curi osi ty. Co i mbra receb eu o seu nome oficial em 2008. O seu interior encontra-se preenchido por pequenas colinas que mostram um interessante registo estratigráfico de uma altura em que Marte seria muito mais húmido. Próxima paragem: Funchal.
cratera
Sérgio Paulino
A cratera marciana Coimbra vista pela câmara de alta resolução da sonda europeia Mars Express (ver aquiimagem original). Crédito: ESA/DLR/ FU Berlin (G. Neukum). Depósitos estratificados no interior da cratera Coimbra. Imagem captada a 07 de Janeiro de 2007 pela câmara HiRISE da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (ver aqui imagem original). Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.
Crateras marcianas com nomes portugueses: a cratera Funchal Trago-vos hoje a cratera marciana com o nome do principal porto da Madeira. Funchal é uma pequena cratera com 1,62 km de diâmetro, situada em Cryse Planitia, a poucas dezenas de quilómetros do local de
amartagem do robot Viking 1. Não fosse essa particularidade, talvez nunca tivesse recebido um nome oficial. Próxima paragem: Lisboa
cratera
Sérgio Paulino
A cratera Funchal (ao centro da imagem), uma entre as muitas pequenas crateras de Chryse Planitia. Crédito: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum).
A paisagem de Chryse Planitia vista pelo robot Viking 1.
Crédito: NASA/JPL.
Este espaço pode ser seu!
PUB
Contacte-nos!
Página 15
Março 2011
Guerra nuclear pode reverter o aquecimento global do planeta.
Mills, do ―the National
A equipa de Luke Oman,
Center for Atmospheric
descobriu que as tempe-
Research‖ no Colorado,
raturas
descobriu
globais
cairiam
cerca de 1 °C (1.8 °F),
ozono que nos protege,
anos.
permitindo
ratura média global, de clima 0,9
temperado graus
seria
Fahrenheit
(aprox. 0,5ºC) mais frio Cientistas da NASA estão
Os aerossóis vulcânicos
a ―brincar‖ às guerras
podem aquecer a atmos-
guerra nuclear.
nucleares em simulações
fera superior, mas geral-
de
mente arrefecem o
O gráfico acima mostra
computador.
As simulações são uma
perto
tentativa de determinar
Inicialmente,
os efeitos de uma guerra
dios de origem nuclear
nuclear no clima do pla-
produziriam um aqueci-
neta.
mento dramático, mas a
O líder da equipa de pesquisa
Luke
NASA
Oman
Goddard
na
Space
Flight Center, concebeu a ideia há cinco anos atrás
da
ar
superfície. os
incên-
injecção maciça de fuligem para a atmosfera superior tenderia a contrabalançar,
bloqueando
A ideia é descobrir como
can
o inverno nuclear afecta
Union
o
(AGU). Ele tinha vindo a apresentar a sua pesquisa sobre o impacto dos vulcões (gás de dióxido de enxofre) no clima, usan-
cli ma
Assim
dos aerossóis resultantes de um conflito nuclear.
Página 16
da
que a temperatura global, em graus Celsius (a preto) e a precipitação, em milímetros por dia (a vermelho), recuperariam 10 anos após a injecção
Terra,
atingindo
seres
humanos e restante meio ambiente. Outra
conclusão
da
NASA, é que mesmo um conflito nuclear regional teria sempre algum tipo de impacto global negativo. Mais informações podem s e r
e nco n tra-
das aqui, aqui e aqui.
do negro de carbono na atmosfera terrestre. O
investigador
Conceição Monteiro
Michael
ladas de negro de carbono
para
a
atmosfera
superior. ção de 100 bombas ató-
ram saber qual o impacto
antes
chegue à superfície da
injecção de 5 Megatone-
tador. quise-
era
ultra-violeta
uma
O equivalente à detona-
cientistas
que
mais
ter r es tr e.
simularam
do simulações de compuVários
do
radiação
que
a radiação.
numa reunião da AmeriGeophysical
grande
durante os primeiros 3 Após 10 anos, a tempe-
Crédito: AP Photo
uma
redução da camada de
micas
de
Hiroshima.
O assustador disto, é que 100 bombas de Hiroshima são apenas 0,03 por cento do arsenal nuclear
Crédito: Luke Oman et al. / Rutgers University
Volume 1, Edição 2
Cientista da NASA afirma ter encontrado vestígios de Vida Um cientista da NASA, Dr. Richard Hoover afirma ter encontrado evid ê n c i a s
d e
vida extraterrestre. Esta pesquisa efectuada pelo Dr. Richard B. Hoover, um astrobiólogo do Marshall Space Flight Center
Por ser um tema controvers o , do
a
d i rec ç ão
Journal
of
Cosmo-
logy convidou 100 especialistas e mais de cinco mil cientistas a estudarem o artigo de Richard Hoover e a pronunciarem -se sobre o mesmo.
da NASA, foi publicada
Podem ler mais
na
março
este assunto aqui. O arti-
do Journal of Cosmology.
go original pode ser ace-
edição
de
No artigo publicado, o
sobre
dido nesta página. Crédito: NASA
Dr. Hoover descreve as
É importante, no entan-
últimas descobertas rea-
to, sublinhar duas coisas
l i z a d a s
r
relativamente
a
tipo extremamente raro
notícia.
primeiro
search.blogspot.com/201
d e
m e t e o r i -
lugar o site em questão
tos carbonáceos denomi-
onde foi publicado o arti-
nados CI1. Apenas nove
go (Journal of Cosmo-
meteori tos
deste
logy ), é um site que já
encontra-
foi duramente criticado
tipo
n u m
foram
Em
esta
r
r
e
-
1/ 03/i s- this -cl ai m-of b a c t e r i a - i n meteorite.html Poderão ver mais críticas e mais informações nos comentários
do
Carlos
dos na Terra. O cientista
por
obteve estes resultados
índole duvidosa do ponto
após
por
de vista científico, estan-
Por estas razões, esta
electrónica
do já anunciado o fim
notícia deverá ser enca-
do interior do meteorito.
desta publicação online.
rada com cepticismo e
As
Em
com
uma
análise
microscopia
evidências
obtidas
conter
artigos
segundo
de
lugar,
o
Oliveira mais abaixo.
muitas
Créditos: Journal of Cosmology
reservas,
constam de microfósseis
artigo em questão já foi
esperando-se novas aná-
semelhantes
também
por
lises críticas da comuni-
afir-
dade científica ao artigo.
às
ciano-
criticado
bactérias que existem na
especialistas
Terra e outros que não
mam não existir funda-
foi
mento para o que é afir-
com
possível
identificar
algo
conhecido.
mado.
que
Como
exem-
Pedro Seixas NR:
É
do
interesse
Segundo o Dr. Hoover,
plo
de
geral ler os comentá-
estes
têm
Rosie Redfield que faz
rios deste post que,
origem extraterrestre e
uma crítica técnica ao
por razões de econo-
não são provenientes de
artigo em questão:
mia
microfósseis
contaminação terrestre. Página 17
do
meio
h
temos o
t
t
p
blog
:
/
/
de
espaço,
não
puderam ser incluídas aqui.
Créditos: Journal of Cosmology
Março 2011
À procura do Carbono perdido Uma equipa internacional de cientistas iniciaram uma pesquisa de dez anos do ―elemento mais importante‖ Nas profundidades, abaixo da superfície da Terra, uma vasta comunidade de invisíveis corpos estranhos, formas de vida microscópica, sobrevive em silêncio no calor que sobe do interior do nosso planeta. A vida já foi encontrada na camada mais profunda da crosta terrestre, cerca de uma milha desde a superfície, mas os c i en ti s ta s es p er am encontrar uma vida próspera em camadas mais profundas. Estudar estes mistérios é uma tarefa para o Deep Carbon Observatory (DCO), um novo projecto que vai procurar não só a vida, mas tudo o que está relacionado com o carbono que se encontra debaixo de nossos pés. ―Vinte anos atrás, a idéia de que existia uma biosfera subterrânea era anedota―, disse Robert Hazen, um cientista de pesquisa na Instituição Carnegie de Washington do Laboratório de Geofísica, em Washington, DC, e líder do DCO. ―Mas agora sabemos que existe, porque em qualquer lugar que se realize furos encontra-se a vida.‖ Ele falou sobre o projecto em 20 de Fevereiro durante a reunião da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Washington, DC. Agora, no primeiro ano de sua existência planeada para uma década, o DCO visa reformular a nossa compreensão do papel fundamental do carbono na biologia, química e física do interior da Terra. Diferentemente dos observatórios astronómicos, que consistem de um único instrumento em local fixo, o DCO será uma operação distribuíPágina 18
da, exigindo uma ampla variedade de instrumentos instalados em locais ao redor do globo. O carbono é um dos elementos químicos mais importantes para os seres humanos. Ele forma a base da vida como a conhecemos, é o ingrediente central em muitas fontes de energia e desempenha um papel fundamental no nosso clima. Em uma máquina de escala planetária chamado ciclo do carbono, o elemento circula entre os oceanos e a atmosfera, para dentro e para fora da crosta terrestre, e através de seres vivos que o digerem, processando-o quimicamente, e redepositando-o de volta no planeta. Mas, mesmo neste imenso ciclo, pensa-se que apenas possa conter uma pequena parte da quantidade total de carbono do nosso planeta, o restante estará nas profundidades por baixo da superfície. ―Quando se faz uma retrospectiva e ao fazer perguntas fundamentais sobre o carbono na Terra―, disse Russell Hemley, também do Laboratório de Geofísica e col íder do pro grama,‖percebemos que há muita coisa que não sabemos sobre esse importante elemento―. Os cientistas acreditam que os micróbios subterrâneos, alguns deles isolados da superfície da Terra desde antes do alvorecer da humanidade, exerce influência nos mecanismos fundamentais de funcionamento do interior do nosso planeta. Os micróbios processam o carvão de forma relativamente rápida, tornando-os importantes no ciclo do carbono. Mas a equipe por detrás do DCO diz que o projecto também poderia responder a perguntas sobre muitos outros assuntos.
O observatório está a ser financiado pela Fundação Alfred P. Sloan, que já havia apoiado pro j ecto s de ciência igualmente grandes e ambiciosos. O Sloan Digital Sky Survey, por exemplo , in ves tigo u matéria escura e a energia escura, que se pensa ser responsável pelos efeitos invisíveis da gravidade e da causa de aumento da taxa de expansão do universo, respectivamente. O Censo da Vida Marinha (Census of Marine Life) concluiu recentemente um levantamento da diversidade, abundância e distribuição da vida nos oceanos. Juntos, esses programas custar am centenas de milhões de dólares. Ainda no seus inícios, a Deep Carbon Observatory terá que fazer qualquer grande descoberta. Esse esforço galvanizará o interesse e a participação por parte dos governos, indústria e geocientistas de todo o mundo. Alguns dos instrumentos previstos para o observatório nem sequer existem. A equipa de cientistas espera desenvolver um dispositivo que é um detector de pequeno porte. Este poderá ser colocado em um vulcão activo para medir a quantidade de carbono que liberta. Outros instrumentos vão extrair dados de recursos existentes, nos poços e minas mais profundas. ―Queremos ver se conseguimos ter microbiologistas em cada local de perfuração profunda para que possamos colectar amostras antes que eles possam estar contamina-
Crédito: wikipedia dos―, di s s e Haz en . ―Estamos a aprender coisas fascinantes sobre uma biosfera que vive em condições muito diferentes do que estamos familiarizados.‖ O objectivo do projecto é responder questões de ciência básica, mas a indústria já tem seus olhos sobre a pesquisa. No ano passado, duas das maiores reservas mundiais de gás natural foram descobertas ao largo das costas de Israel e do Brasil. Hazen diz que sua equipe tem planos para estudar esses reservatórios de metano para ver se o gás tem suas origens nos processos biológicos, ou de reacções químicas de alta pressão que ocorrem em grandes profundidades. No verão passado, cientistas da Shell Oil Company, que é um participante do projecto, organizou um workshop Deep Carbon Observatory visando identificar os rumos da pesquisa. ―A ciência não está a catalogar todas as coisas que sabemos, está a explorar as coisas que nós não sabemos―, disse Hazen. Ele sugeriu que as descobertas pela Carbono Deep Observatório poderia levar a Prémios Nobel da Física e da Química. Fonte: Inside News Service José Gonçalves
Science
Volume 1, Edição 2
Cassini descobre surpreendente fluxo de energia térmica no pólo sul de Encélado Encélado volta a surpreender. De acordo com um estudo publicado na semana passada na revista Journal of Geophysical Research (consultar artigo aqui), a região mais meridional desta pequena
Damascus Sulcus, uma das fissuras geologicamente activas no pólo sul de Encélado. Vista em perspectiva gerada a partir da combinação de imagens captadas pela Cassini em Agosto de 2008, com um mapa topográfico da região criado por Paul Schenk do Lunar and Planetary Institute, Texas, Estados Unidos (resolução de 12 a 30 metros por pixel). Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Universities Space Research Association/Lunar and Planetary Institute.
região do pólo sul de Encélado cerca de 15,8 GW de energia térmica, cerca de 10 vezes mais do que o previsto em estudos anteriores, um valor que desafia os modelos de produção endógena de calor actual-
lua de Saturno emite muito mais calor do que o que
mente aceites. Estes novos resultados têm fortes impli-
havia sido estimado anteriormente. Estes resultados
cações quanto à presença de água líquida no interior
baseiam-se numa nova análise dos espectros das
de Encélado. Curiosamente, a existência de um oceano
emissões térmicas registados em 2008 no pólo sul de
subsuperficial ou de uma bolsa de água salgada na
Encélado pelo Cassini Composite Infrared Spectrome-
região do pólo sul aumentaria a eficiência na produção
ter (CIRS), um dos 12 instrumentos científicos da
de calor pelo efeito de maré, ao permitir uma
sonda Cassini.
maior distorção das camadas superficiais de gelo.
De acordo com os autores do estudo, são gerados na
Sérgio Paulino
Gráfico comparando as emissões térmicas detectadas em 2008 no pólo sul de Encélado pela sonda Cassini (à direita), com as emissões estimadas em estudos anteriores (à esquerda). A energia térmica gerada no interior da lua de Saturno é comparável à produzida por 20 centrais termoeléctricas. Crédito: NASA/JPL/SWRI/SSI.
Página 19
Março 2011
cativar as pessoas para a ciência Apesar da quantidade de livros de divulgação científica ter sofrido um enorme boom durante as últimas décadas, o problema de como cativar as pessoas para a ciência matém-se. Não se trata aqui, evidentemente, de como cativar jovens para ingressarem em cursos e profissões ligadas à ciência, mas sim o de tentar fazer com que as pessoas que não estão ligadas à ciência se interessem por ela, por uma questão de conhecimento
lugar, o facto de existirem tantos programas e de nenhum passar em canais generalistas faz com que as pessoas não desenvolvam o hábito de ver nenhum deles. Segundo, até agora nunca vi ninguém a apresentar um desses programas com a genialidade Carl Sagan.
de
Carl Sagan foi o grande divulgador de ciência do século XX. Aliava o rigor exemplar à capacidade de divertir e entreter
e cultura geral.
quem não era entendido na matéria; fazia com
Durante os anos 80 (e também nos anos 90,
que quem assistisse ficasse não apenas inte-
devido a repetições que f o i t e n d o ) , a série Cosmos, de Carl Sagan, atingiu este objectivo. Imensas pessoas, mesmo não estando directamente ligadas à ciência, deixavam-se fascinar não só astronomia, mas
pela tam-
ressado, mas verdadeiramente fascinado com o que estava a ver; mostrava não só o interesse mas também a beleza da ciência; respeitava a reli-
áreas que a série mais frequentemente aborda.
pela ciência, precisa-se urgentemente de um
Hoje, a quantidade de documentários científicos
novo Carl Sagan. Aqui fica um dos seus momentos mais marcantes, do epi só dio Harmony Worlds, em
of the que se
impacto de Cosmos. Alguns são até muito
aborda a vida de Kepler e descoberta das suas
bons; porém, há dois problemas. Em primeiro
Miguel Galrinho
Página 20
A gigantesca tempestade do hemisfério norte de Saturno num mosaico construído com 14 imagens captadas a 26 de Fevereiro de 2011 pela câmara de ângulo fechado da sonda Cassini, através de um filtro para o infravermelho próximo (750 nm). Crédito: NASA/JPL/SSI/mosaico de Astro0.
Numa altura em que se nota que não existe um interesse generalizado
mas nenhum chegou minimamente perto do
Magnífico mosaico da tempestade de Saturno
gião e insistia na importância da história e da arte.
bém pela física, química, biologia e história – as
é inacreditavelmente maior que nessa altura,
Crédito: imotion.com
três leis.
A sonda Cassini tem estado a enviar para a Terra excelentes pormenores da enorme tempestade que assola as latitudes médias do hemisfério norte de Saturno. Reparem só nos detalhes deste belíssimo panorama construído por Astro0, um dos membros do fórum UnmannedSpaceflight.com. Sérgio Paulino
Volume 1, Edição 2
Homens e Mulheres situações, com o meu cérebro, que funciona de forma m a s c u l i n a . Posso entender que existem essas limitações, mas não me posso colocar totalmente no lugar da outra pessoa para compreender exactamente como está a pensar.
Imagem: Ilustração das conexões nos cérebros de um homem e uma mulher
Homens e Mulheres pensam de forma diferente. Existem imensos cartoons pela web que mostram as diferenças nos cérebros dos homens e das mulher e s . Assim como existem estudos científicos que provam isso mesmo: os nossos cérebros funcionam de forma diferente. Gostei bastante deste livro, do John Gray, que explica o porquê de homens e mulheres parecerem ser de planetas d i f er en t es . El e já tem outros livros do mesmo género. Gosto dos livros, compreendo-os, percebo as diferenças entre os dois sexos, mas não vou mentir dizendo que compreendo perfeitamente a forma de pensar do ―outro lado‖. Não compreendo, porque o meu cérebro funciona de forma diferente. Continuo obviamente a pensar com
Página 21
―caixas separadas‖, com a ―caixa vazia‖, com ―sistema de pontos―, com ―fugas para cavernas―, etc. Parec e- me que os homens especializam os assuntos, dividem-nos, põem em compartimentos/caixas… tal como faz a ciência moderna ocidental, que se tornou na base da industrialização, e que é o que se vê nas escolas (onde não existe integração, mas sim divis ão de disciplin as / a s s u n t o s ) . Já as mulheres pensam de forma mais holística… como se faz nas culturas orientais. O mesmo é dito pelo Mark Gungor, nesta excelente palestra (legendas em português). Por mais que eu queira, o meu cérebro nunca vai compreender o das mulheres, porque funciona de forma diferente. Vou sempre avaliar as
Ora, sendo assim, percebe-se que elementos da mesma espécie, que vivem no mesmo planeta, e que pertencem à mesma linha evolutiva, mesmo assim não se compreendem porque os seus cérebros funcionam de forma diferente. Entre nós e outras espécies, que sofreram linhas evolutivas diferentes, mas que evoluíram no mesmo planeta que nós e têm a n te pa ss ado s comuns connosco, será as s i m p r ati c am en te impossível essa comunicação perfeita – vai ser sempre baseada naquilo que nós interpretamos e não naquilo que é. Por isso é que não conseguimos comunicar, por exemplo, com formigas. Aliás, as formigas nem sabem quem nós somos. Como disse o filósofo Ludwig Wittgenstein: ―Se um leão pudesse falar, nós nunca o compreenderíamos‖. A razão é simples: o cérebro do leão funciona de forma diferente, o que faz com que o leão tenha percepções do mundo ao seu redor
que são impossíveis nós compreendermos. O que me leva, obviamente, aos extraterrest r e s . Eu gosto muito de ficção científica, mas ela fica a anos-luz da realidade. Se nós não conseguimos comunicar efectivamente com seres do nosso planeta, com quem temos antepassados comuns, e nem sequer conseguimos comunicar perfeitamente com outros seres da mesma espécie que nós, que têm o mesmo cérebro que nós (mesmo funcionando de forma ligeiramente diferente), como é que alguém pode pensar que é possível comunicar com seres, de outros planetas, que não partilham connosco qualquer antepassado, que terão certamente cérebros totalmente diferentes dos nossos, e que quiçá até terão outras formas de pensar que não utilizando o cérebro! Parece-me nitidamente ―wishful thinking‖, desejos pessoais, de quem vê muita ficção científica, mas que nem se apercebe que essa ficção científica sofre de uma imaginação bastante limitada tendo em conta a vida na Terra quanto mais a vida que poderá existir por todo o Universo. Carlos Oliveira
Março 2011
Estranha Miranda Encontrei ontem este magnífico mosaico da lua Miranda, da autoria de Daniel Macháček, um dos memb ros m ais a ctiv os d o fórum UnmannedSpaceflight.com. Mostra detalhes impressionantes do hemisfério sul desta enigmática l u a d e U r a n o ! Foi enorme a perplexidade dos c i en ti st as d a mi ssão Voyager quando analisaram pela primeira vez as imagens de Miranda, captadas pela sonda Voyager 2 durante a sua passagem pela pequena lua a 24 de Janeiro de 1986. A sua pequena dimensão (cerca de 472 km de
O hemisfério sul de Miranda visto pela Voyager 2. Mosaico construído com imagens captadas em Janeiro de 1986, durante a passagem da sonda americana pelo sistema uraniano. Crédito: NASA/JPL/processamento de Daniel Macháček.
diâmetro) não fazia adivinhar quaisquer sinais de actividade geológica recente. No entanto, perante os seus olhos surgia uma estranha superfície que mais parecia uma colagem de pedaços retirados de diferentes corpos do Sist e m a S o l a r . Miranda possui pelo menos três
A Tenda
A constelação do Corvo possui uma estrela de nome ―Alchiba‖, de origem árabe, que significa ―tenda‖. Pode ser estranho, à primeira vista, tentar relacionar uma tenda à constelação que representa uma ave. Mas, prestando atenção no alinhamento principal da constelação (formado pelas estrelas, beta, gama, delta e epsilon), dá para fazer uma tenda vista de cima, com a estrela alfa servindo de estaca para prendê-la. Como boa parte dos nomes das estrelas que chegaram até nós se deve aos árabes, nada mais natural do que eles avistarem um objeto bastante comum em sua região. Essa constelação já era chamada de Corvo por civilizações bem anteriores (sumérios, hebreus, etc) por motivos mitológicos ou religiosos, mas o asterismo da tenda era quase evidente
Página 22
extensas regiões estriadas conhecidas como coronae. Formadas por profundos desfiladeiros paralelos, as coronae interrompem terreno mais elevado coberto por crateras (presumivelmente mais antigo). Os cientistas discordam quanto à origem da bizarra superfície de Miranda, mas todos aceitam que esta é apenas uma das mais recentes versões da pequena lua. Logo após a passagem da Voyager 2, muitos sugeriram que Miranda deveria ter sido despedaçada por uma colossal colisão, e posteriormente reorganizada pela força da gravidade na sua forma actual. Mais recentemente ganhou preponderância a hipótese da sua superfície ser produto da actividade geológica resultante do efeito de maré provocado por uma ressonância orbital 3:1 transitória com a lua Umbriel.
Sérgio Paulino
para os povos que viviam no deserto ou próximos dele, da mesma forma que nós hoje conseguimos fazer facilmente as figuras do Cruzeiro do Sul ou do Escorpião. Alchiba tem um nome alternativo: Al Minliar al Ghurab, que significa ―o focinho‖ (ou bico) do Corvo. Podemos encontra r estrel as cujos nomes começam com ―Al Minliar‖ em constelações próximas, como a Hidra (Al Minliar Al Shuja) e Leão (Al Minliar al Asad). Quem tiver dificuldades em fazer a figura do corvo quando identificar a constelação, basta tomar como referência a estrela Alchiba. Sabendo que o bico fica em Alchiba dá para formar o resto da figura sem problemas. Saulo Machado
Volume 1, Edição 2
O Enxame de Galáxias Mais Distante e Evoluído cesso de formação e não
nuvem muito quente de gás
sistemas já evoluídos.
ténue que enche o espaço entre as
galáxias
e está
(…) Os resultados mostra-
concentrada na direção do
ram que estamos efetiva-
centro
mente a observar um enxa-
Este
me de galáxias tal como era
enxame de galáxias evoluí-
quando
tinha
do, que se mantém firme-
cerca de três mil milhões de
mente coeso pela sua pró-
anos – menos de um quarto
pria gravidade, o que não
da sua idade atual.
acontece
o
Universo
é
do outro
enxame. sinal
com
dum
enxames
muito jovens que ainda não Créditos: ESO
Uma
vez
determinada
a
distância a este objeto raro, Os
astrónomos
utiliza-
que utilizou as observações
ram um arsenal de teles-
do
cópios,
―O
tanto
no
solo
VLT
do
surpreendente
ES O. é
que
como no espaço, incluin-
quando o observamos mais
do o Very Large Telesco-
detalhadamente, este enxa-
pe instalado no Observa-
me de galáxias não parece
tório do Paranal do ESO,
ser jovem
no Chile, para descobrir e
galáxias já evoluíram e não
medir
parecem ser galáxias com
a
distância
ao
–
muitas
enxame de galáxias mais
formação
distante mas mais evo-
como as que se observam
luído
tipicamente
encontrado
até
Embora
este
agora. enxame
se
estelar
das
no
intensa Universo
primitivo.‖
observe
quando o Universo tinha
Os enxames de galáxias são
menos de um quarto da
as
sua idade atual, o objeto
Universo que se mantêm
assemelha-me de forma
coesas devido à força da
surpreendente aos enxa-
gravidade. Os
mes de galáxias do Uni-
pensam que estes enxames
verso atual.
crescem ao longo do tempo
maiores
estruturas
do
astrónomos
e por isso os enxames de ao
maior massa deverão ser
enxame de galáxias mais
raros no Universo primitivo.
distante mas mais evoluído
Embora enxames mais dis-
alguma vez encontrado‖, diz
tantes tenham sido obser-
Raphael Gobat (CEA, Paris),
vados, todos eles parecem
autor principal
ser objetos jovens em pro-
―Medimos
a
Página 23
distância
do estudo
tiveram tempo de prender o gás quente deste modo.
a equipa observou cuidadosamente as galáxias compo-
Como Gobar conclui: ―Estes
nentes, utilizando tanto o
novos resultados apoiam a
Telescópio Espacial Hubble
ideia de que enxames evo-
da NASA/ESA como telescó-
luídos
pios no solo, incluindo o
Universo tinha menos
VLT.
Foram
existiam quando o de
encontradas
um quarto da sua idade
evidências que sugerem que
atual. Segundo as teorias
a maioria das galáxias do
atuais, tais enxames devem
enxame não estão a formar
ser muito raros e nós tive-
estrelas, mas são compos-
mos muita sorte em encon-
tas por estrelas que têm já
trar um. Mas se observa-
mil milhões de anos de ida-
ções futuras mostrarem que
de, o que faz deste enxame
existem muitos mais, então
um objeto evoluído, seme-
isso querer dizer que preci-
lhante em massa ao Enxa-
saremos de rever o nosso
me da Virgem, o enxame de
conhecimento sobre o Uni-
galáxias rico mais próximo
verso primitivo.‖
da Via Láctea. Outra evidência que mostra que este é um enxame evoluído chega-nos de observações de raios X feitas com o observatório ESA
espacial
da
XMM-Newton.
O enxame emite raios X que devem estar a vir de uma
Leiam todo o na página do ESO.
Carlos Oliveira
artigo,
Março 2011
Dois Sóis na China Isso não faz com que seja dois sóis. Faz simplesmente com que se perceba que a testemunha não
tem
conhecimento
e s s e s
sobre
a s s u n t o s .
Tal como quando as pessoas vêem satélites ou iridium flares e pensam logo que são naves extraterrestres, quando na verdade o que se passa é que a pessoa não tem conhecimento para perceber aquilo que está a v
e
r
.
As pessoas não terem conhecimento sobre os fenómenos é
Imagem: Fenómeno observado na China
normal – ninguém pode saber Esta é a notícia do momento, quer em sites de conspirações, quer até em muita comunicação
Ou seja, é para esses leitores que demonstram Literacia Funcional – querem saber mais, em vez de simplesmente acreditar.
social (falta de pensamento crítico). Sinceramente, tinha decidido nem sequer falar deste assunto. A razão é simples: apesar de eu próprio escrever muitos posts sobre OVNIologia, achei que seria um desperdício de tempo falar desta notícia tão… ridícula. Achei que estava ao mesmo nível do OVNI de Jerusalém, daí também não ter publicado post sobre isso.
A jornalista diz isto: ―A notícia do dia na China é este vídeo que nos foi enviado por um homem que viu dois sóis esta tarde‖. O jornalista diz depois isto: ―O Sol parece estar reflectido nas nuvens, causando uma ilusão de óptica, mas o homem que fez este vídeo diz que via mesmo 2 s
ó
i
s
‖
.
O homem que foi entrevistado
sobre todos os assuntos. Os maus jornalistas e os sites pseudo inventarem logo que é algo desconhecido, isso só demonstra a falta de sentido crítico que exis te
em
muitos
sítios.
Neste caso, a testemunha diz que não existe outra explicação – mas isso é porque ele (e o amigo) não sabe essa explicação que existe. O jornalista deu essa explicação. Era assim que deveria ter acabado a reportagem – com a explicação. Mas não, a reportagem acaba com a ideia de que isto é um mistério.
No entanto, como até temos
(que fez o vídeo) diz: “Eu vi
leitores que sugeriram que nos pronunciássemos sobre este
mesmo dois sóis e fiz o vídeo.
2 – Se as pessoas olhassem
Não existe outra explicação‖.
mais para o céu, perceberiam
No meu entender, existem nesta
que este é um fenómeno normal (raro quando são lado a lado,
assunto, achei por bem fazer uma análise a este caso. É para esses leitores interessados em saber mais sobre este
história alguns factores a ter em
assunto, e interessados em ter uma análise do assunto da parte
conta:
do astroPT, que escrevo este p o s t .
1 – O homem que filmou real-
Página 24
mente pensou que viu 2 sóis.
mas mesmo assim explicável). Tem a ver com reflexos nas lentes, a luz do Sol refractar na atmosfera (fenómeno óptico bastante comum), e miragens – tal como quando vamos numa
Volume 1, Edição 2
recta com árvores dos lados, parece lá ao fundo não só que as árvores se tocam, mas parece inclusivé que existem poças de água por toda a estrada. 3 – Como diz o professor Jim Kaler: “a imagem dupla do Sol deriva de um efeito óptico de refracção. É um fenómeno raro (ou seja, não é diário), e que não está totalmente explicado pela ciência (apesar de se saber o que é e de estar praticamente explicado)‖. 4 – Deixem-me dizer novamente: este é um fenómeno comum (raro mas que acontece regularmente). Basta fazerem uma pesquisa no Google para verem várias outras fotografias do mesmo género, feitas por astrofotógrafos. Exe mpl os:
Se fizerem uma pesquisa no YouTube, vêem também vários exemplos disso. Claro que se vê títulos completamente sem sentido, porque as pessoas imaginam logo conclusões sem sentido. Mas o que se percebe é que é um fenómeno ―normal‖. 5 – Como este é um fenómeno atmosférico recorrente, então é normal as pessoas de vez em quando (quando olham para o c é u )
o
v e r e m .
Não é algo que aconteça todos os dias. Mas é algo conhecido. Claro que para quem não tem por costume olhar para o céu, estas coisas podem ser fantásticas! (qualquer dia aparece a ―extraordinária notícia‖ que a Lua pode-se ver durante o dia, incluindo ao mesmo tempo que o Sol!) O Sol costuma produzir outras imagens estranhas, além de haver outros fenómenos
Página 25
atmo sf éri co s
estranho s .
O que a mim me aborrece é quem tem por obrigação disseminar a verdade sobre as notícias – como os jornalistas – por vezes
preferem
divulgar
os
mitos, as crenças, os mentirosos, os pseudo, a ignorância. 6 – Como este é um fenómeno que acontece por vezes, é assim normal que no passado tenham havido as mesmas histerias. Por exemplo, o ano passado foi na Índia. 7 – Existe uma outra hipótese: tudo isto não passar de uma campanha de Marketing
e n g a n o s a . Da mesma forma que os OVNIs de Jerusalém, e os OVNIs do Haiti, não passaram de esquemas de publicidade enganosa, que levaram muitos crentes e comunicação social, a tomá-los como v erd ad ei ros. Neste caso, parece que esta história está a ser veiculada pelos mes mos que dizi am que Betelgeuse iria se tornar uma supernova (um ―segundo Sol‖) e matar-nos a todos, que por acaso são os mesmos que disseminam as mentiras sobre o planeta Nibiru vir de encontro à Terra e nos exterminar em 2012. Carlos Oliveira
Março 2011
Grandes Explosões I – Erupções de Raios Gama 23 Janeiro 1999, na c o n s tel a ç ão de Coroa Boreal. A explosão mais brilhante registada pela humanidade, a 9 mil milhões de anos-luz. Foi uma erupção de raios-gama (GRB). Em média ocorrem 3 por dia no Universo observável. GRB
são
divididas
em dois grupos: curtas, menos de dois segundos, e longas. As curtas têm mais raios gama altamente energéticos. O satélite de raiosX BeppoSAX descobr iu que estas explosões apresentam ―brilhos secundários‖ de raios X. Este brilho surge quando o sinal de raios gama desaparece e persiste por um período de dias ou meses. Passam de raios X para radiações menos energéticas (luz visível e ondas rádio). O satélite identificou que essas erupções eram originárias de galáxias a milhares de milhões de anosluz, o
que sugere
que esse evento é bastante poderoso. Uma das primeiras GRB localizadas foi a GRB970508. O seu
Página 26
brilho variou de forma irregular nas três primeiras semanas, estabilizou e começou a diminuir. O plasma interestelar provoca variações nas ondas de rádio. Uma forma de perceber se é, de facto, uma GRB é a seguinte: Os planetas não piscam, estão próximos e parecem-se com discos. A GRB piscou nos comprimentos de onda do rádio e parou. A fonte deve ter aumentado de um pequeno ponto para disco com um diâmetro de semanas-luz. Com esta e outras observações, o conceito
de
libertação
súbita de energia e o termo ―brilho secundário‖ foram postos de parte pois a energia nas duas fases é comparável. A GRB990123 teve uma luminosidade de 1045 W, quase o mesmo que é libertado por uma supernova mas a maioria sob a forma de neutrinos e o restante, gradualmente, numa GRB. Dois dias depois da GRB de janeiro de 1999 observou-se uma diminuição drástica da luz, o que ocorreria caso essa radiação viesse de um
jacto estreito. ―Devido a um efeito da Relatividade o observador vê cada vez uma parte maior do jacto conforme a sua velocidade diminui‖ Como o ângulo de abertura do jacto é estreito só o vemos se este estiver direccionada na nossa linha de visão. Este efeito altera a nossa percepção da potencialidade da erupção. Um exemplo, uma abertuda de 10 graus do ângulo do jacto irá cobrir cerca de 1/500 do céu, o que faria
a energia medida caír para 1/500 também. Mesmo assim, supostamente com 1/500 da energia e medição foi de 1045 W, bastante potente.
Fonte: Scientific American ―As Mais Fantásticas Explosões do Universo Dário S. C. Codinha
Volume 1, Edição 2
Grades Explosões II – Ligação entre GRB e Supernovas
A
no ç ão
de
que GRB e supernovas estariam relacionadas surgiu com a o b s e r v a ç ã o da G RB 980425 . Simultaneamente foi observada a explo-
uma supernova pode gerar uma GRB ao
observador visualizou os dois eventos devi-
e com longos intervalos no espectro. Este
lançar jactos.
do ao ligeiro desvio do jacto da linha de
grupo de GRB ocorre no mesmo índide de
visão.
o c o r r ê n c i a das supernovas do
matéria em Em quase
todos os casos ou se vê a supernova, ou se vê a GRB. A observação do evento
são da supernova SN1998bw. O
depende da direcção do jacto. Se estiver
espectro de raios X de várias erupções
apontado ao observador, este verá a GRB,
indica a presença de ferro, sinal da ocor-
se a direcção for diferente verá a superno-
rência de supernova.
v A
uma
Uma versão é que
Página 27
a GRB980425
. terá
sido o caso em que o
Um cenário alternativo foi levantado e sugere que a ligaç ã o G R B supernova indica um único tipo de erupção. O te
s a t é l i BATSE observou
erupções com luminosidades ultrabaixas
Tipo 1b/c – quando o núcleo de uma estrela de grande massa implode. Fonte:
Scientific
American ―As Mais Fantásticas Explosões do Universo
Dário S. C. Codinha
Março 2011
Grandes Explosões III – Gandes Bolas de Fogo material remanescente. Outro modelo é o de sistemas binários de corpos compactos, duas estrelas de neutrões ou uma estrela de neutrões e um buraco negro que, ao fundirem-se formam um buraco negro rodeado de material.
O g r a n d e b r i l h o das GRB permanece um paradoxo, já que variações rápidas no seu brilho sugerem origem numa pequena área – luminosidade de 1019 sóis num volume de um sol. Este volume é tão pequeno e os fótões estão tão próximos que impedem o escape da maioria dos raior gama. Assim, como vemos a GRB? A resposta é que os raios gama não são logo emitidos. Uma bola de fogo de plasma a viajar quase à velocidade da luz transporta fótões e electrões. O volume desta bola de fogo chega a um limite em que a sua densidade fotónica já permite a libertação dos raios gama. A emissão primária é de raios gama e resulta de uma primeira onda de choque dentro dessa bola. Com a expansão encontra gases situados nas proximidades, o que forma uma segunda onde de choque – que resulta na emissão do brilho secundário. Neste momento os raios gama são tr ansfor mados em r adiação menos energética: raios X, luz visível e rádio. Dois modelos correspondem a esta libertação de energia. Um é o modelo das hipernovas, estrelas com masssas superiores a 20 massas solares, cujo núcleo entra em colapso e forma um buraco negro cercado por um disco de
A grande massa do disco e a ausência de companheira fazem deste sistema algo diferente de muitos outros onde se visualizam buracos negros. Desta forma, o disco permite a libertação de energia porque tem uma grande massa e, porque não há companheira, deixa de haver recarga de material – a libertação de energia só ocorre uma vez. A energia do buraco negro vem da própria energia gravitacional e da rotação. Um possível resposta de como há copnversão destas energias em radiação gama pode estar no facto de, aquando da formação do disco se forme um campo magnético de 1015 mais elevado que o terrestre. Isto leva ao aquecimento intenso, o que promove o lançamento da bola de fogo. Resta decidir qual o modelo a associar, se o de hipernovas, se o de a dupla de corpos compactos. As GRB são encontradas onde existiriam hipernovas, em áreas de intensa formação estelar. Quanto às duplas de corpos compactos, estes ocorrem espalhados pela galáxia por terem um tempo de vida de milhares de milhões de anos, ao contráio dos milhares de anos de vida de uma estrela que dá orígem a uma hipernova. As hipernovas dão-se muito perto do local onde nasce a estrela que lhe deu orígem. Como as GRB‘s se dão nesses locais, e apenas nesses locais, é bastante provável que estejam associadas às hiper-
Página 28
Gamma-ray burst "Rosetta Stone" - Credit: NASA
novas. Uma questão importante referese às GRB escuras ou ―fantasma‖. Cerca de 50% das GRB foram observadas na forma de raios X. A pergunta é: ―porque algumas erupções não brilham na luz visível?‖. São avançadas três explicações: 1Essas GRB encontram-se em áreas de formação estelar em que o pó interestelar bloquearia a luz visível. 2São GRB muito distantes e os comprimentos de luz visível seríam bloqueados pelos gases intergalácticos. 3-
São por natureza apagados
A opção 1 é a mais aceite actualmente. Outra pergunta diz respeito a uma classe de GRB que são ricas em raios X. Estas GRB emitem uma maior quantidade de raios X relativamente aos raios gama. Foram descobertos pelo BeppoSAX e confirmados peloBATSE. Representam cerca de 30% de todas as GRB. Porque emitem mais raios X do que raios gama? Uma das explicações é que ―a bola de fogo pode estar carregada com uma grande quantidade de material bariónico‖(SCIAM). Este material aumenta a inércia promovendo um movimento mais lento e incapaz de acelerar fotões até à faixa de raios gama. Ou então os flashes provêm de galáxias distantes e ―a expansão desvia os raios gama para a faixa dos raios x.‖(SCIAM). Fonte: Scientific American ―As Mais Fantásticas Explosões do Universo Dário S. C. Codinha
Volume 1, Edição 2
Atmosfera de GJ1214b Rica em Água ? Observações dos trânsitos do planeta GJ1214b (GlieseJahreiß 1214b) realizados com o telescópio espacial Spitzer, com o VLT e com o observatório do projecto MEarth, implicam que a sua atmosfera deve conter uma percentagem elevada (mais de 30% em volume) de elementos mais pesados que o hidrogénio e o hélio. A maior parte deste material deverá ser constituído por vapor de água. Estas são as conclusões de uma equipa de astrofísicos liderada por Jean-Michel Désert e na qual se inclui David Charbonneau, do HarvardSmithsonian Center for Astrophysics, o líder da equipa que descobriu o planeta em 2009. Devido ao pequeno tamanho das Super-Terras, a detecção de trânsitos a partir da superfície terrestre só é possível se as estrelas hospedeiras forem relativamente pequenas. Este facto aumenta a profundidade do trânsito como podem ver na figura que se segue, facilitando a detecção. Ciente desta oportunidade o astrofísico David Chabonneau e a sua equipa puseram em marcha projecto MEarth com o objectivo de detectar Super-Terras em trânsito em anãs vermelhas na vizinhança do sistema solar. O projecto conta com um observatório automatizado no Arizona para observar todas as noites disponíveis dezenas de anãs vermelhas. A descoberta de um planeta em torno de GJ1214, uma anã vermelha com apenas 15% da massa do Sol, situada a 40 anos-luz, na direcção da constelação do Ofíuco, foi anunciada num
artigo na conceituada revista Nature em 17 de Dezembro de 2009. De facto, esta foi apenas a segunda SuperTerra descoberta por trânsitos, depois do famoso CoRoT -7b. GJ1214b tem 2.7 vezes o raio da Terra e 6.6 vezes a sua massa, resultando numa densidade média de 1.9 g/ cm3. A determinação da densidade média de um planeta permite à partida estabelecer algumas considerações sobre a sua composição e estrutura interna. Infelizmente, existem várias modelos planetários consistentes com a densidade observada. No artigo original, os autores adiantaram a hipótese de se tratar de um ―planeta de água‖ (―water world‖) designação dada a uma classe de hipotéticos planetas constituídos maioritariamente por água (nos três estados, consoante as condições de temperatura e pressão locais). A estrutura interna de um tal planeta está representada na seguinte figura. Num ar tig o posterior publicado no Astrophysical Journal, Leslie Rogers e Sara Seager identificaram três cenários possíveis para o GJ1214b: um mini Neptuno formado por um núcleo de rocha e gelos e uma atmosfera primordial (formada por gases capturados do disco protoplanetário) de hidrogénio e hélio com pequenas quantidades de outros gases; um planeta rochoso com uma atmosfera não primordial rica em hidrogénio, resultante da libertação contínua de gases do seu interior, e; um ―planeta de água‖, formado por um núcleo de metal, rocha e gelo, e com uma atmosfera dominada por gelos sublimados (e.g. vapor de água, dióxido de carbono) e pequenas quantidades de hidrogénio e hélio. A determinação de qual dos cenários acima descritos
Página 29
corresponde à composição e estrutura interna do GJ1214b poderia teoricamente ser feita através de observações cuidadosas dos trânsitos em diferentes comprimentos de onda o que permite deduzir algumas das propriedades da sua atmosfera. Com esse intuito, dois co-autores de Jean-Michel Désert, Jacob Bean e Eliza Miller-Ricci Kempton, realizaram observações dos trânsitos com o VLT no infravermelho próximo. Os resultados, publicados na revista Nature em Dezembro de 2010, excluem claramente modelos planetários para GJ1214b em que a atmosfera é dominada por hidrogénio e sem nuvens. Dito de outra forma, para que uma atmosfera maioritariamente composta por hidrogénio fosse compatível com os dados, teriam de existir nuvens ou névoas em altitude capazes de camuflar o sinal espectral das camadas subjacentes ricas em hidrogénio. O novo estudo da equipa de Jean-Michel Désert combina os dados do VLT com dados obtidos com o observa-
tório do projecto MEarth (na região do vermelho, espectro visível) e com o Spitzer (no infravermelho, 3.6 e 4.5 micrómetros). Considerados no seu conjunto, os novos dados não só reforçam as conclusões do artigo de Bean e Miller-Ricci mas também apontam no sentido do planeta ter uma atmosfera em que a água é a componente dominante, combinada com hidrogénio, hélio e outros gases menos representativos. Segundo os autores os dois últimos cenários definidos no artigo de Rogers e Seager parecem assim os mais plausíveis. GJ1214b poderá ser um ―planeta de água‖ formado longe da estrela hospedeira tendo migrado para a sua órbita actual. Alternativamente, poderá ser um planeta do tipo terrestre maciço, formado in loco com uma atmosfera rica em água, proveniente maioritariamente da contaminação por meteoritos e cometas, e hidrogénio e hélio libertados do seu interior durante a sua formação e evolução. Mas isto não aqui… Luis Lopes
fica por
Março 2011
«(Vi) O nascer do Sol no topo do Mundo» – Entrevista exclusiva com o astronauta Scott Parazynski
Aproveitando a vinda a Portugal de Scott Parazynski, o AstroPT esteve à conversa com o astronauta norte-americano no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. Médico de formação, foi astronauta da NASA entre 1992 e 2009. Scott Parazynski participou em cinco missões espaciais, num total de 1381 horas (mais de oito semanas no espaço), tendo viajado mais de 37 milhões de quilómetros. Fez ainda sete caminhadas em espaço aberto, fora da Estação Espacial Internacional. Gosta de fazer montanhismo, escalada, mergulho, ski, viajar e fotografar a natureza. Em Maio de 2009 foi o primeiro astronauta a escalar o ponto mais alto do planeta Terra, o Monte Evereste. Como foi a sua primeira missão espacial? O meu primeiro voo espacial foi em 1994, no vaivém Atlantis. Ver a Terra a partir do espaço está além da minha capacidade de descrição. É mais bonito que qualquer coisa que eu tenha visto. A tridimensionalidade da Terra a flutuar, serenamente, é de cortar a respiração. É uma visão que nos muda para sempre. A minha primeira missão espacial foi mesmo isso: alterou a minha forma de ver o Mundo e quero acreditar que me tornou mais humano. Ironicamente, no meu primeiro voo
Página 30
fotografei o Monte Evereste, que viria, mais tarde, a fazer parte da minha vida.
chamar-me «Drácula». (risos)
O que fez quando regressou pela primeira vez à Terra?
O meu último voo foi em 2007, novamente no Discovery. Tornouse no voo mais importante da minha carreira porque tive de consertar um painel solar danificado da Estação Espacial Internacional (EEI). Foi uma situação crítica, pois havia o risco de poder morrer electrocutado ou de perder as ferramentas necessárias para executar o trabalho. Foi uma reparação semelhante a uma cirurgia. Teve de ser tudo feito com muito cuidado, muita atenção, muita concentração, sem pressa e com muita precisão.
Após a minha primeira missão, quis logo voar novamente e, por isso, dei-me como voluntário para uma missão de longa duração: viver a bordo da MIR (estação espacial russa) durante quatro meses e meio. Mas eu era demasiado alto para caber de forma segura na cápsula de emergência da Soyuz (nave espacial) e fui substituído por uma mulher, a astronauta Wendy Lawrence. Só que ela era demasiado pequena para usar os fatos espaciais russos e também teve de desistir da missão. Em consequência deste episódio caricato, fui apelidado de «Paraz ynski De masi ado Alto» («Too Tall Parazynski») e a Wendy de «Lawrence Demasiado Baixa» («Too Short Lawrence»). Mas esta história tem um final feliz porque fizemos ambos parte de uma tripulação que foi à MIR e demos um passeio espacial com os cosmonautas russos. Como foi o seu primeiro voo a bordo do vaivém Discovery, em 1998? Foi muito excitante! Tive a oportunidade de voar com um dos meus heróis, o já falecido Senador John Glenn (o primeiro norteamericano a orbitar a Terra, em 1961). Nessa missão tornou-se no astronauta mais velho a voar numa missão do vaivém. Este voo levava a bordo uma série de experiências de carácter médico e como sou médico de formação, coube-me a tarefa de, diariamente, colher sangue de todos os astronautas. Como estava sempre a picar toda a gente com agulhas, o Senador John Glenn passou a
Quando foi o seu último voo?
Assim que chegou à Terra, que fez? Em 2008, depois de completar a minha última missão, para cumprir um sonho de criança, decidi escalar uma montanha. Passei dois meses nos Himalaias. No 58.º dia da expedição, fiz uma ruptura num disco vertebral quando estava a mais de 7 mil metros de altitude. Eu queria ir até ao cume, mas não conseguia ignorar a dor. Tive de tomar uma decisão muito difícil: atacar o cume, arriscar a minha vida e pôr em risco o sucesso da minha equipa ou voltar para trás. Foi das coisas mais difíceis que tive de fazer, mas foi a decisão acertada. O lado positivo da questão, é que tinha um fornecimento enorme de gelo (risos). A cada 20 minutos deitava -me no gelo, o que tornou bastante demorada a descida até ao acampamento-base. Fui evacuado de helicóptero para Katmandu e daí regressei aos EUA, onde fui operado. Passadas umas horas da cirurgia, conseguia andar; após 8 semanas voltei ao ginásio e comecei a pensar em regressar ao Evereste. Neste regresso tive o
Volume 1, Edição 2
apoio da minha família, do Discovery Channel e da NASA, para além de patrocinadores empresariais. Como descreve a sua chegada ao cume do Evereste? O ataque ao cume começou às oito da noite. Trepámos durante a noite. Às quatro da manhã, ao nascer do sol, atingimos o cume. Fui o primeiro a chegar. Durante alguns minutos, o cume foi só meu. Arranjei um lugar e gozei a vista. Cinco minutos depois de ter chegado ao topo, o sol nasceu. Vi o nascer do sol no topo do Mundo, uma das coisas mais fascinantes que fiz na vida. Há um ritual que se faz quando se chega ao cume do Evereste que é tirar uma fotografia com imagens da nossa família, para nos sentirmos próximos dos que nos são queridos, e largar nos céus pequenos triângulos coloridos ou com desenhos. Eu fiz dois triângulos com as imagens dos meus heróis caídos: as tripulações da Apollo 1, do Challenger, do Columbia, do Soyuz 1 e do Soyuz 11. Todos os astronautas e cosmonautas que morreram a cumprir o seu dever. Também levei comigo um bocadinho da Lua. Quis prestar tributo a outros dois heróis meus, Neil Armstrong e Sir Edmund Hillary, que se tornaram muito amigos na velhice. Mais tarde, esse bocadinho da Lua e um bocadinho do Evereste, que recolhi no cume, foram colocados numa placa que está hoje instalada a bordo da Estação Espacial Internacional, na janela de observação «Tranquilidade» (em homenagem ao Mar da Tranquilidade, local de alunagem do módulo lunar Eagle). Tanto no cume do Evereste como no espaço, o Mundo está por baixo de nós. E nós estamos no topo do Mundo. É uma sensação indescritível! Onde é que a adrenalina corre mais depressa? No espaço ou no Monte Evereste? São
ambos Página 31
ambientes
muito
desafiadores. Numa missão espacial preocupamo-nos mais com o lançamento. Esses primeiros momentos são realmente arriscados. Mas a partir do momento que estamos no espaço, não sentimos estar num ambiente ameaçador. Isso sente-se no Evereste. Temos sempre frio, trabalhamos muito, respiramos com dificuldade, perdemos peso, corremos o risco de quedas potencialmente fatais. Sentimo-nos constantemente num ambiente hostil. Portanto, julgo que no Evereste estamos mais à beira do abismo, literal e figurativamente falando. Como é estar tão longe da família? É muito estranho estar lá em cima, no espaço, ter a família cá em baixo e não poder falar com ela. Lembro-me de, no primeiro voo, ter muitas saudades e não ter possibilidade de contar as experiências que estava a viver. Contudo, hoje em dia a Estação Espacial Internacional já tem um telefone por satélite e é possível contactar, via telefone, com a Terra e falar com a família. Também se pode utilizar o Twitter e outras funcionalidades que eu não tive oportunidade de usar, mas que agora estão disponíveis. O que mais gosta no trabalho de um astronauta? Sem dúvida, a interdisciplinaridade. Sou médico de formação, com bases na Biologia e na Química. Mas para me tornar astronauta tive de trabalhar com todos os tipos de experiências científicas, com diferentes formas de engenharia e, como tal, aprendi, com grande d etalhe, eng enh aria aeroespacial, ciências computacionais, engenharia dos materiais, geologia, física dos fluidos, astronomia, astrofísica. E isto é mesmo divertido. Um astronauta opera em equipa, com membros vindos de áreas diferentes e, se somos curiosos, este é mesmo um trabalho fabuloso.
Quando era um rapazinho, qual era o seu sonho? Eu queria ser astronauta. Queria ser um explorador. Li livros de e sobre exploradores como Jacques Cousteau, Sir Edmund Hillary, George Mallory, Yuri Gagarin, Neil Armstrong. Sempre sonhei ser como eles. E espero que a minha vida como explorador possa, igualmente, servir de inspiração para que as novas gerações olhem em volta e sintam o apelo de conhecer o que está para além dos seus horizontes. Uma última pergunta, com alguma carga emotiva: o que sentiu quando o Discovery completou a sua última missão? (Pausa, visivelmente emocionado) Voei duas vezes no Discovery, sendo que a última vez foi igualmente a minha última missão. Como tal, tenho um carinho muito especial pela nave. Por um lado senti-me muito triste, pois nunca mais voltará ao espaço, já que foi para o espaço que o Discovery foi desenhado. Ao mesmo tempo, senti uma alegria muito grande pela aterragem sem problemas e por ter cumprido a sua última missão de uma forma magistral. Sinto-me realmente muito comovido todas as vezes que falo e que vejo imagens do Discovery.e Presidente americanos. Maria João Pratt
Na sua visita ao Porto, Parazynski encheu o Auditório do Planetário do Porto e o Auditório do pólo de Campo Alegre da Faculdade de Ciências, algumas pessoas acompanharam por vídeo conferência. Crédito: CAUP
Março 2011
13 de Março de 1781 – O dia em que o céu da Antiguidade acabou… de um cometa. A hipótese de se tratar de um planeta poderá terlhe passado pela ideia, mas talvez fosse demasiado arrojado pensar que tinha realmente localizado mais um planeta do Sistema Solar: os cinco conhecidos já se tinham tornado quase canónicos. Constituiu uma descoberta científica impressionante! Até então, Saturno marcava o limite do Sistema Solar. O espírito humano, quase sempre disposto a medir o universo pela sua estatura, não se atrevia a aventurar mais além, e, quando tentava fazer uma ideia do abismo desconhecido que ficava para além daquela antiga fronteira, não se atrevia a colocar as estrelas muito mais longe. Alguns sábios chegavam a supor que a sombra de Saturno devia eclipsar as estrelas do zodíaco!
Mapa estelar da Dinastia Tang mostrando o Hemisfério Norte (British Library Or.8210/S.3326). Este mapa foi feito aproximadamente no ano 700, no reinado do Imperador Zhongzong da Dinastia Tang (705-710). As constelações, de três escolas diferentes, distinguem-se pelas diferentes cores: branco, preto e amarelo para as estrelas de Wuxian, Gan De e Shi Shen respectivamente. Crédito: Wikipedia
Desde a antiguidade eram conhecidos 5 planetas: Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno – a Terra não estava no firmamento, estava debaixo dos nossos pés. Apesar de ser visível a olho nu, tal como os cinco planetas conhecidos, Urano nunca tinha sido ―descoberto‖ devido a dois factores: a lentidão da sua órbita, que origina deslocações diminutas em relação à abóbada de ―estrelas fixas‖, e à sua magnitude: cerca de 6, precisamente o limiar de visibilidade num céu terrestre
Página 32
perfeito. Por isso, apenas no século XVIII o persistente William Hershel conseguiu perceber movimento no distante pontinho de luz. Insistiu metodicamente nas suas observações e comparou a zona do céu onde se encontrava a estrela azulada (mesmo através de um moderno telescópio dos nossos dias é difícil ver mais que um tímido ponto azulado quando se observa este planeta). Verificou que se movimentava em relação ao fundo de ―estrelas fixas‖: não podia ser mais uma delas! No início pensou que se tratava
Esta descoberta de Herschel, em 1781, foi uma verdadeira revolução. Num repente, o limite do Sistema Solar deu um salto de 1500 milhões de km (dez vezes a distância da Terra ao Sol)… Um novo mundo, que recebe uma energia solar diminuta, com um Sol 20 vezes mais pequeno que aquele que vemos a partir da Terra. Um mundo gelado às avessas, com o seu eixo de rotação quase coincidente com o plano orbital. As primeiras observações revelaram os seus satélites a rodar num plano quase perpendicular ao do Sistema Solar, o que colocou a comunidade astronómico num enorme alvoroço! Em cada descoberta, o universo estava a revelar -se um lugar cada vez mais estranho…
Pedro Cotrim
Volume 1, Edição 2
O Drama do Nascimento Estelar Uma nova imagem obtida com o Very Large Telescope do ESO permite-nos ver de perto os efeitos dramáticos que as estrelas recém nascidas têm no gás e poeira a partir dos quais se formam. Embora as estrelas propriamente ditas não sejam visíveis, o material que ejetam colide com as nuvens de gás e poeira circundantes criando uma paisagem surrealista de arcos, manchas e riscas brilhantes. A região de formação estelar NGC 6729 faz parte duma das maternidades estelares mais próximas da Terra e é por isso uma das melhor estudadas. Esta nova imagem obtida com o Very Large Telescope do ESO dá-nos uma visão detalhada de uma parte desta estranha e fascinante região. A formação de estrelas no interior de nuvens moleculares e os primeiros estádios do seu desenvolvimento não podem ser observados por meio de telescópios óticos, devido ao obscurecimento
por
parte
da
po ei r a.
Estrelas recém nascidas provocam distúrbios nas suas maternidades.
Nesta imagem temos estrelas muito jovens no canto superior esquerdo que, embora não se possam ver diretamente, dominam a imagem pelos distúrbios que geram na sua vizinhança. Jatos de matéria lançados pelas estrelas bebés viajam a velocidades tão altas como um milhão de quilómetros por hora chocando violentamente com o gás circundante e criando ondas de choque. Estes choques fazem com que o gás brilhe intensamente e criam brilhantes e coloridos arcos e manchas de forma estranha, conhecidos como objetos Herbig-Haro. Nesta imagem os objetos Herbig-Haro formam duas linhas que marcam as direções prováveis do material ejetado. Uma estende-se da região
Página 33
superior esquerda ao centro inferior, terminando no grupo circular brilhante de arcos e manchas que aí se encontra. A outra começa próximo do canto superior esquerdo da imagem estendendo-se em direção ao centro direito. A estranha mancha brilhante em forma de cimitarra situada em cima à esquerda deve-se muito provavelmente à radiação estelar que é refletida pela poeira, não sendo por isso um objeto Herbig-Haro. Leiam todo o artigo, na página do ESO. Carlos Oliveira
Março 2011
LRO completa o melhor retrato de sempre da superfície da Lua
R
e co rda m-se do espectacular mo sa ico
da
visíve l
da
face Lua no
O lado mais distante da Lua num mosaico que reúne milhares de imagens captadas entre Novembro de 2009 e Fevereiro de 2011 pela câmara de grande angular da sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (carreguem aqui para verem a versão com melhor resolução). Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.
publicado AstroPT
que a sonda soviética Luna 3 obteve as primeiras imagens da sua superfície.
aqui
no
mês
passado? Pois bem, a
E que surpreendentes
e qui pa
foram
da
L una r
as
primeiras
Reconnaissance Orbiter
observações.
Camera (LROC) publi-
mente
cou
anteontem
um
lado visível da Terra, o
novo
mosaico,
desta
lado mais distante da
vez com o lado mais
Lua é dominado por
distante da Lua. Fica
terreno elevado e aci-
assim
o
dentado, com poucos e
retrato mais detalhado
pequenos maria. Esta
de
superfície
assimetria na geologia
lunar até hoje realiza-
dos dois hemisférios é
do, um retrato cons-
explicada pela presen-
truído com cerca de 15
ça de uma crusta mais
mil imagens captadas
espessa no lado mais
entre
de
distante da Lua, que
2009 e Fevereiro pas-
dificultou, ao longo dos
sado.
tempos, a erupção de
completo
toda
a
Novembro
Radical-
diferente
do
magma na superfície e A Lua mantém sempre a mesma face voltada para a Terra, devido à coincidência exacta do seu período de rotação com
o
período
de
a consequente formação
das
impacto
bacias
de
cobertas
de
basalto que caracterizam os maria do lado visível.
translação em redor do nosso A primeira imagem do lado mais distante da Lua, captada a 07 de Outubro de 1959 pela sonda soviética Luna 3. Apesar do ruído e da baixa resolução são reconhecíveis pelo menos 4 maria: Mare Crisium, Mare Marginis e Mare Smithii (à esquerda), e Mare Moscoviense (em cima, à direita). Crédito: NSSDC Photo Gallery. Página 34
planeta. Como
tal, o lado mais distante manteve-se escondido dos olhares humanos até 1959, ano em
Sérgio Paulino
Volume 1, Edição 2
Mercúrio e as maiores luas do Sistema Solar
O planeta Mercúrio e as 7 maiores luas do Sistema Solar. Da esquerda para a direita: Mercúrio (4.879 km de diâmetro), Lua (3.475 km), Io (3.639 km), Europa (3.125 km), Ganimedes (5.265 km), Calisto (4.819 km), Titã (5.150 km) e Tritão (2.706 km). Crédito: todas as imagens NASA/JPL/Ted Stryk, à excepção da Lua (Alfredo Balreira) e Titã (NASA/ JPL/SSI/Emily Lakdawalla). Depois de 6 anos de viagem pelo Sistema Solar interior, a sonda MESSENGER alcançou finalmente o seu destino: a órbita de Mercúrio. Enquanto não chegam mais pormenores deste feito extraordinário, deixo -vos esta bela colagem da autoria da Emily Lakdawalla, com o mais pequeno planeta do Sistema Solar acompanhado por 7 luas com diâmetros superiores a 2.500 km. Todos os corpos estão à mesma escala. Como se pode ver na imagem, Ganimedes e Titã são, de facto, maiores que Mercúrio. Titã tem um diâmetro menor que o de Ganimedes, apesar de aparentar um tamanho superior devido à sua espessa atmosfera. Sérgio Paulino
Titã com forte chuva de metano Nesta fotografia tirada pela Cassini à lua de Saturno, Titã, vêse
ch u v as
de
metano .
De facto vê-se uma forte chuva durante a Primavera nessa lua. Tão forte é a chuva (pode-se falar em Monção) que está a provocar inundações nas zonas do equador (zonas mais escuras). As enormes nuvens de metano aparecem na fotografia a branco. Já se sabia que esta lua tinha fortes chuvas e inundações sazonais, mas esta é a 1ª vez que se tira fotografias a essas zonas de monções.
cações (como vulcanismo). Agora, sabe-se que essas características são devidas às tempestades de metano.
Em fotografias anteriores, tinham-se visto imagens similares, mas haviam várias possíveis expli-
Página 35
Leiam em inglês, aqui.
Carlos Oliveira
Março 2011
Super-Lua: perigeu da Lua Cheia m áxi m o
que
poderá
ter
é
d e v em
estar
at ent os .
rentemente ainda muito maior. Todos os dias, ao pôr-do-Sol, ou
Lua Cheia no perigeu (ponto mais
melhor, ao nascer da Lua, a Lua no
próximo da órbita).
horizonte parece bastante maior do que quando está por cima de nós. Há quem diga que a Lua aparenta ter um tamanho 50% maior do que quando está por cima de nós. Esta é uma enorme diferença de aparência! Os
m otiv os
t êm
a
Ou seja, hoje poderemos ver uma
uma ilusão ótica, e como
Lua Cheia e com uma aparência
tal, a Lua realmente pare-
maior
ce muito maior.
estar
mais
perto).
Será um magnífico espetáculo.
Ou
seja,
recapitulando:
Ao contrário do que anda a ser dito
- a Lua na realidade não
pelos pseudos, esta aparência da
muda de tamanho. Mas a
Lua não terá quaisquer repercussões
aparência dela vista da
nefastas na Terra. Não provocará
Terra
terramotos nem nada do género. O
onde ela está em relação
Página 36
.
depende
do
sítio
ve r
Lua
grande
no
céu.
hoje estar mais perto da Terra, o que faz com que se pareça ainda maior q u e
o
h a b i t u a l .
- se olharem para a Lua quando ela nascer e estiver no horizonte, a somar ao tamanho aparente acima, ela parecerá ainda mais 50% supe-
Hoje vamos ter uma Super-Lua: uma
(por
a
- na sua órbita normal, a Lua vai
mal, outro fator tornará a Lua apa-
tecia há 18 anos.
r
uma
si aparentemente maior que o nor-
te, com a Lua tão perto, já não acon-
r
mais).
Além de estar uma Super-Lua, já por
perigeu. Mas os dois simultaneamen-
e
ondas do mar (poucos centímetros a
que
Cheia. E todos os meses temos um
T
- hoje teremos Lua Cheia, ou seja
Mas há ainda mais um pormenor a
Todos os meses temos uma Lua
à
um aumento ligeiro do tamanho das
c om
rior ao normal. Conclusão: hoje, não percam a super - s u p e r - s u p e r - L u a ! Tentem vê-la por volta das 19h de Portugal. Ela parecerá ENORME no horizonte! Carlos Oliveira
Volume 1, Edição 2
Astrofotografia: Lua
Crédito: João Clérigo (Marinha Grande)
Crédito: Paulo Casquinha (Palmela)
Crédito: Pedro Ré Crédito: Rui Mendez (Guarda)
Crédito: Ricardo Ribeiro (Guimarães)
Crédito: António José Silva (Vila Real)
Crédito: Sandra Reis (Aveiro)
Crédito: Rui Barbosa (Braga)
Crédito: Hélder Afonso (Coimbra)
Crédito: Rita BoaVida (Lisboa)
Página 37
Mais fotos em: http://astropt.org/blog/2011/03/20/compilacao-de-varias-fotos-da-super-lua/
Março 2011
Entrevista com Steven Vogt Steven Vogt é astrónomo e
the Department of Defense for
professor de astronomia e
an Automated California Planet
astrofísica
Universidade
Finding telescope. Initially, we
[AstroPT.org] –
da Califórnia, Santa Cruz. É
were going to just purchase
The
conhecido
on e
na
mundialmente
of
the
1.8-m eter
months.
APF
(Levy)
spectrograph
is
pelo seu trabalho pioneiro no
―outrigger‖ telescopes built by
perhaps its most
desenvolvimento de espec-
EOS Corp. for the Keck Inter-
innovative
trógrafos de alta resolução
ferometer project (which were
re. What were the
dos
destaca
in storage in Tucson and never
requisites for the
Resolution
going to be used at Keck). Our
instrument?
Sp ect ro-
intent was to install the 1.8-m
you
graph) instalado no telescó-
in a dome adjacent to the Sha-
design
pio Keck I no Hawaii. Foi
ne
f e a t u re s
orientador de doutoramento
Observatory and simply fiber-
de Geoffrey Marcy e é uma
couple the telescope into the
figura de referência na área
Shane‘s Hamilton spectrome-
dos
fazendo
ter. But we really wanted a
parte de equipas creditadas
larger telescope with its own
com mais de 100 descober-
modern,
tas. É o investigador princi-
spectrometer, so I was able to
p al
A PF
garner enough additional funds
(Automated Planet Finder),
from NASA to allow us to pur-
um
chase a 2.4-meter telescope,
o
quais
HIRES
se
(High
Ech elle
exoplanetas,
do
p roj e ct o
telescópio
optimizado
3-m
telescope
optimized
para o estudo de exoplanetas instalado no Observatório
optimized RV spectrometer.
espectrógrafo para
o
TMT
(Thirty Meter Telescope). O professor
Vogt
concedeu
recentemente uma entrevista
ao
AstroPT
que
aqui
its
Lick
fitted
Lick, e desenhou um novo
with
highly
at
own
highly-
featu-
Can
describe and
its the
that
allow it to achieve the planned precision?
sol-gel is spun on in the
I wanted to build a spectrometer that was specifically optimized for high precision work,
radial
both
standpoint
velocity
from of
the
limiting
precision as well as optical efficiency. Following on the MIKE concept pioneered by Steve Shect-
This path was a much more
man and Rebecca Berns-
ambitious
and
tein of The Carnegie Ins-
required the procurement of a
titution of Washington, I
new 2.4-m mirror, and buil-
decided to make the ins-
ding an entirely new telescope
trument a totally unobs-
undertaking,
case of the large lenses, and dip-coated for the large prisms. The two flat fold-mirrors in the spectrometer are coated with
proprietary
multi-
layer reflective coatings for very high efficiency across a huge bandpass. One of the 6″ diameter fold flat mirrors has a coating we developed in collaboration
with
Coatings
Sunnyvale.
in
MLD
This coating has about 150 layers and produces
from scratch. Thus, what was
tructed all-dioptric style
originally expected to be a 1-2
(all-refracting
year
unfortunately
and camera). This optical
principal investigator of the
ended up stretching now to
configuration allowed the
APF (Automated Planet Fin-
almost a decade. At present,
echelle
der) telescope project. Can
we have a fully-working dome
used
you tell us about the history
up at Mt. Hamilton, with a
mode for maximum peak
of the project, from its con-
telescope installed. Both the
efficiency. I also incorpo-
ception to its current status ?
dome and telescope have pas-
rated the use of high-
Another unique feature
sed
tech coatings to minimize
of this spectrometer is
Tests with flying colors. The
photon loss at all air-
extensive passive ather-
back in 2001 at UC Berkeley
spectrometer housing and sup-
glass surfaces. Most of
malization of the optical
thanks to efforts from Geoff
port systems have also been
the surfaces are coated
train. Stability is of para-
Marcy, Debra Fischer, and
installed, and the spectrometer
with
mount importance in a
Bernie Walp. They managed
optical train is expected to be
process that we develo-
spectrometer
to get major funding from
installed over the coming 1-2
ped in the Lick Labs. The
expected to be able to
reproduzimos. [AstroPT.org]
–
You
are
The APF project got its start
project
their
Final
Acceptance
grating in
a
collimator
to
be
quasi-littrow
sol-gel
coating
a reflectivity above 98% from the UV all the way up into the IR. It is, as far as I am aware, the highest
performance
optical reflecting mirror in use in astronomy.
that
is
Página 38
Crédito:
ucolick.org
Volume 1, Edição 2
track
movements
spectrum
of
of
high resolution spectro-
telescope,
it
than
meters used for this kind
will be limi-
1/1000 of a pixel from sea-
of work. So even though
ted to obser-
son to season and year to
the telescope is compara-
ving modera-
year. Lenses are made of
tively small, it will pack a
tely
glass and that glass res-
pretty serious punch for
stars.
ponds
exoplanet
to
less
the
temperature
bright Can
hunting. And
you describe
variations by 1) changing
since we are not sharing
its limitations
its thickness, 2) changing
it with other groups and
and
the radii of curvature of its
have total access to it,
offs ? When
two surfaces, and 3) chan-
the increased number of
is
ging its index of refraction
nights also helps to offset
taking data?
(the amount by which it
its size disadvantage.
bends light). By incorpora-
tradeit
expected
to
start
Yes, APF is a rather small
ting all these variables into
[AstroPT.org]
The
telescope by comparison
the optical design directly, I
APF was designed to fol-
with telescopes such as
was able to work out how
low up ―interesting‖ sys-
the Keck 10-m telescope,
much each lens needed to
tems
with
or the HARPS 3.5-m teles-
move axially to stabilize the
other programs. How do
cope. But some of what
image
you define ―interesting‖ ?
we lose in aperture, we
scale of the optical train,
In other words, what are
hope to make up in spec-
thereby ensuring high sta-
the criteria used to select
trometer
bility at the final focal pla-
systems for the obser-
should be able to work
ne. This required suppor-
ving program ?
routinely down to at least
overall
focus
and
ting the various optical elements using a determinate structure thermal
of
struts.
behavior
of
The this
―spaceframe‖ can be accurately modeled in a computer, and specifically tuned to provide the requisite despacings of the optical elements to provide stability of both focus and scale in the
–
discovered
efficiency.
We
V = 9 and that will include Interesting in this context means a star that shows
a very large number of interesting stars. It can
itself to be intrinsically
probably be pushed even
quiet (in a radial velocity
fainter, but
sense),
but
correspondingly
slightly
noisier
that
is than
expected from its chro-
will
require longer
exposures, and thus fewer stars
per
evening.
We
mospheric activity index.
hope to be taking our first
That slight extra ―noise‖
data by June of this year.
is likely the signature of
APF em construção Crédito: ucolick.org have been
shadowing
their
work, monitoring and checking each of their emerging planets as they appeared. In September of 2010, we decided to finally join the conversation on GJ 581 by publishing our 11year data set that, in combination with the 4-year Swiss HARPS data set, revealed two more planet candidates in this remarkable system. One was GJ 581f, a 433d planet. The other was GJ 581g, a 37-d planet smack in the middle of the habitable zone, and with a mass only 3.1 times that of the Earth. GJ 581g thus is a highly promising candidate as the
first
habitable
known
potentially
Earth-like
planet.
Toge-
And at a relatively close dis-
Other interesting candi-
ther with Paul Butler you
tance of only 20 light years,
dates are stars that have
are
its early discovery portends
already revealed one or
Carnegie Exoplanet Team
that
more planets, but none in
that has recently announ-
Earth-like planets orbiting the
The combination of an all-
or near the star‘s habita-
ced Gliese 581g. Can you
nearby
dioptric path, together with
ble zone. What is needed
describe the project and
Milky Way galaxy must be
highly efficient optical coa-
to reveal these additional
its goals?
teeming with such potentially
tings and use of the echelle
planets is generally much
grating near littrow should
higher cadence, and that
We have been observing
obvious implications for the
allow us to reach an overall
will
GJ 581 for over 11 years
possibilities of life elsewhere
now. The Swiss group has
in the universe.
face of temperature changes. The strut structure is also exceedingly stiff and light weight.
efficiency of about 30-35%, a good factor of 3 higher than existing conventional
Página 39
undiscovered
be
made
planets.
possible
with APF.
[AstroPT.org] leading
– the
Lick-
there
must
stars.
h a bit ab le
be
many
Indeed,
pl an et s ,
our
wi th
already found 4 interes[AstroPT.org] –
Since
APF is a relatively small
ting
low-mass
planets
around this star, and we
[AstroPT.org] – designed
and
You
built
have HIRES
Março 2011
Entrevista com Steven Vogt (cont.) research, most notably in
TMT (30-m
recent months for Kepler
The
follow-up
has to scale with the size
through
large
telescope).
spectrometer the
size
blocks of time purchased
of
by NASA.
moving from a 10-m to a
telescope,
so
30-m means a spectroCalibration of HIRES is
meter at least 3 times
done nightly and takes
bigger
about
(which is already the size
an
hour
before
sunset for all the necessary
calibration
Célula de Iodo (High
Resolution
done
HI RES
of a typical faculty offi-
lamps.
ce). Figuring out how to
of
HIRES
make an instrument that
only
once,
Optimization was
than
when the instrument was initially installed and took
large,
using
available
optical elements was the big challenge. I ended up
several months of careful
devising a scheme that
Echelle
been carried out with HIRES.
alignment and focussing.
Spectrograph), the powerful
The faintest I have ever used
was a mix of the dual-
Since HIRES is also pas-
spectrograph installed in the
it is at about V=22 on stars in
white-pupil
sively athermalized, the
Keck I telescope. This has
and
the Andromeda
focus is essentially cons-
the VLT‘s UVES spectro-
been a workhorse for many
galaxy. But it is mostly used
tant and need not be re-
ongoing exoplanet programs.
on objects in the V= 15-20
the
done by observers. We
Can you describe the instru-
range.
cameras
do however have our own
HIRES. This combination
proprietary
allows then a collimated
around
ment, its performance, and how it is modified for exopla-
HIRES
was
not
specifically
netary work? How long does
optimized for high precision
it take to fully calibrate and
radial velocity work, but I ins-
optimize
talled an iodine cell precision
such
an
instru-
wavelength reference system
ment?
for this type of work from the
fine-tuning
optimization that we do
fused silica lenses, and
than 1 m/s.
mirrors
that has turned HIRES into a
also
ment for Keck. And since its
quite powerful and productive
MTHR (Moderate-To-High
commissioning in
1993, it
instrument for exoplanet hun-
-Resolution
has been used for quite a
ting. I also installed an expo-
ter) spectrograph to be
wide range of scientific pro-
sure meter that calculates the
installed
jects. Early on, it was prima-
intensity-weighted
time cen-
TMT (Thirty Meter Teles-
rily
troid
observation,
cope). What are the inno-
research,
mostly
involving
each
necessary for avoiding errors
vative
working
in
on
the
Spectromethe
aspects
future
of
this
and
its
faint quasar absorption line
due to barycentric corrections.
spectrograph
spectroscopy.
also
Both the Iodine cell and expo-
capabilities ? Is it desig-
been quite productive in stu-
sure meter are available to all
ned from scratch for exo-
It
has
dies of dark matter, and in
planet hunting users and make
the temperature of the Cos-
HIRES a quite powerful facility
mic Microwave Background
for
research.
I designed MTHR to also
at early times. Much stellar
HIRES is now used by many
be a workhorse instru-
abundance
different groups for exoplanet
ment for our upcoming
Página 40
work
has
also
this
type
of
beam diameter of about that have 60″ diameter
instru-
of
by
reach precisions of better
purpose
extragalactic
pioneered
1-meter. It uses camera
[AstroPT.org] – You are
for
with
catadioptric
our setup, that helps us
outset, and it is this device
used
combined
large
of
each evening as part of
I built HIRES as a generalworkhorse
meter,
concept
planetary work ?
that
are
2-3
meters in diameter. The echelle gratings are large mosaics, each about the size of a good-sized office bookcase, some 3′ by 8′ in area. The entire instrument sits in a thermally insulated housing with the
a footprint size
of
a
about tennis
court, and sits up on the telesc ope‘s
Nasmyth
platform. MTHR has a number of aspects
that
will
help
optimize it for exoplanet hunting,
such
as
the
Volume 1, Edição 2
usual Iodine cell, coupled
amount of total time, one
vatório Lick, através de
além as optimizações no siste-
with a high degree of passi-
could
carrying
fibra óptica. Entretanto os
ma
ve athermalization of the
out a reasonable survey
planos mudaram e o pro-
suporte do espectrógrafo, que
optical train. I also desig-
on a respectable number
jecto inicial foi reconfigu-
garante o alinhamento preciso
ned
a
fiber-optic
imagine
óptico,
a
estrutura
image
of the nearest M dwarfs
rado em algo mais ambi-
das
scrambler/slicer to stabilize
for habitable Earth-sized
cioso e necessariamente
um foco preciso, foi também
the pupil and produce even
planets.
mais demorado: um teles-
alvo de atenção especial. A
cópio de 2.4 metros com
dita foi desenhada com base
um espectrógrafo próprio
num
further radial velocity precision. The main drawback is
Unfortunately, MTHR was
componentes
de
modelo
ópticas
simulado
e
em
available observing time for
not selected for first-light
optimizado especificamen-
computador que permitiu opti-
any one group. The 30-
of the 30-m
telescope
te para o estudo de exo-
mizá-la no sentido de obter
meter will be in such high
project. And by the time
planetas, para o qual con-
consistentemente medições de
demand,
a
it might be selected, I
tribuiram fundos da NASA.
alta
large pool of partner insti-
will probably be retired.
Actualmente a cúpula e o
anos.
among
such
precisão O
ao
longo
espectrógrafo
de terá
tutions, that no one person
So it is unlikely I will
telescópio estão instalados
uma eficiência global de 30%-
or
many
have a hand in actually
e passaram todos os tes-
35%, cerca de 3 vezes supe-
nights each year. That will
building MTHR, though it
tes de aceitação final. O
rior aos espectrógrafos con-
make it very hard to carry
would be an amazing and
espectrógrafo está a ser
vencionais usados no estudo
out an exoplanet survey.
powerful instrument for
instalado. Em princípio as
de exoplanetas. Esta eficiên-
primeiras
group
will
get
So MTHR‘s main use will be
the 30-m, and I hope
to target
that
a rather small
number of the most interesting stars to study in more detail. It will be used for example to do follow-up on Kepler transit candidates, which, at V=14, are just too faint for today‘s largest telescopes. Another exoplanet niche for MTHR is absorption spectroscopy of transiting planets, obtaining spectra of the light that stre am s
th rough
atmosphere
of
a
t he planet
while in transit. This is very challenging observationally,
observações
cia, diz Vogt, ajuda a contra-
poderão ser realizadas em
balançar o facto do telescópio
built.
Junho deste ano.
do APF não ser tão grande
Resumo da entrevista
Steve Vogt entra depois
em
com
em detalhes mais técnicos
pequenos apontamen-
descrevendo o espectró-
3.6 metros no Observatório de
grafo Levy (em honra de
(astropt: …), que pre-
La Silla, no Chile). Por outro
um mecenas) do APF, um
tend em
escl arec er
lado, o APF vai fazer exclusi-
dos mais sofisticados do
alg u ma
ref erên cia
mundo. O instrumento foi
vamente medições de veloci-
tos,
someday
it
gets
português assinalados
menos
por
explícita
no
muito superior à que a maioria
exclusiva responsabili-
das outras equipas é capaz.
estrelas com grande preci-
dade
Vogt está assim muito con-
são e ao longo de anos.
fiante que o APF se vai tornar
do
autor
da
entrevista. O professor Steve Vogt começou por falar-nos do Planet Finder) que teve
mated
a
powerful
início em 2001 na Univer-
Or
another
sidade de Berkeley pela
possible use might be in a
iniciativa de Geoff Marcy,
queue-sch eduled
Debra Fischer e Bernie
where
the
instrument
is
Walp. Inicialmente trata-
switched in for 5-10 minu-
va-se de construir um
tes a night, or every few
telescópio de 1.8 metros
nights, to monitor M dwarfs
ligado ao espectrógrafo
for
Hamilton, instalado nou-
earth-sized
planets.
There, with a very small
dade radial, numa cadência
de
é da
projecto APF (Automated
m ode
instalado num telescópio de
de velocidade radial
texto. O texto
of such a large telescope spectrometer.
equipas (e.g. o HARPS está
optimizado para medições
and will require the reach with
como os utilizados por outras
tro telescópio do Obser-
Vogt desenhou o sistema
num instrumento de referên-
óptico e incluiu ―coatings‖
cia para o estudo dos exopla-
especiais nas componen-
netas.
tes ópticas para maximizar a transmissão de luz e
A escolha de sistemas para
concentrar o máximo de
observação no APF é feita da
luz na rede de difracção
seguinte forma. Sistemas já
que decompõe a luz do
descobertos por outros pro-
espectro das estrelas. Os
gramas
espelhos usados no ins-
interessantes,
trumento
múltiplos e sistemas com pla-
têm
também
e
na
intrinsecamente e.g.
zona
sistemas
―coatings‖ de muito eleva-
netas
da reflectividade, cerca de
Outros candidatos são estrelas
habitável.
98% desde o infraverme-
que não apresentam variações
lho ao ultravioleta. Para
óbvias da velocidade radial,
Página 41
Crédito:
ucolick.org
Março 2011
Entrevista com Steven Vogt (cont.)
Célula de Iodo
de uma célula de iodo
ter) para o TMT (Thirty
(astropt: uma célula de
Meter
iodo é um recipiente em
telescópio
vidro
será construído no cume
contendo
iodo
Telescope), gigante
molecular (I 2) no estado
do
gasoso. A célula é coloca-
Hawaii. O MTHR é um
da no percurso da luz da
instrumento
estrela até ao espectró-
três vezes maior do que
grafo pelo que, sobrepos-
o
to ao espectro da estrela,
desafio no seu desenho
fica o espectro de absor-
foi precisamente o seu
ção
tamanho
do
iodo
molecular
Mauna
um que
HIRES.
Kea,
no
gigante,
O
primeiro
enorme.
No
que serve de referência
que diz respeito à sua
para a medição dos des-
optimização para o estu-
vios
do
Doppler
nas
espectrais
da
MTHR deverá ter uma
tou da análise de 11 anos de
estrela. As moléculas de
célula de iodo semelhan-
observações
iod o
um
te à instalada no HIRES
Vogt e Butler combinadas com
espectro muito complexo,
e algumas optimizações
deste
4 anos de observações realiza-
com muitas linhas e mui-
no sentido de manter as
―ruído‖ adicional pode ser na
das pela equipa Suiça com o
to finas de comprimentos
componentes
ópticas
muito
espectrógrafo HARPS. Vogt diz
de onda bem
termicamente
estáveis.
fraco de planetas ainda não
-nos que a descoberta precoce
dos.).
O
problema
massa
de GJ581g, na vizinhança ime-
modificado tem sido utili-
com
tipicamente baixa. O sinal
diata do Sol, parece implicar
zado por vários grupos
entanto a grande compe-
destes planetas só pode ser
que a Via Láctea tem um enor-
que usam o Keck I para
tição
extraído do ―ruído cromosfé-
me número destes
estudar exoplanetas e é o
observação num telescó-
rico‖ da estrela através de
potencialmente habitáveis.
instrumento utilizado na
pio com estas caracterís-
confirmação dos candida-
ticas de topo. Vogt diz-
com grande cadência tempo-
Vogt fala também no desen-
tos descobertos pela mis-
nos que o MHTR não foi
ral, exactamente o tipo de
volvimento
espectrógrafo
são Kepler. A calibração
selecionado para a pri-
tarefa para o qual o APF foi
HIRES (High Resolution Echelle
do HIRES é feita diaria-
meira fase do
concebido.
Spectrograph),
no
mente, uma hora antes
caso o seja mais tarde,
telescópio Keck I no Hawaii. O
do Sol se pôr. A sua opti-
ele estará provavelmente
Um destes sistemas particu-
instrumento
mização
reformado e não terá um
larmente
é
para ser utilizado em todo o
vez, aquando da sua ins-
papel
GJ581. Vogt fala-nos da sua
tipo de trabalho espectroscópio
talação
e
construção. No entanto,
colaboração com Paul Butler
e é o espectrógrafo de serviço
demorou
meses
não resiste a dizer que
na ―Lick-Carnegie Exoplanet
no Keck I. Foi utilizado para
para atingir uma perfor-
gostaria de ver o MTHR
Team‖ e a recente descober-
estudos
mance óptima.
construído e em serviço
ta de dois novos planetas no
astronomia extragaláctica até
sistema: GJ581f e GJ581g.
ao estudo de populações este-
Finalmente, Vogt fala-nos
Este último, ainda envolto
lares. A sua adaptação para o
do seu trabalho no dese-
em polémica, poderá ser o
estudo
nho de um novo espec-
primeiro planeta do tipo ter-
medição precisa da velocidade
trógrafo
restre na zona habitável da
radial das estrelas hospedei-
MTHR (Moderate-To-High
estrela
ras, foi feita com a instalação
-Resolution
um
detectado. A descoberta resul-
linhas
―ruído‖ espectral ligeiramente superior ao que seria de
mas
que
apresentam
esperar da
sua actividade
cromosférica. realidade
Parte
um
identificados
sinal e
de
observações muito precisas e
interessantes
hospedeira
Página 42
a
ser
realizadas
do
variados,
de
planetas
instalado
foi
por
desenhado
desde
exoplanetas,
a
i.e.
de
produz em
O
conheci-
HIRES
foi no
assim
feita
uma
Keck
vários
I,
de
exoplanetas,
principal o
TMT
por
designado
por
Spectrome-
tempo
activo
no TMT. Luis Lopes
será
o
no de
TMT e
na
sua
Créditos: NASA
Volume 1, Edição 2
Página 43
Março 2011
Plano de Missões Espaciais para a próxima década Fica também o testemunho do José S. que teve a amabilidade de nos dizer isto:
devem entrar para a selecção da missão 5. A comissão não estabelece prioridades…
‖ Embora a coisa seja um tanto complexa, aqui ficam as principais recomendações para o programa americano de exploração do Sistema Solar:
MAX-C rover para Marte é a prioridade
A
NASA, em conjunção com o National Research Council e a National Science Foundation, produziu um documento com 400 páginas, que explica qual é a visão para explorar o Universo nos próximos 12 a n o s . Chama-se Decadal Survey, e pode ser lido aqui, com sumários aqui, aqui, aqui, e aqui. A NASA vai tentar que as missões sejam em conjunto com outras agências espaciais, nomeadamente a ESA. As prioridades são: Em 1º lugar, uma missão robótica a Marte (MAX-C) que recolha solo Marciano e o traga de volta à Terra. Pela primeira vez, uma missão irá trazer amostras de Marte. O objectivo é tentar ver se Marte realmente tem vida. Em 2º lugar, uma missão à lua de Júpiter, Europa, de modo a estudar o oceano e quiçá tentar ver se realmente tem vida (JEO). Em 3º lugar, uma missão ao sistema do planeta Urano. Já enviamos a sonda Galileu para o sistema de Júpiter, a sonda Cassini para o sistema de Saturno, por isso o próximo passo lógico será enviar uma sonda para o sistema de Urano. Podem l er m ai s so bre isto, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, a qui, e aqui.
Página 44
M i s s õ e s F l a g s h i p : Há 5 candidatos para a década 2013-2022: Encelado; JúpiterEuropa (embora esta missão tenha uma parte ESA, para Ganimedes); Marte (MAX-C, missão com a ESA, incluindo rovers e Missões Discovery (baixo custo): amostragem), Urano; Vénus O custo deve ser até US$500 (i ncl ui ndo balões!)… milhões (dólares de 2015), e as o mais barato seria Encelado, o escolhas devem ser feitas a cada mai s caro Júpi te r. 2 anos; os lançamentos devem Tendo em conta outras preocupaocorrer num período relativamenções tb, a recomendação da te curto depois da escolha. comissão é: Marte! Desde que os Missões desta categoria são a custos não disparem, claro, ou MESSENGER, a Dawn, a Kepler, a seja, se fiquem pelos $2.5 mil D e e p I m p a c t … milhões – o custo previsto actualEste ano ainda deve ser lançada a mente é de $3.5… Ou seja, há GRAIL, duas sondas para medir coisas que terão que com precisão a gravidaser eliminadas, sob d e l u n a r . pena de cancelamenPela primeira vez, Só há uma recomendato. E parece-me ouvir ção ―dura‖, a de que a uma missão irá traaqui um apelo a que a missão marciana de zer amostras de ESA não se acanhe… Marte. O objectivo é 2016 em colaboração Segunda prioridade: tentar ver se Marte com a ESA, para estudo Júpiter-Europa, mas realmente tem vida. da atmosfera marciana, também com cortes… seja considerada, desde Terceira: Úrano, com a que se mantenha uma recomendação de que divisão de tarefas/custos estrita e deve começar a ser preparada não se atrase… mesmo com o envio da Marciana ou Joviana… Missões New Frontiers (médias): O custo deve passar a até US$1000 milhões, excluindo o l a n ç a d o r . Está em curso a selecção de uma nova missão (a 3ª) desta categoria; já foram executadas duas: a New Ho ri zon s, e a Ju no ( l an ç amen to futuro ). As 7 recomendações são: Cometa (recolha de amostras); Io; Geofísica Lunar; Bacia Polar Sul da Lua (recolha de amostras); Saturno (atmosfera); Troianos; Vénus ( atmo s f er a e s u p er f í ci e)… Mas duas delas são semelhantes a missões que podem vir a ser escolhidas na selecção actual. Depois, a recomendação fica mais estrita, e para a selecção da missão 4 só devem ficar 5, excluindo a geofísica lunar e Io, que só
Estas recomendações serão exequíveis ou não conforme: presidente, senado, e mesmo decisões da administração da NASA. Mas têm por trás o peso da comunidade científica, e com sorte veremos algumas delas avançar mesmo na p r ó xi m a dú zi a de an o s . ‖ Só para concluir: tudo isto está dependente dos orçamentos (de $$ que a NASA receba), e da aprovação do Senado e Presidente americanos. Carlos Oliveira
Volume 1, Edição 2
Vaivém secreto em órbita
Este espaço
Sendo uma missão militar, é desconhecida a carga transportada a bordo do X-37B no entanto crê-se que essa
carga é composta por instrumentos de observação óptica e electrónica capazes de detectar as comunicações e dados no solo.
pode ser seu! Contacte
O lançamento teve lugar às 2246UTC do dia 5 de Março de 2011 após um adiamento de 24 horas devido ao mau tempo. O X-37B OTV-2 foi lançado por um foguetão Atlas-V a partir do Complexo de Lançamento SLC-41 do Cabo Canaveral, Florida. Rui Barbosa
-nos! PUB
A United launch Alliance (ULA) levou a cabo o lançamento do segundo veículo X-37B OTV (Orbital Test Vehicle), um pequeno vaivém espacial não tripulado que irá levar a cabo uma missão militar em órbita cuja duração não está definida.
Crédito: United launch Alliance (ULA)
Asteróides à distância A APOD de hoje (06-03-2011) traz-nos Asteróides. Diariamente a Terra é atingida por asteróides, contudo a grande maioria desses asteróides tem dimensões tais que se evaporam quando entram na atmosfera t e r r e s t r e . No entanto, existem riscos reais, se um asteróide com cerca de 100m de diâmetro atingir a terra, o que acontece a cada mil anos. Um objecto deste tamanho pode causar tsunami‘s devastadores mesmo a longas distâncias, se a zona de impacto for o oceano. A colisão com um asteróide com mais de 1 km de diâmetro, é muito raro, ocorrendo apenas em intervalos de tempo de milhões de anos, mas as consequências s e r i a m g l o b a i s . Muitos asteróides permanecem
desconhecidos. A foto acima é de um desses asteróides, descoberto em 1998, a imagem é do Telescópio Espacial Hubble. O asteróide tem uma longa cauda azul. Em Junho de 2002, o asteróide 2002 MN, com cerca de 100 metros foi descoberto, apenas depois de ter passado perto da terra e dentro da órbita da lua. O 2002 MN foi o asteróide que passou mais perto da terra, desde o 1994 XM1, mas não tão perto como o 2004 MN4 vai passar em 2 0 2 9 . Uma colisão com um asteróide de grandes dimensões não afectaria a órbita da Terra, mas poderia levantar tanta poeira que afectaria o clima da Terra. O resultado provável seria a extinção de muitas espécies. Conceição Monteiro
Este espaço pode ser seu!
PUB
Contacte-nos!
Página 45
Crédito: NASA/ APOD
Março 2011
Bolhas de raios gamma Estrelas mergulhando em direção a um buraco negro gigante no centro da nossa galáxia podem explicar as duas enormes bolhas de raios gamma que o Telescópio Espacial Fermi da NASA descobriu em 2010. As bolhas se erguem a 25.000 anosluz acima e abaixo do disco central d e e s t re l a s d a Vi a Lá c t e a . Mais de 100.000 estrelas se localizam dentro de uma distância de um ano-luz do buraco negro. Agora, Kwong Sang Cheng da University of Hong Kong e seus colegas calcularam que a gravidade do buraco negro rompe uma dessas estrelas separando-a a cada 30.000 anos. Metade da massa da estrela cai em direção ao buraco negro enquanto que a outra metade é lançada em alta velocidade, se chocando com o gás que se localiza ao redor do halo do disco da Via Láctea até que começa a emitir raios gamm a . As bolhas se C o n t u d o , erguem a 25.000 Douglas anos-luz acima e Finkbeiner abaixo do disco cendo Harvard tral de estrelas da Via Láctea. Smithsonian Center f o r Astrophysics em Cambridge, Massachusetts, pensa que estrelas individuais gotejando dentro do buraco negro não seriam capazes de produ-
zir as bordas tão bem definidas observadas ao redor das bolhas de Fermi. Para criar essas bordas bem definidas, o mecanismo precisa realmente ser ligado e desligado, disse o pesquisador. Ele aposta tudo em algo que envolva fenômenos mais dramáticos e mais raros. Ele suspeita que a cada 1 milhão ou 10 milhões de anos um imensa nuvem de gás ou aglo-
SDO observa novo filamento em erupção O Sol voltou a mostrar a sua força este fim-de-semana, depois de um curto período de relativa calmaria. O Solar Dynamics Observatory registou no passado Sábado intensa actividade no extremo sudeste do disco solar que culminou com a erupção de um gigantesco filamento magnético. A nuvem de plasma lançada no espaço dirige-se para longe da Terra, pelo que não se espera uma intensificação da Página 46
ac tividade geo magnética resultante deste fenómeno. Sérgio Paulino
Erupção de um enorme filamento de plasma no extremo sudeste do disco solar. Sequência de 22 imagens captadas a 19 de Março de 2011 pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly (AIA) do Solar Dynamics Observatory (SDO), através do canal de 304 Å (He II). Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium/ animação de Sérgio Paulino
merados estelares inteiros mergulham dentro do buraco negro. O evento mais recente desse tipo produziu as bolhas de Fermi observadas hoje. Créditos: New Scientist
Lawrence Paiva
Volume 1, Edição 2
Tractor Beam Já o ano passado saiu a notícia que investigadores tinham movido pequenos objeto s/partículas com l a s e r s . Agora saiu a notícia que os Chineses estão a planear construir um Tractor Beam para mover essas partículas a distâncias muito maiores. Leiam em inglês, aqui, aqui, e aqui.
Os Tractor Beam servem para atrair e até prender o b j e t o s . Foram celebrizados na série Star Trek. Supostamente irão ser usados daqui por 200 anos. Como acontece muitas vezes (telemóveis, portas automáticas, etc), a ficção inventa tecnologias para séculos depois, mas a realidade consegue an teci pa r - se. É o que parece que está a acontecer para esta tecnologia.
T W I S T PUL L from News on Vimeo.
A N D S ci en c e
Carlos Oliveira
A Lua a 1,2 segundos luz da Terra Há 18 anos que a luz refletida pela da Lua Cheia não demorava tão pouco tempo a atingir os nossos bastonetes e cones… Ou seja, os 356 577 km que nos separavam nessa noite davam uma latência de aproximadamente 1,2 segun-
do telescópio. Finalmente vou deixar de ―rapar‖ frio à noite. Agora, no conforto da minha sala ou outra divisão da casa, posso programar tudo e ir acompanhando o processo, sem ter que vestir o fato de esquimó.
dos para o passado.
Equipamento: FS-102NSV f/6
Esta imagem corresponde à inauguração do meu novo
+ ST2000XM; RGB 1x 0,002″ por canal às 23h10m UT.
sistema de controlo remoto
João Cruz
Aleksei Leonov Comemorou-se, no dia 18 de Março, o primeiro ―passeio‖ de um ser humano no espaço. foi,Aleksei Leonov.
O
sortudo
―Leonov passou doze minutos no vácuo, ligado à nave por um ―cordão umbilical‖, flutuando a cerca de cinco metros de distância, acompanhado de dentro pelo colega
Página 47
Crédito: João Cruz
Pavel Belyayev. Após o encerramento do ‗passeio‘, ele encontrou problemas para voltar ao interior da Voskhod, porque seu macacão espacial pressurizado inflou no vácuo, impedindo que ele passasse novamente pela escotilha por onde havia saído. Seu retorno seguro só foi possível após uma manobra arriscada, em que ele diminuiu a pressão dentro da própria roupa para que ela voltasse a um tamanho que permitisse sua
Crédito: Wikimedia reentrada, ficando nesta situação por aflitivos quinze minutos.‖ in wikipedia. Conceição Monteiro
Nome da empresa
OAL comemora 150 anos O Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) comemora 150 anos. ―O observatório, que fica na Tapada da Ajuda, junto do Instituto de Agronomia, foi fundado a 11 de Março de 1861. A sua construção só terminou seis anos depois, em 1867.‖
―O observatório vai instalar um telescópio doado pela Fundação Calouste Gulbenkian, o que implicará também a construção de uma nova cúpula.‖
Edíficio do Observatório Astronómico de Lisboa. Foto: Rui Agostinho, cortesia OAL.
Esta sessão terá início às 21:00. Neste
Hoje vai haver uma sessão especial de c om e m o ra ç ã o
d os
150
a n os .
dia serão realizadas uma palestra de divulgação seguida de uma visita guiada ao edifício histórico do OAL e o b se r v aç õ es
c om
t e l e s c óp i o .
A palestra estará subordinada ao tema ―150 anos de história do OAL‖, proferida pelo Prof. Doutor Rui Agostinho. As observações astronómicas decorrerão após a visita e estão sujeitas às condições
meteorológicas.
Indepen-
dentemente destas, a palestra e a visita serão sempre realizadas. Carlos Oliveira Endereço da actividade Linha de endereço 2 Linha de endereço 3 Linha de endereço 4
ESTAMOS NA WEB! http://astropt.org Tel: 219-235-401 Fax: 219-235-401 Correio electrónico: alguem@example.com
PUB
APOD
ESTE ESPAÇO PODE SER SEU! QUER ANUNCIAR NA NOSSA PUBLICAÇÃO OU WEBSITE? CONTACTE-NOS! astroPT, no mês de Fevereiro foi ultrapassada as 100000 visualizações
astroPT magazine, revista mensal da astroPT Textos dos autores, Design: José Gonçalves
A APOD de 02 de Março traz-nos a nebulosa da Califórnia, assim chamada porque assemelha-se na forma ao estado da Califórnia, nos EUA. Também conhecida por NGC 1499, localiza-se na constelação de Perseus, não muito longe das Pleiades. Conceição Monteiro