Neuropsicologia

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IVAN GROSS (ORGANIZADOR)

NEUROPSICOLOGIA

1ª EDIÇÃO

UNIÃO DA VITÓRIA - PR KAYGANGUE 2017 2


Ficha catalográfica Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Ficha Catalográfica elaborada por Jacy de Amorim dos Santos – CRB 14/1484) N494 Neuropsicologia / Ivan Gross, (Org.) – Palmas, PR. Kaygangue Ltda, 2017. 162 p. ; 29 cm. ISBN: 978-85-5562-035-5 1.Neuropsicologia. 2. Psicologia. 3. Distúrbios comportamentais. I. Gross, Ivan. II. Título. CDD – 616.89

Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Lei nº 10.994, de 14 de dezembro de 2004. Impresso no Brasil/Printed in Brazil

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1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.

SUMÁRIO AGRADECIMENTO ..................................................................................................... 5 METODOLOGIA ATIVA E NEUROCIÊNCIAS ...................................................... 6 INTELIGÊNCIA .......................................................................................................... 10 ENVELHECIMENTO ................................................................................................. 21 TRANSTORNO DE ANSIEDADE............................................................................. 38 AUTISMO..................................................................................................................... 69 TRANSTORNO DE HUMOR .................................................................................... 92 ESQUIZOFRENIA .................................................................................................... 125 TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE .............. 155 REALIZAÇÃO ........................................................................................................... 165

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Agradecimento Agradecemos, primeiramente, ao professor Ivan Gross, que foi responsável pela sugestão deste projeto, motivação e todo auxílio durante realização do mesmo e também a todos que, de alguma forma, fizeram esse trabalho ser possível. Foi de certa forma difícil, porém, com certeza é de extrema importância para nossa formação acadêmica. Agradecemos também à prof. Camila Borges Paraná, por todo empenho e dedicação.

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Metodologia ativa e neurociências Olá, você está lendo uma tentativa. Tentativa em vários níveis. Antes, gostaria de contextualizar esse livro. No final do mês de outubro (2017), recebi uma ligação do coordenador do curso de Psicologia da PUCPR, dizendo que a professora Camila Maia de O. Borges Paraná, titular da cadeira de Neurociências I e II entraria em licença maternidade, e me convidando para cobrir esse espaço de tempo até o final do semestre. A professora Camila já havia deixado tudo pronto; plano de aulas, trabalhos, provas (e seus gabaritos), textos, datas, valores das avaliações, sistema on-line, muito gentilmente me cedeu até mesmo suas apresentações que havia preparado com atenção e qualidade ímpar; só tenho a agradecer a professora Camila por tamanha organização, planejamento, dedicação e carinho pela disciplina. Uma das atividades propostas pela professora Camila, seria uma apresentação de trabalhos na disciplina de Neurociências I, que deveria versar sobre Funções Executivas. Ok. Durante um tempo, venho pensando da prática de professor, e faço esse exercício de pensamento em duas frentes: uma da perspectiva do professor e uma do aluno. Da perspectiva do professor: ok, eu preciso usar um método ativo (já que as instituições de ensino superior pedem isso). Existem muitos tipos de métodos ativos; há os que funcionam e há os que os alunos gostam, já um que proporcione equilíbrio entre os dois são poucos. Um dos métodos ativos muito utilizados é a apresentação de trabalho. O que o professor normalmente pensa sobre a confecção do trabalho para ser apresentado é muito diferente da realidade. O professor imagina que haverá uma reunião, que pesquisarão, que discutirão sobre o assunto, que aquilo é importante para a formação do aluno. E que durante a apresentação, os alunos que estão assistindo se interessarão, farão perguntas, que aproveitarão a oportunidade. O que eu já escutei após um ciclo de apresentação pode ser resumido assim: “eu estou pagando seu salário para o Sr. me dar aula; eu quero aula... Não quero ficar ouvindo meus amigos falando, não quero ser eu a fazer o seu trabalho”. Outra nota que se deve fazer é a de que algumas vezes os alunos (ou o professor) esquecem de que a disciplina tem um nome... Uma ementa... E os alunos se fixam no que lhes é mais interessante, deixando o assunto que deve ser abordado para as entrelinhas. A apresentação de trabalho na perspectiva do aluno: “ok, precisamos nos livrar disso, vamos lá; fulano você procura na net; beltrano você que não trabalha, então procura na biblioteca; sicrano você digita, formata o que te mandarem, e eu apresento; ok? Ok! Nos vemos no dia da apresentação.”. Os dois que pesquisaram acreditam que não precisam mais prestar atenção, pois já pesquisaram; o que digitou acredita saber a soma dos dois que pesquisaram – logo sabe bem mais; e o que apresentou acredita possuir habilidades sociais acima da média já que não tem medo de apresentar, e que sabe todo o conteúdo do trabalho. Durante as outras apresentações acabam por ficar mais preocupados com seu desempenho e nota, do que com o conteúdo dos outros grupos, “o meu trabalho já acabou” – normalmente é uma frase bem usada para justificar isso. Entenda, não estou afirmando que a totalidade dos alunos faça assim, mas esse é um posicionamento normal; salvo algumas exceções determinadas por curso, período, personalidade e ou determinação pessoal. Para o professor (e que também não pode ser generalizado) isso facilita em muito o trabalho, visto que não há “aula” aquele dia, “só apresentação de trabalho”, ao invés de corrigir cinco trabalhos individuais corrige-se somente um trabalho entregue (isso quando é entregue). Pois bem. Dá para mudar isso tudo? Sim! Em cinco semanas? Talvez. Partindo da ideia de que o comportamento normal do aluno pode ser esse, como se pode mudar a contingência acarretando uma nova consequência? Comecei assim no dia 24/10/2017: “Olá, meu nome é Ivan e tenho uma proposta para fazer a vocês: que tal, ao invés de pesquisarmos para fazer uma apresentação de trabalho, usamos os temas já propostos e escrevemos um livro? Um livro on-line, um e-book de distribuição gratuita.” Houve silencio na sala... Continuei... “Não é difícil; vou dizer o que vai ser mais difícil: vencer dois medos. São eles reprovar, ou não tirar 10. Muitos alunos vem questionar uma nota 9,5, 8,0, não que a correção esteja errada 6


ou algo assim, mas ficam muito preocupados com qualquer coisa que não seja um belo 10. Outros alunos estão mais preocupados em simplesmente passar de ano, quer ser aprovado, um bom 7,0 já está ótimo. E seu eu disser para vocês que conseguimos escrever um livro em cinco semanas, mais fácil que apresentar trabalho, mais tranquilo que copiar e colar sem fonte o que está na net?” Houve silencio na sala... Continuei... “Se vocês confiarem em mim, conseguimos.” Fiz essa proposta para duas turmas de Neurociências I (segundo período, eles ainda não haviam tido a disciplina de Metodologia Cientifica / Métodos de Pesquisa). Não lembro o dia, mas o tempo entre os dias fez muita diferença. Para a turma B, fiz a proposta dia 24/10; a próxima aula seria no dia 30/10. Para a turma A, fiz a proposta dia 24/10; a próxima aula seria no dia 25/10. O que aconteceu: No dia 25/10, a turma A veio “conversar”, não se achando preparada para tal empreitada: “professor, gostei da proposta, mas podemos deixar para semestre que vem? Aí dá para fazer com a qualidade que eu quero”, e assim foi durante uns cinco ou seis minutos. Quando uma aluna pede a palavra e diz “olha, eu sou professora também, e nunca vi um professor fazer esse tipo de proposta desse tipo. Imagina que você vai pedir um estágio, e que você está concorrendo com outros 30 estagiários; você terá uma publicação! Seu concorrente não. Pode dar errado? Pode, mas aí é culpa do professor e ele que não venha dizer que a responsabilidade é nossa; se comprarmos a ideia, é melhor que ele saiba como fazer”. Após algumas discussões ficou decidido que faríamos o livro. Isso os liberaria de apresentar trabalho. Na turma B, que passou uma semana entre a proposta e o início dos trabalhos, não houve acordo, decidiram por apresentar trabalhos, como já vinham fazendo; aparentemente não conseguiram vencer um dos medos. O que pode ser dito dessa turma B, e das apresentações dos trabalhos; é que foram para dizer no mínimo, excelentes, apresentações profissionais. Mas que pecaram por tratar de Neurociências somente de maneira transversal. Outro ponto importante a se mencionar é o número de integrantes do grupo, esse também é um ponto que sempre me incomodou. Quando há uma apresentação, como dito anteriormente, alguns fazem e outros não, uns estudam outros não. Há um consenso não explícito de que quatro ou cinco integrantes por grupo são números mágicos; porém, não nesse caso. Os assuntos são amplos e variados; não foi determinado o número de integrantes, foi pedido que se agrupassem por “afinidade com o tema”, assim há grupos de 10 integrantes, e grupos com 3 integrantes; mas que todos pesquisam o que lhes é de interesse dentro do tema (nesse caso, Neurociências – mais especificamente Neuropsicologia); sendo o resultado geral pertinente ao grupo, e a nota é individual. Eu acredito que quando o aluno pode escolher por tema, por afinidade e não por amizade ocorre normalmente o seguinte: o amigo “dominante” por assim dizer, convence seus amigos a escolherem o mesmo tema e isso faz dele um líder no e para o grupo. E se isso for projetado ao médio e longo prazo, os amigos que hoje foram convencidos podem gostar ou não do tema. Se gostarem, a probabilidade de pesquisarem com gosto aumenta; se não gostarem do tema, na próxima vez que essa proposta for feita nesse modelo, a amizade permanecerá, mas cada um procurará o que mais lhe interessa. Vamos à proposta, separada por dias. Início da primeira semana: Dia um: Os assuntos foram colocados no quadro e foi perguntado quem gostaria de pesquisar sobre ele (ao lado era anotado o nome do primeiro que erguesse a mão); quando todos os temas tivessem sido passados, (nem todos os temas foram escolhidos, por exemplo, memória) cada aluno que gostasse do tema para pesquisar, deveria ir conversar com aquele que tinha o nome ao lado do tema. Essa parte normalmente gera um questionamento: “mas professor, eu queria pesquisar isso também, não dá para ter dois grupos?”. Até os alunos entenderem que não há número máximo ou mínimo de integrantes, e que o resultado é proporcional e dinâmico, pode demorar um pouco, e ser fonte de reclamações. Ainda no dia um, cada grupo deveria ir à biblioteca e descobrir como funciona o acesso à Base de Dados que a Universidade dispõe; cada integrante deveria escolher uma e realizar uma pesquisa que compreende o termo do trabalho + Neuropsicologia. Isso traria – em uma hipótese 7


– uns duzentos trabalhos. Desses, deveriam ser selecionados os dos últimos cinco anos, o que reduziria à, talvez, uns trinta trabalhos; esses deveriam ser lidos os resumos e selecionados os que possuíssem real vínculo com a disciplina. Devendo ser selecionados dez artigos por aluno. Sendo que, obrigatoriamente, um desses textos deveria ser em inglês. Assim, em um grupo com 10 integrantes, cada um deles ficando responsável por 10 artigos, no final teríamos uma revisão de diversas bases de dados, dos textos mais atuais e relevantes à Neuropsicologia. Porém, grupos menores, por exemplo, com três integrantes, ficariam com 30 artigos, mas também atuais e relevantes. E sim, alguns pesquisadores de métodos de pesquisa afirmam que artigos de revisão são considerados relevantes quando há ao menos 100 referencias. Entenda, esse é um dos objetivos do livro, mas não o principal. O principal para com os alunos é: aprender a fazer pesquisa em fontes confiáveis. Os específicos: aprender a fazer resumos pertinentes; aprofundar conhecimento específico da área; estruturar um artigo (no caso um capítulo). Dos temas abordados, alguns são patologias e outros não. Dos temas que se configuram como psicopatológicos, foi pedido ainda um outro trabalho como introdução do capítulo; eles deveriam acessar (de qualquer meio possível) o DSM-1, 2, 3, 4, 4-TR e 5, comparar as definições e critérios diagnóstico e apresentar uma evolução daquela patologia. Dos temas que não se configuravam como psicopatológicos, foi pedido uma breve introdução histórica que deveria ser retirada dos próprios artigos. Dia dois: Foi passado um modelo de três parágrafos para guiar o resumo do artigo. O modelo consistia de: parágrafo um, ano de publicação, nome do autor, nome do artigo, e contextualização do assunto. Paragrafo dois tratava de uma especificação do método quando houvesse; quando não houvesse, esse parágrafo poderia ser opcional. E o terceiro parágrafo deveria apresentar as principais conclusões do artigo. Ainda no dia dois, caso algum aluno não tivesse conseguido selecionar os dez artigos, deveria ir à biblioteca, realizar a pesquisa, selecionar os artigos, baixá-los e voltar para a sala. Caso o aluno já tivesse selecionado os artigos, poderia começar a ler os artigos e resumi-los. É pedido também que cada grupo escreva o nome de todos os integrantes em uma folha e entregue ao professor (esse detalhe de não pedir os integrantes no dia um se deu pelo motivo de que as pessoas ainda poderiam mudar de ideia, poderia ser incluído algum faltante, etc...). Começo a passar de carteira em carteira ajudando a confecção do primeiro resumo. Ainda no dia 2, cada grupo elege um “organizador” para os textos, que fica responsável por colocar os artigos em data cronológica e verificar se todos os textos possuíam referência bibliográfica. Também uma aluna se dispõe a ficar responsável pela organização do livro como um todo. Início da segunda semana Dia três: O professor passa de carteira em carteira ajudando e tirando dúvidas da confecção dos resumos. Começam a aparecer alguns problemas. A maior parte dos alunos inicia a confecção nesse dia, porém, uma das consequências do pouco tempo: não me foi possível diferenciar aos alunos quanto ao tipo de artigo pertinente ao resumo, e alguns deles começam a fazer por um artigo de revisão bibliográfica, o que acaba por gerar muitas perguntas. Ainda nesse terceiro dia começam as cobranças para alguns grupos – dois grupos mais especificamente –, nos quais as situações que apareceram foram as seguintes. Um grupo nesse dia afirmava que tinha outras prioridades para aquela época do bimestre e que faria a atividade a partir da aula seguinte. Avisei da data de entrega que havia sido conversada no dia 14/11 e disse que como a turma havia escolhido aquele caminho, não havia mais tempo hábil para desenvolver um plano B. No outro grupo que aparentou um comportamento potencialmente ruim, os alunos estavam sentados em círculo rindo. Eles afirmavam que já haviam selecionado os artigos e que iriam fazer em casa. No dia três ainda, uma aluna questiona sobre a capa do livro, e disponibiliza o trabalho de seu namorado para fazer a capa e projeto gráfico. Essa mesma aluna também se preocupa com a questão da editora que poderia editar o livro, e dispara um mail-list para algumas editoras.

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Dia quatro: Passo de carteira em carteira fazendo o controle do número de artigos e tirando dúvidas, que começam a diminuir. Nesse dia escrevo para a editora da universidade contando do projeto e questionando do interesse e disponibilidade (que não houve resposta). Início da terceira semana Dia cinco: Passo de carteira em carteira fazendo o controle do número de artigos e tirando dúvidas; os alunos estão agitados, pois precisam entregar alguns relatórios de estágio e acabam por priorizar tal trabalho. Também começam a aparecer os primeiros alunos que já haviam terminado o trabalho. Dia seis: O segundo grupo que havia apresentado problemas começa a fazer o trabalho e tirar algumas dúvidas. No final dessa semana, entrei em contato com a Uniguaçú que fica em União da Vitória P.R. Conto do projeto e eles compram a ideia. Também contato a bibliotecária Líria Alemar Zawatsky, que se dispõe a fazer a ficha catalográfica para o livro. Início da quarta semana Dia sete: 14/11 que era a data marcada para a entrega final dos artigos, e que valeria nota, dando tempo para a organização do livro por parte da aluna. Nesse dia, passo de aluno em aluno para fazer o controle de artigos e nota; alguns alunos (n=5) não haviam feito os 10 artigos e “prometeram” entregar até esse dia à noite. Houve somente um problema mais grave; um integrante daquele segundo grupo que apresentou problemas no segundo dia fez os 10 artigos, mas não fez as referências de maneira adequada. Foi conversado com a organizadora daquele grupo e reafirmado que a nota era individual e que ela não era responsável por concertar aquelas referências. Também foi conversado com os amigos desse aluno (já que ele faltou nesse dia) e avisado que caso não fossem consertados os artigos, seriam retirados do capítulo e a nota do aluno seria proporcional ao número de artigos que entrassem. E fim. Aqui acabou um pedaço do trabalho dos alunos. Obviamente em um primeiro momento os alunos descobriram que a maioria do conteúdo estava no resumo dos artigos, porém com o decorrer do tempo, grande parte dos alunos relata que leu o resumo, que ficou curioso e leu o artigo inteiro. Geralmente os três ou quatro primeiros artigos eram lidos de maneira superficial, mas daí em diante eles começam a relatar a leitura integral do texto – isso por vontade própria e curiosidade. Em sete aulas foi construído um livro de revisão bibliográfica: é um livro bom? Talvez. O que deve ficar marcado nesse ponto são os fatos de que os alunos fizeram o trabalho com total autonomia. Eles fizeram as escolhas, eles determinaram os caminhos a serem tomados, em grupo ou individualmente eles previram os problemas e trabalharam de maneira proativa para evitá-los. Foram os alunos que ficaram “perdidos” em um início de medo e incerteza; mas foram os mesmos alunos que confiaram em um professor que nunca haviam visto, foram eles que venceram esse medo do incerto – em não tirar 10 ou reprovar. Se houvesse um semestre todo para fazer esse projeto seria diferente? Provavelmente os alunos se acomodassem, mas também eu teria mais tempo para organizar o trabalho; determinar quais bases de dados, aumentar o número de artigos, separar os artigos... Muitas melhorias poderiam ser implementadas, mas talvez não houvesse esse livro. O conhecimento em Neurociência está lá (dentro dos alunos) sim; e em maior quantidade e qualidade que comparada com a apresentação; é um conhecimento que está vinculado a ementa? Não sei. O que sei é que é um conhecimento imensamente mais relevante, pois deixou duas marcas, que vencer o medo vale a pena e que eles mesmos enquanto alunos podem deixar suas pegadas. Todos os acertos desse projeto devem ser creditados aos alunos, e todos os erros devem ter sua origem em mim; peço gentileza nas críticas e generosidade nas contribuições com os alunos. Obrigado. Um professor que aprende cada vez mais com esses alunos incríveis, Ivan Gross.

INTELIGÊNCIA 9


HISTÓRICO

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Falar sobre inteligência é algo complexo de se debater, já que por sua vez, muitos possuem opiniões e visões diferentes sobre o assunto, alguns dizem que inteligência é uma coisa só, ou que inteligência se resume em conhecimentos gerais de história, matemática, literatura etc. Existe apenas uma área de inteligência ou várias? E a resposta é simples, existem tantas quantas a quantidade de coisas que um ser humano é capas de fazer. Você já viu uma pessoa muito boa em matemática, mas péssima em história? Essa pessoa possui uma inteligência numérica. A definição histórica acerca da definição e da estrutura da inteligência, desde a antiguidade clássica, com Pitágoras (580 a.C.-500 a.C.) e o dualismo mente-corpo, até à era da medida da inteligência, nos séculos XIX e XX, onde são destacadas as contribuições de Galton - que inicia a avaliação objetiva da inteligência -, Cattell, Binet, Stern, Spearman, Terman e Wechsler, entre outros. Há um grande hiato entre o estudo e interesse na área, cerca de 2000 anos sem muitos avanços em descobrir sobre o que é inteligência. “O tema inteligência nos remete à necessidade de um breve percurso histórico, situando diferentes concepções vigentes que se expandiram tanto no campo da Psicologia quanto no da Educação” (Nunes, Silveira, 2011 apud Vergara, 2013). Os primeiros estudos significativos sobre a inteligência humana foram realizados pelo pesquisador francês Alfred Binet (1857-1911) apud Vergara, 2013, que tentou mensurá-la através de testes psicológicos, elaborando, em 1904, o primeiro “teste de inteligência 9” e estabelecendo a relação entre idade cronológica e idade mental”. “Tais testes “tinham como objetivo verificar os progressos de crianças deficientes do ponto de vista intelectual” (Bock, Furtado e Teixeira, 2002 apud Vergara, 2013). E, em seguida, William Stern (1871-1938), filósofo e psicólogo alemão, fundou a Psicologia Diferencial10, que formulava que o índice destinado a avaliar o grau de inteligência do indivíduo; é obtido pela divisão da sua idade mental pela idade cronológica. De um modo geral, multiplica-se o resultado por 100 para evitar frações. O Quociente Intelectual (QI) representa a posição relativa do indivíduo comparado com as pessoas de sua idade, tendo em vista o desenvolvimento intelectual”. “Teste destinado a avaliar a inteligência geral ou nível mental do indivíduo; pode, inclusive, avaliar certos aspectos da inteligência condensados num só resultado, procurando-se, tanto quanto possível, obter uma avaliação independente dos antecedentes culturais” (Cabral; Nick, 1989 apud Vergara, 2013). 10 “O ramo da psicologia que investiga diferenças individuais, suas causas, consequências e magnitude entre grupos” (Cabral e Nick, 1989 apud Vergara, 2013). 11 “A ideia consistiu em dividir a idade mental (IM) pela idade cronológica (IC) e multiplicar o resultado por 100, segundo a fórmula QI = (IM / IC) x 100” (Garshangen, 2002 apud Vergara, 2013). “A partir desses dois estudos, fundamentais, seguiram-se outras diversas pesquisas a respeito da inteligência humana, ampliando ou criticando a mensuração por intermédio de testes, além do uso da Psicologia Diferencial, especialmente, a identificação do potencial intelectual pelo QI.” Howard Gardner, psicólogo norte-americano, desenvolveu a teoria das “Inteligências Múltiplas”. Gardner (1995) apud Vergara (2013), identificou sete tipos inteligências básicas e diferenciadas entre si. Assim sendo, segue a definição dos sete tipos de Inteligências Múltiplas, que costumam aparecer combinados com intensidade diferente em todos os seres humanos: Musical – “é a capacidade de lidar com a música, como têm os que tocam determinado instrumento musical e os que compõem” (Vergara, 2013). Destaca-se em pessoas que possuem facilidade em aprender a cantar ou tocar um instrumento musical, e perceber e criar padrões de tons e ritmos harmônicos, como compositores, músicos e maestros; Corporal-cinestésica – é a “capacidade de usar o próprio corpo para expressar uma emoção (como na dança), jogar um jogo (como no esporte) ou criar um novo produto (como no planejamento de uma invenção) é uma evidência dos aspectos cognitivos do uso do corpo” (Gardner, 1995 apud Vergara, 2013). Manifesta-se nos atletas, dançarinos e bailarinos, ou em quem possui aptidão para trabalhos manuais, de se comunicar por meio de gestos, ou possuem consciência corporal e motricidade desenvolvidas; Lógico-matemática ou numérica – é comum em engenheiros, físicos e matemáticos, ou em pessoas que lidam bem com a manipulação de números e cálculos matemáticos;

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Linguística ou de compreensão verbal – pode ser identificada em quem tem prazer em ler e escrever, e, também, consegue compreender e empregar bem as palavras e as nuanças de significados. Profissionalmente, destacam-se os escritores, advogados, políticos etc.; Espacial ou visual – “é necessária às artes visuais e à solução de problemas espaciais” (Vergara, 2013). Ocorre em pessoas que têm boa habilidade para orientar-se no espaço, avaliar relações entre objetos e desenhar, com noções de perspectiva, profundidade e sombra como, por exemplo, artistas plásticos, arquitetos, engenheiros etc.; Interpessoal (social) – é identificada nos líderes, professores e psicoterapeutas, e, também, em outros profissionais que têm facilidade para se relacionar com os outros. Compreender, se comunicar bem e convencer pessoas, como administradores, advogados e vendedores. Segundo Gardner (1995) apud Vergara (2013), ela “está baseada numa capacidade nuclear de perceber distinções entre os outros; em especial, contrastes em seus estados de ânimo, temperamentos, motivações e intenções”; Intrapessoal – é fundamental para as pessoas que têm boa capacidade de perceber e compreender bem a si mesmas, e, ainda, introspeção, reflexão, autoavaliação e autoaceitação, como filósofos, psicólogos e religiosos. REFERÊNCIA: FARIA, L. Inteligência humana: Abordagens biológicas e cognitivas. 2003. VERGARA, O. Inteligência Humana: concepções e possibilidades. 2013. Variáveis significativas na avaliação da inteligência Em 1998, Alves investiga sobre “variáveis significativas na avaliação da inteligência” com o intuito de “mostrar como algumas variáveis têm uma influência significativa nos resultados dos testes de inteligência e a necessidade de considerá-las e controlá-las nos estudos sobre esse tema, bem como no estabelecimento de normas específicas para os subgrupos definidos por essas variáveis.” Ele reconhece a que a idade cronológica sempre deve ser considerada na avaliação da inteligência de crianças, pois os resultados nos testes devem aumentar à medida que a criança cresce. O mesmo ocorre com relação à escolaridade, tanto quando se considera séries, como entre níveis de escolaridade. Irai Cristina Boccato Alves investigou sobre variáveis avaliativas da inteligência em consulta de pesquisas com testes de inteligência em que a autora participou e em alguns resultados da literatura, principalmente do Brasil. A autora adotou a primeira variável ao nível socioeconômico, que pode ser definido através da profissão e escolaridade dos pais, pela renda familiar, por algumas escalas relativas aos bens e eletrodomésticos que as famílias possuem, ou pelo tipo de escola frequentada pela criança. A faixa etária das crianças, como segunda variável, variou entre 3 anos e 6 meses e 9 anos e 11 meses. Acerca dos resultados da investigação, Alves pôde entender que não havia diferenças entre os resultados médios das crianças de escolas públicas. No entanto foram encontradas diferenças significantes entre os resultados das crianças das escolas particulares e das escolas públicas, apontando para a necessidade de estabelecer normas separadas para os dois tipos de escolas. A autora, portanto, alcançou a conclusão de que é necessário o estabelecimento de normas apropriadas para a população em que os testes vão ser empregados. A representatividade da amostra deve considerar características relevantes sobre a variável que está sendo avaliada. REFERÊNCIA: ALVES, I. Variáveis significativas na avaliação de inteligência. 1998. A inteligência corporal: cinestésica como manifestação da inteligência humana no comportamento de crianças Em 2001, Mauricio Teodoro de Souza pesquisou sobre “a inteligência corporal: cinestésica como manifestação da inteligência humana no comportamento de crianças” com o objetivo de “investigar se o comportamento corporal de crianças, observado na resolução de situações problema vivenciadas na atividade motora escalada esportiva indoor, pode ser compreendido como manifestação da inteligência humana”. Ele considerou que “a pesquisa bibliográfica e de campo realizadas caracterizam esse estudo como uma pesquisa do tipo etnográfico”. Aquele autor investigou sobre a multiplicidade da inteligência humana observando, por meio de filmagens, “dois adultos praticantes de escalada em academia e nove crianças do ensino 12


fundamental. A observação dos adultos fornece experiência e subsídios para uma compreensão adequada dos movimentos executados na tarefa. As crianças declaram sua capacidade motora realizando a escalada em dois momentos”, em que a avaliação das observações pretende explicar, interpretar, descrever e traduzir comportamentos emitidos ao decorrer das situações-problema na escalada. Acerca de particularidades originais daquele estudo, havia o comportamento corporal em observação durante a resolução das situações problemas pela escalada indoor. Souza concluiu, portanto, demonstrando a capacidade dos alunos de solucionarem problemas, contribuindo para o processo de organização dos comportamentos corporais e manifestando o potencial do aluno, especificamente o potencial de inteligência corporal cinestésica e por fim, a capacidade de usar o próprio corpo na solução de problemas deve ser considerada como uma manifestação da inteligência humana (Souza, 2001). REFERÊNCIA: SOUZA, M. A inteligencia corporal: cinestesica como manifestação da intêligencia humana no comportamento de crianças. 2001. Informações contidas nos manuais de testes de inteligência publicados no brasil Em 2001, Noronha, Sartori, Freitas e Ottati pesquisaram sobre as “informações contidas nos manuais de testes de inteligência publicados no brasil” a fim de analisar a presença de informações relativas aos dados de identificação e aos dados de aplicação e de avaliação nos manuais dos testes psicológicos. Elas afirmaram que há “algumas iniciativas de se resgatar a legitimidade dos instrumentos padronizados”. Os esforços não têm sido poucos e um destaque deve ser dado ao trabalho de Wechsler (1999), que organizou um Guia de Procedimentos Éticos para a Avaliação Psicológica, no qual estão incluídas as informações gerais sobre os princípios, uso, seleção, aplicação, correção e interpretação dos testes psicológicos. Aquelas autoras fizeram pesquisas acerca de testes psicológicos como instrumentos úteis para a realização da avaliação psicológica em 21 testes psicológicos de análise da inteligência. Cada instrumento foi submetido a uma análise individual, com base em critérios de um questionário para avaliar a qualidade dos testes usados na Espanha (Prieto & Muñiz, 2000). Em resultados, Noronha e colaboradoras revelaram que alguns testes não possuem, nos seus manuais, informações como data de publicação, nome do autor ou bibliografia e que a maioria dos testes analisados obteve a pontuação máxima dos 21 instrumentos estudados e receberam a pontuação máxima. Em base de outras singularidades de averiguação sobre o tema, “após a seleção dos instrumentos que fizeram parte do presente estudo, eles foram avaliados individualmente, a partir dos critérios estabelecidos. Cada teste tinha uma ficha em que constavam os elementos de análise, a fim de facilitar a coleta. Em seguida, iniciou-se o tratamento dos dados”. As agentes responsáveis pela pesquisa puderam concluir que o manual deve reunir as propriedades técnicas oportunas e que quanto aos objetivos deste trabalho, acredita-se tê-los atingido, uma vez que os dados revelaram a presença ou ausência de algumas informações essenciais para aplicar, pontuar e avaliar o teste. REFERÊNCIA: NORONHA, A. P., et al. Informações contidas nos manuais de testes de inteligência publicados no Brasil. 2001. inteligência e conhecimento específico em jovens futebolistas de diferentes níveis competitivos No ano de 2002, J.C. Costa, J. Garganta, A. Fonseca e M. Botelho pesquisaram sobre a “inteligência e conhecimento específico em jovens futebolistas de diferentes níveis competitivos” com o objetivo de avaliar e comparar a inteligência geral e o conhecimento específico do jogo em jovens praticantes de Futebol segundo o nível competitivo. Os pesquisadores afirmaram que “é através dum complexo mecanismo que engloba a percepção e análise da situação, a decisão a tomar e a execução, que a táctica se consubstancia como elemento central e coordenador dos jogos de oposição”. Para tal estudo, aqueles autores utilizaram “o teste de atenção de Toulouse-Piéron, o teste das figuras idênticas de Thurstone e as matrizes progressivas de Raven, para avaliar os processos cognitivos gerais dos jovens futebolistas, bem como o protocolo de avaliação do conhecimento 13


específico do jogo construído por Mangas (1999) e aperfeiçoado por Correia (2000). Estes instrumentos foram aplicados a uma amostra de 44 praticantes federados de Futebol de diferentes níveis competitivos, com uma média de idades de 16.00±0.53 para o grupo de nível competitivo superior e de 16.13±0.63 para o grupo de nível competitivo inferior”. Costa e seus colaboradores atingiram como produto de pesquisa “uma tendência de maior conhecimento específico da modalidade em situações ofensivas para o grupo de futebolistas federados de nível competitivo superior em relação aos de nível competitivo inferior. Os jogadores com nível competitivo inferior apresentaram valores superiores e estatisticamente significativos quando comparados com os do grupo de nível competitivo superior”. Os investigadores logo concluíram que jogadores de nível competitivo inferior prevalecem sobre os de nível competitivo superior na velocidade perceptiva e atencional, fator geral de inteligência, capacidade de concentração e exatidão. REFERÊNCIA: COSTA, J., et al. Inteligência e conhecimento específico em jovens futebolistas de diferentes níveis competitivos. 2002. Inteligência fluida: definição fatorial, cognitiva e neuropsicológica Em 2002, Ricardo Primi pesquisou “inteligência fluida: definição fatorial, cognitiva e neuropsicológica”, com intenção de rever o conceito de inteligência fluida sob a visão da neurociência cognitiva, psicométrico e cognitiva; discorrendo sobre as divergências entre eles. PRIMI comenta como os testes de raciocínio indutivo com aproximação geométrica influência nesse processo de inteligência. A principal característica daquela pesquisa é a definição, dividida em sete funções do executivo central (memória de trabalho), de influência fluida. São elas: "(a) manutenção do nível de ativação das representações mentais, (b) coordenação de atividades mentais simultâneas, (c) monitoramento e supervisão das atividades mentais, (d) controle da atenção e atenção seletiva, (e) ativação de informações da memória de longo prazo e (e) redirecionamento de rotas ou flexibilidade adaptativa” (Primi, 2002); onde se conclui que os estudos psicométricos provêm mais detalhes acerca do assunto e torna-se mais eficaz em identificar estruturas cerebrais do que a neurociência da época. Além disso, a mensuração (com instrumentos) de funções do executivo central tende a melhorar cada vez mais no âmbito de compreender a inteligência; sendo melhorados com ajuda de conceitos da neurociência e psicologia cognitiva. REFERÊNCIA: PRIMI, R. Inteligência fluida: definição fatorial, cognitiva e neuropsicológica. 2002. Inteligência: avanços nos modelos teóricos e nos instrumentos de medida Em 2003, Ricardo Primi pesquisou sobre “inteligência: avanços nos modelos teóricos e nos instrumentos de medida”, que visa mostrar alguns avanços científicos na mediação da área de inteligência, objetando à visão que a mídia divulga; diferindo a teoria da prática. Ele afirma que, de acordo com a psicomotricidade, a inteligência é mantida por análises fatoriais; que são testes com o propósito de exaltar diferenças individuais cognitivas e as capacidades mentais de cada sujeito submetido aos testes (Primi, 2003). A principal característica daquela pesquisa se liga ao fato de que não existe somente uma inteligência que irá dizer se o indivíduo é capaz ou não. Há vários tipos de inteligência, incluindo a fluida (ligada a raciocínio e resolução de problemas); cristalizada (conhecimentos gerais) e entre outros; onde o autor conclui que a inteligência abrange-se muito mais do que a mídia deixa transparecer, onde a última tende a enaltecer somente a fluida erroneamente. É necessária a atualização do entendimento sobre a inteligência a partir de pesquisas sobre o assunto em locais confiáveis, além de expansão de técnicas inovadoras para avaliá-la com o uso da psicologia cognitiva e da neurociência. REFERÊNCIA: PRIMI, R. Inteligência: avanços nos modelos teóricos e nos instrumentos de medida. 2003. Propriedades psicométricas apresentadas em manuais de testes de inteligência Em 2003, Ana Paula Porto Noronha e outros exploram conhecimentos sobre “propriedades psicométricas apresentadas em manuais de testes de inteligência” com a meta de verificar quais os parâmetros psicométricos apresentados nos manuais de 19 instrumentos de 14


avaliação da inteligência. Eles mencionam que “os testes precisam apresentar estudos de validade e precisão, pois seu uso envolve situações nas quais o psicólogo avalia aspectos que podem interferir na vida de seus clientes. Desta forma, a utilização de um teste que não forneça parâmetros psicométricos poderá prejudicar o diagnóstico de pessoas em diferentes contextos”. Aquela autora e seus colaboradores investigam sobre propriedades psicométricas apresentadas em manuais de testes de inteligência, fazendo uso de 19 instrumentos de avaliação da inteligência. “Os resultados encontrados mostraram que, dos 19 testes avaliados, 89,5% apresentaram estudos de padronização. No que se refere à validade, a de construto foi a mais frequente dentre os testes (94,7%)”. Noronha concluiu que “tal prática ainda não se encontra totalmente difundida na avaliação psicológica brasileira”. REFERÊNCIA: NORONHA, A. P, et al. Propriedades psicométricas apresentadas em manuais de testes de inteligência. 2003. Personalidade e inteligência Em 2004, Barbenza pesquisou “personalidad e inteligencia”, com objetivo de compreender a relação entre a personalidade e a inteligência; ela afirmou que as teorias sobre esses dois conceitos complexos e amplos e sua interligação são novas; porém, mesmo deixando muitos pesquisadores inquietos, estes têm a tendência de relacionar ambos os fatores, dizendo que um influencia no desenvolvimento do outro (Barbenza, 2004). A principal característica daquela pesquisa é compreender os estudos recentes e antigos sobre o tema de personalidade e inteligência, procurando juntar as análises teóricas e pronunciar o que é a “interface entre personalidade e inteligência” ao concluir o estudo. Assim, conclui que, após visão geral e integradora de teorias, a discussão encaminha-se para a personalidade do relacionamento; considerada tipo de inteligência e abordando outra linha de discussões. REFERÊNCIA: BARBENZA, C. Personalidad e inteligencia. 2004. Creatividade e inteligência Em 2005, Robert J. Sternberg e Linda O’Hara pesquisaram “creatividad e inteligencia”, como objetivo relacionar a criatividade humana com a inteligência, tecendo sua conexão. Eles afirmam que “se a inteligência significa selecionar e moldar o ambiente, então a inteligência é a criatividade”; para adaptar-se ao ambiente e solucionar problemas é necessário criatividade (ao formar hipóteses e visões diferenciadas) e a envoltura dessa criatividade. (Sternberg e O’hara, 2005). A principal característica daquela pesquisa são as semelhanças entre a criatividade e a inteligência, onde aqueles autores concluem que a criatividade parece implicar aspectos sincréticos, analíticos e práticos da inteligência. Porém, esses dois conceitos não englobam o mesmo sentido, pois há suas discrepâncias, como os psicólogos contemporâneos procuram pensar. Portanto, por meio de pesquisas, chegar a essa resposta o mais cedo possível seria interessante para o melhor planejamento do progresso humano. REFERÊNCIA: STERNBERG, R.; O’HARA, L. Creatividad e inteligencia. 2005. A música e o cérebro: algumas implicações do neurodesenvolvimento para a educação musical Em 2003, Beatriz Ilari realizou um estudo sobre a inteligência musical, com o título de “A música e o cérebro: algumas implicações do neurodesenvolvimento para a educação musical”, com o mesmo teve como objetivo estudar como a música afeta a inteligência e os estudos no decorrer do tempo em uma criança; teve como base diversas pesquisas na área de neurociência e de alguns músicos profissionais. Aquela autora concluiu que, a inteligência musical é uma das mais discutidas e duvidosas entre as inteligências, muitos dizem que música pode ser facilmente aprendida por qualquer um, porém outros falam que é uma aptidão de cada indivíduo, podendo ter ou não facilidade na área, mas que, como outras inteligências, essa possa ser tanto aprendida quanto ser um dote do ser humano, alguns nascendo com a facilidade e a mente voltada para a música. REFERÊNCIA: 15


ILARI, B. A música e o cérebro: algumas implicações do neurodesenvolvimento para a educação musical. 2003. Inteligência social Em 1988, Daniel Goleman e Richard Boyatzis pesquisaram sobre a “inteligência social e a biologia da liderança” com o intuito de revelar novas verdades sutis sobre o que um bom líder produz. Eles estabeleceram que a dinâmica de líder-sectário/seguidores não é uma questão de cérebros individuais reagindo um ao outro conscientemente e inconscientemente. A mente de dois indivíduos se torna uma só mente, incorporadas em um único sistema. Aqueles autores investigaram sobre a inteligência social, emocional e sobre a liderança ao acreditarem que “os grandes líderes são aqueles cujo comportamento potencializa poderosamente o sistema cerebral de interconectividade”, com base ao colocarem estes, no lado oposto, em termos de dinâmica regional do cérebro, das pessoas com severos distúrbios sociais, como Autismo ou Síndrome de Asperger, que são caracterizados por subdesenvolvimento nas áreas cerebrais associadas às interações sociais. Os pesquisadores exploram a respeito da identificação de neurônios espelhos em áreas bem separadas e distintas no cérebro, que foram descobertos por acaso por neurocientistas italianos enquanto monitoravam uma célula no cérebro de um macaco, a qual disparava apenas quando o macaco levantava o braço. Goleman e Boyatzis constatam, portanto, que a descoberta em destaque é que, algumas coisas que os líderes fazem, especificamente o fato de mostrar empatia e se conectar com o humor dos outros, afetam literalmente o cérebro deles e também o cérebro dos seus sectários/seguidores. REFERÊNCIA: GOLEMAN, D. Inteligencia social. 2006. Memória e inteligência em avaliação psicológica pericial Em 2006, Fabián Javier Marín Rueda, publicou o artigo “memória e inteligência em avaliação psicológica pericial”, com o objetivo de verificar a existência de uma possível relação entre os construtos memória e inteligência. Participaram 51 candidatos à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação do estado de Minas Gerais. Deles, 41,2% queriam obter a Categoria de Habilitação A e 58,8% a Categoria B. Foram aplicados o Teste Pictórico de Memória e o Teste Conciso de Raciocínio (TCR), de forma individual e por psicólogo que possui curso de Perito Examinador credenciado pelo DETRAN-MG. Chegou à conclusão que os resultados evidenciaram correlações positivas e significativas entre o agrupamento Terra e a pontuação total do Teste de Memória com o TCR (0,38 e 0,36, respectivamente). Esse dado poderia ser considerado uma evidência de validade para o Teste Pictórico de Memória. Deve ser destacado que a maior parte da pesquisa sobre memória tem lidado com materiais de linguagem ou alfanuméricos. Dessa forma, o estudo de processos de codificação tem se concentrado substancialmente nos códigos verbais. REFERÊNCIA: RUEDA, F. Memória e inteligência em avaliação psicológica pericial. 2006. Neuropsicologia da aprendizagem Em 2006, Paula, Beber e colaboradores fazem uma revisão de literatura sobre a “neuropsicologia da aprendizagem” com a intenção de estabelecer ligação da psicologia cognitiva com as neurociências, descobrir a fisiologia do transtorno e encarar racionalmente a estratégia de tratamento. A aprendizagem tem como definição “uma mudança de comportamento resultante de prática ou experiência anterior”. Divergências nesse processo poderão acarretar transtornos de aprendizagem, o que prejudica a inteligência normal dessa criança (Paula, Beltra e col, 2006). As principais características daquela pesquisa é a identificação das dificuldades psicomotoras ou motoras, de memorização, atenção, escassa participação, compreensão, problemas de comportamento e desinteresse; compreendendo o processo intelectual da criança. Assim, os autores concluem que o entendimento do avanço da aprendizagem e os seus transtornos auxiliará diferentes profissionais do campo da saúde, agenciando uma intervenção terapêutica mais eficaz. REFERÊNCIA: BEBER, B.; PAULA, G.; BAGGIO, S.; PETRY, T. Neuropsicologia da aprendizagem. 2006. 16


Inteligência emocional e provas de raciocínio: um estudo correlacional Em 2007, Noronha e colaboradores pesquisaram “inteligência emocional e provas de raciocínio: um estudo correlacional”, com o intuito de examinar a veracidade de instrumentos de avaliação de inteligência emocional. Eles tiveram o interesse de autenticar o teste para evitar a rotulação de doentes mentais, que nem sempre tem casos patológicos, mesmo que o nível de intelecto seja menor ou não tão claro. Fizeram isto com as Baterias de Provas de Raciocínio (BPR-5), de inteligência cristalizada e fluida, juntamente com o teste Mayer, Salovey e Caruso Emocional Intelligence Test (MSCEIT), em uma amostragem de 191 universitários, com idades variadas entre 17 e 60 anos, ingressos nos cursos de Pedagogia, Educação Física, Ciências Contáveis, Sistemas de Informação e Administração no interior de São Paulo, em uma instituição. A principal resposta ao teste foi a correlação alta nas provas de raciocinado mecânico e espacial, aquilo que mede além da inteligência fluida e cristalizada; quando foi aplicado avaliações sobre o nível intelectual, os resultados foram baixos significantemente. Assim, os autores concluem que são necessárias novas pesquisas sobre o avanço da veracidade desses testes da Inteligência Emocional, para evitar estagnação e retrocesso neste sistema de diagnóstico; mesmo que os objetivos da pesquisa tenham sido alcançados. REFERÊNCIA: ADAUTO, G.; NORONHA, A. P. Inteligência Emocional e Provas de Raciocínio: Um Estudo Correlacional. 2007. Revisão das pesquisas brasileiras em avaliação psicológicas de habilidades e inteligência de condutores No ano de 2008, Fábio Henrique Vieira de Cristo e Silva e João Carlos Alchieri, exploraram o assunto sobre “revisão das pesquisas brasileiras em avaliação psicológicas de habilidades e inteligência de condutores” com o propósito de revisar os estudos empíricos brasileiros sobre instrumentos de avaliação psicológica de habilidades e inteligência utilizados nos processos de habilitação para conduzir veículos. Eles identificaram as publicações nestas temáticas no país, seus principais temas e métodos, bem como listaram os resultados obtidos. Aqueles autores pesquisam sobre as avaliações psicológicas de habilidades e de inteligência de condutores por meio de análise das publicações relativas aos construtos referidos, desde a divulgação dos primeiros artigos sobre os exames psicotécnicos em motoristas na revista Arquivos Brasileiros de Psicotécnica, até os mais atuais, nos diversos periódicos de psicologia. Silva e Alchieri encontraram, com esta pesquisa, um total de 15 trabalhos de natureza empírica, dos quais três são da década de 1950, três de 1980, três da década de 1990 e seis são do período entre 2000 a 2006 e que permitiram os investigadores a concluírem que em 50 anos as pesquisas sobre habilidades e inteligência de motoristas trouxeram limitadas contribuições à questão da validade do processo, não sendo constatado um campo de conhecimentos sólidos em relação aos construtos e critérios da avaliação do comportamento. REFERÊNCIA: CRISTO, V.; HENRIQUE, F.; ALCHIERI, CARLOS, J. Revisão das pesquisas brasileiras em avaliação psicológica de habilidades e inteligência de condutores. 2008. Neuropsicologia cognitiva e psicologia cognitiva: o que o estudo da cognição deficitária pode nos dizer sobre o funcionamento cognitivo normal Em 2009, Simone Cagnin pesquisou sobre "neuropsicologia cognitiva e psicologia cognitiva: o que o estudo da cognição deficitária pode nos dizer sobre o funcionamento cognitivo normal?”, como objetivo de traçar uma meditação sobre a importância dos estudos da neuropsicóloga cognitiva para compreender o funcionamento do processamento mental no intelecto no campo de Psicologia Cognitivo. Através da seleção de estudos sobre déficits cognitivos, busca entender como a função executiva está vinculada a déficits cerebrais (Cagnin, 2009). A principal característica daquela pesquisa é a noção de usar pesquisas do campo neuropsicológico para entender execuções mentais da psicologia, como a inteligência e atenção; e assim ter uma compreensão ainda mais elaborada dos déficits neurais. A conclusão da autora diz que o método de pesquisa que utiliza é eficaz e completo na área que deseja aprender; pois 17


mesmo que os pesquisadores de outros assuntos não tenham a intenção de ajudar no que ela deseja, no final acabam contribuindo para o avanço do conhecimento da Neuropsicologia. REFERÊNCIA: CAGNIN, S. Neuropsicologia cognitiva e psicologia cognitiva: o que o estudo da cognição deficitária pode nos dizer sobre o funcionamento cognitivo normal?. 2009. Criatividade e inteligência: analisando semelhanças e discrepâncias no desenvolvimento Em 2010, Wechsler, Nunes Schelini, Ferreira e Pereira pesquisaram sobre a “criatividade e inteligência: analisando semelhanças e discrepâncias no desenvolvimento” ao possuir como objetivo investigar sobre semelhanças e discrepâncias entre inteligência e criatividade, assim como os possíveis impactos de gênero e série educacional sobre o desenvolvimento, ao mencionarem que há “questionamentos que se referem à dimensionalidade destes construtos analisando se estes seriam sinônimos ou conceitos sobrepostos, existindo um limiar no qual poderia ser esperada uma alta relação entre ambos”. Aquela autora e as demais colaboradoras investigaram sobre relações da inteligência e criatividade em amostra “composta por 172 estudantes com idades variando dos 7 aos 17 anos. A avaliação da inteligência foi feita por meio da versão brasileira da Bateria Woodcock-Johnson III enquanto que criatividade foi avaliada pelos Testes de Pensamento Criativo de Torrance”. Wechsler e as demais autoras concluem que não houve correlações significativas entre inteligência e criatividade. A análise fatorial rotação Varimax apontou distinção e independência entre inteligência, criatividade verbal e figurativa. REFERÊNCIA: WECHSLER, S, et al. Criatividade e inteligência: analisando semelhanças e discrepâncias no desenvolvimento. 2010. Inteligência emocional como fator determinante nas relações interpessoais Em 2010, Maria João Martins Rosa da Silva investiga a respeito da "inteligência emocional como fator determinante nas relações interpessoais" com o propósito de centrar a pesquisa sobre o "estudo das capacidades que o ser humano possui de forma a perceber e gerir as suas emoções, bem como de conduzir as dos outros, nas relações interpessoais verificadas nas organizações, tanto a nível endógeno como exógeno.”. Aquela autora pesquisa sobre a "importância da inteligência emocional e das emoções na tomada de decisão", em que os "procedimentos metodológicos utilizados consistiram no desenvolvimento, de um tipo de pesquisa descritiva, o estudo de caso, correlacional e transversal; o meio a que se recorreu foi quantitativo em razão da utilização de questionário", em um "processo de selecção de amostra limitada a 60 pessoas, a quem o questionário foi entregue pessoalmente". Acerca de outras peculiaridades de pesquisa, os dados são recolhidos através de questionários tratados por programa informático. Silva conclui que é possível evidenciar "a necessidade da ocorrência de um estímulo para que haja uma emoção e uma consequente tomada de decisão, sendo a inteligência emocional um meio que deverá intervir positivamente", em que em "grande maioria dos inquiridos apresenta facilidade no contacto com outros indivíduos que os rodeiam, estabelecendo a componente emocional dos indivíduos equilibrada, apresentando deste modo inteligência emocional". REFERÊNCIA: SILVA, M. Inteligência emocional como factor determinante nas relações interpessoais. 2010. Inteligência empresarial: uma avaliação de fontes de informação sobre o ambiente organizacional externo Em 2012, Ricardo Rodrigues Barbosa, realizou um estudo sobrea inteligência no ramo empresarial e como isto afeta o meio externo, com o título de “inteligência empresarial: uma avaliação de fontes de informação sobre o ambiente organizacional externo”. O artigo relata um estudo sobre o processo de monitoração do ambiente organizacional externo. O autor utilizou 91 participantes como fonte de pesquisa. Registraram, dentre outros fatores, a frequência com que utilizam diversos tipos de fontes de informação. Essas fontes foram também analisadas de acordo com o seu grau de relevância e confiabilidade. Os resultados indicam uma elevada taxa de utilização de fontes eletrônicas de informação, porém as mesmas 18


são vistas como pouco confiáveis e relevantes. As pessoas (colegas, subordinados e superiores hierárquicos) são vistas como as fontes mais confiáveis. REFERÊNCIA: BARBOSA, R. Inteligência empresarial: uma avaliação de fontes de informação sobre o ambiente organizacional externo. 2012. Inteligencia emocional como estratégia de prevenção contra a síndrome de burnout Em 2013, Clecilene Gomes e Sérgio Ricardo (2013) pesquisaram sobre “inteligência emocional como estratégia de prevenção contra a síndrome de burnout” com o objetivo de estudar a importância da inteligência emocional como forma de prevenir a Síndrome de Burnout. Tratase de um trabalho de revisão bibliográfica do tipo descritivo. Eles usaram como método de pesquisa a base de dados da La Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (Scielo), entre outras. Os objetivos serviram para classificar e estruturar a revisão bibliográfica. Uma vez classificada e estruturada, esta serviu de base para uma ampla análise do tema. Após a leitura do referencial teórico, conclui-se que a Síndrome de Burnout pode ser evitada, desde que a cultura da organização favoreça a execução de atividades preventivas do estresse crônico. Portanto, conhecer e reconhecer as situações que desencadeiam o estresse ajuda a compreender melhor a finalidade dos recursos adaptativos utilizados em tais situações e possibilita os profissionais que cuidam da saúde do trabalhador a imbuir nestes mecanismos de enfrentamento a fim de evitar o esgotamento que leva a Síndrome de Burnout. REFERÊNCIA: CARVALHO, C; MAGALHÃES, S. Inteligência emocional como estratégia de prevenção contra a síndrome de Burnout. 2013. Qual é a participação de fatores socioeconômicos na inteligência de crianças? Em 2013, Geise M. Jacobsen e colaboradores (2015) realizaram uma pesquisa com o objetivo de estudar e verificar se a escolaridade dos pais e a renda da família são preditores da inteligência de uma amostra de crianças brasileiras de 6 a 12 anos de idade, a partir de duas medidas de inteligência. Quatrocentos e dezoito crianças, do sexo feminino ou masculino, provenientes de escolas privadas e públicas de Porto Alegre, foram avaliadas. Aqueles autores investigaram sobre como a renda familiar afeta a escolaridade e inteligência dos alunos; usaram como base de dados uma pesquisa nas escolas privadas e públicas de Porto Alegre, o método de pesquisa foi Escala de Inteligência Wechsler Abreviada, com isso concluindo que as variáveis socioeconômicas, por meio das condições ambientais oferecidas aos filhos, parecerem exercer um papel no desenvolvimento da inteligência das crianças, em especial nas medidas verbais. REFERÊNCIA: JACOBSEN, G. e colaboradores. Qual é a participação de fatores socioeconômicos na inteligência de crianças?. 2013. Desempenho de escolares em atenção e funções executivas no Nepsy e inteligência Em 2015, Shayer, Carvalho, Mota, Argollo e Abreu pesquisaram sobre o “desempenho de escolares em atenção e funções executivas no nepsy e inteligência” com o objetivo de “traçar o perfil do desempenho de escolares no domínio atenção/funções executivas e inteligência, além de comparar o desempenho de crianças de escola pública e particular, e analisar as relações entre as variáveis sociodemográficas”. Eles confirmaram que, no Brasil, a influência do ambiente escolar no desenvolvimento cognitivo e socioemocional do ser humano traz consequências importantes sobre o sucesso ou fracasso acadêmico. Aqueles autores investigam sobre o desempenho escolar em atenção e funções executivas ao verificarem “correlações significativas entre desempenho no Wisc III e no domínio de atenção/funções executivas da bateria Nepsy com as variáveis: sexo; tipo de escola; renda familiar; e escolaridade dos pais.”. Shayer e colaboradores de estudo trouxeram como resultado diferenças significativas entre o desempenho dos alunos de escolas públicas e aquele obtido pelos alunos das escolas particulares em todas as dimensões avaliadas, com melhores escores para estes em atenção visual e auditiva, tarefas de planejamento e seleção e alternância de estímulos”. A partir dos resultados de que quando comparadas com as crianças de escola particular as de escola pública obtiveram desempenho significativamente inferior em todos os testes 19


avaliados. Shayer e os demais autores da pesquisa puderam concluir que “essas diferenças sugerem que o desempenho dos escolares está associado ao ambiente, à renda familiar e à escolaridade dos pais. Diante do exposto, compreende-se a necessidade de maiores investimentos nos ambientes de educação pública, além de um trabalho mais consistente sobre a importância da estimulação.”. REFERÊNCIA: SHAYER, B. et al. Desempenho de escolares em atenção e funções executivas no Nepsy e inteligência. 2015. Produção de artigos em inteligência artificial aplicada a diagnósticos médicos Em 2015, David Luna Santos (2015 Pg.2) pesquisou sobre “Produção de artigos em inteligência artificial aplicada a diagnósticos médicos” com o objetivo de realizar um levantamento da produção científica sobre aplicação de inteligência artificial na elaboração de diagnósticos médicos com ênfase em redes neuro-fuzzy, Visando o aumento da capacidade de análise dos sistemas de auxílio a diagnósticos, foram desenvolvidos sistemas híbridos, que se utilizam duas ou mais tecnologias trabalhando paralelamente ou em série, a fim de melhorar os resultados no que diz respeito à precisão e também quanto à abrangência. David utilizou bases de dados científicos da Sience Direct e EBSCO, utilizando o descritor Neural Fuzzy Diagnosis para realizar a revisão. Foi considerado o período de 2010 até o primeiro semestre de 2015. Foram localizadas 360 publicações, após a aplicação do critério de inclusão, 14 foram selecionadas para o estudo, foi possível observar que 78,6% das publicações foram realizadas pela EBSCO. 28,6% das publicações são aplicações em diagnóstico de Câncer, 28,6% são aplicações em diagnóstico de doenças cardíacas e 14,3% são aplicações em diagnóstico de doenças cerebrais. REFERÊNCIA: SANTOS, D. Produção de artigos em inteligência artificial aplicada a diagnósticos médicos. 2015.

ENVELHECIMENTO

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HISTÓRICO O conceito de avaliação global nasceu no Reino Unido, 1936, com a dra. Marjory Warren, que percebeu a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para pacientes com elevado grau de dependência, com enfoque em terapia de reabilitação e reinserção social. O reconhecimento da importância de diversos fatores, além de condições clínicas (no senso estrito) no gerenciamento 21


da saúde de idosos, levou à ideia de avaliação geriátrica ou avaliação global do idoso (AGI) (Corrêa e Amaral, 2016). A AGI incorpora o conceito de que a avaliação do paciente idoso deve ser diferenciada da avaliação clínica rotineira, pois o idoso não é apenas um adulto mais velho. Por consequência, a geriatria não deve ser simplesmente a clínica médica do idoso, e é fundamental que ela se envolva num trabalho multidisciplinar, constituindo-se, pois, uma equipe gerontológica. A AGI reconhece que a saúde dos idosos depende, além de suas condições clínicas, de suas condições sociais, psicológicas, cognitivas, ambientais e funcionais (Corrêa e Amaral, 2016). As lutas pelos direitos das mulheres, a partir dos anos 1970, levaram a mudanças indispensáveis nas sociedades de todo o mundo. A maior expectativa de vida das mulheres e o menor grau de organização dos homens em relação às suas demandas de saúde estão ligados ao que podemos chamar de feminizaçao ̃ do envelhecimento. (Jacob, 2016). A feminização do envelhecimento e o envelhecimento masculino deverão ser duas das questões fundamentais para a geriatria e a gerontologia neste século. Nossa sociedade deverá lidar com os diversos aspectos destas questões: de um lado, uma importante população feminina de idosos; de outro, particularidades do envelhecimento do organismo masculino, aspectos psicológicos e culturais dos homens, que tendem a minimizar sintomas e não procurar auxílio médico, bem como hábitos de vida tipicamente masculinos. (Jacob, 2016). A Organização das Nações Unidas, em 16 de dezembro de 1991, elaborou os Princípios das Nações Unidas para o Idoso (aprovada na Resolução 46/91). Este documento ressalta a importância dos idosos na sociedade, participando ativamente na formulação e implementação de políticas que afetam seu bem-estar, prestando serviços voluntários à comunidade, de acordo com seus interesses e capacidades e atuando em movimentos e associações da sociedade civil. No Brasil, considera-se idosa a pessoa com 60 anos ou mais (Lei 8842/94 e 10741/03), seguindo-se os padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS). (Rosa e Keinert, 2009). Elas afirmam que o termo “envelhecimento ativo” foi adotado pela Organização Mundial de Saúde no final dos anos 90. Ele procura transmitir uma mensagem mais abrangente do que “envelhecimento saudável”, e reconhecer, além dos cuidados com a saúde, outros fatores que afetam o modo como os indivíduos e as populações envelhecem (Kalache e Kickbush, 1997, apud Rosa e Keinert, 2009). A abordagem do envelhecimento ativo é baseada no reconhecimento dos direitos humanos das pessoas mais velhas e nos princípios de independência, participação, dignidade, assistência e auto realização estabelecidos pela Organização das Nações Unidas. (Rosa e Keinert, 2009) A população idosa brasileira adquiriu grandes conquistas nas últimas décadas. E em 1º de outubro de 2003 é sancionada a Lei: 10.741 que instituiu o Estatuto do Idoso. A grande importância do estatuto é que ele serve como guia essencial para que as políticas públicas sejam cada vez mais adequadas ao processo de ressignificação da velhice (Antunes, 2013). Em abril de 2009, Tânia Margarete Mezzomo Keinert e Tereza Etsuko da Costa Rosa pesquisam os “direitos humanos, envelhecimento ativo e saúde da pessoa idosa”: marco legal e institucional com o objetivo de “revelar uma pequena parte, porém significativa, no que diz respeito a pesquisas, reflexões e práticas do lidar com a velhice. Além de percorrer um amplo arco de tópicos que torna visível a potencialidade de questões que este campo suscita e sobre as quais ainda há pouca reflexão. Pretendem contribuir para ampliar o leque de perspectivas de análise e de propostas inovadoras e alternativas de ação, componentes de um projeto éticopolítico, capaz de agregar saúde, dignidade e felicidade às pessoas em processo de envelhecimento.” (Rosa e Keinert, 2009). REFERÊNCIA: JACOB, W. Envelhecimento em Diferentes Contextos: Populacional, Individual e Social 2016. ROSA, T.; KEINERT, T. Direitos Humanos, envelhecimento ativo e saúde da pessoa idosa: marco legal e institucional. 2009. CORRÊA, F. G.; AMARAL, J. R. G. Avaliação Global do Idoso. 2016. ANTUNES, M. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. 2013. Envelhecimento cerebral o problema dos limites entre o normal e o patológico 22


Em 1999, Damasceno em “envelhecimento cerebral, o problema do limite entre o normal e o patológico”, tem como objetivo discutir o problema do diagnóstico diferencial entre envelhecimento cerebral normal e patológico. O envelhecimento cerebral acompanha-se de alterações mentais e neuropatológicas superponíveis às da demência de Alzheimer (DA), levando a problemas de diagnóstico diferencial. Para discutir o tema, o autor relata e estuda três casos de pseudodemência. Caso 1. GCAC, 67 anos, casada, normalista, com queixas de insônia, falta de iniciativa e esquecimento, pertinentes há dois anos. Caso 2. TMM, 77 anos, viúva, analfabeta, lavradora, com nervosismo, preocupação exagerada com os filhos (adultos), desânimo, pensamentos de morte, inapetência e possíveis alucinações visuais, pertinentes há um ano. Caso 3. MAC, 61 anos, casada, professora de francês, com esquecimento - esquecia facilmente o tópico da conversação - pertinente há três meses. O autor conclui sugerindo passos decisivos para o diagnóstico diferencial: avaliação neuropsicológica e comportamental abrangente (com levantamento do nível pré-mórbido de funcionamento cognitivo e sócio-ocupacional do paciente), bem como exames laboratoriais e de neuroimagem; e, se preciso, reavaliação após 4 a 6 meses, para verificar a consistência dos achados. (Damasceno, 1999). REFERÊNCIA: DAMASCENO, B. Envelhecimento cerebral o problema dos limites entre o normal e o patológico. 1999. O Envelhecimento, sistema nervoso e o exercício físico Em 1999, Ricardo Jacó de Oliveira e Adriana Cardoso Furtado pesquisaram “o envelhecimento, sistema nervoso e o exercício físico” com o objetivo de mostrar que a atividade física regular atua como minimizadora dos efeitos deletérios do processo de envelhecimento, desta forma este trabalho teve o propósito de mostrar algumas alterações que acometem o sistema nervoso e como a atividade física pode interagir positivamente neste processo. As principais características dessa pesquisa é a prática de exercício físico de resistência; é de suprema importância, e as recomendações de exercício devem se basear nos estilos de vida associados a cada indivíduo. Os autores concluíram que o inicio de qualquer programa de atividade física é acompanhado de algumas alterações no sistema cardiovascular e certamente o risco desta atividade para o idoso não deve ser ignorado. Evidentemente, o processo de envelhecimento promoveu algumas deteriorações nos sistemas, e desta forma se aconselha a moderação e a melhor prevenção. REFERÊNCIA: OLIVEIRA, R.; FURTADO, A. Envelhecimento, sistema nervoso e o exercício físico. 1999. Envelhecimento do cérebro e seus impactos na perfomance cognitiva: Integração de achados estruturais e funcionais. Em 2000, Denise C. Park e contribuidores pesquisaram sobre "envelhecimento cerebral: integração de modelos comportamentais de funções cognitivas do cérebro" com o objetivo de achar evidências que são negações substenciais de medidas comportamentais de funções cognitivas enquanto se envelhece, incluindo menor função executora de processos e memória de longo prazo. Também há evidência de que, com a idade, existe uma diminuição do volume do cérebro, particularmente no córtex frontal (Raz, 2000). Além disso, eles concluíram que a ligação de estudos do cérebro e comportamento ao longo da vida resulta em conhecimentos ímpares que vão permitir que indivíduos tomem controle de seu futuro cognitivo e alterar a idade neurobiológica de suas mentes. Tal resultado oferece grandes recompensas para ambos os indivíduos e para a nossa sociedade. Um tremendo investimento nacional em neurociência do envelhecimento cognitivo combinado com esforço e generoso comprometimento por parte de estudantes da área (Raz, 2000). REFERÊNCIA: RAZ, N. Aging of the brain and its impact on cognitive performance: Integration of structural and functional findings. 2000. Padrões de ativação cerebral em idosos sadios durante aarefa de memória verbal de reconhecimento 23


Em 2001, Busatto Filho e colaboradores pesquisaram os padrões de ativação cerebral em idosos sadios durante tarefa de memória verbal de reconhecimento, com o objetivo de investigar mudanças na atividade cerebral durante uma atividade de memória episódica em idosos sadios. Eles reconheceram que as técnicas PET, SPECT e RMF trouxeram grandes avanços para a neuropsicologia. Busatto Filho e colaboradores pesquisaram a memória episódica em 15 idosos sadios com 65 anos ou mais. Foram realizadas duas avaliações de SPECT na mesma sessão, usando a técnica de dose dividida do traçador 99m-Tc-HMPAO. Foram registradas medidas de FSCr durante uma atividade de reconhecimento de material verbal aprendido previamente e durante uma tarefacontrole mais simples. Também foram feitas comparações de FSCr com o programa Statistical Parametic Mapping (SPM) (Busatto et al, 2001). Os dados levantados sugerem que os circuitos neuronais multifocais são engajados durante a memória de reconhecimento e repetem localizações cerebrais descritas na literatura. A utilização desse protocolo em pacientes com transtornos neuropsiquiátricos pode permitir a investigação de anormalidades cerebrais referentes aos déficits de memória. Observou-se também focos inesperados de redução de FSCr no cíngulo posterior direito, córtex temporal inferior direito, córtex orbitofrontal esquerdo e vérmis cerebelar esquerdo. REFERÊNCIA: BUSATTO, G. et al. Padrões de ativação cerebral em idosos sadios durante tarefa de memória verbal de reconhecimento. 2001. Envelhecimento, estresse e sociedade: uma visão psiconeuroendocrinológica Em 2004, Aline Pereira e colaboradores, pesquisaram sobre o envelhecimento, estresse e sociedade: uma visão psiconeuroendocrinológica com o objetivo de explicar, os aspectos gerais do estresse, assim como sua importância durante o processo de senescência. Eles consideram que o declínio biológico normal no processo de envelhecimento e o aparecimento progressivo de doenças e dificuldades funcionais com o avançar da idade sustentam, de modo geral, uma concepção de velhice como período de decadência e improdutividade. As principais características dessa pesquisa são estresse, envelhecimento, saúde, idosos e sociedade. Por meio dos quais os autores concluíram que o processo de envelhecimento depende de três fatores principais: o biológico, o psíquico e o social. São estes fatores que podem preconizar a velhice, acelerando ou retardando as doenças e os sintomas da idade madura. Neste sentido, o estresse, como uma reação do organismo, com componentes psicológicos e físicos, que ocorre quando surge a necessidade de uma grande adaptação a eventos ou situações importantes, negativas ou positivas, tem grande importância no estudo do envelhecimento (Pereira, 2004). REFERÊNCIA: PEREIRA, A. et al. Envelhecimento, estresse e sociedade: uma visão psiconeuroendocrinológica. 2004. Declínio da capacidade cognitiva durante o envelhecimento Em 2005, Charchat-Fichman e colaboradores pesquisaram sobre o “declínio da capacidade cognitiva durante o envelhecimento”, com objetivo de mostrar que idosos com declínio da capacidade cognitiva apresentam maior risco de desenvolver Doença de Alzheimer. Eles consideram que particularmente aqueles com déficit de memória episódica são propensos a desenvolverem a doença. A relevância dessa pesquisa são os idosos com DCC (declínio da capacidade cognitiva), que se dividem em dois grupos. Um com trajetória cognitiva estável e benigna e outro com declínio da memória episódica anterógrada associada à disfunção do lobo temporal medial, decorrente de um estágio incipiente ou de transição para DA (Doença de Alzheimer). Os autores concluíram que a caracterização clínica destes grupos é fundamental para prática clínica e pesquisa. Assim, o aperfeiçoamento dos critérios diagnósticos existentes e a investigação de novos marcadores clínicos devem ser temas para estudos futuros (CharchatFichman, 2005). REFERÊNCIA: CHARCHAT-FICHMAN, H et al. Decline of cognitive capacity during aging. 2005. Memória e envelhecimento: Aspectos neuropsicológicos e estratégias preventivas 24


Em 2006, Edvaldo Soares pesquisou sobre “memória e envelhecimento: aspectos neuropsicológicos e estratégias preventivas com o objetivo de uma maior reflexão acerca da situação do idoso”. O autor considera que há uma necessidade de se elaborar programas de atendimento a esta população. O trabalho trata especificamente sobre a questão da memória, procura desenvolver estratégias de atendimento e capacitação de profissionais de diversas áreas para o atendimento de idosos em instituições de longa permanência. A principal relevância dessa pesquisa demonstra que embora a maioria da população idosa seja independente e resida na comunidade, uma minoria precisa contar com o apoio de instituições residenciais de longa permanência. Nesse sentido, acredita-se ser de suma importância a implantação de programas que visem a manutenção das capacidades cognitivas e funcionais dos idosos, proporcionando assim uma melhoria na autoestima e consequentemente na qualidade de vida do idoso com a capacitação de profissionais e estudantes de diversas áreas a trabalhar nessas instituições residenciais (Soares, 2006). REFERÊNCIA: SOARES, E. Memória e envelhecimento: Aspectos neuropsicológicos e estratégias preventivas. 2006. Déficits de memória induzidos pelo tratamento neonatal com ferro e pelo envelhecimento: estratégias de neuroproteção Em 2007, Maria Noêmia Martins de Lima pesquisou sobre “déficits de memória induzidos pelo tratamento neonatal com ferro e pelo envelhecimento: estratégias de neuroproteção” com o objetivo de enaltecer que o período neonatal é crítico para o estabelecimento do conteúdo de ferro no cérebro adulto. Investigações a respeito da captação de ferro pelo cérebro indicam que o transporte de ferro ao cérebro atinge seus níveis máximos durante o período pós-natal de rápido crescimento cerebral. Ademais, a distribuição cerebral de ferro altera-se durante os processos de desenvolvimento e envelhecimento. Por fim, concluíram que excesso de ferro no encéfalo tem sido relacionado com a patogênese de diversas doenças neurodegenerativas, que envolvem prejuízo cognitivo, as quais são mais prevalentes em idosos. Por conseguinte, também se sabe que o envelhecimento altera a distribuição cerebral deste metal. Ainda, foi verificado que tanto os déficits induzidos pela administração neonatal de ferro quanto os déficits induzidos pelo envelhecimento podem ser revertidos pela selegilina (Lima, 2007). REFERÊNCIA: LIMA, M. Déficits de memória induzidos pelo tratamento neonatal com ferro e pelo envelhecimento: estratégias de neuroproteção. 2007. Estilo de vida como indicador de saúde na velhice Em 2007, Vera Lygia Menezes Figueiredo pesquisou “o estilo de vida como indicador de saúde na velhice” com o objetivo de explorar o tema do envelhecimento saudável, dando destaque aos fatores contribuintes para a manutenção da qualidade de vida. Ela considera que entre os fatores pesquisados, o estilo de vida é considerado como um importante promotor de estímulos sócio emocionais que otimizam o funcionamento cognitivo. A principal característica dessa pesquisa sugere que o estilo de vida possa ser utilizado com um indicador de saúde, recebendo assim cuidadosa atenção quando se objetiva promover ou prevenir a saúde na senescência. A autora concluiu que a linha divisória entre senescência e senilidade pode ser traçada a partir da capacidade funcional e da cognição. Por outro lado, ao se focalizar promoção e prevenção de saúde, o estilo de vida de um indivíduo idoso deve ser levado em alta consideração, dentre os outros indicadores de saúde (Figueiredo, 2007). REFERÊNCIA: FIGUEIREDO, V. Estilo de vida como indicador de saúde na velhice. 2007. Notícia preliminar sobre uma tendência contemporânea: o “aperfeiçoamento cognitivo”, do ponto de vista da pesquisa em neurociências Em 2007, Monica Teixeira pesquisou a notícia preliminar sobre uma tendência contemporânea: o “aperfeiçoamento cognitivo”, do ponto de vista da pesquisa em neurociências. Este artigo noticia o debate travado entre pesquisadores e observadores da neurociência sobre a tendência já observada nos países centrais, de utilizar drogas para melhorar as chamadas “habilidades cognitivas”. 25


A principal característica dessa pesquisa foi o desempenho e a performance na execução de tarefas que também podem se beneficiar, no cenário desenhado por esse grupo de neurocientistas, de drogas que alterem o que chamam de memória. A autora conclui que a tendência ao envelhecimento da população mundial e o fato de a doença de Alzheimer permanecer até agora incurável mobilizam grande interesse para a descoberta de drogas capazes de evitar a perda de memória que caracteriza a doença (Teixeira, 2007). REFERÊNCIA: TEIXEIRA, M. Notícia preliminar sobre uma tendência contemporânea: o “aperfeiçoamento cognitivo”, do ponto de vista da pesquisa em neurociências. 2007. Envelhecimento e memória episódica: desempenho de 15 idosos no BVMT-R e HVLT-R Em 2008, Tacianny Lorena Freitas do Vale e colaboradores pesquisaram sobre o “envelhecimento e memória episódica: desempenho de 15 idosos no BVMT–R e HVLT–R” com o objetivo de descrever o desempenho de 15 idosas sem comorbidades, em testes neuropsicológicos que avaliam a memória de longo prazo (episódica de evocação imediata) para material verbal e visuo–espacial. O fenômeno se caracteriza pela identificação de que o declínio de memória acentua-se com o passar da idade, principalmente, na memória de longo prazo explícita (Vale, 2008). As principais características dessa pesquisa são o Envelhecimento, Memória de longo prazo, Avaliação neuropsicológica. Os autores concluíram que o comprometimento da memória torna-se mais relevante quando envolvido conteúdo visuo-espacial se comparado a conteúdo verbal. Conclui-se que, com o envelhecimento, a memória é uma das primeiras funções a declinar. Com o avançar da idade, identifica-se dificuldades em atividades que envolvem tanto habilidades verbais como visuais (Vale, 2008). REFERÊNCIA: VALE, T. et al. Envelhecimento e memória episódica: desempenho de 15 idosos no BVMTR e HVLT-R. 2008. Metacognição e envelhecimento sob a luz do pensamento sistêmico: uma proposta de intervenção clínica Em 2008, Mário Vinícius Canfild Grendene e Wilson Vieira Melo pesquisaram a metacognição e envelhecimento sob a luz do pensamento sistêmico: uma proposta de intervenção clínica com o objetivo de contextualizar o impacto do pensamento sistêmico e da teia de complexidade do mundo contemporâneo perante a compreensão do envelhecimento e do fenômeno metacognitivo em suas intersecções, propondo uma intervenção clínica. Eles consideram que intervenções metacognitivas mostram-se de grande importância no enfrentamento dos colapsos ocasionados pelos automatismos. A principal característica dessa pesquisa é a intervenção metacognitiva que pressupõe um olhar complexo para um determinado evento. Sendo assim, embora existam várias possibilidades de entendimento para um comportamento na abordagem metacognitiva, elege-se o viés processual cognitivo básico como principal, focando o relacionamento terapêutico na estratégia operativa e não considerando outras variáveis, onde os autores concluíram que todo este objetivismo cognitivo, ao utilizar-se do pensamento sistêmico, permite que o olhar que abrange o envelhecer tenha um relativismo (Grendene, 2008). REFERÊNCIA: GRENDENE, M.; MELO, W. Metacognição e envelhecimento sob a luz do pensamento sistêmico: uma proposta de intervenção clínica. 2008. Investigação neuropsicológica de uma amostra de sujeitos idosos saudáveis Em 2009, Sumaya Cristina Silva Figueiredo e colaboradores pesquisaram a Investigação neuropsicológica de uma amostra de sujeitos idosos saudáveis com o objetivo de avaliar neuropsicologicamente as funções cognitivas de idosos saudáveis. Eles consideram que com o envelhecimento da população brasileira, é previsto que em alguns anos o Brasil se torne a 6ª população de idosos do planeta. Sumaya Cristina Silva Figueiredo e colaboradores pesquisam o desempenho cognitivo em 17 idosos entrevistados, submetidos a uma bateria de testes neuropsicológicos, investigandose as funções mnésticas, atencionais, executivas, intelectuais, linguagem; praxias, humor; atividades de vida diária básicas; e as instrumentais mais complexas. Os principais resultados 26


sugeriram a presença de alterações mais significativas nas funções mnésticas, atencionais, velocidade de processamento (Figueiredo, 2009). As principais características dessa pesquisa foram a importância de se investigar o funcionamento cognitivo de idosos saudáveis sem queixas cognitivas, tendo em vista diminuir custos e gastos públicos e a realizar o planejamento de intervenções preventivas e/ou remediativas onde os autores concluíram que os principais resultados sugeriam que desses 41.08% relacionavase à memória de evocação imediata não verbal; 64% à atenção sustentada; 76.45% à atenção alternada; 64.61% à velocidade de processamento (Figueiredo, 2009). REFERÊNCIA: FIGUEIREDO, S. et al. Investigação neuropsicológica de uma amostra de sujeitos idosos saudáveis. Psicologia hospitalar, São Paulo. vol.7, n.2, pp. 85-99, 2009. Qualidade de vida de cuidadores de idosos com Doença de Alzheimer Em 2009, Meiry Fernanda Pinto e colaboradores pesquisaram sobre a qualidade de vida de cuidadores de idosos com Doença de Alzheimer com o objetivo de avaliar a qualidade de vida dos memos e relacioná-la ao Índice de Katz dos pacientes e ao escore do Inventário de Depressão de Beck. Os autores consideram que a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis é maior entre os idosos, sendo considerada uma das principais causas de incapacidade e dependência dos cuidadores. Meiry Fernanda Pinto e colaboradores pesquisaram o fenômeno desenvolvido no Núcleo de Envelhecimento Cerebral da Universidade Federal de São Paulo/ Hospital São Paulo. A amostra foi constituída, respectivamente, por 118 cuidadores e seus pacientes com doença de Alzheimer (DA). As informações coletadas nos prontuários dos pacientes foram sociodemográficas e mórbidas, Índice de Katz e Miniexame de estado mental (MEEM). O fenômeno se caracteriza por escores mais comprometidos do SF -36; cujo dos cuidadores foram: vitalidade (56,8) e os físicos e emocionais com 58,1, respectivamente (Pinto, 2009). A principal característica dessa pesquisa foi que a qualidade de vida dos cuidadores de pacientes com doença de Alzheimer mostrou-se alterada, podendo comprometer os cuidados por eles prestados, e evidenciou piora quando a capacidade funcional do idoso esteve mais comprometida. Os autores concluíram que diante dos resultados, entendemos que o cuidador deve ser inserido no plano de assistência ao paciente com doença de Alzheimer, uma vez que este cuidador também começa a apresentar alterações em vários aspectos de sua saúde. Uma atenção ao cuidador garante-lhe não só uma melhor qualidade de vida, mas, sobretudo, ao paciente com doença de Alzheimer (Pinto, 2009). REFERÊNCIA: PINTO, M. et al. Qualidade de vida de cuidadores de idosos com doença de Alzheimer. Acta Paulista de Enfermagem, out. 2009. Memória episódica, atenção concentrada e velocidade de processamento no envelhecimento: um estudo comparativo de grupos etários brasileiros Em 2010, Rochele Paz Fonseca e colaboradores pesquisaram sobre "memória episódica, atenção concentrada e velocidade de processamento no envelhecimento: um estudo comparativo de grupos etários brasileiros”. Esse estudo teve como objetivo verificar a ocorrência de diferenças no processamento da memória episódica, atenção concentrada e velocidade de processamento entre quatro grupos etários. Estudos neuropsicológicos sobre o funcionamento de algumas funções cognitivas específicas no envelhecimento são essenciais para uma compreensão do desenvolvimento humano nas idades dre 19 a 89 anos. Rochele Paz Fonseca e colaboradores investigaram essencialmente a avaliação cognitiva. Participaram desse estudo 136 adultos neurologicamente saudáveis de 19 a 89 anos, com 9 anos ou mais de escolaridade, divididos em quatro grupos etários: jovens, de idade intermediária, idosos e longevos. Subtestes do Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve - NEUPSILIN foram utilizados para a avaliação cognitiva. A média dos escores e o tempo de resposta foram comparados entre os grupos através do teste one-way ANOVA, com o procedimento post-hoc Scheffe e uma ANCOVA com as co-variáveis anos de escolaridade e escore sócio-econômico. (Fonseca, 2010). A principal característica da pesquisa são os testículos neuropsicológicos; evenlhecimento; idosos; memória; atenção. Portanto, os autores concluíram que os resultados da 27


demonstração mostram que grupos de adultos de idade precisam ser investigandos e, como dito, não existem comparativos entre grupos de idades específicas o suficiente (Fonseca, 2010). REFERÊNCIA: FONSECA, R. et al. Episodic memory, concentrated attention and processing speed in aging: A comparative study of Brazilian age groups. Dement. 2010. Memória, envelhecimento e qualidade de vida: a perspectiva da psicologia cognitiva Em 2010, Rondina, Regina de Cássia; Dátilo, Gilsenir Maria Prevelato de Almeida pesquisaram sobre “memória, envelhecimento e qualidade de vida: a perspectiva da psicologia” cognitiva com o intuito de investigar mecanismos e benefícios do treino em memória, em idosos saudáveis e/ou com comprometimentos cognitivos. Um conceito que merece destaque em estudos dessa natureza é o estudo de aspectos ligados à meta-mória. Contudo, ainda há relativamente poucos estudos controlados sobre o assunto. Sendo assim, a literatura como um todo sugere que os trabalhos envolvendo a melhoria e/ou recuperação da capacidade de memorização em idosos estão inseridos em um contexto de esforços voltados para a promoção de saúde e qualidade de vida na terceira idade. Considera-se que a prevenção do declínio cognitivo e/ou a recuperação de funções cognitivas são aspectos essenciais para a manutenção da autonomia e da capacidade funcional em idosos (Rondina; Dátilo, 2010). REFERÊNCIA: RONDINA, R.; DÁTILO, G. Memória, envelhecimento e qualidade de vida: a perspectiva da psicologia cognitiva. 2010. A participação do sistema dopaminérgico hipocampal na consolidação e persistência da memória espacial Em 2010, Gabriela Cardoso pesquisou sobre a “a participação do sistema dopaminérgico hipocampal na consolidação e persistência da memória espacial” com a finalidade de avaliar a participação dele na consolidação e persistência de memória espacial. Portanto, refletiram que o conhecimento sobre a plena contribuição deste sistema, particularmente na região hipocampal, nos processos de consolidação e persistência ainda precisam ser mais detalhados. Para isso, Gabriela Cardoso utilizou ratos Wistar machos de 3 meses de idade, pesando em média 320 g. Os animais foram mantidos em caixas moradias contendo 5 animais cada, em ambiente climatizado (temperatura de 21-23ºC), submetidos a um ciclo claro/escuro de 12 h, com água e comida. Ademais, utilizou também o Labirinto Aquático de Morris (LAM) (Cardoso, 2010). Sendo assim, a pesquisadora observou que a infusão bilateral diária de SCH23390 na região CA1 do hipocampo imediatamente, mas não 3h, após cada sessão de treino dificulta a consolidação da memória espacial. Com isso, observou-se que a consolidação da memória espacial requer a participação de receptores D1, indo ao encontro de outros trabalhos que mostraram que além da memória espacial, memória aversiva e de reconhecimento requerem a ativação dos receptores da família D1 (Cardoso, 2010). REFERÊNCIA: CARDOSO, G. A participação do sistema dopaminérgico hipocampal na consolidação e persistência da memória espacial. 2010 Diagnóstico postmortem de demência mediante entrevista com informante Em 2010, Ferretti e seus colaboradores em “Diagnóstico postmortem de demência mediante entrevista com informante” tinham como objetivo verificar a sensibilidade e especificidade do diagnóstico postmortem baseado em entrevista com informante quando comparado com o diagnóstico estabelecido em clínica de memória. Os diagnósticos de cognição normal ou de demência dos casos do Banco de Encéfalos do Grupo Brasileiro de Estudos de Envelhecimento Cerebral tem se baseado em entrevista realizada com informante. Um estudo prospectivo foi conduzido no Banco de Encéfalos e no Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos. Indivíduos controle e cognitivamente comprometidos foram encaminhados ao CEREDIC onde os indivíduos foram avaliados e os informantes entrevistados. O mesmo informante foi então entrevistado pela equipe do Banco de Encéfalos. Consenso em painel de especialistas, em cada centro, estabeleceu o diagnóstico final em cada caso, sem conhecimento do diagnóstico do outro centro. Os diagnósticos foram comparados, admitindo-se 28


o diagnóstico estabelecido no CEREDIC como padrão-ouro. Sensibilidade e especificidade foram calculadas (Ferretti, 2010). Na pesquisa, 90 indivíduos foram incluídos, 45 com demência e 45 não. A entrevista realizada no Banco de Encéfalos teve sensibilidade de 86,6% e especificidade de 84,4% para o diagnóstico de demência e sensibilidade de 65,3% e especificidade de 93,7% para o diagnóstico de cognição normal. A entrevista com informante realizada no Banco de Encéfalos do Grupo Brasileiro de Estudos de Envelhecimento Cerebral tem altas sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de demência e alta especificidade para o diagnóstico de cognição normal (Ferretti, 2010). REFERÊNCIA: FERRETTI, R. et al. Post-Mortem diagnosis of dementia by informant interview. 2010. Projeto memória e envelhecimento: capacitando profissionais e aprimorando aspectos cognitivos em idosos institucionalizados Em 2010, Edvaldo Soares e colaboradores pesquisaram sobre “projeto memória e envelhecimento: capacitando profissionais e aprimorando aspectos cognitivos em idosos institucionalizados” com a finalidade de evidenciar que uma minoria da população idosa precisa contar com o apoio de instituições residenciais de longa permanência para idosos (IRLPis), onde muitas vezes as atividades mentais não são devidamente estimuladas. Dessa forma, Edvaldo Soares e colaboradores enalteceram que o projeto em questão em duas IRLPi localizadas na cidade de Marília - SP, tem como objetivos: capacitar equipe multidisciplinar para atuar em IRLPi’s; elaborar e promover atividades que melhorem a qualidade de vida, com enfoque especial na preservação da saúde mental dos idosos institucionalizados. Ademais, o projeto foi implantado em três fases: 1 - coleta de dados e elaboração de plano de atividades; 2 - aplicação de atividades; 3 - avaliação/análise de resultados (Soares, 2010). Sendo assim, os pesquisadores notaram algumas mudanças significativas no comportamento de alguns idosos que participaram das atividades. Além disso, os próprios pesquisadores mudaram a visão acerca do envelhecimento. Muitos preconceitos foram deixados de lado e muito aprenderam com os idosos, a partir de uma relação de amizade e respeito (Soares, 2010). REFERÊNCIA: SOARES, E. Projeto memória e envelhecimento: capacitando profissionais e aprimorando aspectos cognitivos em idosos institucionalizados. 2010. Psicomotricidade e retrogênese: considerações sobre o envelhecimento e a doença de Alzheimer Em 2010, Borges e colaboradoras em revisão bibliográfica pesquisaram sobre a psicomotricidade e retrogênese: considerações sobre o envelhecimento e a Doença de Alzheimer (DA) com o objetivo de revisar o conceito de retrogenêse no envelhecimento e na DA e discutir os artigos publicados sobre o assunto nos últimos 10 anos. Elas consideraram que a teoria da retrogênese se refere às mudanças nas habilidades psicomotoras que ocorrem inversamente à aquisição do desenvolvimento motor normal, visto que, a maioria dos casos de DA ocorrem na velhice, e o risco de desenvolver a DA aumenta com o avançar da idade. Borges e colaboradoras observaram que os artigos sobre a retrogênese publicados na literatura científica são poucos (seis artigos), e a maioria (n = 4) foi produzida pelo mesmo grupo de estudo, todos esses artigos abordam a retrogênese na demência, em especial na DA. Entre eles, quatro são de revisões bibliográficas e explorações teóricas e dois são de modelos experimentais que utilizaram neuroimagem na identificação de alterações de substância branca para testar as hipóteses teóricas da retrogênese. A falta de artigos originais sobre a retrogênese mostra a complexidade metodológica para avaliar o conceito e correlacioná-lo com a DA por conta das fases da doença, grau de escolaridade e intelectualidade (Borges et al, 2010). REFERÊNCIA: BORGES, S.; APRAHAMIAN, I.; RADANOVIC, M.; FORLENZA, O. Psicomotricidade e retrogênese: considerações sobre o envelhecimento e a doença de alzheimer. 2010. Aquisição e persistência de memória implícita em adultos saudáveis Em 2011, Gomes realizou a pesquisa aquisição e persistência de memória implícita em adultos saudáveis com o objetivo de comparar o desempenho da memória em dois grupos etários, 29


e assim associar o desempenho da memória implícita com o gênero, escolaridade, classe socioeconômica e sintomas depressivos e ansiosos. A pesquisa tem como diferencial o estudo da memória implícita visto que a memória tem sido alvo de diversos estudos, porém poucos a retratam por tipologias específicas como a apresentada por Gomes (2011). Para alcance do objetivo foi realizado um estudo transversal controlado com frequentadores do Ambulatório de Terceira Idade da Unidade de Neuropsicologia do HSLPUCRS, academias de ginástica, escolas de idiomas e funcionários do HLS-PUCRS que fossem saudáveis e que não tivessem doença neurológica. A pesquisa foi realizada com dois grupos, o grupo 1, com 50 indivíduos de idade entre 30 e 40 anos; e o grupo 2, com 50 indivíduos com idade entre 60 e 70 anos. O instrumento utilizado para a estimulação da memória implícita foi o Hooper Visual Organization Test (VOT) (Gomes, 2011). Os resultados encontrados por meio da avaliação com VOT indicaram que adultos mais jovens apresentam um desempenho da memória implícita melhor em relação a adultos mais velhos, e que sintomas de ansiedade não interferem no desempenho da memória implícita. A diferença entre os gêneros e classe socioeconômica não obteve significância estatística (Gomes, 2011). REFERÊNCIA: GOMES, R. Aquisição e persistência de memória implícita em adultos saudáveis. 2011. Doença de Parkinson e o processo de envelhecimento motor Em 2011, Cheylla Fabricia M Souza pesquisou sobre a “Doença de Parkinson e o processo de envelhecimento motor” com o objetivo de descrever os aspectos epidemiológicos, etiológicos, fisiopatológicos e os sinais e sintomas que estão integrados ao processo de envelhecimento neurológico, nos pacientes portadores da doença de Parkinson. Para realizar essa pesquisa, Cheylla Fabricia M utilizou artigos científicos, dissertações e teses referentes à doença de Parkinson encontrados nas bases de dados do Scielo, Bireme, Medline, por meio das seguintes palavras-chave: Doença de Parkinson, dopamina, núcleo rubro, envelhecimento, marcha festinada, disfunção monoaminérgica múltipla e etiopatogênese da doença de Parkinson (Souza, 2011). Sendo assim, concluiu que a doença de Parkinson é uma afecção crônica, degenerativa e progressiva do sistema nervoso central, que decorre da morte dos neurônios produtores de dopamina da substância negra, consequentemente acarretando diminuição das células produtoras de dopamina na via negroestriatal e dos neurônios contendo neuromelanina no tronco cerebral, especialmente na camada ventral da parte compacta da substância negra e do lócus cerúleos (Souza, 2011). REFERÊNCIA: SOUZA, C. Doença de Parkinson e o Processo de Envelhecimento Motor. 2011. Saúde mental e envelhecimento Em 2011, Resende e colaboradores pesquisaram sobre saúde mental e envelhecimento com os objetivos de verificar a saúde mental (depressão e ansiedade) e principais sintomas físicos relatados por pessoas no processo de envelhecimento, verificar a relação entre sintomas físicos e saúde mental com idade e gênero, e por fim averiguar o tipo de relação existente entre sintomas físicos, saúde mental e depressão. Elas reconheceram que houve aumento da visibilidade a questões relacionadas ao envelhecimento e à velhice nos últimos anos. Resende e colaboradores estudaram saúde mental e envelhecimento em 406 adultos e idosos, cuja média da idade foi 66 anos, que frequentavam centro de convivência que atendem pessoas de 50 anos ou mais, usando: Questionário Sociodemográfico, Escala de Sintomas Físicos, Questionário de Saúde Geral (QSG-12) e Escala Geriátrica de Depressão. Não foram incluídos na pesquisa indivíduos analfabetos, com deficiência intelectual ou comprometimento cognitivo (Resende et al, 2011). Os resultados da pesquisa apontaram que os sintomas físicos mais relatados foram: dor nas costas, dor nos braços, visão fraca, pressão alta. Os indivíduos apresentaram saúde mental positiva. As mulheres relatam maior número de sintomas físicos, sentir mais dor e mais ansiedade. Os indivíduos entre 50 e 59 anos relatam um maior número de sintomas físicos e maior frequência de depressão. Inferiu-se que os grupos de convivência podem contribuir na vida do idoso através 30


de vínculos com outras pessoas e podem atuar como preventivos às doenças mentais (Resende et al, 2011). REFERÊNCIA: RESENDE, M. et al. Saúde mental e envelhecimento. 2011. Treino cognitivo para idosos baseado em estratégias de categorização e cálculos semelhantes a tarefas do cotidiano Em 2011, Silva e colaboradores publicaram pesquisa sobre treino cognitivo para idosos baseado em estratégias de categorização e cálculos semelhantes a tarefas do cotidiano, que tem por objetivo testar a eficácia de um programa de treino cognitivo com base em tarefas ecológicas, que possam mimetizar tarefas de compra, junto à memorização de itens de supermercado e cálculos matemáticos simples. Parte-se do pressuposto que intervenções cognitivas podem melhorar o desempenho entre idosos. Para alcance do objetivo foi realizado estudo de intervenção com grupo controle, com avaliação pré e pós-treino. A amostra envolve 21 idosos que participaram de oito sessões de treino e 12 idosos que completaram as avaliações pré e pós-teste. Como metodologia para medida de eficácia foram usadas as provas da bateria CERAD, a Escala de Depressão Geriátrica, e questões da Escala de Satisfação com a Vida, e para o treino, os participantes realizaram tarefas semelhantes às atividades diárias, como a memorização de listas de supermercado e manuseio de dinheiro em tarefas de troco (Silva et al, 2011). Como resultado, o grupo treino apresentou melhora significativa principalmente no teste de fluência verbal categoria animais e no resgate imediato da lista de palavras da bateria CERAD, porém o grupo controle não apresentou alterações significativas. Há a conclusão de que o treino cognitivo pode gerar melhoria de desempenho em tarefas de memorização e cálculos entre os idosos (Silva et al, 2011). REFERÊNCIA: SILVA, T. et al. Treino cognitivo para idosos baseado em estratégias de categorização e cálculos semelhantes a tarefas do cotidiano. 2011. Estimulação cognitiva por meio de atividades físicas em idosas: examinando uma proposta de intervenção Em 2012, Dias e Lima publicaram o estudo "Estimulação cognitiva por meio de atividades físicas em idosas: examinando uma proposta de intervenção" com o objetivo de verificar os efeitos da conjugação de estimulação cognitiva e atividades físicas sobre a memória de idosas. Tal conjugação é justamente a relevância da pesquisa visto que poucos estudos no Brasil examinam a união das duas técnicas, exercícios físicos e cognitivos. A fim de avaliar idosas ativas, a amostra constituiu 55 dessas com idade média de 68 anos. Foram realizadas 12 sessões de intervenções no ano de 2010 no Distrito Federal. Para as intervenções, as idosas foram divididas em três grupos: Estimulação Cognitiva Tradicional (ECT); Estimulação Cognitiva e Movimentos Corporais (ECM); e Grupo Controle. No grupo ECT foram aplicadas oficinas de memória tradicionais, e no ECM oficinas de memória e atividades físicas. Os instrumentos utilizados para avaliação da memória foram: Memória de Lista de Palavras (MLP), Teste de Fluência Verbal (FV), e Escala de Queixas de Memória (EQM) (Dias e Lima, 2012). A pesquisa apresentou como resultado significativa alteração entre pré e pós-intervenções nos grupos ECM e ECT para todas variáveis avaliadas, porém nenhuma significativa no GC, o que levou à conclusão que a estimulação cognitiva aliada a atividades físicas produz efeitos semelhantes aos promovidos pelas oficinas de memória tradicionais. Assim, sugere-se que intervenções com essas duas vertentes favorecem a saúde física e mental (Dias e Lima, 2012). REFERÊNCIA: DIAS, M; LIMA, R. Estimulação cognitiva por meio de atividades físicas em idosas: examinando uma proposta de intervenção. 2012. O papel dos esquemas na memória de idosas saudáveis Em 2012, Chisté Santos e Carlos Ortega pesquisaram sobre “o papel dos esquemas na memória de idosas saudáveis” com o intuito de identificar o papel dos esquemas em um experimento de memória. Com isso, afirmaram que a adaptação dos níveis de análise atendeu à classificação da memória no experimento; foi possível identificar, por meio do método clínico, a 31


participação dos esquemas construídos ao longo da vida como recurso para recuperação da informação, o que pode contribuir para futuros estudos sobre intervenção na memória de idosos. Em coerência epistemológica entre o referencial teórico e o método utilizado, Chisté Santos e Carlos Ortega optaram por pesquisar sobre o fenômeno utilizando o método clínico piagetiano. Para isso, contou com o auxílio de seis participantes com idades entre 61 e 67 anos que tinham, no mínimo, o Ensino Médio completo. (Santos, 2012). Com isso, os resultados indicaram que: a adaptação dos níveis de análise atendeu à classificação da memória no experimento, o que pode contribuir para futuros estudos sobre intervenção na memória de idosos. (Santos, 2012). REFERÊNCIA: SANTOS, C. O papel dos esquemas na memória de idosas saudáveis. 2012. Quantificação sérica do BDNF e sua relação com volumetria do hipocampo, memória e funcionalidade em idosos Em 2012, Silveira, em “Quantificação sérica do BDNF e sua relação com volumetria do hipocampo, memória e funcionalidade em idosos”, estuda o envelhecimento, que é uma fase do ciclo vital, com o objetivo de verificar a relação entre os níveis séricos do BDNF e os volumes hipocampais, o desempenho de memória e a funcionalidade em uma amostra de idosos. Há limitações nessa fase, nas quais podemos encontrar a presença de diferentes graus de declínio cognitivo, particularmente da memória, comprometendo as atividades de vida diária e interferindo na funcionalidade do indivíduo. Quarenta e nove sujeitos de ambos os sexos, destros, com idade a partir de 60 anos, foram selecionados a partir de queixas de esquecimentos. Foi critério de exclusão: surdez, cegueira e retardo mental. Para avaliar os déficits cognitivos foi aplicado o mini exame do estado mental. Na avaliação foram aplicados os seguintes testes: Escala de Memória de Wechsler, Aprendizado Verbal de Rey, Escalas funcionais de Katz e de Lawton. Após a aplicação destes testes, os idosos foram submetidos à coleta, em jejum, de sangue para a análise do BNDF sérico. Desta maneira, analisou a relação dos níveis de BDNF com os resultados da volumetria hipocampal e o desempenho da memória e da funcionalidade nesta referida amostra de idosos (Silveira, 2012). Os resultados mostram que as reduções observadas nos níveis de BDNF séricos se associam com a diminuição do volume do hipocampo, com déficits da memória episódica e disfunções nas atividades da vida diária. Destaca-se, portanto, o potencial do BDNF, quando associado à volumetria hipocampal por RM, e aos testes de memória e de avaliação funcional, como marcadores importantes na identificação precoce de déficits cognitivo-funcionais frequentemente presentes nas doenças neurodegenerativas relacionadas ao processo de envelhecimento (Silveira, 2012). REFERÊNCIA: SILVEIRA. Quantificação sérica do BDNF e sua relação com volumetria do hipocampo, memória e funcionalidade em idosos. 2012. Compreensão sobre o envelhecimento e ações desenvolvidas pelo enfermeiro na atenção primária à saúde Em 2013, Calíope Pilger e colaboradores pesquisaram sobre a “compreensão sobre o envelhecimento e ações desenvolvidas pelo enfermeiro na atenção primária à saúde” com a finalidade de compreender a percepção do enfermeiro sobre o processo do envelhecimento e identificar as ações desempenhadas pela enfermagem. Para isso, Calíope Pilger e colaboradores necessitaram do auxílio de enfermeiros que pertenciam à secretaria municipal de saúde de um município do Centro Oeste do Paraná. O período de coleta de dados foi nos meses de junho e julho de 2009, por meio de entrevistas semiestruturadas contendo duas questões norteadoras. Para análise dos dados foi utilizada a análise de Bardin. Ademais, os entrevistados (enfermeiros) concluíram que o envelhecimento caracteriza-se pela depreciação progressiva da capacidade de adaptação e de reserva biológica do organismo (Pilger et al, 2013). Dessa forma, fica evidente que foi destacada na pesquisa a falta de um atendimento voltado para as necessidades específicas dos idosos. Sendo assim, os pesquisadores concluíram que o enfermeiro possui papel de contribuir para que o idoso consiga aumentar os hábitos de vida 32


saudáveis, diminuir e compensar as limitações inerentes da idade e confortar-se com a angústia e debilidade da velhice, incluindo o processo de morte (Pilger et al, 2013). REFERÊNCIA: PILGER, C. et al. Compreensão sobre o envelhecimento e ações desenvolvidas pelo enfermeiro na atenção primária à saúde. 2013. Projeto Memória e envelhecimento humano: reabilitação cognitiva em idosos institucionalizados Em 2013, Soares e colaboradores, em “Projeto Memória e envelhecimento humano: reabilitação cognitiva em idosos institucionalizados”, têm como objetivo indentificar/monitorar fatores de risco para DC e transtornos de humor em residentes de instituições de longa permanência para idosos (ILPI's); b) desenvolver/promover atividades preventivas ao DC e de RC; c) capacitar profissionais para desenvolver programas de RC em ILPI's. Participam do projeto 84 idosos. É elaborado o plano de trabalho individualizado/coletivo de RC e aplicadas nas ILPI's. A avaliação/análise de resultados é periódica e utiliza-se o teste t de Student para grupos independentes e o teste de Mann-Whitney para dados não-paramétricos (no caso de 3 ou mais é utilizada a análise de variância simples ou a de Kruskal-Wallis). Adota-se o nível de significância de 5% de probabilidade para a rejeição da hipótese nula (Soares et al, 2013). Desde 2006 foram realizados 280 encontros com aplicação de atividades. Os resultados sugerem alta incidência de DC e DP entre os residentes das ILPI's. A institucionalização e a idade influenciam negativamente a cognição. Com o aumento da DP pode ocorrer DC, contribuindo para piora na saúde geral do idoso. Atividades de RC promovem estimulação de diversas funções, indicando os benefícios do desenvolvimento/aplicação de estratégias curativas/preventivas. Idosos institucionalizados se mostram mais vulneráveis à DP e ao DC. A institucionalização em si é um fator de risco. Programas de RC são importantes como estratégia preventiva aos transtornos de humor e ao DC. (Soares et al, 2013). REFERÊNCIA: SOARES, E. et al. Projeto Memória e envelhecimento humano: reabilitação cognitiva em idosos institucionalizados. 2013. Repercussão do declínio cognitivo na capacidade funcional em idosos institucionalizados e não institucionalizados Em 2013, Trindade e colaboradores publicaram a pesquisa repercussão do declínio cognitivo na capacidade funcional em idosos institucionalizados e não institucionalizados com o objetivo de analisar o declínio da cognição e o seu respectivo impacto nas habilidades funcionais em idosos institucionalizados e não institucionalizados. Cabe observar que o declínio da capacidade cognitiva (DCC) é uma decorrência tanto dos processos fisiológicos do envelhecimento normal quanto de um estágio de transição para a demência. Eles selecionaram indivíduos entre 55 e 86 anos de ambos os sexos, sendo 31 deles não institucionalizados e 22 institucionalizados. Inicialmente foi realizada a caracterização do idoso seguida pela utilização do Mini Exame de Estado Mental (MEEM), Escala de Lawton, e a Escala Geriátrica de Depressão de Yesavage, e após isso houve a codificação e comparação entre os dados para verificação do índice de correlação de Pearson (Trindade et al, 2013). Como resultado, todas as escalas de teste obtiveram valores significativos, a não ser entre MEEM e Yesavage para idosos institucionalizados. Concluiu-se que os idosos institucionalizados possuem menos desempenho cognitivo, o que compromete as habilidades funcionais de vida diária e podem gerar o aumento da depressão se comparado a idosos que vivem na sociedade e realizam atividades físicas (Trindade et al, 2013). REFERÊNCIA: TRINDADE, A. P. et al. Repercussão do declínio cognitivo na capacidade funcional em idosos institucionalizados e não institucionalizados. 2013. Envelhecimento e os fenótipos da composição corporal Em 2011, Falsarella et al, em “Envelhecimento e os fenótipos da composição corporal sob a perspectiva biológica”, trabalham com a velhice que representa uma realidade heterogênea, com experiências e trajetórias individuais e coletivas diversificadas, com formas peculiares de manifestação genética biológica, socioestrutural e psicológica, as quais contribuem para a configuração de padrões de velhice normal, ótima e patológica. 33


Um dos aspectos mais importantes no campo da geriatria e da gerontologia é determinar a variabilidade dos componentes da composição corporal (CC) neste segmento etário, à medida que as modificações na CC relacionadas à velhice têm grande impacto no estado de saúde, na capacidade funcional, bem como na qualidade de vida. Ou seja, as modificações nos tecidos muscular, ósseo e de gordura podem contribuir para desfechos desfavoráveis às quedas, fraturas, limitação nas tarefas de autocuidado e para a vida independente, além de ser fator preditor para comorbidades e mortalidade (Falsarella et al, 2011). O estudo feito mostra o sinergismo verificado entre os componentes da CC com o avanço da idade, o qual leva para o desenvolvimento de fenótipos da CC, como o sarcopênico e o obeso sarcopênico. Esses fenótipos têm relação com a funcionalidade, comorbidades e mortalidade. Foi verificado um padrão de variações qualitativas da CC associado à velhice. Entretanto, não há um consenso quanto às variações quantitativas relacionadas ao início, velocidade e intensidade. Assim, é relevante um número maior de investigações com relações entre o CC e o processo de envelhecimento (Falsarella et al, 2011). REFERÊNCIA: FALSARELLA, G. et al. Envelhecimento e os fenótipos da Composição Corporal. 2014. A visão do envelhecimento, da velhice e do idoso veiculada por livros infanto-juvenis Em 2014, Ferreira e colaboradores em “A visão do envelhecimento, da velhice e do idoso veiculada por livros infanto-juvenis” as representações sociais que as crianças e os jovens têm sobre o envelhecimento, e o idoso são relevantes socialmente, uma vez que estes sujeitos têm de lidar com o próprio envelhecimento e o de outras pessoas. Essas ideias são construídas ao longo das gerações e variam conforme fatores sociais, culturais, e políticos, além das vivências pessoais. Por isso, essas concepções são influenciadas pela educação nas fases infantil e juvenil, já que nelas o indivíduo está formando sua identidade e consciência crítica. A metodologia do estudo trata-se de uma abordagem qualitativa, do tipo descritivoexploratório. Foram realizadas duas etapas: a de seleção e aquisição dos livros e a de análise dos mesmos. Os livros deveriam ser recomendados PNBE, possuir ano de publicação entre 2003 e 2012, ser um livro nacional publicado na língua portuguesa do Brasil, ter em seu título e/ou na sinopse alguma palavra que remetesse à possibilidade de o seu conteúdo abordar o tema. Utilizouse a técnica de análise de conteúdo categorial por temática, com três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados (Ferreira et al, 2014). A pesquisa revelou duas temáticas: aspectos biológicos na velhice e aspectos psicossociais. Os livros relatam características da velhice saudável e das doenças. Eles abordam tanto questões reais quanto irreais sobre os aspectos psicossociais, como exemplo a intergeracionalidade e o isolamento social. Dentre os mitos, os mais presentes eram acerca da personalidade dos idosos, típico da ideia de "velhinho bonzinho", ou mal-humorado e "rabugento”. Os resultados da pesquisa sugerem o incentivo à utilização dos livros no processo educativo a respeito do tema envelhecimento. Com os livros é possível estimular a sociedade a pensar em estratégias para criar nas crianças o pensamento crítico-reflexivo acerca do envelhecimento, tanto para propiciar que esse processo seja melhor vivenciado por eles como para viabilizar uma convivência mais positiva entre eles e idosos (Ferreira et al, 2014). REFERÊNCIA: FERREIRA, C. et al. A visão do envelhecimento, da velhice e do idoso veiculada por livros infanto-juvenis. 2014. Volumetria do hipocampo por ressonância magnética em idosos e sua relação com funcionamento cognitivo e comportamental Em 2014, Gick em “Volumetria do hipocampo por ressonância magnética em idosos e sua relação com funcionamento cognitivo e comportamental”, tiveram como objetivo correlacionar a volumetria hipocampal com o desempenho do funcionamento cognitivo e comportamental em um grupo de idosos. Estudos recentes sobre o envelhecimento saudável demonstram que o volume do hipocampo diminui na idade adulta tardia, e este fenômeno apresenta relação com o declínio cognitivo. A amostra do estudo constou de idosos que realizaram volumetria hipocampal por Ressonância Magnética no Centro de Diagnóstico por imagem do Hospital São Lucas da PUCRS. Foram selecionados 58 participantes, com queixas de esquecimentos e com idade a partir de 60 34


anos, convidados a participar do estudo. Os testes utilizados para avaliar o funcionamento cognitivo e comportamental foram: Escala de Memória Wechsler - III (WMS-111), Bateria de Avaliação Frontal (BAF), Escala de Depressão Geriátrica (GDS) e Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) (Gick, 2014). Os resultados mostraram correlação (0,65; P <0,001) entre volume do hipocampo e o desempenho das funções executivas, bem como com o desempenho de memória episódica (0,48; P <0,001). Entretanto, o volume do hipocampo não apresentou correlação com os desfechos comportamentais (depressão e ansiedade). Houve correlação entre o volume do hipocampo, a memória episódica, e as variáveis sócio-demográficas: idade, sexo, renda e anos de educação (Gick, 2014). REFERÊNCIA: GICK. Volumetria do hipocampo por ressonância magnética em idosos e sua relação com funcionamento cognitivo e comportamental. 2014. Associação entre capacidade cognitiva e ocorrência de quedas em idosos Em 2015, Cruz e colaboradores pesquisaram sobre a associação entre a capacidade cognitiva e ocorrência de quedas em idosos com o objetivo de verificar essa associação e caracterizar o perfil da amostra de uma população de idosos. Os pesquisadores afirmaram a importância das alterações cognitivas originadas pelo envelhecimento devido a seus impactos diretos à funcionalidade dos indivíduos que os predispõem às quedas. Cruz e colaboradores pesquisaram a capacidade cognitiva e a ocorrência de quedas em 462 indivíduos de 60 anos ou mais de ambos os sexos e não institucionalizados. As variáveis analisadas foram resultantes da aplicação do Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) e de um questionário semiestruturado com questões sociodemográficas e ocorrência de quedas. Foram estimadas as frequências absolutas e relativas e utilizado o teste Qui-quadrado (χ) para averiguar a associação entre capacidade cognitiva apontada pelo MEEM e quedas (nível de significância = 5%) (Cruz et al, 2015). Naquela pesquisa, 28, 14% dos idosos apresentaram declínio cognitivo, entre esses, a frequência de quedas foi de 42%. A média de idade foi 71,03, e de anos de escolaridade 3,64. Os autores daquela pesquisa concluíram que idosos com comprometimento cognitivo apresentam maior frequência de quedas se comparados com a população idosa em geral, o que reforça a necessidade de ações preventivas, novas práticas de saúde com ênfase no envelhecimento saudável e investimentos na educação dos adultos atuais, para que eles envelheçam com autonomia e independência, não com o alto grau de morbidade e perda de capacidades funcionais observados (Cruz et al, 2015). REFERÊNCIA: CRUZ, D. et al. Associação entre capacidade cognitiva e ocorrência de quedas em idosos. 2015. Dhea e a depressão no idoso: a influência da capacidade física Em 2016, Moraes e colaboradores pesquisaram sobre o cortisol, dehidroepiandrosterona (DHEA) e a depressão no idoso: a influência da capacidade física com o objetivo de investigar a associação entre a depressão, o cortisol e a DHEA, corrigindo por variáveis intervenientes e incluindo a capacidade física. Também foi analisada a associação entre os níveis hormonais e a capacidade física nos dois grupos experimentais. Moraes e colaboradores realizaram a pesquisa em 32 pacientes idosos depressivos e 31 idosos controles saudáveis. Foram analisados pareados pela idade, e os sujeitos foram submetidos a uma avaliação da capacidade física, incluindo níveis de atividade física, testes de capacidade funcional e escalas de equilíbrio. Os pacientes depressivos apresentaram níveis significativamente menores de cortisol, que se tornaram insignificantes depois de controlados pela capacidade física. Já o DHEA teve resultados não significativos, possivelmente devido à inclusão de pacientes depressivos e uma única coleta de amostra. Os dados levantados pelos autores da pesquisa sugerem que a capacidade física modula a relação entre depressão e os níveis de cortisol (Moraes et al, 2016). REFERÊNCIA: MORAES, H et al. Dhea e a depressão no idoso: a influência da capacidade física. 2016. Efeitos do envelhecimento no contraste visual de grades senoidais 35


Em 2016, Gadelha e colaboradores pesquisaram sobre “efeitos do envelhecimento no contraste visual de grades senoidais”. O envelhecimento é considerado um processo gradual de declínio em estrutura, função, organização e diferenciação, culminando por fim na morte do indivíduo. As alterações deste processo acometem diversas estruturas no Sistema Nervoso Central e Periférico, refletindo no funcionamento dos mecanismos a eles associados, como os sensoriais. Os órgãos do sentido acabam sofrendo comprometimento, determinando privações sensoriais e perceptivas que contribuem para o declínio cognitivo, presente nesta faixa etária. Assim há um declínio significativo das funções cognitivas e sensoperceptivas com o avanço da idade. O estudo foi feito com 18 voluntários com idade entre 20 e 29 anos e 18 idosos com idade de 60 a 69 anos, de ambos os sexos. Foi empregado um delineamento experimental com medidas repetidas, no qual o “N” estatístico foi obtido a partir do número de reversões ou valores de máximos e mínimos de contraste. Utilizaram-se como variáveis independentes a idade e as frequências espaciais, e como variável dependente, o valor de limiar ao contraste. Todos os participantes passaram pelas mesmas condições em momentos e ordem diferentes (Gadelha, 2016). O objetivo desse estudo foi comparar o comportamento da curva de SC de adultos e idosos sem patologias identificáveis, para frequências espaciais baixas, médias e altas. Foi verificado que o padrão da curva de SC se mantém com o envelhecimento, com menor sensibilidade localizada nos extremos da curva, em frequências espaciais baixas e altas, e maior sensibilidade localizada próxima ao centro da curva – frequências médias de 2,5 cpg –, sendo esse padrão registrado desde a adolescência, e continuando durante a fase adulta. As análises estatísticas mostraram diferenças significantes entre os grupos para todas as frequências. Os adultos jovens foram mais sensíveis que os idosos (Gadelha, 2016). REFERÊNCIA: GADELHA. Efeitos do envelhecimento no contraste visual de grades senoidais. 2016. Prevalência e fatores associados aos sintomas sugestivos de demência em idosos Em 2014, Lini e seus colaboradores pesquisaram sobre “prevalência e fatores associados aos sintomas sugestivos de demência em idosos”, quando, diante do envelhecimento populacional, tornam-se frequentes as doenças crônicodegenerativas, inclusive as demências; sendo assim, tinham como objetivo estimar a prevalência de sintomas sugestivos de demência nos idosos de Passo Fundo (RS) e identificar as intercorrências associadas. Realizou-se então um estudo transversal com 196 idosos da área urbana do município. No questionário aplicado aos idosos ou cuidadores, foram contempladas as variáveis sociodemográficas (sexo, idade, cor da pele, situação conjugal, escolaridade, aposentadoria) e as relacionadas à saúde (necessidade de cuidados, prática de atividade física, marcha independente, medicamentos, percepção de saúde autorreferida, dependência para atividades básicas e instrumentais de vida diária e estado cognitivo). Para verificar a associação entre as variáveis categóricas, foram aplicados os testes qui-quadrado de Pearson e exato de Fisher a um nível de significância de 5% (Lini et al, 2014). Os resultados demonstraram associação significativa entre a faixa etária, cor da pele, escolaridade, necessidade de cuidados, prática de atividade física, dependência para as atividades básicas e instrumentais da vida diária. Medidas preventivas e intervencionistas devem ser estimuladas no intuito de reduzir ou retardar as complicações advindas dos quadros demenciais (Lini et al, 2014). REFERÊNCIA: LINI, E. et al. Prevalência e fatores associados aos sintomas sugestivos de demência em idosos. 2016. Reconhecimento de emoções faciais no envelhecimento: uma revisão sistemática Em 2016, Ferreira e Torro-Alvez, em “Reconhecimento de emoções faciais no envelhecimento: uma revisão sistemática”, realizaram uma revisão sistemática, de acordo com as diretrizes do PRISMA, de estudos recentes que avaliaram a percepção e o reconhecimento facial de emoções em idosos sem patologias. No processo de envelhecimento, alterações na percepção e na cognição podem gerar prejuízos no reconhecimento de emoções faciais. Realizou-se uma busca sistemática na literatura através das bases eletrônicas de dados: MEDLINE, PsycoINFO e Web of Science. A Biblioteca Cochrane foi explorada para revisões 36


sistemáticas utilizando as mesmas palavras-chave para embasar e ampliar a literatura na área. Referências de todos os artigos recuperados foram revisadas em busca de outras pesquisas pertinentes. Os critérios de inclusão dos artigos foram: 1) estudos empíricos avaliando o reconhecimento de expressões faciais emocionais; 2) possuir idosos sem patologias como uma das amostras do estudo; 3) ter sido publicado no período de 2009 a julho de (Ferreira; TorroAlvez, 2016). De um modo geral, verificou-se que os idosos apresentaram um declínio no reconhecimento de emoções, principalmente para as emoções negativas. Tais resultados podem ser explicados tanto pela teoria estrutural, quanto pela teoria da seletividade socioemocional. Os resultados têm importantes implicações na medida em que sinalizam a relevância da avaliação cognitiva e do uso de estímulos mais ecológicos nas tarefas de reconhecimento emocional em idosos (Ferreira; Torro-Alvez, 2016). REFERÊNCIA: FERREIRA, C; TORRO-ALVES. Reconhecimento de emoções faciais no envelhecimento: uma revisão sistemática. 2016.

TRANSTORNO DE ANSIEDADE

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DSM O DSM-3 (1980) apresenta o Transtorno de Ansiedade através do predomínio de uma perturbação, em que o indivíduo teme determinado objeto ou situação. No DSM-4 (1994), bem como no DSM-4-TR (2000), não são citadas as características comuns aos Transtornos de Ansiedade, eles aparecem apenas subdivididos, expondo as características individuais de cada um. O DSM-5 (2013) traz como características diagnósticas mais evidentes desse transtorno o medo e a ansiedade excessivos. O medo define-se como a resposta emocional à ameaça percebida, associando-se a períodos de luta ou fuga. A ansiedade consiste na antecipação de uma ameaça futura, trazendo consigo a tensão muscular e o estado de vigilância. A perturbação causa sofrimento clínico e interfere na comunicação social. A maioria dos Transtornos de Ansiedade se desenvolvem na infância e são mais frequentes em indivíduos do gênero feminino. São subdivididos em: Transtornos de Ansiedade 38


de Separação, Mutismo Seletivo, Fobia Específica, Fobia Social, Transtorno de Pânico, Agorafobia, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Ansiedade Introduzido por Substâncias/Medicamento e Transtorno de Ansiedade Devido à Outra Condição Médica. Cada um possui características próprias, somadas com as características gerais citadas anteriormente (DSM-5, 2013). REFERÊNCIA: DSM-3 DSM-4 DSM-4-TR DSM-5 Hospitalização e ansiedade: uma abordagem em saúde mental Em 1997, Gomes e Fraga pesquisaram sobre “doenças, hospitalização e ansiedade: uma abordagem em saúde mental”, buscando identificar os fatores geradores de ansiedade em pessoas hospitalizadas e como elas expressam seu desconforto ante à doença e à hospitalização com finalidade de abordar globalmente o indivíduo internado. A coleta de dados realizou-se entre abril e maio de 1996, com pessoas adultas internadas em um hospital-escola e apoiou-se em um roteiro para observação de situações ansiogênicas e em um roteiro de entrevista. Constataram-se como maiores preocupações dos pacientes: saber se a doença é curável, o tempo de internação, o trabalho e manutenção da família. Os mesmos ficaram mais tristes à noite e à tarde, períodos em que a equipe está reduzida, há mais silêncio e sentem solidão. Só um baixo percentual dos pacientes tem informações consistentes sobre a doença e o tratamento, e mesmo assim, o hospital, majoritariamente, é identificado como local bom pela possibilidade de cura, boa assistência e alimentação dispensadas. Presenciar o sofrimento e risco de morte do vizinho, ter alta, exames e procedimentos do tratamento suspensos ou retardados, ser comunicado da necessidade de operar-se ou de que a doença é incurável foram fatores ansiogênicos que se destacaram. Tanto nas reações imediatas quanto tardias às situações ansiogênicas predominam atitudes passivas como tristeza, choro, depressão e negativismo. Concluiu-se que a condição psíquica e emoções dos pacientes internados precisam ser contempladas em hospitais clínicos, privilegiando-se uma abordagem totalizante, com atenção especial para a agilização das intervenções e a consistência das informações a eles prestadas sobre sua saúde e tratamento. REFERÊNCIA: GOMES, L.; FRAGA, M. Hospitalização e ansiedade: uma abordagem em saúde mental. 1997. Propriedades psicométricas da tela para ansiedade infantil relacionadas à transtornos emocionais (SCARED): um estudo de replicação Em 1999, BIRMAHER et al, escreveu sobre "propriedades psicométricas da tela para ansiedade infantil relacionada a transtornos emocionais"; a pesquisa foi publicada no Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry. Para ampliar o trabalho sobre as propriedades psicométricas da tela para ansiedade infantil relacionadas à transtornos emocionais (SCARED), um instrumento de auto-relato infantil e parental foi usado para pesquisar crianças com transtornos de ansieade. A versão 41 do item do SCARED foi administrada em uma nova amostragem de 190 crianças ambulatoriais, adolescentes e 166 pais. A consistência interna, descriminante, e validade convergente foram ranqueadas. Utilizando análise de item e análises de fator na versão 41 do item, cinco fatores foram obtidos: Pânico/somático; Ansiedade Generalizada; Ansiedade de Separação; Fobia Social; e Fobia Escolar. No geral, o escore total e cada um dos cinco fatores para ambas as crianças e pais SCARED demonstrou boa consistência interna e validade descriminante (ambos entre transtornos de ansiedade, de depressão e de pertubação e dentro de transtornos de ansiedade). REFERÊNCIA: BIRMAHER, B.; BRENT, D; CHIAPPETTA, L.; BRIDGE, J.; MONGA, S.; BAUGHER, M. Psychometric properties of the screen for child anxiety related emotional disorders (SCARED): a replication study. 1999. Transtorno Obsessivo-compulsivo 39


Em 1999, Gonzalez realizou uma pesquisa sobre o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Esse transtorno é um quadro clínico caracterizado pela presença de obsessões e compulsões, como a preocupação com simetria e escupulosidades, medo de algo pode acontecer a si mesmo e lavagem de mãos, ordenação e arrumação e o colecionismo. A prevalência do TOC ao longo da vida na população geral varia de 2% a 3% e a prevalência anual é de 1,5%. Os sintomas têm início na infância ou na adolescência em um terço a metade dos casos. Os estudos de gêmeos mostram uma alta concordância de TOC entre gêmeos monozigóticos. Em alguns estudos de famílias observou-se um maior risco para TOC entre os familiares de pacientes com TOC. Os estudos de análise de segregação sugerem o envolvimento de um gene de efeito maior na etiologia do transtorno. Através de estudos moleculares, diferentes grupos de pesquisadores vêm tentando localizar um possível gene envolvido na etiologia do TOC. (Gonzalez, 1999). REFERÊNCIA: GONZALEZ, C. Transtorno obsessivo-compulsivo. 1999. Transtornos de Ansiedade Em 2000, Castillo, Recondo, Asbahr e Manfro, fizeram um estudo sobre os transtornos de ansiedade. Os transtornos ansiosos são quadros clínicos em que esses sintomas são primários, ou seja, não são derivados de outras condições psiquiátricas (depressões, psicoses, transtornos do desenvolvimento, transtorno hipercinético, etc.). São os quadros psiquiátricos mais comuns tanto em crianças quanto em adultos, com uma prevalência estimada durante o período de vida de 9% e 15% respectivamente, sendo que, em crianças e adolescentes, os transtornos ansiosos mais comuns são os de separação, ansiedade excessiva e as fobias específicas. Até a década de 80, havia a crença de que os medos e preocupações durante a infância eram transitórios e benignos. Reconhece-se hoje que podem constituir transtornos bastante frequentes, causando sofrimento e disfunção à criança ou ao adolescente. A identificação precoce dos transtornos de ansiedade pode evitar repercussões negativas na vida da criança, tais como o absenteísmo e a evasão escolar, a utilização demasiada de serviços de pediatria por queixas somáticas associadas à ansiedade e, possivelmente, a ocorrência de problemas psiquiátricos na vida adulta. (Castillo, Recondo, Asbahr e Manfro, 2000). REFERÊNCIA: CASTILLO, A. R.; RECONDO, R.; ASBAHR, F.; MANFRO, G. Transtornos de Ansiedade. 2000. Achados de neuroimagem no Transtorno Obsessivo-compulsivo Em 2001, Lacerda, Camargo e Dalgalarrondo realizaram um estudo sobre os achados de neuroimagem no Transtorno Obsessivo-Compulsivo. O TOC vem sendo reconhecido de modo crescente como uma condição neuropsiquiátrica, pois existem fortes evidências apontando para uma disfunção cerebral subjacente. Os estudos de neuroimagem estrutural e funcional no TOC vieram reforçar tais evidências, inclusive possibilitando a teorização acerca da fisiopatologia desse transtorno, a partir das conclusões dos seus mais variados desenhos de estudo. Os autores concluíram que os achados de neuroimagem mais consistentes no TOC referem-se, em ordem decrescente de importância, a alterações nas regiões órbito-frontais, núcleos da base, giro do cíngulo e tálamos. Portanto, apontam quase invariavelmente para alterações nas regiões que compõem o circuito pré-frontal-estriado-tálamo-cortical. O fato de este circuito ter papel fundamental no processamento cortical de informações, no início de respostas comportamentais ou cognitivas, aliado às evidências clínicas oriundas tanto de doenças neurológicas (por exemplo, perseveração) como do próprio TOC, faz pensar que as técnicas de neuroimagem propiciarão um salto qualitativo no entendimento fisiopatológico deste transtorno. REFERÊNCIA: LACERDA, A.; DALGALARRONDO, P.; CAMARGO, E. Achados de neuroimagem no transtorno obsessivo-compulsivo. 2001. Estudo duplo-cego e prospectivo da ansiedade no pré e pós-operatório imediato de revascularização do miocárdio com e sem circulação extracorpórea Carvalho (2001) realizou uma pesquisa extremamente específica que visava analisar, por meio de um estudo duplo-cego e prospectivo, a “ansiedade no pré e pós-operatório imediato de revascularização do miocárdio com e sem circulação extracorpórea”. Esta cirurgia pode ser feita 40


tanto com ou sem circulação extracorpórea. Ao seu uso, tem-se atribuído complicações não somente neurológicas como também neuropsicológicas no pós-operatório, sendo a maior taxa de incidência nas Disfunções Cognitivas. Este estudo duplo-cego avaliou a ansiedade no contexto cirúrgico e “comparou, no pósoperatório, dois grupos de pacientes submetidos à Revascularização do miocárdio, com ou sem Circulação extracorpórea”. Os resultados revelaram, na amostra, níveis elevados de Ansiedade-Traço e de Ansiedade-Estado e diversidade qualitativa nas ansiedades. “No pós-operatório imediato constatou-se; Grupo RM com Circulação extracorpórea; prevalência de sentimentos disruptivos, maior freqüência de alterações somatopsíquicas, conjunto de dados indicativo de tendência à ansiedade persecutória. Grupo RM sem Circulação extracorpórea: senso maior de integração psíquica, menor frequência de alterações somatopsíquicas, conjunto indicativo de tendência à ansiedade depressiva. Estas diferenças, significantes pelo teste U, Mann-Wintey, permitiram a identificação de ansiedades/núcleos de estados mentais associados à presença ou ausência de extracorpórea (AU)”. REFERÊNCIA: CARVALHO, M. Estudo duplo-cego e prospectivo da ansiedade no pré e pós-operatório imediato de revascularização do miocárdio com e sem circulação extracorpórea. 2001. Transtorno de Ansiedade Generalizada em idosos com oitenta anos ou mais Em 2001, Xavier, Ferraz, Trenti, Argimon, Bertollucci, Poyares e Moriguchi, em Transtornos de Ansiedade Generalizada em idosos com oitenta anos ou mais, buscaram descrever a prevalência de transtorno de ansiedade generalizada (TAG) em uma população de idosos residentes em uma comunidade e com idade acima de 80 anos e comparar os padrões de sono, a função cognitiva e a taxa de prevalência de outros diagnósticos psiquiátricos entre controles normais e sujeitos com TAG. Para o diagnóstico de TAG, foram utilizados os critérios do "Diagnostic and statistical manual of mental disorders" (DSM-4). Selecionou-se uma amostra randômica e representativa de 77 sujeitos (35%), residentes em uma comunidade, entre todos os idosos com idade acima de 80 anos do município Veranópolis, RS. Os padrões de sono foram aferidos pelo índice de qualidade de sono de Pittsburgh e pelo diário sobre sono/vigília a ser preenchido ao longo de duas semanas. Cinco testes neuropsicológicos foram usados na avaliação cognitiva: teste das lembranças seletivas de Buschke-Fuld; lista de palavras da bateria CERAD (Consortium to Establish a Registry for Alzheimer's Disease); teste de fluência verbal e dois subtestes da escala de memória Wechsler. A prevalência estimada de TAG foi de 10,6%, cuja presença estava associada a uma maior ocorrência de depressão clinicamente diagnosticável, com um significativo maior número de sintomas depressivos, quando medidos pela escala de depressão geriátrica, e com uma maior ocorrência de depressão menor. Os padrões de sono e o funcionamento cognitivo entre sujeitos com TAG não estavam afetados. A gravidade das doenças físicas não variava entre sujeitos com TAG e os controles normais. A presença de TAG estava associada a um significativo pior padrão de qualidade de vida relativa à saúde. Em comparação com os estudos prévios, a prevalência de TAG é alta entre a população de idosos mais velhos. Esse transtorno ocorre em frequente associação com a sintomatologia depressiva e também está associado a um pior padrão de qualidade de vida relativa à saúde. REFERÊNCIA: XAVIER, F. Transtorno de Ansiedade Generalizada em idosos com oitenta anos ou mais. 2001. Transtorno de Estresse Pós-traumático: formulação diagnóstica e questões sobre comorbidade Em 2001, Filho e Sougey realizaram uma pesquisa sobre o transtorno de estresse póstraumático. O objetivo da pesquisa foi o de contribuir para o conhecimento do TEPT no Brasil por meio da atualização crítica dos principais aspectos relacionados à sua apresentação clínica e formulação diagnóstica, trazendo também à tona os questionamentos e as respostas disponíveis acerca de sua validade conceitual e comorbidade de outros transtornos psiquiátricos. 41


O método utilizado para a pesquisa foi a descrição da sintomatologia clínica, detendo-se em seu significado fenomenológico, e revisão da literatura sobre comorbidade e validação diagnóstica. Foram utilizados os bancos de dados Medline, Lilacs e Pilots (instrumento de pesquisa bibliográfica eletrônica vinculada ao National Center of Post Traumatic Stress Disorder – principal centro de pesquisas americano sobre o assunto). Filho e Sougey concluíram que a estruturação diagnóstica do TEPT, especialmente a validade do constructo, vem sendo confirmada por evidências crescentes oriundas de estudos de natureza epidemiológica e neurobiológica. A prevalência de transtornos comórbidos próxima a 80% desperta a atenção sobre a maneira em que é conceituado o diagnóstico. Questiona-se se a imprecisão descritiva dos critérios diagnósticos, permitindo a sobreposição de sintomas de outros transtornos, não estaria contribuindo para uma superestimação da prevalência comórbida. REFERÊNCIA: FILHO, J.; SOUGEY, E. Transtorno de estresse pós-traumático: formulação diagnóstica e questões sobre comorbidade. 2001. Tratamento farmacológico do transtorno de ansiedade generalizada: perspectivas futuras Em 2001, Andreatini, Boerngen, e Zorzetto pesquisaram sobre o Tratamento farmacológico do transtorno de ansiedade generalizada: perspectivas futuras. A pesquisa foi realizada no Departamento de Farmacologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Departamento de Medicina Forense e Psiquiatria da UFPR. Programa de Transtornos de Humor e Ansiedade do Hospital de Clínicas da UFPR. Curitiba, PR, Brasil. O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) está entre os transtornos da ansiedade e, consequentemente, transtornos mentais mais frequentemente encontrados na clínica. Embora visto inicialmente como um transtorno leve, atualmente se avalia que o TAG é uma doença crônica, associado a uma morbidade relativamente alta e a altos custos individuais e sociais. Nos últimos anos, tem-se assistido a um grande avanço no tratamento farmacológico dos transtornos da ansiedade, devido ao desenvolvimento de novos medicamentos. As pesquisas pré-clínicas apresentam resultados obtidos em modelos animais de ansiedade. Em decorrência de a ansiedade ser um conceito que descreve um estado subjetivo, ela é considerada uma característica humana. Por isso, na melhor das hipóteses, ela pode ser apenas modelada e não reproduzida em animais. Modelos animais de ansiedade úteis devem: (1) reproduzir características comportamentais e patológicas da síndroma de ansiedade; (2) permitir investigação de mecanismos neurobiológicos que não são facilmente estudados no homem; e (3) permitir avaliação confiável de agentes ansiolíticos, assim como identificar efeitos ansiogênicos de drogas e toxinas. Fazem parte dos tratamentos atuais estudados na pesquisa: Benzodiazepínicos (BZD), Buspirona, Antidepressivos (ADT), Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRSNA), Anti-histamínicos, Antipsicóticos e Fitoterápicos, entre outros. “Apesar dos avanços observados no tratamento do TAG nos últimos anos, estima-se que menos de 50% dos pacientes apresentem uma remissão total da sintomatologia, indicando a necessidade de continuidade da pesquisa pré-clínica e clínica nesse campo.” REFERÊNCIA: ANDEATINI, R.; BOERNGEN, R.; ZORZETTO, D. Tratamento farmacológico do transtorno de ansiedade generalizada: perspectivas futuras. 2001. Avaliação da qualidade de vida de pacientes com fobia social Em 2002, Lima, Lotufo-Neto E Savoia, em “Avaliação da qualidade de vida de pacientes com fobia social”, investigaram se tratamento farmacológico e psicoterápico promove a melhora da qualidade de vida em uma amostra de ansiedade social. Os autores afirmam que o conceito de qualidade de vida teve um efeito paradigmático na medicina psicossomática enfocado nas medidas da angustia psicológica e que a obtenção de melhora se dá através de tratamento medido por escalas de avaliação de qualidade de vida. Uma amostra seleciona 50 pacientes de 148 pacientes do projeto "Avaliação da eficácia de inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS) e da adição de terapia cognitiva comportamental (TCC) no tratamento agudo e de manutenção da Fobia Social". Para verificar se houve melhora na qualidade de vida foi aplicada a versão traduzida e validada da "Winsconsin Quality of Life Index" (W-QLI) antes e após o tratamento combinado. 42


Foram analisados 25 pacientes, 14 homens e 11 mulheres, entre 22 e 50 anos, divididos em quatro grupos. G1 (TCC+ ISRS) apresentou um aumento no nível de satisfação de 2,83% com as atividades do cotidiano em relação ao G4 (T. Apoio+Placebo). Nos objetivos comuns, relacionamento social e elevação da autoestima obtiveram 8% (escala de 0-10) no domínio nível de importância. Após as 20 semanas, o G2 (T. Apoio+ISRS) obteve uma média de 5% no alcance dos objetivos em relação ao G1 (média de 4,7%). Alguns fatores contribuíram para uma pequena melhora na qualidade de vida destes pacientes como 44% apresentaram traços de personalidade importante dificultando a aderência ao tratamento. REFERÊNCIA: LIMA, LOTUFO-NETO; SAVOIA. Avaliação da qualidade de vida de pacientes com fobia social. 2002. Estudo retrospectivo da associação entre transtorno de pânico em adultos e transtorno de ansiedade na infância Em 2002, Manfro, Isolan, Blaya, Santos e Silva fizeram um estudo retrospectivo da associação entre transtorno de pânico em adultos e transtorno de ansiedade na infância. Como objetivo do artigo, eles consideram que a etiologia do transtorno do pânico (TP) é provavelmente multifatorial, incluindo fatores genéticos, biológicos, cognitivo-comportamentais e psicossociais que contribuem para o aparecimento de sintomas de ansiedade, muitas vezes durante a infância. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre história de transtornos de ansiedade na infância e transtorno do pânico na vida adulta. A população de estudo de Manfro, Isolan, Blaya, Santos e Silva consistiu em 84 pacientes, sendo 64 (76,2%) mulheres e 20 (23,8%) homens, provenientes do Ambulatório de Transtornos de Ansiedade do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), com diagnóstico de TP, segundo o DSM-IV, selecionados por meio do método de amostragem consecutiva. Os pacientes entravam no estudo em diferentes pontos do curso de sua doença, incluindo o início do tratamento, durante manutenção da medicação e enquanto descontinuavam a medicação. A análise dos dados foi feita por meio do programa SPSS (versão 6.0) para Windows. Observou-se que 59,5% dos pacientes adultos com TP apresentavam história de ansiedade na infância. Encontrou-se uma associação significativa entre a presença de história de transtorno de ansiedade generalizada na infância e a presença de comorbidades com o TP na vida adulta, como Agorafobia (p=0,05) e Depressão (p=0,03). Este estudo sugere que a história de transtorno de ansiedade na infância pode ser considerada um preditor de maior gravidade para o transtorno do pânico na vida adulta. (Manfro, Isolan, Blaya, Santos e Silva, 2002). REFERÊNCIA: MANFRO, G; ISOLAN; BLAYA; SANTOS; SILVA. Estudo retrospectivo da associação entre transtorno de pânico em adultos e transtorno de ansiedade na infância. 2002. Gravidez na adolescência: prevalência de depressão, ansiedade e ideação suicida Em 2002, Freitas e Botega, em “Gravidez na adolescência: prevalência de depressão, ansiedade e ideação suicida”, buscaram determinar a prevalência de depressão, ansiedade e ideação suicida em adolescentes grávidas, nos três trimestres da gestação; e de verificar possíveis associações entre ideação suicida e depressão, ansiedade, história de abuso sexual, de agressão física, de tentativa de suicídio anterior, intenção de engravidar, período gestacional, situação conjugal e apoio social. A amostra do estudo foi composta por 120 adolescentes grávidas (40 de cada trimestre gestacional), de 14-18 anos, atendidas em um serviço público de pré-natal. Utilizou-se a Entrevista Clínica Estruturada-edição revisada (CIS-R), a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) e a Escala de Ideação Suicida de Beck. A análise estatística utilizou os testes do Qui-quadrado de Fisher e o teste U de Mann-Whitney. Foram encontrados 28 (23,3%) casos de ansiedade, 25 (20,8%) de depressão e 19 (16,7%) de ideação suicida. Não houve diferenças nesses quadros nos trimestres gestacionais. Tentativa de suicídio anterior à gravidez foi relatada por 16 (13,3%) adolescentes. A ideação suicida associou-se com depressão (p = 0,001), ser solteira sem namorado (p = 0,01) e contar com pouco apoio social (p = 0,001). Os casos de ideação suicida apresentaram alta frequência de falta de concentração, ansiedade, depressão, preocupações, obsessões, idéias depressivas, fadiga, preocupações com o funcionamento do corpo e compulsões. As idéias depressivas foram o 43


sintoma comum para os casos de depressão, de ansiedade, de ideação suicida e de tentativa de suicídio anterior. O grupo apresentou-se heterogêneo quanto à saúde mental. No entanto, diante da frequência com que se observam quadros de depressão, ansiedade e ideação suicida em adolescentes, recomenda-se aos profissionais de saúde atenção para detectar a presença de ideias depressivas em adolescentes grávidas. REFERÊNCIA: FREITAS, G.; BOTEGA, N. Gravidez na adolescência: prevalência de depressão, ansiedade e ideação suicida. 2002. Ampliando o conhecimento sobre o Transtorno de Ansiedade Generalizada Em 2003, Cristhiane Luiza Furquim do Nascimento, Fernanda Carolina Alves Morgado, Monice Kattar Giovanni e Manuel Morgado Resende pesquisaram sobre “o conhecimento sobre o transtorno de ansidade generalizada” com o objetivo de aprofundar os conceitos de Transtorno de Ansiedade Generalizada, caracterizado por ansiedade excessiva, com motivos desproporcionais, geralmente crônico e duradouro, com duração de mais de seis meses. Eles consideram que a ansiedade é dividida entre patológica (onde o indivíduo pode ter a sua ação restringida no meio social) e normal. “Desta forma o maior conhecimento do transtorno de ansiedade generalizada é um veículo de desmistificação que possibilita um conhecimento mais profundo do mesmo e, a plena aceitação de um tratamento adequado, beneficiando os portadores do transtorno, assim como todos os envolvidos…” (Nascimento, Morgado, Giovanni e Resende, 2003, p.1951). A pesquisa baseou-se no DSM-4, com consultas diretas a livros e meios virtuais bibliográficos, em autores clássicos e pós-modernos, destacando como o transtorno de ansiedade generalizada afeta as fases da vida. Ademais, fora realizada uma entrevista com uma profissional no ramo de Psicologia, responsável pelo Programa de Saúde Mental de Taubaté, São Paulo. Desse modo, conclui-se que as pessoas que possuem o Transtorno de Ansiedade Generalizada aguardam ansiosamente pelo futuro (próximo ou distante) com uma visão negativa e preocupante sobre os acontecimentos que estão por vir, preocupando-se em receber uma notícia ruim ou o acontecimento de uma tragédia. O transtorno pode aparecer em qualquer fase da vida, repercutindo em intensidade e maneira diferente a cada uma. A criança assemelha-se com o adulto, pois se encontra constantemente tensa e apreensiva, preocupando-se excessivamente com o julgamento alheio sob suas ações. Nos idosos, esse transtorno está correlacionado a episódios depressivos e a menor satisfação com a vida. REFERÊNCIA: NASCIMENTO, C.; NASCIMENTO; MORGADO; GIOVANNI; RESENDE. Ampliando o Conhecimento Sobre o Transtorno de Ansiedade Generalizada. 2003. Fobia social e transtorno de pânico: relação temporal com dependência de substâncias psicoativas Em 2003, Terra, Athayde e Figueira pesquisaram “Fobia social e o Transtorno de Pânico e sua relação temporal com dependência de substâncias psicoativas”. O objetivo da pesquisa é estudar a comorbidade, transtorno de pânico ou fobia social/dependência de substância psicoativa, quanto à ordem de início dos diferentes transtornos, ou seja, estabelecer o relacionamento temporal entre o início do transtorno de ansiedade e o aparecimento da dependência de substância psicoativa. Foi realizado um estudo transversal, sendo examinados, consecutivamente, 48 pacientes dependentes de substâncias psicoativas (álcool, cocaína, maconha), que estavam internados na Clínica Pinel, em Porto Alegre. Os pacientes foram entrevistados após estarem há, pelo menos, 7 dias internados e em abstinência. Foi desenvolvido um instrumento para coletar as seguintes variáveis: ordem de início das diferentes comorbidades e a relação entre a fobia social e o transtorno de pânico e o uso de drogas. Após a realização da pesquisa, Terra, Athayde e Figueira chegaram aos seguintes resultados: apenas 1 dos 48 (2%) pacientes examinados apresentou transtorno de pânico. Onze dos 48 (23%) pacientes apresentaram ataques de pânico, mas em todos estes os ataques ocorriam ou durante a intoxicação ou como parte da síndrome de abstinência. Dos 48 pacientes, 16 (33 %) apresentavam fobia social. Além desses, 1 paciente (2%) apresentou ataques fóbicos sociais, 44


apenas quando intoxicado. Entre os 21 pacientes que usavam apenas álcool, 9 (43%) tinham fobia social. REFERÊNCIA: TERRA, M.; FIGUEIRA, I.; ATHAYDE, L. Fobia social e transtorno de pânico: relação temporal com dependência de substâncias psicoativas. 2003. Padrão do ciclo sono-vigília e sua relação com a ansiedade em estudantes universitários Em 2003, Almondes e Araújo realizaram uma pesquisa acerca do “padrão do ciclo sonovigília e sua relação com a ansiedade em estudantes universitários”. Os autores revelaram que os estudantes de medicina tinham muitos traços de ansiedade, que podem ser relacionados com um padrão de sono irregular caracterizado pela curta duração do sono nos dias de semana e compensação da privação com longos períodos nos finais de semana. Almondes e Araújo pesquisaram as relações entre o ciclo sono-vigília e a ansiedade em 37 alunos de uma turma do 4º período do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sendo 20 do sexo masculino e 17 do feminino, com idade média de aproximadamente 21 anos. Esses alunos responderam a três questionários: O questionário de hábitos do sono, para avaliar o padrão geral, o questionário Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP), para quantificar a qualidade do sono, e por último o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), para medir o estado e traços de ansiedade. Os autores realizaram comparações entre o sexo feminino e masculino, além de entre alunos que já possuíam características de personalidade ansiosa e os que não as possuíam. A partir desse estudo, concluíram que “o traço de ansiedade como fator endógeno que influencia a expressão temporal do padrão do ciclo sono-vigília, e que a irregularidade do ciclo sono-vigília devido aos horários escolares e as demandas acadêmicas (fatores exógenos) parece contribuir para aumentar o estado de ansiedade.” (Almondes e Araújo, 2003). REFERÊNCIA: ALMONDES, K.M.; ARAÚJO, J.F. Padrão do ciclo sono-vigília e sua relação com a ansiedade em estudantes universitários. 2003. Relação entre estressores, estresse e ansiedade Em março de 2003, Margins, Picon, Cosner e Silveira publicaram um estudo que avaliava a “relação entre estressores, estresse e ansiedade”. Definiram estresse como “o estado gerado pela percepção de estímulos que provocam excitação emocional e, ao perturbarem a homeostasia, disparam um processo de adaptação caracterizado, entre outras alterações, pelo aumento de secreção de adrenalina produzindo diversas manifestações sistêmicas, com distúrbios fisiológico e psicológico”. Logo, o termo estressor faz referência ao evento ou estímulo que conduz ao estresse— ou seja, a percepção do indivíduo em relação à capacidade de resposta às demandas do meio. Essa resposta se dá no nível cognitivo, comportamental, fisiológico, além de influências ambientais e genéticas. Em relação à ansiedade, os atores citam que “A relação etiológica entre a exposição a eventos de vida estressores e o surgimento de sintomas e transtornos de ansiedade em geral, apesar de plausível, tem sido pouco estudada. Pouco se sabe sobre como as mudanças na carga de estresse ao longo do tempo se relacionam com as mudanças nos sintomas prodrômicos de ansiedade e no desenvolvimento de um transtorno de ansiedade”. Porém, concluíram que “O desenvolvimento de um transtorno está diretamente relacionado à freqüência e duração de respostas de ativação provocadas por situações que o sujeito avalia como estressoras para si”. Além disso, foi ressaltada a importância dos fatores genéticos na resposta ao estresse, assim como as capacidades particulares de interpretar, avaliar e criar estratégias de enfrentamento. Por fim, constatou-se que é necessário reunir mais dados em relação aos sintomas ansiosos frente a momentos de estresse. REFERÊNCIA: MARGIS, R.; PICON, P.; COSNER, A.; SILVEIRA, R. Relação entre estressores, estresse e ansiedade. 2003. Situações geradoras de ações geradoras de ansiedade e estratégias para seu controle entre enfermeiras: estudo preliminar Em 2003, Barros, Humerez, Fakih e Michel realizaram uma pesquisa sobre as situações geradoras de ansiedade e estratégias para seu controle entre enfermeiras, com o objetivo de 45


identificar situações que são consideradas fontes geradoras de ansiedade, na atuação cotidiana das enfermeiras, e identificar estratégias conscientes utilizadas pelas mesmas para diminuir os níveis de ansiedade. Foram também apontados os mecanismos utilizados pelas enfermeiras para enfrentar a ansiedade, tanto nos momentos de crise como no seu cotidiano. A pesquisa foi desenvolvida no Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo, no município de São Paulo, no ano de 1999, ocasião em que foi entregue um questionário a um grupo de 54 enfermeiras do sexo feminino com idades entre 25 e 35 anos. O questionário continha perguntas abertas e fechadas, com itens que a literatura relaciona como motivo de aumento do nível de ansiedade e os exemplos de estratégias utilizadas para minimizar seu impacto. Os dados foram agrupados em categorias de respostas e apresentados em números absolutos e percentuais, sendo que o sujeito poderia escolher mais de uma alternativa. Depois da realização da pesquisa, Barros, Humerez, Fakih e Michel concluíram que os fatores relacionados ao gerenciamento que podem gerar ansiedade, reconhecidos pelas enfermeiras como situações inesperadas, estão centrados basicamente na falta de material, roupa e medicamentos, bem como na falta de pessoal. As situações inesperadas que mais levam à ansiedade, originadas pelo relacionamento interpessoal, são: a relação com a família do paciente, com a equipe de enfermagem e com o serviço de manutenção. Das situações do cotidiano que mais geram ansiedade, relacionadas à assistência de enfermagem ao paciente são destacados a Assistência de Enfermagem e os procedimentos de alta complexidade. Airaksinena, Larssonbc e Forsella publicaram o artigo “Neuropsychological functions in anxiety disorders in population-based samples: evidence of episodic memory dysfunction” no ano de 2004, cujo objetivo era de examinar se pessoas diagnosticadas com ansiedade mostravam danos neuropsicológicos relacionados a controles de funções saudáveis, como memória episódica, fluência verbal, velocidade psicomotora e funcionamento executivo. Amostras baseadas na população que compreendem indivíduos afetados por transtorno de pânico com agorafobia (n = 33), fobia social (n = 32), transtorno de ansiedade generalizada (n = 7), transtorno obsessivo-compulsivo (n = 16) e Fobia específica (n = 24) foram comparadas com controles saudáveis (n = 175) no desempenho do teste. Em geral, o grupo de transtorno de ansiedade total apresentou comprometimento significativo na memória episódica e no funcionamento executivo. Análises separadas no respectivo subgrupo de ansiedade indicaram que o transtorno de pânico com agorafobia e Transtorno Obsessivo-compulsivo estava relacionado a deficiências na memória episódica e no funcionamento executivo. Além disso, a fobia social foi associada à disfunção da memória episódica. A fluência verbal e a velocidade psicomotriz não foram afetadas pela ansiedade. Fobia específica e Transtorno de Ansiedade Generalizada não afetaram o funcionamento neuropsicológico. REFERÊNCIA: BARROS, A. et al. Situações geradoras de ações geradoras de ansiedade e estratégias para seu controle entre enfermeiras: estudo preliminar. 2003. Avaliação de sintomas de ansiedade e depressão em mães de neonatos pré-termo durante e após hospitalização em UTI-Neonatal Em 2004, Padovani, Linhares, Carvalho, Duarte E Martinez pesquisaram acerca da “avaliação de sintomas de ansiedade e depressão em mães de neonatos pré-termo durante e após hospitalização em UTI-Neonatal”. Os autores afirmam que, no contexto do nascimento prematuro de um bebê, a família passa por um evento estressante, no qual se depara com uma situação imprevisível e precisa lidar com a separação do bebê e com a distorção da “imagem ideal” que havia. Isso eleva os níveis de ansiedade e os sentimentos de melancolia e tristeza. Os autores pesquisaram esse fenômeno em um grupo de 90 mães de recém-nascidos prétermos de muito baixo peso internados na UTIN e no Berçário de Alto Risco dos Setores de Neonatologia e Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Clínicas da FMRP-USP. Foram utilizados os instrumentos: Entrevista Clínica Estruturada para DSM-3-R (com o intuito de excluir as mães com antecedentes psiquiátricos), IDATE - Inventário de Ansiedade Traço-Estado e BDI - Inventário de Depressão de Beck. Uma primeira avaliação foi realizada no período de internação do bebê, a qual revelou que 44% das mães apresentavam sintomas de ansiedade, disforia ou depressão. Na segunda 46


avaliação, feita após a alta hospitalar do bebê, 26% das mães apresentavam esses sintomas. Essa diminuição significativa demonstra a relação do estado de ansiedade com este “estado emocional transitório marcado por sentimentos desagradáveis de tensão e apreensão reativos à situação de internação do bebê na UTIN.” (Padovani e colaboradores, 2004) e que é necessário um suporte psicológico para essas mães enfrentarem este evento estressante. REFERÊNCIA: PADOVANI, F.; LINHARES, M.; CARVALHO, A.; DUARTE, G.; MARTINEZ, F. Avaliação de sintomas de ansiedade e depressão em mães de neonatos pré-termo durante e após hospitalização em UTI-Neonatal. 2004. Neuroanatomia do Transtorno de Pânico Em 2004, Mezzasalma, Valença, Lopes, Nascimetno, Zin E Nardi, em “Neuroanatomia do Transtorno de Pânico”, buscaram realizar uma revisão da literatura sobre neurobiologia e neuroanatomia do TP. Por meio deste estudo, identificaram que há uma espécie de “rede do medo”, com ponto principal no núcleo da amígdala, envolvendo o hipotálamo, o tálamo, o hipocampo, a substância cinzenta periaquedutal e o locus ceruleus. A presença da rede é evidenciada em estudos de estados emocionais em animais e pode ser extrapolada para o transtorno em humanos, podendo permitir que novos avanços e estudos utilizando técnicas de neuroimagem e/ou psicofármacos possam auxiliar na maior elucidação de circuitos cerebrais do TP. REFERÊNCIA: MEZZASALMA, M. et al. Neuroanatomy of panic disorder. 2004. Instrumentos de avaliação do transtorno de ansiedade social Em 2005, Osório, Crippa, e Loureiro pesquisaram os instrumentos de avaliação do transtorno de ansiedade social. Os autores consideram que o transtorno de ansiedade social (TAS) é um distúrbio de difícil diagnóstico pelos clínicos, o que estimula o estudo e desenvolvimento de instrumentos que favoreçam seu reconhecimento precoce e sistemático. Apesar do TAS ser o mais frequente transtorno de ansiedade e responder a terapia medicamentosa e psicoterápica, a busca por tratamento é pequena, sendo também uma condição muitas vezes subestimada e subreconhecida pelos clínicos. Foram analisados estudos já realizados anteriormente. Foi evidenciado que os mesmos têm assegurado boas qualidades psicométricas. Contudo, faz-se necessário aprimorar o estudo de tais qualidades psicométricas por meio de estudos empíricos que tenham por delineamento o rastreamento em populações clínicas e não clínicas de indivíduos com TAS, e em pessoas mais jovens, com rigoroso controle quanto às comorbidades. REFERÊNCIA: OSÓRIO, F.; CRIPPA, J.; LOUREIRO, S. Instrumentos de avaliação do transtorno de ansiedade social. 2005. Ansiedade competitiva de adolescentes: gênero, maturação, nível de experiência e modalidades esportivas Em 2006, Bertoul e Valentini, pesquisaram sobre “ansiedade competitiva de adolescentes: gênero, maturação, nível de experiência e modalidades esportivas”. A principal razão para adolescentes e crianças se envolverem com práticas esportivas seria a busca do prazer através da atividade desenvolvida. Entretanto, a pressão dos pais para a vitória do filho tem sido considerada, em diversos estudos, como um dos fatores geradores de níveis altos de ansiedade e estresse pré-competitivo. Este estudo investigou os níveis de ansiedade competitiva em 68 adolescentes atletas (33 do sexo masculino e 35 do sexo feminino) na faixa etária de 12 a 16 anos. Todos os participantes foram avaliados utilizando-se o Sport Competition Anxiety Test – SCAT e categorizados em termos de maturação biológica. Inicialmente, foram realizadas auto-avaliações da maturação biológica, as quais foram reportadas ao pesquisador. O SCAT foi aplicado individualmente em eventos estaduais, 30 minutos antes da competição. As diferenças nos níveis de ansiedade competitiva entre gêneros, estágio maturacional, modalidades praticadas e o nível de experiência competitiva foram analisados utilizando-se testes t-independentes. Níveis de ansiedade significativamente mais elevados foram encontrados para atletas do atletismo, atletas pós-púberes e atletas experientes. 47


Em geral, o nível de ansiedade competitiva demonstrado por atletas adolescentes foi moderado, o que é considerado por muitos autores como ideal para um desempenho adequado, pois o atleta direciona sua atenção somente para a tarefa específica. Diferenças individuais, fatores sociais e a personalidade são fatores importantes a serem considerados no estudo da ansiedade, pois o atleta pode perceber a ansiedade como sendo positiva e facilitadora ou negativa e prejudicial ao seu desempenho, independentemente de o nível ser classificado como baixo, médio ou alto. REFERÊNCIA: BERTUOL, L.; VALENTINI, N. Ansiedade competitiva de adolescentes: gênero, maturação, nível de experiência e modalidades esportivas. 2006. Ansiedade em adolescentes portadores de Diabetes mellitus Em 2006, Ballas, Alves e Duarte pesquisaram sobre “ansiedade em adolescentes portadores de Diabetes Mellitus” com o objetivo de identificar o nível de ansiedade em portadores adolescentes de diabetes, visto que a ansiedade é uma característica típica da adolescência e que os portadores de diabetes apresentam traços peculiares na personalidade em função da presença da doença, através do IDATE (Inventário de Ansiedade Traço e Estado). A pesquisa foi realiza com 62 adolescentes participantes, numa média de 17 anos de idade, sendo metade sadia, e metade portadora de diabetes, 36 do sexo feminino e 36 do sexo masculino. Os instrumentos utilizados foram: termos de consentimento com esclarecimentos sobre a pesquisa, assinados pelos participantes, pais ou responsáveis; e questionários de identificação e a aplicação do IDATE. As aplicações foram individuais com duração de aproximadamente 20 minutos, geralmente na residência do participante, com seu respectivo consentimento. Os resultados não demonstraram diferenças estaticamente significantes ao comparar os dois grupos participantes, embora ambos (sadios e diabéticos) possuam uma média menor do que a considerada normal. Fora observado então que não há diferenças entre diabéticos e sadios neste quesito, mas sim para com os adolescentes em geral ao comparar a média normal do teste aplicado. “Os resultados do IDATE parecem evidenciar que, apesar da negação e da projeção, os adolescentes portadores de diabetes não conseguem deixar de viver a doença com tudo o que lhes impõe e, consequentemente, mostram uma tendência à depressão. Já os adolescentes sadios mostram seus conflitos de modo explícito: crescer é difícil.” (Ballas, Alves e Duarte, 2006). REFERÊNCIA: BALLAS, Y.; ALVES, I.; DUARTE, W. Ansiedade em adolescentes portadores de Diabetes mellitus. 2006. Ansiedade ao tratamento odontológico em estudantes do ensino fundamental Em 2007, Bottan, Oglio e Araújo, pesquisaram sobre “ansiedade ao tratamento odontológico em estudantes do ensino fundamental”. O objetivo do estudo era identificar o percentual de estudantes com ansiedade ao tratamento odontológico. O estudo foi realizado envolvendo 976 escolares de 9 a 17 anos, de três escolas públicas situadas no perímetro urbano do município de Campos Novos (SC). O instrumento para coleta de dados foram questionários adaptados da escala Dental Anxiety Scale (DAS) e Dental Fear Survey (DFS). Os resultados demonstraram que 84% dos sujeitos manifestaram ansiedade; a maioria foi classificada com baixa ansiedade. As meninas são um pouco mais ansiosas (87%) do que os meninos (81%). A relação entre faixa etária e percentual de sujeitos com ansiedade indica uma redução da frequência para aqueles com mais idade. As respostas fisiológicas mais citadas foram aceleração dos batimentos cardíacos e tremores. Os fatores desencadeadores foram ver ou ouvir a broca e a anestesia. A maioria (84,5%) afirmou ter consultado o dentista nos dois últimos anos, e 63,5% apontou como causas da consulta as situações de ordem curativa. Após a análise dos dados e com base na literatura revisada, conclui-se que, nesse grupo, a ansiedade ao tratamento odontológico apresenta-se com percentuais altos. REFERÊNCIA: BOTTAN, E.; OGLIO, J.; ARAÚJO, S. Ansiedade ao tratamento odontológico em estudantes do ensino fundamental. 2007. Ansiedade materna nos períodos pré e pós-natal: revisão da literatura 48


Em 2007, Correia e Linhares pesquisaram a ansiedade materna nos períodos de pré e pósnatal, com o objetivo de analisar a produção científica entre 1998 e 2003 de estudos empíricos sobre a temática ansiedade materna – nas fases pré e pós-natal –, focalizando tanto nascimentos pré-termo quanto a termo. Quando ocorrem desordens psicopatológicas maternas, essas podem causar efeitos deletérios ao desenvolvimento infantil. Há três possíveis razões para esse impacto, a saber: o efeito direto na criança exposta à desordem mental dos pais, o impacto indireto da desordem parental nas relações interpessoais e a presença de adversidades comumente associadas a desordens psiquiátricas. Procedeu-se a busca exclusivamente de artigos empíricos indexados em bases de dados eletrônicas (MedLine, PsycInfo e Lilacs). Do total de 19 estudos, seis (31%) avaliaram a ansiedade materna na fase pré-natal. Doze (63%) avaliaram a ansiedade materna apenas no período pós-natal, em estudos de corte transversal. E apenas um realizou a avaliação da ansiedade em dois momentos, nas fases pré-natal e pós-natal, com delineamento de comparação entre amostras pareadas de mães de bebês nascidos a termo. Ao final do estudo, Correia e Linhares chegaram à conclusão de que a presença de altos níveis de ansiedade em mães, independentemente da condição de nascimento do bebê e do momento da avaliação, constitui potencial fator de risco tanto para o equilíbrio emocional materno, quanto para o desenvolvimento da criança, mesmo no período fetal. A identificação dos níveis de ansiedade materna permite que medidas de intervenção precoce sejam adequadamente implementadas, e que possíveis efeitos de altos níveis de ansiedade materna relacionados a prejuízos ao desenvolvimento do bebê pré-termo possam ser prevenidos ou, quando inevitáveis, neutralizados. REFERÊNCIA: CORREIA, L.; LINHARES, M. Ansiedade materna nos períodos pré e pós-natal: revisão da literatura. 2007. Os prejuízos funcionais de pessoas com Transtorno de Ansiedade Social: uma revisão Em 2007, Morais, Crippa e Loureiro pesquisaram sobre os prejuízos funcionais de pessoas com Transtorno de Ansiedade Social. Os autores afirmam que o Transtorno de Ansiedade Social (TAS) é caracterizado pelo medo acentuado e persistente de situações sociais ou de desempenho em tarefas frente às quais o indivíduo sente vergonha e temor de exposição, experimentando invariavelmente uma resposta imediata de ansiedade. Dentre as práticas multidisciplinares de saúde mental, destaca-se a relevância de tais estudos para a terapia ocupacional, considerando que os prejuízos funcionais, como as dificuldades na participação em atividades profissionais, sociais, de lazer e de autocuidado, assim como as restrições próprias de um cotidiano empobrecido, constituem-se o foco principal de estudo e das intervenções dessa área. REFERÊNCIA: MORAISI, L.; CRIPPA, J.; LOUREIRO, S. Os prejuízos funcionais de pessoas com transtorno de ansiedade social: uma revisão. 2007. Tratamento do Transtorno de Ansiedade Social em crianças e adolescentes Em 2007, Isolan, Pheula e Manfro pesquisaram sobre o tratamento do Transtorno de Ansiedade Social em crianças e adolescentes. Os autores consideram o Transtorno de Ansiedade Social como um transtorno incapacitante e altamente prevalente em crianças e adolescentes ao longo da vida. Se não tratado, pode interferir no funcionamento emocional, social e escolar. Durante os últimos anos, o Transtorno de Ansiedade Social (TAS) na infância e na adolescência tem sido descrito como um transtorno psiquiátrico prevalente, incapacitante e associado com prejuízos importantes ao longo do desenvolvimento do indivíduo. Embora existam poucos ensaios clínicos controlados avaliando o tratamento farmacológico em crianças e adolescentes com TAS, os dados atuais amparam o uso dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina como o tratamento farmacológico de primeira escolha nessa condição. REFERÊNCIA: ISOLAN, L; PHEULA, G.; MANFRO, G. Tratamento do transtorno de ansiedade social em crianças e adolescentes. 2007. Habilidades sociais na agorafobia e fobia social 49


Em 2008, Levitan, Rangé e Nardi realizaram uma pesquisa sobre as habilidades sociais na Agorafobia e Fobia Social (FS). Os transtornos ansiosos são frequentemente associados ao déficit de habilidades sociais (HS). A fobia social é o quadro mais relacionado a esse déficit, enquanto a agorafobia é desconsiderada. O objetivo deste artigo é investigar essa associação por meio de uma revisão da literatura. Foi realizada uma busca eletrônica nas bases de dados PsycINFO, MEDLINE e SCIELO, além das referências dos trabalhos selecionados. Os autores concluíram que os resultados da pesquisa reforçam a hipótese de que indivíduos ansiosos socialmente sofrem de déficit em HS, porém a relação entre esse déficit e a ansiedade social ainda não é bem entendida. Sem estudos longitudinais, não é possível identificar os fatores antecedentes da FS. Resultados mais conclusivos sobre a associação da agorafobia e FS mostram-se de suma importância na elaboração de protocolos de tratamento. Se for detectado um déficit em HS em pacientes com FS, o treino em HS irá produzir os melhores resultados, logo deve ser considerado como o tratamento padrão para esse quadro. REFERÊNCIA: LEVITAN, M.; NARDI, B. Habilidades sociais na agorafobia e fobia social. 2008. Do Transtorno de Ansiedade ao Câncer Em 2008, Vasconcelos, Costa e Barbosa pesquisaram “do Transtorno de Ansiedade ao Câncer”. Os autores afirmam que a ansiedade está vinculada aos estudos da neurose. Inicialmente denominada de “neurose de ansiedade”, repercutiu em uma variedade de interpretações no sentido de seus sintomas e suas causas, originando os diversos transtornos ansiosos que nos são conhecidos na atualidade. Esse estado emocional composto por aspectos fisiológicos e psicológicos estruturais da experiência humana torna-se um dos dispositivos reativos mais evidentes nas situações vivenciadas individualmente. Vasconcelos, Costa e Barbosa pesquisaram os sintomas de ansiedade em 35 pacientes oncológicos do Hospital da FAP em Campina Grande - PB. Os instrumentos utilizados foram: questionário sócio demográfico, a avaliação do estado de exame mental, a escala de Hamilton e entrevista semiestruturada para garantia de uma demanda mais natural de informações coletadas e analisadas a partir de categorias analíticas. Os resultados indicaram que os pacientes oncológicos sofrem de sintomas ansiosos mesmo antes de seu diagnóstico. Tais transtornos encontram-se mais evidentes durante a trajetória de internação e tratamento: parte do processo de recuperação. A presença de sintomas ansiosos apresentou-se ligada principalmente a dois fatores: a associação entre o câncer e a iminência de morte e a ausência da família. A ansiedade e o diagnóstico de câncer permanecem juntos, visto que, vivemos num cenário onde a ideia de falecimento é encarada como tabu, e debates acerca do assunto são vistos como mórbidos, tanto que taxados como impróprios para crianças; doenças como o câncer são tidas como desumanas, consequentemente, o seu diagnóstico dá início a uma variedade de transtornos ansiosos. É preciso ressaltar o importante papel da família durante todo o processo de internação, esta representa mais do que a simples presença de alguém promovendo cuidados ao paciente; para a maioria deles é sinônimo de recuperação. REFERÊNCIA: VASCONCELOS, A.; COSTA, C.; BARBOSA, L. Do Transtorno de Ansiedade ao Câncer. 2008. Depressão e ansiedade em profissionais da educação das regiões da Amerios e da AMEOSC Em 2009, strieder, em “Depressão e ansiedade em profissionais da educação das regiões da Amerios e da AMEOSC”, com o uso de escalas oficiais, da psicologia, propões-se a dimensionar a propensão a sintomas de depressão e ansiedade em professores das regiões da amerios e da ameosc, como forma de contribuir com a tomada de decisões tanto em relação à qualificação quanto de ajuda a ser prestada aos professores. Estudos anteriores evidenciaram a existência de baixa autoestima em profissionais da educação. Esta, aliada ao sentimento de pessimismo, sensação de fracasso, culpa e autodepreciação, torna temeroso o sucesso de ações educacionais. São sentimentos que conduzem à atitudes de indecisão e irritabilidade; podem prejudicar o processo educacional e aprendente. Foram envolvidos na pesquisa aproximadamente 20% dos professores da rede estadual e municipal das duas regiões. Eles responderam às questões dos formulários: Inventário de Depressão de Beck (depressão) e Escala de Avaliação de Hamilton (ansiedade). 50


Os resultados mostram que os professores pesquisados da rede estadual apresentam tendências a estados depressivos e de ansiedade superiores aos da rede municipal. Conclui-se que, para além da necessária qualificação profissional, os professores necessitam de outras formas de ajuda, como melhor compreensão do ambiente de trabalho, das formas inter-relacionais da atualidade, das formas de fortalecimento da autoestima e confiança, do reconhecimento humano, social e econômico; também, é importante elaborar estratégias de ação que impeçam a perda da autoestima; por último, reconhece-se que os professores precisam de atenção, ajuda e valorização. REFERÊNCIA: STRIEDER, R. Depressão e ansiedade em profissionais da educação das regiões da amerios e da ameosc. 2009. Eficácia do tratamento cognitivo e/ou comportamental para o Transtorno de Ansiedade Social Em 2009, Mululo, Menezes, Fontenelle e Versiani pesquisaram sobre a eficácia do tratamento cognitivo e/ou comportamental para o Transtorno de Ansiedade Social. Os autores afirmam que o transtorno de ansiedade social (TAS) é caracterizado por ansiedade excessiva frente a uma variedade de situações sociais. Os indivíduos receiam comportar-se de modo inadequado, sofrer reprovação e crítica por parte de outras pessoas. Considerando que a terapia cognitivo-comportamental não se reduz às suas técnicas, elas são o início de uma investigação que nos permite examinar cuidadosamente como o transtorno afeta diferentemente cada sujeito, a fim de expandir nossa conceituação acerca do seu modo de pensar, sentir e agir. REFERÊNCIA: MULULO, S.; MENEZES, G.; FONTANELLE L.; VERSIANI, M. Eficácia do tratamento cognitivo e/ou comportamental para o transtorno de ansiedade social. 2009. Estados emocionais de casais submetidos à fertilização in vitro Em 2009, Montagnini, Blay, Novo, Freitas e Cedenho realizaram um estudo sobre “estados emocionais de casais submetidos à fertilização in vitro”. Segundo os autores, “a infertilidade interrompe um projeto de vida pessoal e do casal, produzindo sofrimento psíquico.” (Montagnini e colaboradores, 2009). Dessa forma, o estudo visa a investigar o estado emocional desses casais e a relação existente entre a saúde mental e a ocorrência da gravidez nas mulheres. Para este estudo, foi analisada uma amostra de 20 casais com infertilidade conjugal primária de causa feminina, e que realizaram o primeiro ciclo de FIV (Fertilização in vitro) no Setor de Reprodução Humana da Universidade Federal de São Paulo. Os instrumentos utilizados foram: entrevista estruturada com questões sociodemográficas e dados acerca da infertilidade, Questionário de Saúde Geral (GHQ-12), Inventário de Depressão de Beck (BDI), Escala de Depressão de Hamilton (HAM-D) e Escala de Autoestima de Rosenberg (Rosemberg, 1965). A partir da análise desses dados, os autores verificaram níveis significativamente maiores de sintomas de ansiedade e depressão nas mulheres, quando comparadas aos homens, e que, “apesar de não ter havido relação significativa entre sintomas psicoemocionais e ocorrência de gravidez, nenhuma das mulheres com tais sintomas engravidou, aspecto que poderia ser mais bem avaliado em um grupo maior de pacientes.” (Montagnini e colaboradores, 2009). Ademais, chegaram à conclusão de que “as mulheres que apresentaram sintomas psicoemocionais possivelmente apresentaram maior dificuldade em lidar com o tratamento de FIV. Levando-se em consideração a tendência de haver aumento dos índices de depressão nos procedimentos consecutivos, essas mulheres constituem um potencial grupo de risco.” (Montagnini e colaboradores, 2009). REFERÊNCIA: MONTAGNINI, H.; BLAY, S.; NOVO, N.; CEDENHO, A. Estados emocionais de casais submetidos à fertilização in vitro. 2009. Transtornos de Ansiedade na infância e adolescência: uma revisão Em 2009, Vianna, Campos e Fernandez pesquisaram os transtornos de ansiedade na infância e adolescência. Os autores refletem sobre o histórico da doença, a primeira descrição de ansiedade como uma disfunção da atividade mental data do início do século XIX. Augustin-Jacob Landré-Beuvais, em 1813, descreveu a ansiedade como uma síndrome composta por aspectos emocionais e por reações fisiológicas. Entretanto, foi através dos trabalhos clínicos desenvolvidos 51


por Sigmund Freud que os transtornos de ansiedade começaram a ser classificados de forma mais sistemática. Ao longo da história, as definições atribuídas aos transtornos ansiosos foram sofrendo alterações. A perspectiva mais aceita atualmente é a de que os transtornos de ansiedade observados na idade adulta podem ter seu início durante a infância e adolescência. Estudos prospectivos envolvendo crianças e retrospectivos em população adulta sugerem a possibilidade do quadro clínico dos transtornos de ansiedade, uma vez presentes na infância, persistirem por muitos anos e associarem-se às psicopatologias comórbidas. REFERÊNCIA: VIANNA, R; CAMPOS, A.; FERNANDEZ, J. Transtornos de ansiedade na infância e adolescência: uma revisão. 2009. Transtorno de Ansiedade Social e comportamentos de evitação e de segurança: uma revisão sistemática Em 2009 Burato, Crippa e Loureiro pesquisaram sobre o “Transtorno de Ansiedade Social e comportamentos de evitação e de segurança: uma revisão sistemática”. Os autores consideram que o Transtorno de Ansiedade Social (TAS) caracteriza-se por um medo acentuado e persistente de situações sociais ou de desempenho nas quais o indivíduo teme se sentir envergonhado ou embaraçado. Os principais medos estão relacionados à exposição, como parecer ridículo, dizer tolices, ser observado pelas outras pessoas, interagir com estranhos ou pessoas do sexo oposto, ser o centro das atenções, comer, beber ou escrever em público, falar ao telefone e usar banheiros públicos. Com base na revisão sistemática de estudos empíricos recentes, foram observadas semelhanças quanto aos achados dos estudos conduzidos com amostras clínicas diagnosticadas com TAS e com amostras com ansiedade elevada, identificadas por instrumentos de rastreamento, sem confirmação diagnóstica. A identificação e análise dos estudos experimentais, com uma diversidade de procedimentos de simulação de situações de falar em público e de interações sociais, contribuem para a demonstração do envolvimento das manifestações de ansiedade nesses contextos. REFERÊNCIA: BURATO, K.; CRIPPA, J.; LOUREIRO, S. Transtorno de ansiedade social e comportamentos de evitação e de segurança: uma revisão sistemática. 2009. Transtornos de Humor e de Ansiedade comórbidos em vítimas de violência com Transtorno do Estresse Pós-traumático Em 2009, Quarantini, Netto, Nascimento, Almeida, Sampaio, Scippa, Bressan, Koenen em “Transtornos de Humor e de Ansiedade comórbidos em vítimas de violência com Transtorno do Estresse Pós-traumático”, buscaram estudos que avaliem a comorbidade entre transtorno de estresse pós-traumático e transtornos do humor, bem como entre transtorno de estresse póstraumático e outros transtornos de ansiedade. Depressão maior é uma das condições comórbidas mais frequentes em indivíduos com transtorno de estresse pós-traumático, mas eles também apresentam transtorno bipolar e outros transtornos ansiosos. Essas comorbidades impõem um prejuízo clínico adicional e comprometem a qualidade de vida desses indivíduos. Comportamento suicida em pacientes com transtorno de estresse pós-traumático, com ou sem depressão maior comórbida, é também uma questão relevante, e sintomas depressivos mediam a gravidade da dor em sujeitos com transtorno de estresse pós-traumático e dor crônica. Revisou-se a base de dados do Medline em busca de estudos publicados em inglês até abril de 2009, com as seguintes palavras-chave: "transtorno de estresse pós-traumático", "TEPT", "transtorno de humor", "transtorno depressivo maior", "depressão maior", "transtorno bipolar", "distimia", "transtorno de ansiedade", "transtorno de ansiedade generalizada", “agorafobia", "transtorno obsessivo-compulsivo", "transtorno de pânico", "fobia social" e "comorbidade". Os estudos disponíveis sugerem que pacientes com transtorno de estresse pós-traumático têm um risco maior de desenvolver transtornos afetivos e, por outro lado, transtornos afetivos préexistentes aumentam a propensão ao transtorno de estresse pós-traumático após eventos traumáticos. Além disso, vulnerabilidades genéticas em comum podem ajudar a explicar esse padrão de comorbidades. No entanto, diante dos poucos estudos encontrados, mais trabalhos são 52


necessários para avaliar adequadamente essas comorbidades e suas implicações clínicas e terapêuticas. REFERÊNCIA: QUARANTINI, L. et al. Transtornos de humor e de ansiedade comórbidos em vítimas de violência com transtorno do estresse pós-traumático. 2009. Ansiedade e desempenho: um estudo com uma equipe infantil de voleibol feminino Em 2010, Sonoo, Gomes, Damasceno, Silva e Limana realizaram um estudo acerca de “ansiedade e desempenho: um estudo com uma equipe infantil de voleibol feminino”. Segundo os autores, a participação das crianças nos jogos escolares aumenta a cobrança por um melhor desempenho, vinda delas mesmas e dos treinadores. Isso pode acarretar consequências emocionais como ansiedade, estresse e medo do erro, o que prejudica o desempenho. Esse estudo foi realizado em uma amostra de 9 atletas de uma equipe de voleibol feminino da categoria infantil, com idades de 12 a 14 anos, que participaram dos Jogos Colegiais do Paraná (JOCOP’s). Foram utilizados como instrumentos o CSAI – II (Competitive State Anxiety Inventory-2) para medir a ansiedade pré-competitiva e SCAT (Sport Competition Trait Anxiety Test) para avaliar o perfil de ansiedade em competição esportiva. Com a análise dos dados coletados, os autores concluíram que “a ansiedade pode afetar o desempenho esportivo de jovens atletas da modalidade de voleibol, confirmando as teorias de estudos anteriores. Entende-se, dessa forma, que para obter resultados positivos é fundamental que os atletas e técnicos conheçam o seu estado ansioso e saibam como lidar com suas emoções no momento da competição. Com isso, lidar com a ansiedade e buscar o melhor desempenho são aspectos importantes que tendem a ser facilitados quando se utiliza de meios, tais como a psicologia esportiva para que a confiança e motivação transmitidos durante a fase pré-competitiva possam surtir resultados também durante a competição.” (Sonoo e colaboradores, 2010). REFERÊNCIA: SONOO, C.; GOMES, A.; DAMASCENO, M.; SILVA, S.; LIMANA, M. Ansiedade e desempenho: um estudo com uma equipe infantil de voleibol feminino. 2010. Ansiedade patológica: bases neurais e avanços na abordagem psicofarmacológica Em 2010, Braga, Podeus, Cavalcanti, Pimenta, Diniz e Nóbrega publicaram o artigo “Ansiedade patológica: bases neurais e avanços na abordagem psicofarmacológica”. Tinham como objetivo apresentar aos leitores uma visão revisada e abrangente da ansiedade em sua manifestação patológica, suas bases neurais e o progresso na sua abordagem terapêutica psicofarmacológica. Para tal, conduziram uma revisão da literatura, mais especificamente de artigos indexados por base de dados e pesquisas em livros que pesquisaram sobre o aspecto patológico da ansiedade. Após a verificação, Braga, Podeus, Cavalcanti, Pimenta, Diniz e Nóbrega identificaram que “A literatura revelou que na gênese dos transtornos da ansiedade vários neurotransmissores são implicados, uma vez que eles participam, em maior ou menor grau, da modulação e regulação dos comportamentos defensivos. As evidências obtidas até então permitem constatar o progresso alcançado no tratamento dos transtornos da ansiedade com a utilização dos benzodiazepínicos e, mais recentemente, com o uso de antidepressivos. Novas alternativas para o tratamento dos transtornos da ansiedade envolvem pesquisas relacionadas à descoberta de novos antidepressivos, ao uso de peptídeos neuroativos, como a colecistocinina (CCK), fator de liberação de corticotropina (CRH), neuropetídeo Y, e antagonistas do receptor glutamatérgico NMDA”. Diante de tais resultados, os autores concluíram que embora se perceba um nítido avanço alcançado no tratamento farmacológico dos transtornos da ansiedade, novas opções que diferem dos antidepressivos devem ser desenvolvidas e pesquisadas na abordagem desse transtorno. As evidências, portanto, permitem constatar o progresso alcançado no tratamento da ansiedade por uso de antidepressivos. Por fim, foi constatado que no transtorno de ansiedade inúmeros neurotransmissores são implicados, visto que participam da modulação e regulação de comportamentos defensivos. REFERÊNCIA: BRAGA, J.; PORDEUS, L.; SILVA, A.; PIMENTA, F.; DINIZ, M.; ALMEIDA, R. Ansiedade patológica: bases neurais e avanços na abordagem psicofarmacológica. 2010. 53


Comorbidades psiquiátricas associadas com transtornos de ansiedade em uma amostra de crianças e adolescentes Em 2010, Silva Júnior pesquisou “comorbidades psiquiátricas associadas com transtornos de ansiedade em uma amostra de crianças e adolescentes” com o objetivo de “avaliar, em uma amostra comunitária de crianças e adolescentes, a presença de comorbidades nos distintos transtornos de ansiedade em comparação ao grupo controle.” (Silva Júnior, 2010). O autor considera que “os transtornos de ansiedade na infância e adolescência são prevalentes e geralmente se mantém até a vida adulta. Podem também ser considerados como fator de risco para o desenvolvimento de outros transtornos psiquiátrico.” (Silva Júnior, 2010). Silva Júnior pesquisou em uma população de “242 crianças e adolescentes pertencentes a escolas estaduais que estão dentro da área de abrangência da Unidade Básica de Saúde do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), onde foram aplicados instrumentos de avaliação de ansiedade e outros sintomas psiquiátricos. Os indivíduos selecionados, através da triagem escolar, foram avaliados através do K-SADS-PL (Schedule for Affective Disorders and Schizophrenia for School-Age Children – Present and Lifetime Version Diagnostic Interview).” (Silva Júnior, 2010). O autor conclue que “houve uma alta prevalência de transtornos de ansiedade, principalmente transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade social e transtorno de ansiedade de separação. Evidenciou-se maior comorbidade com os demais transtornos de ansiedade, depressão e enurese entre os ansiosos em comparação ao grupo controle. Observou-se que possuir a comorbidade aumenta o risco de ter o desfecho (transtorno de ansiedade).” (Silva Júnior, 2010). REFERÊNCIA: SILVA, E. Comorbidades psiquiátricas associadas com transtornos de ansiedade em uma amostra de crianças e adolescentes. 2010.

O craving, sintomas de ansiedade e depressão em usuários de Cannabis Em 2011, Polese, Zardo, Bertão, Gonçalves, Pedroso, Castro e Araújo pesquisaram sobre “o craving, sintomas de ansiedade e depressão em usuários de Cannabis”. O objetivo do estudo foi avaliar o craving, sintomas de ansiedade e depressão em usuários de cannabis da população geral, uma vez que é a substância psicoativa ilícita mais utilizada no Brasil. O estudo foi realizado com uma amostra de 24 homens usuários de cannabis (14 dependentes e 10 usuários) da população geral, com uma média de 26 anos, que não dependiam de outras substâncias psicoativas, salvo a nicotina. Os participantes foram recrutados pelo método bola de neve. Os instrumentos utilizados foram: Entrevista Clínica, Miniexame do Estado Mental, SRQ-20, Inventário Beck de Ansiedade, Inventário Beck de Depressão, Escala Analógico-Visual para avaliar o craving, Marijuana Craving. QuestionnaireSF e a foto de cigarros de cannabis para induzir o craving. Os resultados demonstraram que os usuários de cannabis da população geral têm baixas médias dos sintomas de ansiedade, depressão e craving, não havendo variação significativa dessas variáveis entre dependentes e usuários desta substância psicoativa. REFERÊNCIA: POLESE, G.; ZARDO, E.; BERTÃO, E.; GONÇALVES, P.; PEDROSO, R.; CASTRO, M.; ARAÚJO, R. O craving, sintomas de ansiedade e depressão em usuários de Cannabis. 2011. Fatores de risco para transtornos de ansiedade na epilepsia do lobo temporal Em 2010, Torres pesquisou “Fatores de risco para transtornos de ansiedade na epilepsia do lobo temporal”, como objetivos de “estabelecer a prevalência dos transtornos de ansiedade na população de pacientes com epilepsia de lobo temporal no nosso meio; identificar os tipos de transtornos de ansiedade presentes em pacientes com epilepsia de lobo temporal; estabelecer associações entre variáveis demográficas e características clínicas com ocorrência de transtornos de ansiedade, inferindo fatores de risco para ansiedade na epilepsia de lobo temporal.” (Torres, 2010). A autora pesquisou em população de “pacientes provenientes da população que frequenta o Serviço de Neurologia Ambulatorial do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, foram avaliados 54


através de uma entrevista clínica estruturada (SCID) de maneira padronizada, no estudo, primeiramente foi realizado uma análise de prevalência, e uma avaliação dos fatores de risco para o desenvolvimento de ansiedade em pacientes com epilepsia do lobo temporal.” (Torres, 2010). A autora conclui que “foi observado que quando a epilepsia envolve somente o hemisfério cerebral direito, a chance de encontrarmos um transtorno de ansiedade associado a outros transtornos psiquiátricos é menor, enquanto o envolvimento do hemisfério esquerdo predispõe a maior chance de o paciente apresentar transtorno de ansiedade associado a outras comorbidades psiquiátricas (ansiedade plus).” (Torres, 2010). REFERÊNCIA: TORRES, C. Fatores de risco para transtornos de ansiedade na epilepsia do lobo temporal. 2010. Plantas medicinais no tratamento do Transtorno de Ansiedade Generalizada: uma revisão dos estudos clínicos controlados Em 2010, Faustino, Almeida e Andreatini pesquisaram sobre Plantas medicinais no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada: uma revisão dos estudos clínicos controlados. O trabalho foi realizado no Laboratório de Fisiologia e Farmacologia do Sistema Nervoso Central, Departamento de Farmacologia, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil e publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria. Com o objetivo de revisar os estudos clínicos controlados sobre a efetividade de plantas medicinais/fitoterápicos no transtorno de ansiedade generalizada, por meio de uma busca (Medline, Web of Science, SciELO, Biblioteca Cochrane) por artigos originais utilizando as palavras [“plant OR phytomed* OR extract OR herbal OR medicinal (OR specific name plants)”] AND (“anxie* OR anxioly* OR tranquil* OR GAD”), delimitada a “human OR clinical trial OR randomized controlled trial OR metaanalysis OR review” e à língua inglesa. Os critérios de inclusão foram: estudos randomizados, comparativos e duplo-cegos. Foram selecionados 7 dos 267 artigos encontrados. O Piper methysticum (kava-kava) foi o fitoterápico mais estudado, sendo sugerido um efeito ansiolítico. Entretanto, a maioria destes estudos incluiu outros transtornos de ansiedade e os dois estudos com transtorno de ansiedade generalizada apresentaram resultados contraditórios. Estudos isolados envolvendo Ginkgo biloba, Galphimia glauca, Matricaria recutita (camomila), Passiflora incarnata e Valeriana officinalis indicaram potencial efeito ansiolítico no transtorno de ansiedade generalizada. Apesar do potencial terapêutico dos fitoterápicos no transtorno de ansiedade generalizada, poucos ensaios clínicos controlados foram identificados, com a maioria apresentando limitações metodológicas. REFERÊNCIA: FAUSTINO, T.; ALMEIDA, R.; ANDREATINI, R. Plantas medicinais no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada: uma revisão dos estudos clínicos controlados. 2010. Ansiedade no meio escolar Em 2011, Silva pesquisou sobre “ansiedade no meio escolar” com o objetivo de “apresentar uma discussão atualizada acerca da ansiedade, suas causas e sintomas, mostrar como essa patologia pode afetar significativamente a vida de pessoas com este distúrbio, com ênfase aos transtornos de ansiedade no meio escolar, e fornecer informações úteis na busca de tratamentos” (Silva, 2011, p.10). Ela pensa que a necessidade por mais que seja necessária para a desenvoltura social do indivíduo, quando desproporcional, desencadeia uma série de sofrimentos e problemas de ordem social. Visto que muitos individuos têm sido afetados no meio escolar pela ansiedade, são descritas terapias de relaxamento que são utilizadas para tratamento dessa ansiedade. A metodologia utilizada no artigo é baseada em dados bibliográficos sobre a ansiedade, coletados através de dados científicos obtidos por meio eletrônico com temas a respeito da ansiedade e desempenho escolar, correlacionando-os. Concluiu-se que para reduzir a ansiedade no meio escolar, é necessário identificar os pensamentos negativos e refletir sobre as causas e efeitos que os provocam. Assim como avaliar as experiências de forma mais positiva em detrimento da diminuição do medo a critica e visando o aumento no reconhecimento pessoal do estudante. Exercícios físicos e a terapia de relaxamento também são considerados de grande importância para o combate à ansiedade. REFERÊNCIA: 55


SILVA, C. Ansiedade no meio escolar. 2011. Os benefícios do yoga nos transtornos de ansiedade Em 2011, Vorkapic e Rangé pesquisaram sobre “os benefícios do yoga nos transtornos de ansiedade” com o objetivo de demonstrar a eficácia da yoga como terapia de intervenção para o tratamento da ansiedade que contribua para a implementação de um tratamento não farmacológico para a doença em questão. Eles refletem que a yoga pode ser de extrema importância ao contar com terapias de relaxamento muscular e anti-estresse para o tratamento da ansiedade, levando em conta a não necessidade de uso de remédios durante todo o período. A pesquisa foi realizada com o objetivo de localizar investigações clínicas relacionadas ao assunto, com base em dados biomédicos e sites que relatam intervenções com técnicas que incoporam o yoga no tratamento de transtornos de ansiedade. Os dados foram coletados com critério de seleção, uma vez que apenas publicações autorizadas foram incluídas no artigo em questão. “No total, foram encontradas 8 investigações de ensaios controlados que observaram os efeitos do yoga na ansiedade. Estes estudos mensuravam a variável ansiedade (entre outras) apenas por meio de parâmetros psicológicos. Um estudo que não utilizou grupo-controle foi excluído. Os resultados estão expostos discursivamente abaixo a fim de proporcionar uma leitura simples e fluida, assim como em tabelas que fornecem uma rapida e concisa visualização dos efeitos do yoga na ansiedade.” (Vorkapik; Rangé, 2011). A maioria dos estudos relacionados a pratica de yoga como combate para a ansiedade demonstraram resultados positivos e de diminuição considerável dos níveis de ansiedade e estresse, quando em comparação ao grupo controle. REFERÊNCIA: VORKAPIC, C.; RANGÉ, B. Os benefícios do yoga nos transtornos de ansiedade. 2011. Controle da ansiedade materna de bebê pré-termo via contato lúdico-gráfico Em 2011, Perrone e Oliveira pesquisaram acerca de “controle da ansiedade materna de bebê pré-termo via contato lúdico-gráfico”. As autoras afirmam que o parto prematuro resulta em um bebê frágil, gerando assim um período estressante para os pais, com sentimentos de frustração, incompetência e ansiedade. O brincar seria, nesse contexto, uma atividade espontânea e prazerosa, que permite a expressão e comunicação desses pais. O estudo investiga o quanto essa atividade lúdica pode melhorar a condição desses pais. O estudo foi realizado em uma amostra de 30 mães entre 16 e 40 anos que haviam tido partos prematuros. Os instrumentos incluíam uma entrevista semi-dirigida junto às mães, com o objetivo de traçar seu histórico gestacional, aplicação da Escala de Ansiedade, Depressão e Irritabilidade (IDA) e o Inventário de Percepção Neonatal (IPN-I). Posteriormente, foram efetuadas 16 intervenções em grupo e semanais com atividades lúdicas (sensório-motoras, de regras ou de socialização e simbólicas). A partir da análise dos dados coletados, as autoras concluíram que existe um alto nível de ansiedade entre as mães após o parto prematuro e que a “intervenção grupal lúdico-gráfica possibilitou uma re-equilibração emocional ao longo da internação do recém-nascido, podendo, portanto, ser considerada uma situação benéfica para ambos, favorecendo a interação necessária para um desenvolvimento integral e saudável do bebê.” (Perrone; Oliveira, 2011). REFERÊNCIA: PERRONE, R.; OLIVEIRA, V. Controle da ansiedade materna de bebê pré-termo via contato lúdico-gráfico. 2011. Perfil Neuropsicológico de adolescentes com transtornos de ansiedade Em 2011, Jarros pesquisou “Perfil neuropsicológico de Aadolescentes com transtornos de ansiedade”, com o objetivo de “avaliar o perfil neuropsicológico de adolescentes com diagnóstico de transtornos de ansiedade (Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Ansiedade de Separação, Transtorno de Ansiedade Social e Transtorno do Pânico) e compará-los com controles.” (Jarros, 2011). Jarros pesquisou em uma população “de um estudo transversal com uma amostra comunitária de adolescentes, de idade entre 10 a 17 anos, provenientes de seis escolas públicas pertencentes à área de captação da Unidade Básica de Saúde do HCPA. Dentre os 68 participantes, 41 tinham diagnóstico do DSM-4, através da “Schedule for Affective Disorders and 56


Schizophrenia for School-Age Children-Present and Lifetime Version” (K-SADS-PL). Todos os adolescentes participaram de 3 sessões de avaliação neuropsicológica em suas escolas, com uma extensa bateria referente às seguintes funções cognitiva: atenção, memória de trabalho, memória verbal semântico-episódica, praxia visuoconstrutiva, funções executivas, processamento emocional e inteligência” (Jarros, 2011). A autora conclui que “embora os transtornos de ansiedade pareçam não prejudicar funções cognitivas na adolescência, a ansiedade quando leve pode influenciar processos na memória de trabalho. O estudo encontrou diferenças significativas no reconhecimento facial entre adolescentes ansiosos e não ansiosos, apoiando modelos cognitivos atuais que demonstram a influência da ansiedade na detecção e/ou processamento de emoções.” (Jarros, 2016). REFERÊNCIA: JARROS, R. Perfil Neuropsicológico de adolescentes com Transtornos de Ansiedade. 2011. Perfil neuropsicolinguístico de adolescentes com e sem Transtorno de Ansiedade: um estudo de casos e controles Em 2012, Toazza pesquisou “Perfil neurolinguístico de adolescentes com e sem Transtorno de Ansiedade: um estudo de casos e controles” com o objetivo de “investigar as características neuropsicolinguísticas de adolescentes com e sem transtornos de ansiedade selecionados a partir de uma amostra da comunidade” (Toazza, 2012). A autora cita que “os estudos têm demonstrado que os transtornos de ansiedade na infância estão associados à depressão, ao abuso e dependência de álcool e drogas e ao risco de suicídio na vida adulta.” (Maughan & Rutter 1997). Toazza pesquisou em uma população de “adolescentes com idades entre 12 e 18 anos, provenientes de escolas públicas da rede da abrangência do Hospital de Clínica de Porto. Usando o diagnóstico psiquiátrico, foi realizado utilizando o instrumento K-SADS-PL para avaliação dos domínios neuropsicológicos de orientação, atenção, percepção, memória, aritmética, linguagem, praxias, funções executivas (fluência verbal e resolução de problemas) foi utilizada a Bateria de Avaliação Neuropsicológica Breve NEUPSILIN.” (Toazza, 2012). A autora conclui que “foram encontradas evidências preliminares de uma associação entre o desempenho na tarefa de fluência verbal fonêmica (acesso lexical e funções executivas) e transtornos de ansiedade em adolescentes. Isso pode representar uma evidência de um déficit cognitivo de funções mais complexas de processamento em uma tarefa tempo-dependente”. (Toazza, 2012). REFERÊNCIA: TOAZZA, R. Perfil Neuropsicolinguístico de adolescentes com e sem Transtorno de Ansiedade: um estudo de casos e controles. 2012. Risco de suicídio em jovens com transtornos de ansiedade: estudo de base populacional Em 2012, Rodrigues, Silveira, Jansen, Cruzeiro, Ores, Pinheiro, Silva, Tomasi e Souza, em “Risco de Suicídio em Jovens com Transtornos de Ansiedade: Estudo de Base Populacional”, verificaram a relação entre a presença de transtornos de ansiedade e risco de suicídio em jovens. Os autores consideram que a vida em sociedade é uma necessidade do ser humano, porém muitas vezes esta o "adoece" e o "mata". Em delineamento transversal de base populacional, os jovens respondiam a um questionário sobre questões sociodemográficas, comportamentais e de saúde. Avaliou-se o bemestar psicológico através da Escala de Faces de Andrews e consumo de substâncias foi efetuado pelo Teste de Triagem do Envolvimento com Álcool, Cigarro e Outras Substâncias, (Alcohol, Smoking and Substance Involviment Screening Test – ASSIST). A Mini Internacional Neuropsychiatric Interview 5.0 avaliou transtornos de ansiedade e o risco de suicídio. Dos 1.621 jovens entrevistados, 20,9% apresentaram algum transtorno de ansiedade e 8,6% risco de suicídio. A presença de algum transtorno de ansiedade esteve significativamente associada ao risco de suicídio (RP 6,10 IC95% 3,95 a 9,43). Dessa forma, salienta-se a importância de maior atenção direcionada aos pacientes com transtornos de ansiedade, pois tais transtornos podem apresentarse como fator importante para que o risco de suicídio esteja agravado nestes pacientes. No tratamento destes, a identificação das primeiras manifestações de risco de suicídio deve ganhar importância para que ações preventivas sejam tomadas, diminuindo consideravelmente as tentativas e até mesmo o suicídio. 57


REFERÊNCIA: RODRIGUES, M.; SILVEIRA, T.; JANSEN, K.; CRUZEIRO, A.L.; ORES, L.; PINHEIRO, R.; SILVA, R; TOMASI, E.; SOUZA, L. Risco de suicídio em jovens com transtornos de ansiedade: estudo de base populacional. 2012. Transtornos de humor de ansiedade na epilepsia de lobo temporal mesial Em 2012, Nogueira pesquisou “transtornos de humor de ansiedade na epilepsia de lobo temporal mesial”, como objetivo de “avaliar os transtornos de humor e de ansiedade em pacientes com ELTM e correlacionar os dados clínicos e demográficos dos pacientes com as comorbidades psiquiátricas.” (Nogueira, 2012). Nogueria pesquisou em população de “104 pacientes com ELTM acompanhados no ambulatório de epilepsia do Departamento de Neurologia da FCM/UNICAMP. Foram utilizados como instrumentos de avaliação a Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV-Transtornos do Eixo I (SCID I), o Inventário de Ansiedade Estado e Traço - IDATE I e II e o Inventário de Depressão de Beck (BDI).” (Nogueira, 2012). Os resultados “apontaram uma tendência em relação à maior ocorrência de transtornos psiquiátricos no gênero feminino, apresentando também escores maiores no BDI em comparação ao gênero masculino. Os pacientes do GTHA apresentaram maior frequência mensal de crises em relação aos pacientes do GTH. A presença de ideação suicida foi significativa no grupo de pacientes com transtornos psiquiátricos e correlacionada a maiores escores no BDI, IDATE-Traço e IDATE-Estado. Maiores escores no BDI foram relacionados aos pacientes que não possuíam uma atividade profissional.” (Nogueira, 2012). REFERÊNCIA: NOGUEIRA, M. Transtornos de humor de ansiedade na epilepsia de lobo temporal mesial. 2012. Utilização do Inventário de Habilidades Sociais no Diagnóstico do Transtorno de Ansiedade Social Em 2012, Angélico, Crippa e Loureiro pesquisaram a “utilização do Inventário de habilidades sociais no diagnóstico do transtorno de ansiedade social”. O trabalho foi realizado na Universidade Federal de São João Del-Rei e Universidade de São Paulo. Este estudo objetivou verificar as associações entre as manifestações clínicas e comportamentais do Transtorno de Ansiedade Social (TAS) e aferir a validade discriminativa do Inventário de Habilidades Sociais (IHS-Del-Prette) no diagnóstico deste transtorno. Participaram 1006 estudantes universitários, na faixa etária entre 17 e 35 anos, de ambos os gêneros. Posteriormente, 86 participantes foram randomicamente selecionados desta amostra inicial e agrupados como casos e não-casos de TAS por meio de avaliação clínica sistemática. Os resultados obtidos indicaram que quanto mais elaborado for o repertório de habilidades sociais de um indivíduo, menor será a sua probabilidade de satisfazer os critérios de rastreamento de indicadores diagnósticos para o TAS. Além disso, o IHS-Del-Prette demonstrou distinguir significativamente indivíduos com e sem TAS, evidenciando-se a sua validade discriminativa. REFERÊNCIA: ANGÉLICO, A.; CRIPPA, J.; LOUREIRO, S. Utilização do Inventário de Habilidades Sociais no Diagnóstico do Transtorno de Ansiedade Social. 2012. Ansiedade e medo em enfermagem médico-cirúrgica Em 2013, Gomes, Melo, Vasconcelos e Alencar pesquisaram sobre “ansiedade e medo em enfermagem médico-cirúrgica” com objetivo de analisar os diagnósticos de enfermagem, ansiedade e medo e suas intervenções na prática de enfermeiros atuantes em clínicas médicas e cirúrgicas. Eles afirmam que “Ansiedade e medo são Diagnósticos de Enfermagem (DE) presentes nas primeiras propostas de taxonomia. São diagnósticos utilizados de forma corriqueira não apenas nas unidades de saúde que passaram pelo processo de Sistematização da Assistência de Enfermagem, mas também constante nos registros e anotações realizados pelos profissionais de enfermagem” (Gomes; Melo; Vasconcelos; Alencar, 2013, p.50). A análise foi realizada a partir de revisões interativas de literatura, na qual foram analisados 16 artigos sobre o tema em questão, baseados na questão norteadora “quais os 58


conhecimentos e reflexões da enfermagem sobre ansiedade e medo em pacientes de clínica médica e cirúrgica?”. O período de coleta de dados compreendeu-se em janeiro de 2012. A busca apontou determinados temas, como: ansiedade e medo no período préoperatório, pós-operatório, antes da realização de exames e meios de intervenção na redução dos níveis de ansiedade. Desse modo, tem-se as escalas como meio de avaliação de ansiedade que tem de ser realizada pelo enfermeiro, assim como a relevância da ansiedade participante nos periodos pré e pós-operatório. REFERÊNCIA: GOMES, E. et al. Ansiedade e medo em enfermagem médico-cirúrgica. 2013. Comparação dos níveis de ansiedade e depressão entre idosos ativos e sedentários Em 2013, Minghelli, Tomé, Nunes, Neves e Simões pesquisaram acerca do tema “comparação dos níveis de ansiedade e depressão entre idosos ativos e sedentários”. As autoras afirmam que “A ansiedade e a depressão constituem um problema de saúde pública nos idosos. Atualmente, tem-se demonstrado uma associação positiva entre a prática de atividade física e a boa saúde mental.” (Minghelli e colaboradoras, 2013). Este estudo de natureza descritiva-correlacional e transversal foi realizado em indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos de ambos os sexos, os quais foram divididos em dois grupos: os sedentários e os fisicamente ativos. Foi utilizado para análise um questionário com perguntas sobre as características sóciodemográficas (incluindo perguntas acerca da idade, gênero, estado civil e nível de escolaridade), a Escala de Ansiedade e Depressão para Hospital Geral (HAD) e o protocolo do exercício físico do Grupo Desporto, com atividades realizadas duas vezes por semana com a duração de 1 hora por dia. A partir da coleta e análise desses dados, as autoras verificaram que há “uma possível relação inversamente proporcional entre a prática de atividade física e a prevalência de transtornos mentais, ou seja, quando existia a presença de exercício físico, os níveis de presença de ansiedade e/ou depressão eram mais baixos na amostra de idosos analisada no estudo. Dessa forma, para esta amostra, foi demonstrado que a prática de atividade física pode ser coadjuvante na prevenção e no tratamento da ansiedade e depressão no idoso.” (Minghelli e colaboradoras, 2013). REFERÊNCIA: MINGHELLI, B.; TOMÉ, B.; NUNES, C.; NEVES, A.; SIMÕES, C. Comparação dos níveis de ansiedade e depressão entre idosos ativos e sedentários. 2013. Qualidade de vida e sintomas de ansiedade e depressão em pacientes com tumores cerebrais primários Em 2002, Bigatão, Carlotti. Carlo, em “Qualidade de Vida e Sintomas de Ansiedade e Depressão em Pacientes com Tumores Cerebrais Primários”, procuram analisar a qualidade de vida e procura identificar sintomas de ansiedade e depressão de forma comparada, entre pacientes com diagnóstico de meningioma e glioma de alto grau submetidos à neurocirurgia oncológica e respectivos grupos controle. Para a coleta de dados, foram aplicados dois instrumentos validados no Brasil: Hospital Anxiety and Depression Scale (HAD) e Item Short-Form Health Survey (SF-36). A casuística final do estudo foi composta por 52 pessoas adultas de ambos os sexos, divididas em: grupo meningioma, com 14 pacientes; grupo glioma de alto grau, com 12 pacientes; e dois grupos controle: A (pareado com grupo meningioma) e B (pareado com grupo glioma de alto grau). O grupo controle foi composto por 26 pessoas sem diagnóstico de câncer (funcionários ou acompanhantes dos pacientes do HCFMRP-USP). Foram identificadas diferenças estatisticamente significativas quando comparados os dados do SF-36 de ambos os grupos tumorais, no pré e pós-operatório, nos aspectos: capacidade funcional (p = 0,043), aspecto emocional (p = 0,042) e saúde mental (p = 0,042) referente ao grupo meningioma. Quando comparados com respectivos grupos controle, houve diferenças significativas entre os grupos meningioma e controle, nos aspectos físico (p = 0,002) e emocional (p = 0,004), e entre os grupos glioma de alto grau e controle, nos aspectos capacidade funcional (p = 0,003) e físico (p = 0,003). Concluiu-se que a cirurgia oncológica gerou alterações de humor e na qualidade de vida em ambos os grupos, independente do tipo histológico do tumor. Apesar da relevância do tema, ainda são poucos os estudos sobre. REFERÊNCIA: 59


BIGATÃO, M.; CARLOTTI, C.; CARLO, M. Qualidade de vida e sintomas de ansiedade e depressão em pacientes com tumores cerebrais primários. 2014. Relação da ansiedade com a dificuldade de aprendizagem no ensino fundamental Em 2014, Silva e Faria pesquisaram sobre a “relação da ansiedade com a dificuldade de aprendizagem no ensino fundamental”. De acordo com as autoras, uma das vertentes destacadas no âmbito escolar é a presença da ansiedade por parte dos alunos. Diante disso, o artigo retrata a relação entre ansiedade e dificuldade de aprendizagem no ensino fundamental. Foram utilizadas as bases de dados Scielo e da Biblioteca Digital da UNICAMP na busca de artigos que relacionem agressividade e dificuldade de aprendizagem nos alunos do ensino fundamental. Foram utilizados no estudo três artigos e uma monografia, publicados entre 2003 e 2013. O estudo da relação entre ansiedade e dificuldades de aprendizagem permite concluir que há uma relação entre as duas variáveis. A identidade da criança se constrói a partir da relação com o outro, e os transtornos de ansiedade podem surgir a partir de uma relação disfuncional. Caíres e Shinohara (2010) apud Silva e Faria (2014) mostram que um fator de predisposição para a ansiedade pode ser um ambiente social violento, já Manfro (2003) apud Silva e Faria (2014) encontram uma relação entre o histórico familiar de doenças psiquiátricas e a fobia social na vida adulta. A ansiedade no meio escolar segundo Silva (2011) apud Silva e Faria (2014) pode afetar o desempenho do aluno no que diz respeito à apresentação de trabalhos, provas, ou outra situação que coloque o aluno em uma situação de exposição onde ele pode ser julgado pelos outros. Para Marchi (2003) apud Silva e Faria (2014) quanto mais alto for o nível de ansiedade do aluno, mais seu desempenho é afetado, interferindo na sua formação e atuação futura. Cruz, Pinto, Almeida e Aleluia (2011) apud Silva e Faria (2014) mostram que os alunos têm apresentados níveis de ansiedade moderados, e alguns fatores têm efeitos significativos para a ansiedade do aluno, enquanto outros não. Araújo, Mello e Leite (2007) apud Silva e Faria (2014 mostram como a prática de exercícios físicos pode ter efeitos antidepressivos e ansiolíticos, mesmo não apresentando evidencias absolutas. Pode ser uma alternativa para quem não quer fazer uso de medicamentos no tratamento da ansiedade. Veríssimo (2010) apud Silva e Faria (2014) fala de como, na hora do parto, um elemento significativo pode diminuir os índices de ansiedade, principalmente ansiedade-estado, que é o predominante na hora do parto. A partir dos dados apresentados na literatura, pode-se concluir que há uma relação entre as duas variáveis e que os transtornos de ansiedade podem estar presentes em qualquer etapa da vida do indivíduo, e interferir em aspectos de vida social e escolar. REFERÊNCIA: SILVA, J.; FARIA, A. Relação da ansiedade com a dificuldade de aprendizagem no ensino fundamental. 2014. Estudo de associação entre o polimorfismo Val66Met no gene do BDNF com Transtorno de Ansiedade Generalizada Em 2014, Moreira pesquisou “Estudo de associação entre o polimorfismo Val66Met no gene do BDNF com Transtorno de Ansiedade Generalizada”, com o objetivo de “estudar a associação entre o polimorfismo rs6265 (Val66Met) no gene que codifica o BDNF com o diagnóstico de TAG.” (Moreira, 2014). A autora cita que “o TAG, geralmente é acompanhado de comorbidades psiquiátricas como a depressão maior, outros transtornos de ansiedade, e abuso de álcool, sendo caracterizado por altas taxas de falha na terapeutica, o que dificulta a resposta ao tratamento, bem como a resposta a psicoterapia” (Zagar et al,2013: Grant et al,2015). Moreira pesquisou em uma população de “201 controles e 201 pacientes com depressão, com idade entre 18 e 35 anos, residentes na zona urbana de Pelotas-RS; os métodos usados foram para os transtornos psiquiátricos de Eixo I do DSM-IV; será avaliada através do Mini Internacional Neuropsychiatric Interview (MINI) para confirmação do diagnostico de depressão, e coleta de material biológico.” (Moreira, 2014). Uma das principais características daquela pesquisa é o fato do “gene BDNF desempenhar um papel na memória e neuroplasticidade que poderia aumentar a vulnerabilidade para este transtorno” (Moreira, 2014). A autora conclui que “os resultados sugerem que o BDNF poderia estar envolvido na neurobiologia da GAD e pode representar um marcador útil associado com a doença.” (Moreira, 2014). 60


REFERÊNCIA: MOREIRA, F. Val66Met polumorphism is associated with increased BDNF levels in Generalized Anxiety Disorder. 2014. Ansiedade e performance musical: uma revisão sistemática da pesquisa sobre epidemiologia e questionários/escalas Em 2015, Zanon pesquisou sobre “ansiedade e performance musical: uma revisão sistemática da pesquisa sobre epidemiologia e questionários/escalas” com o objetivo de abordar de forma crítica estudos organizados na área da ansiedade em performances musicais de acordo com os padrões epidemiológicos e questionários/escalas para mapeamento da ansiedade na performance musical. Ela afirma que “Vários fatores estão relacionados ao desenvolvimento de ansiedade no ato da performance, dentre eles o tipo de performance (audição, aulas de instrumento, apresentações a solo/de câmara), o sexo (mulheres têm mais tendência a desenvolver ansiedade), as pressões profissionais sofridas pelo músico, traço de ansiedade, entre outros” (Zanon, 2015). A busca foi realizada com base na metodologia PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis (Moher et al. 2009), com artigos selecionados e analisados seguindo esta metodologia aplicados com critérios de inclusão em relação ao tema. Foram selecionados 26 artigos, dispostos em seis categorias específicas. Esta revisão teve como propósito abordar de forma crítica e organizar estudos que tratassem da epidemiologia da APM e o uso de questionários, escalas e tabelas representativas para o mesmo. Os estudos identificam a APM como um distúrbio que afeta músicos em diferentes ambientes, desde a infância à fase adulta, independentemente da formação e instrumento que possam tocar, entre outras análises. REFERÊNCIA: ZANON, F. Ansiedade e performance musical: uma revisão sistemática da pesquisa sobre epidemiologia e questionários/escalas. 2015. Ansiedade da hospitalização em crianças: proposta de um diagnóstico de enfermagem Em 2015, Gomes e Nóbrega pesquisaram sobre “ansiedade da hospitalização em crianças: proposta de um diagnóstico de enfermagem” com o propósito de descrever a proposta de elaboração do diagnóstico de enfermagem de ansiedade decorrentes da hospitalização em crianças. As autoras afirmam que “Considerando que os transtornos de ansiedade estão entre os transtornos psiquiátricos predominantes na infância e adolescência, permanecendo subdiagnosticados e subtratados, destaca-se a necessidade de conhecimento dos profissionais prestadores de cuidados na pediatria, uma vez que a identificação do diagnóstico de ansiedade da hospitalização em crianças requer um pensamento crítico que, por sua vez, necessita de aprofundamento teórico e prático” (Gomes; Nóbrega, 2015, p.964). O tipo metodológico do estudo utilizou-se do método de análise conceitual proposto por Walker e Avant, que teve como principal objetivo a conceituação do significado dos termos ansiedade e hospitalização com a identificação dos atributos críticos do conceito e elaboração de uma definição operacional. Os resultados obtidos demonstram que o conceito de ansiedade já é conhecido no meio da enfermagem assim como da vivência hospitalar, e a análise deste conceito resultou em uma maior atenção à abordagem do tema proposto, dando origem a uma contribuição para a elaboração de novas propostas de diagnósticos inclusivos na área de enfermagem. REFERÊNCIA: GOMES, G.; GLÓRIA, M. Ansiedade da hospitalização em crianças: proposta de um diagnóstico de enfermagem. 2015. Ansiedade dos idosos no tratamento odontológico: revisão sistemática Em 2015, Silva, Sena e Lima pesquisaram sobre “ansiedade dos idosos no tratamento odontológico” com o propósito de entender a forte prevalência da ansiedade no tratamento odontológico nos idosos, ressaltando o que têm sido publicado e discutido sobre este assunto nos últimos cinco anos desde a realização do artigo. Eles consideram que “a ansiedade interfere na vida das pessoas, se apresentando como um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho, não diferentemente quando se trata do atendimento odontológico, ocasionando 61


atendimento irregular, demora na procura de cuidados ou mesmo evitando a assistência, resultando muitas vezes em má qualidade relacionada à saúde bucal” (Silva; Sena; Lima, 2015, p.1). As pesquisas foram realizadas no banco de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), sendo possível consultar as bases de dados: MEDLINE, LILACS e BBO-Odontologia. De acordo com os critérios de inclusão, assuntos principais destacados, e levando em conta apenas os artigos publicados nos últimos cinco anos (no caso 2010-2014), foram encontradas 43 publicações sobre o tema. Os dados foram coletados em julho de 2015 e o instrumento para a coleta de dados foi composto pelas características de identificação dos artigos. Foi observado um aumento progressivo nos artigos encontrados nos anos, em ordem cronológica, demonstrando uma crescente visibilidade da temática ao longo dos anos. Um estudo realizado aponta que técnicas de redução desse tipo de ansiedade são postas em pratica por dentistas suecos como a medicação com comprimidos e misturas, relaxamento e o chamado TellShow-Do. Assim, foi observada uma maior competência técnica para a redução de ansiedade nesses casos. Mesmo assim, é vista a necessidade de certo equilíbrio entre proximidade e distância entre o tratamento profissional e pessoal no processo de envelhecimento. REFERÊNCIA: SILVA, M.; SENA, R.; LIMA, S. Ansiedade dos idosos no tratamento odontológico: revisão sistemática. 2015. Aspectos transgeracionais do transtorno de ansiedade social entre mulheres jovens da percepção acerca do vínculo com suas mães à influência do transtorno no desenvolvimento cognitivo e na linguagem de seus filhos Em 2015, Castelli pesquisou aspectos transgeracionais do Transtorno de Ansiedade Social entre mulheres jovens da percepção acerca do vínculo com suas mães à influência do transtorno no desenvolvimento cognitivo e na linguagem de seus filhos, com seu objetivo de “verificar se há associação entre presença de transtorno de ansiedade social em jovens mulheres e a percepção acerca da forma como foram cuidadas por suas mães, além de investigar se a presença do transtorno entre essas jovens tem impacto no desempenho cognitivo e na linguagem de seus filhos” (Castelli, 2015). Castelli pesquisou em população “composta por gestantes adolescentes, (com idades entre 13 e 19 anos) que realizaram seu pré-natal através do sistema único de saúde e que residiam na zona urbana da cidade de Pelotas. Estas foram acompanhadas durante a gestação e 30 meses após o parto. Com a presença de Transtorno de Ansiedade Social foi investigada através do Mini Neuropsychiatric Interview Plus (MINI Plus). Para medir a percepção acerca da qualidade do vínculo entre mãe e filha em termos de cuidado e controle, utilizamos a versão validada para o Português do Parental Bonding Instrument (PBI). Os desempenhos na cognição e linguagem das crianças foram avaliados através da Bayley Scales of Infant and Toddler Development (3ª ed) aos 30 meses” (Castelli, 2015). A autora conclui que “os resultados sugerem que as características maternas são importantes para o desenvolvimento dos filhos e parece haver uma transmissão entre as gerações dos modelos internalizados. A percepção acerca da vinculação dessas jovens com suas mães parece ter influencia na etiologia do transtorno de ansiedade social e, por sua vez, a presença do transtorno entre essas mulheres tem influência no desempenho de habilidades como cognição e linguagem entre seus filhos.” (Castelli,2015). REFERÊNCIA: CASTELLI, R. Aspectos transgeracionais do transtorno de ansiedade social entre mulheres jovens da percepção acerca do vínculo com suas mães à influência do transtorno no desenvolvimento cognitivo e na linguagem de seus filhos. 2015. Câncer de mama: estimativa da prevalência de ansiedade e depressão em pacientes em tratamento ambulatorial Em 2015, Ferreira, Bicalho, Oda, Duarte e Machado pesquisaram sobre “câncer de mama: estimativa da prevalência de ansiedade e depressão em pacientes em tratamento ambulatorial”. O objetivo do estudo foi identificar a prevalência da ansiedade e depressão em mulheres em tratamento ambulatorial para o câncer de mama. 62


O estudo foi realizado com 138 mulheres em tratamento ambulatorial para câncer de mama, no período de junho a julho de 2014. Foi aplicado um questionário de caracterização da amostra e a escala Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) para triagem da ansiedade e da depressão de acordo com o escore obtido. A amostra é formada por maioria de mulheres entre 49 e 58 anos em tratamento ambulatorial com quimioterapia e tempo de tratamento inferior a 3 anos. A média de pontuação HADS para ansiedade foi 5,67 pontos, e para depressão foi 5,02 pontos. A prevalência de ansiedade e depressão encontradas nesse estudo revela que muitas mulheres em tratamento para câncer de mama sofrem desse transtorno psicoemocional. A identificação precoce dos sintomas de ansiedade e depressão nessa população visa melhorias na qualidade de vida das mulheres, em especial a desmistificação de medos e fantasias que envolvem o câncer. REFERÊNCIA: FERREIRA, A.; BICALHO, B.; ODA, J.; DUARTE, S.; MACHADO, R. Câncer de mama: estimativa da prevalência de ansiedade e depressão em pacientes em tratamento ambulatorial. 2015. Intervenção neuropsicológica para manejo da ansiedade matemática e desenvolvimento de estratégias metacognitiva Um estudo sobre a “intervenção neuropsicológica para manejo da ansiedade matemática e desenvolvimento de estratégias metacognitivas” foi realizado no ano de 2015 por Barbosa. A autora definiu ansiedade matemática como sendo “um tipo de fobia específica que gera sentimentos de medo, tensão e preocupação em situações onde é exigido um raciocínio numérico ou resolução de problemas. Um fator de risco consistente para a AM é o baixo desempenho em tarefas aritméticas. O baixo desempenho pode gerar auto avaliações negativas do indivíduo e, consequentemente reduzir sua autoeficácia”. As terrenas matemáticas seriam associadas a um sentimento de fracasso, e assim, uma ansiedade em relação à disciplina seria desenvolvida. Diversos estudos demonstram como indivíduos com alta ansiedade matemática apresentam piores resultados em tarefas que exigem memória de trabalho. A pesquisa procurou, portanto, testar o quão eficaz é uma intervenção em grupo para reduzir a ansiedade matemática, ao desenvolver estratégias metacognitivas. Levantou-se também a hipótese de uma melhora no desempenho em tarefas de memória de trabalho. A amostra contou com 19 adolescentes, entre 12 e 17 anos, com altos níveis de ansiedade matemática. “A intervenção foi baseada em técnicas cognitivo-comportamentais. Os resultados indicam que a amostra foi formada por dois grupos de perfis distintos e, que por isso, a intervenção mostrou resultados na redução da ansiedade somente para um dos grupos. Porém, nenhum dos grupos apresentou melhora na memória de trabalho. Em seguida, foi realizado um estudo de caso de um dos participantes da intervenção. Uma adolescente de 16 anos, com inteligência superior à média e déficits na memória de trabalho e funções executivas. Possuia habilidades como linguagem, habilidades visoespaciais e habilidades numéricas básicas preservadas, mas com uma dificuldade persistente na aprendizagem da matemática. Foi investigada a hipótese de que poderia haver algum fator mediador (ansiedade matemática) entre o déficit geral (funções executivas) e a aprendizagem da matemática. Após a intervenção, verificou-se uma melhora estatisticamente significativa na redução dos níveis de ansiedade e aumento da autoeficácia e da autorregulação. Contudo, não foram observadas melhoras na memória de trabalho”. REFERÊNCIA: BARBOSA, D. Intervenção neuropsicológica para manejo da ansiedade matemática e desenvolvimento de estratégias metacognitiva. 2015. Risco de suicídio e comorbidades psiquiátricas no transtorno de ansiedade generalizada Em 2015 Vasconcelos, Lôbo e Neto pesquisaram o Risco de suicídio e comorbidades psiquiátricas no transtorno de ansiedade generalizada. Os autores afirmam que o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é um transtorno psiquiátrico que se caracteriza pela preocupação excessiva. De acordo com o DSM-5, para ser diagnosticada, deve durar pelo menos seis meses e ser acompanhada de pelo menos três dos seguintes sintomas: inquietação, irritabilidade, fatigabilidade, perturbação do sono, tensão muscular e/ou dificuldade de concentração. 63


Vasconcelos, Lôbo e Neto fizeram um estudo sobre o corte transversal em 253 pacientes, pertencentes aos ambulatórios de Psiquiatria, Nefrologia e Cardiologia do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Foi realizado um questionário sociodemográfico breve, elaborado especificamente para esta pesquisa, que investigava: idade, sexo, escolaridade e estado civil e uma entrevista diagnóstica padronizada breve (15-30 minutos), compatível com os critérios do DSM-IV, destinada à atenção primária e pesquisa, foi utilizada com o objetivo de investigar os principais transtornos psiquiátricos de eixo I, além de transtorno de personalidade antissocial e risco de suicídio. Para os autores, os transtornos psiquiátricos são fatores de risco para suicídio. O TAG é um transtorno altamente comórbido com outros transtornos psiquiátricos e com patologias de outras áreas médicas. É notória a correlação entre TAG e transtornos de humor (como a depressão), bem como entre TAG e risco aumentado de suicídio. A presença de TAG em indivíduos com transtorno de humor deve, portanto, ser considerada durante a entrevista psiquiátrica. Torna-se importante, também, investigar o risco de suicídio em indivíduos com TAG/transtornos de humor para prevenir tentativas ou suicídios futuros.

REFERÊNCIA: VASCONCELOS, J.; LÔBO, A.; NETO, V. Risco de suicídio e comorbidades psiquiátricas no transtorno de ansiedade generalizada. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Maceió - AL, v. 4, n. 64, p. 259-265, 2015. Análise das relações entre ansiedade- estado e coesão de atletas de handebol Em 2016, Junior, Balbim, Vissoci, Moreira, Passos e Vieira, pesquisaram sobre a “análise das relações entre ansiedade-estado e coesão de atletas de handebol”. No artigo, os autores discorrem sobre a tendência do atleta em perceber situações competitivas como ameaçadoras e responde-las com sentimento de apreensão e tensão. A ansiedade pode ser manifestada sob três formas: somática (aumento da frequência cardíaca), cognitiva (preocupações sobre a perda) e autoconfiança (segurança sobre o seu próprio desempenho). A população do estudo foi constituída por atletas de equipes adultas de Handebol do estado do Paraná. Foram convidadas a participar do estudo as duas melhores equipes de handebol do sexo masculino e feminino, considerando o ranking do estado do Paraná. A amostra foi constituída por 62 atletas (31 do sexo masculino e 31 do sexo feminino) com média de idade de 23,20 ± 5,41 anos. Foram utilizados o Questionário de Ambiente de Grupo e o Inventário de Ansiedade-Estado Competitiva-2. As análises foram realizadas pela Anova de Medidas Repetidas, t de Student, coeficiente de correlação de Pearson e Regressão simples. Os autores concluíram que “enquanto a coesão (tarefa) aumentou durante a competição para os homens, a coesão (social/tarefa) das mulheres diminuiu. O nível de ansiedade somática das mulheres sofreu redução durante o torneio. A ansiedade somática impactou significativamente a integração para o grupo (social/tarefa) e a atração individual (social) das mulheres no jogo final. Já para os homens, a autoconfiança apresentou efeito inverso sobre a integração para o grupo (tarefa) e atração individual (social/tarefa) (p < 0,05). Concluiu-se que, em momentos decisivos, mulheres buscam na coesão uma fonte de controle dos efeitos fisiológicos da ansiedade e os homens utilizam acoesão para controlar a autoconfiança”. (Junior, Balbim, Vissoci, Moreira, Passos e Viera, 2016). REFERÊNCIA: JUNIOR, A.; BALBIM, J.; VISSOCI, G.; MOREIRA, R.; PASSOS, P.; VIERA, L. Análise das relações entre ansiedade- estado e coesão de atletas de handebol. 2016. Ansiedade e depressão: desafios a serem superados por acadêmicos de medicina Em 2016, Palmeira, Azevedo, Loureiro e Lucena, pesquisaram sobre “ansiedade e depressão: desafios a serem superados por acadêmicos de medicina”. No artigo, os autores ressaltam a dificuldade dos estudantes de concretizar os desafios propostos durante a graduação em Medicina de modo equilibrado e saudável. No estudo foi utilizada a base de dados Lilacs, com os seguintes descritores: depressão e estudantes de medicina; ansiedade e estudantes de medicina; depressão, ansiedade e estudantes. 64


A pesquisa foi realizada entre 2010 e 2015. De acordo com estudos, cerca de 8 a 15% dos estudantes de Medicina possuem algum transtorno psíquico. Como dados secundários em estudos, evidenciou-se que a insônia foi motivo de queixa de 14,6% dos acadêmicos; desse total, cerca de 60% foram considerados ansiosos. Analisaram ainda que a população feminina continua tendo prevalência em casos de cefaleia e ansiedade, com exceção da faixa etária de 18 a 29 anos, a qual revela prevalência de cefaleia tensorial no público masculino. O presente estudo concluiu que os distúrbios de ansiedade e depressão estão fortemente presentes no decorrer da graduação em Medicina, principalmente no público feminino, o que pode ser prejudicial ao desempenho acadêmico, assim como na prática clínica após a formação. REFERÊNCIA: PALMEIRA, W.; AZEVEDO, L.; LOUREIRO, Y.; LUCENA, J. Ansiedade e depressão: desafios a serem superados por acadêmicos de medicina. 2016. Associação entre ansiedade e depressão e a qualidade de vida de pacientes renais crônicos em hemodiálise Em 2016, Ottaviani, Betoni, Paravini, Say, Zazzetta e Orlandi pesquisaram sobre “associação entre ansiedade e depressão e a qualidade de vida de pacientes renais crônicos em hemodiálise”. O objetivo foi analisar a relação entre a ansiedade e depressão e qualidade de vida de pacientes renais crônicos em tratamento hemodialítico. O estudo foi realizado com 100 pacientes renais, os quais se caracterizaram pela predominância do sexo masculino (66,0%), com idade média de 53,25 (±14,72) anos, em tratamento em uma Unidade de Terapia Renal Substitutiva do interior do Estado de São Paulo. Os dados foram coletados a partir do questionário para caracterização sociodemográfica, Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão e Kidney Disease and Quality of Life Short-Form. Verificou-se a existência de correlação negativa entre a ansiedade e depressão com os domínios de qualidade de vida. Ademais, a média dos domínios do Kidney Disease and Quality of Life Short-Form foram significativamente menores nos pacientes com sintomas ansiosos e depressivos. Conclui-se que existe correlação negativa entre a depressão e ansiedade com a qualidade de vida relacionada à saúde de pacientes com doença renal crônica em tratamento hemodialítico. REFERÊNCIA: OTTAVIANI, A.; BETONI, L.; PARAVINI, S.; SAY, K.; ZAZZETTA, M.; ORLANDI, F. Associação entre ansiedade e depressão e a qualidade de vida de pacientes renais crônicos em hemodiálise. 2016. Audição musical para alívio da ansiedade em crianças no pré-operatório: ensaio clínico randomizado Em 2016, Franzoi, Goulart, Laea e Martins pesquisaram sobre “audição musical para alívio da ansiedade em crianças no pré-operatório: ensaio clínico randomizado”. O objetivo do estudo é “investigar os efeitos da audição musical, por 15 minutos, nos níveis de ansiedade préoperatória de crianças submetidas a cirurgias eletivas em comparação ao cuidado convencional de uma clínica cirúrgica pediátrica.” (Franzoi e colaboradores, 2016). Os autores realizaram a pesquisa em 52 crianças no período pré-operatório, de ambos os sexos e entre as idades de 3 e 12 anos, submetidas a cirurgias eletivas, as quais foram divididas em dois grupos: experimental (submetidos à audição musical) e controle (não sofreram intervenção alguma). A avaliação da ansiedade em ambos os grupos foi feita através da Escala de Ansiedade Pré-Operatória de Yale e pela mensuração das dimensões fisiológicas no momento de chegada do paciente e 15 minutos após esta primeira avaliação, durante os quais houve a exposição a musica no grupo experimental. A partir deste estudo, os autores concluíram que “houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação à ansiedade pré-operatória somente na dimensão fisiológica, pois a frequência respiratória de pré-escolares do grupo experimental reduziu na segunda mensuração se comparada ao grupo controle. Em relação à dimensão comportamental da ansiedade, o grupo experimental apresentou redução estatisticamente significativa dos escores de ansiedade depois de 15 minutos de audição musical.” (Franzoi e colaboradores, 2016). Desta forma, foi comprovada a eficácia da audição musical como recurso para auxiliar no alívio da ansiedade pré-operatória de crianças. 65


REFERÊNCIA: FRANZOI, M.A.H.; GOULART, C.B.; LARA, E.O.; MARTINS, G. Audição musical para alívio da ansiedade em crianças no pré-operatório: ensaio clínico randomizado. 2016. Autoconceito e ansiedade escolar: um estudo com alunos do ensino fundamental Em 2016, Muniz e Fernandes pesquisaram acerca de “autoconceito e ansiedade escolar: um estudo com alunos do ensino fundamental”. As autoras afirmam que “o aprender vai além da capacidade intelectual da pessoa, pois depende também da forma como ela se relaciona com os seus pares, com o professor e como sente e percebe esse ambiente escolar.” (Muniz; Fernandes, 2016). Dessa forma, a pesquisa pretende verificar as relações entre as dimensões, familiar, pessoal, social e escolar do autoconceito com a ansiedade escolar. Esse fenômeno foi estudado em 195 estudantes, sendo 101 meninas e 94 meninos, do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola particular do estado de Minas Gerais. Foram utilizados a Escala de Autoconceito Infanto-Juvenil (avalia o quanto o jovem se percebe de bem com seu meio e com seus colegas) e o Inventário de Ansiedade Escolar (baseado no Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Norte-Americana de Psiquiatria [DSM-IV]). A partir desta pesquisa, as autoras constataram que “a relação entre autoconceito e ansiedade escolar tende a ser negativa; quanto maior for o autoconceito positivo, menor a ansiedade.” (Muniz; Fernandes, 2016). “Assim, entende-se a contribuição do construto autoconceito para a ansiedade escolar, sugerindo que as crianças que não têm boa percepção de si mesmas apresentam níveis mais altos de ansiedade escolar. É possível que a percepção negativa de si mesmo favoreça sentimentos de medo e sensações de apreensão em relação ao futuro como antecipação de encontros sociais na escola, das avaliações, das relações interpessoais etc.” (Muniz; Fernandes, 2016). REFERÊNCIA: MUNIZ, M.; FERNANDES, D. Autoconceito e ansiedade escolar: um estudo com alunos do ensino fundamental. 2016. Relação da ansiedade com a dificuldade de aprendizagem no ensino fundamental Em 2016, Silva e Faria pesquisaram sobre a “relação da ansiedade com a dificuldade de aprendizagem no ensino fundamental” com objetivo de analisar a relação que a ansiedade tem com a dificuldade de aprendizagem de alunos do ensino fundamental buscando intervenções sensatas que visem a melhoria dessa situação. Elas consideram que “níveis elevados de ansiedade impedem que a aprendizagem ocorra, pois interfere em sua atenção seletiva, codificação de informações na memória, raciocínio, concentração e percepção, e seu desempenho em geral” (Silva; Faria, 2016). O estudo baseia-se na utilização de artigos e textos, nas bases de dados Scielo e Biblioteca Digital da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), buscando qualidade na obtenção de informações e dando relevância aos artigos que possuam correlação entre a ansiedade e dificuldade de aprendizagem nos alunos do ensino fundamental. A pesquisa considerou publicações de estudos entre os anos de 2003 e 2013. Conclui-se, desse modo, que a identidade da criança se constrói a partir das relações que ela possui com o meio em que está situada, neste caso, a escola que frequenta no ensino fundamental, podendo resultar em transtornos de ansiedade pelo meio disfuncional, na relação para com o outro. A ansiedade pode ser gerada a partir de um meio social violento e prejudicar o desempenho da criança em atividades escolares e avaliativas como provas e trabalhos. Cruz, Pinto, Almeida e Aleluia (2011) mostram que os alunos têm apresentado níveis de ansiedade moderados; alguns fatores têm efeitos significativos para a ansiedade do aluno, enquanto outros não. (Silva; Faria, 2016). REFERÊNCIA: SILVA, J.; FARIA, A. Relação da ansiedade com a dificuldade de aprendizagem no ensino fundamental. 2016. Transtornos de Ansiedade e Linguagem em crianças e adolescentes: estudos de neuropsicologia e neuroimagem funcional Em 2016, Toazza pesquisou “Transtornos de Ansiedade e Linguagem em crianças e adolescentes: estudos de neuropsicologia e neuroimagem funcional” com o objetivo de “investigar a linguagem como pano de fundo para o entendimento dos transtornos de ansiedade 66


através de avaliações neuropsicológicas e de neuroimagem funcional, levando em consideração que pobres habilidades de linguagem podem levar a reações negativas no meio de convívio, vieses de interpretação e comportamento de esquiva em situações sociais.” (Toazza, 2016). Toazza investigou três artigos: Verbal fluency and severity of anxiety disorders in young children; Anxiety-related down-regulation of thalamic regions in the processing of sad and angry emotional narratives; Amygdala-based intrinsic functional connectivity and anxiety disorders in adolescents and young adults. “Os resultados desse conjunto de estudos trazem informações importantes sobre a fisiopatologia da ansiedade em crianças e jovens utilizando métodos de Neuropsicologia e neuroimagem funcional.” (Toazza, 2016). A autora conclue que “os dados nos mostram alterações significativas na fluência verbal e alterações na conectividade cerebral, tanto em repouso quanto baseado em tarefas, presentes nos transtornos de ansiedade, trazendo novas informações que são importantes para o entendimento da origem dessas alterações. A tese contribui também com o desenvolvimento de um paradigma para avaliação de processamento emocional utilizando narrativas. Esse produto pode ser utilizado por outros investigadores interessados em estudar processamento emocional.” (Toazza, 2016).

REFERÊNCIA: TOAZZA, R. Transtornos de Ansiedade e Linguagem em crianças e adolescentes: estudos de neuropsicologia e neuroimagem funcional. 2016. Transtorno de ansiedade em idosos com dor crônica: frequência e associações Em janeiro de 2017, Santos, Cendoroglo e Santos pesquisaram acerca de “transtorno de ansiedade em idosos com dor crônica: frequência e associações”. Os autores revelaram que “os transtornos de ansiedade foram muito prevalentes nos longevos com dor crônica, e esses se correlacionaram significativamente com a dor e a depressão, o que poderia justificar a necessidade de medidas terapêuticas multidisciplinares e diferentes nos quadros álgicos persistentes de idosos.” (Santos, Cendoroglo e Santos, 2017) Esse fenômeno foi pesquisado em um grupo de 41 idosos portadores de dor crônica do “Projeto Longeva”, com média de idade de 85,7 anos, sendo a maioria do sexo feminino, branca, viúva e de baixa escolaridade. O quadro de dor foi avaliado utilizando o Geriatric Pain Measurep (GPM-p) e o rastreamento dos transtornos de ansiedade foi realizado segundo o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) de Spielberger et al. Os autores concluíram a partir deste estudo que “foram apuradas altas frequências de transtornos de ansiedade em longevos com dor crônica e correlações significativas da ansiedadetraço com a dor, e também com a de depressão. Correlações frequentes entre ansiedade e dor crônica justificariam a necessidade de associar medidas distintas e multidisciplinares, como a intervenção psicológica no manejo terapêutico de idosos longevos com quadros álgicos persistentes.” (Santos, Cendoroglo e Santos, 2017). REFERÊNCIA: SANTOS, K.; CENDOROGLO, M.; SANTOS, F. Transtorno de ansiedade em idosos com dor crônica: frequência e associações. 2017.

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AUTISMO

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DSM Na história da psiquiatria o diagnóstico de patologias em crianças demorou a ser considerado. Maudsley escreveu um livro sobre as patologias da mente e incluiu um capítulo para patologia em crianças. Em 1906, De Sanctis concluiu com seus estudos que algumas crianças portadoras de deficiência mental podiam desenvolver sintomas psicóticos, enquanto outras possuíam o intelecto bem desenvolvido e não possuíam alterações neurológicas, as quais foram denominadas como portadoras de “demência precocíssima”. Somente em 1911 o termo autismo foi usado pela primeira vez. Em 1933, Howard Potter, discorreu sobre seis casos de esquizofrenia em que os sintomas teriam iniciado antes mesmo da puberdade. Este paciente demonstrava alterações no comportamento, como falta de conexão emocional e ausência de instinto de integração com o ambiente, o que ele chamou de esquizofrenia infantil. Em 1943, Leo Kanner retratou o autismo clássico pela primeira vez no hospital em que trabalhava, e escreveu um livro sobre psiquiatria infantil. Neste ele descreveu alterações na fala e na linguagem, comportamentos repetitivos, sensibilidade incomum a determinadas situações e principalmente incapacidade de se relacionar com outras pessoas, entretanto, como o autor destacou, não possuíam deficiência mental. O termo usado por Kanner era “autismo precoce”, e sugeriu que este surgia por falhas na interação entre a criança e seus pais. Em 1936, Hans Asperger de Viena, publicou um artigo sobre psicopatologia autista na infância, e mesmo sem ter conhecimento das pesquisas de Kanner, os termos empregados para indicar os sintomas foram muito semelhantes. A diferença era de que as crianças descritas por Kanner possuíam dificuldades na linguagem ou até mesmo não falavam nada, enquanto as crianças de Asperger possuíam a habilidade de “falar como pequenos adultos”. Somente em 1952 a APA publicou o primeiro DSM, no qual manteve o diagnóstico do autismo como reação esquizofrênica infantil. DSM Definição Reação esquizofrênica infantil. O quadro DSM-1 clínico difere das reações esquizofrênicas que ocorrem em outros períodos da vida devido à imaturidade e plasticidade do paciente no momento do início da reação. Esquizofrenia infantil. Reação esquizofrênica DSM-2 antes da puberdade. A condição pode ser manifestada por autistas, atípicos, com comportamento retirado; falha em desenvolver a identidade separada da mãe; e desigualdade geral, imaturidade grosseira e inadequação no desenvolvimento. 69


DSM-3

DSM-4

DSM-4-TR

DSM-5

Autismo infantil. Falta de capacidade de resposta a outras pessoas, comprometimento grosseiro nas habilidades comunicativas (a linguagem pode estar totalmente ausente ou pode ter estrutura gramatical imatura, melodia da fala anormal, incapacidade de usar metáforas) e respostas bizarras a vários aspectos do meio ambiente, como resistência e até mesmo reações catastróficas a pequenas mudanças no meio ambiente. Todos desenvolvem dentro dos primeiros 30 meses de idade. O autismo infantil pode estar associado a condições orgânicas conhecidas, como rubéola materna ou fenilcetonúria. Essas deficiências podem ser manifestadas por uma falta de aconchego, por falta de contato visual e sensibilidade facial, e pela indiferença ou aversão ao afeto e ao contato físico. Na edição 4 do DSM, o ponto que mais marca a evolução do conceito desse transtorno é o reconhecimento de vários níveis de gravidade do mesmo, também ocorreu uma padronização mundial dos diagnósticos, que agora seriam baseados em pesquisas feitas em mais de mil pacientes ao redor do mundo. Foi no DSM-4 que foi adicionada a Síndrome de Asperger, que deu margem para uma compreensão de entendimento de formas mais leves do transtorno, em que indivíduos tendem a ser mais funcionais. Os métodos de diagnóstico nessa edição permaneceram os mesmos, há apenas atualizações dos textos do DSM-4-TR. A quinta edição do DSM-5 tem como principal mudança nas suas definições nos subtipos dos transtornos do espectro do autismo, que são eliminados; os indivíduos agora são diagnosticados em um único espectro com diferentes níveis de gravidade. O DSM-5 passa a abrigar todas as subcategorias da condição em um único diagnóstico guarda-chuva denominado Transtorno do Espectro Autista – TEA. A Síndrome de Asperger não é mais considerada uma condição separada, e o diagnóstico para autismo passa a ser definido em duas categorias: alteração da comunicação social e pela presença de comportamentos repetitivos e estereotipados.

REFERÊNCIA STELZER, F.; Uma pequena história do autismo. São Leopoldo/RS: Oikos, 2010. DSM-1 DSM-2 DSM-3 DSM-4 DSM-4-TR 70


DSM-5 Neuropsicológicos para entender o autismo Em 1999, Joseph, Robert M pesquisou sobre o entendimento do autismo pela neuropsicologia no artigo “Neuropsychological Frameworks for Understanding Autism”. Este artigo é uma revisão que se concentrará em três teorias do autismo, cada uma das quais postula um comprometimento neuropsicológico central que é argumentado para explicar a definição de características comportamentais do autismo. Um quadro explicativo completo para a compreensão do autismo envolveria, em última análise, pelo menos quatro níveis de análise: (1) etiologia; (2) estruturas e processos do cérebro; (3) neuropsicologia; (4) sintomas ou comportamentos (Pennington & Welsh, 1995). O nível neuropsicológico de explicação é intermediário entre cérebro e comportamento. Ele tenta vincular esses dois níveis de análise, mapeando relacionamentos entre estruturas cerebrais. Como tal, as construções neuropsicológicas fornecem potencialmente uma explicação unificadora para uma série de comportamentos e sintomas que, de outra forma, podem parecer díspares e não relacionados. Como um transtorno complexo do desenvolvimento da origem genética e, mais proximamente, neurológica, o autismo representa o desafio de explicar como as anomalias generalizadas na estrutura e organização do cérebro levam a um padrão de sintomas e características comportamentais tão distintos. Cada uma das teorias analisadas neste artigo tem hipóteses e fornecem evidências laboratoriais em apoio à uma deficiência neuropsicológica do núcleo diferente que é responsável por muitos, senão por todos os comportamentos do autismo e que podem potencialmente se correlacionar com anormalidades no nível do cérebro. No artigo, conclui-se que definir as conexões entre deficiências neuropsicógicas no autismo e suas bases cerebrais subjacentes é um desafio ainda maior para futuras pesquisas. REFERÊNCIA: JOSEPH, R. Neuropsychological frameworks for understanding autism. 1999. Autismo Infantil Em 2000, Assumpção e Pimentel revisaram a literatura sobre autismo, publicada entre os anos 1976 a 1996, com o intuito de elaborar uma reversão bibliográfica com o tema: “Autismo Infantil”. Relataram que em 1942, autores como Kanner consideravam o autismo como uma doença especifica relacionada a fenômenos da linha esquizofrênica. Atualmente a maioria dos autores relaciona o autismo a um déficit cognitivo, enquadrado como um distúrbio de desenvolvimento. Discorrem também sobre a epidemiologia da doença, que está presente em 1-5 crianças a cada dez mil, em uma proporção de dois a três homens para uma mulher, e pode ser detectado em torno dos três anos. Concluem que o autismo infantil corresponde a um quadro de extrema complexidade que exige que abordagens multidisciplinares sejam efetuadas. REFERÊNCIA: ASSUMPÇÃO, F; PIMENTEL, A. C. Autismo Infantil. 2000. A Cognição Social e o Córtex Cerebral Em 2001, Judith Butman e Ricardo F. Allegri pesquisaram sobre a “Cognição Social e o Córtex Cerebral”. O artigo tem como objetivo informar sobre a relação da cognição social e do córtex cerebral, consequentemente relacionando-se com o autismo, revisando pesquisas de diversos autores. A cognição social é o processo neurobiológico que permite tanto humanos como animais interpretar adequadamente os signos sociais e, consequentemente, responder de maneira apropriada. As estruturas anatômicas implicadas nestes processos, baseando-se em estudos experimentais com animais e com pacientes com lesões cerebrais são: a amígdala, o córtex prefrontal, ventromedial, a ínsula e o córtex somatosensorial direito. O modelo atencional de Norman e Shallice (1986), ao explicar as funções do córtex pré-frontal, propõe a existência de um Sistema Supervisor Atencional, consciente e explícito, encarregado das condutas não rotineiras e um Programa de Contenção, automático e implícito, que intervém na manutenção das condutas sociais e emocionais apropriadas ao meio. Este programa de contenção envolve uma espécie de atenção dirigida para componentes emocionais. 71


Os pacientes com autismo, que possuiriam anormalidades estruturais ou funcionais na amígdala, não têm capacidade de atribuir um estado mental ou inferir uma emoção em outra pessoa através do olhar. Isso foi demonstrado através de estudos funcionais e deu lugar à teoria do transtorno amigdalino no autismo (BaronCohen e cols, 1994, 2000). Também foi observado esse transtorno em pacientes com lesão amigdalina (sobretudo para o reconhecimento da expressão emocional do medo) e em esquizofrenia (Adolphs e cols., 1994; Adolphs, Tranel, Damasio & Damasio, 1992; Broks e cols., 1998). A capacidade de empatia ou a habilidade de detectar o que outra pessoa sente é medida pela capacidade de poder reproduzir em nosso próprio organismo um estado emocional similar. Para isso, devem estar preservados os mecanismos de interpretação de signos emocionais relevantes, descritos anteriormente, bem como o córtex somatosensorial direito e a ínsula. Conclui-se no texto que as lesões neurológicas (vasculares, tumorais, degenerativas ou traumáticas) do lobo frontal determinam um transtorno mais ou menos evidente da “conduta social”, o qual foi mal detectado pela neurologia clássica. Muitas patologias psiquiátricas também poderiam ser interpretadas a partir desta definição (como por exemplo, a esquizofrenia paranoide, o autismo e até uma fobia ou um transtorno de ansiedade generalizada). Limbo quer dizer margem ou borda, e o sistema límbico, que é a base neural desta conduta, é a fronteira entre a neurologia e a psiquiatria (Mega, Cummings, Salloway & Mallory 1997). A correta sincronização e a ausência de lesão destas áreas colocam o adulto numa situação livre de patologia. REFERÊNCIA: BUTMAN, J.; ALLEGRI, R. A Cognição Social e o Córtex Cerebral. 2001. As Relações entre Autismo, Comportamento Social e Função Executiva Em 2001, Cleonice Alves Bosa pesquisou sobre “As Relações entre Autismo, Comportamento Social e Função Executiva”. O artigo apresenta e discute dados de diversas pesquisas na área de neuropsicologia; ele tem como objetivo discutir o papel do lobo frontal nos comportamentos que caracterizam a síndrome do autismo. Focaliza, em especial, as possíveis relações entre função executiva, teoria da mente e habilidade de atenção compartilhada. A teoria do lobo frontal aplicada ao autismo sugere que muitas das características dessa síndrome, como por exemplo, inflexibilidade (expressa através de atividades ritualizadas e repetitivas), perseveração, foco no detalhe em detrimento de um todo, dificuldade em gerar novos tópicos durante o brinquedo de faz-de-conta e dificuldades no relacionamento interpessoal, podem ser explicadas por comprometimento no funcionamento do lobo cerebral frontal (Duncan, 1986), a perda da especialização hemisférica nos autistas gera uma sobrecarga sensorial durante as relações sociais, que explica o retraimento e comportamentos estereotipados do autista. O lobo frontal ocupa 1/3 do cérebro e é responsável pela capacidade de planejamento e desenvolvimento de estratégias para atingir metas, o que requer flexibilidade de comportamento, integração de detalhes num todo coerente e o manejo de múltiplas fontes de informação, coordenados com o uso de conhecimento adquirido (Kelly, Borrill & Maddell, 1996). A teoria da ligação entre as funções executivas e o autismo surgiu pela observação das semelhanças entre o comportamento de indivíduos autistas e aqueles que sofreram danos na região cortical pré-frontal: ambos tendem a apresentar comportamentos de irritabilidade ou apatia; problemas de atenção e memória; e perda do juízo crítico envolvendo valores sociais. Estas semelhanças foram comprovadas pelos resultados do desempenho de indivíduos com autismo em testes destinados a medir funções executivas (Hughes & Russel, 1993; Ozonoff e cols., 1991). Conclui-se que a investigação sobre a hipótese de comprometimento da função executiva como déficit subjacente ao autismo é uma área promissora. Entretanto, muitas questões ainda permanecem sem resposta. Enfim, concordando com Baron-Cohen (1995), parece-nos muito mais direta a relação entre déficit na função executiva (FE) e rigidez do comportamento (estereotipias e rotinas elaboradas, interesses circunscritos, etc.) do que entre FE e comportamento social. Longe de afirmar que essa relação não existe, ressalta-se a necessidade de mais investigações e a importância de compreender essa possível relação num contexto interativo, levando-se em conta aspectos psicossociais como possíveis mediadores das funções cerebrais. REFERÊNCIA: BOSA, C. As Relações entre Autismo, Comportamento Social e Função Executiva. 2001. Avaliações Quantitativas e Qualitativas de um Menino Autista: Uma Análise Crítica 72


Em 2003, Lampreia realizou um estudo de caso com o tema: “Avaliações Quantitativas e Qualitativas de um Menino Autista: Uma Análise Crítica”, com o objetivo de confrontar os dados quantitativos proporcionados pelo DSM IV, o CARS e o PEP-R, por meio de uma análise qualitativa dos dados do PEP-R. O objeto de estudo foi Gustavo, o qual já havia sido avaliado pelo DSM III-R e diagnosticado como autista por um neurologista que, aos 4 anos e 10 meses de Gustavo, o encaminhou para esta segunda avaliação. Os instrumentos de avaliação consistiram em uma anamnese médica e o DSM-IV, aplicados pelo mesmo neurologista que havia encaminhado o sujeito; o CARS foi aplicado pelo neurologista e um observador, e o PEP-R que foi aplicado por dois avaliadores. Gustavo foi diagnosticado como autista pelo DSM-IV e autista severo pelo CARS. Em relação à análise do PEP-R, os resultados mostram que Gustavo apresentou um atraso significativo em muitas áreas da escala e, apenas nas áreas de percepção e motora grossa, passou em mais de 50% dos itens. A partir da análise dos resultados, concluiu-se que havia uma concordância quanto ao diagnóstico de autismo e os prejuízos nas áreas social, de linguagem e de imitação. Contudo, a análise qualitativa dos resultados do PEP-R mostrou competências não reveladas pelos três instrumentos. Isto recomenda uma análise qualitativa, mais discriminativa do perfil de habilidades da criança autista. REFERÊNCIA: LAMPREIA, C. Avaliações quantitativa e qualitativa de um menino autista: Uma análise crítica. 2003. Autism and Möbius Sequence: An Exploratory Study of Children in Northeastern Brazil Em 2003, Bandim e col. pesquisaram: “Autismo e sequência de Möbius: estudo exploratório de crianças no Nordeste do Brasil” com o objetivo de investigar a associação entre sequência de Möbius com autismo e uso de misoprostol durante a gravidez. Foi realizada uma avaliação psiquiátrica com instrumentos de diagnóstico para o autismo (DSM-IV e Escala de Pontuação para Autismo na Infância-CARS) em 23 crianças com sequência de Möbius, diagnosticadas por dois institutos de referência no Estado de Pernambuco. A avaliação foi realizada em uma clínica psiquiátrica especializada do Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP) e complementada com entrevistas aos membros das famílias. Dos 23 pacientes estudados, cinco (26.1%) preencheram os critérios diagnósticos do DSM-IV para transtorno autista, e dois pacientes (8.6%) com idades abaixo dos dois anos mostraram comportamento característico do autismo. Entre as cinco crianças com transtorno autista, três (60%) tinham história positiva para exposição ao misoprostol durante o primeiro trimestre da gravidez; das duas crianças com comportamento autista, uma (50%) tinha uma história positiva para exposição ao misoprostol durante o primeiro trimestre da gravidez. Os autores concluem que futuras investigações serão necessárias usando técnicas de neuroimagem em grupos mais homogêneos e populações mais representativas. Outra questão que se mostrou relevante foi a importância do acompanhamento a longo prazo de pacientes com sequências de Möbius e autismo, de modo que os aspectos clínicos inerentes aos grupos e os possíveis fatores ligados ao prognóstico possam ser mais conhecidos. Este estudo comparativo dá mais informações sobre os insultos do desenvolvimento que podem ser responsáveis pela constelação de malformações projetadas como sequências de Möbius. REFERÊNCIA: BANDIM e col. Autism and Möbius sequence: An exploratory study of children in northeastern Brazil. 2003. Autismo e Doenças Invasivas de Desenvolvimento Em 2004, Gadi, Tuchman e Rotta publicaram um artigo após uma revisão histórica do fenômeno do autismo; concluem que o autismo não é uma doença única, mas sim um distúrbio de desenvolvimento complexo, definido de um ponto de vista comportamental, com etiologias múltiplas e graus variados de severidade. A prevalência de autismo tem variado de 40 a 130 por uma população de 100.000 pessoas, ocupando o terceiro lugar entre os distúrbios de desenvolvimento, na frente das malformações congênitas e da Síndrome de Down. No que diz respeito ao diagnóstico da doença, os autores consideram que a avaliação de indivíduos autistas requer uma equipe multidisciplinar e o uso de 73


escalas objetivas, além de técnicas que existem e devem ser utilizadas para a avaliação tanto do comportamento social das crianças quanto da sua capacidade de imitação. A respeito dos aspectos neuroquímicos e neurobiológicos da doença, 90% das crianças autistas que possuem entre 2 e 4 anos de idade apresentam volume cerebral maior do que a média para crianças da mesma idade e 37% tem macrocefalia, e a elevação nos níveis de serotonina nas plaquetas é o achado mais consistente em autistas. Concluem então que o Autismo é um distúrbio complexo que afeta o desenvolvimento social e cognitivo e, como tal, nos oferece uma oportunidade para entender e delimitar os sistemas neuronais determinantes para a interação social e comunicação. O espectro de apresentações e de manifestações clínicas sugere uma heterogeneidade neurobiológica e a delimitação de subgrupos específicos da doença; é essencial a compreensão de seus aspectos neurobiológicos. Além disso, uma equipe multidisciplinar é fundamental ao entendimento, assim como ao tratamento desse fenômeno. REFERÊNCIA: GADIA, C.; TUCHMAN, R.; ROTTA, N. Autismo e doenças invasivas do desenvolvimento. 2004. Autismo Infantil e Estresse Familiar: Uma Revisão Sistemática da Literatura O objetivo do artigo é avaliar sistematicamente a produção bibliográfica constituída por relatos de pesquisa indexados nas bases de dados Mell ine, PsycInfo e I, II ACS, produzida de 1991 a 2001 sobre o impacto psicossocial em famílias de crianças portadoras do transtorno autista. Inicialmente, os estudos tenderam a caracterizar os pais da criança como emocionalmente frios, apresentando dificuldades no estabelecimento de contato afetivo (Omitz, Ritvo e Grauderer, 1997). Atualmente, os pais são concebidos como cuidadores que criam e se relacionam de maneira normal com suas crianças. Este padrão de comportamento dos pais abriu possibilidades de investigação até então insuspeitadas ou pouco elaboradas. A partir deste estudo, tornou- se possível concluir que a presença de uma criança autista na família é uma importante causa de estresse nos pais, que acarreta em influências tanto no desenvolvimento da criança, quanto no estabelecimento de vínculos entre os pais e seus filhos. O prejuízo cognitivo constituiu o principal fator de estresse parental. Neste sentido, é possível concluir também que uma determinação quanto ao futuro, em relação aos comportamentos de independência, suscita nos pais questionamentos com relação aos cuidados de seus filhos no futuro, quando eles próprios não mais puderem provê-los. REFERÊNCIA: FÁVERO, M, SANTOS, M. Autismo infantil e estresse familiar: Uma revisão sistemática da literatura. 2005. Autismo: Intervenções Psicoeducacionais O artigo tem o intuito de revisar a literatura recente sobre as diferentes intervenções que têm sido utilizadas no tratamento do autismo, com ênfase naqueles que possuem base empírica. Relata que atualmente uma das situações mais estressantes para os pais, ao lidarem com os profissionais, é a controvérsia que envolve o processo diagnóstico. Para tanto, vários autores salientam quatro alvos básicos para qualquer tratamento: estimular o desenvolvimento social e comunicativo; aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas; diminuir comportamentos que interferem com o aprendizado e com o acesso às oportunidades de experiências do cotidiano; e ajudar as famílias a lidarem com o autismo. Além disso, também enfatiza a importância do diagnóstico precoce, essencialmente entre os anos pré-escolares, apesar das dificuldades que ainda existem nesta intervenção precoce, pois aos três anos de idade, as crianças tendem a preencher os critérios de autismo em uma variedade de medidas diagnósticas. Bosa conclui que a maioria das literaturas atuais não possui embasamento empírico. Ainda que algum tipo de melhora possa ser demostrado em diferentes estudos, os resultados devem ser interpretados com cautela, uma vez que os estudos metodologicamente bem controlados são muito raros. REFERÊNCIA: BOSA, C. Autismo: intervenções psicoeducacionais. 2006. Comportamentos Indicativos de Apego em Crianças com Autismo 74


O artigo é um estudo sobre comportamentos indicativos de apego em crianças com autismo; participaram 10 meninos autistas, 10 com Síndrome de Down e 10 com desenvolvimento típico, equiparados pela idade, cuja média foi de aproximadamente 4 anos. Os instrumentos incluíram o preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, a Entrevista de Dados Demográficos da Família, de Desenvolvimento e Saúde da Criança (adaptada de Bosa, 1998) para caracterização da amostra. Também foi realizada uma sessão de brincadeira livre, que envolveu a mãe, a criança e uma pessoa estranha. Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos, quanto à maioria dos comportamentos de apego. Contudo, o grupo com autismo apresentou uma frequência maior de comportamento de esquiva do que os outros grupos, apenas no 1º episódio. As comparações intragrupos mostraram que as crianças com autismo interagiram mais com a mãe do que com o estranho. Esses resultados demonstram a ocorrência de apego entre crianças com autismo e suas mães e as vantagens de se usar análises que considerem as peculiaridades desses comportamentos. Concluem que as implicações desses resultados para intervenções com os pais são importantes, à medida que se procura demonstrar que as peculiaridades de um comportamento, mesmo que de uma forma não convencional, não se equacionam a ausência deste comportamento. Se estes resultados se estendem a todo o espectro do autismo e em contextos naturalísticos, merece maior investigação. REFERÊNCIA: SANINI, C. et al. Comportamentos indicativos de apego em crianças com autismo. 2007. Uma breve revisão histórica sobre a construção dos conceitos do Autismo Infantil e da síndrome de Asperger Em 2008, Tamanaha e col., elaboraram um artigo de revisão com o tema: “Uma breve revisão histórica sobre a construção dos conceitos de Autismo Infantil e da Síndrome de Asperger”, onde buscaram mostrar as modificações, ao longo do tempo, das concepções teóricas e das descrições clinicas destes quadros. Este trabalho, engloba a abordagem etiológica afetiva do autismo infantil, proposta por Kanner em 1943, em que esse salienta a existência de uma distorção no modelo familiar, que ocasionaria alterações no desenvolvimento psico-afetivo da criança, decorrente do caráter altamente intelectual dos pais destas crianças, e não assinala nenhum fator biológico que possa estar envolvido. Em contrapartida surgem outras abordagens que buscam uma etiologia orgânica para o quadro e o caracterizam, prioritariamente, por falhas cognitivas e sociais, e são relacionadas ao estudo do SNC. Estas duas abordagens, constituem até hoje, motivo de controvérsias. Além disso, os autores também têm como objetivo destacar os principais pontos que diferenciam o Autismo Infantil da Síndrome de Asperger. A distinção entre os dois quadros centralizou-se na caracterização da área da comunicação, bastante prejudicada no Autismo. Já na Síndrome de Asperger, verificou-se que o DSM IV TR considerou não haver um prejuízo significativo nas áreas de linguagem e cognição. Este estudo, permitiu observar a evolução do conceito do Autismo Infantil, ao longo do tempo. A busca por critérios diagnósticos mais precisos e consistentes também se evidenciou, demonstrando que o percurso para total compreensão destes distúrbios e de suas etiologias, ainda necessita de muito desbravamento, por parte dos estudiosos. Entretanto os autores acreditam que o conhecimento da história dos construtos destas alterações seja fundamental para os fonoaudiólogos fortalecerem suas práticas baseadas em evidências, tanto na clínica, na assessoria, quanto na pesquisa. REFERÊNCIA: TAMANAHA, A.; PERISSINOTO, J.; CHIARI, B. Uma breve revisão histórica sobre a construção dos conceitos do Autismo Infantil e da síndrome de Asperger. 2008. Deficiência, Autismo e Neurodiversidade Em 2007, Francisco Ortega pesquisou sobre “Deficiência, Autismo e Neurodiversidade”. O objetivo do artigo é analisar o surgimento recente do movimento de neurodiversidade, situandoo no contexto dos estudos sobre a deficiência e da organização política de deficientes físicos. O movimento da neurodiversidade é organizado por autistas chamados de alto funcionamento (síndrome de Asperger), que consideram que o autismo não é uma doença a ser tratada, e se for possível curada. Os ativistas do movimento de neurodiversidade se opõem aos grupos de pais de 75


filhos autistas e profissionais que buscam uma cura para a doença. No texto, são apresentados os argumentos dos grupos pró-cura e anticura do autismo. O que alguns autores "anticura" denominaram de healthism e que pode ser traduzido como a ideologia ou a moralidade da saúde, exprime essa tendência. Segundo essa ideologia, a saúde tornou-se também um valor absoluto ou padrão para julgar um número crescente de condutas e fenômenos sociais. A história do movimento de neurodiversidade está ligada ao deslocamento das concepções psicanalíticas para uma concepção biológica e cerebral do transtorno autista, atualmente compreensões cognitivistas, neurológicas e genéticas do transtorno dominam o campo do tratamento. Os adeptos da neurodiversidade rejeitam as explicações psicológicas negativistas e culpabilizantes, afirmando um autismo cerebral, na base de uma identidade autista vivenciada com orgulho. O movimento tenta salientar que a “conexão neurológica” atípica (ou neurodivergente) não é uma doença, trata-se antes de uma diferença humana que deve ser respeitada como outras diferenças (sexuais, raciais, entre outras). Eles são “neurologicamente diferentes”, ou “neuroatípicos”. O artigo conclui com alguns dos desafios que apresentam os movimentos da neurodiversidade. O objetivo principal não era tomar partido a favor ou contra os grupos pró-cura ou anticura; ambos têm suas razões. Os primeiros criticam políticas identitárias agressivas praticadas por ativistas radicais do movimento autista que pretendem falar em nome de todos os autistas. Os ativistas autistas são frequentemente autistas de “alto funcionamento”, geralmente Aspergers, que se outorgam o direito de manifestar-se em nome de todos os autistas, o que causa irritação dos pais de filhos autistas de “baixo funcionamento” com grave retardo físico. Seria hipocrisia subsumir todas as formas de autismo ao “alto funcionamento”, para depois dizer que autismo é um estilo de vida. O movimento da neurodiversidade é minoritário dentro do espectro total do autismo. Muitos autistas não possuem nem a capacidade cognitiva de falar nem dizer o que pensam ou sentem, quanto menos de se organizar política e comunitariamente. Os ativistas autistas, por sua vez, têm suas razões ao temer políticas igualmente agressivas que incluam testes genéticos que possibilitem abortar fetos autistas, bem como a imposição de ideais e padrões de normalidade cerebral, que redundem em terapias e obrigação de ser “curados”. Se o autismo é um espectro, não pode ser tratado como uma entidade nosológica fechada. REFERÊNCIA: ORTEGA, F. Deficiência, autismo e neurodiversidade. 2008. A Escala CARS Brasileira: uma Ferramenta de Triagem Padronizada para o Autismo Para Rapin e Goldman, o autismo não é uma doença, e sim uma síndrome diagnosticada pelo comportamento que aponta o desenvolvimento atípico do cérebro imaturo e se manifesta em lactentes mais velhos, em crianças em idade pré-escolar ou na pré-escola. Para a maioria dos clínicos experientes, o autismo clássico é um diagnóstico óbvio, mas são opiniões insuficientes quando se trata de incluir crianças em pesquisas ou convencer as autoridades a oferecer serviços educacionais. A Entrevista Diagnóstica do Autismo (ADI-R), método padronizado que fornece uma perspectiva histórica sobre comportamentos autísticos, e o Programa de Observação Diagnóstica do Autismo (ADOS-G) com uso de modelos apropriados para diferentes idades e níveis de desenvolvimento, são os métodos mais comuns nas pesquisas atuais. As desvantagens são sua demora, necessidade de treinamento longo e caro, e o fato de não serem realistas e adequados para aplicações clínicas e muitas aplicações de pesquisa. Outros trabalhos apontam que pontuações entre 36 e 60 indicam autismo grave (transtorno autístico), 30-35 indicam autismo moderado, e menos de 30 indicam não-autismo. A alta convergência da CARS brasileira com a Escala de Avaliação de Traços Autísticos (ATA) e com o diagnóstico clínico indica que a escala está identificando crianças autísticas corretamente. A alta consistência interna dos 14 comportamentos que envolvem reciprocidade social, comunicação e comportamentos restritos e repetitivos apoia o autismo enquanto construto único. REFERÊNCIA: RAPIN, I; GOLDMAN, S. A escala CARS brasileira: uma ferramenta de triagem padronizada para o autismo. 2008. 76


Auto-respostas ao longo do córtex cingulado revelam fenótipo neural quantitativo para autismo de alta funcionalidade Em 2008, Chiu e colaboradores pesquisaram as “auto-respostas ao longo do córtex cingulado revelam fenótipo neural quantitativo para autismo de alta funcionalidade” com o objetivo de fornecer uma ferramenta de avaliação quantitativa para o ASD de alta funcionalidade. Eles consideram que o ASD (Síndrome do Espectro Autista) tem como um sintoma característico a perturbação perante interações sociais. Assim, por meio de revisões bibliográficas, consideram que jogos nos quais ocorrem trocas pessoais ativas, como jogos de confiança com trocas econômicas, conseguem avaliar as normas internas e o senso de justiça de cada indivíduo durante uma troca. Chiu e colaboradores realizaram aquela pesquisa com pessoas do sexo masculino com ASD de alta funcionalidade, utilizando, primeiro, tarefas de imagens visuais, nas quais os pesquisados primeiro assistiam a outros indivíduos realizando atos motores específicos, e, depois, imaginavam a si próprios realizando esses atos. Na segunda parte, os pesquisados participam dos jogos de confiança. Assim, eles utilizam as informações conseguidas na análise do córtex cingulado dos pesquisados enquanto eles se imaginavam realizando um ato motor (self eigenmode), que é diferente de quando eles assistiam a outros realizando as atividades, e perceberam que o self eigenmode também aparece na fase própria/particular do jogo de confiança. Portanto, eles utilizam o self eigenmode para quantificar as respostas do córtex cingulado de pessoas do sexo masculino com ASD de alta funcionalidade. REFERÊNCIA: CHIU, P.; KAYALI, M.; KISHIDA, K.; TOMLIN, D.; KLINGER, L; KLINGER, M.; MONTAGUE, P. Self-responses along cingulate cortex revel quantitative neural phenotype for high-functioning autism. 2008. Diagnosticando o Transtorno Autista: Aspectos Fundamentais e Considerações Práticas Em 2009, Mulick e Silva, desenvolveram uma revisão bibliográfica com o tema: “Diagnosticando o Transtorno Autista: Aspectos Fundamentais e Considerações Práticas”, com o objetivo de oferecer uma revisão geral acerca do que vem a ser o transtorno autista e ressaltar os fatores críticos que devem ser considerados durante o processo diagnóstico. Destacando os critérios diagnósticos do Autismo, presentes no DSM- IV-TR, assim como as comorbidades e alterações associadas, como por exemplo, o retardo mental, e outros problemas associados: comportamentais, sensoriais e médicos. Salientam que existe certo consenso entre os especialistas de que o autismo á decorrente de disfunções do SNC, que levam a uma desordem no padrão do desenvolvimento da criança. Em relação a prevalência/incidência, indicam que estudos mais recentes revelaram um aumento drástico de casos, atingindo a média de 40 e 60 casos a cada 10.000 nascimentos, e que este fenômeno prevalece em indivíduos de sexo masculino. Em relação as considerações práticas durante o processo diagnóstico, relatam que um número cada vez maior de profissionais tem defendido que a forma mais adequada de se estabelecer o diagnóstico, é de modo interdisciplinar. Concluem que apesar de as pesquisas ainda não terem avançado o suficiente para se determinar fatores e processos específicos que estejam definitivamente envolvidos na etiologia do autismo, já avançamos bastante em termos de informação que dão suporte á implementação de práticas diagnósticas adequadas e de boa qualidade. REFERÊNCIA: MULICK, J.; SILVA, M. Diagnosticando o Transtorno Autista: Aspectos Fundamentais e Considerações Práticas. 2009. Contribuições da Neurofisiologia de Gallese e da Psicologia de Bruner para a Compreensão da Aprendizagem Social Em 2010, Patrícia da Silva Sampaio, Maria Isabel da Silva Leme & Rogério Lerner pesquisaram sobre as “Contribuições da Neurofisiologia de Gallese e da Psicologia de Bruner para a Compreensão da Aprendizagem Social”. O objetivo deste artigo é estabelecer articulações entre novas descobertas em neurofisiologia e psicologia como neurônios espelho e intersubjetividade, a fim de proporcionar uma melhor compreensão de aprendizado na cognição social, revisando pesquisas de diversos autores. 77


Gallese (2006) destaca a importância de experiência, ao nível de um fenômeno, ou mesmo, quando surgem problemas no funcionamento da intersubjetividade, mais especificamente quando se trata de autismo. Sua hipótese é que "esses déficits devem ser atribuídos para um déficit ou um mau funcionamento da sintonização "intencional" por causa de um mau funcionamento de mecanismos de simulação, por sua vez, produzidos por uma disfunção dos sistemas de neurônio espelho”. A Hipótese de Gallese mencionada acima é baseada em evidências, a maioria especificamente quanto à relação entre autismo e anomalias estruturais ou funcionais na ínsula, sistema límbico e amígdala. Na literatura, eles são pronunciados como a incapacidade das pessoas autistas de atribuir intenção para o outro, compreender diferentes pontos de vista e ter uma teoria da mente (Butman & Allegri, 2001). Conclui-se que mesmo que haja muito a ser pesquisado e discutido, todas essas contribuições de pesquisadores parecem permitir uma aproximação que se mostra promissora em termos de melhor compreensão dos fenômenos neurofisiológicos e psicológicos na socialização. REFERÊNCIA: SAMPAIO, P.; LEME, M.; LERNER, R. Contributions from Gallese’s Neurophysiology and Bruner’s Psychology to the Understanding of Social Learning. 2010. Promoção do Comportamento Social com a Ocitocina no Autismo de Alta Funcionalidade Em 2010, Andari e colaboradores pesquisaram a “Promoção do Comportamento Social com a Ocitocina no Autismo de Alta Funcionalidade” com o objetivo de investigar os efeitos comportamentais da ocitocina. Eles refletem que indivíduos com autismo de alta funcionalidade não conseguem entender ou engajar-se em situações sociais, mesmo tendo suas habilidades intelectuais preservadas. A pesquisa foi feita com 13 indivíduos autistas, que participaram de um jogo de bola simulado, no qual eles interagiram com parceiros fictícios. Depois foi mostrado a eles imagens de faces. Eles puderam perceber que, após a inalação de ocitocina, os pesquisados mostraram fortes interações com o parceiro mais socialmente cooperativo e reportaram sentimentos de confiança e preferência (no jogo de bola). Quando foram mostradas as figuras, a ocitocina aumentou o tempo que os pesquisados encararam os olhos, a região mais socialmente informativa. Assim, concluíram que, com a ocitocina, os pacientes respondem mais fortemente aos outros e exibem comportamento social mais apropriado, sugerindo um potencial terapêutico da ação da ocitocina em uma dimensão central do autismo. REFERÊNCIA: ANDARI, E.; DUHAMEL, J-R.; ZALLA, T.; HERBRECHT, E.; LEBOYER, M.; SIRIGU, A. Promoting social behavior with oxytocin in high-functioning autism spectrum disorders. 2010. Autismo e Psicodiagnóstico de Rorschach Em 2011, Ceres Alves de Araújo, Regina Sonia Gattas Fernandes do Nascimento e Francisco Baptista Assumpção Junior pesquisaram sobre Autismo e psicodiagnóstico de Rorschach, tendo como objetivo deste artigo avaliar e analisar as características cognitivas e afetivas de crianças diagnosticadas com autismo e que apresentavam inteligência conservada, através do Psicodiagnóstico de Rorschach pelo Sistema Compreensivo de Exner. No artigo presente se considera que crianças com essa condição apresentam déficit nos processos afetivosociais básicos desde idades muito precoces. Neste artigo foram estudados, pelo teste de Rorschach, 21 meninos, com idade variando entre 6 anos e 3 meses a 16 anos e 3 meses diagnosticados como autistas, através dos critérios do DSM-IV-TR, e que apresentavam indícios de inteligência na faixa de normalidade, medida pela Escala de Inteligência Wechsler para Crianças, terceira edição. As principais características apresentadas mostraram a existência de uma relativa integridade do processamento perceptivo-cognitivo, onde os autores concluem que foi positivo o índice do déficit relacional, demonstrando dificuldades em enfrentar as demandas comuns do meio social, dado com- patível com a descrição clínica do quadro. Quanto às variáveis selecionadas para serem observadas, encontrou-se uma grande variabilidade em muitas delas, o que indica que não se pode afirmar que façam parte de um perfil específico para crianças com 78


Transtornos Globais de Desenvolvimento, constituindo-se provavelmente, em características individuais. REFERÊNCIA: ARAÚJO, C.; NASCIMENTO, R.; ASSUMPÇÃO, F. Autismo e psicodiagnóstico de Rorschach. 2011 Autismo, Teoria da Mente e o Papel da Cegueira Mental na Compreensão de Transtornos Psiquiátricos Em 2009, Tonelli realizou estudos sobre “Autismo, Teoria da Mente e o Papel da Cegueira Mental na Compreensão de Transtornos Psiquiátricos”, utilizando referências para o desenvolvimento do mesmo, onde ele analisa o comportamento de pessoas autistas, esquizofrênicas e com transtorno bipolar em relação a seu comportamento junto a atividades sociais onde apresentaram casos de psicose. Indivíduos que são portadores de autismo são acometidos por anormalidades de padrões de comunicação e contatos sociais. Os estudos demonstraram que uma grande parte da população tem problemas no processamento cognitivo. Esta incapacidade foi chamada de “cegueira mental” por Baron-Cohen (1995). O estudo se estende também a pacientes que sofrem de esquizofrenia e transtorno bipolar. A metodologia aplicada foi o estudo de artigos escritos por Baron-Cohen que trata da cegueira mental, os estudos de Chris Frith (1992) que sugeriu pela primeira vez que os sintomas da esquizofrenia poderiam ser decorrentes de prejuízos em habilidades ToM (teoria da mente) nestes indivíduos. Isto é, eles podem ter uma incapacidade de inferir os seus estados mentais e os de terceiros. Concluiu-se que os estudos inicialmente realizados com pacientes de autismo se estenderam também aos de esquizofrenia e TBH. Os estudos demonstram que estes três grupos apresentaram “cegueira mental”. Isto explicaria o fato destes pacientes apresentarem desfechos desfavoráveis em relação ao empobrecimento dos relacionamentos interpessoais e episódios de psicose. Porém, mais estudos serão necessários para melhor compreensão da cegueira mental. (Tonelli, H; 2009). REFERÊNCIA: TONELLI, H. Autismo, Teoria da Mente e o Papel da Cegueira Mental na Compreensão de Transtornos Psiquiátricos. Psicologia, Reflexão e Crítica. Porto Alegre. Vol. 24, Iss. 1, p.126134, 2011. Pode a Síndrome de Aspenger ser distinguida de Autismo? Uma meta-análise de natureza anatômica de estudos do MRI Em 2011, Yu, Kevin K, BSc; Cheung, Charlton, PhD; Chua, Siew E; McAlonan, Gráinne M, MBBS, PhD, pesquisaram se é possível distinguir anatomicamente a síndrome de Asperger do autismo, no artigo " Pode a Síndrome de Aspenger ser distinguida de Autismo? Uma metaanálise de natureza anatômica de estudos do MRI ". Wing (1981), no questionamento se a síndrome de Asperger e o autismo eram semelhantes, não concordou com Asperger, que considerou a Síndrome de Asperger distinta do autismo de Kanner. Três décadas mais tarde, este artigo pesquisa sobre respostas para a mesma pergunta. Segundo alguns pesquisadores, síndrome de Asperger e autismo possuem diferentes estilos verbais, sinais motores, percepções emocionais e razão pragmática. Existem diferenças críticas no processamento de estratégias adotadas por indivíduos com Asperger e aqueles com autismo. Os portadores da síndrome de Asperger usam abordagem viso-espacial ao invés de abordagens linguísticas adotadas pelos autistas. Similardades na interação social e sintomas motores em portadores de Asperger e transtornos da linguagem não verbal sugerem ser causadas por uma disfunção do hemisfério direito, enquanto o prejuízo específico da função executiva do hemisfério esquerdo, incluindo a alteração de ajuste, foi descrito em pessoas com autismo, mas não síndrome de Asperger. A partir dos documentos revisados, foi realizada uma pesquisa via suas referências. Foram obtidos e selecionamos estudos, independente de eles compararam grupos com autismo ou distúrbios do espectro do autismo como síndrome de Asperger e alto funcionamento autista, com controles correspondentes ao QI, sexo e destreza manual. Concluiu-se que a síndrome de Asperger envolve aglomerados de matéria cinzenta inferior no hemisfério direito e clusters de maior volume de matéria cinzenta no hemisfério 79


esquerdo. Autismo leva a excesso bilateral mais extenso de matéria cinzenta. Ambas as condições compartilham conglomerados de excesso de matéria cinzenta na ventral esquerda. A mistura de indivíduos com autismo e a síndrome de Asperger pode às vezes obscurecer características importantes, manifestadas apenas em uma ou outra condição. REFERÊNCIA: YU, C.; CHUA, M. Can Asperger syndrome be distinguished from autism? An anatomic likelihood meta-analysis of MRI studies. 2011. Habilidades Viso-Perceptuais e Motoras na Síndrome de Asperger No ano de 2011, Rodrigues e Assumpção realizaram uma pesquisa denominada “Habilidades viso-perceptuais e motoras na síndrome de Asperger”, a qual teve como objetivo verificar a existência de alterações viso-percepto-motoras em pacientes com a síndrome de Asperger. Eles realizaram esta pesquisa através de um estudo com dois grupos de trinta sujeitos do sexo masculino entre 12 a 30 anos. Trinta desses sujeitos com a síndrome de Asperger, diagnosticados através dos critérios do DSM-IV-TR, Escala de Traços Autístiscos (ATA), apresentando QDS (quociente de desenvolvimento social) maior ou igual a 70 obtidos através das Escalas de Comportamento Adapativo de Vineland. Os desempenhos nas escalas foram estatisticamente estudados e comparados com os resultados dos trinta sujeitos com desenvolvimento normal. Ambos os grupos foram submetidos às provas de Imitação de Gestos de Bèrges & Lèzine, Piaget-Head, Bender, prova de Cubos das escalas Wechsler e Escala social de Pelotas. Todos os sujeitos foram submetidos aos testes relacionados de maneira padronizada. “A escolha dos sujeitos e aplicação dos testes foi efetuada em escolas e centros clínicos especializados.” (Rodrigues e Assumpção, 2011). As principais características apresentadas foram “diferenças significantes e déficits na organização perceptivo-viso-motora dos sujeitos com a síndrome de Asperger.” onde os autores concluíram que “Os resultados deste estudo indicaram que as habilidades viso-perceptuais e motoras em indivíduos com a síndrome de Asperger estão prejudicadas quando comparadas a indivíduos com desenvolvimento normal. As dificuldades de simbolização e de percepção de conceitos complexos podem ser compreendidas pela incapacidade de processar informações devido aos déficits na função executiva, na coerência central e consequentemente na memória de trabalho.” (Rodrigues e Assumpção, 2011). REFERÊNCIA RODRIGUES, J. ASSUMPÇÃO, F. Habilidades viso-perceptuais e motoras na síndrome de Asperger. Ribeirão Preto, Vol. 19, no. 2, p. 361 – 377, dez, 2011. Identificação de Genes e Vias Associadas aos Transtornos do Espectro Autista Em 2011, Oliveira pesquisou a “Identificação de Genes e Vias Associadas aos Transtornos do Espectro Autista” com o objetivo de encontrar genes candidatos para posteriores estudos funcionais. Ela afirma que “os TEA são geneticamente heterogêneos, o que dificulta a identificação das alterações genéticas que estão contribuindo para estes transtornos”. Ela fez uma “translocação de novo balanceada envolvendo os cromossomos 2q11 e Xq24”, na qual ela não identificou nenhum candidato funcional rompido, mas detectou a presença de uma isodissomia materna do cromossomo 5 nesta paciente, o que sugere que “tanto a translocação cromossômica quanto a isodissomia devem estar contribuindo para a etiologia do TEA.” (Oliveira, 2011). Mostrou que o gene TRPC6 encontrava-se rompido no cromossomo 11, sugerindo, após uma análise dos neurônios e células progenitoras neurais, que foram obtidas pela técnica de reprogramação celular e estudo global da expressão genica, que “o rompimento do gene TRPC6 é o fator etiológico do TEA nesse caso” (Oliveira, 2011). Foi feito também um estudo da expressão gênica global de pacientes autistas idiopáticos, no qual ela verificou que “os genes diferencialmente expressos nestes pacientes estão principalmente envolvidos na regulação da dinâmica do citoesqueleto”. (Oliveira, 2011). Assim, ela concluiu que “os estudos citogenéticos são importantes para a identificação de genes candidatos para os TEA e (esse trabalho) reforça a hipótese de que estes transtornos são causados por diferentes variantes genéticas, mas que levam ao comprometimento de um processo biológico comum”. (Oliveira, 2011). 80


REFERÊNCIA: OLIVEIRA, K. Identificação de genes e vias associadas aos transtornos do espectro autista. 2011.

Problemas de Comportamento em Crianças com Transtorno Autista Este trabalho, da Universidade Federal de São Paulo, teve por objetivo identificar problemas de comportamento apresentados por crianças com Transtorno Autista. Participaram 118 mães de crianças de três a quinze anos, divididas em três grupos: crianças autistas; crianças com distúrbios de linguagem; e crianças sem patologias informadas. Com base nas respostas das mães ao Child Behavior Checklist, os grupos de Transtorno Autista e Distúrbios de Linguagem tiveram escores médios significantemente maiores que o grupo de crianças sem patologias informadas; o grupo com Distúrbios de Linguagem teve escores médios maiores em comportamento agressivo e comportamentos externalizantes; o grupo com Transtorno Autista tiveram escores médios maiores em Problemas de Pensamento e menores em Ansiedade; e crianças com Transtorno Autista apresentam problemas de comportamento diferentes de crianças sem patologias informadas. “Limperopoulos e cols. (2008), após estudarem com o CBCL crianças nascidas pré-termo e com baixo peso, concluíram que o rastreio precoce de sinais de autismo pode ser justificado em populações de risco. Sikora e cols. (2008) também concluíram ser o CBCL um instrumento útil para análise comportamental e rastreamento de problemas de comportamento em crianças com autismo, demonstrando boa sensibilidade e especificidade. O presente trabalho teve por objetivo verificar problemas de comportamento apresentados por crianças com transtorno autístico, distinguindo-os de crianças com transtorno de linguagem e de crianças escolares.” (Chiari, 2011). REFERÊNCIA: MARTELETO, M.; SCHOEN-FERREIRA, T.; CHIARI, B.; PERISSIONOTO, J. Problemas de comportamento em crianças com Transtorno Autista. 2011. Seria a Moralidade Determinada Pelo Cérebro? Neurônios-espelhos, Empatia e Neuromoralidade Em 2011, Cláudia Passos-Ferreira pesquisou: “Seria a Moralidade Determinada Pelo Cérebro? Neurônios-espelhos, Empatia e Neuromoralidade”. O objetivo do artigo é analisar o impacto do progresso das neurociências, em particular da descoberta dos neurônios-espelhos, sobre as teses referentes à moralidade. Apresenta investigações de como os estudos em psicologia sobre a função da empatia, da capacidade de se colocar na perspectiva do outro e da simulação corporificada ganharam nova credibilidade, poder explicativo e, sobretudo, relevância teórica por causa da descoberta dos sistemas de neurônios-espelhos. Os neurônios-espelhos são um tema polêmico: eles supostamente dão a capacidade de “representar e reconhecer uma ação motora; espelhar, simular ou antecipar as possíveis respostas à ação observada”. Isso leva a indagar se os achados que correlacionam, por exemplo, o autismo como uma falha no sistema-espelho. A empatia é uma resposta afetiva deflagrada pelo estado emocional do outro e uma compreensão dos estados mentais da outra pessoa. Nos estudos empreendidos por Decety (2004), é definida como uma disposição inata baseada nos sistemas espelhos em conjugação com outras estruturas neuronais, que reúnem três capacidades: a capacidade de sentir e representar as emoções e sentimentos de si e do outro; a capacidade de adotar a perspectiva do outro e a capacidade de fazer a distinção entre o eu e o outro. Na última década, houve a fundação de um novo campo denominado neuromoralidade: (Greene, 2003; CaseBeer, 2003; Moll et al., 2005; Moll; Olliveira-Souza, 2007) tentativa de fundar a moralidade em bases cerebrais e correlacionar comportamentos morais com achados neuro-anatômicos. A neuromoralidade pretende identificar não apenas as estruturas neurais responsáveis pelo comportamento e sensibilidade moral, mas também derivar do funcionamento cerebral o tipo de teoria moral mais compatível com nossa natureza neurobiológica. Pode-se conceder aos neurônios-espelhos o estatuto de mecanismo necessário e até hipotetizar que um defeito, falha ou ausência desse mecanismo pode produzir ausência de empatia e, consequentemente, de sentimento moral como no caso das pessoas portadoras de autismo. Mas sua presença não parece ser condição suficiente para garantir o desenvolvimento da moralidade. 81


Conclui-se que a defesa à incorporação da psicologia moral não significa uma adesão cega à Ética evolucionária que fundamenta nosso pensamento moral em genes da moralidade, como expressão de um instinto moral como um legado da evolução (Spinker, 2008). Mas sim um melhor entendimento das fronteiras biológicas nas quais evoluem os mecanismos neurais e cognitivos subjacentes ao pensamento moral. Pois, apesar de nossa estrutura biológica de pensamento erguer fronteiras e limites ao exercício de nossa moralidade, ela é incapaz de explicar a metaforização de nossos conceitos morais e a emergência de valores sociais como guia para nossas ações morais. REFERÊNCIA: FERREIRA, C. Seria a moralidade determinada pelo cérebro? Neurônios-espelhos, empatia e neuromoralidade. 2011. Idosos com autismo: funções executivas e memória Em 2011, Hilde e Marlies pesquisaram sobre idosos com autismo, a função executiva e a memória, no artigo “quadros neuropsicológicos para entender o autismo”(1999). No artigo “Idosos com autismo: funções executivas e memória” foram comparados os perfis neuropsicológicos de 23 indivíduos com autismo e 23 controles saudáveis (faixa etária de 51 a 83 anos). Os déficits foram observados em atenção, memória de trabalho e fluência. O envelhecimento teve um impacto menor na fluência no alto grupo de autismo em funcionamento (HFA) do que no grupo de controle, enquanto o envelhecimento teve um efeito mais profundo na memória visual de desempenho no grupo HFA. Por isso, o artigo visa trazer evidência de que os idosos com HFA têm problemas neuropsicológicos mais sutis comparados aos jovens com HFA, e que as trajetórias de desenvolvimento diferem entre idosos com e sem HFA em domínios cognitivos particulares. Tanto na infância quanto na idade adulta indivíduos com autismo mostram uma ampla gama de déficits cognitivos, incluindo executivos déficits de funcionamento (EF) (Geurts et al., 2009; Hill 2004; Pennington e Ozonoff 1996; Sergeant et al. 2002). EF é um termo abrangente usado para descrever vários problemas em ações complexas, orientadas por objetivos, e abrange diferentes domínios cognitivos, como: memória de trabalho, cognitivo flexibilidade, planejamento e fluência. A idéia postulada por pesquisas foi que o padrão de desenvolvimento de EF em crianças e adolescentes com autismo é atípico (Happe et al., 2006;Luna et al. 2007; Pellicano 2010). O método do artigo foi recrutar autistas para uma pesquisa através de um anúncio na revista da sociedade holandesa para o Autismo, e foram incluídos quando receberam um diagnóstico clínico de autismo, quando tiveram uma alta pontuação no Social Escala de capacidade de resposta (SRS, Constantino e Todd 2005;Versão holandesa; De la Marche et al. 2009), ou quando se encaixavam em ambos os critérios. Um escore de 60 ou mais no SRS é indicativo da presença de autismo. A correspondência individual em idade e gênero foi bemsucedida como os grupos não diferiram um do outro com respeito à idade e ao gênero. Concluiu-se que em crianças e adultos os déficits de autismo foram observados no planejamento e flexibilidade cognitiva (Hill 2004). Em idosos com autismo, esses déficits não parecem ser presentes. Isso pode sugerir que os déficits observados na idade jovem desaparecem quando se envelhece, o que está de acordo com resultados de estudos anteriores em crianças. (Happe et al.2006; Pellicano 2010). Como a idade não teve um efeito específico no planejamento em participantes com idade entre 51 e 83 anos, uma hipótese especulativa é que o déficit desaparece antes da idade de 50 anos. O presente estudo sofre de algumas limitações que complicam a interpretação desses achados, necessitando de mais pesquisas sobre o assunto. REFERÊNCIA: GEURTS, H.; VISSERS, M. Elderly with Autism: Executive Functions and Memory. 2012. Bebês com risco de Autismo: O Não-olhar do Médico O método psicanalítico tem trabalhado com o risco de autismo, já que pressupõe que “a criança não nasce sujeito, mas a subjetividade nela se instala pelo discurso familiar, o qual se refere ao desejo materno e à lei paterna” (INFANTE 2000). A psique do bebê é estruturada por três tempos pulsionais: o tempo é ativo (o bebê vai em direção a um objeto externo); o reflexivo (toma seu corpo como objeto); e o eminentemente ativo (se faz objeto de outro). Acredita-se que, no autismo, há uma falha nesse terceiro tempo do circuito pulsional. (LAZNIK, 2004). 82


Na pesquisa descrita acima, foi utilizada a abordagem qualitativa, caracterizada por Richardson (1999) como “a compreensão mais detalhada dos significados e características situacionais apresentados pelos participantes”. Também para Fraser e Gondim (2004), a abordagem qualitativa ou idiográfica “pressupõe que a ação humana tem sempre um significado (subjetivo ou intersubjetivo) que não pode ser apreendido somente do ponto de vista quantitativo e objetivo”. O que se pode perceber é que a intervenção precoce não faz parte da realidade da cidade estudada, pois há grande desconhecimento dos médicos em relação à percepção dos sinais indicativos de risco para o autismo, já que se detêm apenas nos menos sutis que aparecem mais tarde no desenvolvimento, como a ausência de linguagem. A maioria dos participantes, porém, expõe a necessidade de uma formação adequada, dedicada à percepção mais precoce do risco de autismo. REFERÊNCIA: RODRIGUES, M.; SMEHA, L. Bebês com risco de autismo: o não-olhar do médico. 2013. Detecção Precoce do Autismo Envolvendo Profissionais O artigo trata sobre a importância da detecção da temperatura do autismo, escrito por Fortea Sevilla, melhorando, assim, o prognóstico de crianças com alterações no desenvolvimento, em especial com Transtornos do Espectro Autista (TEA). O objetivo é delimitar os acontecimentos que envolvem as primeiras suspeitas de transtorno do espectro autista, à quais profissionais a família deve recorrer, a demora em confirmar o diagnóstico e a resposta dos profissionais da pedagogia. O método utilizado foi transversal retrospectivo, e ocorreu na Comunidade Autônoma de Canarias, durante o ano 2010. Solicitou-se a colaboração voluntária das empresas e famílias que receberam tratamento em centros especiais, foram elaborados 72 questionários para famílias de pessoas com autismo, sendo feito após um relatório descritivo de frequências pelo programa estadístico SPSS Statistics 19. Resultados mostraram que, em 79% dos casos, a própria família teve as primeiras suspeitas de que algo não aparentava estar certo no desenvolvimento das crianças; profissionais da educação 15%, pediatras 4% e psicólogos 2%. Cerca de 70% das crianças receberam o primeiro diagnóstico de autismo durante os três primeiros anos de vida, e 32% das crianças foram diagnosticadas antes de duas consultas. A demora para o diagnóstico é de, em média, 16 meses. Conclui-se que a maioria dos pais de crianças com TEA tiveram consciência de alterações no desenvolvimento de seus filhos em torno de 18 meses, e confirmou-se a tendência de resposta precoce quanto ao diagnostico pelos profissionais da saúde. REFERÊNCIA: SEVILLA, M. S.; BERMUDEZ, M. O.; SANCHEZ, J. Early Detection of Autism: Professionals Involved. 2013. Estimulação Magnética Transcraniana em Indivíduos com Autismo Em 2013, Abujadi pesquisou a “Estimulação Magnética Transcraniana em Indivíduos com Autismo”, com o objetivo de “avaliar os efeitos da facilitação da transmissão dos impulsos nervosos na função da flexibilidade cognitiva e no comportamento restrito e repetitivo dos pacientes com o diagnóstico de TEA de alto funcionamento através da Estimulação Magnética Transcraniana de pulsos pareados no Córtex Pré Frontal Ventro Lateral (CPFVL) direito em sua porção antero inferior”. Ele afirma que o TEA tem incidência precoce e causas genéticas e ambientais, tendo como tratamentos estimulação multiprofissional precoce e uso de medicamentos. O estudo experimental foi realizado com 11 pacientes de 9 a 17 anos, pareados por um perfil cognitivo dentro dos limites da normalidade. Eles foram testados antes e depois do procedimento, que foi submetê-los ao protocolo de estimulação com a técnica de “Theta Burst" em CPFVL antero inferior à direita em 15 sessões divididas em três semanas. Foi também avaliada a flexibilidade cognitiva, com os testes WSCT e STROOP, os comportamentos restritos e repetitivos, com os instrumentos RBS-r e YBOCS, por meio de questionários aplicados aos pais e cuidadores dos pacientes. Encontraram-se evidências de mudanças no padrão de inflexibilidade cognitiva, representada pelo WSCT, nos itens Erros Perserverativos (p=0,028) e na Formação de Nível 83


Conceitual (p=0,022). A alteração demonstrada pela Formação de Nível Conceitual pelo WSCT e pelo Total de Tempo para realizar o STROOP test (p=0,001) representa mudança na velocidade de processamento de informações. Constatou-se melhora do Comportamento Restrito e Repetitivo tanto pelo RBS-r (p=0,002) quanto no YBOCS Total de Compulsões (p=0,02). Todas as classes mostraram mudanças significativas. Houve correlação entre as curvas que representam as mudanças ocorridas no RBS-r e na flexibilidade cognitiva, representada pelo item Respostas Perseverativas (r=0,049). Como se tratou de um estudo piloto, ele permite um aprofundamento nas pesquisas que usam essa forma de intervenção ao tratamento de sintomas do TEA. REFERÊNCIA: ABUJADI, C. Estimulação Magnética Transcraniana em Indivíduos com Autismo. 2013. Ludoterapia de Criança com Síndrome de Asperger: Estudo de Caso. O artigo escrito por Fernanda Pereira Horta Rodrigues, Maíra Bonafé Sei e Sérgio Luiz Saboya Arruda “Ludoterapia de Criança com Síndrome de Asperger: Estudo de Caso” trata do estudo terapêutico utilizado com uma criança com síndrome de Aspenger. O estudo discutiu como a terapia e as utilizações de uma caixa lúdica tiveram que ser modificados para atender a peculiaridade da criança. O estudo utilizou uma criança de 12 anos, tratada com síndrome de Asperger, tratada em um ambulatório de psicoterapia de hospital público. O setting terapêutico e a caixa lúdica foram adaptados à criança. Foram discutidos os vínculos terapêuticos e a importância de se trabalhar o vínculo do eu e do não eu no tratamento. Percebeu-se que o atendimento adaptado ao meio que era um ambulatório público ajudou a aumentar a capacidade de interação da criança. Concluiu-se então a partir do estudo de caso realizado considerando a psicoterapia lúdica, que foi configurado um instrumento relevante no tratamento de crianças com síndrome de Asperger, no sentido de trabalhar as perdas no campo de interação social. Assim, o tratamento realizado aumentou o vínculo entre terapeuta e paciente favorecendo o setting terapêutico. Também ajuda na intervenção com outras crianças, pois os serviços públicos nem sempre dispõe de uma equipe especializada. REFERÊNCIA: RODRIGUES, F; SEI, M.; ARRUDA, S. Ludoterapia de Criança com Síndrome de Asperger: Estudo de Caso. 2013. Funções Executivas em Crianças e Adolescentes com Transtorno do Espectro do Autismo: Uma Revisão Neste artigo, Fernanda Rasch Czermainski, Cleonice Alves Bosa e Jerusa Fumagalli de Salles pesquisaram sobre “Funções Executivas em Crianças e Adolescentes com Transtorno do Espectro do Autismo: Uma Revisão”, onde realizaram uma revisão sistemática de estudos publicados entre 2001 e 2011, envolvendo avaliação neuropsicológica das funções executivas em crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). A análise dos estudos presentes no artigo “apontou uma tendência de disfunções executivas nos TEA, envolvendo os componentes da inibição, do planejamento, da flexibilidade mental, da fluência verbal e da memória de trabalho. Concluiu-se que componentes executivos preservados e disfuncionais têm sido identificados no TEA, corroborando estudos prévios que apontam progressão desenvolvimental típica e atípica das funções executivas nessa condição.” (Czermainski, Bosa e Salles). REFERÊNCIA: CZERMAINSKI, F.; BOSA, C.; SALLES, J. Funções Executivas em Crianças e Adolescentes com Transtorno do Espectro do Autismo: Uma Revisão. 2013. Consciência Sintática: Correlações no Espectro do Autismo No ano de 2013, Varanda e Fernandes realizaram um estudo sobre “Consciência Sintática: Correlações no Espectro do Autismo” tendo como objetivo do artigo analisar a consciência sintática de dez pessoas dentro do espectro do autismo, investigando assim o papel da consciência sintática nesses indivíduos em seus respectivos padrões de linguagem. Eles afirmaram nesse presente estudo a “existência de diferentes perfis linguísticos por meio da Prova de Consciência Sintática (Adaptada)” (Varanda e Fernandes, 2013). 84


Elas estudaram a consciência sintática de dez pessoas dentro do espectro do autismo, dentro das faixas etárias de 5 anos e 7 meses e 14 anos e 8 meses). No presente estudo “foram detectados quatro subgrupos com: (a) desempenho inferior em correção de frases agramaticais e frases agramaticais e assemânticas; (b) desempenho inferior em correção de frases agramaticais e assemânticas; (c) desempenho mediano em todos os subtestes e acima da média em julgamento gramatical; e (d) desempenho superior nos quatro subtestes.” (Varanda e Fernandes, 2013). No grupo avaliado foram identificados 4 subgrupos. Isto significa que há diferenças entre os sujeitos avaliados, sendo sutis, reveladas por meio de avaliação. Estas dificuldades variam de nenhuma, déficits, de grandes a severos. No entanto, de maneira geral, os sujeitos avaliados mostraram perfis linguísticos, caracterizados por um atraso sintático e não como um desvio. Os resultados desta pesquisa não podem ser generalizados uma vez que o número de pessoas avaliadas foi pequeno e há uma grande variabilidade entre os sujeitos do autismo. Sendo assim o assunto não se esgota, mas abre um leque para novas pesquisas. REFERÊNCIA: VARANDA, C.; FERNANDES, F. Consciência Sintática: Correlações no Espectro do Autismo. 2014. Identificação dos Primeiros Sintomas do Autismo Pelos Pais Em 2014, Zanon, Backes e Bosa pesquisaram a “Identificação dos Primeiros Sintomas do Autismo Pelos Pais”. As autoras pesquisaram os primeiros sintomas percebidos pelos pais de crianças com autismo e a idade da criança na ocasião, em 32 pré-escolares que foram atendidas no Cincinnati Children´s Hospital Medical Center (CCHMC), em Ohio (EUA), nos anos 2008 e 2009. O instrumento utilizado foi a Autism Diagnostic Interview-Revised. Comprometimentos no desenvolvimento da linguagem foram os sintomas mais frequentemente observados, porém os da socialização foram os mais precocemente identificados. No geral, a idade média em que os primeiros sintomas foram percebidos foi 15,2 meses. Os resultados corroboram achados de outros estudos, ressaltando a importância dos comprometimentos sociais para a identificação precoce do autismo. Através do presente estudo os autores concluíram que os pais, pelo menos na cultura estudada, foram capazes de reconhecer sintomas próprios do TEA durante os dois primeiros anos de vida do filho. Esse aspecto é fundamental porque é um gatilho na busca por auxílio médico, em uma cadeia de acontecimentos que pode culminar com o diagnóstico precoce. Do ponto de vista dos desdobramentos deste estudo, sugere-se que pesquisas futuras sejam realizadas a fim de melhor esclarecer algumas questões, como por exemplo, o papel da escolaridade parental e do desenvolvimento cognitivo da criança como um possível facilitador deste processo. REFERÊNCIA: ZANON, R; BACKES, B.; BOSA, C. Identificação dos primeiros sintomas do autismo pelos pais. 2014. Intervenção Neuropsicológica para Flexibilidade Cognitiva em Adolescentes com Transtornos do Espectro do Autismo Em 2014, Gonçalves pesquisou a “Intervenção Neuropsicológica para Flexibilidade Cognitiva em Adolescentes com Transtornos do Espectro do Autismo” com o objetivo de “avaliar a efetividade de um programa de intervenção para flexibilidade cognitiva em adolescentes com autismo”. Ela considera que o comportamento autista é semelhante ao de pessoas com lesão no lobo frontal, e, assim, levantou uma hipótese de disfunção executiva. Gonçalves realizou a pesquisa com seis adolescentes, avaliados antes e depois da intervenção. Ela utilizou instrumentos neuropsicológicos padronizados, um questionário de comportamento restrito e repetitivo respondido pelos responsáveis e profissionais diretamente envolvidos, que também participaram de uma entrevista sobre flexibilidade cognitiva, filmagens e análise dessas. Também foi realizada uma análise estatística com o teste não paramétrico Wilcoxon. Foi possível perceber que “a análise qualitativa possibilitou a análise de progressos em termos de comportamentos relacionados à flexibilidade cognitiva.” (Gonçalves, 2014). Assim, Gonçalves concluiu que o programa de intervenção é eficaz. REFERÊNCIA: 85


GONÇALVES, Y. Intervenção neuropsicológica para flexibilidade cognitiva em adolescentes com transtornos do espectro do autismo. 2014. O Comportamento Auto Injuriante em Crianças Autistas e a Teoria do Desenvolvimento Neurológico da Isolação Social Em 2013, Darragh P. Devine escreveu sobre “O Comportamento Auto Injuriante em Crianças Autistas e a Teoria do Desenvolvimento Neurológico da Isolação Social”. As crianças autistas são especialmente vulneráveis ao comportamento auto injuriante, que pode interferir em suas atividades sociais e educacionais. O artigo tem o objetivo de estudar os mecanismos neurobiológicos que resultam na vulnerabilidade desse comportamento na infância de autistas. A natureza fundamental do comportamento auto injuriante é difícil de compreender porque não parece fazer sentido ferir-se deliberadamente, e às vezes de maneira severa, de modo a causar impactos no funcionamento cerebral global: beliscando-se, batendo a cabeça, e mordendo-se. Uma possibilidade é a de que as crianças autistas talvez sejam menos sensíveis a estímulos dolorosos; e a maioria delas não é passível de avaliação nesse quesito, por déficits cognitivos ou de linguagem. Varias formas de hipo e hipersensibilidade são características comuns em crianças com autismo (Ornitz 1974; Baranek et al. 2006). O empobrecimento do ambiente social da criança é uma das hipóteses para a causa desses comportamentos de machucar-se; pesquisas afirmam que crianças autistas institucionalizadas (que apresentam o impedimento de uma socialização satisfatória), sofrem influências negativas em seu comportamento, gerando alguns maneirismos repetitivos, estereotipados e os comportamentos auto injuriantes, pela falta de estímulo e maturação nas regiões corticais, límbicas e de glândulas basais. Para a realização das pesquisas e experimentos do artigo, foram utilizadas crianças autistas órfãs e macacos rhesus, comparando as reações do comportamento humano e o animal. Concluiu-se que é apresentada uma hipótese que descreve como os principais sintomas do autismo tornam essas crianças particularmente vulneráveis a comportamentos auto prejudiciais. A patologia do desenvolvimento neurológico relevante é descrita nas regiões cerebrais corticais, límbicas e de gânglios basais, e pesquisa adicional é sugerida. REFERÊNCIA: DEVINE, D. Self-injurious behaviour in autistic children: a neuro-developmental theory of social and environmental isolation. 2014. Autismo e Vícios As questões da forma e do informe estão presentes nas problemáticas aditivas, como no autismo. A partir de casos clínicos provindos de ambos os domínios, o autor propõe testar a hipótese da existência de um âmago autístico em certas pessoas que sofrem de algum tipo de vício alimentar ou por emoções fortes. Chantal Lheureux-Davidse fala da perda do sentimento de existência e de suas consequências no autismo e nas patologias aditivas. Sobre as zonas corporais anuladas durante o desmantelamento, Lheureux-Davidse diz: “Se a angústia pelo vazio interior e o temor pela dispersão de fora do corpo estão bastante presentes durante as crises de bulimia, são a angústia por deformação e invasão do corpo que predominam no discurso das pessoas acometidas de anorexia. No autismo, são as angústias por dilaceramento de diferentes partes do corpo que se concretizam, por exemplo, o dilaceramento das extremidades do corpo e da zona bucal”. (Lheureux-Davidse, 2015) O desmantelamento sensorial provoca angústias por aniquilamento que ativam uma busca urgente da reversibilidade do processo. Após a anulação prolongada da consciência das sensações corporais, o recurso a sensações fortes ao custo da dor restaura provisoriamente o sentimento de existência. As zonas corporais envolvidas durante o desmantelamento sensorial reversível podem ser comuns ao autismo e aos vícios. O nível de anulação da imagem do corpo deve ser notado na singularidade de cada caso REFERÊNCIA: LHEUREUX-DAVIDSE, C. Autismo e Vícios. 2015. Geração de Células Pluripotentes Induzidas de Pacientes com Transtorno do Espectro Autista 86


Em 2015, Russo pesquisou a “Geração de Células Pluripotentes Induzidas de Pacientes com Transtorno do Espectro Autista” com o objetivo de “modelar o TEA in vitro”. Ela reflete que “a geração de células neurais funcionais a partir das células previamente reprogramadas mudou esse cenário e abriu portas para gerar modelos celulares e estudar as doenças in vitro”. Para a pesquisa, Russo utilizou “neurônios astrócitos derivados de células-tronco pluripotentes induzidas obtidas a partir das células-tronco de dente decíduo esfoliado de pacientes com transtorno autista”, além de ensaios funcionais de eletrofisiologia e experimentos de cocultura de neurônios e astrócitos. Como resultado, ela observou que os “neurônios autistas apresentam uma significativa diminuição na expressão de genes sinápticos” (em comparação aos de controle). Os ensaios de eletrofisiologia mostraram que os neurônios autistas têm um número menor de picos de estimulação por segundo, sendo possivelmente menos ativos, e os experimentos de co-cultura revelaram que os “astrócitos autistas podem interferir na maturação e complexidade morfológica dos neurônios controle”, assim como os “astrócitos de controles podem resgatar o fenótipo autista”. Assim, ela afirma que “é possível modelar o autismo idiopático in vitro e estudar formas de resgate fenotípico das células afetadas na patologia”. REFERÊNCIA: RUSSO, F. Geração de células pluripotentes induzidas de pacientes com transtorno do espectro autista. 2015. Intervenção no autismo: Engajamento social implementado por cuidadores O artigo de Adrine Carvalho dos Santos, Marilice Fernandes Garotti, Ivete Furtado Ribeiro, Cleonice Alves Bosa, no ano de 2015, trata do envolvimento de crianças autistas com seus cuidadores para auxiliar no seu engajamento social. O papel dos cuidadores é importante para auxiliar estas crianças a participarem mais de atividades frente à sociedade, melhorando assim seu relacionamento com pessoas. As interações foram filmadas para registrar a duração dos onze estados de engajamento infantil como social e não social. Oito horas de intervenção foram divididas entre encontros grupais e análises individuais. Após a intervenção foram observadas diferenças significativas no estado social e não social. Houve um aumento de interação social e uma diminuição do estado não social. Concluiu-se que os cuidadores interferem juntos à criança autista em sua interação junto à sociedade. Estes ganhos permaneceram durante três meses após a intervenção. O estudo realizado junto às sete crianças demonstrou uma melhora das mesmas tanto na linguagem utilizada para se comunicar como uma interação maior nas atividades solicitadas. Concluímos que intervenções de curta duração podem capacitar cuidadores como mediadores competentes para aumentar engajamentos sociais (Santos, Adrine Carvalho dos; Garotti, Marilice Fernandes; Ribeiro, Ivete Furtado; Bosa, Cleonice Alves, 2015.) REFERÊNCIA: SANTOS, A.; GAROTTI, M.; RIBEIRO, I.; BOSA, C. Intervention in Autism: Social Engagement Implemented by Caregivers. 2015. Autismo em 2016: Descoberta Adicional Posar e Visconti recentemente publicaram sua revisão biomédica na área de pesquisa em autismo em 2016 com um foco especial na função hipotética de fatores ambientais, como poluição atmosférica. Os autores pesquisaram a literatura recente disponível na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (PubMed) em busca de hipóteses interessantes publicadas entre 1° de janeiro de 2013 e 20 de agosto de 2016 (preferencialmente estudos de caso-controle que envolvessem participantes humanos) com palavras-chave. Embora os autores tenham identificado uma estratégia de busca, sua análise não considerou uma mini análise recém-publicada que identifica o papel de um poluente atmosférico agrícola específico, o óxido nitroso (N2O), na etiopatogenia do autismo e em distúrbios do desenvolvimento neurológico de forma mais geral. “Fluegge sugeriu repetidamente que a exposição ao N2O ambiental pode aumentar a suscetibilidade a distúrbios do desenvolvimento neurológico, inclusive transtornos do espectro autista (TEA) e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Uma análise epidemiológica inicial revelou uma associação entre o uso do pesticida glifosato e TDAH, porém análises posteriores de sensibilidade constataram que a associação provavelmente dependia do 87


nível de urbanização da região e da forte associação específica do glifosato com fertilizantes nitrogenados e emissões presumíveis de N2O” (Fluegge, 2016). “Essas constatações foram reproduzidas em uma análise de internações por TEA (comunicação pessoal). Os mecanismos hipotéticos de interesse inerentes a essas associações incluíram os alvos farmacológicos conhecidos da exposição a N2O de baixo nível, inclusive o antagonismo do receptor NMDA (Receptor de N-metil-D-aspartato), o estímulo da liberação de peptídeos opióides centrais e a supressão da atividade colinérgica.” (Fluegge, 2016). REFERÊNCIA: FLUEGGE, K. Autism in 2016: descoberta adicional. 2017. Correlação Entre a Presença do Polimorfismo Ala D2 da Enzima Desiodase tipo 2 (DIO2) e a Funcionalidade de Indivíduos com Transtorno do Espectro do Autismo Em 2017, Gomez pesquisou a “Correlação Entre a Presença do Polimorfismo Ala D2 da Enzima Desiodase tipo 2 (DIO2) e a Funcionalidade de Indivíduos com Transtorno do Espectro do Autismo” com o objetivo de confirmar a “possibilidade de que em indivíduos com TEA os mecanismos compensatórios não sejam suficientes e a presença do polimorfismo possa levar a mudanças no comportamento desses pacientes.” (Gomez, 2017). Ele considera que “A presença do polimorfismo Thr92Ala-D2 em indivíduos homozigotos parece estar relacionada ao aumento do estresse oxidativo celular, embora não cause alterações fenotípicas, sugerindo a existência de mecanismos compensatórios”. Ele estudou 97 indivíduos com TEA que foram genotipados para o polimorfismo Thr92Ala-D2 pela extração de DNA do epitélio bucal. Foi utilizado o teste ANOVA unidirecional com o teste de Tukey para analisar os genótipos separadamente. Ele percebeu que a “presença de polimorfismo Thr92Ala-D2 em homozigotos melhora a funcionalidade de indivíduos autistas” em alguns subdomínios, e que “a presença do alelo 92Ala-D2 parece exercer um efeito dependente da dose, uma vez que quando presente na heterozigose o escore apresenta valores intermediários entre as pontuações dos indivíduos homozigóticos polimórficos (AA) e não polimórficos (TT)”. Assim, ele admite que o resultado foi oposto a sua hipótese inicial, e supõe que as alterações nas vias da ubiquitinação e da neuregulina 1 em indivíduos típicos com o polimorfismo (como descrito na literatura), pode “explicar a melhora na funcionalidade dos autistas, já que essas duas vias podem estar envolvidas no fenótipo do TEA.” Ele conclui, então, que “a presença do polimorfismo Thr92Ala-D2 em homozigoze melhora a funcionalidade na comunicação, atividades diárias, aspectos sociais, nível geral de adaptação em indivíduos com TEA.” REFERÊNCIA: GOMEZ, T. Correlação entre a presença do polimorfismo Ala D2 da enzima Desiodase tipo 2 (DIO2) e a funcionalidade de indivíduos com transtorno do espectro do autismo. 2017. Desafio imune neonatal com lipopolissacarídeo desencadeia alterações comportamentais e imunológicas/neurotróficas duradouras relacionadas ao sexo e a idade em camundongos: relevância para o transtorno do espectro autista (TEA) Em 2017, Custódio pesquisou o “Desafio Imune Neonatal com Lipopolissacarídeo”; alterações comportamentais e imunológicas/neurotróficas duradouras relacionadas ao sexo e a idade em camundongos: com relevância para o transtorno do espectro autista (TEA), com o “intuito de contribuir com a determinação dos chamados períodos críticos do desenvolvimento, possibilitando no futuro a prevenção e o tratamento de alterações nos períodos mais prejudiciais”. Ela considera que “adversidades precoces na vida, como infecções e estresse, estão relacionados à manifestação de transtornos neuropsiquiátricos, tais como o autismo. [...] Essas alterações podem ser desencadeadas por mecanismos inflamatórios e/ou neurotróficos.”. Custódio realizou a pesquisa em camundongos suíços machos e fêmeas periadolescentes e adultos, que foram desafiados neonatalmente com LPS, e determinaram as alterações neuroquímicas no córtex pré-frontal, hipocampo e hipotálamo. Os camundongos machos periadolescentes apresentaram comportamento tipo-depressivo, ansiedade, comportamento repetitivo e déficits de memória de trabalho, enquanto os machos adultos apresentaram apenas comportamento de ansiedade e tipo-depressivo. As fêmeas tiveram déficits de inibição pré-pulso. Custódio concluiu que “o desafio por LPS neonatal desencadeia um espectro de comportamentos e alterações neurobiológicas que se manifestam durante a adolescência e se 88


assemelham ao transtorno do espectro autista inespecífico (atípico), sendo, possivelmente, um modelo relevante para o estudo das diferenças deste transtorno”. REFERÊNCIA: CUSTÓDIO, C. Desafio imune neonatal com lipopolissacarídeo desencadeia alterações comportamentais e imunológicas/neurotróficas duradouras relacionadas ao sexo e a idade em camundongos: relevância para o transtorno do espectro autista (TEA). 2017. Identificação de Alterações em Conectividades Funcionais Córtico-cerebelares no Transtorno do Espectro Autista Em 2017, Ramos pesquisou a “Identificação de Alterações em Conectividades Funcionais Córtico-cerebelares no Transtorno do Espectro Autista” com o objetivo de “identificar regiões do cérebro cuja conectividade funcional com o cerebelo seja diferente entre indivíduos com desenvolvimento típico e diagnosticados com TEA”. Ela afirma que pesquisas apontam que a causa do TEA está relacionada a uma conectividade diferenciada entre regiões do cérebro. Ela utilizou imagens de ressonância magnética funcional de 432 indivíduos com desenvolvimento típico e 276 com TEA em estado de repouso (de 6 a 8 anos de idade), cujos dados foram divididos por regiões anatômicas e analisados por um modelo de regressão linear. Em seguida, utilizando um modelo linear (covariáveis: idade, gênero e local de coleta de dado), Ramos identificou as regiões com conectividade funcional diferente entre indivíduos com desenvolvimento típico e TEA. Foram cinco as regiões identificadas com reduzida conectividade funcional com o cerebelo nos indivíduos com TEA: giro fusiforme direito, giro pós-central direito, giro temporal superior direito, giro temporal médio direito e esquerdo, sendo que todas fazem parte do sistema sensoriomotor. Assim, ela conclui que “existem regiões do sistema sensoriomotor que apresentam conectividade funcional com o cerebelo atipicamente reduzida em TEA”, e acredita que essas conectividades reduzidas “esteja prejudicando o processamento e aprendizado de funções sensoriomotoras, levando ao surgimento de sintomas típicos do TEA”. (Ramos, 2017). REFERÊNCIA: RAMOS, T. Identificação de alterações em conectividades funcionais córtico-cerebelares no transtorno do espectro autista. 2017. A Noção de Duplo e Sua Importância na Discussão do Autismo O presente artigo é parte da pesquisa dos cientistas Ana Ramyres Araújo, Luis Furtado e Samara dos Santos, que conta com o apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), e trata da noção de duplo em psicanálise tendo como ponto de partida o texto “O estranho”, publicado por Sigmund Freud em 1919, no qual ele analisa o conto “O homem da areia” de Ernest Hoffman. Freud (1919/1986) aponta duas formas pelas quais o tema do estranho poderia ser estudado: analisar as noções que a palavra “Unheimlich” tem em diversas línguas, pesquisando o desenvolvimento dos significados em torno desta; e agrupar tudo o que desperta os sentimentos do estranho, partindo de algo comum a todos eles de forma a evidenciar o que permanece. “Utilizar-se do que o sujeito autista traz como seu interesse e ampliar as possibilidades presentes nos elementos importantes para ele (facilitando, assim, o processo de “invenção” de outros modos de subjetivação), além de proporcionar abordagens pedagogicamente mais promissoras no tocante à aprendizagem de conteúdos curriculares ou não, de modo que proporcionem o desenvolvimento de habilidades, entre elas a utilização do duplo, ainda que inicialmente, é uma das indicações coerentes com o referencial adotado. Afinal, supor uma enunciação a partir do que muitas vezes está no puro real, de modo que um sujeito possa advir, é uma das ações às quais a psicanálise é chamada a contribuir.” (Paiva, 2017). REFERÊNCIA: ARAÚJO, A.; FURTADO, L.; SANTOS, S. A noção de duplo e sua importância na discussão do autismo. 2017. Mielinização Cerebral Pós-natal em Modelo de Autismo Induzido por Exposição Pré-natal ao Ácido Valpróico Em 2017, Sousa pesquisou a “Mielinização Cerebral Pós-natal em Modelo de Autismo Induzido por Exposição Pré-natal ao Ácido Valpróico” com o objetivo de aprofundar o estudo do trascriptoma do córtex frontal no modelo animal de autismo induzido por exposição ao VPA in 89


útero. Ela considera que a formação de circuitos neurais ocorre através de interação complexa entre fatores genéticos e ambientais, e a intercorrência nesse processo leva a má-formação da circuitaria neural. A pesquisa foi realizada em ratos criança e adultos, que foram gerados pela injeção de VPA ou salina em fêmeas grávidas durante o dia embrionário. Foi observado diminuição na expressão de Mobp e Mag nos ratos criança, além de, na análise histológica da mielina, “redução significativa na intensidade de marcação no córtex cingulado anterior” nos adultos, mas não houve diferença na intensidade de marcação das crianças. Concluiu-se então que “animais VPA neonatos têm reduzida expressão de genes relacionados a compactação da mielina, porém sem alterações no conteúdo lipídico da mielina nas áreas analisadas. Animais adultos [...] apresentaram alterações no conteúdo lipídico da mielina no córtex cingulado anterior. Em conjunto, estes resultados sugerem que distúrbios na comunicação entre circuitos frontais neste modelo de autismo podem ocorrer inicialmente devido alterações na organização da mielina, levando a reduções de mielina no adulto.” (Sousa, 2017). REFERÊNCIA: SOUSA, C. Mielinização cerebral pós-natal em modelo de autismo induzido por exposição pré-natal ao ácido valpróico. 2017.

TRANSTORNOS DE HUMOR

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DSM “A seção relativa aos Transtornos do Humor inclui os transtornos que têm como característica predominante uma perturbação no humor. A seção está dividida em três partes. A primeira descreve os episódios de humor (Episódio Depressivo Maior, Episódio Maníaco, Episódio Misto e Episódio Hipomaníaco)”. (DMS-4-TR) e “A segunda parte descreve os Transtornos do Humor (p. ex., Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Distímico, Transtorno 91


Bipolar I, Transtorno Bipolar II, Ciclotimia e Transtorno Bipolar Sem Outra Especificação)”. (DMS-4-TR). Episódio Depressivo Maior: “A característica essencial de um Episódio Depressivo Maior é um período mínimo de duas semanas, durante as quais há um humor deprimido ou perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades. Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável em vez de triste.” (DMS-4-TR). Critérios: “Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por relato subjetivo ou observação feita por terceiros”, “acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias”. (DMS-4-TR). Episódio Maníaco: “Um Episódio Maníaco é definido por um período distinto, durante o qual existe um humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável. Este período de humor anormal deve durar pelo menos uma semana (ou menos, se for exigida hospitalização)” (DMS-4-TR). Critérios: “Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável, com duração mínima de uma semana (ou qualquer duração, se a hospitalização for necessária).” (DMS-4-TR), “Durante o período de perturbação do humor, três (ou mais) dos seguintes sintomas persistirem (quatro, se o humor é apenas irritável) e estiverem presentes em um grau significativo: Autoestima inflada ou grandiosidade, redução da necessidade de sono, mais loquaz do que o habitual ou pressão por falar, fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão correndo, distratibilidade, aumento da atividade dirigida a objetivos ou agitação psicomotora, envolvimento excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para consequências dolorosas.” (DMS-4-TR). Episódio Misto: “Caracteriza-se por um período de tempo durante o qual são satisfeitos os critérios tanto para Episódio Maníaco quanto para Episódio Depressivo Maior, quase todos os dias. O indivíduo experimenta uma rápida alternância de humor (tristeza, irritabilidade, euforia)”. (DMS-4-TR). Critérios: “Satisfazem-se os critérios tanto para Episódio Maníaco quanto para Episódio Depressivo Maior (exceto pela duração), quase todos os dias, durante um período mínimo de uma semana”. (DMS-4-TR), “A perturbação do humor é suficientemente grave a ponto de causar acentuado prejuízo no funcionamento ocupacional, em atividades sociais costumeiras ou relacionamentos com terceiros ou de exigir a hospitalização para prevenir danos ao indivíduo e a terceiros, ou existem características psicóticas”. (DMS-4-TR), “Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou de uma condição médica geral” (DMS-4-TR). Episódio Hipomaníaco: “É definido como um período distinto, durante o qual existe um humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável, com duração mínima de quatro dias”. (DMS-4-TR). Critérios: “Um período distinto de humor persistentemente elevado, expansivo ou irritável, durando todo o tempo ao longo de um período mínimo de quatro dias, nitidamente diferente do humor habitual não-deprimido” (DMS-4-TR). “Durante o período de perturbação do humor, três (ou mais) dos seguintes sintomas persistiram (quatro se o humor for apenas irritável) e estiveram presente em um grau significativo: Autoestima inflada ou grandiosidade, redução da necessidade de sono, mais loquaz do que o habitual ou pressão por falar, fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão correndo, distratibilidade, aumento da atividade dirigida a objetivos ou agitação psicomotora, envolvimento excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para consequências dolorosas.” (DMS-4-TR). Transtorno Distímico: “A característica essencial do Transtorno Distímico é um humor cronicamente deprimido que ocorre na maior parte do dia, na maioria dos dias, por pelo menos dois anos (Critério A)”. Os indivíduos com Transtorno Distímico descrevem seu humor como triste ou “na fossa”. (DMS-4-TR). Critérios: “Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, indicado por relato subjetivo ou observação feita por terceiros, pelo período mínimo de dois anos”, “Presença, enquanto deprimido, de duas (ou mais) das seguintes características: Apetite diminuído ou hiperfagia, insônia ou hipersonia, baixa energia ou fadiga, baixa autoestima, fraca concentração ou dificuldade em tomar decisões, sentimentos de desesperança.” (DMS-4-TR).

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“O transtorno bipolar e transtornos relacionados são separados dos transtornos depressivos no DSM-5 (...) Os diagnósticos inclusos neste capítulo são transtorno bipolar tipo I, transtorno bipolar tipo II, transtorno ciclotímico, transtorno bipolar e transtorno relacionado induzido por substância/medicamento, transtorno bipolar e transtorno relacionado devido a outra condição médica, outro transtorno bipolar e transtorno relacionado especificado e transtorno bipolar e outro transtorno relacionado não especificado” (DMS-5). Características Diagnósticas: “Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento persistente da atividade ou da energia”, “costuma ser descrito como eufórico, excessivamente alegre, elevado ou ‘sentindo-se no topo do mundo’”. (DMS-5). Episódio Depressivo Maior: igual, “sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada, capacidade diminuída para pensar ou se concentrar” (DMS-5). Os demais episódios encontram-se iguais. REFERÊNCIA: DMS-4-TR DSM-5 Alterações neuropsicológicas associadas à depressão Em junho de 2002, Patrícia Porto, Marcia Hermolin, Paula Ventura pesquisaram sobre as “alterações neuropsicológicas associadas à depressão” com o objetivo de descrever as principais alterações cognitivas encontradas na depressão, bem como as suas correlações com estudos de neuroimagem; objetiva-se, também, ressaltar a importância da avaliação neuropsicológica em idosos para favorecer o diagnóstico diferencial entre processos demenciais e a pseudodemência depressiva, assim como descrever fatores que podem predizer deficits cognitivos em deprimidos como a presença de traços psicóticos. (Beck, Rush, Shaw e Emery; 1997). A depressão é um dos problemas atuais mais comuns encontrados pelos profissionais de saúde mental, podendo acarretar alterações cognitivas como deficits de memória, de atenção, dentre outros (Barlow, 1999). A avaliação neuropsicológica é de suma importância no paciente idoso, especialmente quando há queixas de deficits cognitivos, como problemas de memória que dificultam o diagnóstico diferencial entre processos demenciais e a pseudodemência depressiva, uma vez que depressão maior pode cursar com deficits cognitivos. Estudos mostram que cerca de 20% dos pacientes idosos deprimidos apresentam deficits cognitivos (La Rue, Spar e Hill, 1986). Os estudos neuropsicológicos associados à neuroimagem trouxeram considerável avanço para o entendimento dos correlatos neuroanatomofuncionais dos transtornos psiquiátricos por meio do uso de exames como a tomografia computadorizada, ressonância magnética e o PET scan. Foi possível observar que em idosos deprimidos ocorreram algumas mudanças anátomofuncionais como redução do fluxo sanguíneo no córtex frontal, temporal e giro do cíngulo; intensidade de substância branca e lesões subcorticais do núcleo cinzento, e alargamento ventricular e diminuição da densidade cerebral (Coffey et al, 1988; Figiel et al, 1991). Os pesquisadores, neste trabalho, abordaram a depressão sob uma visão anatômica e neuropsicológica. Contudo, compreender a depressão nestes aspectos isolados pode não ser suficiente. É possível uma interação entre o psicológico e o biológico. Assim sendo, essas áreas são diferentes enfoques que lidam com o mesmo substrato. Com isso, a depressão não deve ser considerada somente uma alteração bioquímica ou psicológica, mas de ambos. Além disso, foi concluído que os estudos de neuroimagem evidenciam, para hipofrontalidade, disfunção do giro do cíngulo anterior e aumento de ventrículos em sujeitos idosos (Dougherty e Rauch; 1997). REFERÊNCIA: PORTO, P.; HERMOLIN, M.; VENTURA, P. Alterações neuropsicológicas associadas à depressão. 2002. Avaliação polissonográfica de pacientes ambulatoriais portadores de transtornos de humor Em 2003, Souza, Maciel e Reimão realizaram um estudo abordando a “Avaliação polissonográfica de pacientes ambulatoriais portadores de transtornos de humor”. Segundo os autores, Os distúrbios do sono são manifestações clínicas da depressão e cerca de 50% a 95% dos pacientes portadores de transtornos do humor apresentam queixas de sono fragmentado e superficial. “A insônia do tipo terminal é o relato mais frequente e a hipersônia o menos comum.” 93


(Souza e colaboradores, 2003). O estudo visa analisar as relações das variáveis polissonográficas (parâmetros de sono REM, NREM e medidas de continuidade de sono) e o grau de severidade do transtorno depressivo. O estudo foi realizado em uma amostra de 60 pacientes com idade média de 36 anos, provenientes do ambulatório de Clínica Médica do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná e portadores de transtorno depressivo único ou misto. Os instrumentos utilizados foram o DSM-4 e a Classificação Internacional das Doenças CID (para diagnóstico de transtornos de humor e ansiedade) e as Escalas de Beck e de Hamilton para depressão. A partir da análise dos dados, os pesquisadores concluíram que “o estudo da polissonografia mostrou-se útil como instrumento de quantificação e qualificação das alterações do sono nos transtornos do humor. Houve tendência para redução da continuidade do sono e aumento da densidade REM, em níveis estatisticamente não significantes. Ocorreu redução do sono profundo (estágio 4) diretamente relacionada com a maior severidade da depressão (p=0,025).” (Souza e colaboradores, 2003). REFERÊNCIA: SOUZA, M.; MACIEL, D.; REIMÃO, R. Avaliação polissonográfica de pacientes ambulatoriais portadores de transtornos de humor. 2003 Diabetes Mellitus e depressão: uma revisão sistemática Em 2003, Moreira e colaboradores realizaram um estudo intitulado “Diabetes Mellitus e depressão: uma revisão sistemática”. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática sobre a associação entre Diabetes Mellitus e depressão. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica utilizando as bases de dados Medline e Lilacs para identificar artigos relevantes, publicados entre 1990 e 2001, que avaliassem esta associação. Foram analisadas informações referentes à prevalência, ao impacto e ao tratamento da depressão no DM. A prevalência de depressão no mesmo variou de 0 a 60,5%. Sintomas depressivos relacionaram-se a um pior controle glicêmico, a um aumento e a uma maior gravidade das complicações clínicas, a uma piora da qualidade de vida e ao comprometimento de aspectos sociais, econômicos e educacionais ligados ao DM. Neste estudo os autores concluíram que o tratamento da depressão está relacionado à melhora dos níveis glicêmicos, podendo contribuir para um melhor controle de diversos aspectos relacionados ao DM. REFERÊNCIA: MOREIRA, R. et al. Diabetes Mellitus e depressão: uma revisão sistemática. 2003. Neurobiologia do transtorno de humor bipolar e tomada de decisão na abordagem psicofarmacológica Em 2003, Rodrigo Machado-Vieira, Alexandre Willi Schwartzhaupt, Benício Noronha Frey, Joyce Jacini Lenadro, Keila Maria Mendes Ceresér, Liege Neto da Silveira, Lino Marcos Zanatta, Patrícia Fortes Garcia, Paulo Pollet, Vanessa Flores Braga, Victor Hermes Ceresér Jr. e Gabriel Gauer pesquisaram sobre a “Neurobiologia do transtorno de humor bipolar e tomada de decisão na abordagem psicofarmacológica" com objetivo de abordar os avanços da psicofarmacologia cuja eficácia é comprovada nos subtipos do THB. (Machado-Vieira, Schwartzhaupt, Frey, Lenadro, Ceresér, Silveira, Zanatta, Garcia, Pollet, Braga, Ceresér Jr., Gauer, 2003). Nessa pesquisa são revisados criticamente importantes estudos realizados com diferentes fármacos potencialmente eficazes como estabilizadores do humor, nos diversos subdiagnósticos do THB. São analisados fármacos, tais como o lítio, anticonvulsivantes, antipsicóticos, benzodiazepínicos, bloqueadores dos canais de cálcio e hormônio tireoideo, bem como as possíveis bases biológicas para seus efeitos terapêuticos. (Machado-Vieira, Schwartzhaupt, Frey, Lenadro, Ceresér, Silveira, Zanatta, Garcia, Pollet, Braga, Ceresér Jr., Gauer, 2003). Os autores concluem que o estudo de novos agentes potencialmente considerados como estabilizadores do humor, assim como a contínua reavaliação dos já conhecidos estabilizadores do humor, devem ser considerados prioridades no estudo desta doença, buscando um melhor perfil da eficácia destes fármacos, sempre que possível através de estudos com delineamento propício (duplo-cego, controlados, amostra significativa), evitando uso de fármacos no THB que 94


funcionem como “fogo de palha” ou “estrelas por um dia”. (Machado-Vieira, Schwartzhaupt, Frey, Lenadro, Ceresér, Silveira, Zanatta, Garcia, Pollet, Braga, Ceresér Jr., Gauer, 2003). REFERÊNCIA: MACHADO-VIEIRA, R.; SCHWARTZHAUPT, A.; FREY, B.; LENADRO, J.; CERESÉR, K.; SILVEIRA, L.; ZANATTA, L.; GARCIA, P.; POLLET, P.; BRAGA, V.; CERESÉR JR, V.; GAUER, G. Neurobiologia do transtorno de humor bipolar e tomada de decisão na abordagem psicofarmacológica. 2003. Aspectos neuropsicológicos da depressão Em 19 de fevereiro de 2004, Marcia Rozenthal, Jerson Laks e Eliasz Engelhardt pesquisaram sobre os “Aspectos neuropsicológicos da depressão” com o objetivo de rever os principais achados neuropsicológicos na depressão, diferenciando o tipo unipolar do bipolar e trazer informações de como a neuropsicologia pode contribuir fornecendo informações quanto ao potencial cognitivo do paciente, e principalmente qualificar a natureza funcional de déficits através de observações. Os pesquisadores consideram que a neuropsicologia enriquece o diagnóstico clínico e pode trazer correlações com as informações advindas de outros exames complementares. (Lezak, 1983). Estima-se que hoje de 30 a 50% dos pacientes deprimidos não se recuperam totalmente. Pesquisadores realizaram estudos anatômicos e de neuroimagem funcional, com o uso de ressonância magnética, apontando alterações nas áreas frontais em amostras distintas de pacientes deprimidos (idosos, jovens, unipolares, bipolares). Além disso, a região subgenual pré-frontal cortical foi examinada, por meio do PET scan, em pacientes deprimidos, maníacos em remissão e pacientes em fase maníaca. Pesquisadores relataram que os pacientes com depressão que fizeram a ressonância magnética tiveram alterações anatômicas do córtex orbital bilateral, além de diminuição do fluxo sanguíneo e do metabolismo no córtex pré-frontal em depressões uni e bipolares. Foi verificado que pacientes maníacos e deprimidos apresentaram uma diminuição na atividade desta área quando o humor voltou ao normal. Esta área teria seu volume anatômico reduzido nesses pacientes, tornando-se hiperfuncionante nas fases maníacas ou depressivas e retornando a um funcionamento basal quando o humor volta ao normal. REFERÊNCIA: ROZENTHAL, M.; LAKS, J. Aspectos neuropsicológicos da depressão. 2004. Transtorno bipolar de início tardio: uma variedade orgânica do transtorno de humor Em 2004, Osvaldo P Almeida pesquisou sobre o transtorno bipolar de inicio tardio com objetivo de rever a literatura sobre a hipótese orgânica do transtorno bipolar considerando que, embora o transtorno bipolar seja uma condição geralmente associada ao final da adolescência, uma proporção substancial de pacientes desenvolve o quadro mais adiante na vida. (Almeida, 2004). O artigo contém dados comprovando que 8% da amostra tiveram TB após os 65 anos e revisa os dados disponíveis atualmente relativos a hipótese orgânica para TB com inicio em fases mais tardias da vida, que explicam esse inicio tardio com uma causa organica e que isso justificaria a subdivisão do transtorno bipolar entre “início precoce” e “início tardio”. (Almeida, 2004.) Porém, para o autor é boa prática clínica investigar a presença de fatores potencialmente modificáveis entre os pacientes que se apresentam com o primeiro episódio de mania de suas vidas, ainda que não haja razão para limitar tal enfoque aos adultos com idade mais avançada, já que a mania secundária pode afetar potencialmente qualquer grupo etário. Parece, portanto, injustificável utilizar a potencial (e infrequente) "base orgânica" de alguns casos de TB para separar pacientes entre um grupo de início precoce e outro tardio. Tal divisão é artificial e carece de significado clínico e sustentação epidemiológica. (Almeida, 2004.) REFERÊNCIA: ALMEIDA, O. Transtorno bipolar de início tardio: uma variedade orgânica do transtorno de humor. 2004. Abordagens psicoterápicas no transtorno bipolar Até o ano de 2004, Paulo Knapp e Luciano Isolan pesquisaram sobre “Abordagens psicoterápicas no transtorno bipolar” com o objetivo de examinar as evidências atuais da eficácia 95


de intervenções psicoterápicas no tratamento do transtorno bipolar. De acordo com todas as pesquisas realizadas, eles concluem que muitos pacientes diagnosticados com transtorno bipolar, mesmo fazendo a utilização de medicamentos, continuam apresentando sintomas, sugerindo a necessidade de um acompanhamento psicoterápico independente da abordagem utilizada. Knapp e Isolan realizaram pesquisa bibliográfica pelo Medline, PsychoINFO, Lilacs e Cochrane Data Bank, em que foram procurados artigos originais e revisões sobre as abordagens psicoterápicas utilizadas no tratamento do transtorno bipolar, buscando-se os seguintes termos MeSH: “bipolar disorder”, “manic-depressive disorder” e “psychotherapy”. Também revisaram as referências bibliográficas dos principais artigos pesquisados com o objetivo de localizar artigos que não foram encontrados por meio da busca eletrônica. Em relação às pesquisas realizadas, foram encontradas cinco intervenções psicoterápicas utilizadas em tratamentos de pacientes com transtorno bipolar: psicoeducação, terapia cognitivocomportamental, terapia interpessoal e de ritmo social, terapia familiar e conjugal, e terapia psicodinâmica. As intervenções psicoterápicas apresentam vários benefícios que incluem diminuição na frequência e na duração dos episódios de humor, aumento da adesão à medicação, diminuição nas recaídas e impressões clínicas de melhoras gerais. Há evidências que comprovam que determinadas intervenções têm diferentes efeitos nas distintas fases do transtorno bipolar. REFERÊNCIA: KNAPP, P; ISOLAN, L. Abordagens psicoterápicas no transtorno bipolar. 2005. As bases neurobiológicas do Transtorno Bipolar Em 2005, Rodrigo Machado Vieira, Rodrigo A. Brenssan, Benicio Frey e Jair C. Soares pesquisaram sobre “As bases neurobiológicas do transtorno bipolar” com objetivo de revisar seus importantes aspectos. eles consideraram que o THB está relacionado com o surgimento de diversas alterações bioquímicas e moleculares em sistemas de neurotransmissão e vias de segundos-mensageiros geradores de sinais intracelulares. (Machado Vieira, Brenssan, Frey e C, 2005). Eles pesquisaram sobre os modelos genéticos, neuroanatômicos, neuroquímicos e de neuroimagem no THB que têm trazido importantes referenciais teóricos e conceituais para o melhor entendimento de como determinados mecanismos biológicos podem afetar a apresentação clínica, o curso e a resposta farmacológica na doença e a utilização de modelos animais que também têm trazido novos conhecimentos sobre a neurobiologia do THB (Machado Vieira, Brenssan, Frey e C, 2005). Os principais fatores neurobiológicos intracelulares e intercelulares envolvidos na fisiopatologia do THB incluem alterações em sistemas de neurotransmissão, segundosmensageiros, vias de transcrição de sinal e regulação na expressão gênica; assim os pesquisadores concluem que estudos que avaliem a modulação induzida pelos estabilizadores de humor em sistemas de neurotransmissão e neuroproteção neurônio-gliais poderão prover novos conhecimentos sobre a neurobiologia e auxiliar a descoberta de novas opções terapêuticas para o tratamento dos pacientes portadores dessa doença tão complexa. (Machado Vieira, Brenssan, Frey e C, 2005).

REFERÊNCIA: MACHADO-VIEIRA, R.; BRESSAN, A.; FREY, B.; Soares, J. As Bases Neurobiológicas do Transtorno Bipolar. 2005. Depressão e comorbidades Em 2005, Chei Tung Teng, Eduardo de Castro Humes e Frederico Navas Demetrio pesquisaram sobre “Depressão e comorbidades” clínicas com objetivo de discutir sobre a associação da depressão com outras doenças. Eles consideram que essa frequente associação piora o quadro psiquiátrico e da doença clínica. (Teng, Humes, Demetrio, 2005). Os autores discutem as evidências na literatura que demonstram essa associação, com enfoque nos avanços em fisiopatologia e terapêutica psiquiátrica onde afirmam que a importância da associação entre depressão e outras comorbidades clínicas indica a necessidade de se analisar as razões para o subdiagnóstico e subtratamento da depressão. (Teng, Humes, Demetrio, 2005). 96


Na pesquisa é demonstrada a relação da depressão com doenças cardiopatas, endocrinológicas, renais, neurológicas, com oncologia, dores crônicas e ginecologia concluindo que a síndrome depressiva é companheira frequente de quase todas as patologias clínicas crônicas, e quando está presente acaba levando a piores evoluções, pior aderência aos tratamentos propostos, pior qualidade devida, e maior morbimortalidade como um todo. Faltam estudos que comprovem o valor real do tratamento antidepressivo no prognóstico das doenças clínicas comórbidas. (Teng, Humes, Demetrio, 2005). REFERÊNCIA: TENG, C.; HUMES, E.; DEMETRIO, F. Depressão e comorbidades. 2005. Depressão em crianças e adolescentes com epilepsia Em 2005, Kette Dualibi Ramos Valente; Sigride Thomé-Souza; Evelyn Kuczynski e Núbio Negrão realizaram estudo acerca da “Depressão em crianças e adolescentes com epilepsia” com objetivo de estudar as razões para o subdiagnóstico deste transtorno psiquiátrico e revisar as evidências para a ocorrência de possíveis mecanismos fisiopatológicos comuns. O estudo foi realizado a partir da revisão de estudos em modelos animais de epilepsia que demonstraram uma diminuição de neurotransmissores implicados nos mecanismos patogênicos e tratamento da depressão. Adicionalmente, foram estudadas as evidências oferecidas pelos estudos de neuroimagem e neuropsicológicos que corroboram a existência de uma disfunção das estruturas límbicas – frontais e temporais – nos pacientes com transtorno depressivo, que aparentemente também existe em pacientes com epilepsia. De acordo com os resultados obtidos, os autores concluíram que o artigo de revisão dá evidência de que o conceito de relação causa-efeito para a ocorrência de depressão em pacientes com epilepsia precisa ser revisto. Segundo os autores, estudos que abordam esta associação em adultos com epilepsia do lobo temporal ficam restritos à análise do lobo temporal, sem que se estude adequadamente outra região, como o lobo frontal, que é foco de interesse na maior parte dos estudos com imagem em psiquiatria, dada a estreita relação das alterações estruturais e funcionais deste e a presença de transtornos psiquiátricos. REFERÊNCIA: VALENTE, K. et al. Depressão em crianças e adolescentes com epilepsia. 2005. Os efeitos da depressão materna no desenvolvimento neurobiológico e psicológico da criança Em 2005, Maria de Graça Motta, Aldo Bolten Lucion e Gisele Gus Manfro pesquisaram sobre “Os efeitos da depressão materna no desenvolvimento neurobiológico e psicológico da criança” com objetivo de revisar estudos publicados a partir de 1988 que demonstrem alterações no desenvolvimento neurológico, endócrino, mental e comportamental de crianças cujas mães tiveram depressão pós-parto. (Motta, Lucion e Manfro, 2005). Nessa pesquisa, a importância do meio ambiente social foi revisada em estudos préclinicos com mamíferos não humanos, demonstrando que, quando há privação ou estresse no inicio do desenvolvimento, ocorrem alterações persistentes em estruturas encefálicas, em secreções neuro-hormonais e na densidade de receptores específicos. (Motta, Lucion, Manfro, 2005). A partir das revisões, a autora concluiu que não se pode excluir a influência genética da depressão materna; porém, também que as pesquisas com animais sugerem fortemente que o surgimento do padrão de resposta ao estresse acontece como uma função do padrão de cuidado parental. O reconhecimento da importância do período inicial como critico para o desenvolvimento do individuo é fundamental, considerando os achados neuroendócrinos, autonômicos e psicológicos na criança associados à depressão materna. Sendo assim, é crucial o apoio familiar, terapêutico e social para que mães deprimidas possam exercer sua maternagem adequadamente. (Motta, Lucion e Manfro 2005). REFERÊNCIA: MOTTA, M.; LUCION, A.; MANFRO, G. Os efeitos da depressão materna no desenvolvimento neurobiológico e psicológico da criança. 2005. O transtorno bipolar de humor e uso indevido de substancias psicoativas Em 2005, Marcelo Ribeiro, Ronaldo Laranjeira e Giuliana Cividanes pesquisaram sobre “O transtorno bipolar de humor e uso indevido de substancias psicoativas” com o objetivo de 97


apresentar as evidências científicas disponíveis acerca da epidemiologia, etologia, evolução clínica, diagnóstico e tratamento farmacoterápico e psicossocial da comorbidade Transtorno Bipolar do Humor e uso indevido de substâncias psicoativas. (Ribeiro, Laranjeira e Cividanes, 2005). Para eles, o uso indevido de substâncias psicoativas pelo paciente bipolar é extremamente comum e mais frequente do que o observado na população geral (Kessler, 2004). Tal associação é capaz de alterar a expressão, o curso e o prognóstico de ambas as patologias (Levin e Hennesy, 2004; Krishnan, 2005), mesmo quando o consumo de álcool e/ou drogas é considerado de baixo risco ou moderado (Os et al., 2002; Shrier et al., 2003). A presença de outro transtorno psiquiátrico em dependentes químicos torna mais provável a procura desses por tratamento, fazendo com que as comorbidades sejam bastante recorrentes nos ambulatórios e enfermarias especializados. (Ribeiro, Laranjeira e Cividanes, 2005). Os autores concluem que há uma série de lacunas acerca do entendimento etiológico do transtorno bipolar do humor associado ao uso indevido de substâncias psicoativas. Por outro lado, há uma grande variedade de estratégias medicamentosas e psicossociais em desenvolvimento, que ainda necessitam de estudos mais elaborados e por tempo mais prolongado. (Ribeiro, Laranjeira e Cividanes, 2005). Entre as pesquisas farmacoterápicas em curso, merecem atenção especial aquelas acerca dos novos estabilizadores do humor, cujo potencial terapêutico parece contribuir tanto para a remissão dos sintomas afetivos, quanto para a melhora dos padrões de abstinência. A criação de programas estruturados de atenção, com participação da família e supervisionado por equipe multidisciplinar parece ser o caminho mais promissor. (Ribeiro, Laranjeira e Cividanes, 2005). REFERÊNCIA: RIBEIRO, M.; LARANJEIRA, R.; CIVIDANES, G. O transtorno bipolar de humor e uso indevido de substancias psicoativas. 2005. As alterações da neutrofina-3 em pacientes com transtorno de humor bipolar e em modelo animal de mania Em 2006, Julio Cesar Walz pesquisou sobre “As alterações da neutrofina-3 em pacientes com transtorno de humor bipolar e em modelo animal de mania” com objetivo de avaliar pela primeira vez tais alterações em pacientes com THB, considerando que as neutrofinas têm sido relacionadas com inúmeros aspectos fisiológicos e também com transtornos neurológicos e psiquiatricos. (Walz, 2006). Para avaliar as possíveis alterações dos níveis de NT-3 em pacientes, foi coletado sangue destes em estado maníaco, deprimido e eutímico e comparado com controles hígidos para doença neurológica e psiquiátrica e historia familiar de doença neurológica e psiquiátrica. E para o modelo animal foi utilizado o modelo desenvolvido pelo Dr. Benicio Frey, valendo-se do D-ANF como indutor de mania. Foi testado tanto o uso preventivo quanto reversivo de Li e VPT sobre NT-3, comparando com solução salina e ANF. (Walz, 2006). Como resultado, o pesquisador achou mais prudente considerar que níveis séricos elevados de NT-3 estão associados tanto a sintomas depressivos como maníacos em pacientes com THB, podendo ou não existir uma relação de causa e efeito nesta associação. Para ele, a possibilidade de utilizar-se clinicamente o NT-3 como indicativo de sistomatologia depressiva ou maníaca ou até como marcador precoce de descompensação destes sintomas é um ponto que também precisa ser considerado clinicamente. (Walz, 2006). REFERÊNCIA: WALZ, C. As alterações da neutrofina-3 em pacientes com transtorno de humor bipolar e em modelo animal de mania. 2006. Alterações neuropsicológicas no transtorno bipolar Em 2006, Cristiana C A Rocca e Beny Lafer fizeram pesquisa a respeito das “Alterações neuropsicológicas no transtorno bipolar” com objetivo de realizar uma revisão sistemática dos estudos controlados publicados nos últimos 15 anos sobre alterações neuropsicológicas no transtorno bipolar. Os autores afirmam que a ocorrência de sintomas psicóticos tende a ser um indicador da gravidade do episódio nas diferentes fases da doença, bem como a alta frequência destes episódios tende a marcar a cronicidade da doença. 98


Cristiana C A Rocca e Beny Lafer realizaram a pesquisa a partir do levantamento bibliográfico no Medline, Lilacs, PubMed e ISI, selecionando-se o período de 1990 a 2005. Os estudos foram organizados a partir da comparação entre a amostra selecionada (bipolar versus outra patologia versus controles saudáveis). Os resultados indicam que pacientes com transtorno bipolar apresentam dificuldades em vários domínios cognitivos, sendo que alguns persistem mesmo após remissão dos sintomas. Os autores concluíram que os prejuízos são sugestivos de disfunção em circuitos frontoestriatais específicos que podem, em parte, explicar as dificuldades na adaptação psicossocial destes pacientes. Estudos futuros devem avaliar a eficácia de programas de reabilitação neuropsicológica, os quais visam, por meio de treinos cognitivos, minimizar o impacto dos déficits encontrados na vida diária dos pacientes. REFERÊNCIA: ROCCA, C.; LAFER, B. Alterações neuropsicológicas no transtorno bipolar. 2006. A depressão e o processo de envelhecimento Em 2006, Garcia e Passos pesquisaram sobre “A depressão e o processo de envelhecimento” com o objetivo de mostrar as características dos transtornos depressivos na terceira idade, a partir de uma visão psiconeuroendocrinológica. Refletem sobre deficiência da idade que é caracterizada por uma fraqueza generalizada e uma mobilidade e um equilíbrio debilitados. Esta fragilidade física ocasiona quedas, fraturas, debilidade nas atividades do dia-adia e perda da independência (revisado por Pereira et al., 2004; Bulcão et al., 2004). Os pesquisadores caracterizam a depressão como falta de controle sobre o próprio estado emocional. Um dos mais adequados modelos de abordagem da depressão na terceira idade é o modelo bio-psico-social que congrega os aspectos sociais, psicológicos e orgânicos como fatores necessários para produzir e manter o quadro depressivo. Sobre esse modelo bio-psico-social, atualmente muito aceito, a medicina poderia atuar com eficácia nos dois primeiros, ficando o aspecto social submetido à atuação sócio-político-cultural, notadamente nessa questão da terceira idade (Stoppe e Louza, 1999). Como resultado, apresentam a contribuição da neuropsicologia para o estabelecimento de um diagnóstico preciso e fundamental para o direcionamento terapêutico e a obtenção de intervenções psicossociais eficientes no tratamento da depressão em idosos, concluindo que benefícios na terapêutica da depressão senil certamente poderiam ser alcançados, proporcionando uma melhor qualidade de vida e condições mais dignas para os representantes da terceira idade. (Garcia et al., 2006). REFERÊNCIA: GARCIA, A et al. A depressão e o processo de envelhecimento. 2006. Diagnóstico de demência, depressão e psicose em idosos por avaliação cognitiva breve Em 2006, Reys, Bezerra e colaboradores pesquisaram sobre o “Diagnóstico de demência, depressão e psicose em idosos por avaliação cognitiva breve” com o objetivo de comparar o desempenho cognitivo de idosos com psicose, depressão e demência em um ambulatório de saúde mental. A demência e a depressão são os transtornos neuropsiquiátricos mais comuns em idosos e o diagnóstico diferencial é difícil e nem sempre excludente. (Reys et al., 2006). Os pesquisadores pesquisaram sobre os diagnósticos dos transtornos e aplicaram o miniexame do estado mental (MEEM) e o Cambridge Cognitive Examination (CAMCOG) em 86 pacientes com mais de 60 anos de idade encaminhados para avaliação por queixas de memória. Os pacientes foram diagnosticados seguindo os critérios da DSM-4. Os dados sociodemográficos foram expressos em média (desvio padrão). Comparou-se os escores do MEEM e CAMCOG dos pacientes com psicose, demência e transtorno do humor utilizandose o teste t de Student e Anova. (Reys et al., 2006). Os resultados desta pesquisa apresentam que a pontuação de pacientes com psicose não se diferenciou da dos pacientes com demência e da dos pacientes com transtornos do humor e concluíram que a avaliação cognitiva breve permite uma diferenciação sindrômica entre depressão e demência, mas não entre depressão e psicose, em pacientes idosos de um ambulatório psiquiátrico que apresentam queixas de memória. Estes dados podem servir para a organização de um protocolo simples e de baixo custo para o atendimento da população em serviços de saúde pública. (Reys et al., 2006). 99


REFERÊNCIA: REYS, B.; BEZERRA, A.; VILELA, A.; KEUSEN, A.; MARINHO, V.; PAULA, E.; LAKS, J. Diagnóstico de demência, depressão e psicose em idosos por avaliação cognitiva breve. 2006. Estudo controlado das funções executivas no transtorno bipolar Em 2006, Cristiana Castanho de Almeida Rocca pesquisou sobre “Estudo controlado das funções executivas no transtorno bipolar” com objetivo de investigar o funcionamento executivo de forma ampla em um grupo de pacientes bipolares eutímicos, comparando os resultados obtidos a um grupo de sujeitos controles. Ela considerou que a literatura científica sugere que pacientes com Transtorno Bipolar apresentam dificuldades cognitivas, que parecem persistir mesmo após remissão dos sintomas afetivos. (Rocca, 2006). Rocca abordou que esses déficits encontrados se localizam basicamente nas funções executivas, porém, em amostras de pacientes bipolares eutímicos os resultados são inconsistentes e uma possível justificativa para isto reside na característica do grupo avaliado em relação ao regime medicamentoso, tempo de doença, número de episódios e de internações. (Rocca, 2006). A pesquisadora utilizou uma bateria de provas neuropsicológicas com a finalidade de avaliar as funções atencionais, memória de trabalho, bem como outros processos mnésticos, flexibilidade mental, habilidade de planejamento, capacidade de análise de situações sociais e de julgamento e crítica. Incluiu-se ainda um questionário auto-aplicativo sobre as habilidades sociais, sendo este o primeiro estudo na literatura a realizar este tipo de comparação. Foram avaliados 25 pacientes e 31 controles. Os grupos foram bem pareados quanto ao gênero, idade, escolaridade e nível intelectual. (Rocca, 2006). Na avaliação das funções executivas, Rocca observou uma diferença significativa na prova de fluência verbal, com menor produtividade para o grupo de pacientes. Não foram verificadas na pesquisa diferenças entre os grupos nas demais provas aplicadas. Foi encontrada associação entre o número de internações e a presença de sintomas psicóticos com os escores das provas que recrutavam análise visuoespacial, planejamento, velocidade no processamento da informação, controle inibitório e capacidade de julgamento e crítica. (Rocca, 2006). Com o estudo, a autora concluiu que dentre os componentes das funções executivas houve diferença apenas na prova de fluência verbal, resultado este consistente aos achados da literatura. Em desacordo com pesquisas anteriores, ela não encontrou diferenças entre os grupos nas seguintes funções cognitivas: atenção, memória, flexibilidade mental, planejamento e na capacidade de julgamento, crítica e análise de situações sociais. Em relação às habilidades sociais, os resultados sugeriram um comportamento inibido e hipervigilante dos pacientes em relação ao meio ambiente nos períodos de eutimia quando comparados aos controles. (Rocca, 2006). REFERÊNCIA: ROCCA, C. Estudo controlado das funções executivas no transtorno bipolar. 2006. Sintomatologia depressiva, atenção sustentada e desempenho escolar em estudantes do ensino médio Em 2005, Makilim Nunes Baptista, Ricardo Franco de Lima e colaboradores pesquisaram sobre a “Sintomatologia depressiva, atenção sustentada e desempenho escolar em estudantes do ensino médio” com o objetivo de verificar possíveis associações entre essas variáveis em estudantes do Ensino Médio. Afirmam que a depressão inclui diversos sintomas cognitivos, tais como problemas de atenção que, por sua vez, podem prejudicar o desempenho escolar. De modo a verificar as relações entre as variáveis (depressão, atenção e desempenho), foram obtidas as notas escolares e aplicados o Teste de Atenção Concentrada e o Inventário de Depressão de Beck a 62 estudantes do ensino médio, de ambos os sexos, com idades entre 15 e 24 anos. Destes, 33,8% apresentaram sintomas depressivos, distribuídos entre os níveis leve e grave, sendo que as mulheres apresentaram maior severidade de sintomas que os homens. Os pesquisadores concluíram que a severidade de sintomatologia depressiva se mostrou negativamente correlacionada tanto com o desempenho escolar quanto com a qualidade da atenção. A comparação entre grupos com e sem sintomas de depressão revelaram que o primeiro apresentou desempenho escolar pior e déficit da atenção. Tais resultados corroboram a hipótese de relação entre depressão, atenção e desempenho escolar em alunos do Ensino Médio. (Baptista et al, 2005) REFERÊNCIA: 100


BAPTISTA, M.; LIMA, R.; CAPOVILLA, A.; MELO, L. Sintomatologia depressiva, atenção sustentada e desempenho escolar em estudantes do ensino médio. 2006 Adolescência e saúde mental: revisão de artigos brasileiros publicados em periódicos nacionais Em 2007, Sílvia Pereira da Cruz Benetti e Vera Regina Röhnelt realizaram uma revisão da publicação nacional de artigos científicos no período de 1995 a 2005 sobre as situações prioritárias de saúde mental na adolescência, definidas pela Organização Mundial da Saúde; sendo a depressão, ansiedade, abuso de substâncias, transtorno de conduta, transtornos alimentares, psicoses, maus-tratos e violência. Afirmam, de acordo com o quadro clínico, que a depressão na adolescência ocorre três vezes mais frequentemente entre os jovens do que entre os adultos, sendo muitas vezes confundida com características comportamentais da fase. Pesquisaram “a análise da produção científica sobre adolescência e saúde mental, baseouse na consulta às seguintes bases de dados: LILACS, Index Psi Periódicos, MEDLINE e SciELO. Essas bases incluem informações e referências sobre a literatura internacional e científico-técnica da América Latina e do Caribe, e fazem parte da Biblioteca Virtual em Saúde” (Benetti e Röhnelt, 2007). As principais características da pesquisa apresentam “essa faixa etária além de constituirse como uma grande parcela da população que procura atendimento, é identificada como um grupo etário vulnerável e de risco em todas as categorias – depressão, transtornos de conduta, transtornos alimentares, drogas e violência. Portanto, a grande demanda por atendimento e a diversidade das situações clínicas afetando os jovens são pontos fundamentais para o desenvolvimento de ações em saúde mental.” Os autores concluem que os estudos sobre a saúde mental dos adolescentes têm crescido, sendo possível perceber um interesse na identificação e compreensão dos casos, entretanto, destacam que apesar do avanço contínuo ainda há necessidade de mais investimento na intervenção e prevenção. “Também importante é a ampliação das investigações sobre modelos de desenvolvimento que incluam aspectos contextuais e macros de compreensão dos problemas em saúde mental, destacando as características de resiliência e saúde individual, familiar e coletiva.” (Benetti e Röhnelt, 2007). Sendo a partir destes aprimoramentos do conhecimento possível aplicar e desenvolver meios para intervir de forma adequada em diferentes situações. REFERÊNCIA: BENETTI, S. Adolescência e saúde mental: revisão de artigos brasileiros publicados em periódicos nacionais. 2007. Aspectos neuropsicológicos da Epilepsia do Lobo Temporal na infância Em 2007, Rachel Schlindwein-Zanini, Ivan Izquierdo, Martin Cammarota e Mirna Wetters Portuguez realizaram estudo a respeito dos “Aspectos neuropsicológicos da Epilepsia do Lobo Temporal na infância”. Os autores afirmam que há alta frequência de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, déficits de memória e comprometimentos de funções neuropsicológicas como atenção, linguagem, praxia construtiva e funções executivas. Para a realização do estudo, apresenta-se uma revisão de literatura acerca da entidade, seus aspectos neuropsicológicos e respectivas repercussões. Segundo os autores, a maioria dos pacientes com ELT submetidos à intervenção cirúrgica mostra bons resultados, caracterizados pela melhora da dinâmica familiar, do funcionamento vocacional e social. Apesar dos problemas de saúde mental serem comuns em crianças submetidas à resseção do lobo temporal, há necessidade de atendimento psicológico na fase pré-cirúrgica. Os resultados indicam que a ELT pode interferir no desenvolvimento infantil, já que a criança pode apresentar distúrbios neuropsicológicos, especialmente alterações de memória e linguagem, além de alterações como problemas de aprendizagem, atenção e piora da qualidade de vida. A comorbidade psicológica/psiquiátrica, como a depressão, também pode estar presente. Assim, o espectro que envolve a ELT na infância enfatiza a necessidade da intervenção multidisciplinar. REFERÊNCIA: 101


SCHLINDWEIN-ZANINI, R.; IZQUIERDO, I.; CAMMAROTA, M.; PORTUGUEZ, M. Aspectos neuropsicológicos da Epilepsia do Lobo Temporal na infância. 2007. Avaliação da depressão e de testes neuropsicológicos em pacientes com desordens temporomandibulares Em 2005, Caio Selaimen, Diego Pinheiro Brilhante, Márcio Lima Grossi e Patricia Krieger Grossi pesquisaram a respeito da “Avaliação da depressão e de testes neuropsicológicos em pacientes com desordens temporomandibulares” a fim de determinar se existem diferenças neuropsicológicas entre os grupos estudados. Os autores afirmam que devido ao pouco conhecimento da causa exata destas disfunções, acredita-se que uma série de fatores, como mecânicos, neurofisiológicos e psicológicos, incluindo a depressão, podem influenciar na predisposição, início ou perpetuação da condição de dor facial. Os autores realizaram a pesquisa de modo transversal retrospectivo do tipo caso-controle. A amostra foi constituída de 43 mulheres, com idades variando de 16 a 60 anos, que procuraram tratamento na Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (FO-PUCRS). Os resultados sugerem que testes de memória são altamente dependentes do nível educacional e que não podem ser utilizados em larga escala. A pesquisa aponta que os testes neuropsicológicos usados não mostraram diferenças estatisticamente significativas entre os três grupos estudados, o que pode ser devido à baixa proporção de pacientes com educação pós-secundária (25%). Através dos resultados dos testes de depressão observaram-se diferenças entre os grupos controle e experimental. (Selaimen, Brilhante, Grossi e Grossi, 2005). REFERÊNCIA: SELAIMEN, C.; BRILHANTE, D.; GROSSI, M.; GROSSI, P. Avaliação da depressão e de testes neuropsicológicos em pacientes com desordens temporomandibulares. 2007. Avaliação psicológica, neuropsicológica e recursos em neuroimagem: novas perspectivas em saúde mental Em 2007, Carolina Vieira, Eliane da Silva Moreira Fay e Lucas Neiva-Silva pesquisaram a “Avaliação psicológica, neuropsicológica e recursos em neuroimagem: novas perspectivas em saúde mental” com o objetivo de discutir a integração dos novos recursos da neurociência aos procedimentos tradicionais da avaliação psicológica na área da saúde mental. Consideram de grande importância tratamentos e abordagens adequadas que ocorrem apenas com uma maior precisão diagnostica. (Vieira et al., 2007). A avaliação psicológica pretende acrescentar um cunho científico a esta atividade (classificar o comportamento das pessoas com o objetivo de enquadrá-lo dentro de alguma tipologia), utilizando o método da observação e formulação de hipóteses e inferências confiáveis para sua prática profissional. (Pasquali, 2001). A principal característica da pesquisa foi a busca por novas técnicas para alcançar um trabalho investigativo mais preciso, com respostas mais objetivas e consequências mais positivas para os pacientes. Os autores consideram necessária uma integração em saúde mental, da avaliação psicológica associada a técnicas, métodos e resultados de neuroimagem. (Vieira et al., 2007). REFERÊNCIA: VIEIRA, C.; FAY, E.; NEIVA-SILVA, L. Avaliação psicológica, neuropsicológica e recursos em neuroimagem: novas perspectivas em saúde mental. 2007 Epilepsia e depressão: falta diálogo entre neurologia e psiquiatria Em 2007, Bruno Lucio Marques Barbosa de Oliveira, Mariane Santos Parreiras e Maria Carolina Doretto pesquisaram “Epilepsia e a depressão: falta diálogo entre neurologia e psiquiatria” com objetivo de alertar quanto a prevalência da comorbidade depressão/epilepsia e a importância do tratamento concomitante das duas entidades, bem como auxiliar na escolha da melhor abordagem terapêutica. (Oliveira, Parreiras e Doretto, 2007). Nesse artigo foi realizada uma pesquisa no High Wire Press no período de 1996/2007, utlizando-se aos descritores: depression, epilepsy, seizures, treatment, além de referências cruzadas dos artigos selecionados e análise adicional de referências na literatura específica do tema, e apesar da grande influência negativa dos transtornos de humor na qualidade de vida de 102


pessoas com epilepsia, existe uma injustificada resistência clínica em tratar concomitantemente ambas as enfermidades (Oliveira, Parreiras e Doretto, 2007). Considerando-se o esmagador efeito negativo que a sintomatologia depressiva apresenta na qualidade de vida dos pacientes, mais significativa que qualquer outra variável cliń ica isoladamente, mesmo sendo ainda difić il estabelecer com clareza uma ligaçaõ patogenética entre depressaõ e ansiedade, fica evidenciada a importância do tratamento concomitante da depressão nesses pacientes. (Oliveira, Parreiras e Doretto, 2007). Reconhecer que causas neurológicas em comum estaõ mais possivelmente relacionadas com o aparecimento de sintomatologia depressiva que fatores psicossociais e, especialmente, que tal sintomatologia não representa uma ‘reaçaõ natural’ à doença pode ajudar aos cliń icos refinarem sua capacidade de diagnosticar essa comorbidade. (Oliveira, Parreiras e Doretto, 2007). REFERÊNCIA: OLIVEIRA, B.; PARREIRAS, M.; DORETTO, M. Epilepsia e depressão: falta diálogo entre neurologia e psiquiatria. 2007. O exercício físico no tratamento da depressão em idosos: revisão sistemática Em junho de 2007, Helena Moraes, Andréa Deslandes, Camila Ferreira, Fernando A. M. S. Pompeu, Pedro Ribeiro e Jerson Laks pesquisaram “O exercício físico no tratamento da depressão em idosos: revisão sistemática” com o objetivo de revisar a literatura quanto ao possível efeito protetor do exercício físico sobre a incidência de depressão e à eficácia do exercício físico como intervenção no tratamento da depressão. (Moraes, Deslandes, Pompeu e Laks, 2007). A depressão é um dos maiores problemas de saúde pública atualmente devido a sua alta morbidade e mortalidade, apresentando a perda de peso e a ideação suicida entre suas diversas características. Idosos deprimidos apresentam esses sintomas mais acentuados e contribuem para o declínio cognitivo e do condicionamento cardiorrespiratório nessa faixa etária (Moraes et al., 2007). A atividade física pode ser considerada eficaz no tratamento da depressão quando se resulta em um gasto energético maior do que os do nível de repouso, causando melhora no condicionamento físico, melhoria do humor e redução dos pensamentos perigosos como alguns de seus resultados positivos. (Frazer et al. 2005). Moraes, Deslandes [...], usaram como metodologia a Revisão sistemática de artigos em inglês e português nas bases ISI, PubMed, SciELO e LILACS de janeiro de 1993 a maio de 2006, utilizando conjuntamente os termos “depressão”, “idosos” e “exercício”. Artigos que avaliaram o efeito do exercício em idosos com doenças clínicas ou que utilizaram escalas para depressão somente para um diagnóstico inicial foram excluídos. (Moraes et al., 2007). Os resultados desta pesquisa apontaram para uma relação inversamente proporcional entre atividade física e alterações nos níveis de depressão. Os trabalhos que utilizaram o exercício como intervenção terapêutica na depressão encontraram resultados divergentes e apontaram para a interferência de fatores fisiológicos e psicológicos nessa relação. Os autores concluem que o papel do exercício e da atividade física no tratamento da depressão direciona-se para duas vertentes: a depressão promove redução da prática de atividades físicas; a atividade física pode ser um coadjuvante na prevenção e no tratamento da depressão no idoso. (Moraes et al., 2007). REFERÊNCIA: MORAES, H.; DESLANDES, A.; FERREIRA, C.; POMPEU, F.; RIBEIRO, P.; LAKS, J. O exercício físico no tratamento da depressão em idosos: revisão sistemática. 2007. Avaliação neuropsicológica dos transtornos psicológicos na infância: um estudo de revisão Em 2008, Jeane Lessinger Borges, Clarissa Marceli Trentini, Denise Ruschel Bandeira e Débora Dalbosco Dell'Aglio pesquisaram “Avaliação neuropsicológica dos transtornos psicológicos na infância: um estudo de revisão” com o objetivo de estudar as relações entre a atividade cerebral, cognição e o comportamento (Lezak, Howieson e Loring, 2004). Os autores realizaram uma revisão de literatura investigando os estudos teóricos e empíricos relacionados à avaliação neuropsicológica dos transtornos psicológicos em crianças e adolescentes nos seguintes Bancos de Dados: Medline, SciELo e PsycInfo. A partir desse resultado, uma análise de frequência da avaliação neuropsicológica e o tipo de transtorno psicológico foi realizada. (Borges et al., 2008). Os pesquisadores apresentam uma revisão da literatura sobre a avaliação neuropsicológica dos déficits cognitivos associados aos transtornos psicológicos na infância e 103


adolescência com base em pesquisas publicadas no período de 2000 a 2006. Os resultados indicaram um aumento da produção científica na área da avaliação neuropsicológica do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, autismo, transtornos de humor e transtorno de conduta. Concluindo, os pesquisadores notaram a presença de poucos estudos nacionais, indicando a necessidade de pesquisas na área de avaliação neuropsicológica no Brasil. (Borges et al., 2008). REFERÊNCIA: BORGES, J. et al. Avaliação neuropsicológica dos transtornos psicológicos na infância: um estudo de revisão. 2008. Deterioração cognitiva em uma amostra brasileira de pacientes com Transtorno Bipolar Em 2008, Júlia Jochims Schneider, Rafael Henriques Candiago, Adriane Ribeiro Rosa, Keila Maria Ceresér e Flávio Kapczinski pesquisaram “Deterioração cognitiva em uma amostra brasileira de pacientes com Transtorno Bipolar” com o objetivo de examinar a performance de pacientes brasileiros com transtorno bipolar com episódios depressivos e humor eutímico, comparados com características saudáveis. Eles afirmam que déficits neurocognitivos persistentes têm sido descritos no transtorno do humor bipolar. Os pacientes foram escolhidos para a pesquisa no Programa de Transtorno Bipolar do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A presença dos sintomas de depressão e mania foram medidos usando a Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton e a Escala de Mania de Young. Um total de 93 pacientes foram recrutados para os estudos. Também foram recrutados 28 pacientes com características saudáveis sem histórico de doenças psiquiátricas, diagnosticados usando a Entrevista Clinica Estruturada DSM-4. As principais características da pesquisa mostram que em oito dos doze subtestes avaliados, os pacientes apresentaram desempenho significativamente inferior em relação aos controles, não houve diferença significativa entre os grupos de pacientes e foram encontrados prejuízos cognitivos tanto na área verbal como na área executiva da cognição. Com isso, os autores concluem que as dificuldades cognitivas encontradas apontam para um prejuízo global no funcionamento cognitivo, independente da presença de sintomas, sugerindo estabilidade ou cronicidade dos déficits cognitivos. REFERÊNCIA: SCHNEIDER, J. et al. Cognitive impairment in a Brazilian sample of patients with bipolar disorder. 2008. Envolvimento do sistema adenosinérgico em modelos de estresse e depressão Em 2008, Manuella Pinto Kaster pesquisou “Envolvimento do sistema adenosinérgico em modelos de estresse e depressão” com objetivo de contribuir para o entendimento das bases neurobiológicas da depressão e possivelmente para o desenvolvimento de novas alternativas terapêuticas. A adenosina, conforme a autora, é um nucleosídeo endógeno que age como neuromodulador controlando sistemas de neurotransmissores intimamente envolvidos no estresse e na patofisiologia dos distúrbios de humor. (Kaster, 2008). Kaster pesquisou o respectivo fenômeno investigando alguns dos possíveis mecanismos relacionados à manipulação aguda e crônica de receptores adenosinérgicos no teste do nado forçado (TNF) e no modelo de depressão induzida pelo estresse crônico imprevisível (ECI). Na avaliação do mecanismo de ação antidepressiva da adenosina no TNF, foi aprofundado a possível participação dos receptores NMDA, via da L-arginina-NO, canais de potássio (K+) e dos sistemas serotoninérgico e opióide. (Kaster, 2008). Os resultados indicaram que o efeito da adenosina no TNF é mediado, pelo menos em parte, por uma inibição de: receptores NMDA, síntese de óxido nítrico e cGMP, canais de K+ e interação com os sistemas serotoninérgico e opióide. Com base no efeito diferencial da manipulação aguda e crônica de receptores de adenosina, em uma outra fase do estudo, foi investigado o efeito do tratamento crônico com um antagonista adenosinérgico, sobre as modificações neuroquímicas e comportamentais induzidas pelo ECI. (Kaster, 2008). A pesquisadora concluiu, portanto, que há o envolvimento do sistema adenosinérgico na modulação do estresse e depressão. A administração aguda de adenosina produz um efeito antidepressivo no TNF por interagir com múltiplos sistemas de neurotransmissores, mas não apresenta efeito no TNF quando administrada por 14 dias. Contudo, o tratamento crônico com um antagonista de receptores de adenosina confere neuroproteção contra algumas alterações 104


neuroquímicas e comportamentais (incluindo o comportamento tipo-depressivo) induzidas pelo ECI. (Kaster, 2008). REFERÊNCIA: KASTER, M. Envolvimento do sistema adenosinérgico em modelos de estresse e depressão. 2008. Relação entre depressão e disfunção cognitiva em pacientes após acidente vascular cerebral: um estudo teórico Em 2008, Margareth Pereira de Paula, Kátia Osternack Pinto e Mara Cristina Souza Lucia pesquisaram “Relação entre depressão e disfunção cognitiva em pacientes após acidente vascular cerebral: um estudo teórico” com objetivo de permitir uma análise mais ampla da necessidade de estudos que levem em conta as relações entre humor e o funcionamento cognitivo. Elas consideraram que as técnicas neuropsicológicas têm contribuído de forma relevante para o tratamento da doença. Realiza análise comparativa e qualitativa dos resultados obtidos, permitindo uma relação entre disfunção neurológica, história e comportamento do paciente. Permite ainda a correlação com as informações advindas de outros exames e o quadro clínico do paciente. (Paula, Pinto e Lucia, 2008). No entanto, sob o ponto de vista científico, ainda não se sabe com clareza quais as funções cognitivas envolvidas, quais os instrumentos neuropsicológicos mais indicados, quais as relações entre cognição e depressão ou mesmo entre cognição e a lesão decorrente do AVC. (Paula, Pinto e Lucia, 2008). Margareth Pereira de Paula, Kátia Osternack Pinto e Mara Cristina Souza Lucia pesquisaram a relação entre depressão e disfunção cognitiva em pacientes após acidente vascular cerebral de uma escala global usando artigos consultados extraídos do banco de dados MEDLINE (Pub-Med), dos quais foram selecionados 20 artigos dos quais trata o presente estudo. Além disso, foram incluídas nove obras de referência para apresentar dados já estabelecidos sobre o tema, como caracterização do AVC, da depressão e outros. (Paula, Pinto e Lucia, 2008). As principais características daquela pesquisa são que através de algumas incursões teóricas, foi possível mostrar a importante contribuição da neuropsicologia no curso das desordens cerebrais, especificamente as alterações cognitivas associadas ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a relação existente entre os achados neuropsicológicos e a presença de depressão destes pacientes, onde as autoras concluem que a investigação de áreas neuroanatômicas acometidas pelo AVC como fatores de risco para a depressão pós-AVC é um método que também pode contribuir para o maior conhecimento sobre a fisiopatologia da depressão pós-AVC em pesquisas futuras. (Paula, Pinto e Lucia, 2008). REFERÊNCIA: PAULA, M.; PINTO, K.; LUCIA, M. Relação entre depressão e disfunção cognitiva em pacientes após acidente vascular cerebral: um estudo teórico. 2008. Transtorno Afetivo Bipolar: carga da doença e custos relacionados Em 2008, Anna Maria Niccolai Costa pesquisou “Transtorno Afetivo Bipolar: carga da doença e custos relacionados” com objetivo de revisar aspectos clínicos, de carga da doença e consequentes desfechos financeiros do TAB. Ela considera que o transtorno bipolar é uma doença grave e crônica, onde problemas relacionados a diversas áreas agravam consideravelmente os custos e a carga em relação à doença. Anna Maria pesquisou a doença através das bases de dados MEDLINE e PubMed utilizando os termos bipolar disorder, epidemiology, burden of disease, comorbidity, cost of illness, outcomes e financial consequences, publicados entre 1980 e 2006. Assim como mencionado anteriormente, diversos problemas contribuem para o aumento dos custos e carga da doença, sendo um deles o atraso e o erro no diagnóstico. É importante destacar que os indivíduos com transtorno bipolar apresentam mais fatores de risco cardiovascular, exigindo uma cautela maior dos clínicos para não piorar os fatores de risco, além de outros riscos como a alta prevalência de diagnósticos mentais e físicos e maior risco de suicídio. “A escassez de estudos farmacoeconômicos, conduzidos tanto em nosso meio como internacionalmente, dificulta uma revisão sistemática sobre os custos da doença, por isso o objetivo desta revisão é despertar maior interesse por esse importante tópico e, ao mesmo tempo, oferecer dados de importância prática tanto para clínicos como para gestores.” (Costa, 2008). 105


REFERÊNCIA: COSTA, A. Transtorno Afetivo Bipolar: carga da doença e custos relacionados. 2008. Avaliação do efeito antidepressivo da vitamina E em modelos animais de depressão Em 2009, Kelly Ribas Lobato pesquisaram sobre “Avaliação do efeito antidepressivo da vitamina E em modelos animais de depressão” com objetivo de investigar o efeito do tratamento agudo e crônico com α-tocoferol no teste do nado forçado (TNF) e no teste de suspensão da cauda (TSC) em camundongos, dois modelos animais preditivos de atividade antidepressiva, amplamente utilizados na detecção de novos compostos com ação antidepressiva. (Lobato, 2009). Lobato dissertou sobre o fato de a depressão maior ser uma doença crônica, grave, ameçadora de vida, e está entre os transtornos neuropsiquiátricos mais frequentes do mundo ocidental. A hipótese monoaminérgica postula que a depressão resulta de uma diminuição dos níveis de monoaminas no sistema nervoso central; entretanto, outros sistemas neurais e processos bioquímicos, como o estresse oxidativo, podem estar envolvidos na patogênese desta doença. O α-tocoferol, forma mais abundante de vitamina E, é o principal antioxidante lipossolúvel do organismo. (Lobato, 2009). Foi avaliado o envolvimento dos sistemas monoaminérgico (serotoninérgico e noradrenérgico), glutamatérgico e da via L-arginina-óxido nítrico, no efeito antidepressivo do tratamento agudo com α-tocoferol no TNF. A ação antidepressiva do α-tocoferol (100 mg/kg, p.o.) no TNF foi prevenida pelo pré-tratamento com PCPA (100 mg/kg, i.p., 4 dias consecutivos), prazosina (1 mg/kg, i.p.) ou ioimbina (1 mg/kg, i.p.), NMDA (0,1 pmol/sítio, i.c.v.), D-serina (30 μg/sítio, i.c.v.), L-arginina (750 mg/kg, i.p.), SNAP (25 μg/sítio, i.c.v) e sildenafil (5 mg/kg, i.p.), mas não com propranolol (2 mg/kg, i.p.). (Lobato, 2009). A pesquisadora concluiu que a administração aguda ou crônica de α-tocoferol produz efeito antidepressivo específico em camundongos. Os resultados sugeriram ainda que o tratamento crônico com α-tocoferol aumenta as defesas antioxidantes no hipocampo e no córtex pré-frontal, duas áreas envolvidas da regulação do humor. Além disso, o efeito agudo do αtocoferol no TNF parece ser mediado, pelo menos em parte, por uma interação com os sistemas serotoninérgico (via receptores 5- HT1A), noradrenérgico (via receptores α1 e α2-adrenérgicos) e pela inibição de receptores NMDA e da síntese de óxido nítrico e GMPc. (Lobato, 2009). REFERÊNCIA: LOBATTO, K. Avaliação do efeito antidepressivo da vitamina E em modelos animais de depressão. 2009. Depressão pós-AVC: aspectos psicológicos, neuropsicológicos, eixo HHA, correlato neuroanatômico e tratamento Em 2009, Luisa de Marillac Niro Terroni, Patricia Ferreira Mattos, Matildes de Freitas Menezes Sobreiro, Valeri Delgado Guajardo, Valeri Delgado e Renério Fráguas pesquisaram “Depressão pós-AVC e seus aspectos psicológicos, neuropsicológicos, eixo HHA, correlato neuroanatômico e tratamento”. Eles afirmam que a depressão pós-AVC (DPAVC) possui uma prevalência elevada. Apesar disso, ela é pouco detectada e tratada. Muitos fatores de risco e repercussões negativas na recuperação dos pacientes estão associados à DPAVC. Os autores concluíram o estudo a partir de revisão da literatura dos últimos 10 anos nas bases de dados MedLine e PubMed usando as palavras-chave post-stroke depression, stroke, quality of life, hypercortisolism, cogntitive dysfunction e treatment. A pesquisa indica que a prevalência de DPAVC é de 23% a 60%, e a DPAVC está associada a pior prognóstico e evolução, agravo das disfunções cognitivas e redução da qualidade de vida. A principal conlcusão da pequisa é a constatação de que é necessária uma melhoria na metodologia dos estudos para maior esclarecimento sobre a fisiopatologia da incidência da DPAVC, e de que programas objetivando o aumento das taxas de detecção dos pacientes deprimidos se fazem necessários inclusive para a redução dos impactos negativos na recuperação desses pacientes. (Terroni et al., 2009). REFERÊNCIA: TERRONI, L. et al. Depressão pós-AVC: aspectos psicológicos, neuropsicológicos, eixo HHA, correlato neuroanatômico e tratamento. 2009. Frequência e fatores relacionados a transtornos psiquiátricos na epilepsia do lobo temporal 106


Em 2009, Guilherme Nogueira Mendes de Oliveira realizou pesquisa sobre a “Frequência e fatores relacionados a transtornos psiquiátricos na epilepsia do lobo temporal” com o objetivo de avaliar a frequência e a intensidade dos transtornos psiquiátricos em pacientes com ELT em relação às suas características clínicas e sociodemográficas, analisar as variáveis estudadas em relação à lateralidade da Esclerose Nesial Temporal, depressão e risco de suicídio e avaliar instrumentos clínicos que auxiliem na descrição psicopatológica e reconhecimento dos transtornos psiquiátricos na epilepsia. O estudo foi realizado a partir da seleção e avaliação psiquiátrica de 73 pacientes atendidos pela Clínica de Epilepsia do Serviço de Neurologia do Hospital das Clínicas da UFMG. O autor afirma que os resultados indicaram que pacientes com ELT avaliados neste estudo apresentaram uma elevada frequência de transtornos psiquiátricos ao longo da vida (70%), sendo os transtornos do humor os mais frequentes (49,3%). A conclusão do estudo revela, segundo o autor, que a ELT está relacionada a uma elevada frequência de transtornos psiquiátricos, principalmente ansiedade e depressão. Os pacientes com EMTE demonstraram uma maior riqueza de sintomas depressivos, ansiosos e psicóticos. O autor afirma que a depressão é subdiagnosticada, subtratada e associada a um elevado risco de suicídio na ELT, e seu reconhecimento na ELT através do BDI, HAM-D e IDTN-E pode orientar o tratamento e ajudar na prevenção do suicídio nesses pacientes. REFERÊNCIA: OLIVEIRA, G. Frequência e fatores relacionados a transtornos psiquiátricos na epilepsia do lobo temporal. 2009. Memória episódica e funções executivas em idosos com sintomas depressivos Em 2009, Amer Cavalheiro Hamdan e Priscila Hollveg Corrêa realizaram estudo a respeito da “Memória episódica e funções executivas em idosos com sintomas depressivos” com objetivo de analisar e comparar padrões de desempenho de idosos com sintomas depressivos em diferentes testes de memória episódica e funções executivas. A pesquisa foi realizada com a participação de 56 idosos, de ambos os sexos, divididos em dois grupos: idosos sem sintomas depressivos (n=35) e idosos com sintomas depressivos (n=21). No teste de memória episódica imediata, o grupo dos idosos sem sintomas depressivos apresentou desempenho significativamente melhor do que idosos com sintomas depressivos. Por meio dos dados obtidos, os autores concluíram que em relação aos testes de funções executivas, a análise estatística não revelou diferenças significativas entre os grupos. Esses dados sugerem que idosos com sintomas depressivos apresentam prejuízos na capacidade de memória episódica, mas sem comprometimento das funções executivas. Os autores afirmam que diante da hipótese de que, quanto mais grave os sintomas depressivos, pior o desempenho cognitivo, sugere-se novos estudos, com maior número de participantes, separando os grupos por intensidade de sintomas, controlando o nível de escolaridade, para que os dados encontrados sejam corroborados. REFERÊNCIA: HAMDAN, A.; CORRÊA, P. Memória episódica e funções executivas em idosos com sintomas depressivos. 2009. Processamento cognitivo "Teoria da Mente" no Transtorno Bipolar Em 2009, Hélio Anderson Tonelli pesquisou sobre “Processamento cognitivo "Teoria da Mente" no transtorno bipolar” com o objetivo de revisar sistematicamente a literatura sobre possíveis alterações do processamento Teoria da Mente no transtorno afetivo bipolar; já que transtorno afetivo bipolar está associado ao comprometimento funcional persistente, apesar de pesquisas demonstrarem que bipolares podem apresentar déficits cognitivos, um número menor de trabalhos avaliou o papel de prejuízos no processamento cognitivo social, a Teoria da Mente, no aparecimento de sintomas e complicações sociais em bipolares. Hélio Tonelli, quando pesquisou sobre o processamento cognitivo no transtorno bipolar, realizou uma busca na base de dados Medline por trabalhos publicados em língua inglesa, alemã, espanhola ou portuguesa nos últimos 20 anos, utilizando a frase de busca "Bipolar Disorder” [Mesh] AND "Theory of Mind". Foram procurados por estudos clínicos envolvendo indivíduos bipolares e que empregaram uma ou mais tarefas cognitivas desenvolvidas para a avaliação de 107


habilidades Teoria da Mente. Foram excluídos os relatos de caso e cartas ao editor. A busca inicial resultou em cinco artigos, sendo selecionados quatro. A maioria dos trabalhos avaliados sugere que existam prejuízos no processamento Teoria da Mente em portadores de transtorno afetivo bipolar e que estes podem estar por trás dos sintomas e dos déficits funcionais do transtorno afetivo bipolar. Com isso, foi possível concluir que pesquisas futuras a respeito do tema em questão poderão esclarecer muito acerca do papel das alterações sociocognitivas no surgimento dos sintomas do transtorno afetivo bipolar, bem como ajudar no desenvolvimento de estratégias preventivas e terapêuticas do mesmo. REFERÊNCIA: TONELLI, H. Processamento cognitivo "Teoria da Mente" no Transtorno Bipolar. 2009. Transtorno depressivo maior: avaliação da aptidão motora e da atenção Em 2009, Naiana Machado, Silvia Rosane e colaboradores pesquisaram “Transtorno depressivo maior: avaliação da aptidão motora e da atenção” com o objetivo de avaliar a aptidão motora geral e específica e a atenção em pacientes com Transtorno Depressivo Maior (TDM) (Machado et al. 2009). Eles afirmam que o transtorno (compromete a saúde física e mental) é a quarta causa de incapacidade no mundo e apresenta uma ampla sintomatologia que inclui desde alterações no sono, apetite e ritmo circadiano até mudanças comportamentais. Os pesquisadores avaliaram o transtorno em dezesseis mulheres hospitalizadas que responderam a uma Entrevista Sociodemográfica e Clínica e foram avaliadas através do Teste de Trilhas e Escala Motora para Terceira Idade (EMTI). A amostra apresentou maior tempo de execução nos testes de atenção em relação aos valores de referência e um pior desempenho com o aumento da idade. E quanto maior o tempo para a realização do Teste de Trilhas, pior foi o desempenho na EMTI. (Machado et al. 2009). Os autores concluem que na maioria das pacientes, a aptidão motora geral, motricidade global e organização temporal encontram-se abaixo da média. Verificou-se a existência de disfunções e influência da idade no nível da atenção, e ainda a existência de relação entre os déficits atencional e motor. Quanto mais baixo o nível de atenção, pior é a aptidão motora. (Machado et al. 2009). REFERÊNCIA: MACHADO, N. et al. Transtorno depressivo maior: avaliação da aptidão motora e da atenção. 2009. A utilização do Lítio no transtorno afetivo bipolar e seus efeitos adversos, evidenciando a ataxia cerebelar Em 2009, Rejane Conceição Santana, Loane Viana Marques Neves e Robson Paixão Souza pesquisaram “A utilização do lítio no transtorno afetivo bipolar e seus efeitos adversos, evidenciando a ataxia cerebelar” com o objetivo de esclarecer sobre um dos efeitos adversos mais comuns na utilização do lítio durante o tratamento do distúrbio bipolar: a ataxia cerebelar. (Santana, Neves e Souza 2009). O artigo foi realizado através de uma revisão de literatura com base nos sites Pubmed, Medline, Lilacs e Scielo, incluindo artigos compreendidos entre o período de 1998 e 2009. Para os pesquisadores, do ponto de vista fisiopatológico, TAB é a disfunção nos circuitos cerebrais relacionados à regulação das emoções, tendo o lítio como tratamento mais comum para esse distúrbio. (Santana, Neves e Souza 2009). É concluído que os efeitos colaterais do lítio, embora sejam de difícil manejo, não tiram sua posição como tratamento de escolha para os transtornos bipolares em todas as faixas etárias. Como a maioria desses efeitos é dependente da dose, deve-se averiguar periodicamente sua concentração plasmática e se servir dela para ajustar as dosagens. (Santana, Neves e Souza 2009). REFERÊNCIA: SANTANA, R.; NEVES, L.; SOUZA, R. A utilização do Lítio no transtorno afetivo bipolar e seus efeitos adversos, evidenciando a ataxia cerebelar. 2009. Avaliação de qualidade de vida e depressão de técnicos e auxiliares de enfermagem Em 2010, Rios, Barbosa e Belasco, pesquisaram sobre “Avaliação de qualidade de vida e depressão de técnicos e auxiliares de enfermagem”. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida (QV) e depressão e relacioná-los às características sociodemográficas de técnicos e auxiliares de enfermagem de um hospital privado. 108


A quantidade de técnicos e auxiliares que participaram deste estudo foi de 266; os instrumentos aplicados foram o WHOQOL-bref e o inventário de depressão de Beck; a avaliação da qualidade de vida dos técnicos e auxiliares de enfermagem apresentou valores próximos àqueles encontrados em indivíduos com patologias crônicas, a presença de problemas de saúde levou a maior índice de depressão e menor escore de QV no aspecto geral e psicológico e se correlacionaram à atividade laboral. Trabalhadores do período noturno apresentaram escores mais elevados de depressão. Conhecer fatores desencadeantes dos problemas de saúde e alteração da qualidade de vida, relacionados às atividades profissionais, pode instrumentalizar a busca de alternativas para sanar ou minimizar seus efeitos. REFERÊNCIA: RIOS, K. A.; BARBOSA, D. A.; BELASCO, A. G. Avaliação de qualidade de vida e depressão de técnicos e auxiliares de enfermagem. 2010. Estudo de caso: avaliação neuropsicológica: depressão x demência Em 2010, Nicole Maineri Steibel e Rosa Maria Martins de Almeida realizaram estudo de caso a respeito da “avaliação neuropsicológica: depressão x demência”, com o objetivo de avaliar as habilidades cognitivas de um idoso com queixa de memória e de sintomas depressivos. As autoras afirmam que, ainda que exista frequente associação entre presença de depressão e de disfunção cognitiva, existe a possibilidade de que não existe uma relação causal entre ambas, ou seja, que são apenas duas doenças de apresentação comórbidas. Este estudo foi elaborado a partir de revisão de prontuário. Foi avaliado um idoso do sexo masculino, com 67 anos que realizou o check up cognitivo no Memolab Laboratório de estudos cognitivos do Hospital Moinhos de Ventos, Porto Alegre – Rio Grande do Sul, utilizando Instrumentos e procedimentos para coleta dos dados. Nesse estudo de caso, os resultados mostraram um prejuízo das funções cognitivas do paciente avaliado. Foi percebida a diminuição de desempenho nas habilidades que envolvem velocidade de processamento de informações e na memória recente. Portanto, as autoras consideram que torna-se importante nestes casos fazer-se avaliações seriadas com objetivo de acompanhar a evolução das dificuldades cognitivas. REFERÊNCIA: STEIBEL, N.; ALMEIDA, R. Estudo de caso: avaliação neuropsicológica: depressão x demência. 2010. Aspectos neuropsiquiátricos da depressão na epilepsia do lobo temporal Em 2011, Guilherme Nogueira Mendes de Oliveira pesquisou “Aspectos neuropsiquiátricos da depressão na epilepsia do lobo temporal” com objetivo de avaliar as alterações neuropsiquiátricas e comportamentais relacionadas à depressão na ELT, visto que, conforme o autor, comorbidades psiquiátricas e alterações comportamentais são comumente descritas nas síndromes epilépticas, especialmente naquelas que têm o lobo temporal como área epileptogênica. (Oliveira, 2011). Oliveira iniciou a pesquisa afirmando que Epilepsia do Lobo Temporal (ELT) é responsável pela maior parte dos casos de epilepsia em adultos e a complexa interface entre o papel das estruturas temporais e transtornos psiquiátricos têm sido muito discutida na literatura. Assim, ele utilizou entrevista clínica estruturada (MINI-PLUS), assim como instrumentos de avaliação de sintomas psiquiátricos, rastreamento da depressão e avaliação psicopatológica de transtornos não contemplados nas tradicionais classificações psiquiátricas. (Oliveira, 2011). Foi identificada, na pesquisa, uma elevada frequência de transtornos mentais, em especial os transtornos da ansiedade e do humor. A depressão foi diagnosticada em cerca de 40% dos indivíduos com ELT ao longo da vida e, na avaliação, mais de um quarto dos pacientes estavam deprimidos. A depressão não vinha sendo corretamente tratada em mais de 90% dos casos. Ele identificou também que o tratamento da depressão é de grande importância, já que constitui o principal fator relacionado ao risco de suicídio, mesmo quando consideradas variáveis clínicas de impulsividade. (Oliveira, 2011). A avaliação do NBI (Inventário Neurocomportamental) na ELT realizada no estudo de Oliveira demonstrou uma importante influência da depressão nos principais traços comportamentais, como emotividade e viscosidade, reforçando a relevância de se atentar para a depressão no estudo do comportamento na ELT. O pesquisador concluiu, portanto, que o 109


reconhecimento mais acurado das comorbidades psiquiátricas na ELT pode auxiliar no entendimento do papel dos lobos temporais nos transtornos mentais e comportamento, assim como na elaboração de condutas que visem o adequado diagnóstico e tratamento destes transtornos. (Oliveira, 2011). REFERÊNCIA: OLIVEIRA, G. Aspectos neuropsiquiátricos da depressão na epilepsia do lobo temporal. 2011. A avaliação neuropsicólogica das funções executivas de portadores de transtorno bipolar através do Stroop Test Em 07 de outubro de 2011, Luiza Sbrissa, Mirela Frantz Cardinal e Lilian Lopes Pereira pesquisaram “A avaliação neuropsicólogica das funções executivas de portadores de transtorno bipolar através do Stroop Test” com o objetivo de comparar funções executivas (FE), mensuradas pelo teste Stroop – como controle inibitório de interferência e flexibilidade mental – em dois grupos, com objetivo de observar se são encontrados prejuízos em períodos de eutimia do TB tipo I. O Transtorno Bipolar (TB) é uma patologia psiquiátrica grave, recorrente, que se caracteriza por oscilações de humor alternadas, variando em intensidade, duração e frequência e envolve aspectos neuroquímicos, cognitivos, psicológicos, funcionais, familiares e socioeconômicos (Goodwin, Jamison, 2010). Durante a pesquisa, as autoras usaram como método estudos e pesquisas que se tratam de casos-controle, que é parte de uma pesquisa que investigou características clínicas e cognitivas de portadores de TB tipo I, em eutimia, entre 25 e 60 anos de idade, atendidos pelo HUSM, RS. Foram pareados 41 portadores de TB tipo I com 41 controles, com intuito de verificar, a partir da comparação entre seus resultados, se são encontrados prejuízos nas FE. Utilizou-se o Stroop Test para avaliar o controle inibitório e a flexibilidade mental. Esse instrumento consiste na apresentação de cartões ao entrevistado, em três momentos, conforme instruções descritas na literatura (Gindri; Zibetti; Fonseeca, 2008; Strauss, Sherman, Spreen 2006). Os portadores de TB apresentaram pior desempenho quando comparados ao grupo controle, nas medidas do teste, sendo observadas diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos. Foi possível concluir que se por um lado o padrão geral de resultados está em acordo com os achados das pesquisas estudadas, é necessário reconhecer que diversas variáveis podem afetar os resultados das avaliações neuropsicológicas dos pacientes com TB, tais como comorbidades, número e tipo de episódios maníacos, tempo de diagnóstico, escolaridade, contexto cultural, entre outras. Autores relatam que essas diferenças ocorrem porque nem todas as FE são igualmente prejudicadas na progressão do transtorno (Rocca; Laffer 2008). REFERÊNCIA: SBRISSA, L., FRANTZ, M., LOPES, L. A avaliação neuropsicólogica das funções executivas de portadores de transtorno bipolar através do Stroop Test. 2011. Depressão: características clínicas, alterações neuropsicológicas e possibilidades de tratamento do transtorno na infância e adolescência Em 2011, Geórgia Maria Melo Feijão, Gisiane Maria Vasconscelos Marques e Anne Graça de Sousa Andrade pesquisaram “Depressão: características clínicas, alterações neuropsicológicas e possibilidades de tratamento do transtorno na infância e na adolescência” com o objetivo de descrever as principais características clínicas, sintomatologia e fatores de risco, bem como as alterações neuropsicológicas encontradas na depressão em adolescentes. Elas afirmam que o conhecimento do transtorno depressivo na adolescência mostra que tem de serem levados em consideração os sinais específicos dessa fase do desenvolvimento. O estudo foi realizado a partir de uma pesquisa bibliográfica que abordou estudos realizados por Bahls, Rezenthal, Borges, Caballo, entre outros estudiosos, com a intenção de descrever sobre as principais características clínicas, as alterações neuropsicológicas apresentadas pelos adolescentes que desenvolvem um quadro depressivo e as formas de tratamento. As principais características da pesquisa mostram não existem características típicas do adolescente que diferenciam do quadro sintomatológico do adulto. Foram apresentados ainda fatores de risco próprios desta faixa etária, entre eles a falta de suporte familiar e dúvida quanto à orientação sexual. Com isso, os autores concluem que tanto a medicação como a psicoterapia são 110


importantes ferramentas no manejo da depressão, já que o tratamento antidepressivo deve ser entendido de uma forma globalizada, levando em consideração o ser humano como um todo, incluindo dimensões biológicas, psicológicas e sociais. REFERÊNCIA: FEIJÃO, G.; MARQUES, G.; ANDRADE, A. Depressão: características clínicas, alterações neuropsicológicas e possibilidades de tratamento do transtorno na infância e adolescência. 2011. Intervenção precoce para transtorno bipolar: necessidades atuais, rumos futuros Em 02 de outubro de 2011, Matthew Taylor, Rodrigo Affonseca Bressan, Pedro Pan Netol e Elisa Brietzke pesquisaram “Intervenção precoce para transtorno bipolar: necessidades atuais, rumos futuros” com o objetivo de discutir os fundamentos para a intervenção precoce no Transtorno Bipolar, a partir de uma revisão narrativa. O transtorno bipolar é um grande problema de saúde no mundo que leva à morbidade e mortalidade significativas durante a vida. Apesar de o início da doença ocorrer tipicamente na juventude, há geralmente grande demora até que o diagnóstico seja feito e o tratamento efetivo iniciado. Evidências crescentes tanto de estudos pré-clínicos como clínicos apontam para uma necessidade clara de se melhorar a identificação e a intervenção precoce em TB. O TB possui uma distribuição mundial uniforme. É provável que as amostras clínicas subestimem sua prevalência. Por meio de estudos e pesquisas, os autores afirmam que há evidências crescentes que apontam para a progressão da doença com o passar do tempo. Há quase um século atrás, Kraepelin observou que as pessoas com TB apresentavam um curso clínico progressivamente pior no decorrer do tempo, com um encurtamento dos períodos inter-episódios. Fortes evidências confirmam hoje que os índices de recorrência aumentam a cada episódio da doença35-37. Esse efeito persiste mesmo quando são feitos ajustes para as diferenças individuais em termos de fragilidade para a recorrência. Foi possível concluir que evidências crescentes apontam para o claro imperativo clínico de melhorar a identificação e intervenção precoces em TB. Em particular, as evidências préclínicas e clínicas apontam para a importância do tratamento precoce e sustentado para a prevenção de recaídas. Além dessas evidências no TB estabelecido, crescentes esforços estão sendo aplicados para a identificação daqueles que estão em risco de iniciar o TB. Apoiando-se no sucesso de tal abordagem em psicose não afetiva, espera-se que a identificação de um pródromo precoce da doença permitirá a adoção de medidas preventivas. REFERÊNCIA: TAYLOR, M.; BRESSAN, R.; PAN, P.; BRIETZKE, E. Early intervention for bipolar disorder: current imperatives, future directions. 2011. Exercícios físicos regulares como terapia complementar em mulheres com depressão Em 2006, José Luiz Lopes Vieira, Mauro Porcu e Priscila Garcia Marques da Rocha pesquisaram “Exercícios físicos regulares como terapia complementar ao tratamento de mulheres com depressão” com o objetivo de analisar a efetividade do exercício físico como complemento terapêutico no tratamento da depressão. Eles afirmam que com os exercícios, há uma melhora endógena na liberação de substâncias que provocam bem-estar, como a endorfina, além de equilibrar o funcionamento dos sistemas nervoso simpático e parassimpático. O estudo teve a participação de pacientes mulheres atendidas pelo SUS no Hospital Universitário de Maringá em tratamento com antidepressivos. O delineamento do estudo foi elaborado com duas sessões de hidroginástica/semana, durante 12 semanas. O instrumento utilizado foi a Escala de Hamilton para Depressão, aplicado ao início, após 12 semanas de intervenção e após 6 meses de finalização do ensaio clínico. Para análise estatística, utilizaramse os Testes de Wilcoxon e de Mann-Whitney. Os principais resultados da pesquisa mostram que os escores de depressão reduziram-se no grupo experimental e não ocorreu diferença estatisticamente significativa no grupo controle; no entanto, o grupo experimental regressou aos níveis iniciais de depressão. Com isso, os autores concluem que as pacientes submetidas à prática de exercícios físicos associada ao tratamento convencional para depressão evidenciaram melhora significativa em relação àquelas que não 111


praticaram exercícios físicos. Os efeitos dos exercícios físicos sobre os sintomas depressivos desapareceram com a interrupção dos exercícios físicos na avaliação do seguimento de 6 meses. REFERÊNCIA: VIEIRA, J.; PORCU, M.; ROCHA, P. Exercícios físicos regulares como terapia complementar em mulheres com depressão. 2011. AVE frontal: resolução de problemas, tomada de decisão, impulsividade, e sintomas depressivos em homens e mulheres Em 2011, Morgana Scheffer, Janine Kieling Monteiro e Rosa Maria Martins de Almeida pesquisaram “Acidentes vasculares encefálicos frontais e as consequências desses na resolução de problemas, tomada de decisões, impulsividade e sintomas depressivos em homens e mulheres” (“Frontal stroke: problem solving, decision making, impulsiveness, and depressive symptoms in men and women”). (Scheffer, Monteiro e Almeida 2011). As autoras pesquisaram esse fenômeno relacionado aos acidentes vasculares do lobo frontal em 10 homens e 9 mulheres hospitalizados em um hospital particular em Porto Alegre, Brasil. Os pacientes recrutados para o estudo foram hospitalizados dentro do período de 2007 até 2010. Todos eram cidadãos brasileiros, naturalizados, com no máximo 75 anos de idade. (Scheffer, Monteiro e Almeida 2011). Foram utilizados como instrumentos para a pesquisa: Wisconsin Card Sort Test (WCST), Iowa Gambling Task (IGT), Barrat Impulsiveness Scale (BIS11), and Beck Depression Inventory (BDI). Os pacientes tiveram, primeiramente, uma entrevista particular com os pesquisadores de 90 a 180 minutos e, depois de preenchidos e autorizados os formulários necessários, responderam a testes e questionários. Os dados recolhidos foram organizados e analisados por uma base estatística, o teste de Mann-Whitney para relacionar a média entre os grupos estudados. (Scheffer, Monteiro e Almeida 2011). As autoras identificaram, entre os resultados, que em um dos testes ocorreu um erro perseverante e a aversão aos riscos nas tomadas de decisões para os homens. Essa coleta de dados, indicou que quanto maior a perseverança de erros na resolução deproblemas, menor é a aversão em arriscar nas tomadas de decisões. As autoras encontraram, inclusive, uma correlação entre os sintomas de depressão e os resultados de um dos testes que aborda o domínio da impulsividade. Também, perceberam que quanto maior a nota no teste BDI, maior é a nota na impulsividade e na falta de impulsividade. (Scheffer, Monteiro e Almeida 2011). Elas puderam concluir, então, que as mulheres apresentaram alto índice de impulsividade, mas a falta de planejamento ligada à impulsividade manteve-se parecida a dos homens. Concluíram que poucos estudos comparam aspectos cognitivos, emocionais e impulsivos entre homens e mulheres, portanto, são necessários mais estudos para poder intervir em processos de reabilitação para pacientes que sofrem de transtornos depressivos pós acidentes vasculares cerebrais no lobo frontal. (Scheffer, Monteiro e Almeida 2011). REFERÊNCIA: SCHEFFER, M.; MONTEIRO, J.; ALMEIDA, R. Frontal stroke: problem solving, decision making, impulsiveness, and depressive symptoms in men and women. 2011. Perfil neuropsicológico de idosas com sintomas depressivos Em 2011, Juciclara Rinaldi, Gigiane Gindri, Irani Argimon e Rochele Fonseca pesquisaram “Perfil neuropsicológico de idosas com sintomas depressivos” com o objetivo de avaliar o desempenho neuropsicológico exploratório de mulheres idosas com sintomas de depressão, além da frequência de déficits neuropsicológicos. Elas afirmam que os déficits cognitivos, muitas vezes, podem estar associados a quadros de transtornos do humor, especialmente de depressão. A amostra desta investigação preliminar incluiu 10 adultos idosos do sexo feminino, com idades entre 63 e 90 anos, e escolaridade entre 1 e 17 anos de estudo formal. Entre os critérios de inclusão, foram selecionados idosos com idade mínima de 60 anos, com indicativo de sintomas depressivos. Foram utilizados na pesquisa os seguintes testes: Miniexame do Estado Mental, Escala de Depressão Geriátrica, Questionário de Queixas de Memória, Wechsler Adult Intelligence Scale-Third Edition, Fluência Verbal, Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve. 112


A principal característica da pesquisa mostra que na avaliação da atenção dos casos estudados observou-se desempenho deficitário, com resultados similares para a memória de trabalho. A memória de trabalho necessita de recursos atencionais para o seu bom desempenho. Com isso, os autores concluem que as dificuldades de memória dos pacientes possam ser secundárias a problemas de funções executivas ou, no mínimo, potencializadas por estes (componente de velocidade de processamento da informação, por exemplo), assim como por dificuldades atencionais (atenção concentrada e dividida). REFERÊNCIA: RINALDI, J. et al. Perfil neuropsicológico de idosas com sintomas depressivos. 2011. Relação entre transtorno afetivo bipolar, obesidade e suicídio: uma revisão da literatura Em 2011, Igor Emanuel Vasconcelos e Martins Gomes, Alexandre Bastos Lima, Francisca Mirella Vasconcelos e Martins Gomes pesquisaram “Relação entre transtorno afetivo bipolar, obesidade e suicídio: uma revisão da literatura” com o objetivo de revisar os artigos que pesquisem a possível associação entre transtorno bipolar, obesidade e suicídio. Eles afirmam que foram selecionados 20 artigos, que evidenciaram importante relação entre transtorno afetivo bipolar e sobrepeso/obesidade, havendo pior desfecho clínico naqueles com o diagnóstico comórbido. O estudo buscou na literatura e selecionou artigos publicados em periódicos científicos das bases de dados Medline, Cochrane, Lilacs, Scielo e Pubmed. Também foram utilizadas as palavras-chave: obesidade, sobrepeso, transtorno bipolar, depressão, síndrome metabólica, transtornos do humor e suicídio; tanto isoladamente como em combinação. As principais características da pesquisa mostram uma clara associação entre obesidade e pior desfecho clínico nos pacientes bipolares. Com isso, os autores concluem que parece haver uma correlação específica entre obesidade, suicídio e transtorno afetivo bipolar; entretanto, carece a literatura de maiores estudos para melhor delinear como e em que direção as relações apontadas ocorrem. REFERÊNCIA: GOMES, I. et al. Relação entre transtorno afetivo bipolar, obesidade e suicídio: uma revisão da literatura. 2011. Sintomas depressivos em crianças e adolescentes com anemia falciforme Em 2011, Barreto e Cipolotti realizaram um estudo acerca de “Sintomas depressivos em crianças e adolescentes com Anemia Falciforme”. Segundo os autores “Diante do convívio prematuro com tantos obstáculos impostos pela natureza incapacitante, incurável e fatal da Anemia Falciforme, sintomas depressivos podem vir à tona ainda na infância e adolescência. E como toda doença crônica é por si só um fator de risco para depressão, com a Anemia Falciforme não poderia ser diferente. Em adultos com Anemia Falciforme, taxas de depressão variam de 18% a 44%, valores similares aos encontrados para outras condições crônicas severas”. (Barreto; Cipolotti, 2011). Este estudo foi realizado em uma amostra de crianças e adolescentes atendidos em ambulatório de Hematologia Pediátrica de um hospital universitário, entre 7 a 17 anos com casos confirmados da doença. As crianças e adolescentes elegíveis, bem como seus respectivos responsáveis, foram entrevistados por um único pesquisador no dia da consulta médica de rotina. A seguir, solicitou-se ao paciente que preenchesse o Inventário de Depressão Infantil (CDI), um questionário de 27 perguntas que compõe três tipos de resposta que correspondem a valores de 0 a 2, conforme a gravidade dos sintomas depressivos. A partir da coleta desses dados, os autores concluíram que “Diante da elevada proporção de sintomas depressivos na amostra estudada, acredita-se que a saúde mental das crianças e adolescentes com anemia falciforme não deva ser relegada a um segundo plano nas consultas de rotina. A implantação de meios de triagem para sintomas depressivos, ou mesmo capacitação de hematologistas e demais profissionais médicos, pode ser uma estratégia benéfica.” (Barreto; Cipolotti, 2011). REFERÊNCIA: BARRETO, F.; CIPOLOTTI, R. Sintomas depressivos em crianças e adolescentes com anemia falciforme. 2011. Transtorno bipolar: características médico-clínicas e das funções executivas 113


Em 2011, Lilian Pereira Lopes pesquisou “Transtorno bipolar: características médicoclínicas e das funções executivas” com o objetivo de investigar o desempenho de funções executivas, como flexibilidade mental e controle inibitório em adultos portadores de Transtorno Bipolar. Ela afirma que as dificuldades nas funções executivas estariam relacionadas a prejuízos na capacidade de inibição de respostas inadequadas, acarretando comportamentos impulsivos, representados por respostas imprecisas, rápidas, incongruentes com os objetivos que os pacientes desejam atingir. Na pesquisa, a autora buscou conhecer as características sócio-demográficas e clínicas de 41 portadores de TB, em eutimia, com idades entre 25 e 60 anos, atendidos pelo Ambulatório de Transtornos do Humor do Setor de Psiquiatria do Hospital Universitário de Santa Maria, RS. Esse grupo foi pareado a outro com 41 controles saudáveis, sendo comparadas suas funções executivas, mais especificamente, flexibilidade mental e controle inibitório. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e caso-controle, em que foram utilizados, para comparação dos grupos, o Wisconsin Card Sorting Test, o Stroop Test e o Trail Making Test B. A principal característica da pesquisa mostra que as dificuldades relacionadas às funções executivas, enquanto conjunto de habilidades para lidar com situações novas e ambíguas interferem de maneira significativa na adaptação dos indivíduos às atividades cotidianas e sua adesão no tratamento. Com isso, a autora conclui que a vida social, familiar e ocupacional dos pacientes com TB é afetada não somente pelos sintomas da doença, como também pelas falhas no desempenho cognitivo, sendo então necessário levar estes aspectos em consideração numa abordagem terapêutica mais abrangente oferecida ao paciente.

REFERÊNCIA: LOPES, L. Transtorno bipolar: características médico-clínicas e das funções executivas. 2011. O tratamento farmacológico do transtorno bipolar: uma revisão sistemática e crítica dos aspectos metodológicos dos estudos clínicos modernos Em 2010, Elie Cheniaux pesquisou “Tratamento farmacológico do transtorno bipolar” com o objetivo de revisar sistematicamente os principais estudos clínicos sobre o tratamento farmacológico do transtorno bipolar e fazer uma análise crítica de seus aspectos metodológicos. Ele afirma que os pacientes, apesar dos diferentes medicamentos oferecidos e considerados eficientes para maioria dos pacientes com transtorno bipolar, ao decorrer do tratamento apresentam uma evolução negativa. “Buscaram-se especificamente estudos clínicos com grandes amostras, randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo. Foram utilizadas as bases de dados Medline, ISI e PsycINFO, no dia 5 de maio de 2010. Não houve nenhuma restrição quanto ao período da publicação. Os termos de busca empregados foram “bipolar”, “randomized”, “placebo” e “controlled”.” (Cheniaux, 2010). Foram analisadas amostras de no mínimo 100 pacientes adultos, eliminando assim as amostras pequenas. Vale destacar que os estudos realizados foram com substancias contendo “monoterapia”. A principal característica da pesquisa é a “revisão sistemática dos estudos clínicos com grandes amostras, randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo que investigaram a eficácia do tratamento farmacológico do transtorno bipolar.” (Cheniaux, 2010), onde os autores concluem que “os modernos estudos clínicos sobre o tratamento farmacológico do transtorno bipolar apresentam algumas importantes limitações metodológicas. Assim, seus resultados devem ser considerados com cautela.” (Cheniaux, 2010). REFERÊNCIA: CHENIAUX, E. O tratamento farmacológico do transtorno bipolar: uma revisão sistemática e crítica dos aspectos metodológicos dos estudos clínicos modernos. 2011. Velocidade de processamento, sintomas depressivos e memória de trabalho: comparação entre idosos e portadores de esclerose múltipla Em 2011, Fernanda de Oliveira Ferreira, Eduardo de Paula Lima, Alina Gomide Vasconcelos, Marco Aurélio Lana-Peixoto e Vitor Geraldi Haase pesquisaram “Velocidade de processamento, sintomas depressivos e memória de trabalho” com objetivo de investigar a 114


hipótese de que o desempenho de portadores de EM e idosos normais em testes de MT depende da velocidade de processamento de informação, a qual se encontra comprometida em ambos os grupos. (Ferreira, et al. 2011). Eles verificaram a acurácia da Bateria de Avaliação da Memória de Trabalho (BAMT UFMG) para discriminar os seguintes grupos: pacientes com esclerose múltipla com e sem sintomas depressivos, controles jovens pareados quanto a idade, sexo e escolaridade, e idosos saudáveis. Dessa forma, foi possível avaliar comparativamente a magnitude dos efeitos de um processo patológico como a EM, com ou sem depressão, e do envelhecimento cerebral normal sobre o desempenho em tarefas de MT e de VPI. (Ferreira, et al. 2011). Os autores pesquisaram a velocidade de processamento, os sintomas depressivos e a memória de trabalho em 31 pacientes com EM sem depressão, 36 portadores de EM deprimidos, 108 controles demograficamente comparáveis e 100 idosos da comunidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, usando instrumentos de avaliação neurológica, cognitiva, psicossocial e um procedimento de análise de dados. (Ferreira, et al. 2011). Entre as principais características da pesquisa estão as hipóteses formuladas: (a) a VPI pode constituir um fator determinante dos déficits de MT em pacientes com EM e idosos, e (b) sintomas depressivos auto-relatados podem agravar os déficits cognitivos de pacientes com EM. Os grupos estudados tiveram seus desempenhos comparados em uma escala de auto-relato para depressão e em uma bateria de testes para MT. Os autores concluíram que o desempenho em MT depende da VPI, dos sintomas depressivos, da idade e da escolaridade dos indivíduos, variáveis que interagem de formas complexas. (Ferreira, et al. 2011).

REFERÊNCIA: FERREIRA, F. et al. Velocidade de processamento, sintomas depressivos e memória de trabalho: comparação entre idosos e portadores de esclerose múltipla. 2011. Avaliação de fatores neurotróficos e marcadores imunológicos em indivíduos com transtorno bipolar Em 2012, Izabela Guimaraes Barbosa realizou estudo a respeito da avaliação de fatores neurotróficos e marcadores imunológicos em indivíduos com transtorno bipolar com o objetivo de avaliar a concentração plasmática dos níveis de fatores neurotróficos e parâmetros imunológicos, assim como avaliar a frequência de populações leucocitárias e vias intracelulares ativadas por fatores neurotróficos e fatores do sistema imunológico de pacientes com o diagnóstico de transtorno bipolar em comparação a controles. Izabela Guimaraes Barbosa pesquisou o fenômeno em noventa e três pacientes com o diagnóstico de TB tipo I e 58 controles – pareados por idade, gênero e nível educacional – foram envolvidos no presente estudo. Todos os sujeitos foram avaliados pelo Mini-International Neuropsychiatry Interview e os pacientes foram avaliados pelas escalas de mania de Young e pela escala de depressão de Hamilton. Os resultados indicam que pacientes com o diagnóstico de TB apresentaram elevação nos níveis plasmáticos de GDNF e BDNF e diminuição nos níveis plasmáticos de NGF em comparação com controles. A autora conclui, então, que o estudo fortalece a visão de que o TB é associado a alterações em fatores neurotróficos e parâmetros imunológicos. REFERÊNCIA: BARBOSA, I. Avaliação de fatores neurotróficos e marcadores imunológicos em indivíduos com transtorno bipolar. 2012. Caracterização do status cognitivo de idosos com depressão: influência da idade e da escolaridade Em 2013, Denise Ribeiro Stort Bueno e Paulo Dalgalarrondo realizaram estudo a respeito da caracterização do status cognitivo de idosos com depressão: influência da idade e da escolaridade com o objetivo de caracterizar o status cognitivo e a influência da idade e da escolaridade em idosos com diagnóstico de depressão. O estudo foi realizado a partir da pesquisa de sujeitos com 60 anos ou mais, com diagnóstico clínico concluído de depressão, em acompanhamento no ambulatório de Psiquiatria Geriátrica do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, e que tenham sido 115


submetidos à aplicação do Teste Cognitivo Cambridge (Cambridge Cognitive Examination). Para coleta de dados, foram utilizados uma entrevista estruturada para a obtenção de indicadores sociodemográficos e o teste supracitado. Os resultados da pesquisa indicam que a média do escore total do Teste Cognitivo Cambridge foi 67,15 (±17,34). A relação entre esse teste e as categorias de idade não se mostrou significativa (p=0,9294), mas a relação com a escolaridade demonstrou alto nível de significância. Portanto, os autores concluíram que a escolaridade se mostrou mais influente do que a idade no desempenho dos sujeitos em teste neuropsicológico. REFERÊNCIA: BUENO, D.; DALGALARONDO, P. Caracterização do status cognitivo de idosos com depressão: influência da idade e da escolaridade. 2013. Déficits na memória de trabalho em idosos com depressão maior: uma revisão sistemática Em 2013, Tatiana de Nardi, Breno SanVicente-Vieira e Rodrigo Grassi-Oliveira pesquisaram “Déficits na memória de trabalho em idosos com depressão maior: uma revisão sistemática” com objetivo de revisar sistematicamente as associações encontradas entre MT e depressão em idosos. Eles refletam sobre a depressão em idosos sendo associada com prejuízos cognitivos; entretanto, a extensão destes à Memória de Trabalho (MT) ainda não é consensual. (Nardi, Sanvicente-Vieira e Grassi-Oliveira, 2013). Os autores pesquisaram sobre a depressão associada à memória de trabalho em idosos em uma escala global de idosos já estudados em outras pesquisas científicas, usando uma revisão sistemática de artigos empíricos nas bases de dados: MEDLINE, PsycINFO, Web of Science (ISI database), SciELO Brasil, Cochrane e LILACS, publicados nos últimos 12 anos (entre 2000 e 2011) a partir da chave de descritores: ["working memory" AND "depression" AND "elderly" OR "geriatric" OR "aging" OR "ageing" OR "aged"]. (Nardi, Sanvicente-Vieira e Grassi-Oliveira, 2013). As principais características daquela pesquisa são as alterações na MT, que são associadas à depressão em idosos. Além disso, destaca-se também que estas tendem a permanecerem após a remissão dos sintomas (Delaloye et al., 2010; Nebes et al., 2003); concluem que as investigações sustentam que essas perdas seriam decorrentes de alterações neuroestruturais relacionadas à depressão (Simpson et al., 2001). Entretanto, essas variam de acordo com a maneira como a depressão se apresenta. (Nardi, Sanvicente-Vieira e Grassi-Oliveira, 2013). REFERÊNCIA: NARDI, T.; SANVICENTE-VIEIRA, B.; GRASSI-OLIVEIRA, R. Déficits na memória de trabalho em idosos com depressão maior: uma revisão sistemática. 2013. Desempenho neuropsicológico de adolescentes com Transtorno de Humor Bipolar Em 2013, Roberta Paula Schell Coelho; Luis Eduardo Wearick-Silva; Saulo Gantes Tractenberg; Cristian Zeni; Silzá Tramontina e Rodrigo Grassi-Oliveira pesquisaram sobre o desempenho neuropsicológico de adolescentes com transtorno de humor bipolar com objetivo de avaliar o funcionamento cognitivo, especialmente as funções executivas (capacidade de resolução de problemas, planejamento, atenção sustentada, resistência à interferência e flexibilidade cognitiva) e a memória visuo-espacial (capacidade de manter e manipular a informação referente aos objetos e as relações espaciais) de adolescentes portadores de Transtorno Bipolar em relação a controles saudáveis. (Coelho et al., 2013). Eles refletiram sobre o fato de que apesar de diversos estudos demonstrarem os prejuízos cognitivos que um indivíduo com transtorno bipolar (TB) pode apresentar durante a fase adulta, somente alguns deles atentaram para a importância de investigar o seu impacto durante a infância e adolescência em indivíduos acometidos por este transtorno. Portanto, o respectivo estudo procurou aprofundar-se sobre o funcionamento cognitivo dos pacientes adolescentes com esse tipo de transtorno. (Coelho et al., 2013). Os autores pesquisaram em 23 adolescentes com TB selecionados por conveniência em um ambulatório específico para TB na infância e adolescência de um hospital público de Porto Alegre e 20 adolescentes controles sem transtorno psiquiátrico, selecionados por conveniência em uma Unidade Básica de Saúde da mesma região. Todos adolescentes tinham idade entre 10 e 17 anos e eram de ambos os sexos. (Coelho et al., 2013). 116


Os instrumentos clínicos utilizados foram aplicados por psiquiatras da infância e adolescência treinados e experientes na avaliação de TB, em um encontro específico. Entre os instrumentos avaliativos utilizados estão: K-SADS-E (Kiddie - Schedule for Affective Disorders and Schizophrenia - Epidemiologic Version), Clinical Global Impression (CGI), Escala de Inteligência Weschsler (WISC-III), Continuous Performance Test II - Version V (Conners, 2004), Wisconsin Card Sorting Test (WCST), entre outros. (Coelho et al., 2013). Assim, os autores identificaram que, com relação às médias de escores obtidas nas escalas de funcionamentos global e sintomas de humor, observa-se que os adolescentes com TB apresentam funcionamento global prejudicado em comparação aos controles saudáveis. Além disso, houve diferenças significativas nos escores referentes aos sintomas maníacos e depressivos. (Coelho et al., 2013). Portanto, eles concluíram que os achados citados evidenciam a importância do diagnóstico precoce do TB e do acompanhamento adequado, tendo em vista que indivíduos com o transtorno seguem apresentando diversos prejuízos neurocognitivos na vida adulta (Pavuluri et al., 2009). Por fim, a abordagem do estudo enaltece a necessidade da identificação precoce e intervenção no curso do TB com o intuito de minimizar os possíveis impactos destes prejuízos ao longo da vida. (Coelho et al., 2013). REFERÊNCIA: COELHO, R. et al. Desempenho neuropsicológico de adolescentes com Transtorno de Humor Bipolar. 2013.

Eficácia da reabilitação neuropsicológica no transtorno afetivo bipolar: um estudo controlado Em 02 de dezembro de 2013, Fabricia Quintao pesquisou “Eficácia da reabilitação neuropsicológica no transtorno afetivo bipolar: um estudo controlado” com o objetivo de avaliar a eficácia de um protocolo de RN, direcionado ao tratamento da memória, atenção e funções executivas em pacientes com TAB. Foram delineados objetivos específicos, quais sejam: adaptar culturalmente e investigar as propriedades psicométricas da escala DEX-R, uma avaliação funcional de funções executivas, memória e atenção, qualidade de vida e coping, no pósintervenção e no follow-up e investigar o número de episódios de alteração do humor e depressão nos seis meses após a integralização do protocolo de RN. Déficits cognitivos são comumente encontrados em pacientes com o transtorno afetivo bipolar (TAB, inclusive durante a remissão dos sintomas, na eutimia). Dentre os domínios cognitivos acometidos, ressaltam-se a memória, atenção e funções executivas que estão relacionadas à funcionalidade. Com isso, Fabricia utilizou como método a realização dos estudos relativos à DEX-R, no qual foi recrutado um grupo a partir de uma amostra de conveniência, e o grupo TAB foi formado por pacientes com diagnóstico do transtorno atendidos no Ambulatório Borges da Costa. Foi realizada uma análise fatorial exploratória e investigação das propriedades psicométricas usando a análise de Rasch. Com isso, foi possível concluir que os resultados corroboram achados prévios que apontam que pacientes com TAB podem se beneficiar da RN, como uma importante ferramenta terapêutica promotora de uma melhor performance funcional. Os achados decorrentes deste trabalho de doutorado foram discutidos com base em aspectos psicométricos e neuropsicológicos, organizados em artigos específicos. Para finalizar, foram apresentadas hipóteses sobre limitações metodológicas dos estudos e propostas para aprimoramento em investigações futuras. REFERÊNCIA: QUINTAO, F. Eficácia da reabilitação neuropsicológica no transtorno afetivo bipolar: um estudo controlado. 2013. Estudo de associação entre disfunção neurocognitiva, estresse oxidativa e polimorfismos em pacientes jovens com Transtornos Bipolar tipo I Em 2013, Márcio Gerhardt Soeiro de Souza pesquisou “Estudo de associação entre disfunção neurocognitiva, estresse oxidativa e polimorfismos em pacientes jovens com Transtornos Bipolar tipo I” com objetivo de avaliar o desempenho cognitivo de pacientes jovens com bipolaridade tipo I e sua associação com o genótipo de BDNF, COMT, APOE e CACNA1C, 117


e também com os níveis plasmáticos de oxidação da guanosina (8-OHdG) e citosina (5-Mec) durante os episódios de humor, eutimia e em controles. (Souza, 2013). No estudo citado, foram incluídos 116 pacientes (79 em episódio de humor patológico e 37 eutímicos) com diagnóstico de TB tipo I (DSM-4-TR); 97 controles saudáveis foram submetidos à avaliação neuropsicológica e coleta de sangue para extração de DNA visando genotipagem para BDNF, COMT, APOE, CACNA1C, 8-OHdG e 5-Mec. A análise dos dados obtidos na pesquisa revelou que pacientes portadores do genótipo Met/Met rs4680/rs165599 do COMT apresentam comprometimento cognitivo mais grave (função executiva, fluência verbal, memória e inteligência) comparado ao genótipo Val/Met ou Val/Val durante episódios maníacos ou mistos. (Souza, 2013). Com os resultados, Souza verificou que pacientes portadores do alelo Met rs4680 do COMT apresentam comprometimento do reconhecimento de emoções faciais em episódios de mania e depressão. O alelo de risco Met do CACNA1C se associou a um pior comprometimento executivo independente dos sintomas maníacos ou depressivos no TB, porém nenhum efeito se observou nos controles. O alelo Met do BDNF rs6265 ou a presença do alelo 4 da APOE não representa um fator que identifique um grupo com desempenho cognitivo diferenciado durante as fases do TB ou em controles. (Souza, 2013). O autor ainda identificou que sujeitos com Transtorno Bipolar apresentaram níveis mais elevados de 8-OHdG e tais níveis eram diretamente proporcionais ao número de episódios maníacos ao longo da vida, sugerindo um papel dos episódios hiperdopaminérgicos na oxidação das bases de DNA. Ainda entre os resultados, o pesquisador observou que nenhum efeito do COMT foi observado em controles. (Souza, 2013). Ele concluiu, então, que a genotipagem para COMT e CACNA1C em pacientes com TB pode identificar um grupo de pacientes associados a pior disfunção cognitiva durante as fases maníacas e mistas do TB. Tal dado, para o autor, poderia ser um indicador do denvolvimento do sistema dopaminérgico e dos canais de cálcio de baixa voltagem na fisiopatologia da disfunção cognitiva no TB e deve ser explorado em outros estudos. (Souza, 2013). REFERÊNCIA: SOUZA, M. Estudo de associação entre disfunção neurocognitiva, estresse oxidativa e polimorfismos em pacientes jovens com Transtornos Bipolar tipo I. 2013. Relacionamento entre aspectos neuropsicológicos e clínicos e tentativas de suicídio em pacientes eutímicos bipolares Em 2013, Paulo Henrique Paiva de Moraes, Fernando Silva Neves, Alina Gomide Vasconcelos, Isabela M. Magalhães Lima, Mayra Brancaglion, Cristina Yumi Sedyiama, Daniel Fuentes, Marco Aurélio Romano-Silva, Humberto Corrêa e Leandro Fernandes Malloy-Diniz pesquisaram sobre a relação entre aspectos clínicos e neuropsicológicos e as tentativas de suicídio em pacientes eutímicos com transtorno afetivo bipolar com objetivo de avaliar a relação entre características neuropsicológicas e clínicas desse comportamento nesses pacientes. (Moraes et al., 2013). Os autores pesquisaram esse fenômeno recrutando 155 pacientes de controle normal e 95 eutímicos com transtorno bipolar da comunidade do Hospital Clínico da Universidade Federal de Minas Gerais. (Moraes et al., 2013). Foram utilizados dois tipos de teste neuropsicológicos para testar a impulsividade dos pacientes. Utilizaram o Iowa Gambling Task e o Conner's Continuous Performance Test para avaliar a impulsividade em 95 pacientes eutímicos com transtorno bipolar (42 com tentativas de suicídio) e 155 controles normais. Uma análise fatorial avaliou a adequação dos instrumentos e foi criado um modelo para previsão do número de tentativas de suicídio usando regressão linear múltipla. (Moraes et al., 2013). Os autores concluíram que os resultados apontaram para um tipo específico de impulsividade relacionada à tomada de decisões, falta de planejamento e para a comorbidade Transtorno de Personalidade Borderline. Ainda que houvessem muitas limitações para o desenvolvimento da pesquisa, foi possível observar que a impulsividade por não planejamento é um fator de risco para tentativas de suicídio em pacientes com Transtorno Bipolar. (Moraes et al., 2013). REFERÊNCIA: 118


MORAES, P. de et al. Relationship between neuropsychological and clinical aspects and suicide attempts in euthymic bipolar patients. 2013. Transtorno bipolar do humor na atualidade: resultados preliminares de um centro especializado em transtornos afetivos Em 2013, Frederico Lacerda Lopes pesquisou “Transtorno bipolar do humor na atualidade: resultados preliminares de um centro especializado em transtornos afetivos” com o objetivo de fornecer uma visão atual sobre o TBH, apresentando a história, classificação, epidemiologia e impacto e descrever o perfil clínico, sócio-demográfico e de qualidade de vida de pacientes atendidos em um centro de referência localizado na cidade de Salvador, Bahia, Brasil. Ele afirma que O TBH com presença de comorbidades clínicas e psiquiátricas, além de comportamento suicida, contribui para a baixa qualidade de vida encontrada em seus portadores. O trabalho foi realizado, inicialmente, através de uma revisão bibliográfica clássica sobre alguns subtemas de interesse, seguida, posteriormente, por uma análise de um banco de dados composto por 100 pacientes com transtorno bipolar eutímicos (definidos por escores da escala de Hamilton e Young), com pelo menos dois meses sem manifestar episódios da doença. As principais características da pesquisa revelam que algumas características clínicas da doença são relativamente menos frequentes que as relatadas na literatura, pois encontramos menores taxas de comorbidades psiquiátricas, tentativas de suicídio e ciclagem rápida. O autor conclui que apesar disso, encontra médias similares de qualidade de vida entre estes pacientes e o relatado pela literatura, demonstrando que a remissão sintomatológica não implica necessariamente em boa qualidade de vida. REFERÊNCIA: LOPES, F. Transtorno bipolar do humor na atualidade: resultados preliminares de um centro especializado em transtornos afetivos. 2013. O uso da atenção como classificador diagnóstico em crianças e adolescentes com transtorno do humor bipolar e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade Em 2013, Ana Kleinman pesquisou “O uso da atenção como classificador diagnóstico em crianças e adolescentes com transtorno do humor bipolar e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade” com objetivo de verificar qual é o melhor agrupamento dos sujeitos através dos resultados do Conner's Continuous Performance Test (CPT II) independentemente do grupo de origem (THB, TDAH, THB+TDAH, controles); construir um classificador baseado nos resultados do CPT II; com THB+TDAH e 18 controles com idades entre 12 e 17 anos. (Kleinman, 2013). O estudo seguiu a seguinte divisão e metodologia: Grupo A com 35 sujeitos composto de: 30% THB, 52,2% TDAH, 51,5% THB+TDAH, e 16,7% controles. Grupo B com 49 sujeitos: 70% THB, 47,8% TDAH, 48,5% THB+TDAH, e 83,3% controles. A autora construiu um classificador baseado nas doze variáveis do CPT II, sendo sua acurácia de 98,8% em relação a amostra e 95,2% em relação à validação cruzada confirmando a consistência desses novos grupos. (Kleinman, 2013). Entre os resultados, foi exposto na pesquisa que o grupo A comparado com o B apresentou um prejuízo funcional maior evidenciado por médias significativamente mais altas no CPT II, com uma diferença significativa em oito das 12 variáveis do CPT II: omissão (p=0,0003), comissão (p=0,00000002), erro padrão (EP) do tempo de reação (TR) (p=1,7x10-20), variabilidade do EP (p=4,3x10-22), detectabilidade (p=0,000008), perseveração (p=0,0000001), TR por intervalo interestímulo (IIE) (p=4,7x10-10) e TR(EP)IIE (p= 1,5x10 -13). (Kleinman, 2013). Os resultados da pesquisa também evidenciam a heterogeneidade encontrada nas respostas do CPT II pelos grupos THB, TDAH, THB+TDAH, e controles. As três medidas que mais influenciaram a diferenciação entre os novos agrupamentos A e B foram as que medem a variação no tempo de resposta, que é um dos prejuízos mais replicados no TDAH e também está associada com THB. Essa variabilidade de resposta aumentada é sugerida como um marcador endofenotípico inespecífico de psicopatologia. (Kleinman, 2013). Kleinman concluiu que os estudos refletem a heterogeneidade encontrada em pacientes classificados através de categorias diagnósticas vigentes e sugerem que a abordagem da metodologia do RDoC pode ser de grande valia para a melhor compreensão dos transtornos 119


psiquiátricos que acometem crianças e adolescentes. Essa metodologia pode identificar subgrupos com diferenças relevantes do ponto de visto neurobiológico contribuindo para a melhor compreensão da fisiopatologia dos transtornos e promovendo caminhos nos quais a pesquisa pode trazer benefícios para decisões clínicas. (Kleinman, 2013). REFERÊNCIA: KLEINMAN, A. O uso da atenção como classificador diagnóstico em crianças e adolescentes com transtorno do humor bipolar e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. 2013. Poder preditivo do MoCa na avaliação neuropsicológica de pacientes com diagnóstico de demência Em 2014, Juliana Francisca Cecato, José Maria Montiel, Daniel Bartholomeu e José Eduardo Martinelli pesquisaram “Poder preditivo do MoCa na avaliação neuropsicológica de pacientes com diagnóstico de demência” com o objetivo de correlacionar testes neuropsicométricos em idosos com mais de quatro anos de escolaridade e avaliar a acurácia do MoCA no diagnóstico da Doença de Alzheimer (DA) e Comprometimento Cognitivo Leve (CCL). (Cecato et al., 2014). O teste de Avaliação Cognitiva Montreal é um instrumento de triagem breve que avalia uma ampla gama de funções cognitivas (como as funções executivas, habilidades visuo-espaciais, nomeação, recuperação da memória, dígitos, sentença, raciocínio abstrato e orientação) necessários para contribuir com o diagnóstico do CCL e de demência. O tempo do teste é estimado em 20 minutos e a pontuação máxima possível é de 30 pontos. O ponto de corte para CCL é de 26 pontos e pontuação acima de 26 é considerada normal. (Cecato et al, 2014). Os pesquisadores avaliaram 136 idosos atendidos no Instituto de Geriatria e Gerontologia, no período de abril de 2010 a dezembro de 2012. Os instrumentos utilizados foram o Miniexame do Estado Mental (MEEM), Cambridge Cognitive Examination (CAMCOG), teste do Desenho do Relógio (TDR), teste de Fluência Verbal, Escala de Depressão Geriátrica e Questionário de Atividades Funcionais de Pfeffer (QAFP), além do teste Montreal Cognitive Assessment (MoCA). (Cecato et al., 2014). Os resultados mostraram que o teste MoCA foi o melhor para diferenciar Doença de Alzheimer dos casos de CCL. A sensibilidade e a especificidade encontradas foram, respectivamente, 82,2% e 92,3%. A análise do teste de correlação evidenciou que o MoCA se correlacionou fortemente com outros testes já validados e de ampla aplicação no Brasil. Pode-se concluir que o MoCA mostrou ser o teste com maior valor preditivo para diferenciar DA de CCL e também diferenciar CCL dos controles normais. Além disso, o MoCA se correlacionou de maneira significativa com a variável idade e os testes MEEM, CAMCOG, TDR, de Fluência Verbal e QAFP, instrumentos já validados e amplamente utilizados no Brasil. (Cecato et al., 2014). REFERÊNCIA: CECATO, J. et al. Poder preditivo do MoCa na avaliação neuropsicológica de pacientes com diagnóstico de demência. 2014. Reconhecimento de emoções faciais como candidato a marcador endofenótipo no transtorno bipolar Em 2014, Francy de Brito Ferreira Fernandes pesquisou “Reconhecimento de emoções faciais como candidato a marcador endofenótipo no transtorno bipolar” com objetivo de avaliar a existência de déficits no reconhecimento de emoções em pacientes com TB e em seus parentes de primeiro grau quando comparados a um grupo de controles saudáveis. (Fernandes, 2014). No estudo, foram estudados 23 pacientes com TB tipo I; 22 parentes de primeiro grau desses pacientes; e 27 controles saudáveis. Os instrumentos utilizados nas avaliações neuropsicológicas da pesquisa citada foram: Bateria de Reconhecimento de Emoções da Pennsylvannia (PENNCNP), e os subtestes de Vocabulário e Raciocínio Matricial da Escala Wechsler de Inteligência Abreviada (WASI). A partir dos dados obtidos, Fernandes realizou a análise de variância (ANOVA) para variáveis que seguiam distribuição normal ou teste de Kruskal-Wallis para as demais. (Fernandes, 2014). A partir dos resultados obtidos no estudo, a autora identificou que houve diferença estatisticamente significativa no número de respostas corretas para o reconhecimento de emoção tipo medo (p = 0,01) entre os três grupos. Pacientes com TB apresentaram menor número de 120


respostas corretas para a emoção medo quando comparados a seus parentes e a controles saudáveis. (Fernandes, 2014). Desse modo, Fernandes observou que não houve diferença no reconhecimento de emoções faciais para tristeza, felicidade, raiva e neutra. Houve também uma diferença estatisticamente significativa entre os três grupos no tempo médio de resposta para a emoção do tipo felicidade (p = 0,00). A pesquisadora concluiu, portanto, que distúrbios no reconhecimento de emoções em faces podem não ser candidatos a endofenótipos para o TB tipo I. (Fernandes, 2014). REFERÊNCIA: FERNANDES, F. Reconhecimento de emoções faciais como candidato a marcador endofenótipo no transtorno bipolar. 2014. Validade e utilidade diagnóstica de escalas de avaliação de depressão e testes neuropsicológicos nos principais transtornos psiquiátricos após traumatismo cranioencefálico grave Em 2011, Marcelo Liborio Schwarzbold pesquisou “Validade e utilidade diagnóstica de escalas de avaliação de depressão e testes neuropsicológicos nos principais transtornos psiquiátricos após Traumatismo Cranioencefálico Grave” com o objetivo de definir o valor de testes psicométricos no rastreamento e no auxílio diagnóstico da depressão e alteração de personalidade após TCE grave. Ele afirma que transtornos cognitivos e psiquiátricos são frequentes em sobreviventes de TCE grave, principalmente depressão e alteração de personalidade. Para o estudo, 46 pacientes consecutivamente hospitalizados por TCE grave realizaram avaliação psiquiátrica e neuropsicológica na fase crônica do trauma. O diagnóstico de depressão foi definido pela Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos do Eixo I do DSM-4 (SCIDI) e o diagnóstico de alteração de personalidade foi feito de acordo com o DSM-4-TR. A principal característica da pesquisa mostra que os seguintes testes tiveram boa validade global com o desfecho alteração de personalidade: RAVLT evocação imediata, evocação tardia e reconhecimento, Reprodução visual da WMS-III evocação imediata e fluência verbal fonêmica. Com isso, os autores concluem que as escalas de avaliação de depressão podem ser úteis para rastreamento e auxílio diagnóstico da depressão em sobreviventes de TCE grave, e vários testes neuropsicológicos podem ter a mesma utilidade para alteração de personalidade. REFERÊNCIA: SCHWARZBOLD, M. Validade e utilidade diagnóstica de escalas de avaliação de depressão e testes neuropsicológicos nos principais transtornos psiquiátricos após traumatismo cranioencefálico grave. 2014. Depressão, suicídio e neuropsicologia: psicoterapia cognitivo comportamental como modalidade de reabilitação Em 29 de março de 2015, Marinalva Fernandes e Lucia Helena Tiosso pesquisaram “Depressão, suicídio e neuropsicologia: psicoterapia cognitivo-comportamental como modalidade de reabilitação” com o objetivo de contextualizar as características clínicas da depressão que se encontram vinculadas ao desfecho do suicídio e buscar o funcionamento neuropsicológico da depressão. Marinalva e Lucia Helena pesquisaram sobre a correlação do suicídio com a depressão, na neuropsicologia e foi possível perceber a interligação das alterações cognitivas e neuropsicológicas na depressão e no suicídio, junto com a interferência cotidiana e ocupacional que delas são geradas. Carvalho e Fernandes (1996) afirmam que a depressão é caracterizada pela tristeza patológica e complexa, pelo seu caráter pessoal. A pessoa deprimida expressa ansiedade por meio do medo intenso sem que haja uma razão objetiva, demonstrando pensamentos embotados, pessimistas e desagradáveis, autodepreciação, inutilidade, redução da atenção, problema de concentração, déficit de memória, pouca capacidade de comunicação e suicídio (Andrade e Mello, 2010). A depressão tem uma elevada prevalência na população em geral e não é reconhecida, por muitos, como uma enfermidade. Estima-se que 30% dos pacientes atendidos por um médico estão padecendo de depressão. Cerca de 60% buscam tratamento primeiramente com um médico de clínica em geral. 121


Portanto, a psicoterapia cognitivo-comportamental, conforme relatos clínicos de depressão contribui para que o paciente reconheça as cognições negativas e a conexão entre cognição e afeto; a psicoterapia propõem uma metodologia de intervenção combinada com o mecanismo de neuroplasticidade na reabilitação neuropsicológica. REFERÊNCIA: FERNANDES, M.; TIOSSO, L. Depressão, suicídio e neuropsicologia: psicoterapia cognitivo comportamental como modalidade de reabilitação. 2015. Interface entre neuropsicologia e psicopatologia: funções executivas, variáveis clínicas, qualidade de vida e funcionalidade na depressão e no transtorno bipolar Em 2015, Charlie Cotrena pesquisou “Neuropsicologia e psicopatologia: funções executivas, variáveis clínicas, qualidade de vida e funcionalidade na depressão e no Transtorno Bipolar” com o objetivo de investigar a relação entre fatores cognitivos, clínicos, demográficos, a qualidade de vida e funcionalidade de pacientes com TDM e TB, comparados a participantes saudáveis. Ele afirma que, prejuízos na funcionalidade e qualidade de vida alteram o controle inibitório, tomada de decisão e atenção. Charlie Cotrena realizou três estudos: o primeiro foi um comparativo entre pacientes portadores de TBI, TBII, TDM e participantes controles sobre o desempenho em uma bateria neuropsicológica de exame de componentes executivos, mnemônicos e atencionais; o segundo identificou e caracterizou subgrupos com base no desempenho cognitivo com foco em funções executivas em pacientes portadores de transtornos do humor e controles; e no terceiro pacientes portadores de transtornos do humor e controles foram agrupados com base no desempenho funcional e de qualidade de vida de forma a caracterizar perfis e sua relação com o desempenho cognitivo. As principais características da pesquisa sobre o Transtorno Bipolar e a depressão e suas alterações demonstram a hipótese de um continuum de gravidade nos prejuízos cognitivos, funcionais e de qualidade de vida entre o TDM e o TB. Com isso, os autores concluem que os pacientes portadores de TBI apresentaram desempenho executivo mais severamente prejudicado, maior prejuízo em termos de capacidade funcional e pior qualidade de vida. REFERÊNCIA: COTRENA, C. Interface entre neuropsicologia e psicopatologia: funções executivas, variáveis clínicas, qualidade de vida e funcionalidade na depressão e no transtorno bipolar. 2015. O aumento de IGF-1 sérico em pacientes com transtorno bipolar Em 2016, Emily Galvão da Silva pesquisou sobre o aumento de IGF-1 sérico em pacientes com Transtorno Bipolar com objetivo de avaliar os níveis séricos de IGF-1 em pacientes bipolares comparados com indivíduos controle e sua relação com a inflamação. (Silva, 2016). Na sua pesquisa foram selecionados 31 pacientes com TB e 33 controles saudáveis, e foram avaliadas as concentrações séricas de IGF-1, hormônio do crescimento (GH), insulina e fator necrose tumoral a (TNF-alfa). Como resultado foi percebido o aumento dos níveis de IGF1 nos pacientes com TB em relação aos controles e não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos nas dosagens de insulina, GH e TNF-alfa. (Silva, 2016). Logo, sugere-se uma associação entre IGF-1 na fisiopatologia do transtorno bipolar, sendo possível que o aumento periférico esteja relacionado com um aumento da resistência do IGF-1 no SNC, reduzindo a sua ação neuroprotetora (Silva, 2016). REFERÊNCIA: SILVA, E. O aumento de IGF-1 sérico em pacientes com transtorno bipolar. 2016.

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ESQUIZOFRENIA

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DSM O nosso entendimento atual do conceito de Esquizofrenia é fruto de inúmeras transformações; nos últimos 100 anos ocorreram as mais importantes mudanças. Para apresentar o desenvolvimento de tal conceito, devemos entender sua origem. Geralmente é definido que esquizofrenia tem origem em seu ancestral, a demência precoce, – proposto por Kraepelin, que indicou tal termo na 4a edição de seu tratado. Kraepelin descreveu com absoluta precisão todos os sintomas que hoje se observa na esquizofrenia; porém, o conceito de esquizofrenia seria somente proposto por Bleuler em 1908. Os conceitos de Kraepelin, Bleuler e Schneider – onde a necessidade clínica de identificar sintomas característicos da esquizofrenia resultou nos "Sintomas de primeira ordem" – formam a base para a compreensão de esquizofrenia e fazem parte do cabedal conceitual dos psiquiatras, estando presentes nos critérios diagnósticos que se encontram dentro o conceito de esquizofrenia. A publicação da 3a edição da classificação americana (o DSM – 3), em 1980, sintetiza esse período onde houve uma restrição no conceito de esquizofrenia. Tal edição se diferencia das anteriores em dois grandes aspectos: o primeiro é que o DSM – 3 passa a ser sistematizado em distintas condições clínicas, o que em suma, significa que os grupos clínicos são organizados em eixos (avaliação axial) e os diagnósticos passam a ser feitos por uma avaliação semiológica e nosológica mais completa (avaliação multiaxial ou horizontal) e a segunda é a reformulação taxonômica. Tais fatos fizeram o DSM – 3 ser o mais revolucionário entre todos. Em relação à esquizofrenia, uma das mudanças notáveis é nos critérios A, B e C. No critério A, há a introdução dos sintomas bleulerianos e scheneiderianos; No B, é incluída a noção kraepeliniana de "deterioração a partir de um nível prévio"; já no C, inclui-se a distinção com a doença maníacodepressiva. A ênfase na sintomatologia positiva e negativa fundamentou a ideia de que a esquizofrenia era composta por duas síndromes distintas – o que ficou chamado de “O modelo dupla-síndrome”, proposto por Tim Crow (psiquiatra britânico) –, a Tipo I: reversível, caracterizada por sintomas floridos ou positivos, sensível a drogas anti-psicóticas; e a Tipo II: irreversível, caracterizada por sintomas negativos, como por exemplo, o embotamento afetivo. Nancy Andreasen, seguindo a mesma abordagem de Crow, renomeou os subtipos classificados por ele como positiva (Tipo I) e negativa (Tipo II), com base na imagiologia, patofisiologia e farmacologia. Passados séculos de história, a necessidade de um consenso mundial criou dois sistemas de classificação e diagnóstico das doenças mentais. A proliferação de pesquisas, revisões bibliográficas e testes de campo resultaram, em 1994, no lançamento do DSM – 4. A evolução do manual representava um aumento significativo de dados, com a inclusão de diversos novos diagnósticos descritos com critérios mais claros e precisos. O DSM-IV, em seu aspecto estrutural, é a última edição, e se organiza no sistema multiaxial, ou seja, categoriza diagnóstico psiquiátrico em cinco eixos relacionando diferentes aspectos das desordens ou desabilidades. Nessa versão, o conceito de sintomas negativos passou 124


a figurar oficialmente dentro dos critérios A do DSM – 4, e ainda encontramos a definição de esquizofrenia paranoide, que se desenvolve, na maioria dos casos, em uma idade mais avançada do que os outros tipos; é o tipo de esquizofrenia mais comum e se caracteriza por insistentes alucinações e delírios, bem como alterações na fala e nas emoções. Seis anos depois, foi publicada uma revisão do DSM – 4, o DSM – 4 – TR, que foi formalmente usado até 2013. Do DSM – 3 para o 4 – TR, houve expansão modesta dos limites da esquizofrenia. O CID (Classificação Internacional das Doenças) evoluiu de forma semelhante, sendo os critérios nos dois sistemas atualmente bastante parecidos; Tanto no IV quanto no 4 – TR há divisão da esquizofrenia em subtipos: paranoide, desorganizada, catatônica indiferenciada e residual; ajuntaram a cronicidade de Kraepelin, sintomas negativos de Bleuler e sintomas positivos de Schneider, utilizando diferentes combinações e interpretações destes elementos. Cada conjunto de critério requer uma duração mínima de seis meses; e no CID, um mês somente. Tais classificações evitaram criar definições relacionadas com etiologia, se baseando em uma abordagem categórica onde as entidades diagnósticas partilham características fenomenológicas parecidas. A edição mais atual do manual de diagnósticos é o DSM – 5, publicado em 2013. Nessa edição, que é o resultado de um processo de doze anos de estudos, é possível encontrar um aperfeiçoamento nos conceitos errados do DSM – 5 e a permanência dos conceitos corretos. Em seu aspecto estrutural, o DSM – 5 rompeu com o modelo multiaxial introduzido na terceira edição do manual. Em relação à esquizofrenia, por exemplo, o critério que define a ‘sintomatologia característica’ (Critério A) continua requerendo a presença de no mínimo dois dos cinco sintomas para ser preenchido, mas a atual versão exige que ao menos um deles seja positivo (delírios, alucinações ou discurso desorganizado). Na edição anterior, era permitido que o critério A fosse preenchido com apenas um sintoma nos casos de delírios bizarros ou alucinações auditivas de primeira ordem (schneiderianas), como por exemplo, vozes conversando entre si; já no DSM – 5, essa exceção foi retirada por considerar que a classificação de um delírio como “bizarro” é pouco confiável, especialmente por entrar em contato com questões culturais, e a falta e especificidade na definição de sintomas schneiderianos. A edição atual também abandonou a divisão da Esquizofrenia em subtipos (mencionados no DSM – 4 e DSM – 4 – TR) como paranoide, desorganizada, catatônica indiferenciada e residual. Tal exclusão dos subtipos foi devido a pouca validação, e não afetavam o tipo de tratamento. O diagnóstico de “Transtorno Esquizoafetivo” sofreu uma leve mudança em seu texto, sendo exigido que um episódio de alteração importante do humor – depressão ou mania – esteja presente durante a maior parte da doença, após o preenchimento do Critério A. Os critérios para o “Transtorno Delirante” não exigem mais que os delírios apresentados não sejam bizarros. A demarcação entre o Transtorno Delirante e outras variantes psicóticas foi reforçada com a adição de critérios de exclusão que previnem que o diagnóstico seja realizado na presença de quadros como o “Transtorno Obsessivo-Compulsivo” (TOC) e o “Transtorno Dismórfico Corporal”. Por fim, a catatonia deixa de ser apresentada como um subtipo e passa a ser dividida como: “catatonia associada com outros transtornos mentais”; “catatonia associada com outras condições médicas”; ou “catatonia não especificada”. Aceita-se que o quadro possa ocorrer em diversos contextos e o diagnóstico requer a presença de no mínimo três dos doze sintomas listados. O DSM – 5 permite que a catatonia seja utilizada como um especificador no “Transtorno Depressivo”, “Transtorno Afetivo Bipolar” e as psicoses; ou diagnosticada de forma isolada em outros contextos. Em suma, tais mudanças na cronologia dos conceitos de Esquizofrenia visam aumentar a confiabilidade do diagnóstico, apesar de reconhecer que ele ainda é, de fato, um grande desafio. Desde os primeiros casos descritos, a esquizofrenia é, como qualquer área de investigação, geradora de controvérsias. Porém, devido ao número crescente de estudiosos na área, as descobertas e as constantes mudanças em seu conceito, a doença, por mais que seja ainda algo incurável, não se torna mais um fator debilitante na vida de uma pessoa, pois é possível ter uma vida de qualidade de acordo com o tratamento proposto. Embora a cura pareça algo inalcançável nesse momento, estamos cada vez mais perto de decifrar esse transtorno que sempre se mostra como uma composição complexa de fatores inespecíficos. Então, para conseguirmos melhorar nosso entendimento acerca da Esquizofrenia, é necessário um melhor conhecimento de todas as dimensões que compõem a patologia – como etiologia, sintomatologia, fatores ambientais, dados 125


genéticos e história familiar – para uma intervenção precoce por meio de diagnóstico, prevenção eficaz e terapia apropriada. REFERÊNCIA: DSM – 3 DSM – 4 DSM – 4 – TR DSM – 5 Padrões de Atenção na Esquizofrenia Paranóide Em 1988, Victor Cláudio escreveu o artigo “Padrões de Atenção na Esquizofrenia Paranóide”, no qual ele explica que segundo o DSM-III, atenção é a capacidade de se concentrar de um modo fixo numa tarefa ou atividade. Segundo ele, “vários trabalhos foram realizados com o objetivo de estudar a alteração da atenção nos esquizofrênicos. Como por exemplo, os de Medrick e Shakow (1940), que através da utilização dos Tempos de Reação, mostraram que os esquizofrénicos manifestam uma incapacidade para manter uma série mental; e os de Goldstein (1942), em que afirma a existência, nos esquizofrênicos, de uma dificuldade em deslocar voluntariamente a atenção de um para outro aspecto de uma mesma situação”. REFERÊNCIA: CLÁUDIO, V. Padrões de atenção na Esquizofrenia Paranóide. Análise Psicológica. 1998. Concepções de Doença por Familiares de Pacientes com Diagnóstico de Esquizofrenia Em 1999, a autora Cecília C. Villares escreveu sobre as “concepções de doença por familiares de pacientes com diagnóstico de esquizofrenia”. Nesse artigo ela fala sobre uma pesquisa realizada com 14 familiares de 8 pacientes diagnosticados com esquizofrenia, e as concepções foram separadas em 3 principais respostas: Problema de Nervoso, Problema na Cabeça e Problema Espiritual. Segundo a autora “Argumenta-se que as concepções analisadas podem ser compreendidas como construções culturais e discute-se a importância desta abordagem para a compreensão da evolução da doença e para a elaboração de programas de intervenção culturalmente apropriados”. REFERÊNCIA: VILLARES, C.; REDKO, C.; MARI, J. Concepções de doença por familiares de pacientes com diagnóstico de esquizofrenia. 1999. Esquizofrenia Em 1999, Chowdari e Nimgaonkar pesquisaram sobre Esquizofrenia com o objetivo de revisar os avanços da época sobre o mapeamento de genes relacionados ao transtorno mental. Eles listaram as regiões de interesse identificadas e discutiram duvidas pertinentes sobre o assunto. Os autores pesquisaram semelhanças genéticas em famílias grandes e estáveis com casos de esquizofrenia. A principal característica dessa pesquisa é a procura por genes constantes em pessoas com o transtorno, a partir da hereditariedade, por meio de técnicas rápidas de rastreamento do genoma completo. Os autores concluem que a pesquisa genética em esquizofrenia sofreu grandes avanços. REFERÊNCIA: CHOWDARI, K.; NIMGAONKAR, V. Esquizofrenia. 1999. Abordagem Familiar em Esquizofrenia Em 2000, a autora Márcia Scazufca escreveu em seu artigo “Abordagem Familiar em Esquizofrenia” com interesse em “estratégias de intervenção psicossocial para famílias de indivíduos com esquizofrenia”. Para ela, essa intervenção vem com o propósito de fazer com que a família procure “colaborar para que o paciente tenha o mínimo possível de incapacidades associadas à esquizofrenia e para que seus familiares possam compreender e lidar melhor com os problemas relacionados à doença do parente, bem como com as emoções resultantes desse contato”. Nessa pesquisa foram importantes muitos artigos, dentre eles “estudos que mostraram que o clima afetivo familiar crítico, hostil e de alto envolvimento emocional pode afetar negativamente o curso da doença”. 126


REFERÊNCIA: SCAZUFCA, M. Abordagem familiar em esquizofrenia. 2000. Adaptação Transcultural de Intervenções Psicossociais na Esquizofrenia Publicado em 2000 por Villares, o artigo “Adaptação Transcultural de Intervenções Psicossociais na Esquizofrenia" tem o objetivo de estudar, planejar e desenvolver um conjunto de abordagens familiares, buscando integrar dados da cultura local para orientar esse processo. Ele afirma que o gerador de barreiras entre profissionais e familiares foi a importância das construções teóricas atribuindo a etiologia da esquizofrenia a aspectos relacionais entre pais e filhos (e particularmente à relação mãe-filho). Essas teorias também contribuíram para aumentar o fardo familiar, gerando mais estigma, e refletiram negativamente na clínica, colocando profissionais responsabilizados pela doença de seu familiar diagnosticado como esquizofrênico em posição de crítica e confronto com os familiares. Essas pessoas frequentemente vivem com a família de origem ou mantêm contato regular com familiares. A formação da Nami (National Alliance for the Mentally Ill) marcou o início de um movimento nacional que hoje congrega por volta de 150.000 membros em mais de mil afiliações locais e estaduais. O Núcleo de Família visa promover um espaço educativo para os familiares, onde a informação e a orientação são construídas por um processo colaborativo entre familiares e profissionais. Utilizam-se diversos recursos didáticos ao longo de 10 a 12 encontros, nos quais se trabalham informações e se compartilham experiências de alternativas para a convivência com a doença. Um dos resultados desse posicionamento foi o isolamento das famílias que, acuadas e pouco acolhidas pelos profissionais de saúde mental, iniciaram suas próprias organizações. Esses grupos promovem, entre outras atividades, encontros periódicos de familiares, nos quais se trocam informações, experiências e discutem-se alternativas, constituindo espaços de aprendizado, de apoio e de formação de redes sociais de solidariedade. Não existem ainda dados conclusivos sobre esse projeto; a participação nos encontros tem contribuído para melhorar a adesão dos pacientes ao tratamento. Além disso, o mesmo tem propiciado que as famílias reconheçam e validem a experiência e os recursos que já possuem, que constituam um grupo de apoio e formulem novas demandas. A "Comissão de Familiares", um protótipo de organização de autoajuda e advocacia familiar, foi formada em consequência desse trabalho. Outras propostas estão sendo encaminhadas. REFERÊNCIA: VILLARES, C. et al. Adaptação transcultural de intervenções psicossociais na esquizofrenia. 2000. Alterações Eletrofisiológicas na Esquizofrenia Publicado em 2000 por Basile, o artigo "Alterações Eletrofisiológicas na Esquizofrenia" tem o objetivo de uma busca continuada de marcadores fisiopatológicos das esquizofrenias para o uso de novas técnicas, na esperança de uma maior sensibilidade a possíveis alterações sutis do funcionamento do encéfalo. O pesquisador afirma que tais técnicas destacam os métodos quantitativos e, especialmente, a computação de médias de voltagens sincronizadas com eventos definidos no tempo, conhecidas como potenciais evocados e provocados. Iniciou-se no Laboratório de Neurociências. O ideal de todos os métodos de análise deve ser a conciliação de achados sobre o funcionamento encefálico com as diversas situações psicológicas controladas experimentalmente. Para se efetuar tais correlações anatomofuncionais, é necessário que um grande número de eletrodos seja usado (>100), referenciados à média de potencial entre eletrodos, e que os dados de superfície sejam traduzidos em correntes intracranianas por programas de reconstrução apenas recentemente disponíveis. Os resultados obtidos são índices médios de grupo como guia para a detecção de anomalias individuais, uma vez que se realizou análise de geradores intracranianos para os dados de cada indivíduo. O artigo toma conclusões topográficas que não se justificam pelo pequeno número de eletrodos usados e pela referência dos mesmos a eletrodos que não podem ser considerados neutros. REFERÊNCIA: BASILE, L. et al. Alterações eletrofisiológicas na esquizofrenia. 2000. Aspectos Gerais do Manejo do Tratamento de Pacientes com Esquizofrenia 127


Em 2000, o autor Itiro Shirakawa escreveu o artigo “Aspectos Gerais do Manejo do Tratamento de Pacientes com Esquizofrenia”. No texto ele explica que a esquizofrenia é um transtorno de evolução crônica, que costuma comprometer a vida do paciente, o torna frágil diante de situações estressantes e aumenta o risco de suicídio, por isso exige um acompanhamento em longo prazo. Segundo o autor, por mais que o paciente esteja desorganizado, na fase aguda “O paciente chega ao psiquiatra no momento de crise. É quando se inicia o acompanhamento psiquiátrico. Na primeira consulta é importante atender antes o paciente e depois o familiar, pois é o primeiro momento para se trabalhar o vínculo”. “A primeira consulta é necessariamente longa. Deve-se colher a anamnese subjetiva, observar e esmiuçar a psicopatologia e complementar com dados fornecidos pelos familiares. Sempre que possível, também efetuar o exame clínico e verificar a necessidade de exames complementares. Em caso de dúvida, solicitar a avaliação neurológica”. “Quando há predominância de sintomas positivos e de agitação psicomotora deve-se escolher um antipsicótico de alta potência. A dose ideal deve ser tateada, sendo importante lembrar que a melhora é lenta”. “Quando há predominância de sintomas negativos, a escolha pode recair nos novos antipsicóticos: risperidona, olanzapina, quetiapina, ziprasidona, amisulpridaetc”. Já na fase de estabilização, a adesão do tratamento deve ser trabalhada em casa consulta. REFERÊNCIA: SHIRAKAWA, I. Aspectos gerais do manejo do tratamento de pacientes com esquizofrenia. 2000. Aspectos Neuropsicológicos da Esquizofrenia Publicado em 2000 por Adad, Castro e Mattos, o artigo "Aspectos Neuropsicológicos da Esquizofrenia" com objetivo de que os déficits cognitivos podem ser identificados em 40% a 60% dos indivíduos acometidos por essa condição psiquiátrica. Eles refletem alterações da coordenação motora simples e complexa, além de déficits de linguagem expressiva e receptiva, em indivíduos esquizofrênicos, ainda que essas alterações sejam frequentemente consideradas secundárias às alterações de atenção, de memória e de funções executivas. As alterações da coordenação motora simples e complexa, além de déficits de linguagem expressiva e receptiva, são recorrentes em indivíduos esquizofrênicos. A utilização de testes de leitura como instrumentos de avaliação do QI pré-mórbido baseia-se na premissa de que a maioria dos pacientes esquizofrênicos apresenta capacidades de linguagem relativamente preservadas, em contraste com as habilidades não verbais, que parecem ser mais vulneráveis aos efeitos da doença. Os resultados obtidos a partir da avaliação desses pacientes indicam que os índices estimados do quociente de inteligência pré-mórbido estavam dentro do padrão de normalidade esperado para a população em geral, ainda que em níveis correspondentes ao desempenho situado na faixa "médio-inferior". No atual estágio do conhecimento, essas alterações não parecem ser elementos confiáveis como marcadores biológicos da esquizofrenia, principalmente porque não foram estabelecidos padrões específicos de comprometimento cognitivo associados à doença. Os índices de memória verbal no WMS e da flexibilidade cognitiva avaliada pelo desempenho no WCST parecem ser indicadores úteis na previsão da capacidade de interação social (communityoutcome) em pacientes esquizofrênicos. REFERÊNCIA: ADAD, M.; CASTRO, R.; MATTOS, P. et al. Aspectos neuropsicológicos da esquizofrenia. 2000. Diferenças Entre os Sexos na Esquizofrenia Em 200, Chaves compara as hipóteses etiológicas de Häfneret, Riecher-Rossler, e Murray com a finalidade de gerar uma visão global e clara do papel do gênero em vários aspectos no transtorno da esquizofrenia, e através desse método publica “Diferenças Entre os Sexos na Esquizofrenia”. A doença em geral é mais precoce no homem, iniciando-se em torno dos 18-25 anos enquanto nas mulheres se inicia entre os 25 e 35 anos. (Chaves, 2000). Segundo Häfner, as mulheres na vida adulta, por possuírem mais estrógeno, tem uma resposta mais rápida dos neurolépticos, além de ter um efeito protetor. Murray sugere que a diferença de gênero seria gerada a partir da confluência de duas doenças, uma que atinge mais os homens e a outra mais as mulheres. Lisi propôs que a esquizofrenia seria causada pelas neurotrofinas – esta ocorreria de forma diferente para cada sexo. E para Crow, a esquizofrenia 128


ocorreria devido à assimetria cerebral, o gêne responsável pela assimetria estaria ligado ao cromossomo X e Y, assim há uma associação com o gênero. (Chaves, 2000). Chaves conclui que o gênero é um importante fator preditivo no curso e evolução da esquizofrenia. Estudos mostram que as mulheres têm um proagnóstico melhor que os homens em relação ao número de reiternações psíquicas, evolução clínica e funcionamento social. Entretanto, esses estudos são recentes, ainda são necessárias mais pesquisas a respeito disso. (Chaves, 2000). REFERÊNCIA: CHAVES, A. C. Diferenças entre os sexos na esquizofrenia. 2000. A Epidemiologia da Esquizofrenia Publicado em 2000 por Mari e Leitão, o objetivo do artigo é registrar e traçar o caminho do paciente pelo sistema de assistência à saúde, de saúde mental e de serviços sociais situados na área de captação do registro. Foi pesquisada a utilização de critérios mais restritos nos últimos anos: nos anos 50 houve uma melhora no prognóstico da esquizofrenia (48,5% apresentaram melhora); porém, na última década analisada pelo estudo, houve um declínio na melhora para apenas 36,4%. A incidência na população masculina variou de 1,5 a 4,2 por 10.000 habitantes com idades entre 15 e 54 anos; e de 1,2 a 4,8 na população feminina, onde a média foi 3,8 por 10.000 habitantes (desvio-padrão de 0,22); e a mediana de 5 por 10.000 habitantes. Em Nottingham, Reino Unido, Brewin encontrou uma taxa de incidência de 0,87 por 10.000, inferior àquela encontrada em outro estudo da OMS para essa população no período de 1978 a 1980 (1,41 por 10.000). Foram conduzidos com metodologia mais sofisticada, e têm apresentado resultados acima desses valores, próximos a 1% da população. Foi publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o impacto mundial da doença. Murray & Lopez relataram uma taxa de prevalência de 0,92% para homens e 0,9% para mulheres. Taxas de prevalência mais elevadas (próximas a 1%) também têm sido relatadas em estudos recentes realizados na América Latina e no Brasil. Conclui-se que as revisões dos estudos de prevalência de esquizofrenia originam uma estimativa aproximada de 0,5%; as incidências sugerem a ocorrência de aproximadamente quatro casos novos por ano para uma população de 10.000 habitantes. Os estudos epidemiológicos realizados no Brasil originam estimativas de incidência e prevalência compatíveis com as observadas em outros países. Não há consistência de possíveis diferenças na prevalência da esquizofrenia entre sexos, independentemente da metodologia empregada nos diferentes levantamentos epidemiológicos. REFERÊNCIA: MARI, J.; LEITÃO, R. et al. A epidemiologia da esquizofrenia. 2000. Esquizofrenia: Aspectos Genéticos e Estudos de Fatores de Risco Publicado em 2000 por Vallada Filho e Samaia, o artigo “Esquizofrenia: Aspectos Genéticos e Estudos de Fatores de Risco" tem o objetivo de apresentar uma breve revisão sobre os estudos genéticos e os fatores de risco na esquizofrenia. São abordados os estudos genéticoepidemiológicos com famílias, gêmeos e adotivos, passando pelas estratégias moleculares. Os autores pensam que um dos fatores causais mais seguramente implicados no desenvolvimento da esquizofrenia vem dos estudos em genética epidemiológica que, por meio de mais de oito décadas de investigações, confirmaram a influência genética para o transtorno. Indivíduos com início da doença antes dos 22 anos têm 2,7 vezes mais chance de referirem história de apresentação anormal do parto do que aqueles com idade de início posterior, e 10 vezes mais chance de terem nascido de parto cesárea. Estudos da privação nutricional prénatal causada pelo bloqueio nazista no oeste da Holanda, ocupada entre 1944 e 1945, apontam que foi um dos sintomas da fome que atingiu a região. A metodologia de aferição das CGP é bem diversificada (diagnóstico de esquizofrenia feito por diferentes critérios e com escalas de complicações obstétricas não padronizadas) e a maioria dos trabalhos se baseia apenas na lembrança materna das complicações obstétricas. Nota-se uma concordância entre a ocorrência de esquizofrenia e o aparecimento de defeitos do tubo neural que se seguiram à má nutrição materna, sugerindo que a deficiência de folato pré-natal deve ser mais investigada como um potencial fator causal da esquizofrenia. Conclui que estudos com famílias, gêmeos e adotados indicam a existência do componente genético para esquizofrenia; que o componente genético represente de 70% a 80% 129


da susceptibilidade total para desenvolver a doença. Os estudos de genética molecular encontramse em andamento, apresentando resultados sugestivos; fatores pré e perinatais parecem aumentar o risco para o desenvolvimento da esquizofrenia; a esquizofrenia é um transtorno etiologicamente heterogêneo. REFERÊNCIA: VALLADA, H.; SAMAIA, H. et al. Esquizofrenia: aspectos genéticos e estudos de fatores de risco. 2000. Neuroquímica da Esquizofrenia: Papel dos Fosfolípides Publicado em 2000, por Wagner F Gattaz, o artigo “Neuroquímica da Esquizofrenia: Papel dos Fosfolípides” tem por objetivo achar evidências experimentais acumuladas na última década que sugerem que um distúrbio no metabolismo dos fosfolípides seja um candidato ao papel de fator primário na biologia da esquizofrenia. Eles pensam que se a esquizofrenia for considerada uma síndrome resultante de um distúrbio na maturação do cérebro, é provável que parte das alterações neuroquímicas descritas sejam secundárias à alteração básica da plasticidade cerebral durante a infância e a adolescência. Em dois estudos independentes, usando um método fluorométrico, encontramos um aumento marcante da atividade da PLA2 no plasma e no soro de pacientes esquizofrênicos (sem medicamentos) em comparação com controles sadios e com pacientes psiquiátricos nãoesquizofrênicos. Weinberger sugere que a hipofrontalidade em esquizofrenia é o resultado de uma diminuição da atividade dopaminérgica no lobo frontal. Portanto, foi de seu interesse esclarecer que se houver um aumento da PLA2, o resultado seria uma aceleração do metabolismo de fosfolípides frontal, o que teria uma ação direta no sistema dopaminérgico, resultando na hipofrontalidade em esquizofrenia. Conclui que, no achado de um aumento da atividade da PLA2 em plaquetas, há uma aceleração do metabolismo dos fosfolipídeos na membrana de esquizofrênicos. Essa hipótese é sustentada pela redução do substrato da enzima (PC) e pelo aumento de seu metabólito hidrolítico (LPC) na membrana plaquetária dos mesmos pacientes. REFERÊNCIA: GATTAZ, W. et al. Neuroquímica da esquizofrenia: papel dos fosfolípides. 2000. Sistemas Inteligentes no Diagnóstico da Esquizofrenia Publicado em 2000, pelos Denise Razzouk, Itiro Shirakawa e Jair de J Mari, o artigo “Sistemas Inteligentes no Diagnóstico da Esquizofrenia” tem por objetivo desenvolver um sistema diagnóstico de apoio à decisão, o que é justamente aplicar o raciocínio heurístico empregado por um especialista na identificação de um diagnóstico complexo. Eles afirmam que a esquizofrenia constitui um transtorno de difícil diagnóstico, dada a sua característica de apresentação clínica heterogênea. Baseiam-se em uma população selecionada e não se aplica necessariamente a outros pacientes. A metodologia utilizada para a sua construção e validação precisa ser revista e aperfeiçoada. As perspectivas futuras concentram-se em desenvolver metodologias adequadas para o manejo de grandes quantidades de conhecimento, em aperfeiçoar as técnicas de aquisição de conhecimento e em construir sistemas portáteis e eficientes adequados ao contexto do usuário final. O emprego das técnicas de inteligência artificial na medicina e, mais recentemente, na psiquiatria, tem se mostrado promissor com o desenvolvimento de sistemas inteligentes que auxiliam na tomada de decisão no contexto clínico e no estudo de critérios diagnósticos. REFERÊNCIA: RAZZOUK, D.; SHIRAKAWA, I.; MARI, J. et al. Sistemas inteligentes no diagnóstico da esquizofrenia. 2000. Neuroimagem de Receptores D2 de Dopamina na Esquizofrenia Publicado em 2001 por Bressan e Biglianie Pilowsky, o artigo "Neuroimagem de Receptores D2 de Dopamina na Esquizofrenia” tem o objetivo de propor e apresentar importantes descobertas em relação à hipótese dopaminérgica da esquizofrenia e mecanismo de ação dos antipsicóticos. Eles consideram que as técnicas de neuroimagem funcional e neuroquímicas têm sido consideradas o novo e mais importante paradigma de pesquisa nessa área, pois permitem avaliação in vivo. Tomografia por Emissão de Fóton Único (SPET) e de Pósitrons (PET), junto 130


com Ressonância Magnética Funcional (FMRI) e a Espectroscopia por Ressonância Magnética (MRS) constituem as modalidades de neuroimagem mais utilizadas para estudo da esquizofrenia. Afeta principalmente indivíduos na transição da adolescência para a vida adulta, prestes a atingir o ápice do seu potencial produtivo. Seus instrumentos são o SPET e o PET, os quais têm técnicas da medicina nuclear que possibilitam tanto a avaliação de neuroreceptores, como a avaliação do fluxo sangüíneo cerebral. Essas técnicas utilizam substâncias com grande afinidade e especificidade para determinados receptores e que são marcadas com um radioisótopo. Durante um scan, o radiotraçador (também denominado ligante) é injetado no indivíduo e se concentra nas regiões cerebrais onde há maior número de receptores disponíveis para ligação. Com gamacâmeras, captam-se os raios gama emitidos pelo ligante. Um sistema de computador reconstrói essas informações na forma de imagens tridimensionais. As imagens finais são cortes do cérebro como numa tomografia, com a diferença de que essas imagens são mapas de distribuição e concentração do ligante no cérebro e não mapas anatômicos. Os locais em que a imagem é mais intensa correspondem às áreas em que há maior número de receptores disponíveis para interação com o ligante. A ligação do radiotraçador ao receptor depende da disponibilidade dos receptores. Atualmente, já não há mais dúvida de que a esquizofrenia é um transtorno que acomete o funcionamento cerebral. Diferentes estudos vêm demonstrando alterações neuroanatômicas, neurofisiológicas e neuroquímicas, mas até o momento poucos achados resultaram em real benefício para os pacientes. Um maior entendimento da fisiopatologia da esquizofrenia possibilitará diagnósticos mais específicos, tratamentos mais eficazes e, possivelmente, prevenção. Os estudos de neuroimagem investigando o uso de antipsicóticos na esquizofrenia indicam que são necessárias ocupações de receptores D2 superiores a 65% ou 70% para se obter resposta clínica. A chance de se desenvolver tanto sintomas extrapiramidais como sintomas depressivos é alta. Doses habituais de antipsicóticos atípicos obtêm resposta clínica com ocupações estriatais inferiores a 75%, portanto apresentam chance muito menor de desencadear sintomas extrapiramidais ou depressivos. Estudos recentes sugerem que isto é possível devido à seletividade por receptores D2 de regiões límbicas dos antipsicóticos atípicos. Os achados de aumento da atividade da enzima dopadescarboxilase, juntamente com o aumento da liberação de dopamina induzido por anfetamina e a elevação dos níveis de dopamina na fenda sináptica, representam um forte indício de elevação da liberação fásica de dopamina na esquizofrenia. REFERÊNCIA: BRESSAN, R.; BIGLIANI, V.; PILOWSKY, L. et al. Neuroimagem de receptores D2 de dopamina na esquizofrenia. 2001. Relações objetais na Esquizofrenia: um Estudo Comparativo Em 2001, Laura Wilze Bruscato escreveu o artigo “Relações Objetais na Esquizofrenia: um Estudo Comparativo”. Nele ela caracteriza a esquizofrenia como déficits na capacidade do indivíduo de exercer suas próprias ações, inclusive ao relacionamento interpessoal. Segundo ela, em virtude disto tem havido um interesse renovado na integração das questões ligadas a esquizofrenia e as teorias sobre relações objetais, que valorizam a natureza interpessoal dos relacionamentos e articulam a psicologia individual com os sistemas de relacionamentos sociais. Foi realizado um estudo para averiguar a natureza das relações objetais na esquizofrenia, investigar a possível existência de um padrão deficitário de relacionamento peculiar deste transtorno e avaliar a interferência de variáveis clinicas e sócio-demográficas nos déficits eventualmente encontrados. O autor faz a seguinte explicação sobre o método utilizado: “Duas amostras independentes, compostas, uma por 61 indivíduos com diagnostico de esquizofrenia de acordo com o critério do DSM-IV, e a outra por 218 estudantes universitarios voluntários, foram avaliadas com o Bell Object Relations and Reafty Testing Inventory (BORRTI - Forma 0) e comparadas entre si. A amostra de pacientes tambem foi submetida a avaliação atraves da Positive and Negative SyndromeScale (PANSS) e da Composite Internacional Diagnostic Interview (CIDI). Estes pacientes foram comparados de acordo com subtipos clínicos, sintomatologia predominantemente positiva ou negativa, tempo de duração da doença e variáveis sóciodemográficas, para investigar se os déficits de relações objetais tinham alguma relação com estas variáveis’’. 131


REFERÊNCIA: BRUSCATO, L. Object relations in schizophrenia: a comparative study. 2001. Depressão na Esquizofrenia Araújo e colaboradores, em 2001, na Universidade Federal de Pernambuco em Recife, realizaram uma revisão na literatura na qual pesquisaram a “depressão na esquizofrenia”. Analisaram os dados históricos da doença, o quadro clínico juntamente com o curso evolutivo do mesmo, e diagnósticos e prognósticos. A pesquisa foi feita através do Medline, que envolve os anos de 1966 e 2000. (Araújo, 2001). Os principais relatos dos estudos realizados possuem uma ocorrência de sintomas depressivos nas fases variadas da esquizofrenia. Muitos autores descrevem o quadro de depressão como um episódio psicótico ou como um caso depressivo transitório juntamente com disforias. Nos dias de hoje a síndrome depressiva é considerada uma dimensão psicopatológica da esquizofrenia. (Araújo, 2001). Araújo e colaboradores concluíram através da análise feita que a depressão pósesquizofrênica possui autonomia sindrômica, além de ser considerada como uma manifestação clínica das formas delirantes da esquizofrenia, apesar de integrar o curso evolutivo de um transtorno esquizofrênico. Como a depressão é diagnosticada em todas as fases do transtorno através de diversas metodologias, ocorre a limitação na comparação dos estudos. (Araújo, 2001). REFERÊNCIA: ARAÚJO, F.; PETRIBÚ, K.; BASTOS, O. Depressão na esquizofrenia. 2002. Uso de Maconha na Adolescência e Risco de Esquizofrenia. Em 2003, Karla Soares Weiser, Mark Weiser e Michael Davidson pesquisavam o “uso de maconha na adolescência e risco de esquizofrenia”. Eles iniciam seu artigo falando do uso da maconha no Brasil pelos jovens pelo menos uma vez na vida. O que alerta para o uso de drogas vistas como “leves” para problemas em longo prazo. Além disso, eles ressaltam o uso de drogas por pacientes diagnosticados com esquizofrenia relacionando com a necessidade de automedicação para sintomas tão perturbadores para eles, como uma fuga de suas realidades. Com a análise de dados da literatura, eles concluíram que o uso regular da droga apresenta um risco potencial para o desenvolvimento de transtornos ligados à esquizofrenia, ainda mais em sujeitos vulneráveis. Salientam ainda que esse risco pode estar relacionado à frequência do uso; isto é, jovens que começa a utilizar a droga mais cedo podem ser ainda mais vulneráveis aos efeitos danosos da maconha. Conclui-se que iniciativas com o objetivo de reduzir o uso da maconha entre os jovens poderiam resultar positivamente na prevenção de futuros casos da doença. REFERÊNCIA: WEISER, K.; WEISER, M.; DAVIDSON, M. Uso de maconha na adolescência e risco de esquizofrenia. 2003. Relato do Uso de Clozapina em 56 Pacientes Atendidos Pelo Programa de Atenção à Esquizofrenia Refratária da Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul Em 2004, Clarissa Severino Gama, Camila Morelatto de Souza, Maria Inês Lobato e Paulo Silva Belmonte de Abreu pesquisaram o “relato do uso de clozapina em 56 pacientes atendidos pelo Programa de Atenção à Esquizofrenia Refratária da Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul”, eles refletem que “os antipsicóticos clássicos são amplamente usados como tratamento, mas comumente produzem respostas incompletas, toxicidade e efeitos extrapiramidais”. Clarissa Gama, Camila de Souza, Maria Lobato e Paulo de Abreu pesquisaram o uso de clozapina em 56 pacientes no programa de fornecimento gratuito da clozapina pela Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul em convênio com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre onde levantaram que frente a essa população a média dos escores da Brief Psychiatric Rating Scale (BPRS) foi inicialmente 77,9 (DP=16,1) e, após noventa e três meses de tratamento, 41,1 (DP=16,2). Dois pacientes abandonaram o programa, um foi excluído por agranulocitose e houve quatro internações. 132


As principais características daquela pesquisa é que houve melhora significativa e constante dos pacientes que participaram do programa. Doenças com maior tempo de evolução obtiveram menor resposta, provavelmente relacionada a alterações neurofisiológicas e neuroquímicas, onde aqueles autores concluem que vale ressaltar a importância do início precoce do tratamento e a necessidade da participação do Estado, no sentido de oferecer suporte psicossocial e financeiro para a otimização do tratamento desses pacientes. REFERÊNCIA: GAMA, C. et al. Relato do uso de clozapina em 56 pacientes atendidos pelo Programa de Atenção à Esquizofrenia Refratária da Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul. 2004. Uso Frequente de Alcool, Maconha e Cocaina Entre Pacientes Esquizofrenicos: Estudo Caso-controle Em 2004, Marília Montoya Boscolo escreveu o artigo “Uso Frequente de Alcool, Maconha e Cocaina Entre Pacientes Esquizofrenicos: Estudo Caso-controle”. Nele ela explica que o objetivo do trabalho é estudar o fenômeno do uso de Substâncias Psicoativas – SPA (álcool maconha e cocaína) na esquizofrenia. É um estudo comparativo de 2 grupos de pessoas diagnosticadas com esquizofrenia pareados por sexo e idade. “O grupo caso é definido por pacientes esquizofrênicos que têm história de uso frequente de álcool na vida e no último mês e/ou história de uso frequente de maconha e/ou cocaína na vida. O grupo controle é definido por pacientes esquizofrênicos sem esse antecedente de uso de álcool e/ou maconha e/ou cocaína”. Segundo a autora “Os resultados demonstram que os pacientes esquizofrênicos que usam álcool e/ou maconha e/ou cocaína, têm tendência a melhor desempenho escolar, são mais ativos profissionalmente e têm mais capacidade para realizar atividades da vida diária. Eles têm mais sintomas positivos e menos sintomas negativos da esquizofrenia. No entanto, têm pior adaptação social, mais internações e fazem maior uso de tabaco. Estes pacientes, com o uso da medicação, sentem subjetivamente que “os efeitos ruins dos remédios estão sempre presentes" e que "não há diferença em tomar ou não a medicação –dá na mesma”. REFERÊNCIA: BOSCOLO, M. Uso frequente de alcool maconha e cocaina entre pacientes esquizofrenicos: estudo caso-controle. 2004. Avaliação Neuropsicológica dos Circuitos Pré-frontais Relacionados à Tomada de Decisão na Esquizofrenia: Uma Revisão Sistemática da Literatura Em 2006, Gilberto Sousa Alves e Marcia Rozenthal pesquisaram sobre a “avaliação neuropsicológica dos circuitos pré-frontais relacionados à tomada de decisão na esquizofrenia: uma revisão sistemática da literatura” com o objetivo de “realizar uma revisão crítica da literatura sobre estudos avaliando déficits neuropsicológicos na tomada de decisão (TD) em pacientes esquizofrênicos”. Os autores fizeram uso de “testes neuropsicológicos sensíveis à avaliação das áreas corticais associadas à TD, principalmente o córtex órbito-frontal” usando “aspectos metodológicos dos estudos” que “foram comparados entre si, assim como a correlação das medidas nos testes de TD com características clínicas, cognitivas e funcionais desse transtorno” onde levantaram oito artigos entre 1997 e 2005. Todos os estudos compararam pacientes esquizofrênicos a controles saudáveis. As principais características daquela pesquisa são “características clínicas, como o subtipo diagnóstico, a sintomatologia predominante, o tipo de medicação utilizada e o funcionamento psicossocial, podem contar para os resultados encontrados”, onde os autores concluem que “estudos adicionais são necessários para a investigação ulterior sobre a natureza dos déficits da TD na esquizofrenia e sua expressão em termos clínicos e evolutivos”. REFERÊNCIA: ALVES, G; ROZENTHAL, M. Avaliação neuropsicológica dos circuitos pré-frontais relacionados à tomada de decisão na esquizofrenia: uma revisão sistemática da literatura. 2006. Análise Qualitativa de Variáveis Relevantes Para a Aplicação do Programa de Terapia Psicológica Integrada em Pacientes com Esquizofrenia de Três Centros do Sul do Brasil 133


Em 2006, Marilene Zimmer, Adriana Veríssimo Duncan e Paulo Belmont-de-Abreu pesquisaram a “análise qualitativa de variáveis relevantes para a aplicação do programa de terapia psicológica integrada em pacientes com esquizofrenia de três centros do Sul do Brasil” como objetivo de “apresentar as principais dificuldades encontradas com a aplicação do programa de terapia psicológica integrada para esquizofrenia Integrated Psychological Therapy (IPT), e fundamentar as estratégias utilizadas para adaptar essa técnica à nossa realidade brasileira”. Marilene Zimmer, Adriana Duncan e Paulo Belmont-de-Abreu fizeram uso da “abordagem qualitativa, com análise de dados, através do conteúdo das verbalizações dos pacientes” em “grupos de discussão realizados após sessões terapêuticas da técnica, com três grupos de pacientes diagnosticados de esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo” de Porto Alegre, onde levantaram as seguintes categorias em frente a essa população: repetição e monotonia; dificuldades de execução de alguns exercícios; falta de utilidade prática de alguns exercícios; e necessidade de saber mais sobre a doença. As principais características daquela pesquisa são aspectos positivos da técnica relatados pelos pacientes onde aqueles autores concluem que os resultados evidenciam aspectos muito relevantes para entender a motivação dos pacientes para a adesão ao tratamento com essa abordagem desenvolvida em um país europeu, e sugerem que as diferenças culturais podem interferir na aplicação do IPT quanto à sua estruturação. Contudo, são necessários outros estudos no futuro, como ensaio clínico controlado, para avaliar mais especificamente a efetividade da adaptação do IPT para pacientes brasileiros. REFERÊNCIA: ZIMMER, M.; DUNCAN, A.; BELMONT-DE-ABREU, P. Análise qualitativa de variáveis relevantes para a aplicação do programa de terapia psicológica integrada em pacientes com esquizofrenia de três centros do Sul do Brasil. 2006. Esquizofrenia: Uma Revisão Em 2006, Regina Cláudia Barbosa da Silva, da Universidade Federal de São Paulo, escreveu em “Esquizofrenia: Uma Revisão” um pouco sobre do que se trata a esquizofrenia. No artigo ela diz que “a definição atual de esquizofrenia indica uma psicose crônica idiopática, aparentando ser um conjunto de diferentes doenças com sintomas que se assemelham e se sobrepõem”. Além disso, ela fala um pouco sobre os subtipos e explica que a princípio eram três primeiros subtipos clássicos (demência paranóide, hebefrenia e catatonia) e foram descritos como doenças separadas até que Kraepelin as reuniu sob o nome de demência precoce. “Juntamente com a esquizofrenia simples, introduzida por Bleuler, os subtipos paranóide, hebefrênico e catatônico de Kraepelin formaram o grupo de esquizofrenias de Bleuler”. REFERÊNCIA: SILVA, R. Esquizofrenia: uma revisão. 2006. Primeiro Episódio da Esquizofrenia e Assistência de Enfermagem Publicado no ano de 2006, por Gicon e Galera o artigo de “Primeiro episódio da esquizofrenia e assistência de enfermagem”. Seus objetivos foram examinar o conhecimento sobre a esquizofrenia e o primeiro surto em esquizofrenia; examinar o conhecimento sobre a intervenção no primeiro surto de esquizofrenia e sua eficácia e examinar o conhecimento da enfermagem sobre o primeiro surto em esquizofrenia, destacando a contribuição da profissão nesta área. Eles afirmam que é um transtorno causado por diversos fatores biopsicossociais que interagem, criando situações, as quais podem ser favoráveis ou não ao aparecimento do transtorno. Resultam em deterioração do funcionamento do doente e da família, causando diversos danos/perdas nas habilidades de todo o grupo; por exemplo, diminuição da habilidade para cuidar de si mesmo, para trabalhar, para se relacionar individual e socialmente e para manter pensamentos completos. Conclui que sabe-se muito pouco sobre a eficácia das intervenções e sobre as condições em que elas podem ser utilizadas. Dessa maneira, considera que esta é uma área na qual a enfermagem pode e deve desenvolver pesquisa, oferecendo à comunidade científica e profissional contribuições para melhorar a qualidade de vida do paciente e da sua família. Também surgiram conhecimentos sobre o transtorno mental e as ações de enfermagem que possibilitem nosso desenvolvimento teórico 134


REFERÊNCIA: GICON, B; GALERA, S. et al. Primeiro episódio da esquizofrenia e assistência de enfermagem. 2006. Adesão em Esquizofrenia Em 2007, Rosa, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, publicou o artigo “Adesão em Esquizofrenia”, o qual tem o objetivo revisar as principais questões relacionadas à adesão ao tratamento medicamentoso entre pacientes com esquizofrenia. A não adesão a tratamento é um dos principais obstáculos para o controle adequado da sintomatologia presente em pacientes com esquizofrenia. (Rosa, 2007). Para realizar sua pesquisa, Rosa fez uma revisão bibliográfica incluindo artigos que se relacionam à adesão ao tratamento medicamentoso e esquizofrenia. Os resultados de sua pesquisa foram resumidos para que pudessem ser apresentados de forma didática. A literatura oferece algumas sugestões sobre como melhorar a adesão dos pacientes; uma delas é educar o paciente, ou seja, realizar um treinamento de habilidades em áreas relacionadas à medicação. (Rosa, 2007). Nos resultados são relatadas as taxas médias de adesão (que estão ao redor de 50%). Os principais fatores relacionados são considerados, incluindo os fatores sociodemográficos, características psicológicas dos pacientes, como perda de insight, negação da doença e percepção do benefício da medicação, a educação do paciente, o relacionamento com o médico e a complexidade do regime medicamentoso. São comentados os modos de detectar e avaliar o grau de adesão e os principais meios que podem ser utilizados para melhorar a adesão dos pacientes. (Rosa, 2007). REFERÊNCIA: ROSA, M. Adesão em esquizofrenia. 2007. Alterações Cognitivas na Esquizofrenia: Consequências Funcionais e Abordagens Terapêuticas Em 2007, Luciana de Carvalho Monteiro e Mário Rodrigues Louzã estudavam as “alterações cognitivas na esquizofrenia: consequências funcionais e abordagens terapêuticas” com o objetivo de focar em aspectos do funcionamento cognitivo na esquizofrenia, e sua relação com as consequências funcionais, além do efeito das medicações antipsicóticas sobre a cognição. Nesta pesquisa, eles utilizaram base de dados Medline/PubMed e Lilacs usando os termos: esquizofrenia, cognição, neuropsicologia, desfecho, funcionamento e tratamento. As alterações cognitivas têm ligação com o nível de prejuízo funcional. Os medicamentos de segunda geração apresentam ter um impacto positivo na cognição, porem seu significado ainda não está claro. E na área de reabilitação neuropsicológica demonstram serem promissores. Conclui-se, então, que o padrão de alterações apresentado pelos indivíduos altera a habilidade dos antipsicóticos de 2ª geração de aprimorar domínios específicos da cognição. Portanto, deve-se fazer associação com as abordagens de reabilitação neuropsicológica para melhores resultados. REFERÊNCIA: MONTEIRO, L.; LOUZÃ, M. Alterações cognitivas na esquizofrenia: consequências funcionais e abordagens terapêuticas. 2007. Avaliação Neuropsicológica na Esquizofrenia: Revisão Sistemática Em 2007, Zimmer e companhia publicaram “Avaliação Neuropsicológica na Esquizofrenia: Tevisão Sistemática” com o objetivo de sintetizar estudos sobre os testes neuropsicológicos que estão sendo mais utilizados em esquizofrenia. Foi utilizado o método de revisão sistemática da literatura consultando-se: PubMed, MEDLINE (via PubMed) e LILACS, no período entre 1995 e 2006 mais artigos. (Zimmer, 2007). Como consequência da pesquisa, foram evidenciados uma ampla heterogenia nos critérios de seleção dos testes neuropsicológicos, divergências na nomenclatura e certa tendência para a criação de novos testes e baterias para avaliação de funções cognitivas. A relevância e características dos prejuízos cognitivos na esquizofrenia revelam a urgente necessidade de identificação específica e padronizada de métodos de avaliação neuropsicológica para pacientes brasileiros (Zimmer, 2007). REFERÊNCIA: 135


ZIMMER, M. et al. Avaliação neuropsicológica na esquizofrenia: revisão sistemática. 2007. Ganho de Peso e Alterações Metabólicas em Esquizofrenia Em 2007, Carmen Lúcia Leitão Azevedo, Lísia Rejane Guimarães, Maria Inês Rodrigues Lobato e Paulo Silva Belmonte-de-Abreu pesquisaram “ganho de peso e alterações metabólicas em esquizofrenia” com o objetivo de identificar a frequência e o tipo de alterações de peso e metabolismo em pessoas diagnosticadas com esquizofrenia, antes e depois do uso de diferentes antipsicóticos, e sintetizar as medidas preventivas e paliativas adequadas para a redução desses desfechos desfavoráveis. Os autores encontraram nos últimos cinco anos com os descritores weight, metabolic syndrome AND schizophrenia, e a partir dos artigos encontrados, artigos com dados clínicos, que frente a essa foram identificados aumento de peso, dislipidemia e síndrome metabólica em pacientes portadores do diagnóstico de esquizofrenia, antes, durante e após o uso de antipsicóticos, especialmente em drogas de nova geração, com taxas perto de duas vezes maiores do que na população geral, que resultam de redução de cerca de 20% na expectativa de vida desses pacientes. As principais características daquela pesquisa são que devido a estes riscos elevados e à inexistência de critérios claros de definição de risco de ganho de peso antes da exposição à antipsicóticos, recomenda-se seguimento ativo de pacientes em regime de drogas antipsicóticas, com troca logo que observado aumento em 5% ou mais no peso corporal, com manutenção do cuidado ativo, orientação nutricional e de estilo de vida e nível de atividade. Adicionalmente, existe a necessidade de revisões sistemáticas para controlar possíveis vieses de seleção com o tipo de metodologia empregada. REFERÊNCIA: AZEVEDO, C. et al. Ganho de peso e alterações metabólicas em esquizofrenia. 2007. A Intrigante Esquizofrenia Em 2007, J. Teixeira pesquisou sobre a intrigante esquizofrenia, considerando que a investigação em esquizofrenia, dada a sua natureza complexa, tem estado na vanguarda da moderna investigação das doenças mentais, tendo recebido um legado na genética dos trabalhos pioneiros de Kety, Gosttesman e Slater, entre outros. Teixeira afirma que a esquizofrenia é um dos problemas de saúde pública mais importante nos dias de hoje e tem por isso tido a atenção de uma extensa comunidade de investigadores que dão o seu melhor para se conseguir compreender, explicar e tratar esta doença. O autor conclui que: a esquizofrenia deixou de ser estudada por uma única disciplina e passou a ser abordada de modo interdisciplinar e integrativo. Isto é, a ela, por sua ocultação, obrigou-nos a seguir o caminho da colaboração entre diferentes disciplinas com a ajuda de novos dispositivos como as sofisticadas ciências cognitivas, a neuroimagem genética e genômica e a elegante neurofarmacologia. REFERÊNCIA: TEIXEIRA, J. A intrigante esquizofrenia. 2007. Maconha: Fator Desencadeador de Esquizofrenia Em 2007, Vanessa Kelly de Oliveira e Estefânia Gastaldello Moreira pesquisavam “Maconha: Fator Desencadeador de Esquizofrenia?” com o objetivo de realizar um levantamento bibliográfico dos trabalhos que estabelecem uma relação causal entre uso excessivo de maconha e manifestação de esquizofrenia. Esta análise demonstrou que existem evidências crescentes, tanto epidemiológicas quanto biológicas, de que o uso da maconha pode estimular o começo da esquizofrenia, ao menos em indivíduos propensos. Conclui-se, então, que tais evidências são fatores importantes e que devem ser levados em conta por indivíduos que desenvolveram o diagnóstico de esquizofrenia, e que antes eram usuários da cannabis, tanto quanto pelos profissionais da área da saúde mental e saúde. Entretanto, ainda é uma dúvida se o uso inadequado da maconha pode levar a doença a se manifestar em sujeitos sem predisposição. REFERÊNCIA: OLIVEIRA, V.; MOREIRA, E. Maconha: fator desencadeador de esquizofrenia. 2007. 136


Fisiopatologia da Esquizofrenia: Aspectos Atuais Em 2007, os autores Ary Gadelha, Rodrigo Affonseca Bressan e Geraldo Busatto Filho escreveram sobre “fisiopatologia da esquizofrenia: aspectos atuais”, e falam sobre a esquizofrenia ser uma das doenças mais intrigantes que se tem. O objetivo do artigo é revisar os principais avanços na compreensão da esquizofrenia. Segundo os autores “A hipótese dopaminérgica representa uma das primeiras teorias etiológicas e permanece até os dias atuais como uma das que apresenta evidências mais consistentes. No entanto, essa teoria falha em explicar a história natural, os prejuízos cognitivos e as alterações estruturais encontradas na esquizofrenia”. Os estudos epidemiológicos de fatores de risco genéticos e ambientais, junto com os estudos neuropatológicos e de neuroimagem, segundo o autor “sugerem um modelo interativo em que inúmeros fatores atuam conjuntamente para alterações mais globais do desenvolvimento cerebral”. Por fim, a compreensão fisiopatológica da esquizofrenia avançou bastante no último século, evoluindo de teorias etiológicas unicausais para modelos mais complexos que consideram a interação de inúmeros fatores genéticos e ambientais. REFERÊNCIA: GADELHA, A.; BRESSAN, R.;, BUSATTO, G. Physiopathology of schizophrenia: current aspects. 2007. Estudo explica as Bases Genéticas da Esquizofrenia Em 2008, Garcia realizou o estudo que explica as bases genéticas da esquizofrenia com o objetivo de ajudar a chegar à lista dos genes que influenciam na doença da esquizofrenia além de explicar o porquê de nenhum grupo até agora encontrar algo sobre os genes da esquizofrenia. Muitos dos genes que causam a doença se encontram aglomerados nas vias relacionadas ao desenvolvimento cerebral (Garcia, 2008). Em sua pesquisa ele compara os genes de 418 pessoas na Universidade de Washington e no laboratório de Cold Spring Harbor, ambos nos Estados Unidos. Entre elas havia 268 pessoas sem o transtorno e 150 pessoas com esquizofrenia. Os cientistas procuraram uma variação genética simples em comum entre as pessoas portadoras da doença, e utilizaram para isso a comparação em laboratório dos genes mutantes (Garcia, 2008). Os autores concluem que a esquizofrenia pode ser causada por uma grande variedade de mutações nos genes. Entretanto, apesar de cada mutação e gene que causam a doença serem diferentes em cada pessoa, diferentes tratamentos podem ser desenvolvidos visando as vias envolvidas. (Garcia, 2008). REFERÊNCIA: GARCIA, R. Estudo explica as bases genéticas da esquizofrenia. 2008 O Funcionamento da Linguagem na Esquizofrenia: Um Estudo Lacaniano Em 2008, C. Generoso pesquisou sobre “o funcionamento da linguagem na esquizofrenia: um estudo lacaniano”, com o objetivo de entender o funcionamento da linguagem na esquizofrenia, para poder possibilitar a intervenção na prática de um lugar um pouco mais preciso. Eles procuram caracterizar a especificidade do funcionamento da linguagem na esquizofrenia, a partir do mapeamento e análise de elementos teórico-clínicos encontrados em textos de Freud e Lacan. Generoso se baseou para a pesquisa nas noções freudianas de 1915 sobre "a palavra como coisa" e a "linguagem de órgão", bem como a concepção lacaniana de 1954 sobre "o simbólico como real" e a idéia dos anos 1970 sobre a exterioridade do esquizofrênico em relação ao laço social. Uma das principais características dessa pesquisa é que esses elementos foram exemplificados com vinhetas clínicas e o relato do esquizofrênico Louis Wolfson. O autor concluiu que quando a invasão em seu “eu” de pessoas esquizofrênicas se intensifica mais, alguns podem recorrer ao caderno. Talvez isso seja uma tentativa de dar um mínimo de materialidade que possa fixar algo diante de uma linguagem que se pulveriza facilmente, incidindo no corpo de forma a decompô-lo. REFERÊNCIA: GENEROSO, C. O funcionamento da linguagem na esquizofrenia: um estudo lacaniano. 2008. 137


Assistência de Enfermagem ao Paciente Portador de Esquizofrenia: o Desafio do Cuidado em Saúde Mental Em 2009, Ellen Filgueiras de Faria e Alessandra Maria Chicarelli pesquisavam sobre a “assistência de enfermagem ao paciente portador de esquizofrenia: o desafio do cuidado em saúde mental” com o objetivo de verificar qual a importância do auxílio de enfermagem aos indivíduos diagnosticados com esquizofrenia. Doença que, após a reforma psiquiátrica, foi assistida pela assistência ao portador de sofrimento mental pela saúde pública. A pesquisa foi construída pelo levantamento bibliográfico, por meio de 33 artigos científicos, livros e teses publicadas de 1983 até 2008. Estas fontes foram encontradas na biblioteca do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, e nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scielo. A partir das discussões e análises acerca do tema, conclui-se que há um processo de adaptação ainda em andamento por parte dos enfermeiros e profissionais da área da saúde para atender doenças que acometem a parte mental. Eles vêm se capacitando a fim de aprimorar seus conhecimentos, ampliar e aprender novas formas de abordagem, considerando a singularidade dos pacientes. Visto que os enfermeiros ainda enfrentam algumas dificuldades em lidar com os pacientes, por causa da complexidade da doença e seus sintomas. Assim, percebe-se que é papel do enfermeiro orientar os familiares a identificar e manejar os sintomas de forma a estimular o auto-cuidado, diminuindo o número e a gravidade das recaídas, visando proporcionar uma vida mais digna e respeitada. REFERÊNCIA: FARIA, E.; CHICARELLI, A. Assistência de enfermagem ao paciente portador de esquizofrenia: o desafio do cuidado em saúde mental. 2009. Avaliação Antropométrica e Bioquímica em Pacientes com Esquizofrenia Usuários de Clozapina Em 2009, Karine Zortea, Patrícia Martins Bock, Dolores Benites Moreno e Paulo Silva Belmonte de Abreu, pesquisaram a “avaliação antropométrica e bioquímica em pacientes com esquizofrenia usuários de clozapina” como objetivo de “avaliar a proporção de sobrepeso/obesidade e alterações em parâmetros bioquímicos sangüíneos em pacientes com esquizofrenia do sexo masculino, usuários de medicação antipsicótica (clozapina)”. Karine Zortea, Patrícia Bock, Dolores Moreno e Paulo de Abreu fizeram o uso do estudo transversal em 40 pacientes do sexo masculino, diagnosticados com esquizofrenia, em uso de clozapina, atendidos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde identificaram “as relações entre o índice de massa corporal, a circunferência abdominal, o percentual de gordura corporal, o perfil lipídico e o exame de glicose de jejum e a dosagem da medicação, o acompanhamento dietoterápico e a monoterapia de clozapina”. Os pacientes apresentaram frequências de 71,8% de sobrepeso/obesidade, 76,9% de circunferência abdominal aumentada e 94,1% de percentual de gordura elevada. Quanto maior a dosagem de clozapina utilizada, maiores foram os níveis de lipoproteína de baixa densidadecolesterol (p=0,01). Os autores concluem que pacientes tratados com clozapina apresentam aumento de peso e significante anormalidade lipídica, necessitando de monitoramento frequente dos níveis plasmáticos e intervenção nutricional precoce, visando à melhora do tratamento. REFERÊNCIA: ZORTEA, K. et al. Avaliação antropométrica e bioquímica em pacientes com esquizofrenia usuários de clozapina. 2009. Memória de Trabalho na Esquizofrenia e Sua Correlação com Habilidades de Funções Executivas Em 2009, Arthur Almeida Berberian, Alessandra Gotuzo Seabra, Bruna Tonietti Trevisan, Tais Silveira Moriyama, José Maria Montiel e José Ari Oliveira pesquisavam a “memória de trabalho na esquizofrenia e sua correlação com habilidades de funções executivas” com o objetivo era avaliar a memória de trabalho (MT) auditiva e visual de indivíduos com diagnostico de esquizofrenia, e também verificar as relações dessas habilidades com as funções executivas. Os estudos têm demonstrado que a esquizofrenia está associada a vários prejuízos cognitivos, porém, poucos estudos reproduziram novas pesquisas de padrões específicos de 138


déficits em amostras brasileiras de indivíduos com esquizofrenia. Isso incentivou esta pesquisa, que utilizaram 20 pacientes com esquizofrenia e 20 sujeitos saudáveis, iguais quanto a sexo, idade e escolaridade. As habilidades analisadas foram MT auditiva e visual, atenção seletiva, controle inibitório, flexibilidade cognitiva e planejamento. Os resultados obtidos demonstraram prejuízos em todas as áreas dos testes, menos em flexibilidade cognitiva e tempo de reação para controle inibitório. Concluiu-se que os déficits cognitivos são nucleares na esquizofrenia e nenhuma intervenção pode ser considerada eficiente a menos que considere essa característica central. REFERÊNCIA: BERBERIAN, A.; SEABRA, A.; TREVISAN, B.; MORIYAMA, T.; MONTIEL, J.; OLIVEIRA, J. Memória de trabalho na esquizofrenia e sua correlação com habilidades de funções executivas. 2009. A Vida Social de Pessoas com Diagnóstico de Esquizofrenia, Usuárias de um Centro de Atenção Psicossocial Publicado no ano de 2009 por Marciana Fernandes Moll e Toyoko Saeki, o artigo “A Vida Social de Pessoas com Diagnóstico de Esquizofrenia, Usuárias de um Centro de Atenção Psicossocial”, tem como objetivo investigar a vida social de pessoas com esquizofrenia usuárias do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e identificar como o processo terapêutico, oferecido pelo CAPS, colabora na vida social dessas pessoas. Eles consideram que o desenvolvimento deste estudo com os objetivos de investigar a vida social de pessoas com diagnóstico de esquizofrenia, usuárias de um Centro de Atenção Psicossocial e identificar como o processo terapêutico, oferecido pelo referido Centro, tem colaborado na vida social dessas pessoas. O transtorno psicótico em estudo se inicia entre a adolescência e o início da vida adulta jovem (geralmente entre 13 e 28 anos), trata-se de pesquisa do tipo descritivo-exploratório, desenvolvida segundo abordagem qualitativa. A descrição e exploração possibilitam a identificação de problemas, estabelecendo relações entre as variáveis que, à luz da análise teórica, aprimora o conhecimento do objeto de estudo. Observa-se, entretanto, que as relações parecem ocorrer apenas entre os pacientes e seus familiares, o que não possibilita a expansão da rede social dessas pessoas. Nesse sentido, mencionam que as trocas sociais não devem acontecer somente nos domicílios, mas também nas praças, nos mercados, na comunidade e nas redes sociais. Ao especificar a participação do paciente em eventos sociais, foram observadas algumas dificuldades, as quais podem ser identificadas por algumas de suas falas. REFERÊNCIA: MOLL, M.; SAEKI, T. et al. A vida social de pessoas com diagnóstico de esquizofrenia, usuárias de um centro de atenção psicossocial. 2009. Ácidos Graxos Ômega 3 e Tratamento da Esquizofrenia Em 2010, Juliane Costa Silva Zemdegs, Gustavo Duarte Pimentel e Margareth Rose Priel pesquisaram “ácidos graxos ômega 3 e tratamento da esquizofrenia” com o objetivo de revisar a eficácia do n-3 como coadjuvante no tratamento farmacológico da esquizofrenia. Eles consideram que “a esquizofrenia é uma desordem psiquiátrica complexa e debilitante cujo tratamento de base é realizado com medicamentos antipsicóticos. No entanto, evidências sugerem que a suplementação dietética com ácidos graxos ômega 3 (n-3) pode ser benéfica em diversas desordens psiquiátricas”. Os autores fizeram uso da pesquisa nas bases de dados eletrônicas Medline, Lilacs e SciELO. A estratégia de busca também incluiu a busca em árvore. Todos os estudos randomizados e controlados relevantes foram incluídos nesta revisão, independentemente do ano de publicação. Até o momento, foram divulgados seis estudos randomizados, duplo-cegos placebo controlados; cinco deles apresentaram resultados positivos na melhora dos sintomas da esquizofrenia, assinalando, ainda, superioridade do ácido graxo eicosapentaenoico (EPA) em relação ao ácido graxo docosaexaenoico. As principais características daquela pesquisa são que “em geral, o consumo de 2 g/dia de EPA conjuntamente com a medicação antipsicótica usual parece reduzir a sintomatologia da esquizofrenia, particularmente os sintomas positivos” onde aqueles autores concluem que “a terapia nutricional com EPA mostrou-se útil como coadjuvante no tratamento da esquizofrenia, e 139


sugere-se que os pacientes esquizofrênicos sejam encorajados a consumir refeições balanceadas e saudáveis ricas em EPA e, caso a quantidade ideal não seja atingida pela dieta, a suplementação pode ser benéfica.”. REFERÊNCIA: ZEMDEGS, J.; PIMENTEL, G.; PRIEL, M. Ácidos graxos ômega 3 e tratamento da esquizofrenia. 2010. Alterações Cognitivas na Esquizofrenia: Atualização Em 2010, Junior, M. Barbosa, I. Barbosa, Hara e Rocha pesquisaram sobre “alterações cognitivas na esquizofrenia”, com o objetivo de fazer uma atualização sobre o assunto. Eles afirmam que as alterações cognitivas são características centrais na esquizofrenia e que devem permanecer relativamente estáveis durante a vida do indivíduo que sofre do transtorno. Eles concluem que essas alterações têm relevância e estão presentes em todas as fases da doença. Usaram de instrumentos padronizados de avaliação para realizar a pesquisa e esperam que esse seja um padrão a ser seguido em outras pesquisas, já que assim existe a possibilidade de surgir abordagens terapêuticas eficazes, permitindo uma recuperação mais eficaz aos pacientes. REFERÊNCIA: JUNIOR, B.; BARBOSA, M.; BARBOSA, I.; HARA, C.; ROCHA, F. Alterações cognitivas na esquizofrenia: atualização. 2010. Atitudes e Representações da Sexualidade na Esquizofrenia Em 2010, Teresa Santos, António Marques e Cristina Queirós pesquisavam as “atitudes e representações da sexualidade na Esquizofrenia” com a pretensão de retratar acerca da sexualidade na esquizofrenia, explorando as suas implicações e o seu impacto na sintomatologia psicótica devido à satisfação ao nível dos relacionamentos afetivos e sexuais, que é indispensável para a qualidade de todas as pessoas. Um estudo realizado com 175 portugueses diagnosticados com esquizofrenia (MarquesTeixeira et al, 2007), verificou que quase 70% está dependente da família, 60% sofre de disfunção sexual e apenas 19% afirma ter relação afetiva com alguma pessoa. Isso aponta que a qualidade de vida destes indivíduos está longe do esperado. Os poucos estudos sobre esse tema demonstram que as pessoas esquizofrênicas ainda possuem menores taxas de casamento, fertilidade e fecundidade quando são comparadas as taxas populacionais (Terzian et al, 2006). Por isso, conclui-se então que a sexualidade destes indivíduos deve ser aceita, discutida e orientada, pois a intervenção procura responsabilizar e dotar os indivíduos de capacidades que melhorem o seu funcionamento e habilidade psicossocial. Os resultados foram obtidos com essas pessoas através de um questionário construído para o efeito, se copilar dados sobre a atividade sexual e representações sobre a sexualidade na doença mental. REFERÊNCIA: SANTOS, T.; MARQUES, A.; QUEIRÓS, C. Atitudes e representações da sexualidade na Esquizofrenia. 2010. Avaliação da Qualidade de Vida e Percepção de Mudança em Pacientes com Esquizofrenia Em 2010, Luciana Cesari e Marina Bandeira pesquisavam “avaliação da qualidade de vida e percepção de mudança em pacientes com esquizofrenia” com o objetivo de explorar os fatores ligados à qualidade de vida em pacientes diagnosticados com esquizofrenia, como sua percepção acerca dos tratamentos de saúde mental oferecidos a eles. O estudo foi realizado em Divinópolis, no Mato Grosso, com 72 indivíduos atendidos no Serviço de Referência em Saúde Mental. Foram utilizadas duas escalas, a Escala de Qualidade de Vida (QLS-BR) e a Escala de Mudança Percebida (EMP), e um questionário para entrevistar os pacientes individualmente, além de mais três análises de regressão linear múltipla, com a intenção de determinar a importância relativa dos fatores preditores da qualidade de vida. O resultado obtido na pesquisa foi de considerável prejuízo, com um escore médio global de 3,64; e a média de mudança global percebida por eles foi de 2,46. Os principais preditores da melhor qualidade de vida foram o escore global de mudança percebida e em subescalas os aspectos psicológicos e sono, ocupação e saúde física, além de condições como estar trabalhando, tomar a medicação sozinho e fazer uso de medicação somente via oral. Podendo-se concluir que a percepção de mudanças pelo próprio paciente é um elemento importante da Qualidade de Vida. 140


REFERÊNCIA: CESARI, L.; BANDEIRA, M. Avaliação da qualidade de vida e percepção de mudança em pacientes com esquizofrenia. 2010. O Consumo de Cannabis e o Risco de Esquizofrenia Em 2010, Santos, Matos, Fernandes e Brito pesquisaram sobre “o consumo de Cannabis e o risco de esquizofrenia”, com o objetivo de reunir e sintetizar evidências científicas sobre essa relação e identificar estratégias de intervenção para serem investigadas e até mesmo colocadas em prática. Eles afirmam que há correlações estatísticas de incidência da esquizofrenia com o consumo precoce de Cannabis. Os autores pesquisaram a incidência de esquizofrenia entre jovens consumidores de Cannabis de diversos países. Usaram da análise de conjuntos de trabalhos sobre o assunto, chegando à conclusão de que o uso da droga duplica o risco do primeiro surto esquizofrênico, devido a alterações de mecanismos neurais presentes no cérebro de ambos. Uma das principais características da pesquisa é de que ela procura por diferentes propostas de intervenção para a prevenção primária, a partir da saúde e da educação direcionada a jovens, pais e profissionais e a aplicação de ações legais e criminais ao consumo dessa determinada droga. Os autores concluem que os profissionais de saúde mental devem colocar em pratica intervenções para evitar o consumo de Cannabis entre adolescentes, para reduzir a incidência da esquizofrenia. REFERÊNCIA: SANTOS, E.; FERNANDES, E.; MATOS, G.; BRITO, M. O consumo de Cannabis e o risco de esquizofrenia. 2010. O Reconhecimento Emocional de Faces Por Pessoas com Esquizofrenia Em 2010, A. Marques, C. Queirós e T. Souto pesquisaram sobre “o reconhecimento emocional de faces por pessoas com esquizofrenia”, com o objetivo de avaliar a capacidade de reconhecimento emocional de faces em pessoas com Esquizofrenia, utilizando três emoções básicas significativas na interação social: cólera, tristeza e alegria e de testar a eficácia de uma nova metodologia/programa para o reconhecimento emocional. Marques, Queirós e Souto analisaram esse fato a partir de estudos recentes que apresentam a realidade virtual como uma metodologia com enormes potencialidades para a avaliação e treino de competências em pessoas com doença mental. Enquanto metodologia interativa, os ambientes virtuais promovem associações mais diretas com as tarefas cotidianas, e pelas características de imersividade, interatividade e envolvimento. Porém, o reconhecimento emocional de faces com recurso à realidade virtual é ainda pouco utilizado nas pessoas com esquizofrenia, mesmo que as características específicas das metodologias interativas de reconhecimento emocional apontam para um maior poder discriminativo (sensibilidade e eficácia), promovendo uma adequada avaliação da competência individual de expressão e reconhecimento de emoções. REFERÊNCIA: MARQUES, A.; SOUTO, T.; QUEIRÓS, C. O reconhecimento emocional de faces por pessoas com esquizofrenia. 2010. A Sobrecarga de Cuidadores de Pacientes com Esquizofrenia Em 2010, Marcelo Machado de Almeida, Virgínia Torres Schal, Alberto Mesaque Martins e Celina Maria Modena pesquisaram “a sobrecarga de cuidadores de pacientes com esquizofrenia”. Eles refletem: “a reforma psiquiátrica brasileira conduziu a novas práticas de assistência à saúde mental, associadas ao processo de desospitalização. Deixando os hospitais, os pacientes portadores de esquizofrenia passaram a ser tratados dentro da comunidade, e um novo sujeito passou a ganhar força nessa modalidade de tratamento: o cuidador”. Marcelo de Almeida, Virgínia Schal, Alberto Martins e Celina Modena fizeram uso de fatores de sobrecarga “utilizando metodologia qualitativa, apropriada para analisar o mundo dos significados, motivos, crenças, aspirações, valores e atitudes dos cuidadores” em “um total de 15 cuidadores, selecionados com base nos critérios de saturação e singularidade das falas no do interior de Minas Gerais” usando a análise na “perspectiva do método fenomenológico”. As principais características daquela pesquisa são que “as atividades da vida diária, as mudanças na rotina, a diminuição do lazer, os problemas de saúde, as preocupações, o medo de 141


adoecer, o custo do tratamento, aspectos financeiros e expectativas em relação ao futuro são importantes fatores de sobrecarga”, onde eles concluem que são “necessários programas de atendimento específicos para essa parcela da população, já que o discurso dos cuidadores apontou que o cuidado de pacientes com esquizofrenia pode impactar negativa e permanentemente as suas vidas.” REFERÊNCIA: ALMEIDA, M. et al. A sobrecarga de cuidadores de pacientes com esquizofrenia. 2010. Compreender o Crime na Esquizofrenia - Factores de Risco e Prevenção Em 2010, Filipa Maria Dias Moreira pesquisou “compreender o crime na esquizofrenia – fatores de risco e prevenção” com o objetivo de, através da revisão da literatura, concluir acerca da relação entre crime e esquizofrenia, e esclarecer também os fatores mediares da mesma. Ela ainda pretende abordar a forma de prevenção deste tipo de circunstância. Para a pesquisa, foram utilizadas três bases bibliográficas eletrônicas, e mais uma literatura selecionada na área da psiquiatria, o que confirmou um aumento da prevalência de crime na esquizofrenia em relação com a população no geral. A explicação para isto não contempla únicos fatores, mas também uma gama de variáveis que muitas das vezes podem ter influenciado antes, durante e depois da doença já ativa. A prevenção desta ocorrência deve ser especifica para o doente em questão, se adequando ao fator etiológico mais substancial, sem esquecer que na maior parte dos casos há um mediador envolvido. REFERÊNCIA: MOREIRA, F. Compreender o crime na esquizofrenia - factores de risco e prevenção. 2011. O Delírio na Perspectiva das Neurociências e da Terapia Cognitiva Em 2011, Barbosa e companhia pesquisa “o delírio na perspectiva das neurociências e da terapia cognitiva” com o objetivo de descrever a formação dos delírios na esquizofrenia a partir da perspectiva das neurociências e da terapia, fornecendo informações a respeito das alterações do pensamento a partir das contribuições das neurociências e da terapia cognitiva desse complexo fenômeno. (Barbosa, 2011). Barbosa e companhia utilizam em sua pesquisa a metodologia da análise crítica que permite avaliar os princípios que fundamentam os processos de formação dos delírios propostos por estudiosos do tema. O estudo será estruturado a partir dos aspectos conceituais da esquizofrenia, e discutidos nas estruturas e bioquímicas envolvidas neste transtorno na perspectiva das neurociências (Barbosa, 2011). Ao finalizarem a pesquisa, foi considerado que o transtorno é de origem multifatorial em que os fatores biológicos e ambientais parecem estar associados. É razoável propor estratégias terapêuticas mais eficazes no tratamento deste transtorno envolvendo a combinação de farmacoterapia, psicoterapia, orientação e suporte a familiares e pessoas próximas. Deve-se ressaltar também o papel da sociedade no processo de enfretamento do preconceito contra pacientes portadores de transtornos mentais graves (Barbosa, 2011). REFERÊNCIA: BARBOSA, R.; PADOVANI, R.; NEVES, M. O delírio na perspectiva das neurociências e da terapia cognitiva. 2011. O Estigma Atribuído Pelos Psiquiatras aos Indivíduos com Esquizofrenia Em 2011, Alexandre Andrade Loch, Michael Pascal Hengartner, Francisco Bevilacqua Guarniero, Fabio Lorea Lawson, Yuan-Pang Wang, Wagner Farid Gattaz e Wulf Rossler pesquisaram “o estigma atribuído pelos psiquiatras aos indivíduos com esquizofrenia” com o objetivo de avaliar as atitudes de psiquiatras brasileiros em relação aos indivíduos com esquizofrenia. Eles consideram que a literatura acerca da maneira como a população geral estigmatiza indivíduos com distúrbios mentais aumentou consideravelmente nas últimas décadas. Dos cerca de 6.000 participantes do Congresso Brasileiro de Psiquiatria em 2009, 1.414 psiquiatras concordaram em participar do estudo. Entrevistas face a face foram realizadas utilizando um questionário que avaliava o estigma em três dimensões: estereótipos, distância social e preconceito, onde a opinião sobre medicações psicotrópicas e tolerância aos efeitos colaterais também foi avaliada, e dados sociodemográficos e profissionais foram coletados. 142


As principais características daquela pesquisa são que psiquiatras brasileiros tenderam a estereotipar negativamente pessoas com esquizofrenia. Estereótipos negativos correlacionaramse com uma melhor opinião sobre medicações psicotrópicas e com maior tolerância a efeitos colaterais, onde aqueles autores concluem que os psiquiatras estigmatizam indivíduos com esquizofrenia e possivelmente têm certa dificuldade em admitir esse fato, e campanhas antiestigma para profissionais de saúde mental devem ser promovidas. REFERÊNCIA: LOCH, A.; HENGARTNER, M.; GUARNIERO, F.; LAWSON, F.; WANG, Y.; GATTAZ, W.; ROSSLER, W. O estigma atribuído pelos psiquiatras aos indivíduos com esquizofrenia. 2011. Esquizofrenia Não Pega Em 2011, Herculano publicou “Esquizofrenia Não Pega” com o objetivo de esclarecer ao publico que a esquizofrenia não é contagiosa. Desenvolver a doença depende de uma série de combinações genéticas e em geral um gatinho ambiental. Deve-se considerar, entretanto, que se houver uma infecção no começo da vida ou na gestação a probabilidade de ocorrer algo mais tarde é aumentada (Herculano, 2011). Herculano, ao publicar sua pesquisa, conclui que os genes deletérios podem não ser suficientes para causar a esquizofrenia. A proteína HERV-W está vinculada com 50% dos casos de esquizofrenia, e com isso ter essa proteína ativa não necessariamente causa a doença em questão. O HERV-W pode causar diversas doenças mentais, ele é um retrovírus presente em todas as pessoas em forma latente, que se despertado, pode causar a esquizofrenia; entretanto, esse fator não é o único fator para causar o desfecho da doença (Herculano, 2011). REFERÊNCIA: HERCULANO, S. Esquizofrenia não pega. Folha de São Paulo, São Paulo, 2011. A Fragmentação do Eu na Esquizofrenia e o Fenômeno do Transitivismo: Um Caso Clínico Publicado no ano 2011 por Loss Jardim, o artigo “A Fragmentação do Eu na Esquizofrenia e o Fenômeno do Transitivismo: Um Caso Clínico” tem o objetivo de buscar compreender a fragmentação do Eu no quadro clínico da esquizofrenia a partir de uma leitura psicanalítica. Ele considera que a identidade do sujeito precisa ser sustentada por uma referência que se encontra além da dimensão imaginária, o que implica a inscrição desse sujeito em um lugar no mundo simbólico, ou, em outros termos, no mundo das palavras. Apresenta-se o caso clínico de Julio, paciente esquizofrênico, que é um caso paradigmático para compreender essa sintomatologia, a partir do enquadre psicanalítico que pressupõe a existência de formações do inconsciente na organização psicopatológica da esquizofrenia. Desse modo, aplicamos aos pacientes com diagnóstico psiquiátrico de esquizofrenia a regra fundamental da psicanálise, a saber, a escuta de suas associações livres. O resultado é o desmoronamento da estrutura significante, produzindo a insustentabilidade do Eu e da imagem corporal, levando o psicótico a vivenciá-los de modo fragmentado e confundido com muitos outros. O psicótico fica na relação especular, na perspectiva do Eu ideal, se reconhecendo em qualquer outro, alienado a outro que é o seu Eu. Na alienação imaginária da psicose, particularmente na esquizofrenia, encontramos o sujeito capturado a este fenômeno fundamental do transitivismo, no qual o Eu é o outro. A imagem da forma do outro é assumida pelo sujeito. REFERÊNCIA: JARDIM, L. et al. A fragmentação do eu na esquizofrenia e o fenômeno do transitivismo: um caso clínico. 2011. Reabilitação Integrada na Esquizofrenia Em 2011, H. Sousa, S. Leite, A. Araújo, M. Machado e J. M. Teixeira pesquisaram sobre a “reabilitação integrada na esquizofrenia”, com o objetivo de avaliar a eficácia de um programa de reabilitação integrada em indivíduos com esquizofrenia, que inclui treino de competências sociais e cognitivas. Os autores utilizaram para a pesquisa pré-testes e pós-testes que avaliavam o desempenho cognitivo. Foi observada melhorias nos casos e domínios cognitivos avaliados, como as competências sociais e cognitivas. Uma das principais características dessa pesquisa é de que ela é um estudo de caso que vai de encontro com a literatura, em que “os resultados obtidos sugerem que uma intervenção 143


integrada, incluindo componentes neurocognitivos e de competências sociais, é uma forma eficaz de intervir em doentes com esquizofrenia”. Os autores concluem que um melhor desempenho cognitivo e social, ou seja, de auto eficácia resulta em maior autonomia do paciente. REFERÊNCIA: SOUSA, H.; LEITE, S.; ARAUJO, A.; MACHADO, M.; TEIXEIRA, J. M. Reabilitação integrada na esquizofrenia. 2011. Atitudes de Profissionais de Saúde Mental em Relação a Andivíduos com Esquizofrenia: Uma Comparação Transcultural Entre Suíça e Brasil Em 2012, Michael Pascal Hengartner, Alexandre Andrade Loch, Fabio Lorea Lawson, Francisco Bevilacqua Guarniero, Yuan-Pang Wang, Wulf Rösslere Wagner Farid Gattaz, pesquisavam “atitudes de profissionais de saúde mental em relação a indivíduos com esquizofrenia: uma comparação transcultural entre Suíça e Brasil”, com o objetivo de comparar as atitudes dos profissionais da área da saúde mental em países de culturas diferentes, como o Brasil e Suíça. Nesta pesquisa, foram analisadas duas grandes pesquisas sobre os dois países escolhidos, focando no desejo de distância social em relação à indivíduos com o diagnóstico da esquizofrenia e as atitudes dos profissionais da saúde mental com relação à aceitação de efeitos colaterais do tratamento psicofarmacológico, que trata as alterações psíquicas diversas da ordem do humor, cognição, comportamento, psicomotricidade e personalidade com relação ao uso de substâncias psicoativas. Os profissionais da Suíça apresentaram níveis significativamente mais altos de distância social em comparação com os brasileiros. A aceitação dos profissionais suíços a efeitos colaterais de longa duração foi significativamente maior do que as do Brasil, na exceção do risco de dependência de psicotrópicos. Devido a isso, concluiu-se que o Brasil é bastante heterogêneo em termos de estrutura étnica e socioeconômica. A aceitação de efeitos colaterais pode também estar relacionada com os medicamentos mais sofisticados utilizados pelos suíços. REFERÊNCIA: HENGARTNER, M.; LOCH, A.; LAWSON, F.; GUARNIERO, F.; WANG, Y.; ROSSLER, W.; GATTAZ, W. Atitudes de profissionais de saúde mental em relação a indivíduos com esquizofrenia: uma comparação transcultural entre Suíça e Brasil. 2012. Cannabis na Adolescência e Esquizofrenia – o que os Jovens Devem Saber Na pesquisa “Cannabis na Adolescência e Esquizofrenia – o que os Jovens Devem saber” feita por Carmen Flora Xavier de Oliveira em 2012, tem o objetivo de realizar um diagnóstico da situação acerca do conhecimento dos jovens sobre a cannabis e sua relação com esquizofrenia, visto que em Portugal, de 2001 a 2007; foi registrado um aumento do consumo de cannabis de 12,4% para 17% na população jovem adulta (IDT, 2008). Por meio de um estudo de caráter descritivo e exploratório, baseado em uma amostra aleatória estratificada, feita por discentes do 2º e 3º ciclo e secundário das escolas da área de abrangência do Centro de Saúde de Celas, totalizando 688 alunos. Os dados foram obtidos por meio de um questionário de autopreenchimento. Por meio da pesquisa realizada, concluiu-se que ainda há uma carência muito grande acerca da relação entre o consumo de cannabis e a ocorrência mais frequente e precoce de esquizofrenia. Além disso, foi possível perceber que ações educativas para a saúde são eficazes na aquisição de conhecimento e na mudança de algumas atitudes e comportamentos dos jovens. REFERÊNCIA: OLIVEIRA, C. Cannabis na adolescência e esquizofrenia – o que os jovens devem saber. 2012. Esquizofrenia e Família: Repercussões nos Filhos e Cônjuge Em 2012, José Carlos Marques de Carvalho pesquisava “Esquizofrenia e família: repercussões nos filhos e cônjuge” com o objetivo de estudar as repercussões da esquizofrenia nos filhos com idades de 6 a 18 anos, com contato regular com o progenitor doente. A pesquisa baseou-se num estudo de natureza quantitativa, analítico e descritivo. A amostra foi feita com 38 famílias, sendo destas, 25 cônjuges, 50 filhos e 38 doentes com 144


esquizofrenia. Os dados foram recolhidos a partir de um questionário composto por duas partes, uma sociodemográfica e outra com escalas de avaliação. Os resultados evidenciam que além das dificuldades de ter um progenitor com a doença, as crianças do Grupo em Estudo (GE) estão expostas a um maior número de fatores de vulnerabilidade e risco, como reprovações, acompanhamento por Pedopsiquiatria, recurso a psicofármacos – que torna necessária a realização de abordagens integradas para a esquizofrenia, incluindo todos os elementos da família, de modo a prevenir eventuais repercussões do processo saúde doença, além de reforçar a importância de continuar a desenvolver pesquisas neste âmbito. REFERÊNCIA: CARVALHO, J. Esquizofrenia e família: repercussões nos filhos e cônjuge. 2012. Percepção dos Familiares de Pessoas com Esquizofrenia Acerca da Doença Em 2010, Janmille Morais Xavier, Eliane Magalhães de Brito, Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu, Thereza Maria Magalhães Moreira, Lucilane Maria Sales da Silva e Silvânia Maria Mendes Vasconcelos pesquisavam a “percepção dos familiares de pessoas com esquizofrenia acerca da doença”, com o objetivo de conhecer a noção dos familiares dos indivíduos diagnosticados com esquizofrenia acerca da doença. Nesta pesquisa, eles utilizaram o método descritivo, de natureza qualitativa, com 10 familiares que tinham um indivíduo que possuía diagnóstico de esquizofrenia atendido pelo CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), de um munícipio do Ceará, no Brasil. Os discentes analisaram o conteúdo e classificaram os resultados em categorias, sendo estas: a identificação da esquizofrenia no indivíduo, o tratamento da doença, as dificuldades enfrentadas pelas famílias e a busca pela qualidade de vida do indivíduo. A partir disso, concluíram que há uma grande lacuna no conhecimento por parte dos familiares desta patologia, que poderia ser desenvolvida e esclarecida pelos profissionais da saúde, e da área, além de maior abertura para dialogar com os próprios pacientes. O que pode servir para intervenção e ações que visem contribuir nesse aspecto, dando-lhes apoio e suporte para suas qualidades de vida. REFERÊNCIA: XAVIER, J.; BRITO, E.; ABREU, R.; MOREIRA, T.; SILVA, L.; VASCONCELOS, S. Percepção dos familiares de pessoas com esquizofrenia acerca da doença. 2012. As Perturbações da Subjetividade no Contexto da Esquizofrenia e do Autismo Durante os anos de 2011 e 2012, Tomé Pinhão de Sousa pesquisava sobre “as perturbações da Subjetividade no contexto da Esquizofrenia e do Autismo” com o objetivo de salientar os principais progressos das neurociências na correspondência efetiva das áreas anatômicas, fisiológicas, comportamental e mental, em conjunto com a relação entre a estrutura neural, a organização cerebral, suas funções com o psiquismo, além das alterações recorrentes, segundo as irregularidades da leitura da mente e aquisição da consciência. Concluiu-se que os indivíduos esquizofrênicos, por não terem todos os seus aspectos particulares de sua vida mental em conformidade com o padrão de normalidade sociocultural de determinado povo, são vistos pela sociedade como “seres estranhos” de face ininteligível visto às vezes como reprovável ou até admirável. Foram classificadas 4 categorias para subscrever a situação: desordens na personalidade, desordens na atividade do pensamento, desordens na afetividade e no humor e desordens na conduta. REFERÊNCIA: SOUSA, T. As perturbações da Subjetividade no contexto da Esquizofrenia e do Autismo. 2012. Reconhecimento Emocional de Faces em Pessoas com Esquizofrenia: Impacto das Pistas Contextuais Em 2012, A. Silva pesquisou sobre o reconhecimento emocional de faces em pessoas com esquizofrenia: impacto das pistas contextuais, ela considerou que a esquizofrenia envolve diversos sinais e sintomas, sendo um deles a dificuldade de reconhecimento facial, o que impacta na funcionalidade psicossocial destas pessoas. Silva pesquisou sobre o déficit em uma amostra de 12 pessoas com diagnóstico de esquizofrenia integrado em uma associação comunitária de reabilitação psicossocial do norte de Portugal. Todos os participantes estavam medicados com fármacos antipsicóticos. O estudo 145


envolveu duas tarefas de reconhecimento emocional de faces (alegria, medo, tristeza, nojo, raiva e surpresa). Durante a pesquisa foram recolhidos dados eletroencefalográficos relativos ao power (qEEG) da atividade alfa na região frontal (elétrodos F3 e F4). Assim a autora conclui que na maioria dos resultados obtidos pelos dados da eletroencefalografia, não foi apresentada consistência relativa à existência de lateralização cerebral conforme a valência do estímulo emocional; porém, os pacientes se beneficiaram das dicas do contexto. REFERÊNCIA: SILVA, A. C. Reconhecimento emocional de faces em pessoas com esquizofrenia: impacto das pistas contextuais. Dissertação de mestrado, 2012. A Técnica de Rorschach e os Critérios da CID-10 para o Diagnóstico da Esquizofrenia Ana Cristina Resende e Irani Iracema de Lima Argimon pesquisaram sobre a técnica de Rorschach e os critérios da CID-10 para o diagnóstico da esquizofrenia com o objetivo de indicar “padrões de inter-relação entre diferentes modelos de avaliação de distúrbios psíquicos, a fim de que se possam apontar pontos de convergência e divergência entre os mesmos, avançando desse modo em questões conceituais.”. Os autores fizeram a correlação a partir de 80 pacientes diagnosticados com esquizofrenia pela CID-10, internados em hospitais psiquiátricos em Goiânia, sendo que 7 grupos apresentaram a correlação com as variáveis distintas do Rorschach. Assim os autores concluem que essas variáveis de diagnostico não se sobrepõem e “são importantes às pesquisas que indiquem padrões de inter-relação entre diferentes modelos de avaliação de distúrbios psíquicos” para que assim seja possível encontrar pontos de convergência e divergência, possibilitando avanços conceituais. REFERÊNCIA: RESENDE, A. C.; ARGIMON, I. A técnica de Rorschach e os critérios da CID-10 para o diagnóstico da esquizofrenia. 2012. Cuidar da Pessoa com Esquizofrenia em Processo de Reabilitação Psicossocial Em 2013, o autor Bruno Manuel Romão Silva escreveu o artigo “Cuidar da Pessoa com Esquizofrenia em Processo de Reabilitação Psicossocial”. Ele explica que o ensino clínico permitiu a ele prestar cuidados de enfermagem especializados a 16 homens com esquizofrenia em processo de reabilitação psicossocial. “Foram desenvolvidos 4 programas de intervenção: consulta de enfermagem de saúde mental e psiquiatria (CESMP); atelier de estimulação cognitiva (AEC); programa de desenvolvimento de competência intrapessoais, interpessoais e profissionais (PDCIIP); programa de psicoeducação (SABER+). De uma forma geral, todos registraram ganhos: no desempenho cognitivo (em particular os que beneficiaram do AEC); na adaptação psicossocial – nomeadamente ao nível do insight; os reabilitandos que beneficiaram do programa SABER+ melhoraram ainda os comportamentos demonstrados de aceitação do estado de saúde; no bemestar psicológico – nomeadamente ao nível da autoestima (sobretudo os que beneficiaram da CESMP e/ou do PDCIIP), dos afetos positivos e dos comportamentos de motivação; nos vários domínios da qualidade de vida (QdV) medidos pelo WHOQOL-Bref em particular o domínio ambiental; todos elevaram o seu nível de conhecimentos nos 3 eixos em que que se estruturou o programa de psicoeducação (processo da doença, cuidados na doença, tratamento da doença); na adesão à medicação, sobretudo os que integraram o programa de psicoeducação, contudo todos tendem a necessitar de ajuda parcial para conseguir demonstrar conhecimento no cumprimento do esquema terapêutico e estão envolvidos em treinos supervisionados de preparação e autoadministração”. REFERÊNCIA: SILVA, B. Cuidar da pessoa com esquizofrenia em processo de reabilitação psicossocial. 2013. Disfunção Executiva na Esquizofrenia: Estudo de Caso no Contexto Em 2013, Nathalie Ribeiro dos Santos pesquisava sobre “disfunção executiva na esquizofrenia: estudo de caso no contexto”, com o objetivo de propor um trabalho diferente, baseado no Modelo da Penetração (Roderet al., 2001), com um participante de 52 anos com esquizofrenia paranoide. 146


Por meio de uma intervenção no contexto, pretendeu-se modificar os comportamentos do indivíduo, seu ambiente, hábitos e assim, suas competências sociais, intervindo a nível neurocognitivo, isto é, molecular, mais precisamente no funcionamento executivo do doente. Concluiu-se que os resultados demonstraram uma melhoria significativa da qualidade de vida do sujeito, avaliada pelo recurso ao WHOQOL, em relação à satisfação do doente com o ambiente em que reside. Apesar de nem todos os resultados serem os esperados, sabe-se que houve sucesso em alterar alguns dos hábitos do paciente e na implementação de um novo estilo de vida, mais saudável. REFERÊNCIA: SANTOS, N. Disfunção executiva na esquizofrenia: estudo de caso no contexto. Repositório Aberto da Universidade do Porto, p. 1-49, 2013. Rede de Apoio Social de Pacientes com Diagnóstico de Esquizofrenia: Estudo Exploratório Em 2012, Tereza Efigênia Pessoa Morano Macêdo, Cibelle Antunes Fernandes e Ileno Silva da Costa, pesquisavam sobre “rede de apoio social de pacientes com diagnóstico de esquizofrenia: estudo exploratório”, como o objetivo do artigo, eles analisaram pacientes de um Centro de Atenção Psicossocial ll, conhecido como CAPS II, do Distrito Federal através da Análise de Redes Sociais (ARS). A esquizofrenia, foco da pesquisa, é considerada um transtorno psíquico grave, com relativa frequência e de suma importância clínica, pois segundo estudos de Barlow e Durand (2008), atinge cerca de 0,2 a 1,5% da população mundial, e a expectativa de vida dessas pessoas é um pouco menor devido a incidência de suicídio e outros fatores. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a esquizofrenia é o principal transtorno mental por ter causas ainda desconhecidas largamente, pois envolvem diversos aspectos. O método utilizado pelos discentes para firmar sua pesquisa foi por meio da análise de dados de apoio social com procedência na família, amigos, profissionais da área de saúde, na comunidade e também em outros ambientes como trabalho e escola. A partir disso, concluiu-se que muitos dos esquizofrênicos retribuem mais apoio para os familiares, pois desenvolvem vínculos mais íntimos, fato este que instiga os outros envolvidos a uma mudança em relação a isso. Além disso, essa reciprocidade é vista como uma possibilidade de proposta para os profissionais que atuam nos CAPS, com o objetivo de consolidar relações além do meio familiar. O que poderia contribuir na promoção da saúde, bem-estar, qualidade de vida e a reabilitação psicossocial destes pacientes. REFERÊNCIA: MACÊDO, T.; FERNANDES, C.; COSTA, I. Rede de apoio social de pacientes com diagnóstico de esquizofrenia: estudo exploratório. Scielo, Natal, vol. 18, n° 4, out. 2013. Transtorno Esquizoafetivo. Quanto Pertence à Esquizofrenia? Quanto Pertence ao Transtorno Bipolar? Publicado no ano de 2013 por Lermanda, Holmgren, Soto-Aguilar e Sapag, o artigo “Transtorno Esquizoafetivo. Quanto Pertence à Esquizofrenia? Quanto Pertence ao Transtorno Bipolar?”, teve como objetivo considerar uma entidade mista entre esquizofrenia e transtorno bipolar e um subtipo de transtorno bipolar. Consideram que essa psicose ocorre com instabilidade emocional, distorção da realidade e, em alguns casos, com a presença de falsas impressões sensoriais. São pacientes jovens, com idades entre 20 e 30 anos, que possuem ajuste social premórbido adequado e inteligência normal ou superior, que apresentam psicose de início súbito, geralmente precedida de um estado de depressão latente e com antecedentes de um evento de vida estressante significativo que atua como um gatilho. Os dois principais sistemas de classificação utilizam o diagnóstico apoiado apenas por critérios puramente descritivos, permanecendo no escuro se houver, por trás desse diagnóstico, a coexistência simultânea de duas doenças diferentes, a expressão de um continente entre as duas principais entidades clínicas de psiquiatria, ou uma patologia separada das anteriores. Os resultados inferem uma contínuidade genética da esquizofrenia e do transtorno bipolar, situando o transtorno esquizoafetivo em um local intermediário, porém não há concordância entre os resultados da pesquisa genética e os estudos neuropsicológicos para resolver a nosologia do transtorno esquizoafetivo. Sua conclusão é que seus critérios de 147


classificação atuais são insuficientes para delimitar o transtorno esquizoafetivo, devido à sua sobreposição diagnóstica com esquizofrenia e psicoses afetivas. Os sintomas psicóticos da primeira ordem observam mais classificações inespecíficas do que os sintomas cognitivos e negativos para diferenciá-la da esquizofrenia. REFERÊNCIA: LERMANDA, V.; HOLMGREN, D.; SOTO-AGULIAR, F.; SAPAG, F. et al. Schizo affective disorder. How much belongs to schizophrenia? How much belongs to bipolar disorder?. Rev.CHIL NEURO-PSIQUIAT, Santiago, v.51, março, 2013. Corpo-escrita na Esquizofrenia Em 2014, Marina Bialer pesquisou sobre corpo-escrita na esquizofrenia, com o objetivo de abordar a importância para a esquizofrenia do trabalho escrito. Ela se baseia na formulação Lacaniana de que o esquizofrênico não tem as funções dos órgãos do seu corpo dadas pelos discursos estabelecidos. Bialer pesquisou a influência da escrita no tratamento da doença, a partir do estudo da obra do escritor esquizofrênico Robert Walser. A partir desse estudo a autora percebe que é evidente a “viabilidade da construção de um corpo pela escrita na esquizofrenia” (Bialer, 2014). Portanto, conclui que a hipótese, colocada no início do artigo, de que o trabalho sobre a letra pode permitir o tratamento do gozo debordante na esquizofrenia, pode ser confirmada. (Bialer, 2014). REFERÊNCIA: BIALER, M. Corpo-escrita na esquizofrenia. 2014. Os Elementos da Loucura Em 2014, Baima pesquisa “os elementos da loucura” com o objetivo de ligar a causa e influência da esquizofrenia a elementos químicos. Ouve uma controvérsia já que foi percebido que o nível dos elementos químicos em alguns pacientes esquizofrênicos foi maior enquanto em outros o nível dos mesmos elementos foi menos que a taxa normal. Tais elementos são o zinco e o potássio (Baima, 2014). Baima realiza a pesquisa no Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ e no Instituto D’Or de Pesquisa do Ensino, esses locais colheram células da pele de um paciente esquizofrênico e as fizeram regredir ao estágio de células-tronco por meio de técnicas de reprogramação genética. A partir dessa tecnologia, conseguiram identificar nas células analisadas todos os traços de elementos químicos que há nas mesmas (BAIMA, 2014). Como resultado contatou-se que o estresse oxidativo faz com que as células cerebrais do paciente esquizofrênico tenham uma quantidade de zinco cerca de três vezes maior que á uma pessoa comum, causando uma elevação no nível de potássio. Como consequência a comunicação entre as células fica alterada explicando assim os sintomas típicos da esquizofrenia como alucinações, depressão, déficit cognitivo todos originados de disparos neurais que a quantidade dos elementos em questão causam. (Baima, 2014). REFERÊNCIA: BAIMA, C. Os elementos da loucura. O Globo, Rio de Janeiro, 2014. Avaliação da Eficácia da Eletroconvulsoterapia Contínua Para Esquizofrenia Resistente ao Tratamento Publicado em 2014 por Gul, Eryilmaz, Sayar, Ozten, Arat e Tarhan, o artigo "Avaliação da Eficácia da Eletroconvulsoterapia Contínua Para Esquizofrenia Resistente ao Tratamento". O objetivo deste estudo é avaliar a eficácia da continuação ECT na prevenção da recaída em pacientes com esquizofrenia resistente ao tratamento. Eles pensam que o mecanismo exato da ECT não está claro, mas existe uma ampla gama de teorias quanto à sua eficácia. Alguns deles são: a teoria amnésica; a teoria do sistema nervoso autônomo; a teoria neuro-humoral; a teoria anticonvulsivante; e a teoria do sistema neuroendócrino. De acordo com essas teorias, ECT aumenta a sensibilidade do receptor em caminhos dopaminérgicos e noradrenérgicos e rotatividade de serotonina; também ativa as vias monoaminérgicas que se estendem dos centros diencefálicos ao hipotálamo e às regiões límbicas. A idade média do grupo AP foi de 31,92 ± 7,82 anos, a idade média do grupo AECT + AP foi de 31,82 ± 6,65 anos ea idade média do grupo a + cECT + AP foi de 34,79 ± 9,80 anos. Os arquivos de 255 pacientes que foram diagnosticados com esquizofrenia de acordo com DSM IV-TR entre janeiro de 2012 e março de 2013 após avaliação psiquiátrica no Hospital de 148


Psiquiatria da Universidade de Uskudar, NP, e hospitalizados, e acompanhados ambulatoriamente após a alta foram avaliados retrospectivamente. Nesta análise retrospectiva, pacientes com esquizofrenia (n = 73) foram alocados em três grupos: pacientes que receberam apenas o tratamento AP (somente AP), pacientes que receberam um curso agudo de ECT durante a hospitalização (aECT+AP) e pacientes que receberam um curso agudo de ECT durante a hospitalização e ECT de continuação (a-cECT+AP). Esses três grupos foram comparados de acordo com a pontuação atribuída na Positive and Negative Syndrome Scale (PANSS) e na Brief Psychiatric Rating Scale (BPRS) De acordo com a comparação dos grupos, somente em AP, aECT+AP e a+cECT+AP, em termos de PANSS e BPRS, após descarga no primeiro, terceiro e sexto mês, as pontuações na PANSS no terceiro e sexto mês no grupo a+cECT+AP foram estatística e significativamente menores do que nos outros dois grupos. Apesar dos limites do método (estudo retrospectivo de arquivos médicos), este estudo sugere que, em pacientes com diagnóstico de esquizofrenia que responderam a um curso ECT, o ECT em combinação com antipsicóticos é mais eficaz do que os antipsicóticos na prevenção da recaída. No entanto, estudos longitudinais prospectivos são necessários para confirmar esses achados. REFERÊNCIA: GUL, I.; ERYLMAZ, G.; SAYAR, G.; OZTEN, E.; ARAT, M.; TARHAN, N. et al. Evaluation of the efficacy of the continuation electroconvulsive therapy in treatment-resistan tschizophrenia. 2014. Revisão Sistemática Para Avaliar a Eficácia do Uso da Risperidona no Tratamento de Manutenção da Esquizofrenia Em 2014, Rayssa Cássia Nascimento, Fernanda Cristelli Costa de Lima, Eliane de Sá Lopes Lomez e Juliano Gaspar pesquisaram a “revisão sistemática para avaliar a eficácia do uso da risperidona no tratamento de manutenção da esquizofrenia” como objetivo de realizar uma revisão sistemática para avaliar a eficácia da Risperidona de ação prolongada como antipsicótico para tratamento de manutenção da esquizofrenia. Rayssa Nascimento, Fernanda Lima, Eliane Lomez e Juliano Gaspar pesquisam o uso do antipsicótico Risperidona, que o caracteriza como uma droga com menos efeitos extrapirimidais, e tem sido recentemente inserida no tratamento de manutenção da esquizofrenia, transtorno psicológico que afeta cerca de 1% da população mundial, por seus bons resultados, usando artigos que abordam o tratamento de indivíduos esquizofrênicos com Risperidona, segundo critérios de inclusão e exclusão. As principais características daquela pesquisa são que todos os artigos envolvidos nesta revisão sistemática demonstram a eficácia do antipsicótico Risperidona no tratamento de manutenção da esquizofrenia, onde os autores concluem que, sobretudo a superioridade qualitativa da resposta quando a formulação farmacêutica é a de longa duração. REFERÊNCIA: NASCIMENTO, R.; LIMA, F.; LOMEZ, E.; GASPAR, J. Revisão sistemática para avaliar a eficácia do uso da risperidona no tratamento de manutenção da esquizofrenia. 2014. Vida Cotidiana, Afetividade e Esquizofrenia: Um Estudo em Adultos Portugueses Em 2014, Teresa Freire e Catarina Iglésias pesquisavam sobre “vida cotidiana, afetividade e esquizofrenia: um estudo em adultos portugueses”, com o objetivo do artigo elas deram ênfase na dimensão afetiva da experiência com o propósito de analisar as experiências da vida diária quem possui o diagnóstico de esquizofrenia. Seus estudos foram baseados na observação de 14 pessoas com no mínimo três anos de diagnóstico do transtorno, com estabilidade do ponto de vista médico para viver um contexto além do hospitalar, sendo assim, alvos de projetos para reabilitação profissional. Os dados foram recolhidos partir da metodologia Experience Sampling Method - ESM (Larson &, Csikszentmihali, 1983), que permitiu avaliar o dia a dia destes indivíduos pelo preenchimento de um questionário de autorrelato em situações naturais de vida, ao longo dos dias. As discentes concluíram que os estados afetivos negativos e positivos dos indivíduos estão relacionados com o fato de estarem sozinhas ou acompanhadas por alguém. E segundo elas 149


“olhar para a esquizofrenia pela lente da Psicologia Positiva é, sem dúvida, abrir novas perspectivas de análise e compreensão desta patologia”. O estudo pretende dar auxílio ao aumento da compreensão que envolve a experiência cotidiana destas pessoas, contribuindo para a elaboração e execução de diversas formas de intervenções em indivíduos com diagnóstico de esquizofrenia. Elas visam a criação de estruturas comunitárias que promovam atividades integradas de reabilitação, que estejam estruturadas ao desenvolvimento, promovendo também as interações sociais, por meio de suas pesquisas. REFERÊNCIA: FREIRE, T.; IGLÉSIAS, C. Vida cotidiana, afetividade e esquizofrenia: um estudo em adultos portugueses. Scielo, Maringá, vol. 19, n° 4, out. 2014. Esquizofrenia e o Uso de Álcool e Outras Drogas: Perfil Epidemiológico Em 2014, Silveira, Oliveira, Viola, Silva e Machado pesquisaram sobre a “esquizofrenia e o uso de álcool e outras drogas: perfil epidemiológico” com o objetivo de caracterizar o perfil sociodemográfico e clínico de pacientes esquizofrênicos e dependentes de álcool e outras drogas. Os autores configuram o artigo como estudo epidemiológico descritivo, observacional e retrospectivo. Os autores realizaram sua pesquisa com usuários de um Centro de Atenção Psicossocial III do Centro-Oeste de Minas Gerais, Brasil, no período julho de 1997 a julho de 2013. A amostra foi composta por 1.618 pacientes e os principais resultados encontrados foram: prevalência do sexo masculino (60,4%) e da faixa etária de 21 a 30 anos (48,2%), abuso mais expressivo de álcool (35,6%) e de canabinóides (29,5%) e diagnóstico mais frequente de esquizofrenia paranoide (41,7%). A principal característica dessa pesquisa é compreender os fatores associados à coexistência dessas duas patologias, de abuso de álcool e cannabis e a esquizofrenia. Essa pesquisa pode fornecer subsídios para a criação de estratégias intervencionistas que visem melhorar o prognóstico desses pacientes. REFERÊNCIA: SILVEIRA, J.; OLIVEIRA, R.; VIOLA, B.; SILVA, T.; MACHADO, R. Esquizofrenia e o uso de álcool e outras drogas: perfil epidemiológico. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, Fortaleza, vol. 15, núm. 3, pp. 436-446, mai./jun., 2014. A Experiência Subjetiva do Uso de Psicotrópicos na Perspectiva de Pessoas com Diagnóstico de Esquizofrenia No ano de 2015, Bernini e companhia publicaram “A Experiência Subjetiva do Uso de Psicotrópicos na Perspectiva de Pessoas com Diagnóstico de Esquizofrenia” com o objetivo de apresentar à população a experiência subjetiva de um indivíduo esquizofrênico em relação ao uso de psicotrópicos. Pesquisas mostram que em uma amostra de 430 sujeitos, 80% deles foram encaminhados ao medico psiquiatra. (Bernini, 2015). Bernini e companhia realizam pesquisas nas cidades de Campinas, Salvador e Rio de Janeiro na população que usa medicamentos para esquizofrenia. Utilizam-se da análise de narrativas para formularem o seu trabalho. Trata-se de um estudo quantitativo, possuindo bases fenomenológicas hermenêuticas ou interpretativas. Esses estudos têm como matriz a narrativa, experiência e conhecimento da população em questão. (Bernini, 2015). A conclusão chegada por essas pesquisas foi a de que as experiências dos usuários de medicamentos são diferenciadas e, por essa causa, há uma variedade de respostas para o uso de medicamentos. Muitos dos pacientes vão possuir experiências positivas ou negativas dependendo de como recebem o diagnostico de sua doença, a maneira como cada um compreende o que está associado ao uso da medicação e a relação do paciente com o seu medico e familiares. (Bernini, 2015). REFERÊNCIA: BERNINI, I., LEAL, E. A experiência subjetiva do uso de psicotrópicos na perspectiva de pessoas com diagnóstico de esquizofrenia. Rev. latinoam. psicopatol. fundam. Vol.19 no. 1 São Paulo Jan./Mar. 2016. Psicose e Esquizofrenia: Efeitos das Mudanças nas Classificações Psiquiátricas Sobre a Abordagem Clínica e Teórica das Doenças Mentais 150


Publicado em 2016 por Tenório, o artigo "Psicose e Esquizofrenia: Efeitos das Mudanças nas Classificações Psiquiátricas Sobre a Abordagem Clínica e Teórica das Doenças Mentais" tem como objetivo indicar de maneira útil para o trabalho dos profissionais da saúde mental a validade clínica da divisão entre neurose e psicose, seu alto poder de orientação prática, e, sobretudo, a necessidade de perseguirmos um entendimento profundo do que é a psicose como condição psicopatológica que define não um “a menos” no funcionamento mental, mas uma lógica específica de funcionamento de um sujeito em face das exigências da vida e da subjetividade. Ele considera os delírios e alucinações menos importantes do que a cisão profunda do funcionamento mental e afetivo. Essa nova inflexão virtualmente impediu que, dali em diante, se abordasse a psicose como uma estrutura ou um funcionamento mental de fundo, do qual essas manifestações não são os únicos sintomas, nem os mais importantes. Um transtorno mental é uma síndrome caracterizada por uma perturbação clinicamente significativa de um indivíduo, sendo normalmente associado com dificuldade ou inabilidade nas atividades sociais, ocupacionais ou outras que sejam importantes. Com instrumento usado pelo critério da evolução (método clínico-evolutivo), Kraepelin pôde reconhecer “analogias íntimas” entre as duas doenças: “a emergência na segunda idade, a desagregação psíquica, a indiferença afetiva e, por fim, a terminação mais ou menos rápida pela demência” (Nobre de Melo, 1979, p. 238). Bleuler, Henri Ey afirma que a esquizofrenia se desenvolve por uma vertente “negativa” ou deficitária de dissociação – a síndrome de dissociação – e por uma síndrome secundária “positiva” de produção de ideias, percepções, sentimentos e atividade delirante, com características do autismo, tomado como a “atitude particular do esquizofrênico”, a “própria característica da psicose esquizofrênica” (Ey, Bernard, Brisset, s. d., p. 585). As consequências da redução formal da psicose à esquizofrenia é que parece restar como a última noção da psiquiatria que talvez ainda possa presentificar para a sociedade o peso simbólico, a marca de gravidade da loucura, pelo menos enquanto não for inteiramente neutralizada, como noção e mistério, pela perspectiva biológico-cognitiva. Ao se reduzir a psicose a um quadro deficitário ou à ocorrência acessória de delírios e alucinações, além de se produzir um desconhecimento clínico dessa condição, produz-se uma operação que a afasta de nossa própria condição. Para fazer frente a isso, é preciso que o saber prático e teórico construído em torno e a partir da noção de “psicose” continue a ser desenvolvido por aqueles que se interessam pela loucura não como transtorno, como desordem que pode ser regulada, mas como fenômeno que ilumina os fundamentos e interroga os limites e contradições da condição humana. REFERÊNCIA: TENÓRIO, F. et al. Psicose e esquizofrenia: efeitos das mudanças nas classificações psiquiátricas sobre a abordagem clínica e teórica das doenças mentais. Rev. História, Ciências, Saúde-Manguinhos; Rio de Janeiro, v.23, Oct./Dec. 2016. Cientistas Brasileiros Desenvolvem Método para Diagnosticar Esquizofrenia Mais Rápido Em 2017, Santos publica “Cientistas Brasileiros Desenvolvem Método para Diagnosticar Esquizofrenia Mais Rápido”. Tais cientistas constatam que o novo exame tem como principal benefício para o paciente uma avaliação mais completa e objetiva, já que possui mais de 90% de precisão, diminuindo assim as chances de uma conduta inadequada ao constatar erroneamente a esquizofrenia. (Santos, 2017). O exame foi testado em indivíduos com desordem crônica no instituto do cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Para se diagnosticar a doença utilizavam um método matemático para a descrição psicosomatológica dos sintomas da esquizofrenia, no qual a pessoa em questão relata um sonho recente em apenas 30 segundos. Eles se inspiram na psicologia clássica, que descreve a trajetória de palavras de um sonho. (Santos, 2017). Segundo os cientistas, o exame está no campo da “psiquiatria computacional”, já que foi desenvolvido um software que caracterizam as estruturas de um relato livre de memória feito pelo paciente. O teste representa as palavras faladas pelo paciente através de um grafo, e através dele são calculados atributos para a caracterização da desordem. Entretanto, apesar da evolução através do exame, são necessários mais estudos e testes. (Santos, 2017). REFERÊNCIA: SANTOS, A. Cientistas brasileiros desenvolvem método para diagnosticar esquizofrenia mais rápido. Revista científica NPJ Schizophrenia. Rio Grande do Norte. 2017. 151


Hallan ‘Interruptor Químico’ que Reduz Síntomas de Esquizofrenia Em 2017, Schwarcz pesquisou “Hallan ‘interruptor químico’ que reduz síntomas de esquizofrenia” com o objetivo de comparar se o elemento quinurénio azedo (KYNA) tem alguma conexão com a doença de esquizofrenia. Os pesquisadores consideraram pesquisas prévias que afirmavam que o KYNA tem papel fundamental na fisiopatologia da esquizofrenia, pois revelaram que pessoas com essa doença possuem taxas desse elemento mais elevada em seus organismos do que pessoas sadias (Schwarcz, 2017). Para sua pesquisa, Schwarcz realizou um estudo com ratos, no qual procurou a conexão do comportamento esquizofrênico com o KYNA. O experimento foi realizado na Escola de Medicina da Universidade de Maryland em Baltimore. Em seis testes eles levaram em consideração genômicos de análise do diferencial de expressão de genes no latido cerebral e o cérebro dos roedores (Schwarcz, 2017). As principais conclusões geradas pelo estudo são a constatação que o aumento da ansiedade, a falta de desejo de socializar e a deterioração da memória contextual são sintomas típicos da esquizofrenia. O estudo mostra que o KMO e KYNA são fortes fatores na doença. Além desses fatores a pesquisa explica como o sistema que KYNA pode terminar sendo disfuncional na esquizofrenia (Schwarcz, 2017). REFERÊNCIA: SCHWARCZ, R. Hallan ‘interruptor químico’ que reduz síntomas de esquizofrenia. Copyright Periodicos. 2017.

TDAH - TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE

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DSM Segundo França (2012, p. 191-207) “em 1980 a APA, no DSM-3 propôs a denominação de Síndrome de Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade. Na revisão do mesmo, o DSM3R de 1987, avaliando que os critérios para o diagnóstico eram um tanto imprecisos e subjetivos, propôs o Distúrbio de Déficit de Atenção/Hiperatividade (DDA). Em 1990, no DSM-4, considerando que o déficit de atenção se mantinha central, mas que os sintomas de hiperatividade não estariam tendo o destaque que mereceriam, sugeriu o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)”. O DSM-4-TR traz como características diagnósticas de Perturbação de Hiperatividade com Déficit de Atenção: “um padrão persistente de falta de atenção e/ou impulsividadehiperatividade, com uma intensidade que é mais frequente e grave que o observado habitualmente 153


nos sujeitos com um nível semelhante de desenvolvimento (Critério A). Alguns sintomas de hiperatividade-impulsividade ou falta de atenção que causam problemas devem ter-se manifestado antes dos sete anos de idade. Contudo, muitos sujeitos são diagnosticados depois de os sintomas terem estado presentes durante vários anos, especialmente no caso de indivíduos com o Tipo Predominante Desatento (Critério B). Alguns problemas relacionados com os sintomas devem ocorrer, pelo menos em duas situações (por exemplo, em casa, na escola ou no trabalho) (Critério C). Devem existir provas claras de um déficit clinicamente significativo do funcionamento social, acadêmico ou laboral (Critério D). A perturbação não ocorre exclusivamente durante uma Perturbação Global do Desenvolvimento, Esquizofrenia ou outra Perturbação Psicótica e não é melhor explicada por outra perturbação mental (por exemplo, Perturbação do Humor, Perturbação da Ansiedade, Perturbação Dissociativa ou Perturbação da Personalidade) (Critério E).” (DSM-4-TR, 2002). O DSM-5 denota como características diagnósticas de TDAH: “um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento ou no desenvolvimento. A desatenção manifesta-se comportamentalmente no TDAH como divagação em tarefas, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização – e não constitui consequência de desafio ou falta de compreensão. A hiperatividade refere-se à atividade motora excessiva (como uma criança que corre por tudo) quando não apropriado ou remexer, batucar ou conversar em excesso. Nos adultos, a hiperatividade pode se manifestar como inquietude extrema ou esgotamento dos outros com sua atividade. A impulsividade refere-se a ações precipitadas que ocorrem no momento sem premeditação e com elevado potencial para dano à pessoa (p. ex., atravessar uma rua sem olhar). A impulsividade pode ser reflexo de um desejo de recompensas imediatas ou de incapacidade de postergar a gratificação. Comportamentos impulsivos podem se manifestar com intromissão social (p. ex., interromper os outros em excesso) e/ou tomada de decisões importantes sem considerações acerca das consequências no longo prazo (p. ex., assumir um emprego sem informações adequadas). O TDAH começa na infância. A exigência de que vários sintomas estejam presentes antes dos 12 anos de idade exprime a importância de uma apresentação clínica substancial durante a infância. Ao mesmo tempo, uma idade de início mais precoce não é especificada devido a dificuldades para se estabelecer retrospectivamente um início na infância. As lembranças dos adultos sobre sintomas na infância tendem a não ser confiáveis, sendo benéfico obter informações complementares. Manifestações do transtorno devem estar presentes em mais de um ambiente (p. ex., em casa e na escola, no trabalho). A confirmação de sintomas substanciais em vários ambientes não costuma ser feita com precisão sem uma consulta a informantes que tenham visto o indivíduo em tais ambientes. É comum os sintomas variarem conforme o contexto em um determinado ambiente. Sinais do transtorno podem ser mínimos ou ausentes quando o indivíduo está recebendo recompensas frequentes por comportamento apropriado, está sob supervisão, está em uma situação nova, está envolvido em atividades especialmente interessantes, recebe estímulos externos consistentes (p. ex., através de telas eletrônicas) ou está interagindo em situações individualizadas (p. ex., em um consultório).” (DSM-5, 2014). REFERÊNCIA: FRANCA, M. T. B. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): ampliando o entendimento. 2012. DSM-3 DSM-4 DSM-4-TR DSM-5 Painel brasileiro de especialistas sobre diagnóstico do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos Em 2006, foram reunidos especialistas brasileiros como Paulo Mattos, André, Palmini, Carlos Alberto Salgado, Daniel Segenreich, Eugênio Grevet, Irismar Reis de Oliveira, Luiz Augusto Rohde, Marcos Romano, Mário Louzã, Paulo Belmonte de Abreu e Pedro Prado Lima, de modo a ser realizada uma revisão não-sistemática preliminar e concebido um texto inicial, que foi repetidamente avaliado e editado pelos autores, com acréscimos e correções ao longo de 6 154


meses, através de correio eletrônico e de uma reunião posterior, patrocinada pela Associação Brasileira do Déficit de Atenção. Os autores receberam uma revisão não-sistemática preliminar da literatura a respeito do diagnóstico de TDAH em adultos, preparada por um coordenador (P.M.), tendo o mesmo se comunicado por via eletrônica ao longo de 6 meses e participado de uma reunião posterior, patrocinada pela Associação Brasileira do Déficit de Atenção, comentando, acrescentando novos dados e corrigindo diferentes partes do mesmo. A versão preliminar foi apresentada no XXIII Congresso Brasileiro de Psiquiatria de 2005, onde comentários e sugestões dos profissionais presentes foram registrados e, posteriormente, considerados para incorporação à versão final, cujo texto é apresentado a seguir. O diagnóstico de TDAH no adulto permanece sendo clínico, obtido através de uma anamnese cuidadosa, do emprego de critérios clínicos bem definidos e de treinamento no diagnóstico diferencial de transtornos psiquiátricos. Apesar de relatos de alterações eletroencefalográficas, neurofuncionais e de neuroimagem, tais testes e exames laboratoriais não possuem valor preditivo suficiente (tanto positivo como negativo), que permita sua utilização no ambiente clínico, sendo reservados para ambiente de pesquisa ou casos excepcionais. O método clínico permanece sendo o instrumental mais apropriado para evitar a superinclusão de casos, em especial no que tange à suposição de diagnóstico de TDAH por indivíduos leigos auto-referidos. REFERÊNCIA: MATTOS, P. et al. Painel brasileiro de especialistas sobre diagnóstico do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos. 2006. Tudo ao mesmo tempo agora Em 2006, foi publicada na revista Melhor, por Fabiola Lago, a pesquisa: Tudo ao mesmo tempo agora, de Cleide Heloísa Partel, psicóloga com especialização em terapia cognitiva comportamental. Ela diz respeito ao problema que, na maioria dos casos, os gestores desconhecem esse transtorno – que pode prejudicar tanto a carreira do funcionário portador de TDAH quanto a própria empresa, uma vez que ela não aproveita em plenitude o potencial desse profissional. O diagnóstico de TDAH é clínico, feito a partir do estudo do perfil do paciente e seus sintomas. Normalmente, o profissional com TDAH passa pelas mesmas dificuldades que teve no período escolar. E o que é pior: pode trazer todo um histórico negativo, já que por sua dispersão pode ter sido chamado de preguiçoso, incompetente, indisciplinado, 'temperamental', alterando sua autoestima. Porém, existe tratamento para quem possui o TDAH. A partir do diagnóstico feito por um profissional especializado, é possível combinar psicoterapia com medicação – quando necessário – ou a informação, como mencionado por André Lima, um paciente diagnosticado com o déficit. Ele ressalta “Uma grande ajuda seria a divulgação dos sintomas do distúrbio e as formas de tratamento para que elas saibam que é possível controlar sua impulsividade, planejar-se e viver com mais qualidade de vida”. REFERÊNCIA: LAGO, F. Tudo ao mesmo tempo agora. 2006 Modelagem neurocomputacional do circuito tálamo-cortical Em 2007, Daniele Q.M. Madureira, Luis Alfredo V. De Carvalho e, Elie Cheniaux, pesquisaram a modelagem neurocomputacional do circuito tálamo-cortical e as implicações para compreensão do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade como elaboração de um modelo neurocomputacional a partir do conhecimento do funcionamento bioquímico dos sistemas dopaminérgicos mesocortical e mesotalâmico, a fim de investigar a influência dos níveis de dopamina na via mesotalâmica sobre o circuito tálamo-cortical e suas implicações nos sintomas de desatenção do TDAH. Através de um conjunto de equações modelaram propriedades fisiológicas de neurônios talâmicos. Em seguida, simularam computacionalmente o comportamento do circuito tálamocortical variando os níveis de dopamina nas vias mesotalâmica e mesocortical. Em relação à via mesotalâmica, a hipoatividade dopaminérgica dificulta o deslocamento do foco de atenção, e a hiperatividade dopaminérgica acarreta desfocalização atencional. Quando tais situações são acompanhadas de hipoatividade dopaminérgica mesocortical, surge uma 155


incapacidade em perceber estímulos, devido à competição sem vencedores entre regiões talâmicas pouco ativadas. A desatenção no TDAH também se origina em desequilíbrios dopaminérgicos na via mesotalâmica, que levam à focalização excessiva ou à desfocalização da atenção. O experimento in silico sugere que no TDAH a desatenção relaciona-se com alterações dopaminérgicas, que não se restringem à via mesocortical. REFERÊNCIA: MADUREIRA, D.; CARVALHO, L.; CHENIAUX, E. Modelagem neurocomputacional do circuito tálamo-cortical. 2007. Avaliação da memória de trabalho em crianças com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade Em 2009, Lucinete de Freitas Messina e Klaus Bruno Tiedemann pesquisaram sobre a avaliação da memória de trabalho em crianças com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Esse estudo teve como objetivo investigar a memória de trabalho em crianças diagnosticadas com TDAH dos três subtipos: (a) predominantemente desatenta, (b) do tipo hiperativo/impulsivo e (c) do tipo combinado, bem como lançar luz de uma descrição na correlação entre os aspectos ligados às dificuldades em situação escolar (dificuldades relacionadas às áreas de matemática, de leitura e escrita). O método escolhido foi um estudo correlacional, em que as crianças com TDAH foram avaliadas uma única vez e comparadas com o grupo controle. Foram selecionados 62 sujeitos, sendo 32 sujeitos com diagnóstico de TDAH, de acordo com os critérios de avaliação do DSM4, 1994, meninos e meninas, com faixa etária entre 6 a 15 anos, que estejam frequentando escola. Esses 32 sujeitos com TDAH foram separados em três grupos com o número de 10 e 11 sujeitos para cada grupo, cada grupo apresentou diagnóstico de tríade sintomatológica do TDAH. As análises executadas indicaram a existência de diferenças em diversos aspectos relacionados à memória nos tipos peculiares de crianças com TDAH. Verificou-se que as crianças com TDAH obtiveram bom desempenho nas provas de memória visual em detrimento às provas de memória auditiva. A correlação dos resultados do TIHC verificara que o tempo de reação da prova de memória de armazenamento visual manteve uma correlação significativa com a prova de cálculo. REFERÊNCIA: MESSINA, L.; TIEDEMANN, K. Avaliação da memória de trabalho em crianças com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. 2009. Concordância entre relato de pais e professores para sintomas de tdah: resultados de uma amostra clínica brasileira Em 2009, Gabriel Coutinho, Paulo Mattos, Marcelo Schmitz, Didia Fortes e Manuela Borges pesquisaram a concordância entre relato de pais e professores para sintomas de TDA de uma amostra clínica de crianças e adolescentes com diagnóstico. O diagnostico de TDAH em crianças e adolescentes, segundo os critérios do DSM-4, requer que os sintomas estejam presentes em, ao menos, dois ambientes distintos (principalmente escola e casa). Apesar da importância do relato de pais e professores, esse tema tem sido pouco investigado no Brasil. Realizou-se análise retrospectiva do banco de dados de uma clínica privada especializada em TDAH e transtornos da aprendizagem, localizada na cidade do Rio de Janeiro (Centro de Neuropsicológica Aplicada). Todas as crianças e os adolescentes com idades entre 6 e 16 anos que receberam diagnóstico de TDAH no ano de 2005 foram incluídas nas análises. Os pais dos pacientes foram submetidos à entrevista semiestruturada, baseada em critérios do DSM-4, visando à investigação de diagnóstico de TDAH e outros transtornos comórbidos. As entrevistas foram conduzidas por psicólogo treinado (GC), que também realizou coleta detalhada de dados acerca de sintomatologia e histórico. Todos os dados coletados foram considerados para o diagnóstico final realizado por psiquiatra especialista (PM). Pais e professores foram solicitados a preencher a versão brasileira do questionário SNAP-IV. Crianças e adolescentes com quociente de inteligência (QI) estimado (WISC-III). Nenhum dos participantes havia realizado tratamento prévio para TDAH. Todos os dados apresentados no presente estudo foram coletados em 2005 e avaliados de forma retrospectiva através do banco de dados do Centro de Neuropsicológica Aplicada. Comparações entre relatos de pais e professores foram realizadas utilizando o teste de qui-quadrado de Pearson. Quarenta e quatro (40 meninos e quatro meninas) receberam diagnóstico de TDAH de acordo com os critérios 156


do DSM-4. A idade média era de 10 anos (DP = 3,03), com escolaridade média de 3,41 (DP = 2,28). Da amostra total, apenas 29 criancas (65,9%; 27 meninos e duas meninas) receberiam diagnóstico de TDAH, considerando apenas relato de professores. Por outro lado, ao considerar apenas o relato de pais, 40 dos 44 pacientes (90,90%; 37 meninos e três meninas) receberiam o diagnóstico correto. A concordância para o diagnóstico de TDAH ocorreu em aproximadamente metade dos casos; pais relataram mais sintomas de TDAH que professores. Os achados aqui apresentados podem mostrar que informações acerca da sintomatologia de TDAH não são bem divulgadas para professores brasileiros, indicando a necessidade de se investir em sessões educacionais sobre o transtorno, tendo em vista a importância do relato de profissionais de educação para o diagnóstico de TDAH. REFERÊNCIA: COUTINHO, G; et al. Concordância entre relato de pais e professores para sintomas de tdah: resultados de uma amostra clínica brasileira. 2009. Impacto do metilfenidato sobre a frequência e a gravidade das crises epilépticas em crianças com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) associado a epilepsias de difícil controle Em 2010, Kléber Cavalcante Santos e André Luis Fernandes Palmini pesquisaram o impacto do metilfenidato sobre a frequência e a gravidade das crises epilépticas em crianças com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) associado a epilepsias de difícil controle, com o objetivo de avaliar a eficácia e a segurança do tratamento do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade em crianças e adolescentes com epilepsia e crises epilépticas em atividade. O diagnostico do Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) foi realizado por uma entrevista clínica com identificação de sintomas de acordo com os critérios do DSM-4, também foram realizados o Kiddie-SADS e o SNAP-IV. Para o estudo foram selecionadas 22 crianças, com média de idade entre 7 e 11 anos, recebendo tratamento com drogas antiepiléticas, atendidas em um centro de atendimento terciário para epilepsia, apresentando pelo menos uma crise epiléptica nos últimos três meses. A análise de todo o grupo demonstrou melhora na frequência e na gravidade das crises epilépticas pelo efeito da intervenção com o MFD (Metilfenidato). O MFD, em baixa dose, foi efetivo para o tratamento dos sintomas de TDAH, com boa tolerabilidade e segurança nos pacientes com epilepsia ativa. É necessária a realização de um estudo duplo cego envolvendo apenas sujeitos que têm epilepsias refratárias com elevada frequência de crises para confirmar os resultados deste efeito do MFD sobre a redução na frequência e na gravidade das crises epilépticas. REFERÊNCIA: SANTOS, K.; PALMINI, A. Impacto do metilfenidato sobre a frequência e a gravidade das crises epilépticas em crianças com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) associado a epilepsias de difícil controle. 2010. Perfil neuropsicológico de adultos com queixas de desatenção: diferenças entre portadores de TDAH e controles clínicos Em 2010, Cíntia Mesquita, Gabriel Coutinho e Paulo Mattos pesquisaram sobre “o perfil neuropsicológico de adultos com queixas de desatenção: diferenças entre portadores de TDAH e controles clínicos” para comparar o desempenho neuropsicológico de adultos portadores de TDAH segundo o DSM-4, com controles clínicos com queixas de desatenção encaminhadas para avaliação neuropsicológica. Foram obtidos retrospectivamente prontuários relativos a todos os indivíduos adultos que apresentavam desatenção como queixa principal, encaminhados para avaliação neuropsicológica num intervalo de dois anos em serviço especializado, e comparados todos os portadores de TDAH (n = 56; 64,28% de homens) a uma amostra de controles clínicos extraídos da mesma amostra, sem TDAH (n = 29; 58,62% de homens), com idades entre 18 e 59 anos. Foram utilizadas medidas de atenção, funções executivas e memória. Foram utilizados os seguintes testes neuropsicológicos: Span de Dígitos (bateria WAIS-III) como medida de memória operacional auditivo-verbal, tanto alça fonológica (Span Forward) quanto EC (Span Backward); subteste Aritmética da bateria WAIS-III, por ser uma medida indireta de memória 157


operacional; Stroop C/CW como medida de controle inibitório; Figura Complexa de Rey como medida de memória visual; Trail Making A e B como medidas de destreza visomotora (trilhas A e B) e flexibilidade cognitiva (trilhas B). Cinquenta e seis portadores de TDAH foram incluídos no estudo. Observou-se predomínio de homens (64,28%). O grupo de controle foi composto por 29 indivíduos, sendo a maioria deles do sexo masculino (58,62%). Não se observaram diferenças entre os grupos quanto à distribuição por gênero (p = 0,609). A idade média do grupo de portadores foi de 29 anos (DP = 9,61), ao passo que a idade média de indivíduos do grupo de controle foi de 29,07 (DP = 7,58). O QI médio do grupo de TDAH foi de 97,38 (DP = 8,97), ao passo que o do grupo de controle foi de 95,97 (DP = 9,20). Portadores de TDAH e controles estavam pareados quanto à idade (p = 0,574), escolaridade (p = 0,745) e QI (p = 0,498). Os grupos revelaram-se pareados quanto à idade, escolaridade, distribuição por sexo e QI (p > 0,05). Não foram observadas diferenças entre os grupos nos testes formais para avaliação de capacidade atencional; entretanto, o grupo de portadores de TDAH apresentou pior desempenho em tarefas que envolviam memória operacional auditivo-verbal. Adultos portadores de TDAH podem se diferenciar de controles clínicos encaminhados com queixas de desatenção pelo desempenho deficitário em tarefas que endereçam memória operacional auditivo-verbal REFERÊNCIA: MESQUITA, C.; COUTINHO, G; MATTOS, P. Perfil neuropsicológico de adultos com queixas de desatenção: diferenças entre portadores de TDAH e controles clínicos. 2010. Possíveis interfaces entre TDAH e epilepsia Em 2010, Karina Soares Loutfi e Alysson Massote Carvalho pesquisaram sobre as possíveis interfaces entre TDAH e epilepsia com o objetivo de identificar na literatura elementos para explicar uma possível associação entre o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e a epilepsia e orientar quanto ao manejo clínico dos pacientes que compartilham esses transtornos. Foram pesquisadas as bases de dados MedLine e Lilacs com a combinacao dos seguintes descritores: “attention déficit hyperactivity disorder”, “ADHD” e “epilepsy”, para a busca de periódicos publicados entre janeiro de 2000 e dezembro de 2009, na lingua inglesa e portuguesa. Foram encontrados 128 artigos na base MedLine e apenas um artigo na base Lilacs. Foram selecionados 46 artigos que abordam a associação entre TDAH e epilepsia, tendo sido incluídos os artigos relacionados aos mecanismos fisiopatológicos comuns, aos achados neurofisiológicos, neuroimagem, avaliação neuropsicológica e terapêutica. Na tabela 1 estão relacionados os artigos selecionados e a área de conhecimento correspondente. Foram excluídos os artigos referentes a outros transtornos associados à epilepsia que cursam com disfunção da atenção como autismo, deficiência mental, doenças genéticas e lesões cerebrais. Alguns artigos anteriores ao período de busca, presentes em citações, porém considerados de relevância para o tema, também foram incluídos. Sintomas de TDAH são frequentes em síndromes epilépticas idiopáticas. Vários fatores podem contribuir para a coexistência desses transtornos: 1) possibilidade de uma mesma propensão genética; 2) participação dos neurotransmissores, noradrenalina e dopamina no TDAH e na modulação da excitabilidade neuronal; 3) anormalidades estruturais do cérebro evidenciadas em epilépticos portadores de TDAH; 4) influência dos efeitos crônicos das crises e das descargas epileptiformes interictais sob a atenção; 5) efeitos adversos das drogas antiepilépticas sob a cognição. As evidências atuais apontam que crises epilépticas e TDAH podem apresentar bases neurobiológicas comuns. REFERÊNCIA: LOUTFI, K.; CARVALHO, A. Possíveis interfaces entre TDAH e epilepsia. 2010. Tdah - um transtorno para todos Em abril de 2011, a revista Platero entrevista a psicoterapeuta Cacilda Amorim para falar um pouco sobre ‘’TDAH – Um transtorno para todos’’, com a finalidade explicar um pouco sobre o Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade, em que é afirmado que este transtorno pode e, muitas vezes acaba, sendo um fator hereditário e ainda é apontado o fato de muitos adultos apresentarem o TDAH. 158


A revista trás informação da OMS (Organização Mundial de Saúde) que diz que entre 2% e 5% da população mundial apresenta TDAH, e foi comprovado que os primeiros sinais do déficit começam a aparecer entre os 6 e 7 anos, com o aprofundamento das crianças no colégio. Cacilda afirma que "no geral, as crianças têm capacidade de atenção menor que os adultos" e “Crianças têm também uma tendência maior a serem mais agitadas, mais impulsivas, agem sem pensar. Isso é próprio do desenvolvimento. No entanto, quando a discrepância em relação aos outros de idade similar é muito grande, pode ser indicativo de um transtorno. Isso se percebe em casa, nas famílias que têm outras crianças e na escola. Torna-se mais visível à medida que trazem complicações, como desempenho menor nos estudos ou muita agitação em casa". REFERÊNCIA: INSTITUTO PAULISTA DE DÉFICIT DE ATENÇÃO. Tdah - um transtorno para todos. 2011. Ambiente familiar e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade Em 2012, Thiago de Oliveira Pires, Cosme Marcelo Furtado Passos da Silva e Simone Gonçalves de Assis pesquisaram sobre o ambiente familiar e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, com o objetivo de analisar fatores associados a transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em crianças. Em estudo longitudinal, sobre problemas de comportamento em crianças escolares de São Gonçalo, RJ, em 2005, foram analisados 479 escolares da rede pública selecionados por amostragem por conglomerados em três estágios. Foi utilizada a escala Child Behavior Checklist para medição do desfecho. Foi aplicado um questionário para pais/responsáveis acerca dos fatores de exposição analisados: perfil da criança e da família, variáveis de relacionamento familiar, violências físicas e psicológicas. O modelo regressão log-binomial com enfoque hierarquizado foi empregado para a análise. O quociente de inteligência mais alto associou-se inversamente à frequência do transtorno (RP = 0,980 [IC95% 0,963;0,998]). A prevalência de transtorno nas crianças foi maior quando havia disfunção familiar do que entre famílias com melhor forma de se relacionar (RP = 2,538 [IC95% 1,572;4,099]). Crianças que sofriam agressão verbal pela mãe apresentaram prevalência 3,7 vezes maior do que aquelas não expostas a essa situação no último ano (RP = 4,7 [IC95% 1,254;17,636]). Sendo assim, as relações familiares negativas estão associadas aos sintomas de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Sua associação com quociente de inteligência reitera a importância da base genética e ambiental na origem do transtorno. REFERÊNCIA: PIRES, T.; SILVA, C.; ASSIS, S. Ambiente familiar e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. 2012. Identificação dos procedimentos de contagem e dos processos de memória em crianças com TDAH Em 2012, Adriana Corrêa Costa, Beatriz Vargas Dorneles e Luiz Augusto Paim Rohde pesquisaram sobre a “identificação dos procedimentos de contagem e dos processos de memória em crianças com TDAH” com o objetivo de identificar os procedimentos de contagem e os processos de memória utilizados por um grupo de 28 estudantes com diagnóstico de TDAH do tipo com predomínio de desatenção (TDAH-D) ou do tipo combinado (TDAH-C). Os resultados indicaram que os estudantes continuam usando procedimentos de contagem considerados imaturos além da série esperada e que, dentre os processos de memória, a decomposição foi o mais usado. Participaram 28 estudantes de escolas públicas da cidade de Porto Alegre, de ambos os sexos, com idades entre 8 anos e 14 anos (média: 10,14 e DP: 1,6). É possível observar que o grupo participante mostrou-se heterogêneo, fato que limitara as análises. A composição da amostra teve três fases: fase 1 – Triagem no banco de dados: Foram selecionados 89 sujeitos do banco de dados do Programa de Transtornos de Déficit de Atenção/Hiperatividade do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (PRODAH); fase 2 – Convite através de contato telefônico e telegrama; e Fase 3 – Avaliação dos procedimentos de contagem. O estudo evidencia que estudantes com TDAH-C ou TDAH-D utilizam espontaneamente a decomposição e sugere que estudantes com TDAH apresentam um atraso no desenvolvimento dos procedimentos de contagem, e não um desvio, quando comparados a sujeitos com 159


desenvolvimento típico. Além disso, sugere que o ensino de estratégias de decomposição dos fatos básicos seja um caminho promissor para o desenvolvimento do acesso automático. No entanto, o presente estudo não é conclusivo, uma vez que mais pesquisas nessa direção precisam ser realizadas. Por fim, é importante lembrar a heterogeneidade que caracteriza o grupo de estudantes com TDAH, o que também pode impor limites na generalização dos dados apresentados. REFERÊNCIA: COSTA, A.; DORNELES, B.; ROHDE, L. Identificação dos procedimentos de contagem e dos processos de memória em crianças com TDAH. 2012. Sensibilidade do wisc-iii na identificação do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (tdah). Em 2012, Regina Maria Fernandes Lopes, Marianne Farina, Guilherme Welter Wendt, Cristiane, Silva Esteves e Irani I. de Lima Argimon pesquisaram a sensibilidade do WISC-III na identificação do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade(TDAH) com o objetivo de avaliar, através da Escala de Inteligência de Wechsler III (WISC-III), o Quociente de Inteligência (QI) Global, Verbal e de Execução e mensurar o desempenho nos Índices Fatoriais identificando ou não a presença de TDAH. O delineamento utilizado foi quantitativo e transversal. A amostra foi constituída por 80 crianças e adolescentes com idades de 6 a 15 anos que apresentavam problemas atencionais ou queixas correlatas às dificuldades de atenção e uma possível suspeita de apresentar TDAH e que foram encaminhadas para avaliação psicológica e atendimento psicológico por suas escolas de ensino regular. Os responsáveis assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, quanto a utilizar estas informações para publicação. Para avaliação destes alunos, foi utilizado a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças – Terceira Edição (WISC-III) (Wechsler, 2002): composto por 13 subtestes que investigam capacidades mentais distintas, que, juntas, refletem a capacidade intelectual geral da criança. Estes subtestes são agrupados em uma Escala Verbal e em uma Escala de Execução ou não verbal. O desempenho da criança nos subtestes resulta em três medidas compostas: QI Verbal (soma dos pontos ponderados nos subtestes verbais), QI de Execução (soma dos pontos ponderados nos subtestes de Execução) e QI Global (soma dos pontos ponderados nos subtestes verbais e de execução). Também é subdividida em Índices Fatoriais: Índice de Compreensão Verbal (ICV); Índice de Organização Perceptual (IOP); Índice de Resistência a Distrabilidade (IRD) e Índice de Velocidade de Processamento (IVP). A amostra estudada foi de 80 participantes. A idade variou entre 6 e 15 anos, tendo como média de idade 11,2 anos, e o desvio-padrão 2,5. Foram avaliados 26 estudantes do sexo feminino e 54 do sexo masculino. Em função de haver suspeita do diagnóstico de TDAH, foi aplicado o WISC-III. Sendo que o desempenho das crianças nos subtestes resulta em 3 medidas compostas: QI Verbal (soma dos pontos ponderados nos subtestes verbais), QI de Execução (soma dos pontos ponderados nos subtestes de execução) e QI Global (soma dos pontos ponderados nos subtestes verbais e de execução). Os resultados obtidos mostraram que 67,5% dos participantes avaliados apresentaram Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade, que equivale a 40 estudantes. Identificou-se 14 meninas e 40 meninos REFERÊNCIA: LOPES, R. et al. Sensibilidade do wisc-iii na identificação do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (tdah). 2012. Conectividade funcional em repouso em crianças com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade Em 2013, Renata Rocha Kieling pesquisou a conectividade funcional em repouso em crianças com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, com o objetivo de avaliar mudanças no padrão de conectividade funcional da default-mode network (DMN) de pacientes com TDAH antes e após seis meses de tratamento, considerando que técnicas recentes de neuroimagem funcional podem ampliar o conhecimento acerca da fisiopatologia do transtorno, permitindo a testagem empírica de hipóteses conceituais sobre o funcionamento de redes cerebrais no TDAH. Kieling e colaboradores analisaram, em Porto Alegre, um grupo de 23 meninos com diagnóstico de TDAH, com idades entre 8 e 10 anos, destros, virgens de tratamento, que foram 160


submetidos a um protocolo de ressonância funcional de repouso antes e após seis meses de tratamento com metilfenidato. Foram realizadas análises de conectividade funcional entre regiões de interesse (seeds) demarcadas sobre áreas da rede default mode network (DMN). Posteriormente, a conectividade da DMN antes e após o tratamento foi mapeada através de uma análise de componentes independentes (ICA, independent component analysis). Os resultados da análise de seeds não demonstraram modificações significativas na conectividade entre regiões da DMN com o tratamento, havendo apenas um pequeno aumento da conectividade ântero-posterior da rede. A análise por ICA revelou um aumento significativo de conectividade da DMN com o putâmen esquerdo. Observou-se ainda uma correlação positiva entre a redução dos sintomas e a conectividade entre o putâmen e a DMN após o tratamento. Esses achados indicam que o tratamento com metilfenidato modifica a conectividade entre a DMN e núcleos subcorticais. O efeito do tratamento com metilfenidato pode, em parte, estar associado à elevação dos níveis dopaminérgicos em núcleos subcorticais, modulando a sua conectividade com a DMN. REFERÊNCIA: KIELING, R. Conectividade funcional em repouso em crianças com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. 2013. Treinamento cognitivo informatizado em crianças e adolescentes com transtorno de déficit de atenção / hiperatividade como tratamento adicional para estimulantes: estudo de viabilidade e descrição do protocolo Em 2016, Virginia de Oliveira Rosa, et al. pesquisaram sobre o treinamento cognitivo para crianças e adolescentes com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade como tratamento complementar aos psicoestimulantes: estudo de viabilidade e descrição de protocolo, com o objetivo de explorar a viabilidade para a implementação de um programa de treinamento cognitivo computadorizado, descrever suas características principais e potencial eficácia em um pequeno estudo piloto, pois consideram que o treinamento cognitivo tem recebido atenção especial como abordagem não medicamentosa para o tratamento do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em crianças e adolescentes. Poucos estudos avaliaram o treinamento cognitivo como abordagem complementar à medicação em ensaios clínicos randomizados controlados por placebo. Seis pacientes com TDAH entre 10-12 anos de idade, em uso de psicoestimulantes e apresentando sintomas residuais foram recrutados e randomizados para um dos dois grupos (treinamento cognitivo ou placebo) por 12 semanas. O desfecho principal foram os sintomas nucleares do TDAH avaliados através do Questionário de Swanson, Nolan e Pelham (SNAP-IV). Ambos os grupos apresentaram diminuição nos escores dos sintomas de TDAH reportados pelos pais, mas sem diferença estatística entre eles. Além disso, foi observada melhora nos testes neuropsicológicos em ambos os grupos – principalmente nas tarefas treinadas pelo programa. Este protocolo revelou a necessidade de novas estratégias para melhor avaliar a eficácia do treinamento cognitivo tal como a necessidade de implementar a intervenção no ambiente escolar a fim de obter uma avaliação com maior validade externa. Devido ao pequeno tamanho amostral deste estudo, conclusões definitivas sobre os efeitos do treinamento cognitivo como abordagem complementar aos psicoestimulantes seriam prematuras. REFERÊNCIA: ROSA, V. et al. Treinamento cognitivo informatizado em crianças e adolescentes com transtorno de déficit de atenção / hiperatividade como tratamento adicional para estimulantes: estudo de viabilidade e descrição do protocolo. 2017. Childhood Psychiatric Disorders as Risk Factor for Subsequent Substance Abuse: A MetaAnalysis Em 2017, um artigo publicado na edição de julho, do Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, mostra que algumas doenças psiquiatras na infância estão relacionadas a um maior risco de desenvolverem vícios (álcool, nicotina ou transtornos relacionados a uso de substâncias) no futuro. Existe uma base sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na infância. Existe uma variedade de estudos que exploram diversos aspectos de sua relação com o uso de álcool, drogas e outras substâncias e vício na idade adulta. 161


A equipe que conta com pesquisadores da Vrije Universiteit em Amsterdam e da Accare, o Centro para Psiquiatria da Infância e Adolescência no Centro Médico Universitário de Groningen, na Holanda, analisou os dados de 37 estudos anteriores, resultando em um total de 762,187 participantes, aonde 22,029 tinham TDAH, 434 tinham TOD/TC, 1,433 tinham transtorno de ansiedade, e 2,451 tinham depressão. Os resultados mostraram que indivíduos com transtornos externalizantes (TDAH e TOD/TC) tinham maior risco de desenvolverem transtornos relacionados ao uso de substancias mais tardiamente. Da mesma forma, depressão na infância estava associada com maior risco para vício, incluindo uso de substâncias e nicotina REFERÊNCIA: GROENMAN, T. W.P; JANSSEN, J. O. Childhood Psychiatric Disorders as Risk Factor for Subsequent Substance Abuse: A Meta-Analysis. 2017. Dificuldades e estratégias de enfrentamento de estudantes universitários com sintomas do TDAH Em 2017, Clarissa Tochetto de Oliveira e Ana Cristina Garcia Dias pesquisaram “dificuldades e estratégias de enfrentamento de estudantes universitários com sintomas do TDAH” com o objetivo de identificar as principais dificuldades encontradas por estudantes universitários com sintomas do transtorno no ingresso na universidade e verificar quais estratégias de enfrentamento estão associadas com uma melhor adaptação acadêmica. Foram selecionados 28 estudantes universitários de uma amostra de 510 participantes. O critério para seleção foi responder "frequentemente" ou "muito frequentemente" em seis ou mais itens do Adult Self-Report Scale (ASRS), o que sugere sintomas altamente consistentes com a presença de TDAH em adultos (Mattos et al., 2006). Dessa subamostra de 28 participantes, 18 eram do sexo feminino. A idade variou entre 17 e 43 anos. Os participantes eram provenientes de vários cursos de duas universidades públicas do interior do Rio Grande do Sul. Os resultados sugerem que as dificuldades mais frequentes se referem à necessidade de maior autonomia, concentração e raciocínio, à relação com colegas e à falta de informação por parte dos cursos. Verificou-se também que determinadas estratégias de enfrentamento estão associadas com a melhor adaptação acadêmica. Conclui-se que o conhecimento das dificuldades encontradas e das estratégias que podem auxiliar os estudantes com sintomas do TDAH na adaptação acadêmica pode embasar intervenções específicas para esse público. REFERÊNCIA: OLIVEIRA, C.; DIAS, A. Dificuldades e estratégias de enfrentamento de estudantes universitários com sintomas do TDAH. 2017.

REALIZAÇÃO Professor orientador: Ivan Gross. ivangross@yahoo.com.br Edição: Fernanda Sousa. Ilustração: Gabriel Vitali Barozzi. gabrielvitalibarozzi@gmail.com 162


Alunos: Alessandra Marchioro Repp; Almir Wellinton De Souza; Amanda Carolina Andrade de Paula; Ana Carolina Voss; Beatriz Batista de Santi; Brenda Berleze Mazalli; Bruna Kopytowski Tafuri; Bruno Levis Andrade; Caio Westphal; Camila Stephanie Arsie; Carmen Gabriela Espejo da Silva; Carolina de Sillos de Andrade; Carolina Dumke Cascaes; Carolina Vieira Cabeda Maia; Eduarda Witoslawski Machado; Emiliane Ianesko Battistelli; Fernanda Sganzerla Chanquini; Fernanda Sousa Pereira; Flavia Lorena Araújo Sandes; Gabriela Dudek; Gabrielle Hirafuji; Gabrielle Maciel Pereira; Isabela Beatriz Miranda; Isabela Cazé de Souza; Juliana Chaowiche da Cunha Azevedo; Kethleen Ohana Pot; Laura Kopacheski Stamm; Lethícia de Freitas Martins; Letícia Isabelle Cavalheiro; Manuela de Albuquerque Cordi Cardoso Alves; Maria Eduarda Bussolini Marconi Luz; Maria Luísa Kovalhuk; Maria Luiza Patzsch de Moraes; Maria Vitória Miron Duleba; Mariana Góes Turchenski; Mariana Pereira RoitmanMariany Fernanda Ribeiro Zanchetta; Mateus Rouver de Mattos; Nathalia Marques Mudry; Raphaela Torres Camargo; Regiana Baggio; Silvia Almeida Douat; Sofia Theodorovicz Badotti; Thais Gomes Pereira; Valdecir Manaia Filho; Victoria Beatriz Di Visconti Cortez.

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