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POSSE NA ALERJ É MARCADA POR ARTICULAÇÕES PARA
A eleição para a Presidência da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) foi o principal assunto, nos bastidores da cerimônia de posse dos deputados fluminenses, ontem (1º), no Palácio Tiradentes, no Centro do Rio. Parlamentares de diferentes tendências políticas opinaram a respeito e repercutiram o fato de se depararem com duas candidaturasJair Bittencourt e Rodrigo Bacellarde um único partido (PL), ao comando do Parlamento estadual.
Na edição de terça-feira (31), A TRIBUNA destacou que a eleição para a Presidência da Alerj começou a provocar rachas internos no governo Cláudio Castro (PL). Atual líder da sigla na Câmara dos Deputados, Altineu Côrtes e sua ala resolveram apoiar a candidatura do deputado estadual Jair Bittencourt, contra o nome preferido do governador, Rodrigo Bacellar, atual secretário de Governo.
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Bittencourt ressalta que, na disputa, o "favoritismo é do governo". "Eu sou governo e, se eu for presidente amanhã (hoje), o governador pode contar comigo. Não dá para aceitar algumas composições, que não participamos. Um partido de 17 cadeiras, como o PL, não pode ser sacrificado. Estamos confiantes. A eleição está sendo decidida por poucos votos", alertou.
Rodrigo Bacellar (PL) vê essa disputa "com muita tranquilidade". Na avaliação dele, se o governo Castro estivesse exercendo algum tipo de interferência, os deputados que estão na chapa contrária à vontade do governo "já estariam exo- nerados ou fora da administração":
"Isso só prova o quanto a gente tenta ser o mais democrático possível. É direito legítimo, de qualquer parlamentar, democraticamente eleito, ser presidente da Casa. Só não acho bacana o cara estar nomeado, dentro do poder, num cargo de confiança, trair a confiança do detentor daqueles cargos. Mas faz parte. Quem ganhar, tem de presidir a Casa para todos e não para o grupo que se sagrar vencedor".
Representando São Gonçalo, o deputado Douglas Ruas (PL) frisou que as "discussões ainda estão acontecendo e que há muita coisa para debater":
"O PL é o partido com a maior bancada. É natural que tenha mais de um quadro, qualificado para disputar a Presidência. As conversas estão acontecendo. A gente tem certeza de que, ao final, sairá o melhor resultado para a Casa legislativa e o estado do Rio de Janeiro".
ESQUERDA AINDA
NÃO FECHOU QUESTÃO
Em meio ao embate entre bolsonaristas, as bancadas de esquerda ainda não decidiram se votarão em bloco em Bittencourt ou em Bacellar.
Com berço político em Maricá, a deputada Zeidan (PT) disse que faria reunião com a bancada, ontem e hoje, a fim de decidir entre um e outro: "Não temos nada ainda definido. Estamos na discussão da pauta. Penso que essa questão se define amanhã (hoje), alguns minutos antes da eleição".
O ex-vereador gonçalense e atual deputado estadual, professor Jorsemar (PSOL), também ressaltou que seu partido vive um processo de debate interno para se posicionar sobre a eleição à Presidência da Alerj. "São dois candidatos do PL que apoiaram Jair Bolsonaro. Isso inviabiliza qualquer tipo de discussão mais programática; mas estamos discutindo para tomar um posicionamento concreto".
Ex-vereadora por Niterói, a deputada Verônica Lima (PT) frisou que eleição de Mesa Diretora é "decisão de bancada": "Não é uma decisão individual. A bancada do PT vai se posicionar no momento correto, de maneira coletiva e transparente, correspondendo à política do partido".
Comiss O De Constitui O E Justi A
Outro destaque da edição de terça da TRIBUNA foi a insatisfação de inte- grantes do PL com Bacellar e sua movimentação para indicar Rodrigo Amorim (PTB) à presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a principal da Casa, por onde passam praticamente todos os projetos de lei. É que ela, tradicionalmente, fica com o partido de maior bancada - no caso, o próprio PL, que elegeu 17 deputados, num total de 70, que integram a Alerj. A cúpula do PL fluminense considerou a escolha de Amorim um "escândalo político".
Membro titular da CCJ na última legislatura e vice-líder do governo Castro na Assembleia, Amorim destacou que tem a "exata dimensão da importância" da Comissão para a Alerj:
"Há alguns meses atrás, o PL lançou, por unanimidade, o deputado Bacellar como único candidato a presidente. Tenho uma boa relação pessoal com ele e com o governador Cláudio Castro. Participei do processo de formatação dessa chapa e tive o convite, acredito que baseado na experiência que obtive anteriormente, como titular da comissão, para ocupar esse espaço".
Ao final da cerimônia de posse dos deputados, em discurso, o governador Cláudio Castro fez questão de enfatizar o trabalho conjunto entre a Alerj e o Governo do Estado:
"Contem conosco. Estamos com o diálogo sempre aberto para resolver os problemas do estado do Rio de Janeiro. A posse dos deputados é a concretização da esperança do povo Fluminense. Agradeço aos deputados pela contribuição. Quem conviveu comigo, sabe do meu profundo respeito por esta Casa. O governo do Rio dialoga com todos os parlamentares".