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DEVASTADA PELAS CHUVAS, SÃO GONÇALO JÁ UMA POTÊNCIA ECONÔMICA

Cidade chegou a ser chamada de 'Manchester Fluminense' nos áureos tempos

SAULO ANDRADE

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O abandono e a degradação da cidade de São Gonçalo não é de hoje.

Nos anos 1940, uma grande praga se abateu sob os pés de laranja da cidade, fazendo com que a produção - a maior do estado do Rio à época - ficasse estagnada.

A partir dos anos 1950, as fazendas se tornaram ociosas. Ao mesmo tempo, na cidade do Rio de Janeiro, houve uma expansão do mercado industrial e do setor de serviços, transformando-a numa espécie de eldorado, com um intenso fluxo migratório do interior do estado e do Nordeste para o Rio. É o que avalia o historiador

Rui Aniceto Fernandes:

"O problema é que, no Rio, a moradia é cara e as pessoas vão procurar as mais baratas. Neste sentido, as fazendas de São Gonçalo e da Baixada Fluminense, a partir dos anos 1940 e 1950, começam a ser loteadas, dando origem a bairros como Boaçu, Mutuá, Trindade - que são originários de fazendas com o mesmo nome - e passaram por esse processo de loteamento".

Aniceto avalia que, por isso, há uma mudança no perfil urbano e populacional de São Gonçalo: de importante polo industrial e agrícola, a cidade passa por uma "decadência importante", no setor:

"Com isso, as fazendas foram sendo loteadas e a população vai dobrando a cada década. Tal fenômeno explica o fato de, hoje, a cidade contar com quase um milhão de habitantes: a maioria, de pessoas que vão trabalhar no Rio e em Niterói, reforçando o conceito que os geógrafos chamam de "cidade dormitório", que é o resultado de um misto de dois fatores - o declínio agrícola e o processo de expansão urbana da cidade".

MANCHESTER FLUMINENSE Na década de 1940, o médico Luiz Palmier chegou a chamar São Gonçalo de Manchester Fluminense. Manchester é a maior cidade industrial da Inglaterra. Foi a partir dos anos 1960 e 1970 que as indústrias da cidade começaram a fechar. A fábrica de cimento Mauá, por exemplo, passou a ter problemas no fornecimento da matéria-prima, do calcário, para a produção do cimento. "Fato é que as indústrias gonçalenses não conseguem modernizar o maquinário e suas concepções industriais e, assim, vão perdendo mercado. Algumas,

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