46 N° 46 . novembro/dezembro 2011 . 6.50
DOSSIER Construção Metálica
CONVERSAS Mota Freitas
PROGRAMA
MOTIVAÇÃO
8:15 Receção dos participante
Os desafios que se colocam às coberturas de madeira são a procura de soluções inovadoras de sistemas estruturais, ligações, formas, materiais, acabamentos, indo ao encontro das atuais preocupações ambientais. Este seminário pretende constituir um fórum de discussão de ideias e soluções no domínio das coberturas de madeira, com a apresentação das tendências mais recentes, permitindo estabelecer a ponte com as soluções mais tradicionais e algumas reflexões sobre aspetos técnicos de desempenho e sustentabilidade na construção.
9:00 Abertura 9:15 Timber roofs – multifunctional structures – from design to fire safety Prof. Stefan Winter (TUMunique) 9:45 Metodologia para conservação de estruturas de madeira: Teoria e prática Prof. Paulo B. Lourenço (UMinho) 10:15 Telhados da cidade antiga: da expectativa ao desempenho Prof. Raimundo Mendes da Silva (FCTUC) 10:45 Café 11:15 Inspeção e monitorização de coberturas de madeira Dr.ª Helena Cruz (LNEC) 11:45 Análise e reforço de coberturas tradicionais Prof. Jorge M. Branco (UMinho) 12:15 Exemplos de intervenção em coberturas existentes Eng.º Filipe Ferreira (AOF) 12:45 Almoço 14:00 Coberturas em madeira, diferentes sistemas estruturais e métodos de pré-fabricação Eng.ª Sílvia Fernandes (Carmo Estruturas) 14:30 Velódromo Nacional de Sangalhos Arq.º Rui Rosmaninho 15:00 Rethinking the roof structure. Strategies to obtain more energy efficient roofs Arq. Manuel García Barbero 15:30 Estrutura de madeira revestida a telha cerâmica – Uma solução construtiva sustentável Eng.º Pedro Lourenço (Umbelino)
FORMATO
O seminário contará com a participação de diversos especialistas, nacionais e estrangeiros. As comunicações apresentarão os aspetos principais relativos às soluções tradicionais, ao seu reforço, à inspeção e monitorização, à inovação de novas soluções, à valorização arquitetónica e à eficiência energéticas. Serão apresentadas várias realizações nacionais e estrangeiras. Paralelamente decorrerá uma exposição técnica com os mais recentes desenvolvimentos em termos materiais e tecnológicos.
16:00 Café 16:30 El Metropol Parasol es algo más que una cobertura Eng.º David Rifá (Finnforest) 17:00 Dome Structures. Saldome 2 Eng.º Cristoph Häring (Häring) 17:30 Innovative timber roofs structures Prof. Yves Weinand (EPFL-IBOIS) 18:00 Debate
Coberturas de Madeira Seminário
18:30 Encerramento
Guimarães 19 abril 2012
COMISSÃO ORGANIZADORA
Paulo B. Lourenço, Jorge M. Branco
INFORMAÇÕES
SEMINÁRIO COBERTURAS DE MADEIRA Universidade do Minho Departamento de Engenharia Civil Azurém, P-4800-058 Guimarães Tel 253 510218 Fax 253 510217 Email sec.estruturas@civil.uminho.pt
ORGANIZAÇÃO
APOIOS
ficha técnica diretor Eduardo Júlio ejulio@civil.ist.utl.pt
diretora executiva
sumário
Carla Santos Silva carla.silva@engenhoemedia.pt
conselho científico Abel Henriques (UP), Albano Neves e Sousa (UTL), Álvaro Cunha (UP), Álvaro Seco (UC), Aníbal Costa (UA), António Pais Antunes (UC), António Pinheiro (UTL), Carlos Borrego (UA), Conceição Cunha (UC), Daniel Dias da Costa (UC), Diogo Mateus (UC), Elsa Caetano (UP), Emanuel Maranha das Neves (UTL) Fernando Branco (UTL), Fernando Garrido Branco (UC), Fernando Sanchez Salvador (UTL), Francisco Taveira Pinto (UP), Helder Araújo (UC), Helena Cruz (LNEC), Helena Gervásio (UC), Helena Sousa (IPL), Hipólito de Sousa (UP), Humberto Varum (UA), João Mendes Ribeiro (UC), João Pedroso de Lima (UC), Joaquim Figueiras (UP), Jorge Alfaiate (UTL), Jorge Almeida e Sousa (UC), Jorge Coelho (UC), Jorge de Brito (UTL), Jorge Lourenço (IPC), José Aguiar (UTL), José Amorim Faria (UP), José António Bandeirinha (UC), Júlio Appleton (UTL), Luis Calado (UTL), Luís Canhoto Neves (UNL), Luís Godinho (UC), Luís Guerreiro (UTL) , Luís Juvandes (UP), Luís Lemos (UC), Luís Oliveira Santos (LNEC), Luís Picado Santos (UTL), Luís Simões da Silva (UC), Paulo Coelho (UC), Paulo Cruz (UM), Paulo Lourenço (UM), Paulo Maranha Tiago (IPC), Paulo Providência (UC), Pedro Vellasco (UER, Brasil), Paulo Vila Real (UA), Raimundo Mendes da Silva (UC), Rosário Veiga (LNEC), Rui Faria (UP), Said Jalali (UM), Valter Lúcio (UNL), Vasco Freitas (UP), Vítor Abrantes (UP), Walter Rossa (UC)
redação Joana Correia redaccao@engenhoemedia.pt
marketing e publicidade Rita Ladeiro r.ladeiro@engenhoemedia.pt
grafismo avawise
assinaturas Tel. 22 589 96 25 construcaomagazine@engenhoemedia.pt
redação e edição Engenho e Média, Lda. Grupo Publindústria
propriedade e impressão Publindústria, Lda. Praça da Corujeira, 38 - 4300-144 PORTO Tel. 22 589 96 20, Fax 22 589 96 29 geral@publindustria.pt | www.publindustria.pt
publicação periódica Registo n.o 123.765
tiragem 6.500 exemplares
issn 1645 – 1767
depósito legal 164 778/01
capa
2
editorial
4_38
dossier | “construção metálica“
4_6
conversas Mota Freitas
7_10
Sustentabilidade e competitividade de edifícios metálicos
11_14
Pontes metálicas e mistas
15_19
Construção em aço leve
20_24
Verificação da resistência ao fogo das estruturas metálicas e mistas aço-betão
25_31
Conceção e dimensionamento de edifícios em aço
32_33
publi-reportagem
Gyptec – uma aposta nacional de confiança
34_35
i& d empresarial
36_37
publi-reportagem
Estrutura Metálica Ligeira – Light Steel Framing – LSF
38_39
betão estrutural
Dimensionamento expedito de estruturas laminares de betão pelo Eurocódigo 2
40_41
alvenaria e construções antigas
Paredes divisórias – uma proposta inovadora e ecoeficiente
42_43
térmica
Que futuro para a reabilitação térmica e energética dos edifícios de habitação?
44
sustentabilidade
Fatores sociais e macro económicos
45_47
notícias
48_49
mercado
50
estante
51
projeto pessoal
António Rosa da Silva
52
eventos
Fotografia © Steel Construction New Zealand Inc.
1
Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores.
Próxima edição > Dossier Reabilitação low cost / high value
2_
editorial A construção metálica tem vindo a conquistar, nas últimas décadas, uma quota de mercado não desprezável em países onde a construção em betão detinha um quase monopólio do sector. Para esta realidade contribuíram vários factores, sendo talvez o principal o facto da indústria do aço ter adquirido um interesse renovado no sector da construção, face às quebras significativas registadas em sectores muito mais apetecíveis, e.g. aeronáutico e automóvel, sobretudo devido ao aparecimento dos materiais compósitos, os quais apresentam inúmeras vantagens face ao aço. Em Portugal, quando se fala em projecto de estruturas metálicas e mistas, há um nome que de imediato assoma às mentes: o do Prof. José Mota Freitas, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Este é, por esta razão, o entrevistado do presente número da Construção Magazine, dedicado a esta temática. E porque as Escolas são feitas por pessoas, que transmitem (e acrescentam) conhecimento de geração em geração, considerámos que fazia todo o sentido convidar para co-editor do dossier temático um jovem professor da mesma Escola: o Prof. Miguel Castro, seguramente um dos nomes a reter como referência futura na área das Estruturas Metálicas e Mistas em Portugal.
*O Professor Eduardo Júlio escreve de acordo com a antiga ortografia.
Eduardo Júlio, Director
Caro leitor, Benvindo a este número da Construção Magazine dedicado ao tema da construção metálica, no qual se pretende apresentar uma perspetiva diversificada sobre o panorama nacional da construção em aço. O número inclui uma entrevista com o Engenheiro e Professor Mota Freitas, personagem marcante para uma série de gerações de engenheiros civis e figura incontornável da engenharia de estruturas em Portugal. Para além de um vasto curriculum ao nível das estruturas de betão armado, do qual resultou a obtenção de um prémio Secil no ano de 2007 e do prémio Outsanding Structure, atribuído em 2009 pela Associação Internacional de Engenheiros de Estruturas e Pontes (IABSE), o Engenheiro Mota Freitas foi, e ainda é, um dos principais impulsionadores em Portugal da utilização do aço no projeto de estruturas. Que o digam todos aqueles que tiveram a oportunidade e o privilégio de escutar os seus ensinamentos nos bancos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto! Da leitura da entrevista ficamos a conhecer um pouco melhor sobre o percurso do Engenheiro Mota Freitas no projeto de estruturas metálicas e sobre o seu olhar em relação ao panorama atual da utilização do aço no setor da construção nacional. O número inclui ainda um conjunto de artigos de cariz técnico nos quais são tratados uma série de assuntos associados à construção metálica, nomeadamente pontes, edifícios industriais, fogo, aço leve e, por último, o incontornável tema da sustentatibilidade. São textos muito interessantes, escritos por autores portugueses de reconhecida reputação, oriundos do meio científico e também da indústria, que nos permitem compreender de forma abrangente as vantagens da utilização do
josé miguel castro
aço nas estruturas.
co-editor da CM46
2_cm
Assine e Anuncie
na revista prática do sector da construção! solicite mais informações em obra@engenhoemedia.pt
4_6
conversas
engenheiro mota freitas
Entrevista conduzida por José Miguel Castro Fotografia por Joana Correia
Mota Freitas é daquelas pessoas que praticamente dispensa qualquer apresentação. Contudo, não se pode deixar de referir, uma vez mais, que se encontra entre os mais reputados engenheiros civis do nosso país, contando com um portfólio invejável de projetos de estruturas metálicas e de betão armado. Apesar de já se ter reformado, Mota Freitas continua a colaborar em alguns projetos pontuais, dando provas da sua competência e profissionalismo na prática da engenharia. Em entrevista à CM, Mota Freitas fala-nos das suas obras mais conhecidas, os desafios que lhe foram colocados ao longo da vida e sobre a utilização do aço na construção nacional. Construção Magazine (CM) – Como é que surgiu o interesse especial pelo projeto de estruturas metálicas? Mota Freitas (MF) – Por mero acaso. De facto, regressado de Angola em setembro de 1968, após quatro anos de Serviço Militar Obrigatório, e tendo já aceitado o cargo de Assistente da FEUP, vi-me confrontado com a necessidade de arranjar um outro emprego, dado o vencimento ridículo de Assistente. Tive três ofertas de emprego, duas das quais muito boas em termos económicos (numa empresa Hidroelétrica e num Banco) mas que exigiam dedicação exclusiva e, portanto, incompatíveis com o compromisso assumido. Aceitei por isso o convite do ETEC (Escritório Técnico de Engenharia Civil), Sociedade Irregular de três sócios: Prof. Armando Campos e Matos, Prof. Aristides Guedes Coelho e Engº Carlos Guerreiro. O vencimento era muito inferior, pois tratava-se de uma colaboração a tempo parcial, mas foi esta a opção que me lançou para o projeto de estruturas metálicas (EM). A princípio fábricas, com as suas coberturas metálicas, mas rapidamente apareceram pontes metálicas, rodo e ferroviárias, para projetar: só de uma assentada foram-nos adjudicados os projetos de oito pontes ferroviárias! Até outubro de 1989 (data em que fui operado a um tumor na espinal medula, de que resultou ter ficado paraplégico), projetei sozinho vinte e tal pontes metálicas rodo e ferroviárias (a grande maoiria). Tenho assim pontes “minhas” nas linhas do Norte, do Douro, do Estoril, das Vendas Novas, da Beira Baixa, e do Oeste. Ainda nesse período tive vários projetos interessantes, tais como seis torres de iluminação de estádios (Boavista, Maia...) e de instalações portuárias (Luanda e Sines); entre estes e muitos outros, os que mais me tocaram foram os projetos da cobertura da Capelinha das Aparições e da cobertura do Auditório do Centro Pastoral Paulo VI (2 900 lugares), em Fátima. Durante a década de 80, o ETEC reforçou os seus quadros com jovens engenheiros e engenheiras de muitíssimo valor. Em equipa projetámos as estruturas do Pavilhão do Futuro (hoje Casino de Lisboa), de três fábricas de papel (custo global de aproximadamente 500 milhões de contos, cada), de uma fábrica de cimento, de grandes pavilhões industriais para a Continental Mabor, de centros comerciais,
de hipermercados, das claraboias do Gaia Shopping e de tantas outras obras de grande importância. A ponte ferroviária que aparece nas fotografias e que atravessa o rio Coura, em Caminha, foi projetada por mim com a preciosa colaboração de um desses jovens engenheiros. CM – Qual o projeto que lhe colocou maiores desafios em toda a sua carreira? MF – Na fase de conceção das estruturas a adotar, por exemplo, para uma ponte, há que ter em conta a sua posterior montagem, sendo inclusivamente obrigatório indicar, caso a caso, um procedimento construtivo viável. A quase totalidade das pontes que projetei foram executadas pela firma SEPSA, que dispunha de um colaborador, o Sr. João Enes, que idealizava com o auxílio de modelos reduzidos, o procedimento que iria adotar nas montagens. Apenas uma vez pediu a minha opinião... A ponte de Caminha foi construída pela firma Teixeira Duarte, que adotou o seguinte procedimento construtivo: todos os elementos de reforço da ponte existente foram colocados no sítio com gruas que circulavam em carris montados sobre os banzos superiores da mesma, o que permitiu realizar toda a obra sem interrupção do trânsito ferroviário. Ironicamente, a obra que seria a mais marcante da minha carreira e que apresentava enormes desafios em termos de conceção, cálculo e construção, acabou por não ser executada. Tratava-se da nova sede do Banco de Portugal, na Praça de Espanha, em Lisboa (1990).
O projeto de arquitetura era da INTERGAUP (Arq.º Vieira da Fonseca) e o de estruturas do consórcio FASE-ETEC. Tratava-se de um edifício com mais de 300 metros de extensão, em que os pisos dos serviços começavam a 50 metros de altura, pelo que era totalmente transparente. Depois de vencidas todas as múltiplas dificuldades da conceção e do cálculo, e depois de devidamente congeminados os procedi-
Perfil José Fonseca da Mota Freitas nasceu em Chaves a 18 de abril de 1938. Licenciou-se em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto em 1964. Após quatro anos de serviço militar, regressa à FEUP mas agora para dar aulas e lá ficou até 2008. Ao mesmo tempo, começou a trabalhar na empresa de projetos ETEC, onde foi desenvolvendo inúmeros projetos. Do seu currículo destacam-se obras presentes em todo o país, por exemplo: ponte ferroviária sobre o Rio Coura em Caminha, Pavilhão do Futuro na Expo 98, centros comerciais “Odivelas Parque” e “8ª Avenida” (S.João da Madeira),“Business Park da Maia” da Sonae. Foi também responsável pelos projetos das coberturas do auditório do Centro Pastoral Paulo VI e da Capelinha das Aparições no Santuário de Fátima. Mais recentemente foi responsável pela coordenação do projeto da Igreja da Santíssima Trindade em Fátima, obra esta que lhe valeu o Prémio Secil de Engenharia Civil em 2007 e o Prémio Outstanding Structure (OSTRAC), atribuído em 2009 pela International Association for Bridge and Structural Engineering (IABSE).
mentos de montagem a adotar, recebemos a notícia de que a obra não iria para a frente. Razão apresentada: “ A diminuição de funções dos bancos centrais dos países da U.E., face à criação do Banco Central Europeu...” Tivemos um grande desgosto! CM – Como vê a formação atual em estruturas metálicas dos jovens engenheiros civis? MF – Apenas posso falar da FEUP (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto) e do que se passava no período em que eu e a Prof.ª Elsa Caetano eramos os responsáveis pelas disciplinas de Construções Metálicas e de Estruturas Metálicas e Mistas. A formação dos alunos ficava aquém do que desejávamos, apesar dos nossos esforços. Por semestre, cada um de nós dispunha apenas de 13 aulas de duas horas. Era muito pouco! Tratava-se de uma situação que, a manter-se, urge alterar. CM – O aço e o betão armado têm sido concorrentes na aplicação a estruturas de engenharia civil. Como caracteriza a situação atual? MF – Em Portugal, nos edifícios correntes destinados a habitação e/ou escritórios, com altura pouco significativa (digamos até 20 pisos), as estruturas resistentes são, geralmente, de betão armado (BA). Pelo contrário, nas situações em que se pretende um grande impacto visual (novas estações ferroviárias, gares marítimas, edifícios aeroportuários, grandes espaços comerciais, estádios, etc) surgem zonas em que as estruturas são de BA e outras em que são de aço. Na Avenida da Boavista, no Porto, no edifício
cm_5
conversas conversas
SANJOSÉ (cerca de 25 pisos), destinado a habitação e escritórios, os pilares periféricos são mistos, constituídos por perfis de aço envolvidos em betão. Esta solução permitiu adotar secções transversais reduzidas e constantes em altura: o aumento da capacidade de carga conseguiu-se por alteração da secção de aço (não visível do exterior), mantendo-se praticamente constante a de betão. Não temos arranha-ceús (felizmente) pois o custo dos terrenos não o justifica. Porém, nos Estados Unidos, nos Emirados da Península Arábica, em Macau, em Hong Kong e, noutras cidades chinesas sobrepovoadas, a sua construção é frequente e as estruturas principais resistentes são de aço. No domínio das pontes o aço deu lugar ao betão armado pré-esforçado. No Porto: Maria Pia, Arrábida, S. João, Freixo, Infante; em Lisboa: 25 de Abril, Vasco da Gama (estaiada). Nas passagens superiores às autoestradas deu-se o inverso: os novos tabuleiros são geralmente suportados por vigas mistas ou por vigas de aço embebidas em betão. O aço continua a ser aplicado na reabilitação e no reforço de pontes metálicas existentes e, ainda, em edifícios de valor histórico: antigos conventos, etc. Acrescento que, em Portugal, os quatro “Prémios Nobel” de Arquitetura e de Engenharia foram atribuídos a edifícios cujas estruturas são de BA/BP. O Prémio PRITZKER atribuído ao Arq.º Álvaro Siza e, posteriormente, ao Arq.º Eduardo Souto de Moura; o Prémio OSTRA atribuído ao Eng.º Segadães Tavares e, posteriormente, a mim e à minha equipa de engenheiros(as), desenhadores(as), etc. CM – No panorama atual de estagnação da economia, que ações poderão ser desenvolvidas para atenuar o impacto negativo no setor da construção? MF – Com o país na situação em que se encontra, não são de prever tão cedo obras de vulto. Que fazer então até este pesadelo desaparecer? Usar da imaginação, de muita imaginação, desenvolver as parcerias existentes com alguns países europeus, com Angola, Moçambique, etc, e reatar os laços com os países do norte de África, logo que haja condições para tal. Outras ações a compreender seriam: melhorar a formação dos alunos de engenharia no âmbito das construções metálicas e das construções mistas; promover a criação de grupos de trabalho integrando alunos de arquitetura e de engenharia, nas disciplinas de Projeto; promover Encontros de Construção Metálica, em que se privilegie a apresentação de obras inteiramente realizadas com estruturas de aço e convidar arquitetos, engenheiros, representantes de empresas Metalomecânicas e de construção civil, etc.
“promover encontros de construção metálica, em que se privilegie a apresentação de obras inteiramente realizadas com estruturas de aço (...)“ 06_cm 6_cm
7_10
construção metálica sustentabilidade e competitividade de edifícios metálicos O Desenvolvimento Sustentável é uma questão essencial hoje em dia e afeta todos os setores da nossa sociedade. A indústria da construção desempenha um papel fundamental nos objetivos do Desenvolvimento Sustentável, não só pela sua contribuição para a economia global como também pelos seus significativos impactos ambientais e sociais. Neste artigo são apresentados os principais desafios e oportunidades para a sustentabilidade e competitividade dos edifícios em aço. Em primeiro lugar, o quadro legislativo europeu é introduzido, juntamente com as ferramentas operacionais mais relevantes. Em seguida, os desafios para o setor são apresentados e discutidos. Finalmente, são listadas as oportunidades para o setor da construção, e em particular, para a construção metálica.
Luís Simões da Silva Professor Catedrático, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Coimbra luisss@dec.uc.pt Helena Gervásio Professora Auxiliar Convidada, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Coimbra
que dependem da própria localização do edifício. A variação das condições locais tem a mesma importância que o edifício em si, ao contrário de outros produtos (por ex., automóveis). — Não há uma relação direta entre as propriedades dos materiais e o desempenho do edifício. Devido à multifuncionalidade de um edifício, cada material oferece um número limitado de benefícios que cumpre algumas funções (por exemplo, resistência estrutural), enquanto que simultaneamente pode ser prejudicial para outras funções (por exemplo, eficiência térmica). — A vida útil dos edifícios é muito longa, contrariamente a outros produtos que normalmente têm uma vida útil inferior (por ex., carros, equipamentos elétricos e eletrónicos). Além disso, a vida útil real de um edifício pode muitas vezes exceder a vida útil de referência (que para um edifício típico é geralmente considerada de 50 anos).
— segurança e acessibilidade; — proteção contra o ruído; — economia de energia e retenção de calor; — o uso sustentável dos recursos naturais.
1. INTRODUÇÃO O Desenvolvimento Sustentável é hoje uma das principais preocupações da Sociedade. O consumo de recursos naturais e o consumo de energia são os aspetos ambientais com mais importância no domínio da construção. Na UE, aproximadamente 50% de todos os materiais que são retirados da superfície da Terra são utilizados no setor da construção. A indústria extrativa de materiais utilizados na construção gera grandes quantidades de poluição e de resíduos. O ambiente construído é também a maior fonte de Gases com Efeito de Estufa (GEE) na Europa e é responsável por cerca de 40% das emissões mundiais de GEE. O setor da construção é responsável por aproximadamente 30% a 50% do total de resíduos de construção e demolição gerados nos países mais desenvolvidos. Em termos de energia, o consumo de energia em edifícios durante a fase operacional corresponde a cerca de 85% do consumo total de energia de um edifício [1]. A realização de um edifício sustentável e energeticamente eficiente é complexo dado as seguintes razões [2]: — Os edifícios são sistemas complexos que oferecem múltiplas funções; — Os edifícios têm características individuais
De acordo com o Regulamento dos Produtos de Construção [3], os edifícios devem garantir os seguintes requisitos básicos: — resistência mecânica e estabilidade; — segurança em caso de incêndio; — higiene, saúde e meio ambiente;
Consequentemente, a conceção de edifícios, eficientes do ponto de vista do consumo energético e sustentáveis, deve ser abordada no quadro de uma perspetiva holística usando metodologias de multicritérios baseadas no desempenho dos mesmos. Há dois fatores principais que contribuem para a eficiência energética de edifícios: a eficiência dos materiais e a eficiência energética. A eficiência dos materiais diz respeito à utilização de materiais ecológicos e que minimizam a criação de resíduos, quer durante a fase de construção quer na fase final da vida útil do edifício. A eficiência energética é atualmente entendida como a otimização da energia operacional, a qual é utilizada na fase de operação do edifício e que inclui a energia necessária para o aquecimento, o arrefecimento, a iluminação, etc. Atualmente, a energia operacional de ciclo-de-vida representa cerca de 80% a 85% da energia total de ciclo-de-vida do edifício. No entanto, dado que a eficiência energética da envolvente do edifício tem vindo a ser cada vez mais eficaz, a energia incorporada no edifício tem vindo a tornar-se
cm_7
construção metálica
3000
GJ
2500
2000
1500
1000
500
years 0 0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Scenario 1 - Embodied
Scenario 1 - Operational
Scenario 2 - Embodied
Scenario 2 - Operational
Scenario 3 - Embodied
Scenario 3 - Operational
Scenario 4 - Embodied
Scenario 4 - Operational
Scenario 5 - Embodied
Scenario 5 - Operational
>1
cada vez mais importante. Por exemplo, a Figura 1 ilustra o balanço entre a energia acumulada operacional e a energia acumulada incorporada de um edifício, ao longo do seu ciclo-de-vida, para diferentes níveis de isolamento. Nesta figura pode observar-se que uma pequena melhoria na eficiência térmica do edifício pode conduzir a um aumento significativo da energia incorporada do edifício. Neste ar tigo são ainda apresentados os principais desafios para a sustentabilidade e competitividade dos edifícios metálicos. Em primeiro lugar, é apresentado o quadro legislativo europeu, juntamente com as ferramentas operacionais mais relevantes. Posteriormente, são apresentados e discutidos os desafios para o setor da construção.
2. COMPETITIVIDADE DO SETOR DA CONSTRUÇÃO 2.1. Caracterização O setor da construção é um dos setoreschave da União Europeia, tanto em termos de produção como de emprego. A indústria da construção é o maior empregador industrial da Europa, representando 7,5% do emprego total e 30% do emprego industrial, contribuindo com cerca de 10% para o PIB. O setor da construção consome mais matérias-primas em peso (até 50%) do que qualquer outro setor industrial. O
ambiente construído é responsável pela maior parcela das emissões de gases com efeito de estufa (cerca de 40%) em termos de uso final de energia. As atividades de construção e de demolição produzem o maior fluxo de resíduos (em peso) na Europa (entre 40% a 50%), sendo a maioria dos quais recicláveis [2]. No período de 2005 a 2007, a indústria da construção na Europa teve um crescimento significativo, no qual, o ano de 2007 representou o ponto mais alto do boom da construção. Entre 2002 e 2007, o setor da construção teve um crescimento significativo em termos de emprego (17%) e volume de negócios (41%), que foi especialmente significativo nos novos Estados-Membros. A crise financeira em 2009 reverteu a situação. De 2007 a 2009, os mercados de construção diminuíram, sendo o mercado de novos edifícios o que foi mais afectado (uma diminuição de 35,3% em comparação com 2007). Naturalmente, a desaceleração na atividade de construção teve também um grave impacto sobre o emprego. O índice de emprego (EU27) para construção caiu 7,6% entre 2008 e 2009 e mais 8,2% entre 2009 e o início de 2010 [2]. 2.2. Desafios políticos e organizativos A Comunidade Europeia tem vindo a desenvolver um longo esforço ao longo dos últimos anos a fim de avaliar o desempenho e a competitivi-
> Figura 1: Balanço entre a energia incorporada e a energia operacional ao longo do ciclo-de-vida do edifício [1]
8_cm
dade da indústria. Neste sentido, e em relação à industria dos materiais de construção, as principais recomendações são: (i) adoção de abordagens de ciclo de vida para melhorar o desempenho ambiental dos produtos de construção; (ii) tornar prática corrente os sistemas de dados ambientais com base em inventários de ciclo-de-vida, (iii) harmonizar os sistemas nacionais de avaliação ambiental ao nível da União Europeia (de preferência através do CEN), (iv) promover, através das associações de materiais de construção, a adoção de esquemas de auditoria ambiental e sistemas de gestão ambiental. Por sua vez, o plano de ação sobre “Eficiência energética em edifícios” conduziu também a uma série de recomendações: (i) monitorização e benchmarking (como por ex., o desenvolvimento de novos indicadores que permitam demonstrar as melhorias no desempenho energético, etc); (ii) mecanismos de estímulo (por ex., incentivar os proprietários de edifícios a publicar os valores relativos ao consumo de energia, obrigar os proprietários de edifícios reabilitados (quando superior a 25%) a melhorar a eficiência energética dos mesmos, etc); (iii) medidas fiscais (por ex., oferecer incentivos financeiros específicos para os consumidores, desenvolver certificados de desempenho energético, etc), e (iv) medidas regulamentares e políticas tais como a certificação de de-
e promover a sua política industrial sustentável, foi introduzido, em julho de 2008, um plano de ação (COM (2008) 397 final) que visa alterar substancialmente os comportamentos de consumidores e produtores em relação a produtos de melhor qualidade, conduzir a uma produção mais limpa e eficiente e a um consumo mais inteligente. 2.3. Legislação e regulamentação O quadro geral para as atividades económicas na EU, incluindo o setor de construção, é definido por diferentes diretivas europeias e iniciativas regulamentares. As duas diretivas mais relevantes são: — Regulamento dos Produtos de Construção (CPR) [3]; — Diretiva do Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD) [4]. Outras diretivas relevantes são [2]: — Diretiva dos resíduos; — Diretiva REACH;
— Consulta pública SVHC (identificação de sete potenciais substâncias que suscitam elevada preocupação); — Diretivas de contratos públicos; — Diretivas para a eficiência no consumo de água. A elaboração e a aprovação destas diretivas é feita normalmente através de procedimentos complexos que envolvem amplas discussões entre todas as partes interessados e de lobby, antes de serem votadas pelo Parlamento Europeu [2]. 2.4. Normalização Nos últimos anos tem-se assistido ao desenvolvimento de várias metodologias para a avaliação da sustentabilidade da construção. Se por um lado, a existência destas novas metodologias demonstra o interesse que o problema representa para o setor, por outro lado, torna complexa a seleção do método mais apropriado e inviabiliza a comparação
PUB
sempenho energético dos edifícios e/ou exigir um desempenho energético exemplar a nível dos contratos públicos. Em relação à “gestão de resíduos” foram feitas recomendações com relação à minimização de resíduos e medidas para minimizar a quantidade de resíduos destinada a aterros e lixeiras ilegais. Mais recentemente, a iniciativa em prol dos mercado-piloto na Europa (COM (2007) 860 final), que consiste num plano de ação concertado e coordenado introduzido pela CE com o objetivo de facilitar o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, definiu a Construção Sustentável como uma das seis áreas de mercado prioritárias. O consumo e a produção sustentáveis são um grande desafio da Estratégia Europeia para o Desenvolvimento Sustentável, pois requerem mudanças na forma de conceção, produção, utilização e eliminação de produtos e serviços, tendo em conta o comportamento do produtor e do consumidor. Para reforçar o esforço europeu na produção e consumo mais sustentáveis
Estrutura metálica ligeira – Light Steel Framing – LSF Empreitadas e sub-empreitadas Construção e Reconstrução – moradias, telhados, lajes, paredes, mansardas Sub-empreitada em LSF - Vista Sudoeste – 23/11/2011 Início dos trabalhos em LSF – 16/8/2011 Lajes - 2 x 500 m2 Paredes interiores e exteriores - 640 m2 Mansardas: no 3º piso - 21; no 4º piso - 10 Cobertura - 1000 m2 – 80 águas, incluindo mansardas
CALÇADA DE COMBRO, PALÁCIO VALADA E AZAMBUJA (LISBOA)
Dosmontes Construção Lda. | Monte Sobral – Vale de Guiso . Apartado 21 . 7580-909 Alcácer do Sal | Tel. 963 035 539 | info@dosmontes.com | www.dosmontes.com
construção metálica
entre avaliações de edifícios. Esta limitação levou a Comissão Europeia a emitir mandato de Normalização (Mandate M/350: Sustainability of Construction Works [5]) com o objetivo de desenvolver métodos para a avaliação da performance ambiental de edifícios (novos e existentes). Em resposta a este mandato, foi criado em 2005 o Comité Técnico TC 350 do Comité Europeu de Normalização (CEN), o qual se encontra a desenvolver um conjunto de normas, com caráter voluntário, para a avaliação de edifícios ao longo do seu ciclo de vida. O âmbito inicial do mandato M/350 limitava-se ao critério ambiental, no entanto o comité decidiu estender o âmbito do mandato no sentido de abranger as três dimensões da sustentabilidade: ambiental, económica e social. As futuras normas Europeias tem em consideração as políticas europeias relevantes para os produtos da construção, nomeadamente o novo Regulamento dos Produtos da Construção, o novo código para Compras Públicas, os Certificados Energéticos, os Rótulos Ambientais, etc [6]. Estas normas constituem um passo importante para a harmonização dos modelos de avaliação da sustentabilidade europeus e contribuem para a credibilidade da sustentabilidade no setor da construção. 2.5. Oportunidades 2.5.1. Cadeia de produção e fornecimento Uma das maiores complexidades do setor da construção é a dificuldade em conseguir uma industrialização eficiente. Isto resulta do próprio conceito de um edifício, o qual está intrinsecamente ligado aos valores culturais da sociedade e que depende das características e limitações locais. Normalmente, as elevadas dimensões das componentes de um edifício é outro fator que também desempenha uma barreira para a industrialização, conduzindo em muitas situações para a fabricação in-situ. Os processos industriais e uma cadeia de fornecimento eficiente são requisitos essenciais para o desenvolvimento de materiais mais eficientes e para a criação de edifícios mais sustentáveis. De forma geral, as estruturas metálicas facilitam a pré-fabricação de estruturas (total ou parcial) conduzindo desta forma a um
10_cm
processo de construção mais eficiente, a uma maior rapidez de construção e à minimização dos riscos e prejuízos da obra e do estaleiro. 2.5.2. Resíduos e emissões Grande parte dos resíduos resultantes da construção e demolição produzidos anualmente podem ser ainda mais reutilizados e/ ou reciclados. A reciclagem e/ou reutilização desses resíduos permite reduzir o volume dos aterros e contribuir simultaneamente para a salvaguarda das matérias-primas. Um dos materiais com maior potencial de reciclagem é o aço. Atualmente, a taxa de reciclagem de estruturas em aço é de 98%, enquanto que a taxa de reciclagem de armaduras ordinárias é de 70% [7]. Além disso, o aço pode ser reciclado inúmeras vezes sem perder qualquer uma das suas qualidades. 2.5.3. Reciclagem, desconstrução e reutilização A reutilização de componentes e materiais de construção tende a reduzir as emissões atmosféricas devidas aos processos de reciclagem. No entanto, a eficiência do reaproveitamento dos materiais de construção e/ou componentes estruturais depende da forma como os materiais são acessíveis durante a fase de demolição. O projeto de edifícios com vista à sua desconstrução tem como objetivo
permitir uma demolição organizada do edifício, a fim de aumentar o potencial de reciclagem e reutilização dos materiais. Em fase de fim de vida, as estruturas metálicas, graças às suas características naturais, permitem uma demolição organizada da estrutura e eventualmente a sua reutilização (total ou parcial) em locais distintos do original.
3. CONCLUSÕES Neste artigo foram apresentados os principais desafios e oportunidades para a sustentabilidade e competitividade dos edifícios em geral e, em particular, dos edifícios em aço. A indústria da construção é responsável, direta ou indiretamente, por uma proporção bastante significativa de impactos ambientais, os quais podem comprometer, a médio ou longo prazo, o futuro das gerações futuras. Portanto, uma das prioridades do setor da construção deve ser o de desenvolver e fornecer soluções inovadoras com vista à minimização deste problema. Graças às características naturais do aço, as estruturas metálicas permitem a otimização dos recursos naturais e a obtenção de um ambiente construído mais racional e eficaz, contribuindo deste forma para uma construção mais sustentável.
Referências [1] Gervásio, H., Santos, P., Simões da Silva, L. and Gameiro Lopes, A, (2010) “Influence of insulation on the balance between embodied energy and operational energy in light-steel residential buildings”, Advanced Steel Construction, 6(2), pp. 742-766 (2010).. [2] Simões da Silva, L., “Energy efficient materials for buildings”, Expert Report in Roadmapping Exercise on Materials for the European Strategic Energy Technology Plan, European Commission, Brussels (2011). [3] Regulation (EU) No 305/2011 of the European Parliament and of the Council of 9 March 2011 laying down harmonized conditions for the marketing of construction products and repealing Council Directive 89/106/ EEC (2011). [4] Diretiva 2010/31/UE do Parlamento Europeu e do Conselho relativa ao desempenho energético dos edifícios (reformulação) [5] Dias, A. e Ilomäki, A. “Standards for Sustainability Assessment of Construction Works”, Bragança, L., Koukkari, H., Block, R., Gervásio, H., Veljkovic, Borg, R., Landolfo, R., Ungureanu, V., Schaur, C. (eds.), Sustainability of Constructions – Towards a better built environment. Proceedings of the Final Conference, COST Action C25, pp. 189-196, Innsbruck (2011). [6] Mandate M/350 EN Standardization mandate from EC/DG Enterprise to CEN. Development of horizontal standardized methods for the assessment of the integrated environmental performance of buildings. Answer from CEN/BT/WG 174. Secretariat of CEN/CEN/TC 350 (2005). [7] Steel Recycling Institute (http://www.recycle-steel.org/en/Recycling%20Resources/Steel%20 Recycling%20Rates.aspx).
11_14
construção metálica pontes metálicas e mistas A. J. Reis Prof. Catedrático do Instituto Superior Técnico Diretor Técnico da GRID engenharia antonio.reis@grid.pt
1. Introdução Se a nível europeu a utilização de soluções metálicas e mistas para pontes rodoviárias e ferroviárias é prática corrente, em Portugal a situação era tradicionalmente diferente. Na última década, em especial, a situação alterou-se. A implementação de soluções em estrutura mista aço-betão para tabuleiros de pontes em Portugal tem resultado de um esforço conjunto de Projetistas, Donos de Obra e Construtores, no sentido de se considerarem, em fases de projeto ou em concursos de conceção-construção, as soluções mistas como alternativas às soluções de betão armado pré-esforçado. A tipologia das soluções, os novos aços e os processos construtivos são a “chave” para o desenvolvimento das pontes metálicas e mistas em Portugal. Uma síntese, necessariamente breve, destes aspetos, baseada na experiencia de projeto do autor e ilustrada por obras neste domínio pelas quais tem sido responsável pela sua conceção, é o objeto do presente artigo.
2. Tipologias Com exceção dos grandes vãos, diga-se acima dos 100 a 150 m, os tabuleiros mistos aço-betão são em geral muito mais competitivos do que os tabuleiros metálicos. Nestes últimos, a laje de tabuleiro é constituída por uma placa integralmente em aço com reforços longitudinais e transversais -tabuleiro em placa ortotrópica. Nos primeiros- tabuleiros
mistos aço-betão, a laje de tabuleiro é uma laje de betão armado ou pré-esforçado, integralmente betonada in-situ, betonada sobre pré-lajes colaborantes ou, mais raramente, integralmente constituída por segmentos pré-fabricados. Em qualquer um dos casos, a estrutura metálica serve de cimbre à laje até que se realize a interação laje-estrutura metálica, passando a estrutura a funcionar como mista. As soluções mistas aço-betão, embora com maior carga permanente, são as preferenciais. O custo de fabrico e de manutenção é menor do que nas soluções integralmente metálicas. Os tabuleiros mistos aço-betão possuem três tipologias básicas: tabuleiros bi-viga ou multiviga, tabuleiros em caixão e tabuleiros em treliça mista aço-betão. Para vãos até cerca dos 60 a 70 m as soluções para pontes rodoviárias ou ferroviárias (Fig.1) do tipo “bi-viga” [1], constituídas por duas vigas de alma cheia com um sistema de contraventamento transversal reduzido a carlingas ou a sistemas triangulados constituídos por tubos ou outro tipo de perfis, são economicamente as mais competitivas. As razões são várias. Nestas soluções, o transporte pode ser feito antes da ligação transversal dos elementos. As almas das secções podem ter apenas um sistema de reforços transversais ou com um ou dois reforços longitudinais. O espessamento das almas para evitar os reforços longitudinais é em geral compensador, do ponto de vista económico, pelo menos para tabuleiros com alturas até 3 a 4 m. O reforço longitudinal a cerca de 1/5 da altura a partir do nível do banzo inferior pode
ser interessante quando os esforços locais introduzidos nas almas durante o lançamento – efeitos de “patch loading”, começam a ser condicionantes para a espessura da alma. Quanto aos banzos, a utilização de aços soldáveis de grão fino, qualidade N ou NL, permite a utilização de chapas de banzo de grande espessura (em geral até cerca de 120 ou 150mm) nas secções sobre os apoios. Para vãos acima dos 60 ou 70m, as soluções mistas em caixão monocelular, começam a ser altamente competitivas em relação às soluções bi-viga, na medida em que na zona de momentos negativos sobre os apoios dos tabuleiros contínuos, são adotadas chapas com reforços longitudinais abertos com secção em T ou, preferencialmente, reforços fechados de secção trapezoidal. Em alternativa a essa tipologia de banzo comprimido, têm sido adotados tabuleiros com dupla ação mista [2], em que o banzo inferior comprimido integra também uma laje de betão. Essa laje só existe na zona dos apoios, até um limite de cerca da 1/5 do vão para cada lado do apoio. A principal dificuldade dos caixões é o transporte. Tabuleiros largos requerem caixões com mais de 4 m de largura. Para evitar um transporte especial, o caixão pode ser transportado em duas meias secções transversais, e executada uma soldadura longitudinal em obra no banzo inferior. Os tabuleiros em caixão, para vãos médios, inferiores aos 60m, podem ser interessantes como forma de aumentar a esbelteza do tabuleiro aspeto desejável por razões estéticas em obras urbanas (Fig. 2) e por vezes exigível por razões de gabarito vertical. Os tabuleiros em treliça mista aço-betão [3]
cm_11
construção metálica
>1
são, de todos, os que conduzem a um menor consumo de aço por m2 de tabuleiro. No entanto o seu custo vem agravado pelo custo de mão de obra (corte de chapas, soldadura e pintura) e de manutenção. As treliças podem apresentar uma tipologia clássica, com tabuleiro superior ou inferior, ou serem treliças tridimensionais de secção transversal triangular [3,4]. Um misto entre as soluções treliça e viga de alma cheia, é constituído pelas soluções do tipo HFWS –Hybrid Full Web System [5] em que se introduz uma viga de alma cheia em conjunto
com duas treliças Warren inclinadas A tipologia preferível para as treliças, mesmo para tabuleiros a dois níveis e grandes vãos, acima dos 100 m, é a treliça Warren com cordas ou cordas e diagonais de secção tubular.
3. Aços e proteção anticorrosiva Tradicionalmente adotavam-se nas pontes metálicas e mistas os chamados aços de construção S355, em geral nas qualidades J2
ou K2 G3, no que se refere à resistência à rotura frágil, hoje em dia incluídos na EN10025 Parte 2 (EN10025-2). Tratam-se de aços com uma energia mínima de rotura no Ensaio Charpy de 27 Joules, no caso por exemplo do S355J2, a -20ºC. Nas pontes ferroviárias, era habitual adotar um aço com uma resistência à rotura frágil superior como é o caso do S355K2. As chapas mais espessas, tradicionalmente e até por exigência regulamentar nalguns países, passaram a ser executadas com aços soldáveis de grão fino do tipo S355N para chapas entre
>2 > Figura 1: Viadutos com tabuleiro bi-viga misto. Metro do Porto. Projetos GRID. > Figura 2: Tabuleiro em caixão unicelular misto, com nervuras transversais. Viaduto sobre o IC19, Lisboa. Vão principal 54m. Projeto GRID.
12_cm
>3
30 e 80 mm e S355NL acima dos 80 mm de espessura. Estes aços, especificados de acordo com a Parte 3 da EN10025, são aços com maior resistência à rotura frágil do que os aços da EN 10025 -2. A utilização cada vez mais frequente de banzos de grande espessura em tabuleiros bi-viga tornou corrente a utilização dos aços S355N e NL. Mais recentemente começaram a adotar-se os aços termomecânicos, designados, no caso do aço da classe S355, por S355M e S355ML. A utilização de aços de alta resistência, como são o aço S420 e S460, tornou cada vez mais corrente em pontes, a utilização do aço S460M ou ML. A grande vantagem dos aços termomecânicos reside numa excelente resistência à rotura frágil mas em especial, em relação aos aços K2 ou mesmo N ou NL, numa exigência mais reduzida dos tempos de préaquecimento para a execução das soldaduras. Diga-se por exemplo, que aos custos atuais, o aço S460N ou NL perdeu muita competitividade em relação ao aço S460M ou ML. A utilização de aços de resistência à cedência plástica superior ao aço S460, nomeadamente os aços S630 e S690, não tem sido muito corrente em pontes. As chapas tornam-se cada vez mais esbeltas por redução da sua espessura e o problema de estabilidade, relacionado com a encurvadura local ou global, torna-se cada vez mais condicionante. As propriedades através da espessura são hoje em dia exigíveis de acordo com os requisitos da EN1993-1-10. A qualidade Z15 é a mínima exigida em pontes, sendo corrente, em chapas de grande espessura, exigir uma qualidade Z25
ou, no limite, Z35. Existem por vezes algumas dificuldades em assegurar uma qualidade Z35 em chapas de grande espessura, por exemplo para o aço S460. Não significa que o aço não tenha essa qualidade, mas sim que o fabricante não a garante normalmente nos seus processos habituais de certificação. As chapas de espessura variável, permitindo uma transição contínua de espessura em banzos, são sem dúvida um valor acrescentado pela moderna tecnologia de fabrico dos aços. Utilizada nalguns países, nomeadamente em França, não tem sido corrente em Portugal. Os aços com uma resistência melhorada à agressividade do ambiente “Weathering steels”, nomeadamente do tipo “corten”, dispensando a proteção anticorrosiva por pintura, têm sido em geral pouco adotados em pontes, salvo varias aplicações em Espanha. Embora com um custo um pouco maior do que os restantes aços de resistência equivalente, é sobretudo a sua cor castanha tipo ferrugem, que os afasta da utilização em pontes metálicas e mistas. O problema de custos de manutenção, antigamente utilizado como argumento contra as soluções metálicas e mistas em Portugal, além do argumento do custo acrescido da construção metálica em relação à construção das pontes de betão, encontra-se hoje em dia completamente ultrapassado. Só o desconhecimento dos novos processos de proteção anticorrosiva e de exigências de manutenção das pontes metálicas e mistas (que possuem proteções anticorrosivas em geral dimensio-
nadas para cerca de 20 anos) pode justificar o argumento contra uma solução deste tipo. A maior parte das soluções mistas executadas na Europa nunca tiveram mais do que uma pintura, e em geral parcial (em zonas localizadas mais vulneráveis à corrosão ou com defeitos de pintura introduzidos durante a montagem e não devidamente reparados), em intervalos de 20 anos. Por outro lado, a maior parte dos problemas de manutenção dos tabuleiros mistos aço-betão, reduzem-se por norma a um problema de pintura. O mesmo não sucede nas pontes de betão com problemas bem mais complexos a nível do controlo da durabilidade do betão e do pré-esforço, este último, hoje em dia, já bastante mais controlado pela qualidade da injeção das bainhas. Não se vê por isso nenhuma desvantagem, a não ser, como é óbvio, um eventual custo acrescido na adoção dum tabuleiro misto aço-betão. Só que esse eventual custo acrescido deve ser avaliado em sede de Estudo Prévio ou mesmo no ato de concurso de construção, permitindo que o mesmo seja lançado para dois tipos de soluções – uma de betão pré-esforçado e uma solução mista açobetão. O mercado regulará a decisão.
4. Processos construtivos A não ser nos grandes vãos, nomeadamente para pontes atirantadas com tabuleiros metálicos ou mistos onde o processo de avanços sucessivos continua a ser adotado (Fig. 3), as pontes metálicas ou mistas são em
> Figura 3: Ponte atirantada com tabuleiro em treliça mista aço-betão a dois níveis. Superior rodoviário para 6 vias e inferior ferroviário para 4 vias. Projeto de referência para a Terceira Travessia do Tejo. Vão principal 540m Aços S460 M e ML. Projeto GRID
cm_13
construção metálica
geral montadas por lançamento incremental (Fig. 4). A montagem da estrutura metálica dos tabuleiros à grua é adotada para rasantes baixas e tabuleiros pouco longos. A grande vantagem do lançamento incremental dos tabuleiros mistos aço-betão, em relação às pontes de betão, consiste no facto de a estrutura metálica, sendo muito leve, permitir o seu lançamento com esforços que não penalizam o custo da estrutura pela fase construtiva. O mesmo não sucede com este método de montagem nas pontes de betão onde o aumento do pré-esforço exigido pela fase construtiva é em geral condicionante para vãos acima dos 50 m. As pontes mistas podem ser executadas por lançamento sem grandes condicionamentos para vãos entre os 50 e os 100 m, sendo nesse domínio muito competitivas em relação às pontes de betão. Note-se que as pontes de betão para vãos entre os 50 e os 70 m não são em geral executadas com cimbres autolançáveis, devido ao enorme custo desses equipamentos construtivos. Resta assim, nesse domínio de vãos e para as pontes de betão, o método de avanços sucessivos, em geral muito pouco
competitivo para vãos abaixo dos 70 a 80 m. A montagem dos tabuleiros por lançamento incremental é feita por troços da ordem dos 20 m, com lançamentos sucessivos, em operações sequenciais com velocidades da ordem dos 6 aos 10 m/h. A um lançamento da ordem das 2 a 4 h segue-se a fase de soldadura, sobre a plataforma de lançamento, na junta de montagem na secção final de um novo segmento A condição básica para a viabilidade do lançamento incremental é, como para as pontes de betão, a adoção de um traçado em planta constituído por troços de raio de curvatura constante – curva circular ou reta. Nesse sentido, o traçado rodoviário ou ferroviário tem de ser pensado, desde inicio, tendo em conta o processo de montagem do tabuleiro. O lançamento a partir de duas ou mais plataformas, permite o lançamento de tabuleiros de grande extensão constituídos por uma sucessão de troços em curva circular e retos. O lançamento incremental é preferencialmente adotado para tabuleiros de altura constante, embora a sua viabilidade para tabuleiros de altura variável e diretriz reta tem sido demonstrada na prática com equipamentos
de lançamento especiais. Quando o vão ultrapassa os 100m, o lançamento incremental da estrutura metálica é naturalmente possível, mas os problemas da fase construtiva (sem pilares intermédios) começam a tornar-se mais condicionantes. Por outro lado, para esses vãos, as secções tipo “bi-viga” são em geral menos competitivas ou menos adequadas, do ponto de vista estrutural, do que os caixões unicelulares.
5. Conclusões A competitividade das soluções metálicas ou mistas para tabuleiros de pontes rodoviárias ou ferroviárias é hoje em dia incontestável. A fase construtiva torna-se em geral muito menos condicionante do que numa ponte de betão, as vantagens a nível ambiental, de condicionamentos de tráfego e de prazo de execução são evidentes. O problema de custos de manutenção, antigamente utilizado como argumento contra este tipo de soluções em relação às soluções de betão, encontra-se hoje em dia completamente ultrapassado.
Referências [1] Reis, A.J. Steel concrete composite bridges. Options and design issues. Steel Bridges Advanced Solutions and Tecnologies.ECCS publ. 1 ed. 2008. [2] Saul, R.- Bridges with double composite action, SEI 1/96 [3] Reis, A.J., J.Oliveira Pedro – Composite truss bridges. New trends , design and research. Steel Construction , design and research,no.3 vol.4, pp 176-183. 2011. [4] Dauner, H. Proceedings of Composite Bridges - State of the Art in Technology and Analysis; J. Calzon (ed.), Madrid, 2001 [5] Giulianni, M Proceedings of Composite Bridges - State of the Art in Technology and Analysis; J. Calzon (ed.), Madrid, 2001 [6] Reis,A J..., Cremmer,J.M,., Lothaire, A.,Lopes, N. The steel design for the new railway bridge over the river Sado river in Portugal Steel Construction. design and research, no.4 vol. 3 . pp 201-211, 2010.
>4 > Figura 4: Novo atravessamento ferroviário do Sado em Alcacer do Sal. Montagem do tabuleiro da ponte principal (vãos de 160m) por lançamento incremental com pilares provisórios. Montagem dos arcos por elevação e rotação. Projeto Grid –Greisch.
14_cm
15_19
construção metálica construção em aço leve Filipe Santos Engenheiro, Vesam Engenharia S.A. filipe.santos@vesam.pt
1. Introdução A designação “Construção em Aço Leve” nasce do facto dos perfis utilizados na execução deste tipo de estruturas serem bastante esbeltos e mais leves quando comparados com os perfis comerciais laminados a quente. Os perfis usados na “Construção em aço Leve” são vulgarmente chamados perfis enformados a frio. Neste texto, serão apresentados: as mais valias e os cuidados na utilização de soluções em enformados a frio; o processo de produção de soluções recorrendo às mais avançadas técnicas e, ainda, algumas aplicações para soluções industriais e habitacionais.
2. Mais valias / Cuidados As principais mais-valias dos perfis enformados a frio são: – A sua enorme eficácia estrutural garantida pela elevada resistência do perfil face ao seu baixo peso. Basta, para isso, recordarmo-
nos do comportamento de uma folha de papel que, com algumas dobragens, consegue suportar cargas que não suportaria caso não as tivesse, mantendo nas duas situações a mesma quantidade de material. – As novas perfiladoras dão aos enformados a frio uma vantagem suplementar, que os perfis laminados a quente não têm, uma vez que permitem a execução de perfis tipo C ou Z com dimensões específicas para cada projeto e ainda com a localização de furos em qualquer ponto do perfil. Assim, é possível criar perfis com, por exemplo, 312mm de alma. Os perfis laminados a quente são comercializados em medidas “standard”, ex: IPE 300 ou IPE 330, não tendo a mesma versatilidade de fabrico e assim, menos otimizados para um dado projeto, ver Figura 1. – Os perfis enformados a frio são facilmente manuseados tanto em “fábrica” como em “obra”, graças ao seu peso reduzido, não sendo necessário grandes meios de elevação para movimentação e posicionamento destas secções.
– O facto dos perfis enformados a frio poderem ser transportados da fábrica para a obra em “malotes”, reduz o custo de transporte das soluções, quando comparado com soluções em laminados a quente, ver Figura 2. De seguida, são referidos alguns cuidados na utilização dos perfis enformados a frio: – De uma forma geral, os perfis enformados a frio têm uma baixa resistência ao fogo obrigando ao recurso a soluções que os protejam do fogo. Essa proteção deve ser projetada corretamente, de forma a não tornar estas soluções menos competitivas quando comparadas com soluções em perfis laminados a quente. – A reduzida rigidez torsional destes perfis obriga a que sejam tomados alguns cuidados no travamento destas secções. É corrente a utilização de sistemas de travamento de forma a aumentar a rigidez torsional dos perfis, ver Figura 3. – A grande sensibilidade a instabilidades
>1 > Figura 1: Perfiladora ajustável e diferentes dimensões para um perfil C.
15_cm
cm_15
construção metálica
exportação para o software de cálculo deve ser um processo expedito, bem como a importação dos esforços para a verificação da resistência [4]. Na Figura 4 é apresentado um fluxograma da referida aplicação. >2
>3
>4
obriga a um cuidadoso cálculo estrutural e a um profundo conhecimento dos fenómenos envolvidos em instabilidades estruturais.
3. Processo Produtivo 3.1. Projeto Um dos benefícios dos enformados a frio é a otimização das secções (no caso de um perfil
C ou Z podemos modificar os banzos, alma, reforços e espessura). É fundamental possuir uma aplicação que calcule corretamente as propriedades brutas e efetivas da secção. Esta ferramenta deve ainda verificar a resistência do perfil, quando sujeito a um conjunto de esforços. A verificação da segurança das secções segundo a parte 1-3 do Eurocódigo 3 [1] é um processo interativo. Daí que o cálculo das propriedades das secções [2, 3] e a sua
> Figura 2: Malote de Perfis C. > Figura 3: Estabilização do banzo inferior. > Figura 4: Fluxograma da aplicação para cálculo de enformados a frio.
16_cm
3.2. Detalhe Com o surgimento das ferramentas de CadCam 3D passou a ser possível pormenorizar todos os detalhes da estrutura metálica, garantindo assim: pré-fabricação em grande escala; redução do tempo de execução de desenhos de fabrico e montagem; aumento da qualidade e rigor dos desenhos; criação de listas para encomenda de matéria-prima e para a expedição de produto acabado; deteção de incompatibilidades que, caso existam, serão facilmente resolvidas. Depois de definidos e detalhados todos os elementos que compõem a estrutura, passase à fase de marcação, ficando referenciados todos os elementos. Finalmente, são gerados desenhos e listas. 3.3. Ferramentas de Integração Total - IT À semelhança do que acontece com os perfis laminados a quente, também nos perfis enformados a frio, o surgimento das ferramentas BIM “Building Information System” permitiu a criação de uma metodologia para a geração, gestão e armazenamento de todas as informações de uma construção, num modelo informático. Normalmente, esta metodologia está implementada em aplicações informáticas tridimensionais de modelação que permitem aumentar a produtividade na fase de projeto e na interligação com a construção. No entanto, a Integração Total (IT) não termina com a geração dos desenhos e listas pelas aplicações informáticas BIM. Vai mais além, permitindo que todas as fases da execução de uma estrutura metálica estejam interligadas, ver Figura 5, evitando a perda de informação, conflitos, etc. Interessa explicar que do ponto vista operacional o processo é iniciado com a definição dos eixos dos elementos estruturais e posterior
o fluxo produtivo deste tipo de estruturas, desde a fase projeto, passando pelo detalhe até fabrico e montagem, pode ser gerido por esta técnica, com grandes vantagens, ver Figura 6.
>5
análise estrutural do edifício, utilizando a aplicação informática de dimensionamento referida na Figura 4, de onde resultam os perfis a usar e a definição das ligações. Posteriormente passa-se à fase de detalhe, conforme explicado no ponto 3.2, podendo voltar-se a exportar para a aplicação de análise estrutural o referido modelo, caso tenham sido efetuadas alterações. A fase final passa pela gestão da produção com base na informação gerada pela aplicação informática de detalhe. Em resumo, a Integração Total é uma técnica que gere a informação produzida por diferentes aplicações informáticas através de uma linguagem comum, com o objetivo de fazer circular a informação de uma forma mais rápida e mais fiável entre os setores de projeto, detalhe e produção, utilizando recursos relativamente económicos. A aplicação da “Integração Total” no caso de estruturas “Parede resistente” em enformados a frio, tem tido grandes desenvolvimentos. Todo
a)
4.1. Soluções Habitacionais 4.1.1. Parede Resistente As soluções em parede resistente têm tido um grande desenvolvimento no setor habitacional do mercado português. Esse facto deve-se não só à existência de fornecedores com capacidade produtiva e diversidade de perfis, mas também ao aumento de conhecimento técnico, tanto no ponto de vista de projeto, como no da construção. Do ponto de vista estrutural, a solução em parede resistente é constituída por elementos verticais separados por uma pequena distância e unidos por perfis horizontais nas suas extremidades, ver Figura 8, formando assim diferentes painéis, conforme a disposição das paredes da habitação. Aos banzos dos elementos verticais são fixas placas que lhe conferem um aumento significativo da rigidez. A solução é completada por lajes ou asnas treliçadas realizadas por perfis enformados a frio. O comportamento estrutural dos perfis que constituem as lajes e as asnas é melhorado através da adição de perfis secundários, normalmente de dimensões inferiores, e que têm como função unir os perfis principais e assim aumentar a sua rigidez torsional. Refira-se que o potencial económico das soluções em parede resistente é significativamente aumentado no caso do recurso a “painelização”. Esta técnica de execução passa pelo fabrico “dentro de portas” dos diferentes painéis que constituem a obra e só é possível graças às
3.4. Como é produzido um enformado a frio Os perfis enformados a frio são produzidos a partir de chapa, existindo dois processos de enformagem: perfilagem, ver Figura 7 a), o perfil é enformado através de uma bobine de chapa que vai passando por diferentes estações até adquirir o aspeto final; quinagem, ver Figura 7 b), o perfil é produzido por várias dobragens uma chapa previamente cortada.
4. Aplicações É comum, na comunidade técnica, a ideia “errada” que as únicas aplicações para enformados a frio são em “estrutura secundária” de unidades industriais (madres de fachada ou cobertura) ou, então, em divisórias habitacionais sem uma função estrutural. De facto, um conjunto de fatores já referidos anteriormente e outros a referir de seguida garantem que por exemplo, hoje em dia, os enformados a frio sejam já utilizados como elementos principais (vigas e pilares) de unidades industriais com pontes rolantes (até 10 toneladas) e vãos consideráveis (até 30 m). Assim, os enformados a frio têm diversas aplicações como elementos principais, com a vantagem de serem normalmente mais económicas.
b)
c)
d)
>6 > Figura 5: Fluxograma de uma ferramenta de Integração Total. > Figura 6: a) Desenho de fabrico do painel; b) Execução do painel em fábrica; c) Desenho de montagem dos diferentes painéis; d) Montagem dos diferentes painéis, Hotel Conrad - Almancil.
cm_17
construção metálica
a)
b)
>7
>8
a)
b)
b)
>9
ferramentas de IT descritas anteriormente. Assim, o tempo de execução da estrutura em obra é significativamente reduzido e a qualidade e precisão são aumentadas, sem um acréscimo significativo dos custos de transporte. 4.1.2. Pórtico As soluções porticadas em enformados a frio têm sido bastante utilizadas em construção modular devido à sua eficácia estrutural. A sua grande rigidez face ao seu baixo peso faz dos perfis enformados a frio uma boa opção. À semelhança das soluções porticadas para edifícios industriais, também as soluções habitacionais têm com principal dificuldade a execução da ligação, garantindo a rigidez e resistência definidas no modelo de cálculo, ver Figura 9 a). No entanto, como são estruturas mais leves permitem uma liberdade arquitetónica maior, ver Figura 9 b). A construção modular ainda acarreta a dificuldade destas
ligações terem que ser desenhadas para diferentes configurações, ver Figura 9 c). 4.2. Soluções Industriais 4.2.1. Pórtico Durante muitos anos as únicas soluções em enformados a frio utilizadas em edifícios industriais eram as madres de fachada e cobertura em Z, C ou perfis Omega. Nos últimos anos, várias soluções industriais apareceram no mercado internacional, usando como elementos principais (vigas e colunas) perfis enformados a frio definindo assim o pórtico. No entanto, as soluções industriais que utilizam perfis enformados a frio implicam algumas dificuldades. Em primeiro lugar, como ligar os diferentes elementos estruturais que compõem o pórtico. Em segundo lugar, a ligação do pórtico à fundação. Basicamente, o principal problema diz respeito ao facto do enformado a frio ter baixa
espessura, tornando-se altamente sensível aos fenómenos de instabilidade local. Os elementos têm de permitir transmitir o esforço entre eles, mantendo a rigidez definida na ligação. Confrontado com este problema, a soldadura dos elementos não é solução, uma vez que a espessura reduzida dos membros torna o processo inviável. A utilização de soluções aparafusadas poderia ser uma alternativa interessante. Porém, o uso de parafusos levanta algumas dificuldades de execução. Por isso é necessário desenvolver soluções simples que sejam fáceis de fabricar e montar. A utilização de ligações aparafusadas tem, ainda, uma dificuldade especial, pois não existem modelos que possam caracterizar a rigidez e resistência. Portanto, para descrever o comportamento das ligações é necessário criar modelos numéricos que reproduzam o comportamento da ligação, ver Figura 10 a). Posteriormente, a modelação numérica
> Figura 7: a) Perfilagem; b) Quinagem. > Figura 8: Montagem da nova sede da Mota-Engil Angola em “Parede Resistente”. > Figura 9: a) Diferentes módulos agrupados; b) Módulo em consola, habitação Luanda; c) Ligações do módulo adaptadas para qualquer posição.
18_cm
a)
b)
c)
> 10
> 11
é calibrada com os ensaios experimentais, ver Figura 10 b). Esta metodologia permitirá a criação de modelos que traduzam o real comportamento da ligação, ver Figura 10 c).
> 12
fixação dos elementos horizontais no elemento vertical: através de clip ou através de parafuso.
5. Conclusões e novos desenvolvimentos 4.2.2. Madres Recentes avanços no cálculo de madres têm permitido uma grande economia de material. Hoje em dia, a parte 1-3 do EC3 [1] permite, de uma forma simples, o cálculo de madres, através da consideração da madre como um elemento contínuo, reduzindo os momentos positivos e considerando a restrição do banzo exterior da madre provocado pelo revestimento, ver Figura 11. 4.2.3. Estruturas de armazenamento (Rack System) Devido a necessidade de armazenamento de bens em altura surgiram no mercado este tipo de estruturas, que se caracterizam pela forma específica da secção do pilar de suporte, permitindo o armazenamento de grandes cargas, a grande altura, ver Figura 12. Existem dois grandes grupos que se diferenciam pela forma de
A construção de estruturas habitacionais e industriais com enformados a frio traz grandes vantagens quando comparado com a construção metálica tradicional em perfis laminados a quente. No entanto, alguns cuidados, como por exemplo a grande sensibilidade a “instabilidades locais”, obrigam a um grande conhecimento desses fenómenos. As novas ferramentas de IT tornam o processo produtivo muito mais rápido e rigoroso. Com o aumento significativo do preço do aço, criar soluções que despendam menos quantidade de matéria-prima (aço) e sejam, ao mesmo tempo, fáceis de fabricar e montar, torna-se um requisito na procura da solução. As aplicações de enformados a frio enquanto estrutura principal são vastas e vão desde a simples habitação até à unidade industrial mais sofisticada.
> Figura 10: a) Modelo Numérico; b) Unidade Industrial da VESAM - Cantanhede; c) Modelo Experimental; > Figura 11: Detalhe e execução de madres de cobertura com continuidade > Figura 12: Estrutura e perfil Rack.
É de esperar que o desenvolvimento de novos estudos sobre ligações em enformados a frio conduza a novas aplicações em estruturas regulares. A necessidade de execução de habitação a preços controlados nos novos mercados (Angola, Moçambique e Brasil) poderá ser mais um motivo para aumentar e desenvolver o conhecimento nesta tecnologia.
BIBLIOGRAFIA [1] CEN, Eurocode 3 “Design of steel structures: Part 1.3 – General rules”, Committee European de Normalisation, Brussels, 2004. [2] Sandor A., “Calculation of the moment resistance of Z and C Shaped cold-formed sections according to Eurocode 3”, http://www.ce.jhu. edu/bschafer/eurocode/ZC-demo-3.pdf , 2003. [3] ECCS, “Preliminary worked examples according to eurocode 3 parte 1.3” ECCS TWG 7.5, Brussels, 2000 [4] Santos, F. and Silva, L.A.P.S. – “Economical efficiency of cold-formed steel section for construction portal frames”. Proceedings of the XI International Conference on Metal Strucutres, Rzeszów - Poland, 2006.
20_24
construção metálica verificação da resistência ao fogo das estruturas metálicas e mistas aço-betão Apresentam-se os aspetos gerais da metodologia a adotar no cálculo das estruturas metálicas e mistas aço-betão em situação de incêndio de acordo com as partes 1-2 dos Eurocódigos Estruturais, procurando enquadrá-la na nova regulamentação de segurança contra incêndios em edifícios em vigor em Portugal. Serão apenas apresentados os conceitos gerais comuns às estruturas metálicas e mistas aço-betão cobertos pelos Eurocódigos, não se entrando no detalhe analítico da verificação da resistência ao fogo específico de cada uma delas. 1. Introdução A verificação da resistência ao fogo das estruturas requer o conhecimento de alguns conceitos que habitualmente não se colocam ao projetista de estruturas: i) é necessário definir os cenários de incêndio, os quais podem ser cenários de incêndio convencionais (fogos nominais) ou cenários de incêndio naturais envolvendo ou não medidas passivas e/ou ativas de proteção contra incêndio; ii) é necessário calcular a evolução da temperatura nos elementos estruturais, uma vez que as propriedades mecânicas dos materiais se degradam com o aumento da temperatura, iii) conhecida a história de aquecimento da estrutura é necessário calcular a sua resistência ao fogo, ou seja, o tempo que decorre desde o início do processo térmico até que ocorre colapso e, finalmente, iv) deve comparar-se o tempo de colapso calculado com a resistência ao fogo exigida regulamentarmente. Em Portugal entrou recentemente em vigor nova regulamentação onde estão estabelecidas as exigências de segurança contra incêndio em edifícios [1-3] e a nível Europeu foram recentemente aprovados os Eurocódigos Estruturais, alguns dos quais contando já com tradução portuguesa. Está assim perfeitamente estabelecido o quadro legal de suporte
20_cm
ao projetista de estruturas no que respeita à conceção e projeto em situação de incêndio. Abordar-se-ão os aspetos gerais da verificação da resistência ao fogo das estruturas à luz desta nova regulamentação.
2. A NOVA REGULAMENTAÇÃO E OS EUROCÓDIGOS ESTRUTURAIS Do ponto de vista do projeto de estruturas em situação de incêndio estão envolvidos dois grupos de regulamentos e normas. O primeiro grupo, que constitui a nova regulamentação de segurança contra incêndios em edifícios [1-3], permite definir as exigências de resistência ao fogo dos edifícios e recintos e o segundo grupo, constituído pelas partes 1-2 dos Eurocódigos Estruturais, permite verificar a sua resistência ao fogo. 2.1. A nova regulamentação de segurança contra incêndio em edifícios Relativamente à nova regulamentação portuguesa, pode dizer-se que o seu diploma base é o Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro, que estabelece o Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndio em edifícios (RJ-SCIE), complementado com o Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios (RT-
Paulo Vila Real Prof. Catedrático do Departamento de Engenharia Civil Universidade de Aveiro
SCIE), que constitui a Portaria n.º 1532/2008, de 29 de dezembro de 2008 (referida no Art.º 15 do RJ-SCIE) e o Despacho n.º 2074/2009, de 15 de janeiro, do Presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil (referido no Art.º 12 do RJ-SCIE) relativo aos critérios técnicos para determinação da densidade de carga de incêndio modificada. Entre as exigências estabelecidas nesta regulamentação encontra-se a “Resistência ao Fogo” de elementos estruturais ou de compartimentação, que se avalia pelo tempo que decorre desde o início de um processo térmico normalizado (por exemplo, a curva de incêndio padrão ISO 834 representada na Figura 2) a que o elemento é submetido, até ao momento em que ele deixa de satisfazer as funções para que foi projetado. Para os elementos em que se exige apenas a função de suporte de cargas, tais como lajes, paredes, pilares e vigas, admite-se que esta função deixa de ser cumprida quando, no decurso do processo térmico referido se considera esgotada a capacidade resistente do elemento sujeito às ações de dimensionamento (exigência de resistência mecânica). Neste caso, considera-se que o elemento cumpre o critério R, durante o tempo em que satisfaz tal exigência. Para os elementos em que se exige apenas
>1
a função de compartimentação, tais como paredes divisórias, admite-se que esta função deixa de ser cumprida quando, no decurso daquele processo térmico, se verifique a emissão de chamas ou de gases inflamáveis pela face do elemento não exposta ao fogo, seja por atravessamento, seja por produção local devida a elevação de temperatura (exigência de estanquidade), ou quando no decurso do mesmo processo térmico se atinjam certos limiares de temperatura na face do elemento não exposto ao fogo (exigência de isolamento térmico). Neste caso, quando se considera apenas a exigência de estanquidade, o elemento cumpre o critério E, durante o tempo em que satisfaz tal exigência; quando se considera a exigência de isolamento térmico, o elemento cumpre o critério I, durante o tempo em que satisfaz esta exigência. A Figura 1 ilustra estes três tipos de qualificação, que, como se apresenta, podem aparecer combinados. A Tabela 1, extraída do Art.º 15 do RT-SCIE ilustra qual a resistência ao fogo padrão mínima dos elementos estruturais de edifícios em função da utilização-tipo em que se enquadram e da sua categoria de risco. Importa referir que o regime jurídico caracteriza os edifícios e recintos nas doze utilizações-tipo seguintes: Tipo I - «habitacionais»; Tipo II - «estacionamento»; Tipo
III - «administrativos»; Tipo IV - «escolares»; Tipo V - «hospitalares e lares de idosos»; Tipo VI - «espetáculos e reuniões públicas»; Tipo VII - «hoteleiros e restauração»; Tipo VIII - «comerciais e gares de transportes»; Tipo IX - «desportivos e de lazer»; Tipo X - «museus e galerias de arte»; Tipo XI - «bibliotecas e arquivos»; Tipo XII - «industriais, oficinas e armazéns». Não cabe neste artigo uma análise detalhada das várias categorias de risco em que os edifício se podem classificar, mas referiremos apenas que em função da utilização–tipo, elas são definidas no RJ-SCIE, à custa, entre outros, dos seguintes parâmetros: a altura do edifício, o número de pisos abaixo do plano de referência, a área bruta ocupada, o efetivo, ou seja, o número de ocupantes por unidade de área e a densidade de carga de incêndio modificada. De acordo com o Art.º 15 do RT-SCIE, “consoante o seu tipo, os elementos estruturais de edifícios devem possuir uma resistência ao fogo que garanta as suas funções de suporte de cargas, de isolamento térmico e de estanquidade durante todas as fases de combate ao incêndio, incluindo o rescaldo, ou, em alternativa, devem possuir a resistência ao fogo padrão mínima indicada na Tabela 1”. Embora não o refira explicitamente, este artigo do RTSCIE abre a porta à utilização de metodologias de cálculo baseadas no desempenho. Na
Tabela 1: Resistência ao fogo padrão mínima de elementos estruturais de edifício.
Utilização-tipo extraída
Categorias de risco
Função do elemento estrutural
1.º
2.º
3.º
4.º
I, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX e X
R 30 REI 30
R 60 REI 60
R 90 REI 90
R 120 REI 120
Apenas de suporte Suporte e compartimentação
II, XI e XII
R 60 REI 60
R 90 REI 90
R 120 REI 120
R 180 REI 180
Apenas de suporte Suporte e compartimentação
realidade, quando refere que em “alternativa” às classes de resistência ao fogo padrão, os elementos estruturais devem possuir uma resistência ao fogo que garanta as funções para as quais foram projetados durante todas as fases de combate ao incêndio, incluindo o rescaldo, isto significa implicitamente a possibilidade de se usar o incêndio natural (ver Figura 2), ou seja, a possibilidade de utilizar uma abordagem baseada no desempenho em alternativa à abordagem prescritiva. Esta possibilidade, surge apenas em mais um artigo do RJ-SCIE, o Art.º 14, onde se estabelece que, “quando comprovadamente, as disposições do RT-SCIE sejam desadequadas face às grandes dimensões em altimetria e planimetria ou às suas características de funcionamento e exploração, tais edifícios e recintos ou as suas frações são classificados de perigosidade atípica, e ficam sujeitos a soluções de SCIE”. Mais uma vez, o texto não refere explicitamente que as soluções se podem apoiar em análises baseadas no desempenho mas está naturalmente implícita essa possibilidade. Não foi esta a opção dos Eurocódigos Estruturais onde a referência a estes dois tipos de abordagem aparece explicitamente. 2.2. Os Eurocódigos estruturais Todos os Eurocódigos Estruturais relativos aos vários materiais e o Eurocódigo 1, possuem a parte 1-2, dedicada exclusivamente à verificação da resistência ao fogo. 2.2.1. Ações nas estruturas em situação de incêndio No cálculo estrutural ao fogo, para além das habituais ações mecânicas (o peso próprio, a sobrecarga de utilização, a ação da neve, a ação do vento, entre outras), é necessário definir as ações térmicas resultantes da ocorrência do incêndio.
> Figura 1: Os três tipos de qualificação da resistência ao fogo.
cm_21
construção metálica
2.2.1.1. Ações térmicas O modo de definir a temperatura dos gases no compartimento de incêndio está preconizado na parte 1-2 do Eurocódigo 1 através de curvas de aquecimento nominais e modelos de fogo natural. As curvas de incêndio nominais, como por exemplo a curva de incêndio padrão ISO 834 (ver Figura 2), são curvas que podem ser expressas por uma fórmula simples, idêntica qualquer que seja a dimensão e a ocupação do compartimento de incêndio. Em contraste com estas, os modelos de fogo natural (ver Figura 2) baseiam-se em parâmetros como a densidade carga de incêndio, a taxa de libertação de calor, as condições de ventilação e as propriedades térmicas dos revestimentos das paredes envolventes do compartimento de incêndio. O Eurocódigo 1 permite a utilização dos seguintes modelos de fogo natural, de complexidade crescente, para definir a evolução da temperatura: 1. Modelos de cálculo simples, como os modelos de Hasemi e de Heskestad para os incêndios localizados em que não ocorre “flashover” e as curvas paramétricas que representam incêndios de compartimento, completamente desenvolvidos; 2. Modelos de zona, como os modelos de uma zona para incêndios generalizados ou os de duas zonas para os incêndios em que não ocorre “flashover”; 3. Modelos de cálculo avançados com recurso a programas sofisticados baseados na mecânica de fluidos (CFD – Computacional Fluid Dynamics). 2.2.1.2. Ações mecânicas O fogo é considerado uma ação de acidente, pelo que o valor de cálculo dos efeitos das ações em situação de incêndio, Ef,id , deve ser obtido usando-se a seguinte combinação de acidente definida na EN 1990:
>2
Qk,1
é o valor característico da ação variável de base; Ψ1,1 e Ψ2,i são coeficientes de combinação (em Portugal adota-se Ψ1,1); Ad é o valor de cálculo das ações indiretas de incêndio, a que correspondem os esforços resultantes das restrições às dilatações térmicas, englobando também o efeito da temperatura nas propriedades mecânicas dos materiais. 2.2.2. Propriedades mecânicas função da temperatura Os valores de cálculo das propriedades mecânicas (resistência e deformação) dos materiais, Xd,fi , de acordo com as partes 1-2 dos Eurocódigos, são definidos por: Xd,fi = kθ Xk / γM,fi em que X k
k θ
γM,fi
é o valor característico das ações permanentes;
é o valor característico de uma propriedade de resistência ou de deformação (geralmente a tensão de cedência, fk ou o módulo de Elasticidade, Ek) à temperatura normal; é o fator de redução para uma propriedade de resistência ou de deformação (Xk,θ / Xk), dependente da temperatura do material; é o coeficiente parcial para a propriedade considerada do material, em situação de incêndio.
2.2.3. Metodologias de cálculo De acordo com as partes 1-2 dos Eurocódigos 3 e 4, na verificação da resistência ao fogo das estruturas, podem ser usados três níveis de
> Figura 2: Comparação entre a curva de incêndio padrão ISO 834 e uma curva de incêndio natural.
22_cm
Segundo aqueles Eurocódigos, o elemento estrutural mantém a sua função de suporte de cargas durante a ocorrência de um incêndio enquanto se verificar a relação:
(2)
(1)
onde Gk
esquematização das mesmas: i) Estrutura completa permitindo ter em conta a interação entre os vários elementos que a compõem; ii) Parte da estrutura, como por exemplo pórticos planos ou subestruturas, em que há necessidade de determinar as condições de fronteira que nelas atuam, as quais se consideram constantes durante a ocorrência do incêndio; iii) Elementos estruturais isolados (vigas, pilares ou lajes), desprezando qualquer interação entre eles.
(3) sendo Ef i,d Rf i,d ,t
o valor de cálculo do efeito das ações em situação de incêndio; o valor de cálculo da capacidade resistente em situação de incêndio no instante t.
A verificação da resistência ao fogo pode ser feita em três níveis de sofisticação crescente: i) Utilização de tabelas obtidas à custa de ensaios experimentais em fornos padronizados e válidas apenas para o incêndio padrão. A Tabela 2 ilustra, a título de exemplo, a utilização de valores tabelados para definir as dimensões mínimas da secção transversal, recobrimento mínimo da secção de aço e distância ao eixo mínima dos varões da armadura para pilares mistos
Tabela 2: Valores tabelados. EN 1994-1-2.
Resistência ao fogo padrão
constituídos por perfis de aço totalmente revestidos de betão; ii) Métodos simplificados de cálculo, fazendo uso de fórmulas aplicáveis apenas a elementos estruturais isolados. Estas fórmulas são semelhantes às que habitualmente se utilizam à temperatura normal havendo apenas que adaptar as propriedades dos materiais ao correspondente valor a temperatura elevada. Por exemplo, o momento plástico resistente de um perfil metálico em situação de incêndio é dado por:
(4)
em que é o módulo plástico de flexão, Wpl,y é o fator de redução da tensão de cedência, fy, à temperatura normal e γM,f i é o fator parcial de segurança para o aço em situação de incêndio. Comparando esta expressão com a expressão correspondente à temperatura normal, dada na EN 1993-1-1, que aqui se reproduz
verifica-se que as duas expressões são formalmente idênticas, diferindo apenas o valor da tensão de cedência a utilizar em situação de incêndio ky,θ fy / γM,f i , de acordo com a Eq. (2) e à temperatura normal, fy / γM 0 . Nem sempre a semelhança é tão evidente, no entanto os procedimentos de cálculo são em tudo equivalentes aos que habitualmente se utilizam à temperatura normal. Deve referir-se que cumprindo um dos objetivos do programa dos Eurocódigos Estruturais (Guidance paper L (concerning the
a)
>3
(5)
1.1 1.2 1.3
Dimensões mínimas hc e bc [mm] Recobrimento mínimo c do perfil de aço [mm] Distância ao eixo mínima us dos varões da armadura [mm]
R 30
R 60
R 90
R 120
R 180
R 240
150 40 20*
180 50 30
220 50 30
300 75 40
350 75 50
400 75 50
*) Este valor deve ser verificado de acordo com 4.4.1.2 da EN 1992-1-1.
Construction Products Directive - 89/106/ EEC) - Application and use of Eurocodes), começam a surgir programas de cálculo, como por exemplo o programa Elefir-EN para elementos estruturais em aço [4] desenvolvido na Universidade de Aveiro (ver Figuras 3 e 4) que cobre a maioria dos métodos de cálculo simplificados preconizados no Eurocódigo 1 e no Eurocódigo 3. iii) Métodos avançados de cálculo, com recurso a programas de cálculo automático normalmente baseados no método dos elementos finitos. A Figura 5 mostra a distribuição de temperaturas na secção transversal de um perfil HE240A após 60 minutos de exposição ao incêndio padrão nos quatro lados obtido com recurso ao programa SAFIR [5] desenvolvido na Universidade de Liège para avaliação do comportamento ao fogo das estruturas. Trata-se de um programa de elementos finitos para análise material e geometricamente não-linear. Um outro exemplo, aqui apresentado, em que se utilizaram métodos de cálculo avançados consistiu na verificação da resistência ao fogo da estrutura metálica do Centro de Exposições e Feiras de Oeiras apresentado
b)
a)
na Figura 6, cuja estrutura metálica é constituída maioritariamente por perfis soldados de inércia variável com secções transversais de Classe 4. Como a altura do edifício é inferior a 9 m, tem dois pisos abaixo do plano de referência e um efetivo superior a 5000, pertence à 4ª Categoria de Risco. De acordo com o RT-SCIE, os elementos da estrutura principal devem possuir uma resistência ao fogo padrão de 120 minutos (R120). No entanto, dadas as suas grandes dimensões em planta e em altura, pode ser classificado de perigosidade atípica de acordo com o Artigo 14.º do RJ-SCIE, sendo permitida a utilização de soluções de Engenharia de Segurança contra Incêndios baseadas no desempenho. Vários projetos europeus, dos quais se destacam, “Development of Design Rules for Steel Structures Subjected to Natural Fires in Large Compartments” e “Development of Design Rules for Steel Structures Subjected to Natural Fires in Closed Car Parks”, financiados pela Comissão Europeia têm mostrado que no caso de compartimentos de grandes dimensões, a regulamentação prescritiva baseada na curva de incêndio padrão é demasiado conservativa e pouco realista. O Centro de Exposições e
b)
>4
> Figura 3: Fogo localizado. a) Método de Hasemi; b) Método de Heskestad (programa Elefir-EN). > Figura 4: Evolução da temperatura do compartimento e do perfil de aço para um incêndio paramétrico. a) Perfil não protegido; b) Perfil protegido (programa Elefir-EN).
cm_23
construção metálica
Feiras de Oeiras insere-se, pelas suas dimensões em planta e em altura, na qualificação de “Compartimento de Grandes Dimensões”. Por outro lado, o facto da estrutura principal estar realizada com elementos de secção transversal de Classe 4, uma análise prescritiva, sem avaliação do seu desempenho, obrigaria à utilização de proteção passiva contra incêndio dimensionada para uma temperatura crítica de 350 ºC, conforme estipulado na EN 1993-1-2. Foram utilizados na análise elementos finitos de casca. A Figura 7 mostra um pormenor da malha de elementos finitos na zona de um dos nós da estrutura, em que cada cor representa uma espessura da chapa diferente. A Figura 8 apresenta a deformada do pórtico principal sujeito a uma curva de incêndio natural na Zona B (ver Figura 6), aos 120 minutos, observando-se no pormenor ampliado a ocorrência de encurvadura local, que não se verifica à temperatura
>5
normal. Não ocorreu colapso da estrutura durante todas as fases do incêndio.
3. CONCLUSÕES Apresentaram-se os aspetos gerais da metodologia a adotar na verificação da resistência ao fogo das estruturas de acordo com as partes 1-2 dos Eurocódigos Estruturais, procurando enquadrá-la na nova regulamentação de segurança contra incêndios em edifícios em vigor em Portugal.
4. Referências [1] Regime Jurídico de Segurança contra Incêndio em Edifícios (Decreto Lei nº 220/2008). [2] Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios (Portaria n.º 1532/2008). [3] Critérios técnicos para determinação da densidade de carga de incêndio modificada (Despacho n.º 2074/2009) [4] Vila Real, P.M.M., Franssen, J.-M. Elefir-EN, http:// elefiren.web.ua.pt, 2010. [5] Franssen, J-M. SAFIR, A Thermal/Structural Program Modelling Structures under Fire, Engineering Journal, A.I.S.C., Vol 42, No. 3, 143-158, 2005. [6] Vila Real, P. M. M.; Lopes, N. “Centro de Exposição e Feiras de Oeiras, estudo das necessidades de proteção passiva contra incêndio”, requerido por Martifer, S.A., LERF - Laboratório de Estruturas e Resistência ao Fogo, Universidade de Aveiro, 2010.
>7 a)
b)
>6
>8
> Figura 5: Campo de temperaturas ao fim de 60 minutos num perfil HE240A com fogo nos 4 lados quando sujeito ao fogo padrão ISO 834. > Figura 6: Centro de Exposições e Feiras de Oeiras: a)Planta b) Corte. [6] > Figura 7: Pormenor da malha de elementos finitos utilizada na zona de um nó da estrutura. > Figura 8: Deformada do pórtico após 120 minutos de exposição a incêndio natural (x20).
24_cm
25_31
construção metálica conceção e dimensionamento de edifícios em aço Tiago Abecasis, Filipe Conceição Tal Projecto – Projectos, Estudos e Serviços de Engenharia, Lda.
1. Introdução A opção pelo aço como material estrutural principal é, hoje em dia, em Portugal, a mais vulgar para os seguintes tipos de edifícios: – Instalações industriais. – Coberturas de grandes áreas. – Edifícios altos. Tal como em grande parte da Europa, as razões para o universo das aplicações das estruturas metálicas ser tão restrito, designadamente quando comparado com a enorme quantidade das outras edificações cuja estrutura é, na grande maioria dos casos, de betão armado executado “in-situ”, são, no essencial, de ordem económica, embora se deva realçar que a construção metálica, com o seu caráter industrializado (produção em série num local afastado do sítio da construção), se adequa mal aos processos tradicionalmente utilizados na construção civil em Portugal. A integração da estrutura metálica no processo construtivo e o seu ajustamento aos restantes materiais da edificação torna-se mais simples, evidente e lógica quando estes também são maioritariamente pré-fabricados. É o que se passa nos países em que a percentagem de edifícios com estrutura metálica é mais elevada (países nórdicos e Inglaterra, na Europa) e também é o que caracteriza pelo menos duas das três tipologias de construções mencionadas no início deste capítulo. Nas instalações industriais e, em particular, nas naves industriais a estrutura é complementada, na maioria das construções, ape-
nas com a justaposição dos elementos dos revestimentos que a ela são fixados. No final, com exceção das fundações e do piso térreo, todas as peças que constituem o edifício foram produzidas longe do local onde ficaram definitivamente instaladas. Trata-se, portanto, de edificações eminentemente pré-fabricadas. Nas outras edificações de caráter industrial, nomeadamente nas grandes construções de caráter fabril, a importância das componentes produzidas longe do local de construção acentua-se, pois todos os serviços complementares, tubagens, redes de distribuição e equipamentos o são. Nestes casos, uma outra circunstância que influencia a escolha da estrutura metálica deriva da necessidade periódica de se proceder a ajustamentos na estrutura por forma a adequála à implantação de novos equipamentos ou de equipamentos com características diferentes dos que existem e que se pretende substituir. É mais simples introduzir alterações na configuração de uma estrutura metálica – recorrendo ao corte dos seus componentes e à soldadura de novas peças fabricadas em oficina – do que numa estrutura de betão armado, onde é preciso proceder, no local, a demolições, montagem da cofragem e armaduras, e betonagem. As peças metálicas são especialmente vocacionadas para constituírem as estruturas que vencem grandes vãos devido a duas propriedades mecânicas que as caracterizam: – A sua elevada resistência tanto à compressão como à tração. – O baixo valor da relação peso específico/ capacidade resistente.
Atente-se a que esta relação vale 0,21x10 -3 m-1, para um aço S355 e 1,5x10-3 m-1 e para um betão C25/30, considerando para este a resistência à compressão (Fig.1). Consegue-se, com o recurso ao aço, estruturas muito mais leves do que as que se obtém quando se utiliza betão armado. Tratando-se de vãos grandes, para os quais é essencial reduzir o peso dos elementos construtivos, pois os esforços causados pelas cargas permanentes representam uma parcela muito significativa da totalidade dos esforços atuantes nas estruturas resistentes principais, a diminuição do peso da estrutura constitui uma das prioridades, tanto mais importante quanto mais leves forem os revestimentos que a ela se adicionam. A leveza das peças estruturais é, para além disso, uma característica que simplifica a execução dos trabalhos de montagem, pois aligeira os equipamentos de movimentação e elevação que nela são empregues. Note-se que, em contraponto com a utilização do aço nestas estruturas, a opção pelo betão armado obriga à instalação de importantes cimbres (usualmente metálicos) e cofragens para suportar e conter as armaduras e o betão fresco, elementos temporários que não têm qualquer aproveitamento na construção definitiva. São escassos os exemplos da aplicação de estruturas metálicas em edifícios altos em Portugal. No entanto, recentemente têm vindo a ser projetados e construídos por empresas portuguesas diversos edifícios de média e grande altura (com mais de 25 andares) em Angola. É claro que se trata de um contexto diferente daquele que existe em Portugal, mormente
cm_25
construção metálica
A opção por elementos estruturais em aço nestes edifícios, em detrimento de betão armado, justifica-se, essencialmente, por duas razões: – A rapidez de construção que está associada ao seu emprego; – A menor dimensão das suas secções, a qual maximiza o aproveitamento das áreas construídas. >1
no que se refere à disponibilidade e custo dos materiais, dos meios de construção, dos equipamentos e da mão de obra e, ainda, a um fator de enorme relevância no dimensionamento de edifícios altos - a intensidade da ação sísmica. Em Luanda, seguindo o critério estipulado no Eurocódigo 8, não é necessário considerar a ação sísmica ao proceder à verificação da segurança das construções. Note-se que esta regra não se aplica em várias cidades do Sul de Angola onde as acelerações sísmicas registadas têm valores mais elevados. Como se sabe, em Portugal o dimensionamento dos elementos estruturais é fortemente condicionado pelos efeitos da ação sísmica.
Acresce ainda, em determinadas circunstâncias, a possibilidade de se reduzirem muito as áreas destinadas a estaleiro, resultante do facto de as peças estruturais serem produzidas fora do local de construção. Constata-se, contudo, que, na grande maioria dos edifícios altos que têm estrutura metálica, em Portugal e em Angola, a capacidade resistente a forças horizontais é assegurada, não pela estrutura metálica mas por núcleos de paredes em betão armado. Neste artigo aborda-se apenas os aspetos relacionados com a conceção e o dimensionamento das naves industriais metálicas. Antes disso, porém, considerou-se oportuno enunciar alguns princípios universais a respeitar no projeto de estruturas metálicas.
>2
>3 > Figura 1: Secções resistentes de aço e betão para um esforço atuante Nsd=1.000kN. > Figura 2: Secções dos produtos laminados correntes. > Figura 3: Peça fabricada em oficina.
26_cm
2. O AÇO COMO MATERIAL ESTRUTURAL. SUAS ESPECIFICIDADES A matéria-prima utilizada na construção das estruturas metálicas é constituída por chapas ou perfis laminados, estes com diversas geometrias, produzidos em siderurgias e fornecidos com as dimensões máximas compatíveis com a utilização de meios de transporte correntes. As larguras das peças não ultrapassam os 2,5 metros e os comprimentos não excedem, salvo encomenda especial, os 12 metros (Fig.2). Estas unidades são cortadas e assembladas nas oficinas metalomecânicas com o intuito de se formarem os elementos que constituem uma estrutura, sejam eles os pilares e as vigas, principais e secundárias, de um edifício, ou as barras das cordas e da triangulação de alma das treliças de uma cobertura, por exemplo. A formação dos elementos em oficina – fabrico – é feita por meio da ligação entre si dos perfis ou das chapas previamente cortados, ou com recurso à soldadura ou com parafusos (Fig.3). Segue-se, normalmente, a aplicação da proteção anticorrosiva, pelo menos das suas primeiras camadas, e o transporte para o local onde a estrutura será construída. Aí as peças fabricadas são ligadas, primeiro às fundações e depois umas às outras, de modo a comporem a estrutura pretendida. Em função do peso das peças e das possibilidades de estacionamento são utilizadas gruas de maior ou menor dimensão para a movimentação das peças fabricadas (Fig.4). É importante que a conceção da estrutura seja pensada tendo a noção da forma como ela será repartida em elementos com dimensões que possibilitem o seu fabrico e transporte e, também, dos tipos de ligações que serão utilizadas, quer em oficina quer no local da montagem. Tendo em conta as exigências ambientais, de qualidade e de segurança associadas à execução das soldaduras evita-se o seu uso quando se trata de ligações a realizar à montagem, em especial quando elas têm de ser feitas com as peças a unir já nas suas posições definitivas. São claramente preferidas as ligações aparafusadas em detrimento das soldadas.
>4
Nas oficinas de fabricação, embora se possa realizar, de forma controlada, todas as modificações nas peças recebidas das siderurgias, quanto menor for a quantidade de alterações introduzidas mais económica se torna a estrutura. Se estas alterações puderem ser realizadas por máquinas ferramentas – caso, hoje em dia, do corte e da furação – em vez de envolverem a intervenção humana, como sucede inevitavelmente, por exemplo, com a formação e a soldadura das vigas trianguladas, então o custo da estrutura resulta ainda mais reduzido. Trata-se de condições, decorrentes da forma como são produzidas as estruturas, que é fundamental ter presente quando se pretende conceber uma estrutura metálica económica. Para além das questões relacionadas com o melhor aproveitamento das propriedades mecânicas especificas do material (aço), a que faremos referência de seguida, o projetista tem de conhecer bem todo o ciclo de produção das estruturas. Para se poder aproveitar na sua totalidade as capacidades resistentes das peças metálicas há que dispô-las, na estrutura, de um modo que possibilite o esgotamento da resistência das secções quando se atingem os estados limites últimos de solicitação não comprometendo, contudo, por via da sua excessiva deformação, o comportamento em serviço. Esta otimização é mais facilmente obtida se o arranjo das peças que formam a estrutura permitir que as secções
fiquem sujeitas a esforços de compressão ou de tração em vez de esforços de flexão. Com os primeiros as tensões distribuem-se uniformemente na secção e atingem o seu valor limite simultaneamente em toda ela, contrariamente ao que sucede com o outro tipo de esforços mencionado. Por outro lado, nas estruturas trianguladas consegue-se aumentar o braço do binário resistente com um acréscimo de peso muito menor do que aquele que é necessário nas peças de alma cheia. Estes dois argumentos justificam a utilização de conjuntos triangulados quando o objetivo é obter estruturas mais ligeiras. É claro que ao optar por uma estrutura triangulada há também que ter em consideração o mais elevado custo do seu fabrico, pelas razões atrás referidas. Outra questão a ponderar ao conceber uma estrutura é a conveniência em recorrer a aços de elevada resistência. De facto, desde que acautelada a possibilidade de aprovisionamento, o qual, nos tempos atuais, não constitui problema tratando-se de aços das classes S355 e de resistências inferiores, o pequeno custo adicional de um aço de resistência mais elevada é largamente compensado pela diminuição do peso do material que com ele se consegue. Há, contudo, que verificar se o aumento da resistência do material é realmente convertido em redução significativa das dimensões das secções resistentes e, consequentemente, do peso das peças estruturais. Duas circunstâncias podem concorrer para que esta relação inversa não se venha a concretizar. Se o dimensionamento da secção das peças for condicionado, não pela necessidade de assegurar nelas uma capacidade resistente mínima, mas sim pelos limites impostos à sua deformabilidade, então não há vantagem em aumentar a resistência do material. As dimensões das secções serão, nessas situações, ditadas pela inércia mínima compatível com a obtenção de uma rigidez adequada. É o que sucede, com alguma frequência, nas vigas dos pisos onde podem circular pessoas, em especial quando os vãos a vencer são grandes e não contínuos.
Outra situação em que ao aumento da resistência não corresponde uma diminuição equivalente do peso da estrutura, ocorre nas peças sujeitas a esforços de compressão. Como se sabe, a capacidade resistente à compressão está limitada, para peças acima de uma certa esbelteza, pela possibilidade de ocorrência de fenómenos de encurvadura e não pela plastificação total da secção. À redução das dimensões da secção, que é proporcionada pelo aumento de resistência do aço, corresponde um abaixamento do valor do seu raio de giração, um acréscimo da esbelteza da peça e, consequentemente, uma diminuição da resistência à encurvadura. Assim, poderá ser contraproducente a utilização de aços de alta resistência em peças ou conjuntos submetidos a elevados esforços de compressão. Nestes casos, que se verificam em pilares de grande altura ou nas cordas e diagonais comprimidas de vigas trianguladas, a opção por aços de resistência mais elevado só se justifica se a esbelteza não for muito elevada. 120 pode ser considerado um valor limite máximo para justificar a escolha de um aço de resistência superior. Esta mesma razão sustenta a preferência pelos arranjos estruturais em que as peças de aço estão sujeitas principalmente a esforços de tração. Nelas é possível aproveitar integralmente a capacidade resistente do material e, por isso, compensa sempre a opção por aços de elevada resistência. É o que se passa nas estruturas de cabos que constituem uma opção cada vez mais escolhida para as coberturas de grandes vãos.
3. NAVES INDUSTRIAIS 3.1. Conceção Estrutural A configuração mais frequentemente encontrada nas naves industriais é a que se representa na Fig.5. Quando o edifício tem mais do que uma nave a estrutura repete-se, passando os pórticos principais a ter 2, 3 ou mais vãos e 3, 4 ou mais pilares, mas mantém-se a sua constituição - pórticos de travessa quebrada, madres,
> Figura 4: Montagem da estrutura de um edifício (cobertura).
cm_27
construção metálica
elementos de contraventamento, pilares nas paredes extremas (Fig.6). Nesta conceção as madres são os elementos da estrutura que recebem diretamente as cargas aplicadas pelos revestimentos. Transmitemnas aos pórticos principais ou, quando se trata de madres situadas nas paredes dos topos do edifício, aos montantes situados nesses planos. De uma forma sintética pode afirmar-se que aos pórticos principais da estrutura compete assegurar a transmissão, para as fundações, das componentes paralelas aos seus planos das forças aplicadas à construção, ou seja das cargas verticais e das forças horizontais causadas pela ação do vento ou dos sismos, na direção transversal (Fig.7). Quanto às componentes perpendiculares aos planos dos pórticos, a sua transmissão às fundações é realizada pelos contraventamentos situados na cobertura e nas paredes laterais do edifício, entre as travessas e os montantes de pórticos consecutivos (Fig.8). Os pórticos principais são, habitualmente, pórticos de nós rígidos, em cujos montantes e travessas se utilizam perfis laminados, do tipo IPE, nas travessas e nos montantes, ou H, nos montantes quando a altura destes ou o vão a vencer é muito grande. A opção por perfis laminados reforçados nas zonas de maiores esforços, nomeadamente nas proximidades dos nós de ligação entre as travessas e os montantes, revela-se económica para vãos até 40 metros (Fig.9). Para vãos superiores já é conveniente estudar também uma alternativa com travessas em viga triangulada, correntemente designadas por asnas (Fig.10), a qual, em princípio, não deverá ficar rigidamente ligada aos pilares para que não sejam introduzidos neles momentos fletores excessivos que penalizariam, sem proveito para as travessas, o seu dimensionamento. Note-se que mesmo os montantes destes pórticos são peças cujo dimensionamento é, essencialmente, condicionado pelos esforços da flexão que nele se desenvolvem. Embora também existam esforços axiais, o reduzido valor das cargas permanentes faz com que as suas intensidades sejam relativamente baixas. Sempre que não haja restrições mais severas do
28_cm
>5
>6
>7
>8 > Figura 5: Estrutura de uma nave industrial. > Figura 6: Pórtico principal de um edifício com várias naves. > Figura 7: Forças no plano dos pórticos. > Figura 8: Transmissão das forças horizontais do vento longitudinal às fundações.
>9
> 10
que as estabelecidas na atual regulamentação, nomeadamente na parte 1-1 do Eurocódigo 3, para os deslocamentos máximos, verticais, nas travessas, e horizontais, nos topos dos montantes, poderão adotar-se apoios fixos (não encastrados) nas ligações entre os montantes e as suas fundações. Este tipo de fixação revelase adequado, quando a altura dos montantes não é excessiva (h≤10m), porque diminui a rigidez do encastramento nas extremidades das travessas do que resulta uma redução do momento introduzido nos montantes pelas cargas verticais aplicadas no pórtico e, principalmente, porque permite utilizar soluções construtivas mais simples nas fundações. Quando a altura dos pórticos é maior o encastramento na sua base torna-se vantajoso, pois permite reduzir os esforços e deslocamentos causados pelas forças horizontais, sem ser preciso aumentar as dimensões (e, consequentemente, o peso) das secções das peças que os constituem. Em edifícios com pontes rolantes, as elevadas intensidades das forças horizontais aplicadas por elas nos caminhos de rolamento e as limitações impostas aos deslocamentos horizontais tornam, frequentemente, indispensável a adoção de ligações por encastramento nas bases dos montantes. Os contraventamentos são, no essencial, vigas trianguladas para cuja formação se aproveitam as travessas ou os montantes de dois pórticos consecutivos, os quais passam a constituir as respetivas cordas, instalando-se entre eles
> 11
barras diagonais para materializar as triangulações das almas. Hoje em dia os tubos são os perfis mais frequentemente escolhidos para as diagonais. Como se vê nas Figs.8 e 11, o contraventamento da cobertura é uma viga que vence o vão entre as paredes laterais. Nestas localizam-se os contraventamentos verticais que recebem as reações do primeiro e as transmitem às fundações. Para constituir os montantes das paredes do topo do pavilhão, peças que suportam, essencialmente, esforços de flexão, opta-se, em regra, por perfis do tipo IPE ou H. Nas madres encontram-se, na grande maioria dos modernos edifícios industriais, elementos de aço galvanizado enformados a frio com espessura inferior a 3mm. As secções mais correntes têm a forma de Z ou de U embora também sejam comercializadas outras configurações mais complexas, como a que está representada na Fig.12, cuja principal vantagem consiste em permitir a dispensa dos travamentos de estabilização que se torna necessário colocar quando as madres têm geometrias mais simples. Consoante a distância entre pórticos – vão a
> 12
> Figura 9: Pórtico com perfis I reforçados nas zonas mais esforçadas. > Figura 10: Asna apoiada nos montantes das paredes laterais. > Figura 11: Modelação dos contraventamentos. > Figura 12: Secções de madres enformadas a frio.
vencer pelas madres – assim se usam peças simplesmente apoiadas, interrompidas sobre todas as travessas, ou peças contínuas sobre dois vãos.
3.2. Dimensionamento e verificação da segurança É habitual recorrer-se a modelos de cálculo planos quando se pretende realizar a análise estrutural das naves industriais. Ao fazê-lo, individualizam-se e identificam-se bem as funções que cabem a cada uma das componentes típicas da estrutura. 3.2.1. Madres e seu sistema de travamento As madres são modeladas com peças lineares de eixo reto que vencem um ou mais vãos, cujos apoios são, numa direção, os pórticos perpendiculares ao seu eixo e na outra, os travamentos existentes no plano que contém os eixos das madres (paralelo ao revestimento) (Fig.13). Assim, as cargas aplicadas são decompostas vectorialmente em duas direções (Fig.14): i) as componentes orientadas segundo a direção perpendicular ao plano do revestimento – a totalidade da força do vento e parte das cargas verticais (permanentes e sobrecargas) – atuam no modelo em que o vão é a distância entre pórticos e ii) as componentes paralelas ao plano do revestimento exercem-se sobre a peça linear apoiada nos travamentos. As reações do primeiro modelo constituem cargas aplicadas sobre as travessas dos pórticos,
cm_29
construção metálica
> 13
perpendiculares aos seus eixos. No segundo modelo (Fig.15) as reações passam diretamente para os pórticos - as que correspondem aos apoios situados sobre eles – ou para os travamentos de estabilização, que transferem as cargas para os pórticos através das diagonais. Sendo reduzida a inclinação da cobertura e
> 14
não existindo aberturas no seu revestimento é possível dispensar o dispositivo de estabilização das madres desde que: a) Sejam respeitadas as condições construtivas indispensáveis para que a chapa de revestimento possa funcionar como diafragma de elevada rigidez. Estas condições
> 15
> 16 > Figura 13: Pórtico com perfis I reforçados nas zonas mais esforçadas. > Figura 14: Asna apoiada nos montantes das paredes laterais. > Figura 15: Modelação dos contraventamentos. > Figura 16: Modelo de calculo de um pórtico principal.
30_cm
dizem respeito às características da chapa, às fixações entre os seus elementos e às fixações às madres e destas aos pórticos. b) Se tenha em consideração a deformabilidade da chapa na avaliação da resistência à encurvadura lateral das madres, principalmente, quando as solicitações que lhes estão aplicadas originam compressões nos seus banzos inferiores. Tendo presentes os modelos de cálculo descritos e as cargas sobre eles exercidas, constatase que em cada secção das madres os esforços predominantes serão os momentos fletores e os esforços transversos, ambos segundo as duas direções principais. Trata-se, portanto, de secções submetidas a flexão desviada. Para a verificação da sua segurança seguir-seão as indicações da parte 1-1 do Eurocódigo 3 (EC3), quando se trata de perfis laminados, ou da parte 1-3 do mesmo Eurocódigo se forem escolhidas peças enformadas a frio. 3.2.2. Pórticos O modelo de cálculo dos pórticos principais é formado por uma sucessão de peças lineares, representativas dos seus montantes e travessas (Fig.16). As propriedades geométricas das secções das peças lineares traduzem as das
> 17
secções dos montantes e das travessas, podendo ser constantes ao longo do seu comprimento – como é usual nos montantes – ou variáveis, como sucede frequentemente nas travessas. A este modelo são aplicadas as cargas provenientes das madres, tanto das da cobertura como das que existem nas paredes laterais. Atendendo a que os afastamentos entre as madres são pequenos, quando comparados com o vão e altura do pórtico, é usual substituir-se as cargas concentradas por cargas distribuídas ao longo do comprimento das travessas e dos montantes (Figs.17 e 18). Nos termos estipulados no Eurocódigo 3, parte 1-1, deve ser considerada a possibilidade de existirem imperfeições geométricas de dois tipos no pórtico: – Imperfeições globais no pórtico, representa1 das por um desvio de f = f0 ah am na verticalidade dos montantes, em que f0 = 200, ah e am são coeficientes que dependem da altura do pórtico e do número de montantes (Fig.19); – Imperfeições das barras que o constituem, traduzidas em curvaturas iniciais de cada uma das barras (Fig.20). Quando a relação entre as cargas verticais e as forças horizontais aplicadas ao pórtico é elevada e o pórtico tem uma deformabilidade horizontal acentuada, ou seja, quando o valor do aCR, definido no artigo 5.2.1. da parte 1-1 do EC3 ultrapassa os limites aí estabelecidos, a análise estrutural deve ser realizada tendo em
> 19
> 18
consideração os efeitos de 2ª ordem. Note-se que nas naves industriais que não dispõem de pontes rolantes a intensidade das cargas verticais é reduzida e habitualmente não é necessário proceder a uma análise de 2ª ordem. Em alternativa à análise de 2ª ordem pode simplesmente multiplicar-se os momentos devidos aos deslocamentos ou às forças horizontais resultantes da análise de 1ª ordem (sway moments) pelo coeficiente
Os programas de cálculo automático vulgarmente comercializados hoje em dia permitem que facilmente se proceda a uma análise incremental de 2ª ordem, principalmente quando se trata de estruturas simples como são os pórticos destas naves. Por outro lado é simples a introdução das imperfeições globais na geometria dos pórticos, embora seja bem mais complexa a transformação das barras retas em barras com as curvaturas que simulam as suas imperfeições iniciais. Assim sendo, o cálculo dos esforços num pórtico com imperfeições globais, já incorporando neles os efeitos de 2ª ordem, não se afigura uma tarefa complexa. Dispondo deles, a verificação da segurança das secções é imediata e a verificação da segurança à encurvadura das barras que constituem o pórtico pode ser feita admitindo, nos termos estipulados no
artigo 5.2.2. do EC3, que o comprimento da encurvadura é igual ao comprimento da barra (distância entre nós). Caso também se incorporassem no modelo as imperfeições iniciais das barras, poder-se-ia dispensar a verificação da segurança à encurvadura. Importa notar que, tratando-se de um modelo plano, todas estas considerações se referem à encurvadura no plano do pórtico. A possibilidade da encurvadura em planos perpendiculares deve ser analisada tendo em consideração as condições de travamento lateral criadas pelas madres e pelos dispositivos de travamento que ligam os pórticos uns aos outros e aos contraventamentos, o mesmo princípio se aplicando às verificações de segurança à encurvadura lateral por flexão-torção. 3.2.3. Modelos espaciais globais Em alternativa aos modelos planos que simulam separadamente o comportamento mecânico das madres, dos pórticos e dos contraventamentos, pode recorrer-se a modelos espaciais completos integrando toda a estrutura do edifício. Tratando-se de modelos bem mais complexos, em cujo comportamento mecânico se torna mais difícil de identificar a função específica de cada um dos tipos de elementos resistentes atrás mencionados, recomenda-se um especial cuidado na sua construção (em especial na simulação das ligações) e na avaliação dos resultados.
> 20
> Figura 17: Distribuição de forças no pórtico provenientes das cargas permanentes e da sobrecarga na cobertura. > Figura 18: Distribuição de forças no pórtico resultantes da ação do vento paralelo ao plano do pórtico. > Figura 19: Imperfeição global inicial. > Figura 20: Imperfeição global associada a imperfeições das barras.
cm_31
PUBLI-REPORTAGEM
Gyptec uma aposta nacional de confiança O mercado nacional, dominado por marcas estrangeiras, viu o seu paradigma alterado com a entrada da Gyptec, empresa que produz em Portugal e essencialmente para os portugueses.
De capital exclusivamente nacional e inserida no Grupo Preceram, a Gyptec Ibérica, localizada na Figueira da Foz, dedica-se à produção de placas de gesso laminado. Integram também este grupo de cariz familiar e fortemente consolidado no mercado, as empresas Argex, Preceram e Preceram Norte que se dedicam essencialmente ao fabrico de argila expandida, tijolo tradicional e tijolo térmico. Com uma capacidade instalada de 15.000.000 m²/ano de placas de gesso, a Gyptec recorre ao amplo conhecimento do mercado da construção, reunido pelo Grupo Preceram e à melhor tecnologia internacional, adaptando-a à realidade Portuguesa. Disponibiliza ainda todos os materiais necessários para a construção a seco, nomeadamente perfis, acessórios e massas.
www.gyptec.eu
A Gyptec tem vindo a estabelecer algumas parcerias com centros de investigação de renome para o desenvolvimento de novos produtos e realização de ensaios, como o ITeCons, centroHabitat e AFITI, o que tem contribuído para a disponibilização ao consumidor das melhores soluções.
Sustentabilidade Sustentabilidade é uma das bandeiras da Gyptec. Procura a todos os níveis ser uma empresa sustentável: sustentável ambientalmente, sustentável no seu processo produtivo, sustentável nos produtos que cria e desenvolve e, como não poderia deixar de ser, sustentável economicamente. A nível ambiental e processual, a empresa tem uma política exemplar. O combustível utilizado é o gás natural e recorre ainda às energias renováveis como é o caso da energia solar. Ao mesmo tempo, consegue rentabilizar a energia consumida, produzindo eletricidade em regime de cogeração. O papel reciclado e o gesso FGD (desulfurização dos gases de combustão) são as matériasprimas da Gyptec, fazendo assim o reaproveitamento de materiais e evitando práticas que têm elevados impactes ambientais, tais como, a exploração do minério de gesso ou a deposição de sub-produtos em aterros. Além disso, procura implementar outras boas
práticas, como por exemplo, a utilização de transporte marítimos e ferroviários, a recolha seletiva dos restos de placa em obra, a reciclagem de produto não conforme no processo produtivo e a criação de produtos com maior valor acrescentado.
Vasta gama de soluções Atualmente, a Gyptec, com uma ampla variedade de placas de gesso, de diferentes tamanhos e espessuras, conta com mais de 96 referências deste tipo de produto. A Gyptec transformou também o conceito das placas de gesso tal como o conhecemos, aplicando-as noutros contextos e com outros materiais: – Placa Radiante - Um inovador sistema de aquecimento central que utiliza painéis radiantes integrados nas placas de gesso. Uma placa que “Está aqui, mas não se vê” – é a mensagem que a acompanha. – XPS/ EPS Transformado - Constituída por uma placa de gesso laminado e uma camada de isolamento em poliestireno extrudido ou expandido. Ideal para o isolamento térmico e acústico pelo interior de paredes exteriores. – Placa de Gesso Gyptec + Placa ref. Lambourdé Amorim Isolamentos - O conjunto da placa de cortiça com a placa de gesso permite obter resultados espantosos no que toca à perfor-
mance de isolamento térmico e acústico, e com uma aplicação que dispensa a perfilaria. Uma solução ecológica e sustentável.
Placas de gesso laminado, ideais para a reabilitação As placas de gesso são por definição um produto de reabilitação: pela rapidez de aplicação, por proporcionarem um processo limpo e com poucos resíduos e, essencialmente, pelo reduzido espaço que ocupam. As soluções térmicas e acústicas que as placas de gesso e os seus produtos complementares oferecem, vão ao encontro de uma das maiores necessidades dos edifícios a reabilitar: isolamento térmico e acústico. O desenvolvimento de novas soluções cada vez mais inovadoras é uma preocupação da Gyptec. O setor da reabilitação tem sido uma das áreas de maior investimento. Aliás, a parceria com a Amorim Isolamentos surgiu nesse sentido, já que aliado às boas características de isolamento das placas de gesso laminado, se juntou a cortiça para otimização das características de isolamento acústico e térmico. A aplicação de isolamento, quer pelo exterior, quer pelo interior, reduz de forma significativa as necessidades energéticas de aquecimento e arrefecimento dos edifícios, o que permite poupar nos consumos e, consequentemente, nos custos associados. Segundo Ávila e Sousa, diretor de marketing do grupo Preceram, a parceria com a Amorim Isolamentos “surgiu naturalmente” porque a Gyptec sente que “são dois produtos de qualidade e de produção nacional que se complementam e são mais fortes em conjunto.”
Obras de referência Portugal é assumidamente a prioridade da Gyptec. Várias são as obras onde foram aplicadas as soluções da empresa, desde o novo Hospital de
Certificações obtidas IQNet e AENOR – Sistema de Gestão da Qualidade N da AENOR – Regulamento particular da marca
Aenor para Placas de gesso laminado CE – Os produtos cumprem as exigências das normas para efeito de marcação CE
Braga, novo Hospital de Amarante, Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia, entre outras. Contudo esta estratégia não impede que a Gyptec esteja também presente no exterior. Prova disso é que o mercado espanhol representa 30% do total de vendas da empresa. As placas Gyptec estão também presentes em grandes obras como Hospital 12 de Octubre em Madrid, o Palácio de Congressos El Miradero em Toledo ou o Marineda Plaza em A Coruña.
Gyptec é uma marca presente A empresa mais recente do Grupo Preceram participa nas grandes feiras de construção a nível nacional e internacional. Tektónica, Concreta, Ecobuild e Construmat são alguns dos eventos onde a Gyptec marca presença habitual. Não descura também da participação em seminários técnicos e congressos, onde dá o seu contributo ao nível do conhecimento e experiência.
Além disso, a Gyptec é uma empresa dinâmica, que divulga os seus produtos no website oficial www.gyptec.eu e nas redes sociais, aproximando-se assim dos seus clientes.
Passos futuros Consolidação é a palavra que marcará 2012. A Gyptec pretende agora apostar na continuidade dos bons resultados e na divulgação dos seus produtos. Dar a conhecer cada vez mais a marca Gyptec e levar aplicadores e prescritores a optarem pela sua escolha é uma das metas. A qualidade do produto, a otimização do processo produtivo e o desenvolvimento de novas soluções, constituem também objetivos da empresa. Para o seu alcance reconhece o fator humano como peça fundamental. “Edifícios sustentáveis, com produtos portugueses de elevada qualidade é o caminho”, acredita Ávila e Sousa.
34_35 i&d empresarial
Argamassas com agregados de cortiça
A Secil lançou uma nova gama de materiais constituída por argamassas secas de última geração e cortiça. A Secil ecoCORK recorre à utilização de cortiça na sua composição que é uma matéria-prima natural, renovável, reciclável, durável e que proporciona uma melhoria do isolamento térmico e acústico nos edifícios, reduzindo o consumo de energia. A gama SECIL ecoCORK distingue-se pela incorporação de cortiça em substituição de agregados siliciosos ou de calcário na produção de argamassas destinadas ao revestimento de fachadas, elevação de panos de alvenaria e ao enchimento e regularização de pavimentos. É constituída por 3 produtos: RHP ecoCORK – reboco projetado com incorporação de cortiça; Betonilha ecoCork – betonilha leve com incorporação de cortiça; Alvenaria ecoCork – argamassa de alvenaria leve com incorporação de cortiça. Estes produtos podem ser aplicados na construção e revestimento de paredes exteriores ou interiores e no enchimento e regularização de pavimentos interiores, sendo que a granulometria do agregado de cortiça incorporado varia consoante a utilização. Ao utilizar esta nova gama há um aumento da eficiência térmica superior a 20% face às argamassas tradicionais e uma redução do ruído aos sons aéreos até 7db. De acordo com a Secil, os produtos ecoCORK “contribuem com uma redução de aproximadamente 80% em volume, no consumo de inertes não renováveis.” Por outro lado, devido à sua baixa massa volúmica representa uma redução em 50% por m3 do seu peso face às argamassas correntes, permitindo um rendimento superior em obra e uma economia na quantidade de materiais de construção utilizados. A gama de argamassas SECIL ecoCORK é fruto do trabalho de investigação da empresa com a colaboração do ITECONS (Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Ciências da Construção).
www.secil.pt
34_cm
Novo tipo de madeira
A Kebony é um novo tipo de madeira mais sustentável. É produzida a partir de matériaprima de origem integralmente certificada pelo sistema FSC (Forest Stewardship Council). Em Portugal é comercializada pela Banema – Madeira e Derivados S.A. Trata-se de uma madeira modificada por impregnação, sob pressão, de um bio-resíduo degradável, não nocivo e seguro para o meio ambiente. Segundo a Banema, este produto tem ainda melhores propriedades do que a madeira tradicional ou tropical: é mais estável e mais resistente a fungos e agentes xilófagos. A estrutura celular deste tipo de madeira é feita com uma substância de origem biológica, constituindo um núcleo sólido dentro da madeira. A madeira Kebony fica deste modo mais densa, logo mais dura, e menos suscetível à absorção de humidade. O processo é baseado na impregnação com alcóol furfurílico, produzido através resíduos de culturas agrícolas. Neste tipo de madeira, o princípio de modificação é o polímero de furano, é de cor castanha que vai acinzentando com o passar dos anos e aumentando a rigidez. Aplicação revestimentos interiores e exteriores em geral, tais como decking, fachadas, perfis de sombreamento, pérgulas, passadiços, marina, construção naval, fabrico de mobiliário urbano, entre outros.
www.banema.pt
Características: − Madeira natural – ambientalmente amiga – sem lixiviação ou emissão no uso – sem restrições no descarte – pode ser usado como lenha − Elevada durabilidade – acima do solo – em contacto com o solo – em ambiente marinho − Material dimensionalmente estável – menor movimento entre juntas – mais tempo de vida do acabamento – menor absorção de água − Pouca manutenção − Boa maquinabilidade − Boa aplicabilidade de acabamento − Sólida proteção legal – 5 patentes
cm_35
PUBLI-REPORTAGEM
Estrutura Metálica Ligeira – Light Steel Framing – LSF A construção metálica em perfis ligeiros de aço galvanizado empregando o método vulgarmente conhecido por Light Steel Framing, embora ainda bastante desconhecido do grande público, e esquecido por inúmeros projetistas do nosso país, vai já na segunda década de aplicação tanto na construção como na reconstrução de edifícios em Portugal.
2011 – Lisboa, Chiado Palácio Valada e Azambuja (vista de este)
Utilizando perfis ligeiros de aço galvanizado como matéria prima, fixos entre si por aparafusamento, permite a criação de estruturas altamente resistentes, com um peso significativamente inferior ao de muitas outras soluções estruturais, com vantagens em diversas áreas. MATERIAIS Atualmente o aço é o material com a melhor combinação das relações resistência/ peso e resistência/preço, estamos sem duvida a tirar partido do binómio preço e peso, quando pretendemos resistência. Por esta relação favorável, se emprega tão generalizadamente o aço, quando o fator resistência é determinante. Os perfis produzidos a partir de chapa de aço laminada a frio e galvanizada a quente, permitem a escolha de diferentes qualidades de aço estrutural, certificando desta forma as características do material empregue, e garantindo ao projetista as propriedades necessárias a um cálculo seguro e eficaz. Perfis standard de aço estrutural produzidos em Portugal, utilizam geralmente o aço S280GD+Z275, em espessuras entre 1,5 e 3mm, secções entre os 90 e os 250mm, com pesos variando desde os 2,4 aos 8kg/m linear de perfil. A galvanização, ou seja uma proteção à corrosão, derivada de um revestimento de zinco aplicado a quente, permite o emprego de baixas espessuras de chapa de aço, já que não haverá a necessidade de se considerarem sobre-espessuras de corrosão. Empregando perfis de diferentes secções e capacidades resistentes, constroemse estruturas das mais variadas configurações e complexidade, seja cada perfil a trabalhar sozinho, pela montagem de vigas compostas de vários perfis, ou ainda por meio de treliças. Complementa-se a estrutura leve e flexível, com um revestimento por meio de chapas de OSB também aparafusadas - placas de cerca de 3m2 em lascas de madeira prensadas, que farão uma ligação suplementar dos perfis entre si, e assim um travamento estrutural da gaiola metálica. Emprega-se no revestimento de toda a estrutura, em espessuras entre os 11 e os 18mm, nas paredes, telhados e lajes de piso. O OSB é um material também leve, de elevada resistência estrutural, e economicamente muito competitivo.
2010 – Hotel em Vila Viçosa Estrutura metálica, antes e depois do revestimento em OSB
2011 – Reconstrução na Parede Laje de piso e Cobertura de 20x25m = 500m2 em 4 águas Estrutura em treliça e vigamento simples, com diferentes secções de perfil
Como acabamento final, o reboco térmico com placas de poliestireno, aglomerado de cortiça ou outro material isolante, fazem um revestimento exterior eficaz e económico.
2005 – Sesimbra 3 fases do reboco térmico. Em cima – OSB; na esquerda – poliestireno; à direita – reboco armado
2009 – Aldeia de Juso Revestimento em réguas de cimento e fibra de madeira
Fachadas ventiladas, com os mais diversos materiais de acabamento, serão alternativas possíveis para o acabamento exterior das paredes. Nas coberturas, tanto inclinadas como planas, sobre o OSB, aplica-se o isolamento térmico, geralmente o poliestireno como solução mais económica, já que o aglomerado de cortiça ou o painel de lã mineral de alta densidade, não conseguem infelizmente ser competitivos neste importante aspeto. Complementa-se com uma impermeabilização suplementar à telha cerâmica, geralmente uma membrana permeável ao vapor de água, que permite o “respirar” da casa, fator da maior importância no que se refere à saúde do ambiente interior, e portanto à dos seus habitantes. Segue-se o ripado e a telha. No revestimento interior, as placas de gesso cartonado, outros painéis aparafusados, ou até mesmo a madeira, serão alternativas possíveis de acabamento. Como o intervalo entre perfis, tanto nas paredes como nas lajes, são espaços vazios, complementa-se o isolamento térmico exterior, com o enchimento deste espaço em lã mineral ou outro material isolante. Nas paredes interiores, o mesmo enchimento, associado a diferentes secções de perfis, e espessuras de revestimento, permitem isolamentos acústicos tão exigentes quanto o objetivo pretendido. Porque há que infra estruturar com a passagem de cabos e tubos os interiores das paredes, lajes e tetos, os perfis metálicos vêm já perfurados de fábrica, permitindo assim uma rápida e eficiente passagem das infraestruturas através deles, evitando a abertura e fecho de roços, e a consequente criação de desperdícios e trabalhos desnecessários. A fixação da estrutura metálica ao suporte de base, geralmente uma laje ou um muro em betão armado, será feita por meio de bucha metálica, ou varão roscado e bucha química.
MÉTODO CONSTRUTIVO Este método construtivo emprega como princípio a distribuição linear de cargas ao longo de todas as paredes estruturais. Para esse efeito utiliza a repetição, geralmente a cada 60 cm, de elementos pilar-viga suportando cada um destes leves conjuntos, a pouca carga que lhe compete. Tal como numa teia, a totalidade da carga será distribuída através das inúmeras ligações entre elementos, sendo a capacidade resistente do conjunto muito significativa. Também porque os elementos da estrutura são de baixa espessura e alta flexibilidade, o conjunto revela uma elasticidade muito significativa, capacidade esta que associada a uma muito baixa inércia, lhe permite um comportamento excelente quando sujeito a ações sísmicas. O princípio que orienta este método construtivo não é novo, é o mesmo da Gaiola Pombalina utilizada em Lisboa após o terramoto de 1755. Desde aí, os materiais e tecnologias evoluíram, mas o conceito construtivo é o mesmo. Quando numa parede estrutural se pretende rasgar um vão, para uma porta ou janela, há que se criar uma verga sobre o vão aberto e reforçar os pilares laterais que servirão de ombreiras. Operação simples de executar, em que os perfis que serviriam para fechar essa parede, agora movidos para as ombreiras, receberão o esforço suportado pela verga da porta. Sem necessidade de cofragens e tempos de secagem, a criação de um vão é realizada com pouco mais trabalho que a execução de uma parede. Sabendo que não há obras sem alterações de última hora, uma modificação, embora sendo sempre um transtorno na sequência dos trabalhos, é geralmente feita com menores custos, dado que muito do material que tinha antes sido aplicado a realizar a primeira versão, pode ainda ser empregue na alteração, com um mínimo de desperdício de materiais e criação de entulho. O rigor das medidas é obrigatório na montagem dos perfis já que na aplicação dos revestimentos, as juntas das placas terão de encontrar um perfil onde aparafusar. Se utilizamos placas de gesso cartonado no revestimento interior, e de OSB no exterior, ambas têm 1,2m de largura, e no caso do OSB com 2,4m de comprimento.
CONSTRUÇÃO Na construção de raíz a estrutura metálica será aplicada sobre as fundações em betão armado, numa sequência normal de trabalho, e fixa a estas por bucha metálica ou bucha química e varão roscado. Os elementos enterrados como caves, serão obrigatoriamente executados em betão armado. Quando se pretende uma maior rapidez de execução, é possível uma equipa de serralheiros executar as paredes em painéis, na horizontal, fora do local, enquanto decorre a execução das fundações pelos especialistas do betão. Ganha-se com esta antecipação, pela execução simultânea de duas tarefas que seriam geralmente sequenciais, uma maior rapidez num processo que já de si é mais rápido que o tradicional betão e os seus tempos de preparação e secagem. Esta pré-fabricação tanto permite a construção próxima do local da obra, como a fabricação em armazém ao abrigo dos caprichos do clima.
2006 – Algarve – Construção em painéis pré montados
RECONSTRUÇÃO Na reconstrução, área que ainda vai animando o mercado da construção civil, este sistema construtivo tem marcado positivamente a sua presença, convencendo tanto arquitetos como engenheiros, donos de obra e inquilinos, seja pela resolução de problemas intrínsecos à reconstrução, como pelas soluções simples que permitem uma rentabilização dos trabalhos e grande rapidez dos mesmos, assim como pelo espaço libertado, quando a solução anterior atravancava todo um sótão assim desaproveitado, ou pela introdução de um novo piso de habitação. Na reabilitação de um edifício, um objetivo fulcral da obra passa pela avaliação, análise e correção do estado da estrutura. Se na consolidação da estrutura
2007 – Lisboa – Amoreiras Reconversão de um sótão sem aproveitamento, em dois dúplex anexos ao ultimo andar – área ganha com a subida de 60cm nos beirados e cumeeira = 2 x 200m2
existente, o betão armado pode ser uma solução adequada à cintagem do edifício, já na reconstrução e ampliação de elementos como telhados, lajes, paredes, escadas, a sua utilização, poderá levar a sobrecargas evitáveis numa estrutura já de si fragilizada e que se pretende melhorar. Com a utilização de perfis de aço de baixa espessura, teremos uma estrutura leve, que sobrecarrega muito menos o edifício antigo, permitindo-se assim recuperações mais racionais e económicas.
2010 – Lisboa – Rua da Padaria Reconstrução das lajes do último piso, cobertura e terraço
Quando se trata de reconstrução de edifícios numa cidade, estamos geralmente a intervir nas zonas antigas, onde as ruas são mais estreitas e os acessos complicam as indispensáveis descargas de materiais. Também aqui o LSF se revela vantajoso. O transporte e elevação dos materiais empregues, dada a sua leveza, podem ser feitos manualmente, permitindo a sua utilização em locais de difícil acesso. É uma obra seca, dispensando totalmente a utilização de água. Quase isenta de desperdícios, é muito mais limpa e rápida que a construção tradicional. Às vantagens construtivas, há que associar o resultado da utilização de materiais específicos para as funções requeridas pelo indispensável conforto térmico e acústico, num ambiente isento de humidades indesejadas. Arquitetos conhecedores deste método têm uma maior liberdade para a utilização da sua imaginação. 2011– Lisboa – Chiado O LSF, que por desconhePalácio Valada e Azambuja – vista de sudoeste cimento, nem sempre é uma das solução consideradas no conjunto das hipóteses levantadas pela generalidade dos projetistas, apresenta-se cada vez mais, como a melhor alternativa, gerando uma aceitação crescente nos conhecedores desta solução. Com uma divulgação crescente, associado a um maior número de trabalhos realizados e soluções encontradas, o mercado da reabilitação está a ganhar o conhecimento e experiência, geradores da necessária confiança no sistema. A crescente procura de soluções para a recuperação dos edifícios, e a necessidade de utilização de meios e materiais mais eficientes, levará obrigatoriamente a uma utilização mais generalizada deste método, se não em toda a construção, pelo menos na reabilitação estrutural.
www.dosmontes.com
38_39 betão estrutural DIMENSIONAMENTO EXPEDITO DE ESTRUTURAS LAMINARES DE BETÃO PELO EUROCÓDIGO 2 António Abel Henriques, Prof. Associado na FEUP, Investigador no LABEST
A utilização cada vez mais generalizada de programas de cálculo automático na análise e dimensionamento de estruturas de engenharia civil, em geral, e de betão estrutural, em particular, tem sido um dos fatores que nos últimos anos mais tem contribuído para a evolução da atividade do projetista de estruturas. Desde o lançamento no mercado de vários programas de cálculo automático de estruturas porticadas na passada década de 80 e com a vulgarização da aplicação destas ferramentas na análise e dimensionamento dos elementos lineares constituintes (designadamente vigas e pilares), não mais este segmento de mercado deixou de crescer e evoluir. A subsequente aparição de programas de cálculo baseados em técnicas numéricas mais poderosas, nomeadamente o método dos elementos finitos, e em modelos mais refinados que tinham em conta a resposta não linear dos materiais e das estruturas, permitiu evoluir para a análise computacional de estruturas mais complexas. Infelizmente, a quantidade de informação que resulta destas análises computacionais impede por vezes a utilização destas ferramentas de forma eficiente no dimensionamento das estruturas. Nas estruturas laminares de betão armado esta dificuldade ocorre mais frequentemente. No caso de lajes, de paredes e de cascas, desde as mais simples às mais complexas, os programas atuais que correntemente utilizam o método dos elementos finitos permitem obter de forma eficiente a distribuição dos esforços (ou das tensões) ao longo da estrutura em análise. No entanto, vários desses programas não fornecem informação para o respetivo dimensionamento, designadamente as quantidades de armadura para verificar a segurança aos estados limites regulamentares. Assim, a obtenção de uma solução de armaduras para este tipo de estruturas representa muitas vezes uma tarefa árdua uma vez que a quantidade de informação recolhida da análise estrutural (esforços ou tensões) é frequentemente elevada. A aplicação de me-
38_cm
todologias apropriadas para o cálculo das armaduras é por isso de grande importância de forma a tornar este processo eficiente. Tendo como objetivo apoiar a tarefa de calcular as armaduras em elementos de betão que se encontram submetidos a esforços de membrana (ou seja, esforços desenvolvidos no próprio plano do elemento), o Eurocódigo 2 fornece no seu anexo F [1] uma metodologia simples para o cálculo das armaduras tracionadas. Considerando os esforços de membrana num elemento plano de uma parede definidos segundo um sistema de eixos ortogonal x e y (vulgarmente representados por Nx, Ny e Nxy, conforme ilustrado na Figura 1) e as dimensões da estrutura, é possível determinar as tensões ortogonais no próprio plano, σx, σy e τxy e, aplicando a metodologia proposta no Eurocódigo 2, obter as quantidades de armadura a colocar segundo as direções x e y. Embora omitindo qualquer referência direta à aplicação de uma metodologia para o cálculo de armaduras em elementos de laje e de casca, o procedimento anteriormente indicado pode ser adotado se os esforços de flexão forem substituídos por esforços de membrana equivalentes aplicados em diferentes níveis do elemento em estudo. Um dos métodos usados para substituir os esforços de flexão, ou os esforços combinados de membrana e flexão, consiste no modelo das três camadas [2]. Este modelo assume que a espessura do elemento da estrutura laminar é dividida em três camadas, sendo os esforços resultantes da ação aplicada equilibrados pelos esforços resistentes que as camadas de betão e as armaduras mobilizam (Figura 2). As
a) Esforços de Membrana
b) Contribuição da armadura
c) Contribuição do betão
> Figura 1: Contribuição da armadura e do betão para suportar os esforços num elemento plano.
> Figura 2: Modelo das três camadas (adaptado de [3]).
a) Fxx [KN/m]
b) Fyy [KN/m]
c) Armadura Superior, direção X [cm2/m]
d) Armadura Inferior, direção X [cm2/m]
> Figura 3: Dimensionamento de uma cúpula esférica [4].
PUB
camadas exteriores fornecem a resistência para os efeitos no plano devido aos esforços de flexão e membrana e a camada interior assegura a transmissão de corte entre as camadas exteriores. Desta forma, a aplicação da metodologia proposta no Eurocódigo 2 às camadas exteriores do elemento permite calcular as respetivas quantidades de armadura. Atendendo à simplicidade desta metodologia, é possível implementar um procedimento automático e incorporá-lo como uma ferramenta de pósprocessamento de um programa de análise
estrutural, funcionando de forma integrada como um meio auxiliar de dimensionamento. A integração desse módulo pode ser feito internamente ao programa caso haja acesso ao respetivo código, ou funcionando externamente depois de recolher os resultados dos esforços obtidos na estrutura laminar (ver exemplo na Figura 3). A utilização destes procedimentos permitem libertar o projetista de tarefas monótonas e morosas, dando-lhe a possibilidade de obter soluções de dimensionamento mais eficientes. C
M
Y
CM
MY
CY CMY
REFERÊNCIAS [1] CEN, EN 1992-1-1 – Eurocódigo 2: Projeto de estruturas de betão – Parte 1-1: Regras gerais e regras para edifícios, Instituto Português da Qualidade, 2010. [2] fib - Federation Internationale du Béton, “Model Code 2010 - First complete draft, Volume 2”, bulletin 56, Lausanne, 2010. [3] Lourenço P.B., Figueiras J.A., “Automatic design of reinforcement in concrete plates and vaults”, Engineering Computations, Vol. 10, No. 6, p. 519-541, 1993. [4] Pereira A.C.P., “Dimensionamento de estruturas de betão sujeitas a esforços de membrana associados com esforços de flexão de acordo com o Eurocódigo 2”, Tese de Mestrado, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 2010. K
40_41 alvenaria e construções antigas Paredes divisórias – uma proposta inovadora e ecoeficiente Graça Vasconcelos, Isise, DEC, Universidade do Minho
Em Portugal, o uso de paredes de alvenaria tem-se limitado à construção de paredes de vedação e divisórias não estruturais. As unidades de alvenaria mais comuns aplicadas nas paredes divisórias são os blocos cerâmicos de furação horizontal, ainda que se registe a utilização crescente de soluções mais leves em gesso cartonado. Existem outras soluções menos usadas como os blocos de betão celular autoclavado (por exemplo blocos Ytong e Celcom) ou blocos de gesso (PLASTEC GRG, MULTIGIPS). Os blocos de gesso geralmente apresentam forma retangular com encaixes macho-fêmea e diferentes espessuras, ver Figura 1. Atualmente, o setor da construção civil representa um elevado impacto no consumo de energia, quer ao nível da produção dos materiais de construção quer ao nível dos gastos de energia para aquecimento e arrefecimento no interior de edifícios de habitação e edifícios públicos (40% do consumo de energia total anual). Em termos de emissões de CO2, a construção civil contribui com 30% das emissões de CO2 para a atmosfera. Deste modo, existe a necessidade de encontrar soluções construtivas que conduzam a uma construção mais sustentável, que em parte pode ser alcançada com novos materiais que sejam mais eficientes do ponto de vista económico e ambiental. Uma possibilidade de obtenção de materiais ambientalmente mais sustentáveis consiste na adoção de materiais considerados como subprodutos e resíduos de diferentes indústrias, que podem ser adequados por exemplo para incorporação em blocos de paredes divisórias. Dado que as paredes divisórias não têm requisitos mecânicos específicos (paredes não estruturais), o material utilizado nos blocos pode apresentar resistência mecânica mais baixa. Existem vários estudos sobre a incorporação de materiais reciclados e de subprodutos como o regranulado negro de cortiça em argamassas e betão, que funcionam como agregados ou materiais alternativos ao cimento, reduzindo assim a quantidade de
40_cm
(a)
(b)
> Figura 1:Exemplos de soluções de blocos para paredes divisórias; (a) blocos de betão celular autoclavado; (b) blocos de gesso.
cimento necessária e o impacto em termos de emissões de CO2. No contexto de conseguir soluções construtivas mais sustentáveis, no âmbito de um projeto de investigação nacional (SipdECO - Desenvolvimento de soluções inovadoras ecoeficientes para paredes divisórias), projeto SI&DT em copromoção financiado pela Agência de Inovação no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), tem vindo a ser desenvolvida uma solução de paredes divisórias usando blocos de material compósito resultante da combinação de diferentes materiais considerados como subprodutos industrias, nomeadamente regranulado de cortiça, gesso FGD produzido numa central termoelétrica como resultado da dessulfuração de gases de combustão e fibras têxteis resultantes da reciclagem de pneus usados, ver Figura 2. A definição da geometria do sistema construtivo de paredes teve por base os seguintes
(a)
(b)
objetivos: (1) obtenção de um bloco leve que conduza a um maior rendimento de trabalho; (2) simplificação da tecnologia de construção no sentido de se executar a parede com auxílio de peças de encaixe; (3) facilitar a incorporação das instalações (elétricas, comunicações, águas), que geralmente requer a abertura de roços, de forma a diminuir os desperdícios de material. O bloco tem forma retangular e é constituído por duas metades, que unidas por um material adesivo à base de gesso, formam o bloco final com furação vertical e horizontal, de modo a possibilitar a construção por fases e a integração eficiente das infraestruturas, ver Figura 3a. Cada metade do bloco consiste numa associação de duas partes com formas distintas: uma parte exterior de forma retangular com espessura constante (Figura 3b) e uma parte interior de espessura variável e constituída por formas curvilíneas côncavas e convexas para definição da furação vertical
(c)
> Figura 2: Materiais constituintes do material compósito; (a) gesso FGD; (b) regranulado de cortiça; (c) fibras têxteis.
(a)
(b)
(c)
(d)
> Figura 3: Detalhes da solução de bloco para paredes divisórias; (a) aspeto da parte exterior de metade do bloco; (b) aspeto da parte exterior de metade do bloco; (c) geometria bloco inteiro; (d) aspeto do bloco após produção.
(a)
(b)
(d)
(c)
(e)
(f)
> Figura 4: Processo de construção; (a) ligação dos blocos ao nível da junta vertical; (b) assentamento da primeira fiada do primeiro pano; (c) colocação das peças poliméricas auxiliares; (d) e (e) assentamento do segundo paramento de paredes; (f) aspeto final da parede divisória.
e horizontal (Figura 3c). O bloco possui em todo o perímetro encaixes tipo macho-fêmea biselados, sendo contínuos na junta vertical e descontínuos na junta horizontal, para facilitar a passagem das infraestruturas. Este tipo de encaixe destina-se a facilitar a colocação em obra, aumentando a eficiência do processo construtivo, que é constituído por três fases, nomeadamente: (1) colocação e assentamento do primeiro paramento até uma altura adequada à colocação das instalações; (2) colocação das infraestruturas; (3) colocação e assentamento do segundo paramento e ligação ao primeiro paramento através da aplicação do material ligante no perímetro interior e de peças poliméricas que facilitam o alinhamento da parede. Na Figura 4 ilustra-se a sequência do processo construtivo de uma parede de 4.0m de comprimento e 2.70m de altura (10.8m2) construída numa célula de teste onde se avaliou o desempenho térmico e acústico. A caracterização da solução do ponto de vista mecânico revelou que a resistência à compressão é aproximadamente 20% inferior ao valor apresentado pela solução corrente de alvenaria de tijolo de furação horizontal mas apresenta uma ductilidade e uma capacidade de deformação claramente superiores. Em termos de resistência à flexão os valores são comparáveis com a solução tradicional. A validação mecânica da solução passou também pela realização de ensaios de compressão excêntrica e ensaios de impacto de acordo com a diretriz europeia para aprovação técnica de paredes divisórias (ETAG, 1998) numa parede de dimensões correntes (Figura 5). Os resultados obtidos demonstram que a parede apresenta uma resistência ao impacto adequada a diferentes classes de uso e uma resistência à compressão excêntrica que ultrapassa os valores de referência apresentados pela ETAG (1998).
REFERÊNCIAS
(a)
(b)
– ETAG 003, Guideline for European technical approval for internal partition kits for use as non-loadbearing walls, 1998.
> Figura 5: Ensaios de caracterização mecânica; (a) compressão excêntrica; (b) impacto.
cm_41
42_43 térmica QUE FUTURO PARA A REABILITAÇÃO TÉRMICA E ENERGÉTICA DOS EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO? Carlos Pina dos Santos, Eng.º Civil, Investigador Principal do LNEC
Nesta coluna Térmica1 já aqui se abordou o tema, sempre atual, da reabilitação térmica e energética dos edifícios de habitação. Nessa oportunidade associou-se essa reabilitação ao domínio mais vasto, e premente, da reabilitação construtiva requerida por um número significativo de edifícios, quer “antigos”, quer mais recentes e, precocemente, degradados. A contínua degradação do parque imobiliário residencial traduz-se por uma parte significativa desse parque apresentar anomalias que põem em causa as respetivas condições de habitabilidade. Este facto, e a rápida evolução da situação económica e social do País continuam a evidenciar a importância e a prioridade a dar à renovação urbana, à qual se associa a renovação térmica e energética. É assumido que o financiamento da renovação térmica e energética deveria passar pela participação financeira dos particulares (leia-se, proprietários, uma vez que da parte dos arrendatários não é de esperar grande envolvimento). Todavia, há que admitir que sem a existência de benefícios, incentivos e investimentos públicos tal contribuição não terá expressão. A fraca capacidade de (mais) endividamento, o reduzido capital disponível para aquele fim, e, na realidade, o duvidoso retorno do investimento efetuado em muitas
42_cm
intervenções de reabilitação térmica e energética dos edifícios, são fatores determinantes, pelo menos a médio prazo. Face às dificuldades económicas que o País atravessa alguns dos benefícios e incentivos existentes, foram suprimidos 2 ou irão ser reduzidos. De notar que esta situação não é exclusiva de Portugal, observando-se noutros estados-membros uma redução, maior ou menor, em situações semelhantes (embora ainda com incentivos realmente motivadores). Por outro lado, com uma recente Proposta de Lei o Governo pretende3 que a reabilitação urbana constitua uma área estratégica e fundamental para, por um lado, requalificar e revitalizar as cidades, e, por outro lado, incentivar as atividades económicas associadas a este setor. Os objetivos prosseguidos com a presente Proposta de Lei serão, no curto prazo, objeto de uma nova intervenção legislativa, no sentido da dinamização do mercado de arrendamento, atendendo à estreita conexão do desenvolvimento deste mercado com o incentivo à reabilitação. Numa outra perspetiva assiste-se a uma pressão, como é natural, de diversos agentes que procuram promover e justificar a necessidade de introdução de medidas e de soluções técnicas na reabilitação térmica dos edifícios, as quais, em muitos casos, se
podem considerar desajustadas às realidades construtiva, climática, social e económica do País. Pode-se mesmo dizer que existe uma ignorância sistemática da especificidade dessa realidade. Também não é incorreto prever que algumas dessas soluções iriam (irão) conduzir, quer a acréscimos indesejados de consumo de energia, quer à criação de ambientes interiores mais desconfortáveis ou com pior qualidade ambiental4. Há que reconhecer que a Certificação Energética em vigor abrangeu um número significativo (algumas centenas de milhar, segundo dado da ADENE) de frações autónomas. Todavia, em muitos casos, a metodologia adotada e as medidas de melhoria preconizadas podem considerar-se desajustadas à realidade já assinalada. Com a revisão em curso da regulamentação térmica e energética (RCCTE e SCE), e a previsível publicação a breve prazo, e posterior adaptação, da metodologia comparativa para a determinação dos níveis ótimos de rentabilidade dos requisitos de desempenho energético aplicáveis a edifícios e a componentes5 é de prever que se venham a reforçar as exigências impostas aos requisitos térmicos e energéticos aplicáveis aos edifícios de habitação novos e existentes. Os dados estatísticos disponíveis (embora, em geral, desatualizados) e a recente publi-
PUB
cação do Inquérito ao Consumo de Energia no Setor Doméstico6 podem contribuir para uma reflexão ponderada sobre o tema. Sugere-se, por exemplo, que se analisem os dados estatísticos relativos a consumos energéticos do setor residencial, e se comparem com os valores (necessidades nominais) obtidos a partir da leitura atenta dos certificados energéticos. E com base nessa leitura seja feita uma análise consciente e dela se retirem as devidas conclusões. Alguns estudos independentes e isentos realizados por diversas instituições, nomeadamente pelo LNEC, revelam, do mesmo modo, uma realidade bem diferente, entre os valores nominais ou de referência e a prática possível, ou desejada pelos utentes dos edifícios de habitação. Repetindo o que já foi escrito nesta coluna – e não sendo possível num espaço tão limitado desenvolver uma análise detalhada e profunda do tema – há que criar critérios, de natureza técnica, económica e social, de avaliação e de
análise que justifiquem, de forma isenta, a viabilidade e os benefícios efetivos das medidas a implementar e a incentivar. Nesse sentido, e considerando a situação atual, julgamos que as prioridades se deveriam, na realidade, centrar nos seguintes aspetos:
1
Construção Magazine nº 42 – março/abril 2011, p. 38-39.
2
Foram entretanto revogados os estímulos diretos aos contribuintes (deduções à coleta do IRS) previstos na Portaria nº 303/2010 de 8 de junho.
– apoio ao desenvolvimento do conhecimento técnico científico orientados para realidade nacional neste domínio; – acréscimo da capacidade técnica (desempenho térmico e energético, patologia da construção) dos profissionais envolvidos; – apoio a medidas de reabilitação térmica e energética orientadas para a especificidade da realidade nacional; – promoção dos conhecimentos e da mudança de comportamentos dos utentes.
3
Deste modo os benefícios seriam, certamente, maiores do que os resultantes de opções que se traduzem por exigências e imposições irrealistas e incomportáveis.
6
Presidência do Conselho de Ministros. Comunicado do Conselho de Ministros de 29 de setembro de 2011.
4
Relembrando, ainda, que (como é habitual) se assiste, quer à conceção e aplicação deficientes de diversas soluções (com as previsíveis consequências), quer à adoção de outras cujo desempenho não corresponde, minimamente, ao invocado.
5
Cuja publicação a Diretiva 2002/91/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de 16 de dezembro de 2002 relativa ao desempenho energético dos edifícios previa para junho do presente ano. Instituto Nacional de Estatística, I.P. (INE); Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) – Inquérito ao Consumo de Energia no Setor Doméstico 2010. Lisboa: INE/DGEG, 2011.
44
sustentabilidade Fatores sociais e macro económicos
Said Jalali, DEC - U.Minho
A urgência de implementação de medidas com vista a um desenvolvimento sustentável é justificada, essencialmente, por quatro fatores: crescimento rápido da população mundial, urbanização do planeta, enorme expansão do consumo, e finalmente, escolha de tecnologias baseadas nos critérios de curto prazo e metas restritas, i.e., não considerando a totalidade das consequências. A taxa de crescimento dos referidos fatores encontra-se desajustada à capacidade de reposição e absorção do planeta.
três parâmetros devam merecer especial atenção, a questão ambiental tem sido mais enfatizada nas investigações. A razão para tal, prende-se com a novidade de inclusão do meio ambiente no discurso e prática da indústria de construção. A questão económica geralmente resume-se em considerar os custos envolvidos das construções. Contudo, na conjuntura atual, marcada pelas elevadas taxas de desemprego e desequilíbrios da balança de pagamento do país, encontrar soluções sustentáveis exige a harmonização dos fatores sociais e macro económicos, tornando o processo bem mais complexo. A interação de investigadores de outras áreas do saber, nomeadamente ciências económica e social, apresenta-se como o caminho mais indicado no rumo à construção sustentável, a fim de serem consideradas todas as suas dimensões. A interação e comunicação mais efetiva entre diversos investigadores, apresenta-se com um elemento imprescindível para um avanço mais decisivo e com resultados mais efetivos no âmbito da construção sustentável.
© Neil Gould
© Margan Zajdowicz
Por construção sustentável entende-se a implementação dos objetivos de desenvolvimento sustentável na indústria de construção. Desde os meados da década de 90, o tema da construção sustentável tem vindo a assumir um papel de crescente relevância nas economias modernas, captando a atenção de diversos investigadores e profissionais da área. Neste contexto, Portugal não foi exceção, tornando-se num dos pioneiros no que concerne ao estudo de fatores associados à construção sustentável, oferecendo um
curso específico nessa área, quando apenas três universidades na mundo ofereciam tais cursosSendo construção sustentável um assunto que abarca todas as atividades da indústria de construção, é de prever que as investigações levadas a cabo nesse âmbito apresentemse como um espectro alargado do tema, abrangendo as vertentes mais importantes na indústria de construção. Contudo, só podem ser reconhecidos resultados práticos e duradouros destes estudos, mediante uma abordagem holística e integral, a qual implica a interação de todos os intervenientes: os donos de obra, projetistas, fabricantes dos materiais, construtores, utilizadores e naturalmente os investigadores. No caso específico de Portugal, de acordo com o volume de trabalhos de investigação e casos de aplicação que tem surgindo, existe a indicação de que o país se encontra caminho correto, rumo a sustentabilidade na construção. É do conhecimento geral que a sustentabilidade deve harmonizar parâmetros ambientais, económicos e sociais. Embora todos estes
44_cm
45_47 notícias
em espanha
fimma-maderalia © feria valencia
Decorreu de 25 a 28 de outubro, em Valência, duas das feiras mais importantes no setor da madeira de Espanha: FIMMA (Feira Internacional de Máquinas e Ferramentas para Madeira) e Maderalia (Feira Internacional de Fornecedores do setor da Madeira para Móveis). As feiras que já contam com 35 edições, continuam a apostar na difusão dos produtos e tecnologias mais inovadoras no setor da madeira a nível internacional. Não ficando indiferentes à atual situação económica, a organização criou condições especiais para facilitar a vinda de
empresas com os menores custos possíveis. Estiveram presentes cerca de 900 empresas, vindas de 23 países diferentes. Dentro das empresas que marcaram presença nestas feiras destacam-se a Rothoblaas, Comercial Cecilio, Biesse Ibérica, Kronospan, entre outras. O balanço feito pelos expositores foi positivo. As feiras contaram também com entrega de prémios, certificados de responsabilidade social corporativa e conferências dentro dos temas da inovação e novas tecnologias.
http://fimma-maderalia.feriavalencia.com
sistema de gestão da qualidade sisaf obtém certificação A SISAF – Sociedade Industrial de Segurança Anti-Fogo conseguiu obter a certificação, segundo a NP EN ISO 9001:2008, do seu Sistema de Gestão da Qualidade. “Esta certificação é o reconhecimento do propósito da empresa em prestar um serviço de excelência orientado para os seus clientes, não prescindindo do cumprimento das leis e normas aplicáveis e dos compromissos assumidos com os seus
colaboradores e fornecedores”, refere em comunicado. Além da certificação, a SISAF está também a apostar na inovação e internacionalização. Em termos de inovação, a SISAF acaba de certificar, em conformidade com o referencial normativo europeu, a COMPLAN, uma porta corta-fogo com molas e dobradiças ocultas. Neste caso, é inovadora, a aplicação compla-
nada com as paredes, independentemente da direção de abertura das folhas e a possibilidade de poder ser revestida com os mesmos materiais utilizados no revestimento de paredes. Neste momento, a SISAF marca presença nos mercados Espanhol e Angolano, sendo o seu desafio atual a consolidação dessa presença e a entrada no mercado Brasileiro. www.sisaf.pt
ligação universidades-empresas
dyrup e faculdade de arquitetura unem-se a favor da construção sustentável Uma união que promete inovações em produtos, pretendendo assim mudar o mundo das tintas na arquitetura de construção, renovação e decoração dos espaços, foi o acordado entre a Dyrup Iberia e a Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa. Neste âmbito, será construído um laboratório denominado SUSTENTA e que contará com uma equipa multifuncional de ambas as organizações de forma a desenvolver, em esforço técnicocientifico, as futuras tintas sustentáveis para o planeta. “Este protocolo foi há alguns meses atrás idealizado e acordado connosco entre o então Reitor, Prof. Fernando Ramôa Ribeiro, assessorado e impulsionado pela Profª. Conceição Mello Trigueiros, razão pela qual a atual reitoria em união com o Conselho de Administração da Dyrup Iberia resolvem assiná-lo em sua homenagem, a título póstumo”, refere Nuno Ferreira Pires, Diretor de Marketing Ibérico da Dyrup. www.dyrup.pt
cm_45
notícias
base dados de edifícios para reabilitar em lisboa ocidental A Urban Match lançou uma inovadora base de dados online que inclui todos os edifícios devolutos, semidevolutos ou estado de degradação visível na zona ocidental de Lisboa. Mais de 1300 edifícios fazem parte desta lista que está disponível a mediadores e promotores imobiliários. Esta ferramenta incide, no total, sobre 22 zonas entre o Restelo e a Baixa e permite que os interessados obtenham informação detalhada sobre cada edifício. De acordo com esta empresa júnior, a aplicação online conta com um avançado motor de busca que filtra as pesquisas específicas. Por outro lado, todos os edifícios são georeferenciados e podem ser
visualizados de forma interativa num mapa. “Cada um é acompanhado de informação complementar relevante, que inclui dados dos proprietários e observações sobre a real situação de mercado do edifício. São anexados pelo menos uma fotografia da fachada assim como plantas de classificação e con-
dicionantes do Plano Diretor Municipal”, explicam os responsáveis da Urban Match em comunicado. As informações relativas aos edifícios foram levantadas por um equipa especializada e tendo por base critérios convencionados. “São incluídos todos os edifícios devolutos, com baixa taxa de ocupação, em estado de degradação visível, com baixo aproveitamento do índice de construção ou disponíveis para venda por inteiro”, é referido. Todos os dados, imagens dos edifícios e contactos dos proprietários são também disponibilizados na base de dados online. www.urban-match.com
onda de madeira em carvalho vermelho americano Para celebrar o Festival de Design de Londres, a American Hardwood Export Council (AHEC) decidiu encomendar uma peça de arte, desenhada pelo gabinete de arquitetura AL_A, toda feita em Carvalho Vermelho Americano e que adorna a entrada da museu Victoria and Albert. A peça é uma espécie de onda em madeira. Trata-se de uma espiral tridimensional, feita por Cowley Timberwork, contando com a engenharia da Arup. O monumento tem grande impacto na entrada histórica do famoso museu localizado em Cromwell Road. Apoiado em si mesmo, atinge uma altura de 12 metros e permite que os visitantes tenham uma experiência artística envolvente quando entram para o museu. A espiral estende-se também para a rua, tendo sido uma das maiores atrações durante o Festival de Design de Londres. David Venables, Diretor Europeu da AEHC e impulsionador deste projeto, acredita que “agora é a hora de carvalho vermelho” - uma abundante e exuberante madeira americana que está subutilizada. O dirigente refere que apesar deste tipo madeira ser abundante, ainda tem de posicionar-se como uma madeira de eleição para arquitetos e designers. Contudo, David Venables acredita que isto está a mudar. “Estamos confiantes de que o alto nível e a visibilidade deste projeto marcam um ponto de viragem, modificando perceções e demonstrando as propriedades únicas e características estéticas desta madeira”. Amanda Levete do AL_A refere que o que mais a agradou neste material foi a aparência e a cor do carvalho vermelho. “Os tons quentes de carvalho vermelho fornecem o contraste necessário com o arco de pedra de cor clara na entrada, um efeito que teria sido difícil de conseguir com uma madeira mais clara”, afirma. www.ahec.org
46_cm
© DENNIS GILBERT, VIEW PICTURES LTD.
em portugal
doka ganha mega projeto A Doka foi responsável pelo projeto de cofragens de uma grande obra que incluía a execução de 9 viadutos na Ligação da A12 ao Alto da Guerra. O subempreiteiro era a empresa Danigon que adjudicou a solução de cofragens à Doka. Os sistemas Staxo 100 e Top50 foram os escolhidos para esta obra. Foram fornecidos mais de 7.000m2 de cofragem Top 50 e Framax Xlife para a execução de tabuleiros, encontros e pilares, mais de 17.500m3 de cimbre Staxo 100 e D2 em escoramento e mais de 10.500m3 de Staxo 100, SL1 e Perfis em gabarits e salva-taludes, para a execução de um total de 9 viadutos. Este projeto contou com algumas especificidades, já que em duas das obras (PI5 e PS34A) tinham de garantir que o fluxo de trânsito se continuaria a processar de forma normal no decorrer de toda a obra, sendo que a PS34A foi realizada no acesso à Autoestrada A12, com 4 faixas de rodagem a funcionar. “O cliente necessitava de uma solução facilmente adaptável, fácil de manusear, rentável e resistente em virtude da necessidade de uma elevada rotatividade do equipamento entre as várias obras”, refere a Doka em comunicado. Os prazos iniciais para a conclusão da obra foram cumpridos, sendo executada em tempo recorde. www.doka.pt
A flexibilidade e elevada capacidade de adaptação do sistema Top 50, o perfeito acabamento do betão, e a alta rotatividade do Staxo 100 e D2 foram a solução ideal para a construção dos diversos tabuleiros.
uc desenvolve sistema de análise económica de pavimentos rodoviários Investigadores do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra chegaram à conclusão que se fossem utilizados pavimentos mais grossos em Portugal, acabaria por ser mais económico a longo prazo. Através deste sistema de análise económica de estruturas de pavimentos rodoviários, denominado OPTIPAV (Otimização de PAVimentos), são levados em conta fatores como os custos de construção, de conservação e para os utentes e o valor residual da estrada no seu fim de vida (40 anos). Os responsáveis pela criação do OPTIPAV, João Santos e Adelino Ferreira, explicam que no Manual de Conceção de Pavimentos para a Rede Rodoviária Nacional é estabelecido um prazo de 20 para o ciclo de vida de pavimentos flexíveis, contudo, é importante uma análise económica para um período de cerca de 40 anos.
“O problema é que este tipo de análise económica nunca foi efetuada em Portugal”, afirmou Adelino Ferreira, acreditando que esta ferramenta facilita e promove essa análise, permitindo a escolha de “estruturas de pavimentos rodoviários mais económicas a médio/longo prazo para as estradas portuguesas”.
A partir deste estudo económico pode-se concluir que, “embora os custos de construção sejam mais elevados, a utilização de pavimentos de maior capacidade estrutural fica muito mais barata a longo prazo, porque implica menos intervenções de conservação e representa também uma poupança para os utentes”. Segundo o investigador, nos Estados Unidos da América começam a estar em destaque os chamados “pavimentos perpétuos”, em que a reparação implica apenas a remoção dos primeiros centímetros em que o pavimento apresenta degradações. “O que está por baixo da camada de desgaste, como tem muita capacidade estrutural devido à sua espessura e à qualidade dos materiais utilizados, está sempre impecável e não precisa ser removido”. www.dec.uc.pt
cm_47
48_49 mercado
nova gama de painéis para isolamento em fachadas ventiladas Os Painéis Ultravent da Knauf Insulation de Lã Mineral Natural com ECOSE® Technology representam mais uma aposta da empresa no isolamente de fachadas. Esta nova gama incorpora uma tecnologia inovadora aplicada à fabricação de resinas sem formaldeídos e fenóis. Estes painéis são recomendados para uso no isolamento de fachadas ventiladas. Estão disponíveis quatro tipos de painéis Ultravent: Ultravent Black – Painel em rolo reforçado, hidro-repelente com tecido preto; Ultravent HIDRO (TP-KD 430) – Painel reforçado hidro-repelente de muito baixa absorção de água; Ultravent P (TP 416) – Painel reforçado hidro-repelente; Ultravent R (TI 416) – Rolo reforçado hidro-repelente. Toda a gama conta com um certificado de conformidade, de acordo com a norma EN 13162, assim como o certificado voluntário europeu KEYMARK e o selo ACERMI francês. Os painéis Ultravent são um produto bio-solúvel e não são perigosos para a saúde, de acordo com a Diretiva Europeia 97/69/CE que assim atesta. “A gama Ultravent oferece o melhor desempenho na reação ao fogo (Euroclass A1), superior a qualquer outra solução de isolamento em fachadas ventiladas”, afirma a Knauf Insulation.
www.knaufinsulation.pt
anuário de produtos não-tintas
www.robbialac.pt
A Robbialac lançou um portfólio completo com todos os seus produtos não-tintas disponíveis para apoiar os clientes. O Anuário destina-se a clientes, finais ou profissionais, dá a conhecer as várias novidades e produtos que possui nesta área, permitindo a aquisição de todos os produtos necessários para um trabalho de pintura num único ponto de venda. É apresentada uma vasta gama de produtos direcionados para a Preparação de Superfícies, Isolamento e Proteção, Utensílios de Pintura, Máquinas e Equipamentos Elétricos, entre outros produtos essenciais para o trabalho de pintura. “Com o alargamento da área não-tintas nas lojas e o lançamento do Anuário, a Robbialac quis desenvolver o conceito de “one stop shop”, ou seja, queremos que os nossos clientes ou futuros clientes tenham acesso a um serviço completo e especializado”, refere Nuno Rosa, Procurement & Category Manager da Robbialac.
soluções de aquecimento a biomassa A BAXIROCA dispõe de novas soluções de aquecimento e AQS para o setor residencial que são alimentadas a biomassa. As salamandras a pellets e os recuperadores de calor a lenha estão equipados com permutador de água ou ventilador de ar e têm uma estética apelativa e moderna. A biomassa é uma energia alternativa que não tem tanto impacte no meio ambiente. Trata-se de uma fonte de energia renovável derivada de material biológico natural como, por exemplo, a madeira – lenha – ou diferentes resíduos procedentes de limpezas florestais – pellets. Estes equipamentos foram concebidas para serem instaladas no interior da habitação, normalmente num dos principais locais da mesma, tais como, a sala de jantar ou de estar, tendo sido desenvolvidos, também, como um elemento de decoração. www.baxi.pt
48_cm
solução de decoração “verde”
variador de velocidade para avac O Vacon 100 HVAC é um variador de velocidade com eficiências muito superiores aos existentes, ultrapassando valores de eficiência superiores a 97%. O equipamento comercializado em Portugal pela ZEBEN, vem estabelecer novos padrões standards em variadores de velocidade para climatização como também eleva os fatores ambientais a um nível superior. Este variador é destinado a aplicações em bombas, ventiladores e compressores. O Vacon 100 HVAC tem uma construção modular patenteada e elevadas classes de proteção IP, podendo os variadores ser instalados na parede sem necessidade de armários adicionais. A Vacon desenvolve,fabrica e comercializa conversores de frequência de baixa tensão numa gama de potência de 0,2KW a 5.3MW. A Vacon destaca, também, os variadores IP54 porque são os variadores de velocidade mais pequenos do mundo, e têm todos os componentes integrados: Filtros EMC; Reactâncias; Chopper de travagem; Proteção de cabos; Proteção contra pó e água; etc. Opcionalmente podem ser equipados com interruptor geral de corte em carga. www.zeben.pt
www.tecniwood.pt
PUB
A Arpa For You, marca representada pela Tecniwood em Portugal, apresentou um variado leque painéis HPL termolaminado para aplicação em interiores que aliam funcionalidade, tecnologia e estética. Dentro do variado leque de soluções, destaca-se a Naturália que é uma solução “amiga do ambiente” porque é feita de fibras de madeira provenientes das florestas certificadas da Europa. Além disso, cumpre as normas do Programa para aprovação da Certificação Florestal (PEFC) é um material 100% reciclável. “Este material reflete as formas, cores e texturas próprias do ambiente natural, permitindo a sensação de contacto com a natureza”, afirma a Tecniwood. Segundo a Tecniwood, cada cor da gama Naturalia – Grano, Duna, Lichene, Marna, Castagna e Ossidiana – evoca seis calmos e confortáveis ambientes, refletindo paz e aconchego ao espaço. “O Naturalia possui características únicas que combinam o design com uma enorme versatilidade nas possíveis aplicações. Em toda a espessura do Naturalia é garantida a mesma cor pelo que o produto pode ser facilmente trabalhado, não limitando a criatividade”, refere a Tecniwood. Esta solução permite inúmeras aplicações, podendo ser utilizado em balcões, mobiliário ou superfícies de apoio. É também particularmente adequado para bancadas de cozinhas graças à resistência aos riscos e à resistência à humidade. Ao mesmo tempo o produto tem propriedades que lhe permite o contacto com alimentos com toda a segurança e higiene.
estante
50
método para intervenção na infraestrutura rodoviária urbana para melhoria da segurança Esta edição do LNEC constitui o quinto relatório referente à atividade desenvolvida pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e pela Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra (FCT/UC) no âmbito do projeto IRUMS – Infraestruturas Rodoviárias Urbanas Mais Seguras, integrando-se também num protocolo assinado com a Câmara Municipal de Lisboa. No relatório final é apresentado o resumo e as principais conclusões do trabalho desenvolvido no que diz respeito ao estado da arte sobre medidas de engenharia de segurança rodoviária em ambiente urbano e sobre modelos de estimativa da frequência de acidentes; ao desenvolvimento de modelos de
estimativa de frequência de acidentes nos arruamentos da cidade de Lisboa; e ao desenvolvimento de uma metodologia capaz de identificar as fragilidades da infraestrutura rodoviária em zona urbana que contribuam para a ocorrência de acidentes e que possam ser tratadas com o objetivo da redução da sinistralidade rodoviária. É ainda sumariada a tarefa de recolha de dados, dada a sua relevância para a concretização deste projeto. A u t o r e s : Sandra V ieira Gomes, João L . Cardoso, Carmen Car valheira, Luís Picado Santos . E d i t o r a : LNEC . D ata
de ediç ão:
2011
ISBN: 978-972-49-2226-3 . Páginas : 48 . P reço: 13,00 euros . à venda em www.engebook.com
autocad Este livro é um manual prático para a utilização do programa AutoCAD. Com uma nova apresentação gráfica, o livro está organizado de forma estruturada, prática e recorrendo a muita ilustração. Escrito por João Santos, especialista na área que já escreveu mais de 30 livros sobre CAD, é um documento de consulta muito útil para quem não sabe trabalhar com o programa. Baseado na mais recente versão do programa (2012), o livro apresenta as principais funcionalidades, conceitos e técnicas para o trabalho do dia a dia. Conta
com mais de 60 exercícios práticos, explicados passo a passo, e também figuras que mostram de forma clara cada capítulo da matéria. É adequado a todos os cursos de AutoCAD Fundamental (Nível 1 ou Básico) e também aos cursos Essential de ATC, quer da versão 2012, quer de versões anteriores do AutoCAD e AutoCAD LT. A utor : João Santos . Editora : FCA . Data de edição: 2011 . ISBN: 978-972-722720-4 . Páginas : 344 . P reço: 27,50 euros . à venda em www.fca.pt
PUB
om
.c
k oo
eb
ng
.e w
w w 50_cm
Mecânica dos Sólidos Contínuos 34. 20 € 38.00 €
10%
projeto pessoal
António Rosa da Silva Arquiteto bi Nasceu em Setúbal em 1974 e licenciou-se em Arquitetura em 2002, tendo passado pelo curso de matemática aplicada em anos anteriores, esteve ligado em anos recentes ao ensino universitário da arquitetura em Setúbal. É membro fundador da Associação Portuguesa de tiro com arco Japonês Kyudo, onde exerce funções na direção. Em 2001, ainda estudante, dá inicio a colaborações em diversas equipas multidisciplinares orientadas para o projeto de arquitetura, iniciando em 2007 atividade independente com o seu próprio ateliê, Rosa da Silva Arquitetos, atuando nos domínios da arquitetura e do design, continuando as colaborações com outras equipas de projeto numa estrutura flexível e aberta. Em 2009 inicia colaboração com o Conselho Nacional de Disciplina da Ordem dos Arquitetos como relator. No âmbito da sua atividade como arquiteto, participa ativamente em concursos tendo obtido este ano o Prémio Arquitetar.
sonho de criança Desde muito cedo, lutar por ter a dimensão ética e moral que via nas minhas referências familiares.
o seu maior desafio Gerir de forma eficaz todos os compromissos, parcerias e projetos de forma a deixar espaço para o imprevisto.
um arquiteto de referência Sendo arquiteto de formação são muitas as referências que poderia enumerar. Português, sem dúvida Álvaro Siza Vieira, influenciou centenas de arquitetos Portugueses e continua a projetar a imagem de Portugal no estrangeiro de uma forma que não têm paralelo na nossa cultura atual. Fora de Portugal Peter Zumthor representa o espírito conceptual, a obra pensada e referenciada, que falta em muita da arquitetura “moderna” que vemos todos os dias.
uma aposta no futuro Constituir no futuro uma Associação de criadores independentes, do tipo “think tank”, de âmbito multidisciplinar, que possa reunir talentos e dar resposta a desafios no âmbito dos concursos nacionais e internacionais de arquitetura.
hobby favorito Surf e Tiro com arco Japonês (Kyudo), arte marcial que conta com apenas 15 praticantes em Portugal e poucas centenas na Europa.
dos projetos mais desafiantes, seleciona Dada grande parte da atividade do ateliê se concentrar em projetos de reabilitação, destaca o campo de férias da EDP em Palmela, por ser uma ampliação e reabilitação de vários edifícios, incluindo dois edifícios desenhados por Keil do Amaral que envolveu uma grande diversidade de soluções colaborativas.
um engenheiro de referência Gustave Eiffel (1832-1923) Um dos engenheiros mais virtuosos dos séc. xix e xx , aliou a arte ao engenho nas construções metálicas e criou símbolos que carregam as marcas do seu tempo, que vão viver muito para além das nossas vidas (Estátua da liberdade, Nova York; Torre Eiffel, Paris). Curiosamente, também viveu em Portugal na altura em que projetou algumas das emblemáticas obras em ferro de que são exemplos a Ponte D. Maria Pia no Porto ou o Mercado Municipal de Olhão.
uma obra de referência As termas de Vals, do arquiteto Peter Zumthor, que, para António Rosa da Silva, revelam o sistema holístico de pensamento do arquiteto, a ligação com a paisagem, os materiais, o sistema estrutural, etc., todos contribuindo para uma obra intemporal.
cm_51
eventos
seminário “coberturas de madeira”
coninfra
Vai decorrer no dia 19 de abril de 2012, em Guimarães, o seminário “Coberturas de Madeira”, organizado pelo Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho. Como o próprio nome indica, este evento irá centrar-se na utilização das coberturas de madeira em Portugal, fomentando a discussão sobre o tema e a apresentação de novas ideias e soluções. A reflexão sobre aspetos técnicos de desempenho e sustentabilidade na construção estará em evidência neste seminário. As apresentações serão focadas nos aspetos principais das soluções tradicionais, no seu esforço, na inspeção, na monitorização e inovação. O evento vai contar com a presença de vários especialistas, nacionais e estrangeiros. Dirige-se a engenheiros, arquitetos, industriais do setor da construção, entre outros interessados. www.civil.uminho.pt/coberturas/
Vai decorrer de 2 a 4 de abril de 2012, o Congresso de Infraestruturas de Transportes em São Paulo, no Brasil. Ao mesmo tempo decorrerá também a feira Brazil Road Expo. Os objetivos do congresso são fomentar o intercâmbio de conhecimentos e tecnologia aplicada a todas as áreas de transportes e sua infraestrutura. Pretendem criar uma oportunidade única para a troca de informações entre profissionais de diversos países que atuam na área. Estarão em destaques temas como: Rodovias, Vias Urbanas e Ciclovias; Aeroportos; Metros e Ferrovias; Portos e Hidrovias; Dutovias; Logística e Intermodalidade. Dentro destes grandes temas serão abordados aspetos mais específicos, como por exemplo, aplicação de novos materiais, conceção e tecnologias, projetos, construção e controle de qualidade, meio ambiente, impactos e sustentabilidade, entre outros. O congresso é direcionado a engenheiros, técnicos, advogados, psicólogos, arquitetos, investigadores, estudantes, profissionais da área e outros especialistas. http://andit.org.br/coninfra2012/
calendário de eventos
PCF 2012
Conferência Nacional sobre Fraturas de Materiais
2 e 3 fevereiro 2012
CONINFRA 2012
Congresso de Infraestruturas de Transportes
2 a 4 abril São Paulo ANDIT Brasil 2012 Brasil http://andit.org.br/coninfra2012/
Paint Expo Tecnologias Industriais de Revestimento
Coimbra Portugal
17 a 20 abril Karlsruhe 2012 Alemanha
SPM e FCTUC www.dem.uc.pt/pcf2012/
Fair Fair www.paintexpo.de
“Coberturas de Madeira”
Seminário sobre Coberturas de Madeira
19 abril 2012
Guimarães DEC-UMinho Portugal www.civil.uminho.pt/coberturas/
TEKTÓNICA 2012
Feira Internacional de Construção e Obras Públicas
8 a 12 maio 2012
Lisboa AIP - FIL Portugal www.tektonica.fil.pt
icnmmcs
“Mechanics of Nano, Micro and Macro Composite Structures”
18 a 20 junho Turim 2012 Itália
UP e TP http://paginas.fe.up.pt/~icnmmcs/
24 a 26 outubro 2012
FEUP ttp://paginas.fe.up.pt/~be2012/
Encontro Nacional Betão Estrutural de Betão Estrutural
Porto Portugal
As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.
52_cm
startupdesign.pt
GESSO LAMINADO | Y E S O L A M I N A D O | D RY WA L L
do projeto à realidade
isolamento
perfil M 70 Gyptec
placa BA13 Gyptec
Lab. Ibérico de Nanotecnologia, Famalicão - Novo Hospital de Braga - Novo Hospital de Amarante - Marineda Plaza, A Coruña - Hospital 12 de Octubre, Madrid - Epic Sana Algarve Hotel
Soluções de Confiança As placas de gesso Gyptec, produzidas na Figueira da Foz, têm vindo a ser crescentemente selecionadas e aplicadas em inúmeras obras de referência dentro e fora de Portugal. As soluções Gyptec são a escolha acertada desde o projeto à obra, fruto da experiência acumulada, competência técnica e qualidade continuamente testada e certificada por laboratórios internacionais.
Figueira da Foz
•
T (+351) 233 403 050
•
www.gyptec.eu