Construção Magazine 51

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51 N° 51 . setembro/outubro 2012 . 6.50

DOSSIER Patologias em Edifícios Recentes

CONVERSAS José Teixeira Trigo


Tintas HEMPEL, tem para si, uma gama de produtos de alta qualidade, adequados às suas exigências, necessidades e expectativas. Soluções globais de pintura que respeitam o meio ambiente e proporcionaram protecção e decoração em diversos materiais e substratos.

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ficha técnica diretor Eduardo Júlio ejulio@civil.ist.utl.pt Carla Santos Silva carla.silva@engenhoemedia.pt

conselho científico Abel Henriques (UP), Albano Neves e Sousa (UTL), Álvaro Cunha (UP), Álvaro Seco (UC), Aníbal Costa (UA), António Pais Antunes (UC), António Pinheiro (UTL), Carlos Borrego (UA), Conceição Cunha (UC), Daniel Dias da Costa (UC), Diogo Mateus (UC), Elsa Caetano (UP), Emanuel Maranha das Neves (UTL) Fernando Branco (UTL), Fernando Garrido Branco (UC), Fernando Sanchez Salvador (UTL), Francisco Taveira Pinto (UP), Helder Araújo (UC), Helena Cruz (LNEC), Helena Gervásio (UC), Helena Sousa (IPL), Hipólito de Sousa (UP), Humberto Varum (UA), João Mendes Ribeiro (UC), João Pedroso de Lima (UC), Joaquim Figueiras (UP), Jorge Alfaiate (UTL), Jorge Almeida e Sousa (UC), Jorge Coelho (UC), Jorge de Brito (UTL), Jorge Lourenço (IPC), José Aguiar (UTL), José Amorim Faria (UP), José António Bandeirinha (UC), Júlio Appleton (UTL), Luciano Lima (UERJ), Luis Calado (UTL), Luís Canhoto Neves (UNL), Luís Godinho (UC), Luís Guerreiro (UTL) , Luís Juvandes (UP), Luís Lemos (UC), Luís Oliveira Santos (LNEC), Luís Picado Santos (UTL), Luís Simões da Silva (UC), Maria Cecilia Amorim Teixeira da Silva (UNICAMP), Maria do Rosário Veiga (LNEC), Paulo Coelho (UC), Paulo Cruz (UM), Paulo Lourenço (UM), Paulo Maranha Tiago (IPC), Paulo Providência (UC),  Pedro Vellasco (UER, Brasil), Paulo Vila Real (UA), Raimundo Mendes da Silva (UC), , Rui Faria (UP), Said Jalali (UM), Valter Lúcio (UNL), Vasco Freitas (UP), Vítor Abrantes (UP), Walter Rossa (UC)

redação Joana Correia redaccao@engenhoemedia.pt

marketing e publicidade Vera Oliveira v.oliveira@engenhoemedia.pt

editor António Malheiro

grafismo avawise

assinaturas Tel. 22 589 96 25 construcaomagazine@engenhoemedia.pt

redação e edição Engenho e Média, Lda. Grupo Publindústria

propriedade Publindústria, Lda. Praça da Corujeira, 38 - 4300-144 PORTO Tel. 22 589 96 20, Fax 22 589 96 29 geral@publindustria.pt | www.publindustria.pt

publicação periódica Registo n. 123.765 o

tiragem 6.500 exemplares

issn 1645 – 1767

depósito legal 164 778/01

capa

© Bert van ‘t Hul Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores.

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editorial

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dossier | patologias em edifícios recentes

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conversas

José Teixeira Trigo

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Patologias estruturais em edifícios recentes – aníbal costa

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Como evitar algumas anomalias em coberturas em terraço. Análise de dois casos típicos – jorge m. grandão lopes

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Sistema de inspecção e diagnóstico de etics em paredes – bárbara amaro, diogo saraiva , jorge de brito e inês flores - colen

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Patologias de caráter higrotérmico – um problema dos edifícios recentes – vasco peixoto de freitas e sara stingl de freitas

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As anomalias em revestimentos de paredes e tetos podem afetar seriamente a segurança? – maria do rosário veiga

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publi-reportagem

Tecnologias de injeção e de proteção de estruturas – Patologias em Edifícios Recentes

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soluções construtivas

Patologias em Edifícios Recentes

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reabilitação do património

O Palácio Nacional de Sintra – diagnóstico e classificação de anomalias em rebocos – vítor sousa , fernando dias pereira e jorge de brito

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i& d empresarial

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publi-reportagem

Grupo Preceram – a diferença na qualidade

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estruturas de madeira

Proteção ao fogo de estruturas de madeira

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acústica

Proposta de metodologia simplificada para previsão do tempo de reverberação

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sísmica

Implicações dos Eurocódigos na prática de projeto e construção de edifícios

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estruturas metálicas

O Palácio de Cristal do Porto

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notícias

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mercado

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estante

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projeto pessoal Rita Bento

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eventos

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diretora executiva

Próxima edição > Dossier Resíduos e Materiais de Construção


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Escrevo estas linhas do editorial no dia em que foram divulgados os resultados da 1.ª fase do concurso

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nacional de acesso ao Ensino Superior público de 2012. Os números de novos alunos (e percentagem de vagas preenchidas) em cursos de Engenharia Civil são os seguintes: IST – 180 (97%), FEUP – 165 (100%), UMinho – 44 (44%), UNL – 36 (31%), UCoimbra – 31 (25%), ISEP – 29 (29%), UAveiro – 24 (40%), IPLisboa – 11 (7%); em oito das restantes Escolas entraram entre 1 e 4 novos alunos; e, nas sete remanescentes, não entraram novos alunos! Claro que há várias causas para estes resultados, mas as principais são seguramente a crise no sector da Construção e a oferta exagerada de cursos (23) em Engenharia Civil. Importa

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reflectir sobre esta situação e encontrar soluções. A reorganização (incluindo fusões) das instituições do

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Ensino Superior é, a meu ver, desejável; a reestruturação dos cursos ministrados nos institutos politécnicos, direccionando-os para outro tipo de público-alvo, é inevitável; e a definição de uma estratégia e programa de acção, por parte do Governo, em termos de política de Reabilitação Urbana, tarda em surgir. Se o Governo anterior é culpado de despesismo, o actual é culpado de inacção por não apresentar soluções para a crise que complementem as medidas de austeridade e contrariem o vórtice de empobrecimento nacional que estas implicam. Com este número, a Construção Magazine insiste, uma vez mais, neste tema – a Reabilitação Urbana, desta vez dando especial enfoque à Patologia em Edifícios Recentes – que crê absolutamente essencial ao País, nestes tempos difíceis que atravessa.

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Eduardo Júlio, Director

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*O Professor Eduardo Júlio escreve de acordo com a antiga ortografia.

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Este número da Construção Magazine, dedicado ao tema da patologia em edifícios recentes, surge num momento de abrandamento da construção nova e concentração de atenções na reabilitação do património construído. A rápida evolução dos materiais e sistemas de construção de edifícios, nem sempre bem assimilada pelos intervenientes, e a construção massiva nas últimas décadas, permitiram uma renovação significativa do parque construído, mas contribuíram também, a par de outras causas, para o surgimento de anomalias que afetam as funções dos elementos construtivos e reduzem a sua durabilidade. Com efeito, a patologia de edifícios recentes assume as formas mais diversas e tem importantes consequências, quer na segurança e na habitabilidade, quer de caráter económico, quer, ainda, em termos de sustentabilidade, por via da redução da vida útil e do aumento dos gastos energéticos. Talvez este momento de redução drástica na construção nova seja o momento de apostar na melhoria

maria do rosário veiga co-editora da CM51

da qualidade: formação, equipas pluridisciplinares, recurso a especialistas para situações específicas, fiscalização, regulamentação... Para isso é, sem dúvida, necessário aumentar e difundir o conhecimento.

O número inclui também uma entrevista ao

O presente número inclui um conjunto de artigos que abordam com rigor e clareza alguns dos aspetos

Engenheiro José Teixeira Trigo, Diretor geral da

mais significativos da problemática da patologia de edifícios recentes. A questão da patologia estrutural

Teixeira Trigo, Lda. e uma das personalidades

dos edifícios de betão armado é tratada de forma detalhada num dos artigos, enquadrada na história

nacionais com maior e mais diversif icada

da construção do século XX em Portugal; alguns casos significativos de anomalias não estruturais, que

experiência na temática em causa, pelo

põem em causa a segurança dos utentes, são analisados noutro artigo; um dos grupos de anomalias

seu trabalho como investigador, professor

mais frequentes e de diagnóstico mais difícil – as anomalias de caráter higrotérmico – são estudadas

universitário e projetista. A sua visão global sobre

noutro trabalho; as anomalias em coberturas em terraços, que tanto afetam a habitabilidade dos últimos

as grandes causas da patologia em edifícios

pisos dos edifícios, têm uma abordagem simultaneamente aprofundada e prática; as anomalias dos

recentes e sobre as medidas mais urgentes a

sistemas de revestimento e isolamento térmico de fachadas do tipo ETICS, cuja aplicação disparou

tomar, entre outros aspetos, são certamente

nos últimos cinco anos, são abordadas através da apresentação de um sistema exaustivo de inspeção

um contributo valioso para a reflexão sobre

e diagnóstico concebido para facilitar ações de reparação eficientes.

este tema.

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isolamento térmico Pelo exterior 0171

Sistema de isolamento de paredes e protecção dos edifícios

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pelo exterior, aplicável em projectos novos ou de renovação, 0171

conferindo uma atractiva economia nos custos de energia

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e acabamento do edifício com manutenção reduzida. MOL

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PrinciPais Vantagens Economia de energia

Economia acentuada nas necessidades de consumo energético para aquecimento e arrefecimento dos espaços habitados.

Diminuição do risco de condensações no interior da parede

Melhoria do conforto térmico de Verão e de Inverno, devido ao aumento da inércia térmica interior

Redução das pontes térmicas

Diminuição da espessura das paredes exteriores, aumentando a área habitável

Colocação em obra sem perturbar os ocupantes

Aumento da inércia térmica do interior dos edifícios, já que a totalidade da massa da parede da fachada se encontra disponível para acumular os ganhos internos de energia.

Diminuição da necessidade de ocupação de área útil no interior, já que a espessura necessária para o material de isolamento é transportada para o exterior.

Redução ou até mesmo eliminação das pontes térmicas lineares, permitindo um isolamento térmico sem interrupções nas zonas da estrutura.

Facilidade de utilização em reabilitação térmica de fachadas, já que os trabalhos são realizados sem utilização dos espaços interiores.

*em obras de eficiência energética (isolamento térmico pelo exterior). Portaria 303/2010, de 8 de Junho, que determina benefícios fiscais na dedução à colecta para este ano.

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conversas

professor josé teixeira trigo

Entrevista conduzida por Maria do Rosário Veiga Jornalismo e Fotografia por Joana Correia

Investigador, Professor e Projetista, José Teixeira Trigo, desempenha desde há largos anos uma intensa atividade profissional no setor da construção. Tendo como formação base a Engenharia Civil, Teixeira Trigo teve oportunidade de adquirir uma significativa experiência e conhecimento relativamente às patologias construtivas. Em entrevista à CM fala da situação nacional relativamente a patologias em edifícios recentes, e às suas consequências, destacando algumas soluções.

Construção Magazine (CM) – Como caracteriza a situação portuguesa no que diz respeito à patologia em edifícios recentes? José Teixeira Trigo (JTT) – No fundo, pode-se dizer que, na generalidade dos casos, a situação portuguesa é o resultado de incompatibilidades entre os objetivos da construção e as funções que lhe são atribuídas na prática. Quer para edifícios recentes, quer para edifícios antigos, o tipo de utilização que se lhes vai dar pode engendrar situações de patologia. Isso é visível em usos incorretos de alguns edifícios, por exemplo, recentemente assistimos ao esforço muito interessante de reabilitação e ampliação de escolas públicas mas nalgumas surgiu precisamente aquela situação: os objetivos em termos de funcionamento não são compatíveis com, por exemplo, os sistemas de tratamento de ar que lá foram introduzidos. Em geral há incompatibilidade entre os sistemas montados e o orçamento para energia sendo que essa patologia poderia não existir se tivessem adotado um conceito de intervenção diferente. CM – Mas se olhar só para a construção nova, relativamente às patologias, atualmente, estamos melhor ou pior? JTT – Estamos melhor em muitos aspetos porque temos equipamentos e sistemas muito mais cuidados. Basta pensar em coisas tão simples como as instalações sanitárias ou cozinhas que, hoje em dia, são equipamentos de grande qualidade, apesar de que, em regra, também exigirem mais manutenção. Porém, há muitas soluções técnicas que são introduzidas nas construções mas que não são adequadas. Vivemos num mundo globalizado, as soluções técnicas circulam por toda a parte. Só que em Portugal temos uma prática de projeto, uma prática de construção e um determinado tipo de executantes que funcionam com a sua aprendizagem, os seus conhecimentos e as suas experiências. Quando o executante introduz funções inovadoras que vêm de diferentes ambientes, pode não estar a fazer uma adaptação adequada. O resultado poderá traduzir-se por erros graves, por exemplo com materiais a degradarem-se muito rapidamente. A título de exemplo, há uns anos atrás apareceu uma solução de revestimento de cobertura com os chamados soletos, peças com a dimensão de telhas constituídas por betuminosos de cor preta. Este material vinha de uma empresa belga e estava aceite pelo sistema belga de verificação da qualidade das


inovações. Só que em Portugal este material era incompatível com as temperaturas das nossas coberturas quando expostas ao sol e ainda para mais de cor preta. Por isso, quando se fala em patologias construtivas em construção recente, penso que elas podem resultar da falta de atenção neste processo de globalização. CM – De que modo essa patologia afeta a segurança dos edifícios? JTT – Em Portugal a segurança que mais nos interessa é a segurança estrutural e sísmica e essa já está assumida pela generalidade das atividades de projeto, isto é, os edifícios foram crescendo em altura mas também foram melhorando os seus sistemas estruturais. No entanto, há ainda algumas práticas de execução que não serão as melhores e haverá situações de estruturas que não garantem um bom comportamento aos sismos. À parte disso, o que mais me preocupa é a situação de todos os elementos secundários e terciários dos edifícios. Na prática, a experiência vem mostrando que em países do sul da Europa que têm soluções construtivas idênticas às nossas – Espanha ou Itália - quando há sismos, os acidentes mais significativos não estão ligados ao facto dos edifícios ruírem, mas sim à queda dos elementos secundários, nomeadamente paredes interiores e de fachada, tetos suspensos, instalações técnicas. Isto acontece porque os elementos secundários e os equipamentos não são concebidos para suportar um sismo, mantendo-se em funcionamento. CM – E a habitabilidade e conforto dos edifícios?

JTT – Normalmente há muitas regras que têm a ver com a habitabilidade e com a segurança, que qualquer projetista conhece, mas que, por vezes, são descuidadas. Refiro-me a situações simples como a segurança na deslocação, a segurança no uso, a segurança dos equipamentos (elétricos e mecânicos), as escadas... Essa segurança está muito ligada àquilo que se chama sistemas de controlo e gestão da qualidade na produção. A perceção que tenho é que, cada vez mais as organizações fabris adotam sistemas de garantia da qualidade ou põem no mercado produtos com qualidade garantida e certificada. Eu confio nesses sistemas. Posso é não confiar nos projetistas que escolhem os produtos e os locais em que são aplicados. A colocação em obra, a utilização ou mesmo o tipo de gestão e manutenção são muitas vezes os responsáveis pelos insucessos de produtos certificados. A habitabilidade tem também muito a ver com o conforto, isto é, com os sistemas de tratamento de ar, ar condicionado, ventilação e aquecimento, que são muito importantes para a saúde e para o nosso bem-estar e conforto. Nós estamos a melhorar bastante os isolamentos térmicos, estamos a usar muito mais iluminação natural, embora por vezes, à custa de perdas térmicas porque usamos muito os envidraçados. No entanto em edifícios relativamente recentes, há zonas muito pouco isoladas termicamente; ainda que no conjunto, possa ser um edifício com isolamento aceitável, as zonas pouco isoladas vão ter condensações internas, essas condensações vão originar fungos, os

fungos podem vir a originar doenças e mau estar. Infelizmente são situações correntes. CM – Quando se compara o parque edificado recente com o antigo a ideia que se tem é que a situação tem piorado: a patologia surge mais cedo, com anomalias mais gravosas. Isto é mesmo assim? JTT – De certo modo sim. Este edifício do meu gabinete, com cerca de 50 anos, insere-se num conjunto residencial construído nos Olivais Sul com muita qualidade. É um projeto do arquiteto Raúl Hestnes Ferreira e do arquiteto Manuel Tainha, no entanto, precisa de adaptações à evolução do tempo. Se me pergunta se esta estrutura está correta, eu digo-lhe que sim, não há um problema de estruturas. Porém, há entradas de água na cobertura e a fachada precisa, de vez em quando, de ser reparada porque surgem patologias de fachada. Portanto, é uma construção que funciona bem e as construções novas podem ter um funcionamento idêntico, isto é, um funcionamento da mesma qualidade, quer em termos do comportamento estrutural, quer em termos do isolamento em relação ao exterior, térmico e de humidade. O que habitualmente acontece é que surgem dois tipos de problemas: sistemas construtivos que, com o passar do tempo, deixaram de ser compatíveis, particularmente o caso de estruturas de betão armado com as alvenarias de tijolo e esse é um problema correntíssimo; e as novidades da construção que são deficientemente assumidas pela prática. Muitas delas facilitam o trabalho, reduzem os custos, reduzem os prazos de

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construção, trazem melhorias de desempenho mas exigem uma atitude de controlo da qualidade muito elevada, em fase de projeto e em fase de construção. As boas empresas de construção têm sistemas de garantia da qualidade só que isso não quer dizer que seja compatível com o uso que vai ser dado à construção. É necessária uma capacidade pericial, fundamental na engenharia e na arquitetura, para verificar que os produtos inovadores são adequados ao uso que vão ter. Este é um processo que tem a ver com o projeto e tem a ver com o “por em obra”, exigindo um rigoroso controlo em obra, incluído no âmbito da fiscalização. CM – Fala-se sempre na perda de qualidade da mão-deobra. Mas qual a responsabilidade das deficiências do projeto na patologia dos edifícios recentes? JTT – As deficiências do projeto têm muito a ver com a crescente complexidade dos edifícios. Há 50 anos para se fazer um projeto envolvia-se apenas um arquiteto e um ou dois engenheiros, mais nada. Só que à medida que o tempo passa, os projetos são cada vez mais complexos e têm cada vez mais intervenientes. Neste momento temos o arquiteto, o arquiteto de interiores, o arquiteto paisagista, o engenheiro das fundações, o engenheiro da estrutura de betão armado, por vezes há o engenheiro das estruturas metálicas, o engenheiro das águas e esgotos, o engenheiro do AVAC, o engenheiro das instalações elétricas, o engenheiro das telecomunicações, o engenheiro do estudo térmico, o engenheiro do estudo de acústica... Era muito mais fácil antigamente. Entretanto as coisas evoluíram, há cada vez mais intervenientes, o legislador entendeu pedir cada vez mais partes de projeto e cada vez mais demonstrações, o que na realidade é prejudicial, porque as pessoas depois de produzirem o seu “papel” pensam que está tudo resolvido. Na prática há uma diluição das responsabilidades por vários intervenientes sem que efetivamente alguém assuma a responsabilidade pela compatibilidade e funcionamento das diferentes soluções e projetos. São muitos os intervenientes e tem que haver uma autoridade técnica que integre todos os componentes dos projetos. CM – Falta um coordenador na sua opinião? JTT – Legalmente a coordenação em edifícios está atribuída essencialmente ao arquiteto mas aqui em Portugal o arquiteto corrente presta pouca atenção à coordenação sistemática de todos os pormenores da obra. Em projeto falta um coordenador geral, a quem o dono de obra atribua autoridade

“quanto à prevenção, importa assegurar boas equipas de projeto, em que o projetista tem competência ou há alguém com competência para conduzir o processo.“ 6_cm


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para compatibilizar todos os projetos, quer na fase de estudo, quer na fase de execução da obra. Isso implica assumir uma responsabilidade, assumir-se com competência, envolvendo as pessoas adequadas para desenvolver essa atividade e conduzindo o processo até ao final. CM – É corrente dizer-se que a construção é melhor no Norte do país e pior quanto mais nos deslocamos para o Sul. Existe uma assimetria regional na qualidade da construção e no nível de patologia? JTT – Em regra sim mas é difícil de se medir. Há diferença porque há uma mão-de-obra mais cuidada no norte do que no sul. No norte há uma arquitetura e uma engenharia com muitíssima qualidade. Os profissionais das empresas e os operários têm uma grande tradição, as grandes empresas de construção continuam a estar no norte ou a ter aí a sua origem. Portanto, há, talvez, um profissionalismo maior no norte. Ao mesmo tempo, o norte tem mais exigência sobretudo por causa da humidade e o facto de haver um cuidado muito maior com o isolamento leva a um requinte no pormenor e no remate. Ao passo que, no sul, não tem mal se entrar alguma água, daqui a pouco está seco. Além disso, há, talvez, mais aventureiros, isto é, aquela personagem que vem não se sabe de onde, está no mercado meia dúzia de anos e desaparece da mesma forma que apareceu, deixando atrás de si um rasto de asneiras. No entanto, neste momento existem técnicos com grande capacidade em todo o país, muitos infelizmente devido à atual situação económica vêm-se obrigados a procurar alternativas no exterior. CM – Quais as principais medidas a tomar para reduzir a patologia em edifícios recentes? JTT – São importantes as medidas corretivas, nos equipamentos, nos revestimentos e na fendilhação prematura. Quanto à prevenção, importa assegurar boas equipas de projeto, em que o projetista tem competência ou há alguém com competência para conduzir o processo. Alguém que seja aquele que vamos “culpar” mas que tem de ser pago para isso. O facto do dinheiro ser reduzido devia obrigar a que o projeto fique bem feito. A equipa de projeto é fundamental, tem que ser cultivada, tem que ser preservada, deve ter competência, têm que lhe ser atribuídas funções. Depois há a execução da obra, que tem de ser assegurada com uma boa equipa de execução e não uma equipa de “aventureiros”; deve ter capacidade para desenvolver um bom trabalho. A terceira componente é a equipa de fiscalização. Cada vez mais se verifica a necessidade de haver uma equipa que faça a fiscalização e gestão da obra, e que acompanhe todos os problemas de natureza regulamentar, junto do dono de obra, junto dos serviços públicos, junto da autarquia e junto dos empreiteiros e subempreiteiros. Portanto, uma entidade que seja capaz de atuar em tempo útil assegurando a otimização das soluções, evitando problemas graves. CM – Qual é o papel dos planos de manutenção? JTT – As obras terminam com a sua entrega ao dono da obra mas depois os edifícios e respetivos serviços precisam de organização e manutenção. Por exemplo, em hospitais é impossível não haver


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© projetos de referência da Teixeira Trigo, Lda.

Intervenção no Armazém do Chiado, em Lisboa.

Projeto da Escola Diogo de Gouveia, em Beja.

Reabilitação no Bairro do Castelo, em Lisboa.

planos de manutenção, antes de começar o uso já tem que estar tudo planificado para que as equipas de manutenção saibam quais são as suas funções e quais os instrumentos a utilizar. Os planos são fundamentais para evitar que o mau funcionamento dos equipamentos introduza situações de patologia (acidentes, gastos excessivos, etc). Mas o que se verifica é que as equipas de manutenção existem e entram em funcionamento muito facilmente em grandes edifícios, como shoppings ou hospitais, mas noutras situações como os edifícios de habitação ou os condomínios, estas equipas não existem desde o início. O que vai acontecendo ao longo da vida é que vai havendo alguém que vai dando um jeito. Aqui é que há muito para fazer e, de fato, o Estado poderia intervir dando o exemplo. Especialmente, se organizar os seus edifícios de habitação social, por exemplo, colocando os sistemas de manutenção a funcionar e quando estes estiverem a funcionar bem, divulgar as soluções para que os outros possam aprender. Ao contrário da prática atual em que o Estado se preocupa a fazer leis e regulamentos, impondo o seu uso sem sequer experimentar a sua aplicação nas construções da que é proprietário. CM – Qual o papel do ensino universitário, incluindo, o pós-graduado? JTT – É fundamental! Pelo menos, licenciados de três anos são precisos para poder fazer um bom trabalho. Com as mudanças permanentes, com as inovações tecnológicas constantes, se os intervenientes não tiverem formação superior não terão conhecimentos nem capacidade para se adaptarem. Na construção a evolução é contínua, especialmente na definição de

objetivos a atingir quando se constrói algo. Não se trata de grandes saltos, talvez seja maior a evolução nas atividades comerciais e/ou industriais. Mas a globalização dos processos e das metodologias levam a que seja necessário estar muito apto para lidar com as novidades, quer na fase do projeto, quer na fase de execução, quer ainda na fase de manutenção. Para adquirir esta capacidade, a melhor solução é ter uma formação superior ou, no limite e em algumas áreas, ter uma formação profissional muito próxima da superior. Não estou obviamente a falar da posição de operário mas para gerir equipas e assumir a direção de trabalhos, é aquela a formação adequada, que tendencialmente se vai encaminhar para o nível de licenciatura. Além disso, a vida vem-me mostrando que todas as atividades humanas permitem que os vários níveis sejam necessários e coexistam, desde o secundário, ao universitário e ao pós-graduado. CM – De que modo a situação atual da construção, com a redução drástica da construção nova e o desemprego crescente no setor, pode afetar o panorama geral em termos da patologia? Pode ser uma oportunidade para uma melhor construção e um maior enfoque na manutenção e reabilitação? JTT – Eu sou um otimista na vida e estou convencido que vai ter consequências muito positivas. As construções existentes vão ser mais cuidadas, mais bem conservadas e tratadas com mais carinho. A reabilitação é uma conservação em situação já próxima da rutura de uso, em que uma construção está a esgotar as suas capacidades e é necessária uma intervenção profunda, no sentido de dar um outro uso ou um uso idêntico ao antecedente. Estou

convencido que este processo de reabilitação é inevitável e vai crescer, vai-se desenvolver, além de que tem muito interesse, e não só para os edifícios. No entanto, a reabilitação deve ser muito bem pensada, não pode ser reabilitação só por moda. Aqui no meu gabinete grande parte dos projetos mais interessantes são de reabilitação. Na universidade nota-se também que cada vez mais alunos estão interessados no tema e fazem dissertações de mestrado exatamente nesta área. Quanto à construção nova é evidente que, havendo muito menos, vai ser tratada com mais cuidado, com mais ponderação e a concorrência também passará a ser cada vez maior.

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Perfil Teixeira Trigo licenciou-se em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto em 1960. A partir desse momento começou a exercer uma forte atividade profissional: investigador do LNEC (1963-2007); Professor de várias instituições, Docente de Licenciatura no I.S.T. (1967/1979) e de mestrados na FEUP e no IST (1985/1992); Docente da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa, onde dirigiu o curso de Eng. Civil e, desde 1999, é Diretor da Faculdade de Engenharia e Ciências Naturais. Entretanto e paralelamente, mantém uma atividade intensa na área do projeto, que começou muito lentamente, foi crescendo e veio a organizar-se de forma empresarial, com a empresa Teixeira Trigo, Lda.


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patologias em edifícios recentes patologias estruturais em edifícios recentes Apresenta-se nesta comunicação uma reflexão sobre as patologias estruturais em edifícios recentes, entendendo-se estes como a construção realizada no século XX, ou seja, todos aqueles que na sua construção utilizaram um sistema construtivo baseado na utilização do betão armado. Para se compreender as causas das patologias é indispensável perceber os sistemas construtivos e a sua evolução ao longo do século XX. São apresentadas as principais causas das patologias estruturais, fazendo-se uma reflexão sobre os procedimentos que são adotados na construção e tecidas algumas considerações a respeito dos principais problemas que é importante debelar para minorar essas patologias.

Aníbal Costa Professor Catedrático do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro agc@ua.pt

testadas pela experiência, como ajustar a construção aos gostos e formas cada vez mais bizarras que apareceram em todo o mundo. Por outro lado, a necessidade de grandes volumes de construção, em prazos relativamente curtos, obrigou a que a construção fosse encarada como uma indústria e não como um processo artesanal. Isto originou também que os intervenientes no processo e nomeadamente os técnicos assumissem os mesmos métodos de trabalho que se exigem a qualquer outra indústria. É assim indispensável que aqueles que trabalham na construção procurem cada vez mais encarar esta como um produto que é importante vender e, para isso, a aposta na qualidade tem de ser o objetivo a atingir. A construção dos edifícios tem de se basear em conceitos científicos, partindo de dados físicos e económicos, de modo a ser possível conceber industrialmente um produto de qualidade garantida. A maior parte das primeiras obras em betão armado em Portugal foram construídas com o sistema Hennebique, tendo este sistema uma grande influência no desenvolvimento da construção em betão armado em todo o mundo, sendo de salientar em Portugal a empresa Moreira de Sá & Malevez, concessionária do sistema, Figura 1. Em Portugal foram realizadas dezenas de

obras com este sistema, um pouco por toda a parte, verificando-se a sua utilização principalmente em edifícios e pontes. O site http:// archiwebture.citechaillot.fr/pdf/FRAPN02_ BAH51.pdf permite ter uma ideia da quantidade de obras que foram realizadas em Portugal nos primeiros anos do século XX, salientando-se em 1907 um edifício em Lourenço Marques, Gares para os Caminhos de Ferros Portugueses (Santa Apolónia, Lisboa), Canalizações para Coimbra e obras para a Companhia de Gás no Porto. Podem-se salientar diversas pontes como as realizadas em Braga (1908), Porto (1908), Muge (1909), Sorraia (1913), Sorraia Velho (1913), Lagos (1913), Arao (1913), Caldas de Aregos (1913). O Arquiteto Marques da Silva, responsável por obras espantosas de arquitetura na zona norte do País, utilizava soluções inovadoras e, na grande maioria dos seus projetos, o sistema Hennebique era usado. Um dos edifícios de referência é o edifício Palladium, sito no gaveto das ruas de Stª Catarina e de Passos Manuel (Figura 2). O edifício de inegável valor arquitetónico sofreu profundas alterações, pretendendo a firma proprietária demolir o seu interior, conservando as fachadas, com a finalidade de aí instalar um grande armazém de venda ao público. Na altura foi necessário proceder a uma verificação da segurança da estrutura existente,

1. INTRODUÇÃO Para se falar em patologias estruturais em edifícios recentes é preciso, em primeiro lugar, clarificar o que se entende por edifícios recentes e mencionar os sistemas construtivos que foram utilizados na construção desses edifícios. Assim, entende-se por edifício recente todos os edifícios que foram construídos no século XX, ou seja, todos aqueles que na sua construção utilizaram um sistema construtivo baseado na utilização do betão armado, tendo este começado a ser usado em Portugal no início do século XX. A tradição, até cerca de 1900, diz que as casas eram construídas segundo processos tradicionais, baseados no empirismo, em que as soluções eram baseadas nas formas simples, os materiais empregues eram sempre os mesmos (pedra e madeira) e as casas tradicionais portuguesas ainda hoje atestam essa boa construção. Com o aparecimento do betão armado, este foi substituindo os elementos interiores mantendo-se, em pedra, as paredes exteriores resistentes e as formas simples. Depois dos anos 50 do século XX, com o processo de migrações internas e externas, com o aumento crescente do ritmo de construção, foi necessário não só procurar novas técnicas e processos de construção, até então não

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patologias em edifícios recentes

tendo-se para o efeito realizado uma inspeção ao edifício que permitiu conhecer bem o sistema construtivo usado na sua construção [1]. O edifício Palladium é uma construção dos anos 20 e foi inicialmente destinado a armazém de venda ao público de mobílias, Armazéns Nascimento. Veio mais tarde a ser reconvertido no Café Palladium (daí a designação) com salões de jogos e convívio, mantendo-se os Armazéns Nascimento a ocupar os dois pisos inferiores com entrada pela Rua de Passos Manuel, para, já nos anos 70, sofrer nova adaptação para instalação do pronto-a-vestir Galerias Palladium que tinham encerrado há alguns anos, tendo, a partir de então, estado por utilizar, sendo bem visíveis os sinais desse abandono. Na perspetiva da Engenharia Civil, o edifício tinha muitos motivos de interesse, uma vez que se tratava dos primeiros edifícios construídos no Porto inteiramente em betão armado. Na construção do edifício foi certamente usado o sistema Hennebique dada a pormenorização de armaduras que se encontrou na inspeção realizada e que se podem referir como mais característicos, a utilização de estribos em chapa de ferro, abraçando cada um apenas um varão inferior ao seu correspondente na face superior, quando existe, e a utilização de varões de momentos negativos que, muito próximo ainda dos apoios, são baixados em direção aos terços de vão, transpondo para o interior do betão o esquema de “viga armada”, ou seja, com tirante exterior. Mesmo no detalhe se encontram semelhanças com o sistema, designadamente as extremidades dos varões que são fendidas longitudinalmente a cinzel e as duas metades abertas, num esquema de chumbadouro, com o objetivo de promover a amarração, cuja eficiência é discutível; as emendas são efetuadas sobrepondo os varões e envolvendo-os helicoidalmente, em quase toda a extensão sobreposta, por um arame de 3 ou 4 mm de diâmetro. Nas lajes, Hennebique preconizava a utilização de armaduras que se mantêm junto à face inferior alternando com outras que são levantadas para atingir a face superior junto aos apoios. Também este esquema se encontrou, embora

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com algumas diferenças de posicionamento, provavelmente atribuíveis a deslocação de armaduras no ato de betonagem. As figuras retiradas de tratados (Figura 3), ilustram alguns destes esquemas que, como se disse, se encontram adotados nos vários elementos estruturais que foram prospetados. A demolição imperiosa de algumas partes da estrutura mais degradadas, permitiu colher interessantes informações sobre os princípios que na época presidiam à execução das estruturas de betão armado. Refira-se ainda que a própria fachada é também

de betão armado, explorando-se aí a moldabilidade do betão particularmente adaptada à arquitetura muito decorativa do início do século XX. O edifício Palladium construído em 1923 apresentava uma conceção estrutural muito arrojada para a época (ver Figura 4), com vigas secundárias a apoiar em vigas principais, diminuindo assim o número de pilares existentes no miolo do edifício, mas originando vãos para as vigas principais de 10,95m, com vigas de secção 0,27x0,60 m2 (ver Figura 5). Na Figura 6 pode-se ver o aspeto interior do edifício, onde são visíveis os amplos espaços conferidos pela

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> Figura 1: Folheto de divulgação da empresa Moreira de Sá & Malevez. > Figura 2: Edifício Palladium. > Figura 3: Pormenores de armaduras do sistema Hennebique. > Figura 4: Planta estrutural tipo do edifício Palladium. > Figura 5: A solução estrutural que foi adotada.

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solução estrutural adotada. A solução estrutural que foi adotada para os pavimentos é a de lajes maciças armadas nas duas direções, com espessura entre os 9 e os 10cm, que apoiam numa “grelha” de vigas principais e secundárias, delimitando painéis aproximadamente quadrados com cerca de 4m de lado (ver Figura 3). Foi realizada uma prospeção às armaduras por picagem, Figura 7, procurando-se verificar as quantidades e diâmetros de armaduras nas secções de algumas vigas e pilares. Foi possível determinar com grande rigor a posição e orientação das armaduras e com boa aproximação as respetivas camadas de recobrimento, tendo-se utilizado um detetor de armaduras “PROFOMETER 3” de origem suíça. As Figuras 8 e 9 apresentam detalhes das armaduras prospetadas em vigas e na Figura 10 em pilares. Na construção em betão armado em Portugal é importante referir o conjunto dos edifícios do IST (1936). Deve, no entanto, referir-se que neste período era ainda usual realizar a estrutura dos edifícios com paredes de alvenaria e o betão armado era aplicado na estrutura dos pisos em alternativa a soluções de estrutura de madeira [2]. Após a 2ª Grande Guerra assiste-se à afirmação das grandes possibilidades do betão armado como material estrutural, à exploração do betão aparente como solução arquitetónica e

ao grande desenvolvimento do betão armado pré-esforçado. A partir dos anos 70 do século XX assiste-se a um acelerado ritmo construtivo em Portugal que levou à edificação de milhares de fogos, um pouco por toda a parte, que originou um decréscimo na qualidade construtiva e um agravar de situações patológicas nas construções. Nesta época, o sistema construtivo usado passou a ser a estrutura em pórtico de betão armado, sendo as lajes aligeiradas ou maciças em betão armado e as vigas e os pilares constituíam pórticos, numa ou duas direções, dando apoio às lajes e transmitindo as cargas às fundações que normalmente eram constituídas por sapatas isoladas de betão armado. A estrutura em pórtico era posteriormente preenchida com painéis duplos de alvenaria no exterior e paredes divisórias também em alvenaria de tijolo. As paredes exteriores eram normalmente constituídas por paredes duplas de 15cm no exterior e de 11cm no interior. As paredes divisórias eram realizadas por paredes de alvenaria simples de 7, 11 ou 15 cm, dependendo das funções que desempenhavam (divisórias puras, 7cm, paredes de casas de banho, 11cm e paredes resistentes, 15cm). É também relevante referir que com o decreto 73 de 1973 deixa de ser obrigatória a verificação e aprovação dos projetos pelas entidades públicas o que veio a revelar-se uma medida inadequada [2].

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Na década de 70 do século XX dá-se a revolução associada ao desenvolvimento dos computadores e consequentemente dos métodos de cálculo automático, permitindo resolver os problemas existentes com modelos mais fiáveis (e também mais complexos). Esta situação veio possibilitar o desenvolvimento dos métodos de cálculo, mas por outro lado banalizou o cálculo estrutural, passando-se a assistir a verdadeiros atentados à conceção e ao dimensionamento das construções, verificando-se em muitas situações que os edifícios quando acabavam de estar construídos estavam a pedir para serem demolidos tal era o estado patológico que eles já manifestavam. Na maior parte das situações, a conceção estrutural ou não existia ou era muito deficiente, o que se vinha a traduzir em graves problemas na construção. Como é conhecido o comportamento de um edifício ao longo da sua vida útil é extremamente condicionado pela solução estrutural adotada, refletindo-se no aparecimento de patologias quando essa solução não é a mais adequada. Do ponto de vista regulamentar, o século XX traz também grandes novidades nomeadamente no que se refere ao dimensionamento das estruturas aos sismos. Na década de 60 começou-se a considerar a ação sísmica no dimensionamento de estruturas, com a aprovação do Regulamento de Solicitações em Edifícios e Pontes, RSEP, [3]

> Figura 6: Espaços amplos conferidos pela solução estrutural adotada. > Figura 7: Prospeção de armaduras. > Figura 8: Prospeção nas vigas principal e secundária. > Figura 9: Armadura superior da viga principal junto ao pilar. > Figura 10: Prospeção de armaduras em pilar.

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e do Regulamento das Estruturas de Betão Armado, REBA, [4]. O primeiro introduz métodos de dimensionamento sísmico muito rudimentares, mas que garantem que o efeito dos sismos sobre as estruturas seja contabilizado. Também por esta altura começa a explorar-se o conceito de comportamento não linear. Até 1983, com a aprovação do Regulamento de Ações em Edifícios e Pontes, RSA, [5] e do Regulamento das Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado, REBAP, [6], o dimensionamento sísmico era muito pouco corrente e, por isso, a grande maioria dos edifícios eram dimensionados sem o apoio de um regulamento sísmico verdadeiramente eficaz. Isto originou que a maior parte dos edifícios dimensionados antes de 1983 apresentam graves deficiências que poderão afetar a sua capacidade de suportar um sismo de alta intensidade. Podem resumir-se as deficiências estruturais de edifícios antigos de betão armado (anteriores a 1980) da seguinte forma [7]: 1 Uso de baixas taxas de armadura, tanto longitudinais como transversais. Esta é a situação típica de pilares antigos, pouco confinados e sem armadura principal suficiente para suportar a ação de um sismo regulamentar atual. 2 Interrupção de armaduras principais das vigas em pontos em que estas podem estar sujeitas a esforços elevados. Frequentemente as armaduras inferiores eram interrompidas nos nós, sem serem ancoradas no seu interior, resultando numa má interligação dos elementos. Também era comum a armadura superior da viga ser interrompida bruscamente, sem ser considerado o correto comprimento de amarração e a ação dos momentos fletores resultantes de sismos. 3 Amarração insuficiente das armaduras longitudinais, nomeadamente de varões lisos de aço com baixa capacidade resistente, amarrados apenas com ganchos na extremidade e sem haver um cálculo explícito do comprimento de amarração necessário ou da capacidade de ancoragem do gancho. 4 Insuficiente pormenorização, também no que toca a ancoragem da armadura transversal, situação que ainda hoje é corrente. Os estribos ou cintas, por não terem as extremidades dobradas para o interior da

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secção, correm o risco de se destacarem em caso de esforços elevados. 5 Baixa capacidade resistente do betão e distribuição irregular da sua qualidade ao longo da estrutura, tendo como consequência, uma distribuição irregular de rigidez. 6 Caminhos de forças descontínuos, originando mau comportamento estrutural, devido a insuficiente reforço dos nós de ligação pilar-viga, más ancoragens e variações bruscas de dimensão e rigidez. 7 Fendilhação/deterioração do betão e corrosão das armaduras e consequente perda de capacidade resistente, de rigidez e de área de compressão. É também de referir a má pormenorização de estribos, nomeadamente o espaçamento dos mesmos nas extremidades das vigas e pilares; as irregularidades em massa e rigidez; o mecanismo tipo viga forte – pilar fraco, tão habitual nas estruturas correntes; o mecanismo tipo soft-storey; o mecanismo tipo pilar curto não previsto no dimensionamento e a não consideração dos painéis de alvenarias no dimensionamento das estruturas. Muitos são os fatores indicativos do grau de risco que correm os edifícios com estrutura de betão armado em Portugal. São de destacar, no entanto, o facto de 9% terem mais de 50 anos (período de vida habitual de um edifício) e terem sido construídos antes de haver qualquer regulamentação sísmica e 58% terem sido projetados antes do RSA entrar em vigor.

2. Causas das patologias estruturais As patologias estruturais dizem respeito aos fenómenos que afetam o comportamento da estrutura resistente do edifício, embora muitas vezes seja difícil separar a estrutura do resto do mesmo, no que se refere ao seu comportamento, já que, na maioria dos casos, as patologias estruturais afetam elementos não estruturais, introduzindo danos e outras vezes elementos não estruturais desempenham funções estruturais (por exemplo as paredes de alvenaria de tijolo). Assim, podem-se verificar situações em que uma determinada causa atuando num determinado elemento estrutural origina danos em elementos não

estruturais e nestes casos o diagnóstico terá de conseguir avaliar a origem da causa e as suas repercussões. Um diagnóstico correto proporciona uma identificação precisa das causas e a avaliação rigorosa da situação real é condição indispensável para a correta resolução do problema. As principais causas das patologias estruturais podem ser sintetizadas no Quadro 1 [8]. De entre as causas assinaladas, verifica-se em vários países, incluindo Portugal, que as causas humanas são a maior fonte do aparecimento de anomalias na construção. Estudos efetuados [9] [10] permitem estimar que as patologias estruturais se podem dividir nas seguintes percentagens: − Erros de projeto e/ou cálculo – 51,5% − Erros de execução - 38,5% − Qualidade dos materiais - 16,2% − Mau uso ou falta de manutenção – 13,4% − Causas naturais ou excecionais – 4,0% Como se pode verificar, a maior parte das patologias da construção tem origem em deficiências dos projetos, quer do projeto geral quer do projeto de especialidades. A maior parte das obras constroem-se a partir de ante-projetos, sendo os projetos de execução quase exclusivos das obras públicas. Além de insuficientes, os projetos apresentam-se frequentemente incompletos e incorretamente elaborados por deficiente formação dos autores, inexperiência ou falta de ética. Saliente-se o facto, cada vez mais corrente, do risco envolvendo a adoção ao nível do projeto de soluções novas, pouco conhecidas e experimentadas, a par do descuido com que são tratadas as soluções ditas tradicionais [11]. As deficiências na construção são também uma grande causa de patologias, essencialmente devido à falta de mão-de-obra qualificada e especializada. Cada vez mais nas obras se recorre aos subempreiteiros e aos tarefeiros, cuja remuneração depende da velocidade de execução e onde a falta de qualidade é notória. O gosto pela profissão e por aprender a arte de uma forma gradual e consistente desapareceu. É normal nas obras que o único representante do empreiteiro seja o encarregado, sobre o qual descarrega grande parte da responsabilidade das mesmas e, consequentemente, da sua qualidade.


TIPO DE CAUSA

A falta de qualidade na construção é traduzida também pela ausência de uma política de controlo e garantia da qualidade dos materiais, a par de regras muito bem definidas de comercialização e certificação dos mesmos. Cerca de 72% das patologias referidas anteriormente, correspondem a edifícios construídos nas décadas de 1970 a 1990. E em 50% dos casos apareceram antes dos dois primeiros anos. Esta patologia precoce, como designou Appleton [11] há alguns anos, é cada vez mais frequente e cada vez mais preocupante. O facto surpreendente de um edifício que antes de estar construído já está doente, ou que logo nos primeiros anos de vida já apresenta problemas muito graves, é potenciador da geração de uma série de conflitos entre os diversos intervenientes no processo, que obriga a procedimentos legais, extremamente delicados e complicados e em que normalmente a vítima é o dono de obra e muitas vezes o utilizador final do edifício. Outras vezes procede-se a obras de reabilitação e reforço, que pretendem sempre repor a segurança regulamentar. Mas como é evidente, esta solução corresponderá sempre a uma obra reparada e nunca à obra nova de qualidade que deveria ter sido construída. Deve reconhecer-se que há, em alguns casos, normalmente, uma grande preocupação com o cálculo estrutural do edifício e não se vê essa mesma preocupação com a conceção e a execução, as quais conduzem a que muitas estruturas tenham uma vida útil bastante mais curta que a teoricamente prevista. Em geral, o respeito pelas especificações e regulamentações nacionais, RSA e REBAP conduzem a uma vida útil do edifício em torno dos 50 anos. A regulamentação europeia, Eurocódigo 1 (EC1) [12] e Eurocódigo 2 (EC2) [13], embora não refiram diretamente este valor, baseiam-se nas mesmas considerações. O Eurocódigo 8 (EC8) [14] introduz um coeficiente de importância (0,8; 1; 1,2 e 1,4) que pretende ter em conta o encurtar desse período de vida útil (0,8) ou o seu prolongamento (1,2 e 1,4) para estruturas especiais ou que devam ficar operacionais na ocorrência de um sismo de grande intensidade. A vida útil do edifício depende muito da manutenção, mas depende essencialmente da conceção estrutural do mesmo. Um dos grandes problemas dos edifícios recentes, pós anos

FASE

Na fase de conceção e projeto

− Ausência de projeto − Má conceção − Inadequação ao ambiente (geotécnico, geofísico, climático) − Inadequação a condicionalismos técnico-económicos − Informação insuficiente − Escolha ou quantificação inadequada de ações − Modelos de análise ou de dimensionamento incorretos − Pormenorização deficiente − Erros numéricos ou enganos de representação

Na fase de execução

− Má qualidade dos materiais − Impreparação da mão-de-obra − Má interpretação do projeto

Na fase de utilização

− Ausência ou deficiência de fiscalização − Ações excessivas face ao projeto − Alteração das condições de utilização − Remodelação e alterações mal estudadas − Degradação dos materiais (deterioração anormal, incúria na utilização) − Ausência, insuficiência ou inadequação da manutenção

Humanas

Ações físicas

Desastres de Causas Humanas

− Gravidade − Variações de temperatura − Temperaturas extremas − Vento (pressão, abrasão, vibração) − Presença de água (chuva, neve, humidade no solo) − Efeitos diferidos (retração, fluência, relaxação)

Ações químicas

− Oxidação − Carbonatação − Presença de água − Presença de sais − Chuva ácida − Reações eletroquímicas − Radiação solar (ultra - violeta)

Ações biológicas

− Vegetais (raízes, líquenes, bolores, fungos) − Animais (vermes, insetos, roedores, pássaros)

Ações Naturais

Desastres Naturais

AGENTE

− Sismo, ciclone, tornado − Trovoada, cheia, tempestade marítima, tsunami − Avalanche, deslizamento de terras, erupção vulcânica − Fogo, explosão, choque, inundação

Quadro 1 Principais causas das patologias estruturais.

70 do século XX, tem a ver com a existência de zonas avançadas na fachada e de andares recuados no último piso, que têm originado patologias em elementos não estruturais, essencialmente nas paredes de alvenaria, que são de muito difícil solução. Existem situações de avançados (com cerca de 1,20m de consola) virados a sul, Figura 11, em que todos os anos se podem extrair “pipas” de água do interior dos apartamentos nessa prumada dos edifícios. Nestes casos avançados, com paredes

> Figura 11: Exemplo de um “avançado” num edifício.

exteriores suportadas por lajes em consola, relativamente esbeltas (±15cm), que são resolvidas com grandes quantidades de armadura (ex: φ20//0.10) dão origem a patologias que além de ser uma fonte de preocupações, são um fator a afetar a durabilidade do edifício. Um critério importante relacionado com a durabilidade, onde muitas vezes o engenheiro desempenha um pequeno papel, tem a ver com a escolha da forma estrutural. O projetista deve examinar com rigor se a complexidade das formas estruturais está justificada com o meio ambiente em que está colocada a estrutura. As formas complexas aumentam a possibilidade de patologias estruturais, afetando por conseguinte a durabilidade. Um princípio fundamental é que em todas as superfícies de betão devem ser previstos sistemas para eliminar a água depositada. A conceção estrutural é muito condicionada por razões arquitetónicas e aí muitas das regras fundamentais que devem ser respeitadas para que o edifício possa vir a ter um bom comportamento estrutural não podem ser respeitadas. A complexidade do projeto de arquitetura obriga a um bom projeto de

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estruturas para que as patologias estruturais não surjam de uma forma natural. Um dos exemplos mais marcantes da história da arquitetura está associada a Le Corbusier (1887-1965) que procurou nos seus edifícios defender o uso da fachada livre e da planta livre (resultado direto da aplicação das estruturas por ele defendidas), presentes nos “cinco pontos para uma nova arquitetura”. Este estilo que teve muitos seguidores em Portugal, na década de 50 a 60 do século XX, deu origem a uma série de edifícios que do ponto de vista sísmico apresentam uma grande vulnerabilidade, já que são um exemplo do que não se deve fazer do ponto de vista sísmico à luz dos conhecimentos atuais da engenharia sísmica, dado o facto de estarmos perante uma situação clara de soft-storey, ou seja o comportamento sísmico do edifício está dependente do comportamento dos pilares que realizam o piso do rés do chão. Na Figura 12 apresenta-se um dos exemplos deste tipo de arquitetura, situado na Avenida Infante Santo em Lisboa, construído em 1954, com 9 pisos, apresenta uma planta retangular com 11x47,4m e tem o rés do chão vazado, como é visível na Figura 13.

Existe um conjunto de sistemas estruturais que pode ser utilizado em edifícios para resistirem a ações horizontais e a ações verticais. O processo de conceção da estrutura não consiste necessariamente na escolha isolada de um destes sistemas. Pelo contrário, trata-se de um processo criativo em que a conceção é desenvolvida como resposta a um conjunto de condições impostas ou de restrições. Raramente a escolha cairá numa solução básica, mas poderá ser o fruto da combinação de alguns destes sistemas, de modo a se conseguir responder adequadamente às exigências arquitetónicas e funcionais impostas. Existem, por outro lado, limitações de aplicabilidade dos sistemas descritos. A Figura 14 indica o sistema estrutural mais adequado em função da altura do edifício [15]. Como é evidente, quando os edifícios começam a ter maior importância, ou pela sua altura ou pela dimensão, a qualidade dos intervenientes no processo construtivo melhora normalmente, e por consequência a qualidade construtiva é, também, normalmente maior. Mas a maioria das construções que se constroem em Portugal, são estruturas reticuladas moldadas em obra, empregando materiais e

> Figura 12: Edifícios na Avenida Infante Santo. > Figura 13: Edifícios na Avenida Infante Santo: vista da Avenida Infante Santo e Piso vazado. > Figura 14: Sistemas Estruturais para edifícios de betão armado. > Figura 15: Pilares de fachada de uma fábrica sem sapata de fundação: fachada da fábrica e pormenor da “sapata” do pilar. > Figura 16: Varanda realizada com vigotas pré-esforçadas.

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métodos de construção de custo e execução normalmente acessíveis em todas as regiões do país. Na definição da solução estrutural, o engenheiro projetista tem um papel fundamental, que deve ser iniciado logo no início do projeto. Assim, quando o arquiteto inicia o ante - projeto ou mesmo o estudo prévio, deve ter o apoio do engenheiro, que vai definido a solução estrutural ao mesmo tempo que o projeto evolui. Um projeto em que haja colaboração mútua entre o arquiteto e o engenheiro resulta, normalmente, num bom projeto de estruturas e de arquitetura. Muitas das vezes, por razões várias, o engenheiro só entra no processo, quando o projeto de arquitetura está licenciado. Existem muitas situações em que os projetos de especialidade dos edifícios só são executados após a aprovação, por parte da Câmara do projeto de arquitetura. Este facto leva a que muitas vezes, até por interesse dos requerentes, o engenheiro projetista só entre no processo nesta fase. Esta situação levanta muitos problemas na conceção estrutural, já que a grande maioria das vezes, muitas das regras fundamentais na execução de um bom projeto


Nível de conhecimento KL1 Limitado KL2 Normal KL3 Extenso Elementos

Geometria

Desenhos originais de projeto com inspeção visual ou levantamentos completos Geometria e dimensões dos elementos

Detalhes (pormenores construtivos)

Materiais

Análises

Fator de confiança

Dimensionamento de acordo com a prática relevante e inspeções in situ limitadas.

Valores de defeito (normas da época) e ensaios in situ limitados

Lineares

Desenhos originais incompletos associados a inspeção limitada ou Inspeção in situ extensa.

Especificações originais e ensaios in situ limitados ou Ensaios in situ mais extensos

Desenhos originais associados a inspeção in situ limitada.

Testes originais e ensaios in situ limitados ou Ensaios in situ mais extensos

Quantidade e posicionamento das armaduras

Propriedades mecânicas dos materiais

Para cada tipo de elemento Inspeções (Detalhes)

Testes (Materiais)

1,35

20% dos elementos em estudo

Uma amostra por piso

Todas

1,20

50% dos elementos em estudo

Duas amostras por piso

Todas

1,00

80% dos elementos em estudo

Três amostras por piso

Quadro 2 Níveis de Conhecimento e Fatores de confiança.

estrutural, não podem ser respeitadas, já que existem imposições arquitetónicas. Por exemplo é frequente a caixa de elevadores e a caixa de escadas, que são elementos estruturais importantes na resistência às ações horizontais estarem situados em zonas da planta do edifício que não são convenientes do ponto de vista sísmico. Por outro lado, a articulação entre as diversas plantas dos diferentes pisos em algumas situações é extremamente complexa. As plantas dos diferentes pisos não coincidem, aparecendo situações particulares nos diferentes pisos, por vezes devido ao arranjo de fachadas, outras vezes devido à existência de recuados, que não têm correspondência com paredes nos pisos inferiores, que dificultam a realização do projeto de estruturas. Se a todos estes condicionalismos adicionarmos os baixos honorários que normalmente os promotores dos empreendimentos querem pagar aos projetistas, estão criadas as condições para que os projetos de estruturas resultem de má qualidade e, por consequência, numa má construção. Estas situações são cada vez mais frequentes, até porque os promotores regateiam, muitas vezes, os honorários do projeto, não avaliando o quanto vão pagar a mais na execução da obra e no decorrer da sua vida útil, devido à falta de um bom projeto de execução de estruturas. Na generalidade dos casos, depois da obra começar a ser construída e enfermando esta de erros graves na conceção estrutural ou no projeto a reabilitação e o reforço que se podem fazer no futuro são sempre soluções que nunca reporão a qualidade inicial que se poderia ter numa obra construída com base num bom projeto de execução. Um dos problemas que se nota na construção civil, nomeadamente na construção de edifícios, é a falta de qualidade dos materiais, associada a uma mão-de-obra cada vez com pior qualidade. O gosto por construir com qualidade,

que se notava nos pedreiros, trolhas, carpinteiros, etc., foi desaparecendo e a tendência de se executar as obras a “metro” piorou a qualidade da construção. Mesmo os grandes construtores entregam as obras a subempreiteiros, não garantindo assim a qualidade que lhes era habitual. Por vezes, acontecem situações em obra quase impensáveis, atentemos na Figura 15, onde as fissuras visíveis na fachada de uma fábrica tinham uma explicação duvidosa e quando se procedeu à abertura das fundações dos pilares verificou-se que os mesmos não tinham sapata de fundação. Outra situação frequente é a utilização de vigotas pré-esforçadas para realizarem consolas (beirais, varandas e escadas), encontrando-se alguns casos construídos que são verdadeiras “obras de arte”, Figura 16. A qualidade dos materiais também tem piorado. Obter em obra, na generalidade dos edifícios que se faziam um pouco por toda a parte, um betão de qualidade (muitas vezes um C20/25 (B25)), era uma tarefa muito difícil. A areia usada em obra era normalmente muito suja, outras vezes oriunda de pedreiras, saibrosas e não lavadas. A água é uma mistura de vários produtos químicos e orgânicos com uma composição muito variada. A sua quantidade é normalmente acima da recomendável (A/C = 0,4). A própria qualidade do cimento tem sido posta em causa em algumas obras, para além da tendência de se usar cada vez menos quantidade de cimento por metro cúbico (de 1930 a 1980 houve um decréscimo de 30%) dado que, teoricamente, a qualidade do betão melhorou, [16]. A durabilidade de uma estrutura pode ser melhorada respeitando-se algumas regras tradicionais: − suficiente quantidade de cimento; − baixa relação água/cimento; − recobrimentos adequados; − emprego de separadores nas armaduras; − cura correta e suficiente da estrutura.

O projetista deve ter sempre presente que os detalhes construtivos além de serem importantes para o funcionamento dos diversos elementos estruturais, e de fazerem parte da boa norma construtiva, são importantes para a durabilidade da estrutura. A colocação correta da armadura em obra, associada a um betão de qualidade, permite que o betão rodeie completamente a armadura e a proteja de uma forma compacta se esta tiver sido corretamente colocada. A qualidade dos materiais na construção é uma das principais causas das patologias estruturais em edifícios recentes. Em muitas situações, o betão usado na construção apresenta valores característicos muito inferiores aos que foram definidos em projeto. E por isso em muitas situações em que é necessário avaliar a resistências dos elementos estruturais existentes, levanta-se uma grande dificuldade, que é como se deve proceder nestes casos. Na Parte 3 do EC8, o nível de conhecimento acerca da estrutura é definido como uma combinação de toda a informação disponível ou adquirida, contemplando os seguintes parâmetros gerais: − Geometria – propriedades geométricas do sistema estrutural e dos elementos não estruturais e como estes podem afetar a resposta estrutural; − Detalhes (pormenores construtivos) – incluem a quantidade e a pormenorização das armaduras do betão armado, ligações entre elementos de aço, ligações do piso à estrutura lateral, juntas de argamassa das alvenarias e natureza dos elementos de reforço na alvenaria; − Materiais – propriedades mecânicas dos materiais constituintes. São definidos 3 níveis de conhecimento para a informação de base, que refletem a quantidade e qualidade da informação recolhida, e que se apresentam no Quadro 2.

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patologias em edifícios recentes

Tentou-se aplicar esta metodologia a um caso real de um edifício, Figura 17, tendo-se procurado satisfazer os 3 níveis de conhecimento referidos no Quadro 2 [17]. Desse estudo importa reter o seguinte: 1 É inviável na prática a aplicação dos níveis de conhecimento KL2 e KL3 pelo grau de destruição que introduzem no edifício. 2 É muito difícil estabelecer uma relação entre os valores obtidos nos ensaios não

destrutivos (esclerómetro, pull-out) com os ensaios destrutivos (extração de carotes). 3 A dispersão de valores que se obtém para a resistência do aço é perfeitamente aceitável e permite que conhecendo o tipo de aço se possa admitir no cálculo o valor nominal da resistência. 4 A dispersão dos valores para o betão é enorme, apresentando coeficientes de variação que normalmente andam acima dos 20%, atingindo no caso em estudo valores entre os 9 e os 66% (ver Quadro 3).

4. Agradecimentos Um trabalho desta natureza só é possível realizar contando com a colaboração de uma série de colegas que foram partilhando conhecimentos ao longo dos anos e que foram intervindo em vários casos práticos realizados no âmbito do Núcleo de Conservação e Reabilitação D’ Edifícios e Património (NCREP) do Instituto da Construção da FEUP. O autor agradece o apoio financeiro dado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, nomeadamente através do financiamento do Projeto de Investigação denominado “Caracterização Experimental In-situ

Média global para o pórtico

> Figura 17: Representação 3D do edifício estudado.

Piso

fcm (MPa)

Desvio padrão da distribuição

Coeficiente de variação (em %)

24,77

8,90

36

1

24,90

11,42

46

A durabilidade e a segurança das construções é hoje em dia um assunto de indiscutível atualidade e importância, daí o interesse no desenvolvimento de trabalhos que permitam compreender as patologias estruturais em edifícios. Na sequência de acidentes de maior ou menor gravidade, que sucedem um pouco por todo o mundo e em estruturas de qualquer tipo, a comunidade técnica, os autarcas, os gestores públicos, o poder político e a sociedade em geral, tomam consciência da real importância da qualidade na construção e do seu impacto no quotidiano da sociedade. É neste contexto que se deve procurar novas estratégias nos domínios da investigação, do projeto e da execução de obras, com o intuito de contribuir para que, no futuro, tão infelizes ocorrências possam ser mais controladas ou mesmo evitadas.

21,50

6,01

28

29,00

7,00

24

4

21,00

9,47

45

5

32,10

5,47

17

23,60

12,40

53

2

23,10

2,08

9

3

28,00

9,45

34

4

27,30

3,28

12

Média por elemento e por piso - pilares

2 3

1

5

34,50

4,75

14

Média por elemento e por piso - vigas

Média por piso

3. Conclusões

1

26,10

12,89

49

2

20,30

8,10

40

3

29,90

7,37

25

4

14,70

9,65

66

5

27,10

-

Quadro 3 Resultados obtidos nos ensaios.

16_cm

Foram apresentados neste trabalho algumas considerações sobre as patologias estruturais em edifícios recentes e, por inerência, reflexões sobre a durabilidade das estruturas procurando-se salientar as causas das principais patologias, que na maioria dos casos estão associadas a erros de projeto. Apresentou-se, de uma forma sumária, os principais problemas associados às patologias estruturais e porque é que eles acontecem, para além de se ter feito algumas considerações sobre as diferentes soluções estruturais procurando-se evidenciar que a maioria das patologias da construção estão associadas a más soluções estruturais e que muitas delas derivam de uma má conceção estrutural.

de Construções de Alvenaria de Pedra sob Ações Sísmicas” - PTDC/ECM/104520/2008 - FCOMP-010124-FEDER-00980.

5. Referências Bibliográficas [1] Sampaio, J., Azeredo, M., Costa, A. (1992). Avaliação da Segurança da Estrutura do Edifício Palladium - Porto. Relatório Técnico (Preliminar), Serviço de Estruturas do Instituto de Construção, FEUP, Porto. [2] Appleton, J. (2005). Construções em betão: nota histórica sobre a sua evolução. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior Técnico, 2005. Notas de aula de Betão Armado e Pré-Esforçado. [3] Regulamento de Solicitações em Edifícios e Pontes – Decreto Lei nº 44 041 de 18 de Novembro de 1961. [4] Regulamento de Estruturas de Betão Armado – Decreto Lei nº 47 723 de 20 de Maio de 1967. [5] Regulamento de Segurança e Acções em Edifícios e Pontes – Decreto Lei nº 253/83 de 31 de Maio, 1983. [6] Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado – Decreto Lei nº 349-C/83 de 30 de Julho, 1984. [7] Saraiva, J.; Appleton, J. (2006). Avaliação da capacidade sísmica de edifícios de betão armado de acordo com o Eurocódigo 8 – Parte 3. 4ª Jornadas Portuguesas de Engenharia de Estruturas, Lisboa, 2006. [8] Vasconcelos Paiva, J.; Cansado Carvalho, E.; Cavalheiro Silva, A. (1985). Patologia das Construções. 1º Encontro Sobre Conservação e Reabilitação de Edifícios de Habitação, Julho de 1985, LNEC, Lisboa. [9] Vieitez Chamosa, J.A. (1984). Patologia Estrutural. Aspectos Químicos, Normativa e Estadística. Tesis Docotoral, UPN, Março, 1984. [10] GEHO. (1992). Encustas de Patologia. Madrid, Febreo, 1992. [11] Appleton, J. (1994). Patologia Precoce dos Edifícios. pp. 823-833. 2º Encontro Sobre Conservação e Reabilitação de Edifícios, 27 de junho a 1 de julho de 1994, LNEC, Lisboa. [12] EC1 - Eurocódigo 1. Bases de Projeto e ações em estruturas – ENV 1991. [13] EC2 – Eurocódigo 2. Projeto de Estruturas de Betão – ENV 1992. [14] EC8 – Eurocódigo 8. Disposições de cálculo para a resistência de estruturas aos sismos. ENV 1998. [15] ACI – Durability of Concrete. American Concrete Institute, Detroit, 1975. [16] Calavera, J. (1999). Projeto y Cálculo de Estructuras de Hormigón Armado para Edificios. Tomo I e II, Instituto Técnico de Materiales y Construcciones. ISBN 8439840039. Espanha. [17] Costa, A. Romão, X., Neves, F., Pereira, N., Paupério, E. (2010). Relatório de avaliação da segurança estrutural. Edifício Royal Center - Fafe. Instituto da Construção, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto.


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18_21

patologias em edifícios recentes como evitar algumas anomalias em coberturas em terraço. análise de dois casos típicos Jorge M. Grandão Lopes Investigador do LNEC glopes@lnec.pt

1. INTRODUÇÃO A conferência proferida pelo signatário, a convite da Revista Construção Magazine, na última Feira Internacional de Construção e Obras Públicas TEKTÓNICA, em Lisboa (a 9 de maio de 2012), foi o mote para a preparação deste artigo. Essa conferência, a que se chamou “Quando a cobertura dos edifícios se torna o inimigo dos condóminos do último piso...”, estava integrada no Seminário Técnico “Patologia em edifícios recentes”. Procurou-se então dar-se conta, fundamentalmente através de registos fotográficos, das principais anomalias que se podem verificar em coberturas de edifícios, algumas das quais são a causa das recorrentes infiltrações de água pelo teto do último piso, levando potenciais compradores ou inquilinos, especialmente os mais informados tecnicamente, a evitar a aquisição ou arrendamento de apartamentos ou espaços desse piso. E quando a cobertura é em terraço, maior é a sensação de que tais infiltrações serão inevitáveis... Não há efetivamente razões para tal, qualquer que seja o tipo de cobertura, pois existem em Portugal materiais de boa qualidade, projetistas conhecedores das respetivas tecnologias e aplicadores com experiência suficiente neste domínio. É necessário também que não se descurem os trabalhos de manutenção normais. É claro que as condições de aplicação continuam a ter um papel muito importante no 18_cm

desempenho ao longo do tempo dos sistemas de impermeabilização utilizados; daí que, para que as dificuldades de aplicação não sejam um dos fatores de risco, torna-se necessário que, logo ao nível do projeto, sejam criadas condições para que tal não aconteça. Estas dificuldades são especialmente aplicáveis aos pontos singulares das coberturas, por razões compreensíveis. É frequente encontrarmos também os aplicadores dos sistemas de impermeabilização a queixarem-se das condições em que lhes foi deixada a obra imediatamente antes da sua intervenção. Isto levar-nos-ia para um outro campo, que é o de quem deveria ser responsável pela execução de determinados trabalhos, face à sensibilidade (ou conhecimentos) que cada especialidade tem das consequências que esses trabalhos podem ter nas condições de aplicação das tarefas subsequentes. Nos itens seguintes registam-se e comentam-se apenas dois casos típicos de anomalias em coberturas em terraço em Portugal, das dezenas que poderiam ser enumerados e que vêm mencionados na bibliografia da especialidade. Faz-se notar que, embora os sistemas mais correntes de impermeabilização deste tipo de coberturas em Portugal sejam formados por membranas betuminosas, os comentários a fazer sobre as duas anomalias escolhidas serão também aplicáveis, na maior parte dos casos, como se verá, a sistemas com outro tipo

de materiais, quer pré-fabricados em rolo quer aplicados in situ na forma líquida ou pastosa. Esta foi também uma das razões para a escolha das referidas duas anomalias.

2. Anomalias em coberturas em terraço 2.1. Generalidades É corrente distinguir as anomalias que se verificam na zona corrente da cobertura das que se podem manifestar em pontos singulares. Embora, tanto quanto se conheça, não existam em Portugal estatísticas devidamente validadas sobre a distribuição das anomalias nas coberturas em terraço, costuma ser referido por todos os agentes da construção que são nestes últimos que tais anomalias são mais frequentes. Compreende-se que assim seja, não só pelas já referidas dificuldades em executar os trabalhos nessas zonas como pela falta frequente de pormenorização construtiva das respetivas soluções. Das duas anomalias que serão mencionadas neste artigo, uma delas é na zona corrente e a outra é num ponto singular da cobertura. São elas então respetivamente as seguintes: − camada de proteção pesada rígida e contínua sem juntas de esquartelamento ou com juntas inadequadas; − fissuração de rebocos no bordo do remate da impermeabilização com elementos emergentes.


>1

>2

>3

2.2. Falta ou deficiente esquartelamento da proteção pesada rígida contínua

endurecimento da betonilha (com ou sem ladrilhos) ou do betão. Para tal é correntemente utilizada uma serra de discos com a espessura da ordem dos 5 mm que corta a betonilha (e os ladrilhos, se os houver) ou o betão até uma certa profundidade, mas nunca (assim se espera!) até à face inferior desta camada, para não ferir a camada subjacente, que, como se disse, deve ser o sistema de impermeabilização (com a camada de dessolidarização por cima). Ora, este procedimento para criação deste tipo de juntas (feitas a posteriori) não permite, evidentemente, a criação de uma junta totalmente aberta até à camada de dessolidarização para absorver as variações dimensionais da camada de proteção pesada em questão. Será então através do material (a betonilha ou o betão) não cortado pela serra de discos que a transmissão dos movimentos e dos respetivos esforços se irá desenvolver. Se considerarmos, a título de exemplo, a cobertura da Figura 1 com uma proteção pesada rígida e contínua, constituída por ladrilhos cerâmicos sobre betonilha, mas sem as juntas de esquartelamento aí bem realizadas, podemos fazer uma conta simples para ter uma ideia da deformação total, ∆L, a que estaria sujeito o material dessa proteção pesada (se fosse livre o seu movimento sobre a camada subjacente), para a variação regulamentar de temperatura, ∆T, admitindo, por simplificação, para o coeficiente de dilatação térmica, a, apenas o da betonilha (1):

com cerca de 12 m de comprimento, lo) Ora, havendo restrições a esse movimento de 16 mm (ou mesmo do de cerca de 5 mm) no plano da cobertura, por inexistência também de uma junta de esquartelamento na periferia do terraço, junto às platibandas ou paredes emergentes, a consequência desse facto será o encurvamento ou arqueamento da betonilha (com os ladrilhos, neste caso), acompanhada quase sempre de fendilhação desses materiais. É claro que estes movimentos serão transmitidos por atrito à camada subjacente; não existindo a camada de dessolidarização, mais gravosa é a ação da betonilha ou do betão sobre a impermeabilização, podendo assim conduzir à fendilhação do respetivo sistema. Não existindo a referida junta periférica, será certamente esmagado o remate da impermeabilização nos elementos emergentes da cobertura (Fig. 2), ocorrendo fendilhação do mesmo com relativa facilidade. Não se deve igualmente desprezar a ação de punçoamento que passará a exercer-se sobre a impermeabilização (mesmo com a camada de dessolidarização aplicada), transmitida pelas arestas ou até por alguns cantos da betonilha ou betão depois de deformados e arqueados (vd. Fig. 2). A patologia referida pode mesmo ocorrer em proteções pesadas rígidas formadas por placas de betão, ou seja, por elementos descontínuos, mas em que essas placas são aplicadas totalmente justapostas ou com juntas preenchidas com argamassa (Fig. 3), sem as requeridas juntas de esquartelamento. Ou seja, e em resumo, a criação de juntas de esquartelamento, interessando toda a espessura das camadas da proteção pesada rígida contínua, só poderá assim ser garantida se forem executadas previamente à aplicação dessa camada (de betonilha, com ladrilhos ou

Como recordatória, indicam-se a seguir as camadas de proteção pesada rígida e contínua que correntemente são utilizadas na generalidade das coberturas em terraço (não estão incluídos os terraços-jardins): − betonilhas simples de cerca de 30 mm a 40 mm de espessura, armadas ou não; − ladrilhos cerâmicos ou hidráulicos assentes sobre betonilhas (geralmente não armadas); − camada de betão armado. Com a utilização deste tipo de proteção é indispensável interpor uma camada de dessolidarização entre a proteção e a camada subjacente, que em princípio será sempre o sistema de impermeabilização (e não o isolamento térmico de coberturas invertidas). Essa camada de dessolidarização poderá ser formada, por exemplo, por um feltro de poliéster. Como se julga ser por demais conhecido, torna-se necessário criar juntas de esquartelamento na camada de proteções pesada rígida que interessem ou sejam realizadas em toda a sua espessura. Para as soluções acima mencionadas, o espaçamento entre essas juntas não deve exceder em geral os 4 m nas duas direções, a menos de justificação devidamente fundamentada. Essas juntas são posteriormente preenchidas com um vedante flexível com capacidade de deformação adequada aos movimentos previsíveis da proteção pesada. Por razões que se prendem com a facilidade de aplicação e/ou por desconhecimento do funcionamento desta camada de proteção pesada rígida e contínua, face às solicitações a que está sujeita, essa junta (de esquartelamento!?) é realizada em obra apenas após o

∆L = a . ∆T . lo

(1)

− ∆L = 10-5 . 40 . 40 000 = 16,0 mm (para a direção longitudinal da cobertura, com cerca de 40 m de comprimento, lo) − ∆L = 10-5 . 40 . 12 000 = 4,8 mm (para a direção transversal da cobertura,

> Figura 1: Juntas de esquartelamento numa proteção pesada rígida contínua. > Figura 2: Arqueamento da proteção pesada e esmagamento e corte do remate da impermeabilização com o elemento emergente (SCHILD, E. et al. − L’étanchéité dans l’habitation. Prévention des sinistres. Tome 1: Toitures-terrasses, balcons, points faibles. Paris: Eyrolles, 1978).

> Figura 3: Efeito das variações térmicas nas placas de betão aplicadas justapostas sem juntas de esquartelamento.

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patologias em edifícios recentes Folha de plástico

Peça de madeira ou de EPS Proteção pesada rígida

não, ou de betão). Para tal, devem ser posicionados sobre a camada de dessolidarização elementos com a espessura das juntas e com o seu desenvolvimento, constituídos por materiais que sejam posteriormente retirados com relativa facilidade após a colocação da betonilha ou do betão. Exemplos destas soluções poderão ser ripas de madeira ou tiras de poliestireno expandido de altura superior à espessura total da camada de proteção pesada (Fig. 4); para dificultar a aderência da argamassa ou do betão às superfícies destes materiais, poderão envolver-se previamente essas peças com folhas de plástico adequado; a parte superior dessas ripas ou tiras funcionarão depois como elemento facilitador para a sua posterior remoção após o endurecimento da betonilha ou do betão. Outra solução possível, para evitar alguma dificuldade na remoção destas peças ou a eventual quebra dos bordos da betonilha na operação de remoção das mesmas, consiste na utilização de esquadros (de plástico, por exemplo) que sirvam de cofragem perdida e de limitadores da betonilha ou do betão aquando da sua aplicação; esses esquadros teriam a dimensão do painel esquartelado (no máximo com as dimensões dos tais 4 m x 4 m) e seriam ligados, apenas para solidarização entre si durante a aplicação da betonilha ou do betão, por espaçadores pontuais (a retirar após o endurecimento da betonilha ou do betão, com a dimensão correspondente à espessura da junta de esquartelamento. Note-se que, para evitar que a leitada de cimento da betonilha ou do betão da proteção pesada preencha a zona inferior das juntas de esquartelamento, torna-se necessário preencher os vazios que sempre existirão sob a base de qualquer uma das peças referidas, devido à falta de planeza da superfície sobre a qual elas assentam; esta falta de planeza existirá sempre na zona das juntas de sobreposição, quando o sistema for constituído por membranas pré-fabricadas em rolo, situação que não se verificará com tanta facilidade nos sistemas com base em produtos pastosos aplicados in situ. Conforme já se referiu, e agora se constata, não é fácil a execução cuidada de juntas de

Junta de esquartelamento

>4

>5

esquartelamento em proteções pesadas rígidas contínuas, daí a frequente inexistência das mesmas ou a sua deficiente realização.

2.3. Fissuração de rebocos no bordo superior dos remates da impermeabilização com elementos emergentes da cobertura Este tipo de patologia pode ocorrer em qualquer um dos elementos emergentes da cobertura – como são o caso das platibandas, das paredes elevadas, das chaminés ou dos muretes de soleiras de portas de acesso à cobertura – especialmente quando esses elementos são constituídos por alvenaria de tijolo ou de blocos de betão e o remate não é inserido em roços feitos nessa alvenaria que é revestida por um reboco, tradicional ou não. A patologia consiste então no aparecimento de uma fenda bem marcada desenvolvendo-se no reboco que recobre o remate da impermeabilização da zona corrente com esse elemento emergente, em correspondência com o bordo superior desse remate (Fig. 5). Esta patologia é mais típica de soluções de impermeabilização com base em membranas pré-fabricadas. Uma das razões para a ocorrência dessa fendilhação tem novamente a ver com o faseamento

> Figura 4: Peça de madeira ou tira de EPS, envolvidas com folha de plástico, para definir a junta de esquartelamento. > Figura 5: Fendas no reboco na zona do bordo superior do remate da impermeabilização.

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da aplicação dos vários materiais nos locais respetivos; ou seja, quando a sequência dos trabalhos é a indicada a seguir: − aplicação do reboco no paramento vertical do elemento emergente, tarefa que está normalmente associada à empreitada das alvenarias; − na fase da intervenção do impermeabilizador, o reboco é removido até uma certa altura do elemento emergente (preferencialmente numa extensão não inferior a 0,10 m acima da superfície final da cobertura), abrindose ou não um roço na alvenaria; − depois é aderida a banda do remate da impermeabilização (sobre uma superfície que se espera ter sido devidamente regularizada); − e finalmente é reposto o reboco para recobrir a referida banda, ficando a sua superfície aparente complanar com a do reboco existente. A fendilhação ocorre então ao longo do alinhamento da superfície de separação do reboco antigo do novo, sendo ela resultante fundamentalmente da dificuldade de aderência dos dois materiais com idades geralmente muito diferentes. Essa fendilhação é agravada pelo facto de também quase sempre a referida banda de remate não ser inserida num roço


Espessura do reboco inicial

Espessura do novo reboco

aberto na alvenaria do elemento emergente, ficando assim apenas aderida ao paramento vertical da alvenaria. A aderência é ainda mais insatisfatória quando a superfície de colagem dessa banda não é suficientemente regularizada, ou simplesmente não é regularizada. A diferença de espessuras do reboco antigo para o novo, na secção correspondente ao bordo superior dessa banda, é mais um fator para o desenvolvimento ou agravamento dessa fendilhação; essa diferença de espessuras resulta da existência da banda de remate, sendo aquela diferença tanto maior quanto maior for a espessura dessa banda (Fig. 6). Face aos parâmetros indicados, compreende-se a necessidade de especificar soluções que tenham em conta a sequência do desenvolvimento dos trabalhos nesses pontos singulares da cobertura. Ou seja, se as tarefas tiverem de ser realizadas exatamente como as que foram descritas, é importante revestir posteriormente o paramento do elemento emergente com um produto com capacidade resistente e de deformação suficientes para os esforços de tração e as deformações gerados na secção referida. Uma solução simples e económica consistirá na aplicação de um revestimento de ligante sintético, preferivelmente armado com uma rede de fibra de vidro apropriada, pelo menos numa faixa de cerca de 0,15 m para cada lado do alinhamento correspondente à potencial fissura. É claro que uma hipótese será deixar criar essa fissura e recobrir a zona já fissurada (ou ainda não) com um rufo, solução mais utilizada no caso dos elementos emergentes serem em betão, onde não é fácil a posteriori abrir roços. Se na solução estiver já à partida definida a colocação de um rufo, é claro que a banda de remate poderia ser simplesmente colada à superfície vertical do elemento emergente (rebocado ou não, no caso do betão), sem necessidade de aberturas de roços (Fig. 7). Voltando aos elementos emergentes em alvenaria com abertura de roços, uma outra alternativa, certamente mais económica, consistirá na aplicação dos materiais referidos segundo um faseamento que não conduza à situação

Banda de remate da impermeabilização

>6

>7

>7

1. Mastique 2. Rufo metálico 3. Banda de remate 4. Banda de remate e reforço 5. Membranas de impermeabilização 6. Primário (eventual) 7. Estrutura resistente regularizada

patológica em questão. Ou seja, em primeiro lugar seria aberto o roço na alvenaria do elemento emergente, em seguida essa superfície é devidamente regularizada com argamassa de forma que resulte o mais concordante possível com a superfície vertical desse elemento emergente (tal só se consegue se a superfície for curva), depois será aderida a banda de remate a essa superfície, e, finalmente é aplicado o reboco no roço e em toda a extensão do paramento vertical do elemento emergente (de uma só vez, num mesmo tempo), recobrindo assim a banda de remate (Fig. 8). Caso ainda se queira minimizar o aparecimento de alguma fissuração na secção correspondente à zona superior do roço, aquela onde se verifica a transição de espessura do reboco, esse reboco poderá ser armado com uma rede de fibra de vidro resistente aos alcalis do cimento, de malha apropriada.

3. Conclusões No domínio dos revestimentos de coberturas, e no dos acabamentos em geral,

1. Reboco armado 2. Alvenaria de tijolo com roço aberto e regularizado 3. Banda de remate 4. Membranda de impermeabilização e banda de reforço 5. Primário (eventual) 6. Estrutura resistente regularizada

>8

continua-se, embora se conheçam honrosas exceções, a considerar relativamente secundárias as respetivas matérias, e daí a menor atenção que se lhes possa dar, quando comparada com outras especialidades no domínio dos edifícios. Não se pretende, evidentemente, subvalorizar nenhuma das especialidades na área das edificações, até porque em relação a algumas delas poderse-ia colocar em risco a segurança dos seus ocupantes (é o caso da segurança estrutural ou contra o risco de incêndio), mas muitas vezes só se dá a importância que também se julga merecerem os acabamentos da envolvente desses edifícios quando as infiltrações se manifestam desagradavelmente pelo teto do último piso por deficiências de estanquidade das correspondentes soluções adotadas na cobertura sobrejacente. Se investigarmos as causas dessas infiltrações para evitar que se voltem a repetir, estaremos mais confiantes para poder adquirir ou arrendar os tais últimos andares do edifício. Espera-se que este artigo, com os dois exemplos apresentados, tenha contribuído para tal.

> Figura 6: Pormenor da banda de remate na zona do seu bordo superior. > Figura 7: Remate da impermeabilização recoberto com um rufo metálico. > Figura 8: Remate da impermeabilização inserido na parede, recoberto com reboco armado.

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patologias em edifícios recentes sistema de inspecção e diagnóstico de etics em paredes A técnica de isolamento térmico de edifícios pelo exterior, comummente designada na Europa por ETICS (External Thermal Insulation Composite System), permite a adequação dos edifícios aos regulamentos relativos à eficiência energética e conforto térmico, tanto em obra nova como em reabilitação. Deste modo, a sua monitorização e reparação correctas têm um papel fundamental na manutenção adequada da funcionalidade e durabilidade do sistema. No presente artigo, apresenta-se um sistema de inspecção a estes elementos não estruturais de fachada que permite facilitar e regularizar o processo de inspecção e a tomada de decisão sobre a intervenção.

1. INTRODUÇÃO O sistema de inspecção e diagnóstico de ETICS em paredes consiste na compilação e organização da informação relevante sobre o tema e na sua conversão em ferramentas de auxílio ao inspector. Tem como objectivo facilitar e regularizar inspecções a ETICS, possibilitando a redução de erros de interpretação e diminuindo a necessidade de especialização do inspector. Deste modo, com o objectivo de promover uma compatibilização das linguagens utilizadas em inspecções a nível nacional, foram desenvolvidas listas classificativas dos elementos base do sistema: anomalias, respectivas causas, técnicas auxiliares de diagnóstico e técnicas de reparação. Para cada uma das classificações atribuídas, desenvolveram-se fichas descritivas individuais, que compilam a respectiva informação, permitindo a sua clara interpretação (excepto para causas, uma vez que são suficientemente descritivas e inequívocas). Ainda foram desenvolvidas matrizes que facilitam o conhecimento probabilístico de relações entre as variáveis mencionadas, através de índices de correlação. Para a sua validação e ajuste, o sistema 22_cm

proposto foi aplicado a 146 fachadas revestidas por ETICS, de idades entre 3 e 22 anos. A amostra de estudo abrange uma área total de 36.430 m2, repartida por várias zonas geográficas de Portugal e orientada segundo as várias vertentes. O estudo realizado permitiu ainda a obtenção de dados estatísticos que apontam as principais sensibilidades do sistema e entender a melhor forma de prevenção da ocorrência patológica, aspectos que não se desenvolverão no presente artigo.

2. LISTAS CLASSIFICATIVAS Uma vez que o método de inspecção se inicia com a observação da fachada [1], a designação das anomalias na respectiva lista classificativa tem um carácter visual e reúne os vários tipos de anomalias passíveis de ocorrer em ETICS de acordo com o seu tipo de expressão. Deste modo, organiza-se um total de 18 anomalias em 3 grupos: anomalias de rotura dos materiais (A-M), anomalias cromáticas/estéticas (A-C) e anomalias de planeza (A-P) (Figura 1). O primeiro grupo, de rotura dos materiais (A-M), inclui fenómenos associados à nature-

Bárbara Amaro Mestre em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico Diogo Saraiva Mestre em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico Jorge de Brito Professor Catedrático, Instituto Superior Técnico Inês Flores-Colen Professora Auxiliar, Instituto Superior Técnico

za dos materiais, nomeadamente variações dimensionais que possam provocar o aparecimento de fissuração de diversa ordem, perdas de coesão e desagregação de material. O grupo A-C reúne as anomalias que se expressam através da alteração da tonalidade original da fachada, por coloração ou por descoloração. A designação de “estéticas” adicionada a este grupo poderá suscitar dúvidas que resultam de uma formalidade linguística para poder incluir a presença de plantas (desenvolvimento macrobiológico) assim como de microorganismos que, por sua vez, se apresentam em forma de alteração cromática, representados pelo termo classificativo A-C5 - crescimento biológico. No grupo das anomalias de planeza, A-P, são englobadas as anomalias expressas através da variação de planeza do sistema, tais como a formação de empolamentos e outros defeitos na homogeneidade da superfície. Para as causas, foi elaborada uma outra lista de 51 possíveis origens das anomalias, organizadas em 6 grupos segundo a respectiva entidade ou acção responsável: selecção dos materiais (C-M), concepção (C-C), execução (CE), acções ambientais (C-A), acções de origem exterior (C-H) e manutenção (C-U).


>1

Respeitando o critério imposto de classificação visual de anomalias, procurou-se recorrer a termos des-critivos das mesmas, procurando não as associar às respectivas causas directamente. A título exemplificativo, termos como “manchas de humidade”, comummente usados em inspecções, não são incluídos na lista de anomalias. Considera-se que “mancha” é a manifestação da anomalia (cromática) e que a “humidade” é a causa (e se pode manifestar de diversas formas: C-A4 - absorção e capilaridade, C-A5 - infiltração, C-A6 - condensação superficial). Através de este tipo de separação de conceitos, torna-se possível um melhor entendimento dos tipos de fenómenos patológicos, assim como estudar susceptibilidades do sistema e ainda atribuir correctamente responsabilidades. Para a correcta associação das anomalias a causas, assim como para a avaliação da gravidade das anomalias, preconizam-se estudos prévios, preferencialmente ensaios in-situ, pela sua maior rapidez, custo mais reduzido e resultados fiáveis [1]. Procurando não associar os ensaios directamente ao tipo de anomalia ou causa que se está a estudar, uma vez que um mesmo ensaio pode ser utilizado para vários casos, desenvolveu-se uma lista classificativa de 14 técnicas auxiliares de diagnóstico, baseada no seu princípio de funcionamento: percepção sensorial (D-S), acção mecânica simples (D-M), técnicas hidrodinâmicas (D-H), técnicas eléctricas (D-E), técnicas ultra-sónicas (D-U) e técnicas químicas (D-Q). Uma vez que estas podem ser destrutivas (D) e não destrutivas (ND), esta característica é incluída na lista classificativa, devendo dar-se prioridade às técnicas não destrutivas, em campo.

Finalmente, identificado o fenómeno anómalo e analisada a sua origem e extensão, para a etapa de decisão, elaborou-se uma lista de técnicas de intervenção para reparação de ETICS que inclui 11 técnicas, divididas em 3 grupos, de acordo com o nível associado de intrusão no sistema: superficiais (TR-A), dentro da camada de base e acabamento (TR-B) e dentro das camadas profundas do sistema (TR-C).

3. MATRIZES DE CORRELAÇÃO Como referido, procurou-se desenvolver as listas classificativas, erradicando ligações entre variáveis, isto é, mantendo a independência entre conceitos como tipos de anomalias, as respectivas causas, os ensaios e as técnicas de reparação a utilizar. Será a partir das matrizes de correlação que se estabelecem as relações de dependência existentes entre cada variável. Neste sentido, foram elaboradas quatro matrizes: anomalias-causas, inter-anomalias, anomalias-técnicas de diagnóstico e anomalias-técnicas de reparação. Através de índices de correlação (0, 1 ou 2) consoante a relação é nula, parcial / dependente ou alta, respectivamente, as matrizes indicam de que forma uma anomalia é mais afectada por cada tipo de causa, o nível de interesse de um certo tipo de ensaio para o seu diagnóstico ou avaliação do seu nível de gravidade e quais as técnicas de reparação que são mais adequadas. Uma vez que uma anomalia pode ser ainda a causa do desenvolvimento de outras, a matriz de correlação inter-anomalias, por sua vez, atribui relações probabilísticas percentuais à ocorrência de

um fenómeno anómalo, quando se está na presença de outro. O desenvolvimento destas matrizes realizou-se em duas fases. Inicialmente, as relações foram atribuídas segundo pesquisa bibliográfica da informação disponível sobre o tema [210]. Numa segunda fase, concluído o trabalho de campo, onde se registaram 476 anomalias, 1098 causas associadas (das quais 518 consideradas directas e 580 indirectas), 662 ensaios e 804 técnicas de reparação, às 146 fachadas inspeccionadas, procedeu-se à aplicação de algoritmos para obtenção de matrizes resultantes da prática [11]. Deste modo, através da comparação individual de cada índice de recomendação das matrizes práticas, relativamente às relações teóricas, foi possível obter as matrizes finais. Esta feramenta permite que o inspector não necessite de ter um alto grau de especialização no tema para poder efectuar um correcto diagnóstico e tomar uma decisão final.

4. FICHAS DE ANOMALIAS, ENSAIOS E TÉCNICAS DE REPARAÇÃO As fichas constituem a ferramenta que reúne toda a informação mencionada até ao presente ponto e onde ainda se acrescentam procedimentos e recomendações, para que a informação se encontre organizada e com acesso fácil. Em cada ficha de anomalia, inclui-se a classificação atribuída à correspondente anomalia, a sua descrição, as relações com as restantes variáveis, segundo os valores apresentados nas matrizes de correlação, consequências da anomalia no funcionamento térmico do sistema, aspectos a inspeccionar e parâmetros a

> Figura 1: Exemplos dos três grupos de anomalias: à esquerda, anomalia de rotura dos materiais (A-M2 - deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço); ao centro, anomalia cromática / estética (A-C2 - marcas de escorrências); à direita, anomalia de planeza (A-P4 - empolamento do acabamento).

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patologias em edifícios recentes

FICHA DE ANOMALIA CÓD: A-M.5

FICHA DE TÉCNICA DE DIAGNÓSTICO CÓD: D-T.1 Designação: Lacuna de material

Designação: Termografia de infravermelhos

Descrição: Ausência pontual de materiais do ETICS.

Destrutivo Objectivos:

Não destrutivo

Causas mais prováveis: • • • • • • •

Observação do comportamento higrotérmico do paramento com base na leitura da sua temperatura superficial. Identificação de descontinuidades, perdas de aderência e acumulações de humidade.

C-C.1 - espessura insuficiente da camada de base; C-E.9 - deficiente tratamento dos pontos singulares; C-E.16 - ausência de cantoneira de reforço; C-U.2 - incorrecta intervenção; C-H.1, C-H.2, C-H.3 - acções mecânicas de choque; C-H.4 - fixação de equipamentos ou andaimes; C-H.6 - atravessamento indevido da parede;

Fluke (2011)

Equipamento / material necessário: – Câmara sensível a infravermelhos; – Equipamento para gravação dos termogramas; – Tripé; – Giz ou marcador. Descrição do método: Registo fotográfico das zonas a inspeccionar, utilizando a câmara de infravermelhos. Marcar na fachada com giz ou marcador as zonas que, na termografia, apresentem grandes variações de temperatura, face ao expectável. Gravar as imagens recolhidas. Vantagens:

Consequências mais prováveis: – – – –

degradação do aspecto da fachada: diminuição da funcionalidade térmica do revestimento: criação de pontes térmicas; degradação das camadas internas do sistema devido à entrada de água.

Aspectos a inspeccionar:

>2

>3

contabilizar para classificar o nível de urgência de intervenção associado [1] (Figura 2). As fichas de ensaios, para cada técnica auxiliar de diagnóstico, respeitam as recomendações de procedimento das fichas elaboradas pelo LNEC, assim como restantes regras de boas práticas divulgadas em outros trabalhos sobre o tema [13-16] (Figura 3). Adicionalmente, são incluídas as vantagens e limitações de cada técnica, uma vez que em termos de apresentação de resultados alguns ensaios podem ser semelhantes e em termos de custos ou dificuldades operativas uma técnica pode ser preferível a outra. Finalmente, as fichas de reparação para cada técnica de intervenção, incluem uma descrição sucinta do procedimento de actuação, equipamentos a utilizar, aspectos a ter em conta quanto ao momento da tomada de decisão e ainda um estudo sobre os custos associados.

1. Identificação da anomalia – Inspecção visual – Fichas de anomalias

O sistema apresentado para inspecção e diagnóstico de ETICS em paredes, permite simplificar o processo de inspecção através da facilitação de informação que diminui do

C-E15 C-A3 C-A6 C-A8 C-M2 C-H9

deficiente execução de remate (rufo, peitoril) acção da chuva humidade de condensação superficial baixa exposição solar biocida do acabamento com inadequada protecção a microorganismos vegetação na proximidade da fachada

3. Recomendação de ensaios – Matriz de correlação anomalias-técnicas de diagnóstico – Fichas de ensaio

D-T1 D-E1 D-E2

termografia de infravermelhos humidímetro de contacto humidímetro de agulhas

4. Reparação – Matriz de correlação anomalias-técnicas de reparação – Fichas de reparação

TR-A1 TR-A2 TR-C5

limpeza aplicação de protector de superfície (hifrofugante, fungicida, biocida) correcção de disposições construtivas

Caracterização e mapeamento

2. Hipóteses de causas – Matriz de correlação anomalias-causas

5. CONCLUSÃO

A-C.5 crescimento biológico

>4

> Figura 2: Excerto da ficha da anomalia A-M5 - lacuna de material. > Figura 3: Excerto da ficha da técnica de diagnóstico D-T2 - termografia de infravermelhos. > Figura 4: Método e exemplo de aplicação do sistema de inspecção e diagnóstico de ETICS em paredes. Imagem superior: Presença de microorganismos em ETICS; imagem central: humidímetro de contacto (Wet Wall Detector, da TRAMEX); imagem inferior: limpeza de ETICS através de jacto de alta pressão (aquaattack)

24_cm


PUB

nível de especialização do inspector, diminui os custos associados e o aumenta a rapidez na tomada de decisão. Na Figura 4, apresenta-se o método de uma forma simples: utilizando as ferramentas disponíveis, o inspector identifica visualmente as anomalias, possuindo na ficha de anomalia as recomendações dos parâmetros essenciais a estudar, propõe hipóteses das causas mais prováveis com base na correspondente matriz de correlação e recomenda estudos aprofundados (ensaios) para um diagnóstico mais inequívoco. Através dos resultados obtidos, pode identificar qual a técnica mais conveniente para reparar a anomalia. Para finalizar, deve apenas acrescentar-se que, ainda que o sistema apresentado procure diminuir a necessidade de especialização sobre o tema, o bom senso do inspector será sempre o elemento chave para que a inspecção e manutenção de ETICS decorra adequadamente.

pré-fabricados em betão

capeamento para muros

6. BIBLIOGRAFIA [1] BRITO, J. de Sistemas de inspecção e diagnóstico em edifícios. In 3º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação de Edifícios. Porto, 2009, pp. 13-23. [2] BARREIRA, E.; FREITAS, V. P. Defacement of ETICS cladding due to hygrothermal behaviour. In 11th International Conference on Durability of Building Materials and Components. Istambul, 2008. Paper T 24. [3] CHONG, C. Understanding efflo-rescence. EIFS Council of Canada. 2007. Technical Bulletin 4, Version 1.2. [4] DANIOTTI, B.; PAOLINI, R. Evolution of degradation and decay in performance of ETICS. In 11th International Conference on Durability of Building Materials and Components. Istambul, 2008. Paper T 42. [5] FREITAS, V. P. Isolamento térmico de fachadas pelo exterior. Reboco delgado armado sobre poliestireno expandido - ETICS. In Relatório HT 191A/02, Maxit - Tecnologias de construção e reno-vação, Lda. Porto, 2002. [6] KÜNZEL, H.; KÜNZEL, H. M.; SEDLBAUER, K. Long term performance of external thermal insulation systems (ETICS). Acta Scientiarum Polonorum Architectura. Vol. 5, Issue 1 (2006), pp. 11-24. [7] LOPES, T. Fenómenos de pré-patologia em manutenção de edifícios. Aplicação ao revestimento ETICS. Dissertação de Mestrado em Reabilitação do Património Construído, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, Portugal; 2005. [8] NELSON, E. P.; KROLL, E. R. Exterior insulation finish systems (EIFS): materials, properties, and performance. ASTM - American Society for Testing Materials. 1996. [9] THOMAS, R. G. EIFS troubleshooting. Parte I e Parte II. CMD Associates, Inc. AWCI - Association of the wall and ceiling industry. 1993. [10] STAZI, F.; DI PERNA, C.; MUNAFÒ, P. Durability of 20-year-old external insulation and assessment of various types of retrofitting to meet new energy regulations. Energy and Buildings, Vol. 41, Issue 7 (2009), pp. 721-731. [11] SILVESTRE, J. D.; DE BRITO, J. Inspection and repair of ceramic tiling within a building management system. Journal of Materials in Civil Engineering, ASCE. Vol. 22, Issue 1 (2010), pp. 39-48. [13] BUREAU VERITAS. Gestion technique du patrimoine. Réhabilitation et maintenance. Guide Veritas du Bâtiment, Tome 4, Editions Le Moniteur, 3éme édition, Paris, 1993. [14] ETAG 004. Guideline for European technical approval of external thermal insulation composite systems with rendering. Março de 2000, Bruxelas, Belgica. [15] FLORES-COLEN, I.; DE BRITO, J.; FREITAS, V. P. Stains in facades’ rendering - diagnosis and maintenance technique classification inspection. Construction and Building Materials. Vol. 22, Issue 3 (2008), pp. 211-221. [16] Règles professionnelles d’entretien et de rénovation des ETICS. Union professionelle peinture et finition (UPPF) and Syndicat français des joint et façades (SFJF), França 2004, revisão de janeiro, 2010.

* Por opção dos autores, o artigo é redigido de acordo com a antiga ortografia.

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patologias em edifícios recentes patologias de caráter higrotérmico – um problema dos edifícios recentes A nova regulamentação na área do conforto e as preocupações de melhoria da qualidade da construção não impediram que muitos dos edifícios construídos na década de 90 e nos primeiros anos do século XXI tenham patologias muito significativas de caráter higrotérmico, que condicionam a sua habitabilidade. Este problema é tanto mais preocupante quando centenas de milhares de famílias adquiriram a sua habitação com empréstimos bancários, cujo período de amortização é da ordem de 30 ou 40 anos, isto é, superior à durabilidade de muitos dos elementos da envolvente dos edifícios. É fundamental efetuar um diagnóstico muito preciso dessas patologias para se identificar as causas que as originam, antes de realizar qualquer trabalho de reabilitação. O Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB desenvolveu um catálogo de patologias on-line, constituído por um conjunto de fichas que incluem a descrição da patologia, sondagens e medidas para sua interpretação, causas que estão na sua origem e recomendações para a sua correção, que constituem um instrumento importante no auxílio ao diagnóstico. Neste artigo faz-se uma reflexão sobre a importância do diagnóstico e sobre a estrutura da informação disponibilizada no site www.patorreb.com.

1. INTRODUÇÃO Apesar de existir uma preocupação crescente com a qualidade da construção, muitos dos edifícios construídos nos últimos anos não apresentam o desempenho e a durabilidade esperada e não existe informação disponível com a sistematização das principais patologias – entende-se por patologia da construção os defeitos não expectáveis que ocorrem durante o tempo de vida útil dos elementos construtivos – e das causas que estão na sua origem. As entidades bancárias têm de se preocupar com a patologia da construção dos edifícios recentes, porque será muito grave que muitas das frações deixem de ser utilizáveis antes do fim do período de amortização. A física das construções constitui um instrumento importante no dimensionamento dos elementos de construção. Contudo, nem sempre foram utilizados esses conhecimentos disponíveis, o que explica muitos dos erros observados. O registo dos erros e a análise 26_cm

das causas que lhe deram origem, bem como a sua divulgação, são fundamentais para o conhecimento das patologias mais frequentes. Neste sentido, o Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB criou o site www. patorreb.com [1], onde se procede à publicação e divulgação de um catálogo de patologias formado por um conjunto de fichas de patologia que contêm a descrição do problema, os métodos de diagnóstico utilizados, a definição das principais causas dos problemas estudados e soluções possíveis de reparação. O site www.patorreb.com tem tido uma procura crescente desde a sua divulgação em 2004, tendo atingido em 2011 mais de 25000 visitantes como se evidencia na Figura 1.

2. CUSTOS ASSOCIADOS À PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS RECENTES Em França, a “Agence Qualité Construction” (AQC), organismo responsável pela apre-

Vasco Peixoto de Freitas Prof. Catedrático LFC – FEUP vpfreita@fe.up.pt Sara Stingl de Freitas Bolseira de Investigação LFC – FEUP sarafreitas@fe.up.pt

ciação e implementação da qualidade na construção, criou um mecanismo de recolha e análise dos sinistros declarados às companhias seguradoras – sistema Sycodés, no âmbito da garantia decenal e dos seguros inerentes (seguros de reparação de danos e de responsabilidade decenal), obrigatórios em França desde 1978. Estes dados constituem um elemento fundamental na avaliação da importância económica da patologia da construção [2 e 3]. Nas Figuras 2 e 3 mostram-se resultados publicados pelo Sycodés [2] referentes às principais causas das patologias e responsabilidades dos intervenientes. A avaliação dos resultados obtidos com uma amostra tão significativa permite retirar as seguintes conclusões: – As patologias de caráter higrotérmico são as mais significativas em edifícios recentes; – Os defeitos de execução são a causa primeira dos problemas em análise (quando


30000 25000

Visitantes

20000 15000 10000 5000 0 2004

2005

2006

2007

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2009

2010

2011

>1

1995 a 1999 2000 a 2004 2005 a 2009 Todo o período

12

10

10

10

10

8

8

8

8

6

6

6

6

4

4

4

4

2

2

2

2

0

0

0

0

Estanquidade ao ar

>2

Outros

12

Responsabilidade não identificada

12

Defeito de conservação ou utilização

14

12

Defeito dos materiais

14

Incidente no estaleiro

14

Execução

16

14

Conceção

16

Isolamento acústico

16

Segurança contra incêndio

18

16

Conforto térmico interior

20

18

Condensações interiores

20

18

Segurança na utilização

20

18

Estabilidade

22

20

Outros

24

22

Estanquidade à água

24

>3

há seguro na construção e garantia decenal como é o caso francês). A inexistência de um sistema efetivo de seguros em Portugal não permite realizar uma recolha de dados e efetuar uma análise

estatística do problema da patologia da construção dos edifícios recentes. Os dados existentes resultam de trabalhos pontuais de investigação, não permitindo uma abordagem global, mas estima-se que o custo da reabilitação da envolvente de um edifício degradado,

com 10 a 20 anos de vida, possa estar situado entre 5 000 e 10 000€ por fração, embora este valor seja muito variável em função das características específicas do edifício.

3. CATÁLOGO DE PATOLOGIAS – www.patorreb.com

BRE

1996

W086

1993

LNEC

1985

BRE

1982

2003

2004

Agence Qualité Construction PATORREB Imparare dagli errori >4

Maintainability of Buildings

Diferentes catálogos de patologia foram publicados ao longo do tempo ilustrando-se na Figura 4 a data de publicação física ou eletrónica de alguns desses catálogos. O Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB criou um site acessível a partir da Internet – www.patorreb.com (Figura 5), onde se procede à publicação e divulgação de um catálogo de fichas de patologia elaboradas por diversas universidades portuguesas. O site encontra-se disponível desde junho de 2004, tendo sido já publicadas mais de uma

> Figura 1: Consultas do site www.patorreb.com. > Figura 2: Distribuição das patologias entre 1995 e 2009, de acordo com as causas que estão na sua origem – Sycodés [2]. > Figura 3: Responsabilidades dos intervenientes [2]. > Figura 4: Ano de publicação de diferentes catálogos de patologia.

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patologias em edifícios recentes

>5

>6

>8

centena de fichas de patologia. As fichas encontram-se agrupadas em função do elemento construtivo no qual se manifestou o problema (Figura 6). A informação está organizada de acordo com os seguintes campos (Figura 7): Identificação da patologia; Descrição da patologia; Sondagens e medidas; Causas da patologia e Recomendações / Soluções possíveis de reparação. A “identificação da patologia” (Figura 8) inclui a classificação e a descrição sumária da patologia em estudo, a indicação do elemento construtivo no qual se manifestou o problema e ainda a sua causa física. Um número sequencial é atribuído a cada ficha publicada, bem como são apresentadas palavras-chave, definidas de forma a permitir a fácil identificação do problema estudado. A descrição da patologia tem como base a observação visual e o registo fotográfico, de modo a identificar, inequivocamente, a patologia em estudo (Figura 9). Um diagnóstico preciso, devidamente funda-

>9

mentado, que identifique de forma clara as causas, é uma condição fundamental para a correção adequada dos problemas. Contudo, na prática, a complexidade dos elementos construtivos e a falta de informação dificultam a realização do diagnóstico. Perante estas circunstâncias, a recolha de informação é uma tarefa primordial. A análise dos elementos disponíveis, o testemunho dos utilizadores, o estudo “in situ” da situação real, desde a simples inspeção visual à realização de sondagens e ensaios sobre os elementos de construção ou sobre provetes retirados, são etapas deste processo. A existência de patologias pode ter origem em diversas causas resultantes da conjugação de vários fatores, sendo, por isso, de enorme importância a experiência do técnico que vai avaliar e estudar o problema. Nos trabalhos de reparação a efetuar interessa adotar procedimentos que assegurem resultados satisfatórios a longo prazo, apesar de ser sempre muito difícil resolver

> Figura 5: Site www.patorreb.com. > Figura 6: Organização da informação por elemento construtivo. > Figura 7: Modelo tipo das “fichas de patologia”. > Figura 8: Campo da ficha de patologia correspondente à “identificação da patologia”. > Figura 9: Campo da ficha correspondente à “descrição da patologia”.

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>7

totalmente os problemas associados ao comportamento dos elementos de construção, sem uma intervenção abrangente. No campo “recomendações” são apresentadas possíveis soluções para a reparação, definidas com base no estudo de diagnóstico realizado e nas causas do problema. Compete assinalar que se tratam de soluções específicas para o caso em análise, não devendo ser generalizadas para resolver problemas que aparentemente possam ser considerados análogos [4, 5 e 6].

4. EXEMPLO DE UMA FICHA DE PATOLOGIA – DESCOLAGEM DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS Portugal tem uma longa tradição na aplicação de ladrilhos cerâmicos em fachadas com excelentes resultados no passado. Contudo, nestes últimos anos tem-se observado um aumento considerável de patologias relacionadas com a colagem de materiais cerâmicos em facha-


das, causadas pela solicitação higrotérmica. No caso de fachadas revestidas com ladrilhos cerâmicos é muito importante avaliar as seguintes causas: – Qual é a deformabilidade da estrutura de suporte? – Qual é a configuração das alvenarias que servem de suporte ao revestimento? – Quais são as características do reboco aplicado? – Quais são as características do material cerâmico? – Qual é o critério de dimensionamento das juntas em função do tipo de material de revestimento utilizado? – Qual é o tipo de cimento-cola selecionado? A compatibilização das múltiplas exigências que os elementos de construção têm de cumprir é verdadeiramente difícil. O aligeiramento e deformabilidade das estruturas que servem de suporte às alvenarias, a esbelteza do pano exterior, bem como o tratamento inadequado das pontes térmicas, associada à falta de informação sobre o modo de execução, explicam muitas das patologias que se observam nas fachadas revestidas com ladrilhos cerâmicos. A compreensão das causas que conduzem ao descolamento e queda dos ladrilhos exige:

Passado

> 10

– Uma reflexão sobre a deformabilidade da estrutura de suporte das alvenarias, especialmente no que se refere às consolas (Figura 10). Será que as flechas habitualmente admissíveis são adequadas? A resposta é claramente não. – Uma reavaliação das características das alvenarias que constituem as fachadas. Destaca-se a instabilidade do pano exterior das alvenarias resultante das alterações da sua configuração, devido à correção das pontes térmicas (Figura 11) e à expansão do tijolo pela influência da temperatura e humidade. Estudos realizados revelaram que as deformações reversíveis de caráter térmico numa alvenaria de tijolo, sem restrições, são da ordem de 0,2 a 0,3 mm/m e que as expansões irreversíveis do material cerâmico por ação da humidade podem ser superiores a 1 mm/m [7]. – Caracterização da resistência mecânica do reboco aplicado, determinada através de ensaios de arrancamento por tração ou mesmo ensaios de corte, e da sua variação dimen-

sional devida à solicitação higrotérmica. – O dimensionamento das juntas (estruturais e de fracionamento). – O dimensionamento do cimento-cola, que deverá ser rigorosamente selecionado em função das características do revestimento e do suporte, tendo como base a marcação CE, assegurando a sua durabilidade ao longo do tempo. A aderência dos cimentos-cola é geralmente avaliada no período inicial sendo obrigatório o conhecimento dessas características para a sua classificação e marcação. Contudo, este conhecimento prévio não indica qual o desempenho do material durante a sua vida útil. Para avaliar o desempenho a longo termo, submeteram-se várias amostras de ladrilhos cerâmicos colados a ciclos de envelhecimento (flutuações da temperatura, humidade relativa, humidificação e radiação) no Laboratório de Física das Construções – LFC da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto – FEUP [8] [9]. Os estudos experimentais evidenciaram o forte decaimento da resistência à tração ao longo do tempo. Na Figura 12 apresenta-se a configuração dos provetes ensaiados e os resultados da variação da tensão de aderência em função do número de ciclos de envelhecimento acelerado, para o cimento-cola do tipo C2 (Figura 13). Resultados similares foram obtidos para

Presente

40 mm 300 mm

Cimento-cola (C2) Ladrilho cerâmico (L0, L1 ou L2) Placa de betão (e = 40 mm)

> 11 > Figura 10: Deformação das consolas - Uma das causas da descolagem de ladrilhos cerâmicos. > Figura 11: Evolução da configuração das fachadas. > Figura 12: Configuração das amostras testadas [8].

> 12

200 mm


patologias em edifícios recentes

TENSÃO DE ADERÊNCIA (MPa)

4,00

Ladrilho L0 Ladrilho L1 Ladrilho L2 L. de tendência (L0) L. de tendência (L1) L. de tendência (L2)

3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50

0,30

Número de ciclos

0,00

1

14

28

56

84

112

140

168

> 13

outro tipo de produtos de colagem [9]. A diminuição da tensão de aderência inicial é enorme ao fim de alguns ciclos o que evidencia que muitas das patologias que se verificam podem ter origem na degradação das propriedades mecânicas dos cimentos-cola ao longo do tempo. O dimensionamento e o projeto dos sistemas de revestimento com ladrilhos cerâmicos de fachadas é complexo, mas só assim será possível minimizar o comportamento patológico deste sistema. Na Figura 14 apresenta-se, a título de exemplo, uma ficha de patologia de caráter higrotérmico correspondente à descolagem de revestimento cerâmico da fachada de um edifício recente.

5. CONCLUSÕES

> 14

fundamental para a previsão dos problemas e para o dimensionamento das soluções, sendo no entanto pouco utilizada; – O conhecimento das causas da patologia da construção permite um correto diagnóstico e a seleção de uma técnica de reparação adequada; – O site www.patorreb.com constitui um instrumento de caráter pedagógico e científico para a divulgação e sistematização da patologia da construção; – A Patologia da Construção e a Reabilitação do Património Edificado recente é uma área que terá de ter um incremento importante, no futuro próximo, para que seja possível resolver o problema dos utilizadores dos edifícios recentes e das entidades bancárias, de forma a garantir-se uma durabilidade compatível com o período de utilização.

As principais conclusões deste artigo são as seguintes: 6. AGRADECIMENTOS – Na construção tradicional as soluções eram validadas pela experiência. A industrialização e a ausência de dimensionamento das soluções construtivas conduziram ao aumento da patologia da construção; – A física das construções é um instrumento

Os autores expressam o seu agradecimento à Eng.ª Marília Sousa, ao Eng.º Sandro Alves e ao Eng.º Miguel Vieira pelo imprescindível contributo para o desenvolvimento do site www.patorreb.com.

6. BIBLIOGRAFIA [1] Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB (www.patorreb.com). [2] Agence Qualité Construction. “Tableau de Bord, Sycodés 2010. Les Indicateurs d’évolution de la qualité des constructions”. [3] Agence Qualité Construction - (www.qualiteconstruction.com). [4] Vasco P. de Freitas, V. Abrantes (Editores). “Actas do 1.º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação de Edifícios, PATORREB2003”. Porto, FEUP, março 2003. [5] Vasco P. de Freitas, V. Abrantes, C. D. Gómez (Editores). “Actas do 2.º Encontro sobre Patologia e Reabilitação de Edifícios, PATORREB 2006”. Porto, FEUP, março 2006. [6] Vasco P. de Freitas, V. Abrantes, C. D. Gómez, P. Heleno (Editores). “Actas do 3.º Encontro sobre Patologia e Reabilitação de Edifícios, PATORREB 2009”. Porto, FEUP, março 2009. [7] Raimundo M. Silva. “Fissuração de alvenarias. Estudo do comportamento das alvenarias sob ações térmicas”. Tese de Doutoramento, FCTUC, Cioimbra, 1999. [8] Vasco P. de Freitas, A.V. Sá. “Cementitious adhesives performance during service life”. 10DBMC International Conference on Durability of Building Materials and Components, Lyon, França, 17-20 abril 2005. [9] Vasco P. de Freitas, H. Cor vacho, M. Antunes – “Avaliação do desempenho do sistema de colagem de ladrilhos cerâmicos a aplicar no futuro Terminal de Cruzeiro de Leixões” – APDL-Administração dos Por tos do Douro e Leixões, S.A., LFC/IC – 249/2011.

> Figura13: Variação da tensão de aderência durante os ciclos de envelhecimento em função do ladrilho para o cimento-cola C2 [8]. > Figura 14: Exemplo de uma ficha de patologia associada à descolagem de ladrilhos cerâmicos [1].

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PUBLI-REPORTAGEM

tecnologias de injeção e de proteção de estruturas

Patologias em Edifícios Recentes Com o desenvolvimento da economia e da competitividade extrema, o setor da construção teve os seus dias de glória nas últimas décadas, ou seja; construir desenfreadamente sem olhar à parte tecnológica e à durabilidade. Como tal, e desde então, começou-se a reparar não só o antigo mas também o novo, em muito casos antes da finalização e entrega ao dono de obra. Este fenómeno é resultado de prazos curtíssimos, de orçamentos altamente reduzidos, etc. A MC-Bauchemie especializou-se em produtos para estas necessidades, conseguindo colaborar com inúmeros aplicadores que necessitam diariamente deste tipo de soluções para a reparação e cosmética de betão, sendo líder nas soluções para patologias em obras recentes com tecnologias de injeção e de proteção de estruturas.

Como casos práticos podemos definir a fissuração devido a falta de cura de betão, assentamentos provenientes de más compactações, infiltrações e desgaste de alguns materiais de proteção, etc. Como soluções a MC-Bauchemie aplica com grande sucesso a sua tecnologia de injeção onde engloba selagem e restabelecimento estrutural tal como impermeabilizações por área em zonas enterradas. Na área das impermeabilizações desenvolve uma tecnologia única com aplicação fácil que garante cobrir fissuração até 1 mm permitindo a difusão do vapor de água não apresentando qualquer tipo de alteração caso esteja sujeito à intempérie. Com a tecnologia de proteção de estruturas consegue, hoje em dia, apresentar produtos que garantem a estabilidade estética ao longo dos anos e aumentam a durabilidade da estrutura contra todos os ataques habituais (carbonatação, sulfatos, nitratos, etc.)

APLICAÇÃO DE SOLUÇÕES MC-BAUCHEMIE

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patologias em edifícios recentes as anomalias em revestimentos de paredes e tetos podem afetar seriamente a segurança? Maria do Rosário Veiga Investigadora Principal do LNEC

1. INTRODUÇÃO Os revestimentos de paredes e tetos dos edifícios influenciam determinantemente as condições de habitabilidade dos espaços e a durabilidade dos elementos construtivos em que são aplicados, incluindo a estrutura. Apesar de não serem elementos estruturais, são-lhes no entanto aplicáveis diversos requisitos básicos de segurança definidos no Regulamento dos Produtos da Construção (RPC) [1], designadamente em relação à Segurança contra incêndio (Requisito Básico 2) e à Segurança e acessibilidade na utilização (Requisito Básico 4) e mesmo, em determinados casos, à Resistência mecânica e estabilidade (Requisito Básico 1). Quer a resistência mecânica e estabilidade quer a segurança na utilização abrangem vários aspetos, mas os mais frequentes e com maior risco de danos estão relacionados com a queda de elementos pesados de fachadas ou de tetos. Estas situações podem pôr em causa a integridade física e mesmo a vida de pessoas, sejam elas utilizadores dos edifícios ou apenas circulantes nas zonas adjacentes. Alguns exemplos paradigmáticos deste tipo de anomalias, pela sua frequência e grau de risco, são a queda de placas de pedra, por vezes de grandes dimensões, a queda de fragmentos

de reboco com espessura elevada e a queda de placas de estuque de tetos (Figs. 1 a 4). No que se refere às placas de pedra, ouve-se muitas vezes o argumento de que não existe um Regulamento nacional específico que estabeleça as regras a cumprir por esses revestimentos. São-lhes no entanto aplicáveis os

Regulamentos gerais, designadamente o RPC e o RSA [1,2], sendo da responsabilidade do projetista elaborar um projeto adequado, capaz de garantir a segurança dos vários elementos do edifício e de justificar as disposições construtivas adotadas. Enquanto outras anomalias de revestimentos

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> Figura 1: Zona de pedra descolada em fachada. > Figura 2: Queda de placa de pedra de fachada em varanda. > Figura 3: Zona de queda de estuque de teto. > Figura 4: Queda de fragmentos de estuque em quarto.

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têm grande impacto visual e são como tal objeto de reclamações, por vezes imediatas e insistentes (fissuras, infiltrações, salitre, manchas de sujidade ou de fungos, alteração de cor ou brilho, etc.), os problemas de destacamento de elementos pesados mantêm-se muitas vezes pouco visíveis até ao momento da queda iminente, o que os torna particularmente perigosos. Assim, para uma deteção precoce das anomalias, diminuição de risco de acidentes e prolongamento da vida útil dos elementos, é essencial especificar em projeto, não só os aspetos relativos à execução dos revestimentos (materiais e sistemas de construção, técnicas construtivas, entre outros), mas também os procedimentos de manutenção a realizar durante a vida útil destes elementos, designadamente metodologias e critérios de avaliação do estado de conservação [3], periodicidade de inspeções e trabalhos a realizar.

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a) Colagem de pedras de grandes dimensões A fixação de placas de pedra apenas por colagem com argamassa-cola ou com outro produto de colagem tem vários riscos:

exemplo devidas à temperatura, à humidade, às deformações naturais da própria pedra, aos deslocamentos dos edifícios altos; os diferentes módulos de elasticidade e coeficientes de dilatação térmica dos materiais em presença (parede, cola e pedra) podem agravar significativamente estas ações [4]. − Deficientes condições de aplicação: é difícil fiscalizar devidamente a aplicação dos produtos de colagem, nomeadamente a aplicação dupla na parede e na placa de pedra, a aplicação de espessuras adequadas, o respeito pelo tempo de abertura dos produtos, etc. − Perda de eficácia dos produtos de colagem ao longo do tempo: mesmo que os fabricantes dos produtos de colagem apresentem resultados de ensaios de aderência elevados e credíveis, raramente dispõem de ensaios após envelhecimento artificial acelerado, com simulação das ações climáticas repetidas (calor, frio, chuva, gelo, etc.), não sendo assim possível prever o comportamento ao longo do tempo desses produtos.

− Ações ocasionadas pela restrição de deformações na superfície colada: as ações que atuam sobre a superfície de colagem são numerosas e nem sempre é possível quantificá-las na fase de projeto; referemse nomeadamente as variações dimensionais restringidas de várias origens, por

Assim, para placas de pedra com dimensões faciais superiores a 900 cm2 ou massa superior a 40 kg/m2, o LNEC considera não recomendável a utilização de fixação apenas por colagem, mesmo tendo cuidados especiais na escolha do produto de colagem e no dimensionamento e fiscalização da colagem [5].

2. REVESTIMENTOS DE FACHADAS DE PLACAS DE PEDRA O destacamento de placas de pedra de fachadas com risco iminente de queda, ou mesmo queda efetiva de um ou mais elementos, tem acontecido com frequência alarmante e tem várias causas, de que se referem a seguir algumas das mais frequentes.

b) Fixação mecânica de pedras através de gatos metálicos Também as fixações mecânicas têm que ser bem especificadas e aplicadas, já que vários defeitos podem dar origem a instabilidade: − Deformação elevada dos elementos de fixação: o mau dimensionamento dos elementos de fixação ou a falta de verticalidade dos paramentos, podem originar que uma fiada de pedra descarregue na fiada abaixo e esta na seguinte, aumentando as cargas sobre os gatos de fixação das fiadas subjacentes, até à rotura dos gatos mais sobrecarregados, ou ao desprendimento, por rotação, das pedras que deviam suportar. − Erros na colocação dos gatos: a deficiente especificação da localização dos elementos de fixação, e/ou a sua posterior má colocação, podem causar assimetrias de posicionamento que levam à sobrecarga de um gato que fica mais perto do centro da aresta da pedra do que estava previsto, em relação a outro que é colocado demasiado perto do canto. Esta variação pode ir até à duplicação da carga num gato (Fig. 5). − Rotura das placas de pedra nos pontos de ligação das fixações: a utilização de placas de pedra com espessura reduzida (inferior a 27 mm), a má colocação dos furos de ligação aos elementos de fixação mecânica, ou as características das pedras usadas, conduzem muitas vezes à rotura das placas

> Figura 5: Esquema de distribuição assimétrica de cargas em gatos de fixação de placa de pedra

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nesses pontos, devido às diversas ações a que estão sujeitas, nomeadamente quando existem níveis de vibrações elevados, por exemplo devido ao tráfego automóvel ou de aviões (Figs. 6 e 7). − Corrosão de elementos de fixação [Figs. 7 e 8]: a aplicação de placas de pedra com fixações mecânicas em ambientes particularmente agressivos, como o ambiente marítimo, obriga à definição rigorosa do tipo de metal constituinte dos elementos de fixação, designadamente da classe de aço inoxidável; a má definição do tipo de metal, associado à utilização de peças com soldaduras, ou ainda a transporte e armazenagem pouco cuidados das peças metálicas, potencia o risco de corrosão [6].

3. REBOCOS EXTERIORES

falta de tempo de espera entre aplicação de camadas diferentes, aplicação sob condições atmosféricas inadequadas, ou falta de limpeza dos suportes. Para além de uma boa seleção do reboco a usar, da limpeza do suporte e da observação dos princípios de correta aplicação, sempre que a natureza ou as condições do suporte façam prever deficiências de aderência, devem usar-se métodos que garantam uma fixação segura, tais como: a promoção de rugosidades na superfície do suporte; a aplicação de uma rede de fibra de vidro com proteção antialcalina, ou de uma rede metálica com proteção anti-corrosiva, que assegure a ligação, ou pelo menos impeça a queda; a aplicação de um primário de aderência de eficácia comprovada (ao longo do tempo!) para a situação em causa.

Este tipo de causas demonstra a necessidade de usar fixações mecânicas de qualidade comprovada (por exemplo por homologação) e também de especificar no projeto o tipo de fixações (adequado à natureza da pedra) e os pormenores de colocação.

A queda de fragmentos de reboco de grandes dimensões vem acontecendo nos últimos anos, principalmente em zonas de aplicação sobre elementos estruturais. A queda de grandes alturas traduz-se em energias elevadas que originam risco de vida para potenciais atingidos. O betão armado, que constitui em geral a estrutura dos edifícios recentes, tem superfícies mais lisas e compactas que a alvenaria. Essas características dificultam a ligação do reboco corrente, por insuficiente penetração da argamassa nos poros do suporte (Fig. 9) [7, 8]. Este problema é ainda ampliado quando se aumenta a espessura dos rebocos nessas zonas. De facto, têm-se observado casos em que, por disposição de projeto, a estrutura fica recuada em relação à alvenaria, e posteriormente não são colocadas as forras térmicas previstas, sendo aplicado um reboco com uma espessura superior à prevista para perfazer uma superfície plana. Muitas outras causas podem aumentar o risco de descolamento de rebocos, nomeadamente

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4. ESTUQUES E REBOCOS DE TETO A queda de estuques e de rebocos de tetos é também um problema grave, já que pode constituir um risco de segurança no interior

c)

> Figura 6: Rotura de placa de pedra nos pontos de inserção de fixações e outra fissuração. > Figura 7: Rotura total de placa de pedra num ponto de inserção de fixação e indícios de corrosão do gato. > Figura 8: Escorrimentos acastanhados de corrosão de elementos metálicos. > Figura 9: Esquema do mecanismo de fixação de um reboco corrente ao suporte a) suporte demasiado liso e compacto = aderência difícil; b) suporte com porosidade média = boas condições de aderência; c) suporte muito poroso = dessecação da argamassa, reduzindo a aderência

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de edifícios, sejam eles habitações ou edifícios públicos, como escolas ou hospitais. Conhecem-se casos em que as pessoas sentiram necessidade de mudar de casa ou de fechar um compartimento, receando (justificadamente) o destacamento de fragmentos de estuque, podendo atingir alguém, especialmente crianças, durante o sono. Tem-se observado a ocorrência deste problema quando é aplicado o revestimento em lajes de betão armado, material que, como já referido, dificulta em geral a aderência dos rebocos e estuques, principalmente quando o betão, para além das razões atrás apontadas, se encontra muito húmido, por secagem insuficiente ou por infiltrações da cobertura. Com efeito, esse estado de humedecimento elevado (próximo da saturação) reduz ainda a possibilidade de penetração das argamassas e estuques no suporte, impedindo a aderência. Uma secagem suficiente do suporte de betão (pelo menos um mês em condições de tempo seco, podendo ser necessário um período superior conforme as condições climáticas e a espessura da laje) é, portanto, indispensável. Medidas adicionais idênticas às referidas para os rebocos devem também ser tomadas, se as condições as justificarem.

5. CONCLUSÕES Encontram-se com alguma frequência casos de anomalias em revestimentos de paredes ou tetos que, para além dos danos que impõem nos elementos construtivos, configuram situações graves de risco para a segurança dos utentes dos edifícios. Para limitar tanto quanto possível estas situações, considera-se indispensável que os projetos incluam especificações detalhadas de seleção e aplicação dos revestimentos, incluindo, sempre que necessário, desenhos de pormenor. A existência de uma fiscalização adequada durante a execução dos revestimentos é também indispensável. Por último, é da maior importância a identificação atempada de sintomas de risco. Como

nem sempre esses sintomas são muito visíveis para olhares não especializados, devem ser previstas inspeções periódicas aos edifícios, realizadas por técnicos com formação adequada, que incluam inquéritos aos moradores e que permitam detetar esses sintomas por forma a serem tomadas medidas adequadas. Os períodos devem ser definidos em função do tipo de revestimento e do tipo e uso do edifício, mas é sempre aconselhável, além da inspeção a realizar antes da concessão da licença de habitação, prever uma inspeção pouco tempo após o início do uso (por exemplo um ano) e uma outra antes do final do período de>garantia, 7 seguida de outras com periodicidades mais alargadas.

BIBLIOGRAFIA 1. União Europeia – Regulamento (UE) n.º 305/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de março [estabelece condições harmonizadas para a comercialização dos produtos de construção e revoga a Diretiva 89/106/CEE do Conselho]. Jornal Oficial da União Europeia (JOUE), L88 (2011-04-04). p. L88/5-L88/43, 2011. 2. |P| - Leis, decretos, etc. - Regulamento de Segurança e Ações para Estruturas de Edifícios e Pontes (RSA), Decreto-Lei n.º 235/83, de 31 de maio, Porto Editora, 2007. 3. VILHENA, António. Método de avaliação do estado de conservação de edifícios. Análise e contributos para o seu aperfeiçoamento e alargamento do âmbito. Lisboa: LNEC. Coleção Teses e Programas de Investigação LNEC, TPI 72, 2012. 4. SANTOS, Rita; VEIGA, M. Rosário – Anomalias em revestimentos exteriores de placas de pedra natural coladas com argamassa cola. IV Congresso de Argamassas e ETICS, APFAC, Coimbra, março de 2012. 5. LUCAS, J. Carvalho – Classificação geral de revestimentos para paredes de alvenaria ou de betão. Lisboa, LNEC, 1999. Informação Técnica Edifícios ITE 24. 6. COSTA, Sílvia; VEIGA, M. Rosário – Fixação de placas de pedra natural em fachadas. Problemas dos elementos metálicos. Comunicação apresentada nas Jornadas de Inovação do LNEC dedicadas ao tema “Cidades e Desenvolvimento”, Lisboa, LNEC, 18 a 20 de junho de 2012. 7. MIRANDA, Vidália; VEIGA, M. Rosário – Influência de alguns parâmetros sobre a aderência de rebocos tradicionais. Comunicação apresentada ao 2º Congresso Nacional da Construção (Construção 2004), Porto, FEUP, dezembro de 2004. 8. MIRANDA, Vidália; VEIGA, M. Rosário; GASPAR, Nero – Analysis of solutions aiming adhesion improvement of traditional renders on concrete backgrounds. Proceedings do XXX IAHS World Congress on Housing Coimbra, setembro de 2002.

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soluções contrutivas

Patologias em Edifícios Recentes Engª. Cláudia Gomes Responsável do Departamento Técnico e de Marketing Sika Portugal S.A. gomes.claudia@pt.sika.com

Tem-se assistido nos últimos anos a uma evidente preocupação na melhoria da qualidade construtiva, embora se continuem a verificar dificuldades na implementação dos regulamentos e procedimentos construtivos, o que se reflete na recorrência de anomalias e patologias estruturais e não estruturais graves e menos graves, em edifícios cada vez mais recentes.

A deterioração prematura de elementos construtivos, e a consequente degradação de edifícios novos exige cada vez mais uma avaliação profunda dos processos de construção, do tempo de vida útil expectável dos materiais e, no âmbito uma atuação corretiva eficiente, da ponderação de processos de reabilitação a cada situação, anomalia ou patologia. Muitas vezes as patologias poderiam ser prevenidas, pois estão relacionadas com a escolha de materiais desadequados, com prazos apertados de entrega dos projetos, com falta de fiscalização ou, por vezes, falta de qualificação e formação dos profissionais.

A impermeabilização é, sem dúvida, um fator crucial na conservação dos edifícios, pois a maior parte das anomalias são causadas por infiltrações ou pelo contacto permanente com água.

revestimento impermeável Sikalastic® 490T

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As anomalias mais recorrentes no edificado recente são causadas pela presença da água no edifício (humidade por infiltrações, por condensação ou circunstancial, ou pela existência de fissuração resultado da ação cumulativa de diversos fatores associados à obra). Geralmente as anomalias ou patologias têm um tratamento que permite a sua correção ou eliminação, desde que corretamente diagnosticadas. Cremos que o melhor tratamento é aquele que é evitado ou que é predeterminado. Daí ser tão importante o planeamento do projeto, a execução de obra, a escolha de materiais e a


experiência e profissionalismo dos aplicadores. A prevenção é fator chave para a extensão da vida útil dos edifícios e seus materiais, bem como para o impedimento do aparecimento de problemas futuros. A impermeabilização é, sem dúvida, um fator crucial na conservação dos edifícios, pois a maior parte das anomalias são causadas por infiltrações ou pelo contacto permanente com água. Desde a fundação da empresa, as soluções desenvolvidas quer para prevenção, quer para a reabilitação, na vertente da impermeabilização, foram sempre vetores de foco das áreas de desenvolvimento e investigação e experiência da Sika, o que nos permite uma abordagem integrada e com diferentes tecnologias, cada uma ajustada às distintas necessidades de cada intervenção. Considerando que um dos pontos mais críticos em termos de impermeabilização e isolamento num edifico são os terraços e as varandas, as coberturas e os telhados, após algum tempo, a manutenção da sua estética, principalmente quando utilizadas soluções tradicionais, exige geralmente uma intervenção de grande dimensão, com custos e incómodos relevantes. Por esse motivo a Sika aposta na inovação no campo da impermeabilização, nomeada-

mente, na impermeabilização de pavimentos circuláveis, sem necessidade de grandes intervenções, e renovando simultaneamente o aspeto do revestimento. O revestimento impermeável de pavimentos em terraços com Sikalastic® 490T (verniz), uma solução elástica de envernizamento, perfeitamente transparente, permite a economia de recursos, prevenindo a necessidade de remoção integral do revestimento quando os sistemas de impermeabilização falharam. Esta solução permite também a impermeabilização de terraços e varandas revestidos com materiais tradicionais, rústicos e valorizáveis, mantendo o seu aspeto impecável por muitos e muitos mais anos. Outra solução inovadora para a impermeabilização, nomeadamente na reabilitação de coberturas betuminosas, são os sistemas SikaRoof® MTC, compostos pelas membranas líquidas da gama Sikalastic®, que incorporam uma tecnologia única que permite que o material use a humidade atmosférica para ativar o processo de cura. Contrariamente aos sistemas tradicionais de poliuretano, estes não libertam CO2. É essencial que as soluções de futuro passem cada vez mais por esta necessidade de controlo de custos, que se refletem igualmente

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reabilitação de coberturas betuminosas – sistemas SikaRoof® MTC

nos restantes vetores da sustentabilidade: a economia de recursos naturais (ambiental) em harmonia com o conforto proporcionado aos utilizadores (social).Apenas as soluções que permitam abranger de forma integrada estes três vetores terão sucesso de ora em diante, e a Sika tem essas soluções! Quando enfrentamos a necessidade de reparação, a abordagem da Sika aos projetos e obras de reabilitação é efetuada de forma abrangente, identificando as várias patologias existentes, as suas causas e, tendo como característica fulcral o acompanhamento de toda a cadeia de decisão. Deste modo, e beneficiando do envolvimento conjunto de todos os intervenientes, é possível a definição atempada de soluções tecnicamente vantajosas, de durabilidade assegurada e com custos controlados e previamente estipulados. Em todos os projetos de reabilitação, corretamente estruturados e com o acompanhamento adequado, a economia de processos e rentabilidade das intervenções pode ser significativa. De forma genérica, e seguindo os padrões pelos quais a Sika rege a sua atuação no mercado da reabilitação, o projeto mais vantajoso será aquele que permitirá uma intervenção corre-

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ta, adequada às necessidades do utilizador final e cujo valor permitirá uma amortização no período de vida útil do edifício, assente num esquema de manutenção preventiva ou preditiva. Por outro lado, a aposta num rígido processo de controlo de qualidade dos produtos de impermeabilização é também um fator primordial, de forma a garantir a confiança e fidelização dos clientes. Pretendendo evitar patologias prematuras e defeitos de construção em edifícios recentes, a Sika garante soluções de impermeabilização

duráveis, que são à partida, as mais económicas a longo prazo, pelo que se a análise for feita tendo em conta a vida /durabilidade expectável do edifício, conseguir-se-á poupar recursos que se refletem quer a nível de económico quer a nível ambiental. Soluções mais duráveis reduzem à partida o número de intervenções de manutenção ao longo da vida útil dos edifícios, rentabilizando o investimento inicial. Reconhecendo a importância e necessidade de formação e disponibilização crescente de informação sobre esta área do setor da

construção e, de forma a satisfazer e melhorar os conhecimentos técnicos dos seus profissionais, bem como as necessidades de um público particular cada vez mais proativo, a empresa aposta no lançamento de um Guia totalmente dedicado a esta temática, prático e intuitivo – “Soluções de impermeabilização à sua medida”. Esta ferramenta transmite um conjunto de soluções dedicadas a intervenções de isolamento e impermeabilização, quer para situações de prevenção quer para a reabilitação.

Soluções mais duráveis reduzem à partida o número de intervenções de manutenção ao longo da vida útil dos edifícios, rentabilizando o investimento inicial. www.sika.pt

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reabilitação do património o palácio nacional de sintra - diagnóstico e classificação de anomalias em rebocos Vítor Sousa, Mestre em Construção, Assistente, Instituto Superior Técnico, vsousa@civil.ist.utl.pt Fernando Dias Pereira, Doutor em Engenharia Civil, Professor Auxiliar, Universidade de Coimbra, telmo@dec.uc.pt Jorge de Brito, Doutor em Engenharia Civil, Professor Associado com Agregação, telmo@dec.uc.pt

1. CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS A organização das anomalias em rebocos segundo diferentes níveis resulta da tipificação das situações anómalas mais frequentes, estabelecendo a correspondência com as diferentes intensidades de intervenção, não existindo geralmente qualquer relação unívoca de precedência entre eles. Aliás, são frequentes as situações em que se pode observar os diferentes níveis de degradação no mesmo paramento. As características intrínsecas aos revestimentos e a sua exposição a acções agressivas, principalmente quando localizados no exterior, faz com que incida sobre estes elementos grande parte das intervenções em edifícios antigos. Deste modo, é conveniente estabelecer princípios de intervenção abrangentes e adequados que permitam balizar a política de intervenção nas fases iniciais e fornecer indicações que devem ser observadas em todas as fases dos trabalhos. De uma forma simplificada, o princípio que deve reger qualquer intervenção em revestimentos é o da conservação, pois é a opção mais correcta na óptica da preservação da autenticidade histórica, da sustentabilidade (no caso de se conhecer correctamente os materiais e as técnicas a utilizar) e da durabilidade e compatibilidade entre materiais / elementos. Embora possa parecer contraditório, o respeito por este princípio pode significar a substituição parcial ou total do revestimento

se o seu estado de degradação assim o exigir. A presente comunicação, após apresentar algumas metodologias de diagnóstico a utilizar “in situ”, pretende estabelecer níveis de degradação identificáveis em rebocos tradicionais de cal aérea. Os níveis de degradação foram estabelecidos com base em informação bibliográfica cruzada com dados provenientes da intervenção nos rebocos do Palácio Nacional de Sintra que decorreu entre 2002 e 2003.

abafado em vez do som seco transmitido pelos rebocos sãos; − a fácil desagregação de rebocos com o auxílio de um canivete ou mesmo da unha é um indicador da falta de coesão do reboco; − certas situações de humidade em rebocos que não são visíveis podem ser identificadas pelo tacto; − a presença de sais que não se manifeste por eflorescências pode ser conseguida recorrendo ao paladar.

2. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO “IN SITU”

Esta última situação pode ser considerada pouco ortodoxa e não fornece uma indicação dos sais presentes e das suas propriedades (principalmente a higroscopicidade), pelo que o recurso a ensaios laboratoriais para a sua determinação rigorosa pode ser imprescindível em determinadas circunstâncias. Estudos levados a cabo pela Division of Building Research of the National Research Council of Canada [W 1] indicam que os principais sais susceptíveis de afectarem os revestimentos sob a forma de eflorescências ou criptoeflorescências são: − sulfato de sódio; − carbonato de sódio; − bicarbonato de sódio; − silicato de sódio; − sulfato de potássio; − sulfato de cálcio; − carbonato de cálcio; − sulfato de magnésio.

O diagnóstico de anomalias em rebocos é, em geral, uma tarefa relativamente fácil para um observador experimentado e não exige o recurso a equipamento ou material específico. Grande parte das situações anómalas pode ser identificada e classificada mediante uma simples inspecção visual, que pode ser complementada pela consulta de registos de intervenções de manutenção efectuadas. Nas situações em que a anomalia não é visível, nomeadamente nas argamassas em estados iniciais de perda de aderência, perda de coesão ou humidificação e na presença de humidade excessiva ou sais, o diagnóstico pode ser conseguido recorrendo aos seguintes procedimentos “in situ”: − percussão do revestimento com um pequeno maço ou mesmo com a própria mão na tentativa de localizar rebocos destacados do suporte, que transmitem um som oco e

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Outros sais, como os cloretos (perto de ambientes marinhos; no caso de se ter utilizado água salobra ou salgada na produção das argamassas; em locais de armazenamento de sal) e os nitritos e nitratos (ambientes poluídos; metabolismo de plantas e animais; provenientes do solo), também são referidos, ainda que sem especificar a sua composição exacta. Se, na generalidade das situações, o diagnóstico das anomalias em rebocos não se revela complexo, já a determinação da causa ou, mais frequentemente, das causas pode ser mais complicada [2] [11] [12].

3. LEVANTAMENTO Seguindo a tipificação proposta por Magalhães [12], as anomalias mais correntes em rebocos são as seguintes: − humidade; − eflorescências e criptoeflorescências; − erosão; − perda de aderência; − fendilhação e fissuração; − perda de coesão ou desagregação; − biodeterioração; − sujidade. No caso de rebocos tradicionais à base de cal aérea em que o acabamento é a caiação, o que no caso do Palácio Nacional de Sintra corresponde à grande maioria das situações, as anomalias que afectam os rebocos e a caiação dos paramentos são idênticas. A semelhança na composição química e nas reacções que ocorrem nos rebocos e na caiação resulta em

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reacções entre a cal presente na caiação e a cal dos rebocos (muitas vezes com efeitos benéficos em termos de “cicatrização” de alguma eventual fendilhação por retracção do reboco). Deste modo, a distinção entre anomalias no reboco ou na pintura por caiação é muitas vezes impossível de estabelecer e, na prática, quando a caiação é bem executada e o número de camadas não é excessivo (não se apresentando pouco coesa e a destacar em camadas espessas), o reboco e a caiação funcionam como uma unidade.

3.1. O Pátio Central Localizado num local privilegiado do Palácio, o Pátio Central, com o seu espelho de água e as suas árvores, contribui para realçar a sumptuosidade da Sala dos Cisnes. É também um local onde é possível observar belos exemplos de rebocos a imitar pedra, com destaque para a zona de acesso ao Corredor dos Cavaletes (situado na fachada Este do pátio), onde existem zonas de reboco com pó de pedra, algumas delas de excelente qualidade, e decorações em relevo. Antes da intervenção a que foram submetidos, o estado de degradação dos rebocos era

>2 > Figura 1: Descolamento do reboco relativamente ao seu suporte, em cunhais de paramentos expostos a Sul no Pátio Central. > Figura 2: Vista geral das superfícies de reboco degradadas e que exigiram a sua remoção.

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evidente e encontrava-se bastante visível mesmo para o visitante ocasional. Neste caso, a degradação dos rebocos ficou a dever-se, sobretudo, à acção dos agentes atmosféricos, à degradação natural dos materiais aliada à falta de manutenção e, em locais específicos onde a humidade é mais elevada, ao ataque de vegetação parasitária. A sujidade dos rebocos é uma anomalia mais ou menos generalizada nos diversos paramentos, bem como em inúmeras áreas onde é possível detectar a perda de aderência relativamente ao suporte através da inspecção visual e da percussão da superfície do reboco. Na Figura 1, apresenta-se uma situação extrema (localizada no cunhal do lado direito do paramento virado a Sul) onde, para além do descolamento do suporte, o reboco já evidencia sinais claros de perda de coerência. Também é possível observar superfícies significativas onde o reboco se destacou, expondo a parede. Outra zona onde o descolamento do suporte é bastante evidente e são visíveis fendas e fissuras é nas cimalhas e cornijas ao longo de todos os beirados no perímetro do pátio. Através da Figura 2 (da esquerda para a direita: a fachada orientada a Sul; a Norte; a fachada virada a Este; a Oeste), é perceptível a extensão significativa das superfícies de reboco degra-


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dados pela observação das zonas onde foram removidas as camadas de reboco degradadas e aplicadas novas. Como se constata, todos os paramentos apresentavam superfícies mais ou menos extensas de reboco degradado sem ser possível estabelecer qualquer padrão, o que é compreensível, pois muito provavelmente existem rebocos de composições bastante variadas e com diferentes idades, como resultado das sucessivas intervenções que têm sido realizadas ao longo dos tempos. A erosão superficial dos rebocos, associada a condições de temperatura e humidade favoráveis, tem como consequência a proliferação de vegetação parasitária simples (fungos, algas e líquenes) e, em locais de maior acumulação de matéria orgânica, vegetação mais evoluída (ervas, urtigas, fetos). Na Figura 3, é possível

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observar fungos filamentosos livres à esquerda (eventualmente associados a cianobactérias) e musgo à direita, enquanto que na Figura 4 se apresentam alguns exemplos de briófitas e ervas diversas, que encontram as condições propícias para o seu desenvolvimento em paramentos abrigados e húmidos do Pátio Central (à sombra das árvores existentes). Na generalidade dos paramentos, apenas nas zonas mais expostas à água das chuvas, como sejam as zonas debaixo de beirados pouco salientes ou na base dos paramentos, estão reunidas as condições necessárias para o desenvolvimento de vegetação. Na maior parte dos casos, os organismos que se conseguem desenvolver são relativamente simples, como algas e fungos, e apresentam ciclos de desenvolvimento muito dependentes das condições

de humidade ambientais. Na Figura 5, apresenta-se um caso em que as águas pluviais escoadas por uma gárgula demasiado curta (localizada no paramento virado a Este) escorrem ao longo da superfície do reboco, criando as condições necessárias para a biodeterioração dos mesmos. A humidade em abundância, juntamente com as numerosas colónias de fungos e algas que já terão existido, proporcionou a matéria orgânica suficiente para o desenvolvimento de algumas espécies de briófitas mais simples durante alguns períodos do ano. A Figura 6 apresenta um cunhal localizado na fachada voltada a Oeste em que o reboco, para além da vegetação parasitária abundante, se apresentava muito fendilhado e fissurado, nomeadamente junto da base, tendo os traba-

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> Figura 3: Vegetação parasitária pioneira nos rebocos do Pátio Central. > Figura 4: Vegetação parasitária mais evoluída nos rebocos do Pátio Central. > Figura 5: Desenvolvimento de vegetação parasitária na zona de escorrência de águas pluviais provenientes de uma gárgula muito curta. > Figura 6: Reboco fendilhado devido ao crescimento de uma raiz.

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reabilitação do património

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lhos posteriores vindo a revelar a existência de uma raiz que se desenvolveu entre a parede e o revestimento. A raiz, que terá pertencido a uma árvore que existiu no pátio e foi cortada há alguns anos, contribui decisivamente para o estado de degradação em que se encontra o reboco do cunhal.

3.2. O Corredordo Senhor Narciso Com orientação Nascente / Poente, o Corredor do Sr. Narciso estabelece a ligação entre as arcadas por baixo da Sala dos Cisnes (a porta de acesso localiza-se ao lado da porta de entrada do público), o Pátio Central e a residência do guarda do palácio. Estando localizado, em quase todo o seu desenvolvimento, por baixo do Tanque dos Cágados (existente no Pátio Central), os rebocos do Corredor do Sr. Narciso sofrem degradações decorrentes da infiltração de água proveniente do tanque. O principal ponto de infiltração localiza-se na extremidade Poente do corredor e é onde a degradação dos rebocos é mais intensa. Na Figura 7, para além das algas e fungos que aí proliferam, vêem-se igualmente vestígios de óxido de cobre proveniente da infiltração de um produto derramado, há anos, no Tanque dos Cágados [9]. No topo da escadaria de acesso para o Pátio Central (na extremidade Poente do corredor), também é evidente a degradação nos rebocos (Figura 8). No resto do Corredor, a degradação é menor

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ainda que, junto às janelas, existam sempre algumas manchas de humidade associadas a algas e fungos.

4. NÍVEIS DE DEGRADAÇÃO A diversidade de anomalias que podem afectar os rebocos, aliada à variedade de causas e factores que podem estar associados, à complexidade dos fenómenos, à sazonalidade e à interligação das anomalias, tornam impossível estabelecer níveis de degradação dos rebocos em função das anomalias que se apresentem válidos para todas as situações. No entanto, do cruzamento dos dados obtidos com alguns trabalhos desenvolvidos na bibliografia consultada, nomeadamente VEIGA e CARVALHO [12], podem ser considerados 4 níveis de degradação dos revestimentos do Palácio Nacional de Sintra.

Nível 1 Degradação superficial pontual Neste nível inicial de degradação dos revestimentos, as anomalias verificam-se tanto nos paramentos interiores como exteriores, embora no segundo caso tenham a tendência para ocorrer mais rapidamente e com mais intensidade. Incluídas neste nível, podem-se ter duas situações com anomalias distintas: − na primeira, o revestimento já tem alguns anos e apresenta sinais de envelhecimento natural dos materiais, como sejam a sujida-

> Figura 7: Tecto e parede na extremidade Nascente do Corredor do Sr. Narciso. > Figura 8: Vista da escadaria de acesso ao Pátio Central.

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de e a erosão superficial (principalmente no exterior devido ao escorrimento da água da chuva e à acção abrasiva do vento); − a segunda situação refere-se a revestimentos recentes (reparações pontuais do reboco ou caiação) que apresentam anomalias ligeiras decorrentes da maior exposição do revestimento aos agentes climatéricos durante a sua execução ou de erros, como seja o aparecimento localizado de pequenas fendas por retracção, a falta de coesão da caiação ou o empolamento e destacamento de camadas espessas de cal. Nestas situações, o revestimento pode ser recuperado removendo a cal que se encontre pouco coesa ou destacada e voltando a caiar a superfície.

Nível 2 Degradação superficial generalizada Este nível engloba os revestimentos que se apresentem afectados pela presença de humidade e por fendilhação e/ou fissuração superficial com as seguintes características: − o revestimento apresenta sinais evidentes de humidade, mas não se verifica a existência de sais através da formação de eflorescências ou criptoeflorescências; − a superfície do revestimento apresenta-se fendilhada e / ou fissurada devido à utilização excessiva de ligante na composição da argamassa, à camada final apresentar


uma espessura elevada ou a dilatações e contracções higrotérmicas; em casos extremos, pode verificar-se a perda de coesão e desagregação superficial do reboco e destacamento da(s) camada(s) superficial(is). A intervenção deve passar, sempre que possível, por eliminar os pontos de acesso da humidade em excesso, seguido pela remoção da(s) camada(s) afectada(s) pelas anomalias e a execução de nova(s) camada(s) utilizando argamassas compatíveis com as existentes. A terminar, deve proceder-se à caiação de todo o paramento.

Nível 3 Degradação profunda pontual Os revestimentos afectados por fendilhação e/ ou fissuração profunda e perda de aderência, perda de coesão ou desagregação pontual podem ser incluídos neste nível. As características mais frequentes das anomalias são: − a presença de humidade e sais solúveis, dando origem a eflorescências e criptoeflorescências pontuais; − a superfície do revestimento apresentar fendas ou fissuras profundas resultantes da concentração de tensões junto a aberturas, corrosão de elementos metálicos ou deformações do suporte; − perda de aderência localizada do revestimento, devida à presença de humidade e sais, absorção excessiva do suporte e contracções e dilatações térmicas. Tal como nas anomalias referidas no nível 2, a intervenção deve começar pela eliminação das fontes de humidade. Antes de se proceder à reparação do revestimento propriamente dito, dever-se-á procurar remover eventuais sais existentes no revestimento. A reparação do revestimento consiste em remover todo o reboco afectado, o que significa remover todas as camadas de reboco até atingir o suporte nos locais degradados. A execução

do novo reboco deve ainda ser precedida pela picagem da superfície do reboco nas zonas anexas (reboco são), de modo a criar uma superfície de transição rugosa que permita uma boa aderência do novo reboco. A terminar, é recomendável proceder-se à caiação de todo o paramento ainda que se possa caiar apenas a zona reparada.

Nível 4 Degradação profunda generalizada O nível 4 corresponde a revestimentos que se apresentam em avançado estado de degradação, existindo muitas zonas em que o reboco se encontra destacado do suporte ou em falta. Nestes casos, a exposição do suporte aos agentes atmosféricos, nomeadamente à acção da água, pode exigir a sua consolidação antes da aplicação do novo revestimento. Assim, dever-se-á proceder uma inspecção preliminar do suporte no sentido de: − detectar e remover alguma sujidade ou gordura que possam existir; − detectar e consolidar zonas muito degradadas do suporte; − remover eventuais sais que possam existir; − reparar fendas e fissuras do suporte; − proteger eventuais elementos metálicos incorporados no suporte; − limpar eventuais depósitos de matéria orgânica (ex.: em tijolos antigos mal cozidos); − remover eventuais raízes em desenvolvimento no suporte. A biodeterioração dos revestimentos é um fenómeno que pode ocorrer em qualquer dos vários níveis apresentados, razão pela qual não foi referida explicitamente. Com a excepção do aspecto estético, a biodeterioração contribui essencialmente como catalizador de outras anomalias, como sejam a perda de coesão ou desagregação por ataque químico da matriz do reboco, a acção mecânica pelo desenvolvimento de órgãos de fixação, a humidificação do revestimento por impedir a evaporação, ou as eflorescências e criptoeflorescências através

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da transformação de compostos insolúveis em compostos solúveis. A eliminação dos agentes responsáveis pela biodeterioração dos revestimentos é um problema complexo e de difícil resolução. Face à elevada alcalinidade da cal, esta é um biocida suficientemente forte na generalidade das situações, bastando por isso proceder a caiações periódicas dos paramentos para controlar a vegetação parasitária. Em certos casos extremos, são utilizados biocidas na lavagem dos paramentos e na composição das argamassas. Já para o controlo de animais, nomeadamente os pombos, existem diversas soluções disponíveis no mercado (fios electrificados; ultra-sons; produtos químicos esterilizantes; redes; espigões; introdução de predadores naturais, etc.) apresentando quase sempre resultados discutíveis e, nalguns casos, levantando ainda questões estéticas ou ambientais (Figura 9).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os níveis de degradação acima referidos foram estabelecidos para revestimentos sem qualquer valor histórico, arquitectónico ou artístico especial (ex.: frescos), que foi o caso da globalidade dos revestimentos intervencionados nestas últimas empreitadas que tiveram lugar no Palácio Nacional de Sintra. No Quadro 1, adaptado de VEIGA e CARVALHO [12], é apresentada uma matriz orientadora

> Figura 9: Vista de dispositivos de controlo de pombos no Pátio da Carranca.

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reabilitação do património

Tipo de degradação

Degradação superficial pontual

Degradação superficial generalizada

Degradação profunda pontual

Degradação profunda generalizada

Valor histórico, arquitectónico ou artístico

Opção de intervenção

Selecção de materiais

Selecção de técnicas

Outros aspectos

Elevado

Conservação e, se necessário, consolidação

Materiais compatíveis e idênticos

Técnicas tradicionais e/ou especializadas

Reversibilidade; reparabilidade; aspecto idêntico

Reduzido

Conservação e, se necessário, consolidação ou reparação localizada

Materiais compatíveis dos pontos de vista funcional e de aspecto

Reparabilidade e aspecto compatível

Elevado

Conservação e, se necessário, consolidação

Materiais compatíveis e idênticos

Técnicas tradicionais e/ou especializadas

Reversibilidade; reparabilidade; aspecto idêntico

Reduzido

Conservação e consolidação ou reparação localizada

Materiais compatíveis dos pontos de vista funcional e de aspecto

Reparabilidade e aspecto compatível

Elevado

Conservação e consolidação ou reparação localizada

Materiais compatíveis e idênticos

Técnicas tradicionais e/ou especializadas

Reversibilidade; reparabilidade; aspecto idêntico

Reduzido

Substituição parcial

Materiais compatíveis dos pontos de vista funcional e de aspecto

Técnicas de aplicação segundo as regras de boa arte

Reparabilidade e aspecto compatível

Elevado

Consolidação

Materiais compatíveis e idênticos

Técnicas tradicionais e/ou especializadas

Reversibilidade; reparabilidade; aspecto idêntico

Reduzido

Substituição integral

Materiais compatíveis dos pontos de vista funcional e de aspecto

Técnicas de aplicação segundo as regras de boa arte

Reparabilidade e aspecto compatível

Quadro 1 Critérios gerais de decisão sobre o tipo de intervenção (adaptado de [12]).

para a escolha da estratégia de intervenção mais adequada para um leque mais alargado de situações possíveis. No caso do Palácio Nacional de Sintra, um exemplo da diferença de atitude que se deve ter perante a intervenção em revestimentos com e sem valor histórico, arquitectónico ou artístico ficou bem patente com a descoberta de pinturas murais na fachada Norte do Pátio Central. A intervenção nos termos em que estava a ser levada a cabo, substituição dos rebocos degradados por novos à base de argamassas de cal aérea aplicados segundo as regras de boa arte, não era adequada para a preservação das pinturas descobertas. Deste modo, após a avaliação de especialistas nas mais diversas áreas (conservadores / restauradores, historiadores, arqueólogos), foi decidido proteger as pinturas e proceder à sua consolidação num futuro próximo. Na Figura 10, apresenta-se uma vista geral da zona da fachada Norte do Pátio Central onde foram descobertos os vestígios de pinturas murais e um pormenor das mesmas.

BIBLIOGRAFIA PUBLICAÇÕES [1] ADDLESON, Lyall - Buildings Failures: A Guide to Diagnosis, Remedy and Prevention. Butterworth Architecture, Oxford, 1992. [2] AGUIAR, José; CABRITA, A.; APPLETON, João - Guião de apoio à reabilitação de edifícios habitacionais - Volumes 1 e 2. LNEC-DGOT, Lisboa, 1997. [3] Department of the Enviroment - Defects in Buildings. Property Services Agency (PSA), Her Majesty’s Stationery Office, London, 1989. [4] FEILDEN, Bernard M. - Conservation of Historic Buildings. London, Butterwoth Scientific, 1982. [5] HENRIQUES, Fernando M.A. - Humidade em paredes, LNEC, Lisboa, 1995. [6] Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) - 1º Encontro sobre conservação e reabilitação de edifícios de habitação. LNEC, Lisboa, 1985. [7] Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) - 2º Encontro sobre conservação e reabilitação de edifícios de habitação. LNEC, Lisboa, 1994. [8] Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) - 3º Encontro sobre conservação e reabilitação de edifícios de habitação. LNEC, Lisboa, 2003. [9] PEREIRA, Telmo Dias - Cláusulas Técnicas do Caderno de Encargos do Projecto de Intervenção nos Pátios e Corredores do Palácio Nacional de Sintra, Coimbra, 2002. [10] SOUSA, Vitor - O Palácio Nacional de Sintra: Anomalias não Estruturais. Dissertação de Mestrado, IST, Lisboa, 2003 [11] RATO, Vasco Moreira - Conservação do património edificado: Princípios de intervenção. Dissertação de Mestrado, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 2002. [12] VEIGA, Rosário; AGUIAR, José - Cadernos Edifícios 2: Revestimentos de paredes em edifícios antigos, LNEC, Lisboa, 2002. INTERNET [W1] irc.nrc-cnrc.gc.ca - Institute for Research in Construction (National Research Council Canada) [W2] www.plasterarc.net - Plaster Architecture Project

* Por opção dos autores, o artigo é redigido de acordo com a antiga ortografia.

> 10 > Figura 10: Pinturas descobertas no Pátio Central.

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45 i&d empresarial

Perfil de remate de telas

Função Este produto foi especialmente concebido para proteger o remate da tela em terraços de edifícios, sejam estes acessíveis ou inacessíveis, e a separação entre as tela e argamassas.

Modo de Ação Os perfis têm como funcionalidade principal, proteger o remate da tela das águas de escorrência e dos raios solares. As águas são intercetadas pelos perfis que as desviam da parede evitando o contacto direto com o remate da tela, permitindo a conservação das qualidades das resistências mecânicas e resistência a ação decorrente do uso normal

Vantagens de utilização − Facilidade de Montagem − Durabilidade − Estanqueidade Total − Possibilidade de aplicação de tinta

Modo de aplicação: Os perfis são fixos com o sistema de parafuso e bucha mecânica, sendo empregues 2 parafusos e respetivas buchas mecânicas por perfil sendo o seu comprimento standard de 1 metro por unidade. Em complemento as boas práticas de execução, os perfis são colados e selados com o Mastic VIPREMI, garantido uma boa selagem e impermeabilização entre o perfil e a fachada e continuamente entre as juntas dos perfis. Largura Standard (cm) Peso (Kg)

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www.vipremi.pt

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PUBLI-REPORTAGEM

Grupo Preceram a diferença na qualidade

Inovação, proatividade e sustentabilidade são três características que definem o Grupo Preceram. Há vários anos no mercado, o Grupo aposta no futuro de forma responsável. Prova disso é a recente distinção de todas as empresas do Grupo Preceram – Argex, Gyptec, Só Argilas, Preceram e Preceram Norte – com o estatuto PME’s Líder 2012. Demonstração da aplicação da Gypcork

Novas parcerias, novos produtos A criação de novas parcerias e consolidação das já existentes são a “alma” do negócio do Grupo Preceram. As parcerias possibilitam sinergias muito positivas sendo uma excelente forma de agregar valor ao trabalho já realizado pelas organizações. Todas as empresas do Grupo acreditam que através desta partilha de Know-How se conseguem tornar mais eficazes, o que lhes permite oferecer novos produtos ao mercado e aos clientes, criando soluções de mais-valia. “As parcerias entre as universidades e a indústria são muito importantes para completar a investigação laboratorial com resultados práticos aplicados ao produto,” refere o Diretor de Marketing do Grupo Preceram, Ávila e Sousa.

www.preceram.pt

Produtos inovadores e ensaios de sucesso O ano de 2012 tem sido um ano de lançamento de produtos novos cada vez mais sustentáveis e eficientes. A Gyptec Ibérica, empresa do Grupo Preceram produtora de placas de gesso, este ano tem estado focada na nova placa “Gypcork”, resultante da parceria com a Amorim Isolamentos. A placa, com isolamento incorporado de cortiça, foi lançada na Tektónica 2012 e surge como reforço da gama de soluções da empresa para a reabilitação sustentável. Segundo Ávila e Sousa, “a ideia foi lançar no mercado um produto diferenciador, com características claras de sustentabilidade.” Na produção da placa de gesso laminado Gyptec são utilizadas matérias-primas ecológicas e métodos não poluentes, e a placa de aglomerado de cortiça expandida é produzida através de um processo 100% natural e sem desperdícios. A união destes dois produtos contribui para uma melhor performance térmica e acústica dos edifícios. Outro projeto a destacar chama-se “Se Tiver Nano” e trata-se de uma parceria Preceram – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), com o apoio do QREN e da ADI - Agência de Inovação. Este trabalho consiste numa investigação que visa

a produção de tijolos térmica e estruturalmente mais resistentes, por introdução de resíduos da indústria transformadora de alumínio. Para além das vantagens ambientais, com este projeto pretende-se verificar se é possível obter uma majoração das propriedades térmicas com o novo produto, traduzida numa redução significativa da sua condutibilidade térmica.

TESTE DE PRODUTO “SE TIVER NANO”

É também de destacar a colaboração com a Barbot e a Amorim Isolamentos na caracterização acústica do produto Barbotherm Cork aplicado numa parede de tijolo Térmico e Acústico Preceram. Nos ensaios realizados no IteCons – Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Ciências da Construção, a solução obteve bons resultados, sendo estas “soluções compostas” excelentes respostas para o isolamento exterior dos edifícios.


A caracterização técnica de sistemas e soluções de compartimentação tem vindo a ser alvo de muitas dezenas de ensaios nos laboratórios do IteCons em Coimbra. Agregando os vários materiais produzidos pelas empresas do grupo com produtos complementares de empresas portuguesas de excelência (Termolan, Perfisa, Iberfibran, para além das já mencionadas), é possível apresentar ao mercado soluções diferenciadoras, tecnicamente fundamentadas e testadas.

FORMAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO Interagir, esclarecer e proporcionar aos clientes e ao público geral aconselhamento técnico sobre as novidades e novas soluções desenvolvidas são os objetivos do Grupo. Para além da presença regular em formações, seminários e exposições diretamente relacionados com a área da construção, patrocina e intervém em congressos e eventos promovidos pela comunidade académica e científica. Um bom exemplo deste esforço foi a Academia Grupo Preceram “Soluções para Construção” na Tektónica 2012, que decorreu de 8 a 12 de maio. Esta iniciativa informativa e formativa decorreu durante os 4 dias da feira e contou com a grande adesão de público das mais distintas áreas ligadas à construção. As formações teóricas da parte da manhã foram complementadas pela demonstração prática da aplicação dos materiais por técnicos qualificados durante a tarde. Além de técnicos do Grupo Preceram, as formações tiveram igualmente o contributo de entidades parceiras, nomeadamente Barbot, Portal da Construção Sustentável, Amorim Isolamentos, Siro, IteCons, Clorofila e Zanet. Mais recentemente, o Grupo Preceram participou ativamente, com 3 artigos científicos, no Congresso de Inovação na Construção Sustentável (CINCOS´12) que aconteceu de 20 a 22 de setembro em Aveiro. O evento foi organizado

GESTOR DE SOLUÇÕES GYPTEC ­– PARA PESQUISA, CONSULTA E CÁLCULO GLOBAL DO ORÇAMENTO

pela Plataforma para a Construção Sustentável, entidade gestora do Cluster Habitat Sustentável em Portugal, onde se refletiu sobre projetos e atividades das empresas, autarquias, centros de investigação e demais entidades do cluster Habitat. Ao longo do último ano, o Grupo Preceram tem participado noutros eventos, tais como feiras, workshops e iniciativas online com o objetivo de dar a conhecer os seus produtos numa vertente cada vez mais formativa.

GYPTEC LANÇA PLATAFORMA ONLINE A Gyptec Ibérica é a empresa mais recente do Grupo que se destaca por ser uma das empresas que mais produtos novos lança para o mercado, fruto de várias parcerias estabelecidas com outras empresas e centros de investigação, e que mais aposta na formação e divulgação de informação, trabalhando um conceito de proximidade com os seus clientes e colaboradores. Este ano, apostando definitivamente no online, a Gyptec disponibilizou uma ferramenta que facilita a pesquisa e que permite a consulta e o cálculo global do orçamento para os sistemas da empresa. A nova ferramenta de trabalho propõe-se agilizar e acelerar o processo de decisão, que exige

FORMAÇÃO PROMOVIDA PELO GRUPO PRECERAM, NA TEKTÓNICA 2012

uma análise por vezes morosa das referidas soluções. Em termos funcionais a empresa apostou na versatilidade, com algumas centenas de sistemas caracterizados, que vão desde os tetos mais simples às divisórias mais complexas, e apostando também em soluções de parede mistas em alvenaria e placas de gesso. “A mais-valia desta ferramenta e o seu maior ponto de diferenciação, além de conter as soluções mais adequadas e testadas para o mercado nacional, é o método e possibilidades de pesquisa. As pesquisas podem ser efetuadas separadamente através de parâmetros técnicos como resistência ao fogo (EI), isolamento acústico (Rw), altura, espessura ou tipo de placa, consoante a necessidade específica do projeto”, explica a Gyptec . O “Gestor de Soluções” inclui as referências e designação dos produtos, a caracterização do sistema, preços de produto por m2, com e sem mão-de-obra, resultados de ensaios, pormenores de desenhos entre outras potencialidades. Para além de sistematizar e agregar os resultados do trabalho que tem vindo a ser efectuado, pretende-se que a plataforma contribua para reforçar a fidelidade dos clientes e colaboradores, fortalecendo a marca perante o mercado, afirmando-se cada vez mais como empresa fornecedora de soluções de confiança.

SOLUÇÕES COMPOSTAS BARBOT / AMORIM ISOLAMENTOS / PRECERAM


48_49 estruturas de madeira Proteção ao fogo de estruturas de madeira

Helena Cruz, Investigadora Principal do LNEC Carlos Pina dos Santos, Investigador Principal do LNEC Combustibilidade e desempenho ao fogo de estruturas de madeira A experiência mostra (e a ciência explica) que as estruturas de madeira podem apresentar muito boa resistência ao fogo, especialmente no caso de elementos com grandes secções transversais. Isto resulta de a temperatura no interior de grandes seções de madeira se manter praticamente inalterada, sob proteção de uma camada exterior carbonizada, que progride de forma mais ou menos constante e relativamente lenta para o interior, a partir das superfícies expostas ao fogo. No entanto, algumas estruturas antigas são constituídas por elementos de seções relativamente modestas e por vezes apresentam degradações superficiais e interiores, mais ou menos significativas. Há ainda que ter em conta que certos pormenores construtivos, designadamente envolvendo as ligações, e o estado da superfície da madeira podem afetar o seu desempenho. Igualmente a geometria do edifício, o tipo de utilização e a presença de equipamentos ou produtos armazenados podem aumentar o risco ou a intensidade do incêndio, reforçando a necessidade de adotar medidas de proteção específicas.

Risco de incêndio em edifícios antigos As estruturas antigas podem apresentar problemas específicos no que se refere ao risco de incêndio.

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Um importante fator de risco prende-se com o eventual mau estado de conservação dos edifícios. As entradas de água e o eventual acesso de roedores podem provocar curto-circuitos em equipamentos e instalações elétricas, geralmente envelhecidas e frequentemente obsoletas ou modificadas sem grande respeito pela segurança. Em edifícios abandonados existe igualmente um risco acrescido de intrusão e vandalismo. A deflagração de um incêndio será provavelmente detetada tarde demais, a que podem somar-se difíceis condições de acesso ao edifício, portas trancadas ou acessos bloqueados. Além de estarem geralmente inseridos em núcleos urbanos antigos, com grande concentração de imóveis e acessos difíceis a partir do exterior, os edifícios antigos têm frequentemente uma geometria irregular e caminhos de circulação pouco triviais, bem como formas estruturais complexas e zonas inacessíveis, sobretudo ao nível das coberturas. Em alguns casos, sucessivas alterações resultaram em compartimentos emparedados e passagens bloqueadas; noutros casos, a junção de edifícios contíguos resultou em pavimentos desnivelados ligados de formas mais ou menos criativas e a abertura de vãos em paredes com alguma resistência ao fogo, aumentando a probabilidade da sua propagação. Estes edifícios são muitas vezes difíceis de perceber pela simples análise das plantas dos pisos (admitindo que estão disponíveis), complicando a elaboração de planos de emergência e a intervenção das equipas de socorro.

Um outro problema resulta de uma errada perceção do risco por parte dos utilizadores combinada com a falta de manutenção dos edifícios. Por exemplo, os sótãos são frequentemente usados para armazenamento de papéis, roupas e móveis, restos de tintas e outros materiais combustíveis que representam um importante acréscimo da carga de incêndio. Poeira e resíduos diversos podem entrar em combustão na presença de equipamentos com grande libertação de calor ou suscetíveis de libertar faíscas, inflamando outros materiais combustíveis armazenados no local. São também conhecidos diversos casos de incêndio provocados por beatas lançadas para o chão em desvãos de coberturas acessíveis, ou iniciados durante intervenções de reparação dos edifícios envolvendo a manipulação de produtos altamente inflamáveis (como colas de contacto ou solventes diversos, alguns revestimentos de impermeabilização ou de isolamento térmico) ou operações de soldadura. A limpeza dos desvãos das coberturas, com remoção de materiais não essenciais (especialmente se forem combustíveis), a revisão das instalações elétricas com eliminação de equipamentos dispensáveis, substituição de componentes defeituosos, proteção de equipamentos e cabos elétricos ou de isolantes térmicos que tenham de permanecer no local (embora se possa considerar a sua eventual substituição por outros mais seguros), bem como a estrita proibição de fumar nestas áreas, são medidas razoáveis e fáceis de implementar para reduzir o risco de incêndio.


Medidas de proteção contra o fogo As medidas de proteção ativas contra o fogo consistem na instalação de detetores (de fumo, de temperatura ou outros) e de sistemas manuais ou automáticos de supressão de fogo (respetivamente, extintores de incêndio e sprinklers ou dispersores de água nebulizada). No caso das estruturas de madeira, o eventual contacto dos elementos e ligações estruturais com a água usada no combate ao fogo pode no entanto causar danos colaterais não desprezáveis, além das eventuais consequências para os materiais de revestimento e todo o recheio do edifício, quer na zona afetada diretamente pelo incêndio, quer nas zonas subjacentes. As medidas correntes de proteção passiva contra o fogo incluem intervenções ao nível da arquitetura, como sejam a introdução de compartimentação resistente ao fogo vertical e horizontal dentro dos edifícios para limitar a propagação de fumo, do calor e das chamas. Podem também incluir o isolamento térmico (não combustível) de elementos estruturais (vigas, pilares e pavimentos) para controlar a sua exposição a temperaturas elevadas, a substituição dos materiais expostos por outros com melhor desempenho em termos de reação ao fogo (menos inflamáveis, menos combustíveis ou mesmo incombustíveis, por exemplo), ou o tratamento superficial da madeira e dos materiais inflamáveis com produtos adequados para atrasar o início da combustão, reduzir a propagação da chama, a libertação de fumo e a libertação de partículas ou de gotas inflamadas. A eficácia, a viabilidade, os custos e os impactos de cada uma destas medidas ao nível dos espaços ou das superfícies terão naturalmente de ser avaliados. No caso das estruturas de madeira em serviço, a pintura com produtos retardadores de

ignição e de combustão, aplicados à trincha, rolo ou pistola, constitui frequentemente uma abordagem simples de implementar, rápida e com impactos reduzidos em termos visuais já que podem ser utilizados produtos incolores. O mercado oferece uma grande diversidade de produtos retardadores de combustão (ou de sistemas de revestimento por pintura compostos por sucessivas camadas de produtos distintos) para tratamento superficial de elementos de madeira, quer intumescentes quer não intumescentes (com frequência, qualquer deles, denominados de ignífugos). Infelizmente, a terminologia usada não é uniforme, o que pode dificultar a seleção de produtos adequados a cada situação ou mesmo alguma confusão entre o desempenho das tintas ou vernizes (a sua própria reação ao fogo) e a sua capacidade de proteção do substrato. Os produtos não intumescentes englobam os tratamentos de impregnação da superfície (penetração na madeira normalmente da ordem de 1mm) e os produtos de encapsulamento, que formam uma camada espessa à superfície (com pelo menos 1mm de espessura). Os produtos intumescentes são geralmente tintas e vernizes que formam uma película sobre a madeira, especificamente formulados para expandirem fortemente quando expostos a temperaturas elevadas. São normalmente higroscópicos (e, eventualmente, sensíveis a variações significativas de temperatura), pelo que, apesar de preverem geralmente a aplicação de uma camada de acabamento, são restringidos a zonas interiores dos edifícios. A camada de proteção é suscetível de abrasão e desgaste, sendo importante garantir que se obtém a espessura especificada pelo fabricante e que as condições de utilização e de eventual limpeza das superfícies protegidas não comprometem as suas características ao

longo do tempo. Um outro aspeto a ter em conta é o facto de as estruturas de madeira poderem apresentar pinturas de difícil remoção, ou terem já sido objeto de, ou requerem, tratamentos de preservação, (curativos ou preventivos) contra fungos e insetos. O estado da superfície deve ser devidamente ponderado, no sentido de se avaliar se os produtos anteriores podem afetar negativamente a reação ao fogo da madeira e/ou comprometer a eficácia dos produtos retardadores de combustão a aplicar.

Conclusões Na conservação de uma estrutura devem ser considerados os riscos de incêndio e adotadas medidas de proteção adequadas. As estruturas antigas, com interesse histórico ou cultural podem colocar dificuldades específicas no tocante à gestão do risco de incêndio, em virtude de fatores de risco acrescido e possível inadequação de muitas das medidas de mitigação do risco geralmente disponíveis que possam desvirtuar os espaços ou as superfícies ou implicar o contacto da água com materiais sensíveis. Os sistemas de proteção passiva contra o fogo por meio de pintura com produtos retardadores de combustão constituem uma possibilidade interessante no caso das estruturas de madeira antigas, devendo ser selecionados produtos adequados para o efeito pretendido, o ambiente de exposição e as condições do substrato, sendo importante avaliar a eventual compatibilidade e durabilidade dos produtos retardadores de combustão com eventuais tratamentos prévios (nomeadamente preservadores) que a madeira tenha recebido ou requeira para uma adequada durabilidade.

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50_51 acústica Proposta de metodologia simplificada para previsão do tempo de reverberação Diogo Mateus, Prof. Auxiliar do DEC/FCTUC, Dir. Técnico do Lab. CONTRARUIDO Na determinação do tempo de reverberação, em projetos de condicionamento acústico correntes, é geralmente utilizada a fórmula de Sabine (Eq. 1). Apesar da simplicidade de aplicação, esta fórmula pode conduzir a desvios significativos, do lado da insegurança, podendo originar incumprimento regulamentar, para espaços com elevada absorção sonora, em particular quando existem grandes superfícies com um coeficiente de absorção sonora (a) acima de 0,2. A fórmula de Sabine é dada pela seguinte expressão: Tr =

0,161V A + 4mV

elevada absorção sonora (geralmente um teto falso e pontualmente uma das paredes), sendo as restantes superfícies e recheio de baixa absorção sonora (reboco, estuque, gessos cartonados lisos, e mobiliário em madeira, não estufado). Foram considerados separadamente os coeficientes de absorção para as bandas de oitava de 500, 1000 e 2000 Hz, resultando um número total de resultados igual a 48 (com valores de a, dados pelos fabricantes, variáveis entre cerca de 0,2 e 0,95). Para cada

(1)

em que V é o volume do espaço (em m3), 4mV é a área de absorção sonora do ar (em m2) no volume do espaço (que normalmente só é relevante para volumes superiores a 400 m3) e A é a área de absorção sonora equivalente (em m2), determinada por A = ∑ Si ai + A0 , em que Si é a área da superfície i (em m2), ai é o coeficiente de absorção sonora da superfície i e A0 corresponde à área de absorção sonora total do recheio do espaço (mobiliário, objetos, etc.). Nesta coluna é proposta uma metodologia simplificada de previsão do tempo de reverberação, que consiste basicamente na aplicação da fórmula de Sabine (Eq. 1), com uma prévia correção dos valores de a, a partir do ábaco proposto na curva 3 da Figura 2, para as superfícies com um valor de a superior a 0,20. Este ábaco de correção resultou da comparação entre resultados teóricos e experimentais. Numa primeira fase foi determinado um possível ábaco de correção baseado apenas na comparação de resultados obtidos pela fórmula de Sabine com resultados experimentais. Numa segunda fase, no âmbito de uma tese de mestrado integrado desenvolvida no Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra (DEC-FCTUC), por André Marinho, sob coorientação do autor da presente coluna, foi realizado um estudo teórico mais exaustivo que consistiu basicamente na comparação de resultados da fórmula de Sabine com a mo-

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delação numérica (através do software CATT – AcousticTM). Este estudo inclui ainda a validação de resultados através da comparação com resultados experimentais realizados em cinco casos de estudo, em salas do DEC-FCTUC, com elevada absorção sonora. Na primeira fase, os resultados experimentais foram obtidos através de medições realizadas em 16 salas de geometria simples (próximas de paralelepipédicas), com volumes entre 70 e 300 m3, onde existia apenas uma superfície de

> Figura 1: Relação entre os valores de a dados pelo fabricante e os respetivos valores corrigidos que seriam necessários para conduzir ao tempo de reverberação experimental, utilizando a fórmula de Sabine.

> Figura 2: Curvas 1 e 2 resultantes respetivamente da comparação com resultados experimentais e com resultados da modelação numérica para uma sala assimétrica e curva 3 correspondente à curva média ajustada entre as duas anteriores.


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caso foi determinado o valor corrigido de a que, ao aplicar-se a fórmula de Sabine, conduzisse ao tempo de reverberação medido no ensaio in situ. Estes resultados corrigidos de a, juntamente com a correspondente curva ajustada (segundo uma função quadrática), são apresentados na Figura 1. Na segunda fase, e tendo em conta que os resultados obtidos através do software CATT – AcousticTM são tendencialmente tanto mais próximos dos reais quanto maior for a difusidade do espaço, entre os vários espaços estudados, optou-se por considerar como mais relevantes os resultados obtidos para uma sala assimétrica, sem qualquer paralelismo entre superfícies da sala, onde resultou a curva de correção indicada na Figura 2 (curva 2). Esta curva resultou da consideração de um revestimento de piso fonoabsorvente na sala, com valores teóricos a variar entre 0,10 e 0,99. Nesta Figura 2, para além das curvas 1 e 2 anteriormente referidas, é apresentada uma terceira curva média ajustada, segundo uma função quadrática, entre as duas curvas anteriores, que corresponde finalmente ao ábaco de correção proposto nesta coluna. Considere-se, por exemplo, uma sala de aulas com forma paralelepipédica, com dimensões de 7,0x8,0x3,0 m3, para onde se prevê a aplicação de um teto falso fonoabsorvente, cujos dados do fabricante apontam para os seguintes valores de a: 0,95, 0,84 e 0,61, respetivamente para as oitavas de 500, 1000 e 2000 Hz. As restantes superfícies apresentam baixa absorção sonora, de acordo com o indicado na Tabela 1. No caso do teto falso, os valores indicados nesta Tabela resultam da correção segundo o ábaco proposto na curva 3 da Figura 2. Os resultados previstos para os tempos de reverberação, desprezando a área de absorção sonora do ar, e a sua comparação com o requisito regulamentar são também apresentados na Tabela 1. Se não fosse aplicada qualquer correção aos valores de a, o valor de T resultaria igual a 0,50 s.

> Tabela 1: Dados e tempos de reverberação previstos para a sala de aulas apresentada como exemplo.

De uma forma geral, e de acordo com a sua aplicação a diversos casos de estudo, a metodologia proposta nesta coluna conduz a resultados tendencialmente do lado da segurança, e muito mais próximos do real, quando comparados com osobtidos a partir da simples utilização dos valores de a, facultados pelos fabricantes, na fórmula de Sabine. Apesar desta metodologia poder conduzir a alguns erros, estes são geralmente menores que os decorrentes do desconhecimento de alguns coeficientes ou áreas de absorção sonora, em particular do mobiliário e recheio. Esta metodologia proposta deve ser, no entanto, aplicada apenas a situações simples, de volumetria inferior a 500 m3 e quando o objetivo é apenas determinar, em fase de projeto, o tempo de reverberação médio T.


52_53 sísmica Implicações dos Eurocódigos na prática de projeto e construção de edifícios Mário Lopes, Professor Auxiliar – DECivil, Instituto Superior Técnico

1. Introdução Entrarão em breve em vigor os Eurocódigos estruturais, segundo os quais se elaborarão os projetos de estruturas de edifícios de betão armado. De entre os vários Eurocódigos (EC´s) os mais relevantes no que diz respeito a edifícios de betão armado são o EC1, referente à definição de ações exceto a ação sísmica, o EC2 relativo às regras específicas de dimensionamento de estruturas de betão armado e o EC8 (2004), aplicável ao projeto em zonas sísmicas. Estes 3 regulamentos substituirão o REBAP (1983) e o RSA (1983), os regulamentos nacionais em vigor para o projeto de edifícios de betão armado. Analisam-se de seguida as principais implicações destas mudanças na prática de projeto e até nos hábitos construtivos, à luz (i) da experiência ocorrida em 1983-85 quando os atuais regulamentos substituíram a anterior geração de regulamentos, o RSEP (1961) e o REBA (1967), e (ii) dos interesses dos principais intervenientes no processo construtivo, donos-de-obra, empreiteiros e projetistas.

2. A anterior transição regulamentar (década de 1980) A anterior transição da década de 1980 foi caracterizada pela introdução de um conjunto de conceitos novos na análise sísmica de estruturas, como a dependência do coeficiente sísmico da frequência da estrutura, a introdução explícita dos efeitos de torção e a possibilidade de opção entre estruturas de ductilidade normal e melhorada. As referências à análise dinâmica tornaram-se explícitas, passando este a ser o método standard de avaliação dos efeitos dos sismos. Em consequência destas alterações alguns projetistas de estruturas, em particular aqueles em fim de carreira, reorientaram as suas atividades para outras áreas. A generalidade dos projetistas estudou e adaptou-se ao uso dos novos conceitos. Na questão da escolha do tipo de estrutura

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(ductilidade normal ou melhorada) no início muitos projetistas terão feito o seguinte raciocínio: as estruturas de ductilidade normal são aquelas em que não se tomam medidas explícitas, nem sequer de natureza construtiva, para aumentar o seu nível de ductilidade. Apresentavam, para o projetista, a vantagem de o projeto ser menos exigente do ponto de vista dos conhecimentos científicos exigidos, ligeiramente menos trabalho de cálculo e uma pormenorização facilmente compatível com a prática vigente à época. Apresentavam como principal desvantagem, coeficientes de comportamento mais reduzidos do que as estruturas de ductilidade melhorada, ou seja, esforços de dimensionamento mais elevados para as combinações de ações em que a ação variável base era a ação sísmica. No entanto, as diferenças relativamente às estruturas de ductilidade melhorada não eram quantitativamente muito significativas (o aumento dos esforços da ação sísmica devido a usar ductilidade normal em vez de melhorada seria normalmente inferior a 40%), pelo que em geral as dimensões dos elementos estruturais não eram afetadas, embora as quantidades de armaduras o fossem. Assim, as estruturas de ductilidade normal poderiam ser ligeiramente mais caras, mas obrigavam a um menor esforço por parte do projetista. Como os donos-de-obra em geral não se apercebiam das diferenças entre os dois tipos de projeto (a maioria com certeza desconhecia a existência desta opção) e muitas vezes os projetos eram contratados não pela qualidade mas pelo preço mais baixo, em particular nos edifícios, o projetista decidia de acordo com os seus interesses, o que levou à generalização das estruturas de ductilidade normal. Porque razão haveria o projetista de fazer

um esforço adicional a projetar estruturas de ductilidade melhorada se os donos-de-obra e os futuros utilizadores não atribuíam a isso qualquer valor?

3. A próxima transição para os Eurocódigos A entrada em vigor dos Eurocódigos estruturais vai trazer alterações do mesmo género, mas bastante mais acentuadas. O EC2, embora mais complexo que o REBAP, baseia-se nos mesmos conceitos, pelo que a transição poderá dar algum trabalho, mas será relativamente suave, ou seja, a generalidade dos projetistas conseguirá adaptar-se facilmente. Relativamente à definição de ações e combinações de ações a filosofia regulamentar manter-se-á pelo que a transição, aparte algum esforço inicial, não oferecerá problemas de maior para a generalidade dos projetistas. As grandes diferenças são as que estão associadas ao EC8. A Parte 1, dedicada aos edifícios, permite a opção entre 3 Classes de Ductilidade: Baixa (correspondente à ductilidade normal do REBAP), Média e Alta, a que correspondem as siglas DCL, DCM e DCH respetivamente. As estruturas DCM e DCH são estruturas projetadas para terem comportamento dúctil, embora com diferenças no rigor e nos níveis de incursão em regime não linear. Relativamente às estruturas de ductilidade melhorada do REBAP as diferenças principais, em termos genéricos, são duas: o nível de sofisticação e complexidade são incomparavelmente superiores (1Lopes, M., 2008) e as diferenças nos coeficientes de comportamento relativamente às estruturas DCL são também incomparavelmente superiores às diferenças entre as estruturas previstas no REBAP. Isto


aplica-se às estruturas DCM e DCL. No caso das estruturas DCH, o grau de exigência é de tal ordem que dificilmente será aplicado na prática (Lopes, M. e Carvalho, E., C., 2008), pelo que nos comentários que se seguem refere-se apenas a opção entre estruturas DCL e DCM. A priori poderia pensar-se que na transição para os Eurocódigos se irá repetir a mesma tendência que ocorreu na transição da década de 1980, isto é, que os projetistas irão escolher a opção menos trabalhosa, ou seja, adotarem generalizadamente as estruturas DCL. O problema é que desta vez o preço a pagar por isso é muito superior, pois a diferença entre os coeficientes de comportamento das duas Classes de Ductilidade aumenta bastante relativamente ao REBAP. Por exemplo, o coeficiente de comportamento para um edifício de estrutura mista DCM será na maioria dos casos q=3.9, mas para estruturas DCL será q=1.5. Isto representa um aumento de 170% em termos das forças de inércia horizontais, o que tenderá a repercutir-se não apenas nas quantidades de armadura como nas próprias dimensões dos elementos estruturais. Assim, a opção por estruturas DCL pode refletir-se na arquitetura e dessa forma no próprio valor comercial dos edifícios. Ou seja, a diferença tenderá a tornar-se aparente para os donos-deobra. Se estes valorizarem/penalizarem estes fatores começará a haver um estímulo para a adoção de estruturas dúcteis como até agora não existiu no âmbito do REBAP. No entanto, o projeto de estruturas de edifícios DCM é extremamente complexo e pode envolver para muitos projetistas um investimento muito significativo de atualização de conhecimentos, para além do maior esforço que será necessário em termos de cálculo. O projeto de estruturas dúcteis de acordo com o EC8, Parte 1 baseia-se na aplicação dos princípios de Capacity Design, que visam o controlo do comportamento não linear das estruturas através do dimensionamento, sem

necessidade de realizar análises não lineares explícitas. Para este efeito escolhem-se as zonas onde se pretende que se formem rótulas plásticas, dimensionam-se estas para ter um comportamento dúctil e o resto da estrutura, que se pretende manter em regime elástico é dotado de um excesso de resistência relativamente às zonas plásticas. Apesar da sua aparente simplicidade, o Capacity Design de facto implica uma abordagem completamente diferente ao processo de dimensionamento: a principal diferença reside no facto de na maior parte da estrutura, nas zonas que se pretende manter em regime elástico, os esforços de dimensionamento não serem os esforços obtidos da análise estrutural global, mas serem calculados a partir dos esforços resistentes nas zonas das rótulas plásticas após o desenvolvimento destas. Isto inclui todos os efeitos que aumentam a resistência das secções após a cedência, incluindo o confinamento do betão e o endurecimento das armaduras. Ou seja, os esforços atuantes numas zonas das estruturas dependem dos esforços resistentes de outras, o que tem numerosas implicações. Outras diferenças relevantes ocorrerão ao nível da pormenorização e detalhe de armaduras, por exemplo, os espaçamentos entre armaduras transversais de confinamento são em geral bastante inferiores aquilo que tem sido a prática corrente das últimas décadas em Portugal. Outra questão construtiva que eventualmente poderá mudar com os Eurocódigos deriva da imposição de verificações de deformabilidade para uma ação sísmica, designada de serviço. Com esta verificação o EC8 pretende limitar os danos em elementos não estruturais e minimizar os prejuízos económicos para sismos mais frequentes que a ação sísmica de projeto aos Estados Limites Últimos. Estes limites de deformabilidade são muito mais restritivos que os do REBAP e poderão influenciar as próprias dimensões dos elementos estruturais. No entanto, o EC8 permite um aumento de 50% nos deslocamentos admissíveis se as paredes não estruturais tiverem um comportamento dúctil, o que pode ser conseguido em paredes divisórias de tijolo inserindo armaduras entre camadas de tijolo (2Lopes, 2008). Assim, esta prática será fortemente estimulada de forma indireta pelo EC8.

4. Conclusões A entrada próxima em vigor dos Eurocódigos estruturais provavelmente vai induzir alterações significativas nos hábitos e metodologias de projeto e construção de edifícios de betão armado. Dados os fortes estímulos que o EC8 contém para fomentar o projeto de estruturas dúcteis, é provável que os projetistas que mantenham a forma de projetar estruturas de edifícios que atualmente é a mais corrente (estruturas de ductilidade normal) venham a perder competitividade no mercado. Assim, muitos projetistas de edifícios ver-se-ão colocados perante as opções de (i) efetuar um forte investimento em atualização técnicocientífica que muitos precisarão para projetar estruturas dúcteis, ou (ii) reorientar a sua atividade para outras áreas que não o projeto de estruturas. Ao contrário da transição regulamentar da década de 1980, a entrada em vigor dos Eurocódigos provavelmente também terá implicações ao nível de algumas práticas construtivas de edifícios de betão armado.

Referências – EC1, EN 1991-1-1, Eurocódigo 1: Ações em Estruturas, Parte 1-1 - Ações em Geral – Densidades, Pesos Próprios, Sobrecargas em Edifícios, CEN, Bruxelas, 2001 – EC2, EN 1992-1, Eurocódigo 2: Projeto de Estruturas de Betão, Parte 1 – Regras Gerais e Regras para Edifícios, CEN, Bruxelas, 2004 – EC8, EN 1998-1, Eurocódigo 8, Projeto de Estruturas para as Ações Sísmicas, Parte 1 – Regras Gerais, Ações Sísmicas e Regras para Edifícios, CEN, Bruxelas, 2004 –

1

Lopes, M., “Sismos e Edifícios”, Anexo 5 “Exemplo de

Aplicação do EC8”, Edições Orion, 2008 – Lopes, M. e Carvalho, E., C., “Sismos e Edifícios”, Capítulo 12 “Dimensionamento Sísmico de Estruturas de Acordo com o EC8”, Edições Orion, 2008 –

2

Lopes, M., “Sismos e Edifícios”, Capítulo 5 “Conceção

de Estruturas”, Edições Orion, 2008 – REBA, Regulamento de Estruturas de Betão Armado, Decreto 47723, INCM, 1967 – REBAP, Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-Esforçado, Dec-Lei 349C/83, INCM, Lisboa, 1983 – RSA, Regulamento de Segurança e Ações para Estruturas de Edifícios e Pontes, Dec-Lei 285/83, INCM, Lisboa, 1983 – RSEP, Regulamento de Solicitações em Edifícios e Pontes, Decreto 44041, INCM, 1961.

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54_55 estruturas metálicas O Palácio de Cristal do Porto

Paulo J.S. Cruz, Professor Catedrático, Escola de Arquitetura, UMinho Escrevo esta coluna sobre construção metálica com a consciência de estarmos a poucos dias de se cumprirem 147 anos da inauguração do Palácio de Cristal do Porto. Não resisto, pois, a recordar em breves traços a sua história e principais características. Com a intenção de melhorar a agricultura do Distrito do Porto, foi fundada na cidade do Porto, em 1854, uma Sociedade Agrícola. Para avaliar os recursos da região, essa Sociedade começou por organizar, em 1857, a Primeira Exposição Agrícola, que constituiu o primeiro certame do tipo alguma vez realizado em Portugal. A esta seguiu-se uma exposição de gado, em 1858, e uma nova exposição agrícola, em 1860. Estas exposições tiveram lugar nos Campos da Torre da Marca, mandada erigir em 1530 por D. João III e assim designada por constituir uma referência para orientação dos barcos que entravam na barra do Douro. Este local gozava de magníficas vistas sobre a cidade e o rio. Para dar seguro e apropriado abrigo a estas exposições e para acolher no Porto uma Exposição Internacional, que se viria a realizar em 1865, nasceu a ideia de se edificarem instalações condignas e perduráveis, capazes de garantir a continuidade e o êxito das realizações precedentes. Foi assim fundada a Sociedade do Palácio Agrícola, Industrial e Artístico, mais tarde designada por Sociedade do Palácio de Cristal Portuense. Nos seus estatutos esta sociedade previa construir, nos Campos da Torre da Marca, um Palácio destinado a exposições Agrícolas, industriais e artísticas, “para divertimentos que excitem a curiosidade pública, exposições permanentes e venda de produtos de belas-artes”. Desta Exposição, esperava-se que o contacto com as nações mais avançadas beneficiasse o estado então precário da indústria nacional, promovendo o aperfeiçoamento tecnológico em diferentes domínios, em especial no do ferro. Nesse certame seriam mostrados ao público matérias-primas, máquinas, produtos manufaturados e objetos relacionados com

as belas-artes. Havia, então, a convicção de que um evento desse tipo seria um passo decisivo na instrução e educação das classes trabalhadoras. Para o Palácio de Cristal do Porto terá sido em parte seguido o modelo do seu similar do Hyde Park, que acolheu em Londres a Exposição Universal de 1851 e que chegou a ser considerado a 12ª maravilha do mundo. Para a construção do Palácio londrino, depois de recusados 245 projetos, o jardineiro do Duque de Devonshire, um autodidata e habilíssimo construtor de estufas, de seu nome Joseph Paxton, foi encarregue de efetuar o projeto definitivo. Em apenas uma semana realizou o projeto do edifício e a sua construção foi também efetuada num tempo absolutamente recorde (aproximadamente 6 meses). Nos seus 70.000 m2, o Palácio acolhia 2.224 arcos e 3.300 colunas em ferro fundido. Para a sua construção foram ainda gastos 82.800 m2 de cristal, 54 km de caleiras e 13 km de mesas para a exposição!... Durante muito tempo considerado o protótipo de um Palácio de exposições, em 1862 foi desmontado peça a peça e reconstruído em Sydenham. Ainda que criticado e discutido na sua época, Paxton revolucionou, sem dúvida, a arquitetura do ferro do século XIX.

© Wikimedia FOUNDATION, Nogueira da Silva & Alberto

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Voltemos ao Palácio de Cristal Portuense para referir que o seu projeto foi realizado pelo arquiteto inglês Thomas Dillen Jones. A direção da obra foi atribuída ao engenheiro Francis Webb Wentworth-Sheilds, que tinha dirigido a obra do Palácio de Cristal de Londres, e a fiscalização ao engenheiro Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa. Os formosos jardins foram desenhados pelo paisagista alemão Emílio David. A construção foi adjudicada em 1861 à empresa inglesa C. D. Young & Cª. Por falência desta empresa, a realização dos trabalhos passou a ser assegurada da seguinte forma: a empresa Osmerod Grierson & C.ª, de Manchester, ficou responsável pela execução da estrutura de ferro (12.514 libras); a empresa Eassie & C.ª, e Glencester, realizou todos os trabalhos de madeira (3.930 libras); as pinturas foram confiadas ao inglês Owen Jones; José Soares da Silva, do Porto, efetuou o assentamento das lousas; e a quatro mestres do Porto foram distribuídos os trabalhos de pedreiro. Depois deste incidente foi necessário proceder a algumas alterações no projeto, que ficaram a cargo de Sheilds, até então responsável pela direção da obra. O edifício cobria uma área de 7.900 m2 e estava dividido em três corpos com uma largura total superior a 40 metros. A nave central estava co-


© Wikimedia FOUNDATION

não pelos longos espaços abertos, mas pela inclusão duma fachada e de monumentais torreões em granito que não existiriam no projeto original. A inserção destes elementos clássicos era fundamentada pela tradição e por razões históricas. Essa aproximação ao gosto da burguesia portuense voltaria a repetir-se anos mais tarde, com as radicais alterações impostas ao arrojado projeto que, em 1896, o arquiteto Marques da Silva elaborou para a Gare de S. Bento. Ultrapassadas algumas dificuldades financeiras, a exposição e o Palácio de Cristal foram solenemente inaugurados em 18 de setembro de 1865. A exposição, que permaneceu aberta até 2 de fevereiro de 1866, contou com a presença

de mais de 3.000 expositores de todo o mundo. Para termos uma ideia da expectativa criada por esta exposição, convém referir que, em apenas um mês e meio, ela atraiu 59.610 visitantes. Este número é muito elevado se atendermos a que, de acordo com o censo de 1864, a população do Porto rondava então os 86.751 habitantes. Em 1933, a Câmara Municipal do Porto procedeu à aquisição do Palácio de Cristal para aí realizar a Exposição Colonial Portuguesa. Desde então o velho edifício foi caindo num triste abandono. Em 17 de dezembro de 1951 foi demolido, para no mesmo local ser construído um controverso e discutido Palácio de Desportos.

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berta por uma grande abóbada em cristal, com 18,9 m de altura e 107 m de comprimento. As duas naves laterais, de menores dimensões, tinham 84 m de comprimento e 8,3 m de largura. No fundo da nave central existia uma ampla rotunda, onde se instalou o palco do “Teatro Popular” e um magnífico órgão construído por C. M. Widor, o mesmo que tinha estado instalado em Sydenham. O Palácio estava rodeado por românticos e bucólicos jardins, que serviam de cenário para os passeios de domingo da mais alta burguesia. Poder-se-á, no entanto, afirmar que não conseguiram tirar o devido partido das potencialidades da arquitetura do ferro. Efetivamente, a imponência do edifício viria a ser conseguida,

Atestado do Imóvel pelo Bureau Veritas dá mais confiança ao seu cliente O Atestado do Imóvel é um documento emitido pelo Bureau Veritas em obras mediadas e que foram acompanhadas pelos seus técnicos, verificando a boa execução das mesmas. O Bureau Veritas presta uma ampla gama de serviços de auditoria, inspecção e peritagem, nomeadamente: Acústica e Ruído

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advances in concrete construction (acc)

diretor da construção magazine vai liderar revista científica internacional na área da construção em betão A TecnoPress, uma das mais prestigiadas editoras globais de revistas científicas internacionais, vai lançar uma nova revista intitulada “Advances in Concrete Construction (ACC)”, estando prevista para março de 2013 a publicação do seu primeiro número. A ACC vai ser liderada pelo, também diretor da Construção Magazine, Eduardo Júlio, e pretende divulgar a investigação científica, o desenvolvimento e a inovação na área da Construção em Betão. Eduardo Júlio será o editor-chefe da ACC, sendo a única revista a nível mundial a cobrir de forma abrangente a temática da Construção em Betão. A cobertura internacional da nova revista será assegurada por cinco co-editores, um para cada continente: Giuseppe Mancini (Itália) - Co-Editor para a EUROPA; Ian Gilbert (Austrália) - Co-Editor para a OCEÂNIA; Mourad Bakhoum (Egito) - Co-Editor para ÁFRICA; Nemy Banthia (Canadá) - Co-Editor para a AMÉRICA; e Tamon Ueda (Japão) - Co-Editor para a ÁSIA. A ACC contará igualmente com um corpo editorial que inclui os mais prestigiados especialistas mundiais em diferentes campos com relevância para a Construção em Betão, entre os quais: Aad van der Horst (Holanda); Amr Elnashai (EUA), Andrzej Garbacz (Polónia); Angel Palomo (Espanha); Armando Duarte

(EUA); Aurelio Muttoni (Suíça); Bert Sluys (Holanda); Carmen Andrade (Espanha); Christoph Gehlen (Alemanha); Daia Zwicky (Suíça); Dan Frangopol (EUA); Daniel Dias da Costa (Portugal); David Cleland (Irlanda); Eugen Brühwiler (Suíça); Guilherme Melo (Brasil); Jesus Gomez (EUA); Jin-Guang Teng (China); Jin-Keun Kim (Korea Sul); Joan Ramon Casas (Espanha); João Ramôa Correia (Portugal); Joaquim Barros (Portugal); John Cairns (UK); Joost Walraven (Holanda); Jorge de Brito (Portugal); Luís C. Neves (Portugal); Mark Alexander (África do Sul); Michael Fardis (Grécia); Michele Calvi (Itália); Robby Caspeele (Bélgica); Sam Kiger (EUA); Stuart Matthews (UK); Valeriu Stoian (Roménia); Wellington Repette (Brasil). Na opinião do editor-chefe da ACC, “o facto de esta iniciativa (criação da ACC) ser liderada por um português, dá visibilidade e é prestigiante para o País, além de ser um claro reconhecimento da qualidade da investigação e da Engenharia Civil portuguesas”. Atualmente, professor catedrático no Departamento de Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico, Eduardo Júlio iniciou a sua carreira na Universidade de Coimbra, com a qual mantém um vínculo como professor catedrático convidado. Nesta instituição protagonizou

várias iniciativas pedagógicas e científicas, como a criação do curso de mestrado em Engenharia Civil e Arquitectura “Reabilitação do Espaço Construído” (2004/2008) e a criação do “Institute for Sustainability and Innovation in Structural Engineering (ISISE)” em 2007. Presentemente coordena um grupo de investigação científica, centrado na Construção em Betão, integrado no Instituto de Engenharia de Estruturas, Território e Construção (ICIST). É o investigador responsável em vários projetos de investigação científica, financiados pela FCT, AdI, IAPMEI ou diretamente pela indústria. É autor de mais de 300 publicações, incluindo meia centena de artigos publicados em revistas internacionais, estando a generalidade destes citados na ISI Web of Knowledge.

francisco barroca continua como presidente da eurocer-building A Eurocer-Building, associação europeia que agrupa os organismos de certificação europeus na área da construção, foi a eleições para a presidência, tendo ganho o atual Presidente, Francisco Barroca. Para este novo mandato de dois anos, Francisco Barroca traçou como objetivos o lançamento e implementação da marca de conformidade Eurocer-Building (a partir de 2013) e a captação de novos associados com alargamento da base de países membros. A Eurocer-Building tem como objetivos genéricos

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defender e divulgar a certificação voluntária de produtos como instrumento mais adequado para facilitar a sua circulação e utilização, estabelecer acordos de reconhecimento mútuo entre os seus membros e ainda contribuir para a melhoria da qualidade da indústria da construção na Europa. Francisco Barroca é também o Diretor Geral da CERTIF – Associação para a Certificação, organismo líder do mercado em Portugal na certificação de produtos e serviços. Antes disso, foi Vice-Presidente do Instituto

Português da Qualidade e da Associação Portuguesa para a Qualidade e Presidente da APCER, bem como Administrador do Centro Protocolar de Formação para a Qualidade. Representou Portugal em vários Comités Europeus e Internacionais nos domínios da Normalização e Certificação. A vice-presidência da Eurocer Building ficará a cargo do BCCA (Bélgica) e os vogais eleitos são o ICIM (Itália) e SRAC (Roménia), enquanto a função de Tesoureiro ficará entregue ao representante do SKH (Holanda).


sebastião feyo de azevedo recebe prémio internacional © feup

do Grupo de Educação em Engenharia Química e pela contribuição substancial que deu para a educação em engenharia química e qualificação na Europa através de numerosos artigos e conferências. A Federação Europeia é uma associação de 39 Sociedades nacionais existentes em 30

stirling prize atribuído ao atelier stanton williams O atelier Stanton Williams venceu o RIBA Stirling Prize 2012 com o seu projeto para o laboratório de Sainsbury.localizado nos jardins botânicos da Universidade de Cambridge. Segundo o Royal Institute of British Architects (RIBA) destaca a “promenade arquitetónica que forma o coração do edifício, que celebra a investigação botânica, através da interação, comunicação e de uma ligação à natureza”. No comunicado da RIBA pode ler-se: “da fachada para as traseiras, o edifício progride de uma grande fachada com colunata, para um terraço aberto e um café envidraçado, dentro de um jardim botânico”. A nível térreo, a entrada forma uma rampa no sentido descendente, que atravessa o auditório e as áreas sociais. Nos pisos superiores, os cientistas encontram “palcos iluminados, com áreas de pesquisa” que formam parte de duas promenades, “ flanqueadas por pequenos e espontâneos espaços para brainstorming”. A RIBA realça também a sustentabilidade “a longo prazo, através da flexibilidade”, que é alcançada através de uma fachada adaptável situada atrás dos pilares, o que permite que os espaços de pesquisa “cresçam e se alterem consoante as necessidades dos cientistas”. “Apesar das altas exigências de energia dos laboratórios, um edifício atingiu uma classificação excelente do BREEAM, que é auxiliado por mil metros quadrados de painéis fotovoltaicos” e pela luz natural.

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Sebastião Feyo de Azevedo, Vice-presidente nacional da Ordem dos Engenheiros nos dois anteriores mandatos, foi, por proposta da Ordem, distinguido pela Federação Europeia de Engenharia Química (EFCE) com a Medalha Dieter Behrens. Trata-se do mais alto galardão concedido pela EFCE, de quatro em quatro anos, que distingue uma personalidade europeia em reconhecimento de uma contribuição significativa para as atividades da Federação e para o engrandecimento do perfil da Engenharia Química na Europa. De acordo com a OE, o homenageado foi escolhido em reconhecimento do papel que desempenhou durante quase 14 anos como membro ativo e presidente comprometido (2007-2010)

países europeus, entre os quais Portugal, representado através do Colégio de Engenharia Química da Ordem dos Engenheiros. De entre as atividades da Federação, encontra-se a de fomentar a excelência através da atribuição de prémios, nos quais se destaca a Medalha Dieter Berhens. Os candidatos a este prémio são propostos pelas associações nacionais. Sebastião Feyo de Azevedo, professor catedrático de Engenharia Química da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e seu atual diretor, é a quinta personalidade Europeia galardoada com este prémio, que será atribuído na cerimónia de abertura da conferência europeia em Engenharia Química a realizar em Haia, na Holanda, no dia 21 de abril de 2013.


notícias

criação polaca vence concurso internacional de cortiça Ana Loskiewicz, designer polaca, venceu o concurso patrocinado pela Corticeira Amorim, que desafiou a comunidade internacional de designers e arquitetos a conceber novas aplicações de cortiça ou a melhorar o atual portofólio de produtos da indústria. Foram recebidas 367 propostas e 20 designers internacionais foram convidados a participar num workshop especializado no Domaine de Boisbuchet, para o desenvolvimento do protótipo idealizado. No passado dia 7 de setembro, o júri composto por elementos da Corticeira Amorim, Alexander von Vegesack do Domaine de Boisbuchet, Gabriele do Vitra Design Museum Pezzini, Cathleen O´Rourke da Hermès, Luisa González da Parsons - The New School for Design Portillo e os designers Pedro Ferreira e Rita João (Pedrita do IED e do Domaine de Boisbuchet), distinguiu o projeto CORK BEEHIVE, de Anna Loskiewicz, pela relevância da obra criada e pelo design proposto. Ao projeto foi atribuído um prémio no valor de 10.000€.

A designer projetou em CORK BEEHIVE uma colmeia moderna, radicalmente inovando uma das mais ancestrais aplicações de cortiça, em total simbiose com a Natureza. Segundo Anna Loskiewicz, este modelo de colmeia contemporânea enquadra-se também no espírito sustentável de uma paisagem urbana como Nova Iorque ou Londres, cidades onde a apicultura é cada vez mais popular. Dada a relevância das propostas e a elevada qualidade que resultou da prototipagem, foi ainda decidido atribuir cinco menções honrosas aos seguintes projetos finalistas: Cork, a material with many faces, by Fabio Molinas ; Cork Chair, by Sou Fujimoto Architects;

Songs, headphone by Pauline Ariaux & Jacopo Ferrari; Strip, electric plug by Natalia Suwalski; Day off, icebox by Zaven studio. Carlos de Jesus, diretor de marketing e comunicação da Corticeira Amorim e membro do júri, destaca “a excelência dos projetos concebidos, designadamente ao nível da inovação e do design” e salienta que “os resultados do workshop no Domaine de Boisbuschet foram surpreendentemente positivos, dado que os projetos finalistas enalteceram a componente funcional da cortiça, evidenciando em simultâneo a versatilidade desta matéria-prima sustentável.” www.amorim.com

aiccopn e sindicato discutem estado de emergência do setor A Associação dos Industriais da Construção Civil (AICCOPN) e Obras Públicas e o Sindicato da Construção de Portugal reuniram-se no início do mês de outubro para unirem e discutirem propostas que possam salvar o setor da construção nacional. Em declarações à TSF, Reis Campos da AICCOPN afirma que todos os dias se perdem “29 empresas e 430 postos de trabalho”. Para o presidente da associação, neste momento estamos perante a destruição do setor. “Não podemos continuar a perder este número de empregos” afirmou Reis Campos, apontando perdas de 8.500 postos de trabalho no ano passado e afirmando que este ano deverão perder-se “mais 13.000”, destacando-se como o setor “o mais penalizado do país” pela crise. Albano Ribeiro, dirigente do Sindicato da Construção de Portugal, corrobora estes números. Na sequência desta péssima fase do setor,

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o Sindicato anuncia “uma grande manifestação” frente ao Ministério da Economia. A data ainda não está fechada, mas o mais provável é que ocorra no dia da greve geral a convocar pela CGTP. O encerramento de empresas e o desemprego no setor deram o mote para o encontro, sendo que apresentaram medidas conjuntas para ultrapassar os problemas. Reis Campos destaca que é fundamental o “imediato pagamento das dívidas do Estado” ao setor e ainda a dinamização da reabilitação urbana e do mercado do arrendamento. Considera também de igual importância a criação de uma estratégia para o setor. Reis Campos diz que “não é possível que o Estado cresça sem o setor” recordando que “a Europa, há dois meses, aprovou uma agenda de estratégia para o setor até 2020”, mas “em Portugal nada se discute para 2012, nem para 2013, muito menos para 2020”. Patrões e sindicato dos trabalhadores da construção civil exigem “um plano de emergência para este setor”.


ponte de abril na catumbela vence prémio secil engenharia civil Já é conhecido o grande vencedor do Prémio Secil Engenharia Civil 2011. A Ponte 4 de Abril na Catumbela, localizada na Via Rápida Benguela – Lobito, na República de Angola, com projeto da autoria dos engenheiros Armando Rito e Pedro Cabral, foi distinguida com o galardão atribuído pela Secil e pela Ordem dos Engenheiros.

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O Prémio Secil Engenharia Civil 2011 já é reconhecido como o prémio referência de engenharia civil e distingue, de dois em dois anos, o mais significativo projeto na área. A Ponte 4 de abril envolveu 14.900m3 de betão, 591.000 kg de aço de pré-esforço e 1.700.000 kg de aço passivo e caracteriza-se, quer pela inovação das técnicas usadas, quer pelo planeamento e execução dos trabalhos em obra. As duas torres da Ponte 4 de Abril, em forma

de “U”, destacam-se pela sua transparência devida à ausência de contraventamentos. Esta obra de arte é um contributo para a reconstrução local que irá beneficiar a comunidade e promover a união entre as cidades contíguas de Benguela e Lobito. Pela primeira vez na história dos Prémios Secil Engenharia Civil, este galardão é atribuído a uma dupla de engenheiros. Armando Rito afirma que “este é, efetivamente, um marco importante na história dos Prémios Secil Engenharia Civil porque, pela primeira vez, é atribuído a uma obra no continente africano, exemplo da internacionalização da nossa Engenharia e com particular significado afetivo por a mesma se localizar num País da CPLP.” E acrescenta: “ fico muito orgulhoso por este prémio ter sido atribuído a uma obra minha e do engenheiro Pedro Cabral que muito contri-

SEMINÁRIO TÉCNICO

6 de dezembro, Lisboa

Eficiência Energética nos Edifícios Um dia preenchido de soluções práticas para uma gestão mais eficiente do consumo energético nos edifícios

Mais informações em www.contrucaomagazine.pt/enerdia

Organização:

Patrocínios:

buiu para a realização desta obra de inegável valor para o desenvolvimento da Província de Benguela.” O dono da obra é o Instituto de Estradas de Angola (INEA), do Ministério das Obras Públicas da República de Angola (MinOP), a sua construção esteve a cargo do Consórcio Mota-Engil/Soares da Costa e o cimento utilizado é proveniente da Fábrica Secil-Lobito, situada nas imediações da obra. O Prémio Secil de Engenharia Civil tem como objetivo incentivar e promover o reconhecimento público de autores de soluções que tenham sido aplicadas em obra e constituam peças significativas no enriquecimento da engenharia civil e em que se reconheça ser adequado o recurso à incorporação do cimento, material cuja produção constitui vocação principal da Secil.


60_61 mercado

nova massa adesiva moldável A Henkel lançou a Loctite Ultra Repair, uma nova massa adesiva moldável que é ideal para pequenas reparações e bricolage sempre que existe necessidade de preencher, reconstruir e colar qualquer tipo de materiais em poucos minutos e com alta resistência. Já disponível no mercado, a nova Loctite Ultra Repair apresenta-se com uma fórmula extra forte sob a forma de massa adesiva moldável que permite facilmente reparar, preencher, tapar e colar praticamente todo o tipo de objetos e materiais (madeira, metal, gesso, plástico, pedra, cerâmica e outros materiais, exceto PE, PP e Teflon). Fica endurecida em poucos minutos após aplicação, no interior ou exterior de casa. É resistente à água e a temperaturas extremas (-30ºC / +120ºC). Antes de aplicar Loctite Ultra Repair deve-se limpar e secar corretamente todas as superfícies a unir. De seguida amassa-se a barra adesiva para misturar os dois elementos que a compõem até que a massa fique de uma cor branca e homogénea. Resta aplicar no local pretendido, moldando o produto com a forma desejada. Após 15 minutos a massa endurece como pedra, pronta a ser lixada, furada ou pintada para proporcionar um acabamento perfeito. A Loctite Ultra Repair apresenta-se numa inovadora e prática embalagem dispensadora de forma circular, com capacidade para 6 doses de massa adesiva armazenadas com toda a segurança, sempre à mão e prontas a ser utilizadas em todos os trabalhos de bricolage.

www.henkel.pt

nova coleção de torneiras A ROCA lançou uma nova coleção de torneiras, a série L20. Estas torneiras oferecem abertura de água fria na posição frontal, conferindo um maior conforto e um consumo mínimo de água e energia graças à inovadora tecnologia incorporada. De acordo com empresa, esta nova série tem linhas simples, atuais e de utilização intuitiva, adaptando-se a qualquer espaço de banho. “A L20 junta-se às inovadoras coleções de torneiras Roca, que oferecem abertura de água fria na posição frontal, conferindo um maior conforto e um consumo mínimo de água e energia graças à inovadora tecnologia incorporada”, refere a ROCA. Das principais vantagens, destacam-se: Índice de temperatura para uso intuitivo; Abertura frontal na posição de água fria; Poupança de energia e redução de emissões CO2; Baixo consumo, com redutor e limitador de caudal; Prelator oculto de limpeza e manutenção fáceis. Poupança de água Esta nova coleção dispõe de um sistema inovador de abertura em água fria (em vez da habitual mistura) nos modelos de lavatório e bidé. A poupança está associada à facilidade de utilização devido à abertura frontal na posição de água fria e do limitador de caudal, para obter gradualmente água quente, basta mover o manípulo para a esquerda. Além de poupar água, poupa também energia, já que evita que os sistemas de aquecimento de água funcionem quando não é necessário. www.roca.pt

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novo serviço de certificação energética A Bosch Termotecnologia SA, filial do Grupo Bosch, lançou um novo serviço de Certificação Energética de Imóveis. Permite determinar a classe energética dos imóveis, tendo em conta parâmetros de consumo de referência, e sugerir medidas de melhoria que permitam reduzir os consumos energéticos e respetivos custos associados. A Certificação de Bosch é feita de acordo com as metodologias previstas no Sistema de Certificação Energética e da Qualidade do Ar

Interior nos Edifícios (SCE). “O Certificado Energético é a quantificação do desempenho energético do seu imóvel ou edifício. Através deste certificado passa a saber qual a classe energética do seu imóvel, à semelhança do que já acontece com os eletrodomésticos”, destaca a empresa. Para além de classificar o desempenho energético de um imóvel sugere também soluções para o tornar mais confortável, eficiente e económico.

A Bosch refere que “mesmo que não pretenda vender ou alugar o seu imóvel (casos em que a certificação energética do imóvel é obrigatória), o conhecimento da classe energética e mais importante das medidas que permitam melhorar o seu desempenho energético, dão uma informação privilegiada ao proprietário, ao potenciar a redução dos consumos energéticos caso sejam implementadas”. www.bosch-certificacao-energetica.pt

sistema de duche integrado no pavimento A OLI lançou um novo sistema de duche integrado no pavimento. A solução minimalista permite uma melhor acessibilidade e liberdade de movimentos, podendo ser personalizada com diferentes grelhas em aço inox. De acordo com a empresa, este sistema é de fácil instalação e é constituído por painéis em poliestireno de alta densidade que apresentam uma inclinação ideal para o correto escoamento da água. Para a OLI as principais vantagens são a possibilidade do duche ficar perfeitamente integrado e nivelado com o pavimento do espaço de banho, sem qualquer degrau e o modelo com sifão rebaixado incorporado, com apenas 70mm de altura, que permite aplicá-lo em remodelações. Estão disponíveis 4 tipos de sistemas de duche integrado no pavimento: o X-CENTER – sistema de duche integrado com grelha central; o X-CENTER 70 – sistema de duche integrado no pavimento com grelha central e Sifão rebaixado, ideal para remodelação ou para situações com altura do pavimento limitada; X-BORDER – sistema de duche integrado no pavimento com grelha lateral; X-CORNER – sistema de duche integrado no pavimento com drenagem oculta.

www.oliveirairmao.com

nova linha de produtos para fixação

www.mapei.com/PT-PT/

A Mapei lançou uma nova linha com o nome de Mapefix, que conta com 3 produtos para fixação química: o Mapefix PE SF, o Mapefix VE SF e o Mapefix EP. O Mapefix PE SF é um fixador químico virado para cargas ligeiras. É baseado em resina de poliéster sem estireno e é indicado para a fixação química sobre materiais maciços ou furado, como antenas, parabólicas, cabos salva-vidas, persianas, entre outros. O Mapefix VE SF já é à base de resina vinilester híbrida sem estireno. É mais adequado para a fixação de cargas pesadas, especialmente, para fixações em compressão, barras de armadura no betão armado, reforços estruturais, reforços estruturais, fixações imersas, logótipos, painéis, treliças e instalações pesadas. Para as cargas estruturais, a Mapei aconselha o Mapefix EP, destinado a fixações em compressão ou tensão, cargas estáticas ou dinâmicas, barras de armadura no betão armado. Reforços estruturais, fixações imersas e atmosferas agressivas. Os produtos da linha Mapefix são certificados segundo as normas ETA e marcação CE.


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estante

anuário do património - boas práticas de conservação e restauro O Anuário do Património é uma publicação periódica especializada, que nasce em 2012 com o objetivo de promover o património cultural e criar valor nesta área. Este livro conta com artigos técnico-científicos já publicados e previamente avaliados por uma comissão científica de profissionais, investigadores e especialistas. Para além destes artigos e conteúdos relacionados, a obra integra um Diretório dos agentes do setor, em que são disponibilizadas informações relevantes em listagens de Serviços – Restauro de bens imóveis histórico-artísticos; Projeto, fiscalização e consultoria; Produtos e equipamentos, Centros de Investigação; Formação, entre outros. De acordo com os autores, o Anuário do Património surge da necessidade de revelar e reforçar o conhecimento e a interação entre os intervenientes desta área, dado o elevado número de agentes, empresas, profissionais e decisores com atividade. Reunir e disponibilizar infor-

autocad

mação de qualidade sobre a intervenção no Património português é, portanto, a principal finalidade deste Anuário, tendo em vista divulgar as melhores práticas, ideias e projetos. O livro teve vários apoios, nomeadamente do Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico, I.P.; Instituto dos Museus e da Conservação. I.P.; Comissão Nacional da UNESCO; ICOMOS-Portugal; Instituto da Construção e do Imobiliário; Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana; LNEC; Ordem dos Arquitetos; Ordem dos Engenheiros; I.P.Tomar; IST; U.Minho (Escola de Arquitetura e Escola de Engenharia); Instituto da Construção da FEUP e Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção. autor:

Vários .

editor a :

Canto Redondo .

d ata d e e d i ç ã o :

2012 .

isbn:

9772182522007 . páginas : 299 . preço : 20,00 euros . à venda em www. engebook.com

autocad lt

Este livro baseia-se na mais recente versão destes programas e está estruturado de forma a que o utilizador possa tirar o máximo partido da interface. Conta com vários exemplos práticos, que são a base de apresentação das diferentes matérias, inclui dezenas de exercícios resolvidos passo a passo, que relacionam as funções do programa com situações reais de desenho, e complementa as explicações com figuras, notas, sugestões e truques, realçando os procedimentos mais eficazes. As interligações do AutoCAD com os recursos disponíveis na “nuvem” (Autodesk 360 e AutoCAD WS) são igualmente abordadas. Com uma escrita bastante acessível e clara, a editora

– curso completo recomenda a leitura a todos os utilizadores que estejam a iniciar a sua aprendizagem, que pretendam aprofundar os seus conhecimentos ou que necessitem de migrar para a versão 2013, permitindo-lhes aprender a utilizar estes programas de forma profissional. O “AutoCAD 2013 & AutoCAD LT 2013 – Curso Completo” é indicado para estudantes do ensino técnico, universitário e de cursos de formação, bem como a profissionais das áreas de Engenharia Mecânica, Engenharia Civil, Arquitetura, Design, entre outras. autor :

José Garcia . editora : FCA . data de edição: 2012 . isbn: 9789727227372 .

páginas : 840 . P reço : 43,99

euros. à venda em www.engebook.com

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projeto pessoal

Rita Bento

Engenheira Civil e Professora no IST bi Nasceu em 1963, em Lisboa. Licenciou-se em Engenharia Civil, pelo Instituto Superior Técnico e recebeu o Prémio Edgar Cardoso de 1986. Em 1988 concluiu o Mestrado em Engenharia Sísmica no Imperial College of Science, Technology and Medicine, em Londres. Entre esta data e final de 1991 desenvolveu intensa atividade profissional como projetista de estruturas. Obteve o doutoramento em Engenharia de Estruturas no IST, Universidade Técnica de Lisboa em 1997 e a Agregação em Engenharia Civil no IST em 2011. Desde 1984 é docente do Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georecursos do IST. Atualmente é professora associada com Agregação e coordenadora da Secção de Mecânica Estrutural e Estruturas do Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georecursos do IST.

sonho de criança Ser Engenheira Civil.

o seu maior desafio Frequentar o Mestrado em Engenharia Sísmica a tempo inteiro (de outubro de 1987 a julho de 1988) no Imperial College of Science, Technology and Medicine, em Londres, tendo sido mãe de um bébé (nascido também em Londres em março de 1987).

engenheiro que admira Edgar Cardoso. Nasceu no Porto e celebrizou-se como projetista de pontes. Com extraordinária capacidade inventiva e métodos originais, Edgar Cardoso concebia as estruturas através de modelos criados por si próprio. Para Rita Bento, as pontes que projetou são autênticas obras de arte caracterizadas por um enorme sentido de estética e inovação. De entre as imensas estruturas que projetou é de destacar a Ponte da Arrábida, a Ponte de S. João no Porto (a sua última ponte) e a ampliação do Aeroporto do Funchal. A Ponte da Arrábida foi a obra que consagrou definitivamente a engenharia portuguesa, afirmando-se na época, como o maior arco de betão armado do mundo.

dos projetos mais desafiantes Workshop internacional com os maiores especialistas mundiais da área da análise sísmica de estruturas, intitulado Nonlinear Static Methods for Design/Assessment of 3D Structures , em maio de 2008. www.3dpushover.org

obra de engenharia de referência O EuroTúnel, o maior túnel já construído no mundo que liga França e Inglaterra.

uma aposta no futuro Trabalhar para o reconhecimento da Engenharia Civil em geral, e da Engenharia Sísmica em particular, a propósito dos seus contributos para responder aos maiores desafios científicos e tecnológicos da sociedade moderna.

hobby favorito Estar com a família, viajar, jogar golfe (com a família e amigos).

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eventos

nfpa-apsei fire

security

Vai decorrer de 3 a 5 de dezembro, no Estoril, uma das maiores conferências sobre segurança a nível nacional, o NFPA-APSEI Fire & Security 2012. Em destaque estarão variados temas, nomeadamente tecnologias de segurança contra incêndio, engenharia de segurança, planeamento e gestão da segurança, tendências na segurança de pessoas e bens e segurança no trabalho. O evento organizado pela APSEI, conta com importantes personalidades na sua comissão de honra, sendo de referir que será presidida pelo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva. Ao seu lado estarão os responsáveis das principais associações e organismos profissionais do setor da Segurança, nomeadamente o Presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), o Inspetor-Geral do Trabalho, o SecretárioGeral do Sistema de Segurança Interna, o Bastonário da Ordem dos Engenheiros, o Presidente da Ordem dos Arquitetos, o Bastonário da Ordem dos Engenheiros Técnicos e o Presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). De acordo com a secretária-geral da APSEI, Maria João Conde, neste ano foi alargado “o âmbito do evento” de forma a conseguirem chegar a um maior número de profissionais do setor. “As novidades tecnológicas e os avanços técnicos são constantes na área segurança e o NPFA-APSEI Fire & Security é já o principal evento onde todos podem manter-se informados e contactar com empresas e especialistas consagrados”, afirma. A conferência está dividida em 6 painéis temáticos: Tecnologias de Segurança contra incêndio; Tendências na Segurança de Pessoas e Bens; Engenharia de Segurança; Segurança de Pessoas: Tecnologias e Conceitos; Planeamento e Gestão da Segurança; Segurança no Trabalho: Indústria. Além destes painéis, o evento conta com cursos de formação técnica, apresentações técnico-comerciais e a exposição de produtos e sistemas de segurança. www.nfpaportugalconference.com

enerdia: eficiência energética nos edifícios Vai decorrer no dia 6 de dezembro, em Lisboa, o 3º EnerDia. Este ano o seminário técnico organizado pelas revistas Construção Magazine e Indústria e Ambiente tem como tema a “Eficiência Energética nos Edifícios”. Dado o sucesso dos anos anteriores, 2012 volta a ser palco do Enerdia, desta vez dando enfoque aos edifícios. Nesse sentido, vão ser abordados vários temas, nomeadamente; RCCTE; Perdas e ganhos energéticos nos edifícios; Balanço energético nulo dos edifícios; Sistemas de Construção sem Pontes Térmicas; Materiais de Construção; A importância da formação; Coberturas; Janelas eficientes; Paredes; Aquecimento; Sistemas Solares; Iluminação e Domótica; Auditoria e Certificação Energética. Este evento, inspirado no suplemento anual de ambas as revistas - o Energuia - Guia de Eficiência Energética nos Edifícios está a ser programado para uma plateia de 100 pessoas. O EnerDia pretende transmitir soluções práticas para uma gestão mais eficiente do consumo energético. O evento é dirigido fundamentalmente a Engenheiros Civis, Arquitetos, Projetistas e Técnicos das Empresas, é também indicado a todos aqueles para os quais esta temática é relevante no seu domínio de atividade. www.construcaomagazine/enerdia

calendário de eventos

I FILANTROPIA E Arquitetura ARQUITECTURA 2012

8 e 9 novembro 2012

Lisboa Portugal

Universidade Lusíada de Lisboa www.lis.ulusiada.pt

PORTUGAL Internacionalização EXPORTADOR 2012

21 novembro 2012

Lisboa Portugal

AIP www.clubeportugalexportador.aip.pt

ENCONTRO ANUAL Gestão territorial AD URBEM

23 e 24 novembro 2012

Lisboa Portugal

AD URBEM www.adurbem.pt

NFPA-APSEI FIRE Segurança & SECURITY 2012

3 a 5 de dezembro 2012

Estoril Portugal

APSEI e NFPA www.nfpaportugalconference.com

ENERDIA 2012 Eficiência Energética nos Edifícios 6 dezembro 2012

Coimbra Portugal

Indústria e Ambiente e Construção Magazine www.construcaomagazine.pt/enerdia

CONGRESSO DA Construção CONSTRUÇÃO 2012

Coimbra Portugal

ITeCons www.itecons.uc.pt/construcao2012/

10 a 20 dezembro 2012

As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.

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