Construção Magazine 47

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48 N° 48 . março/abril 2012 . 6.50

DOSSIER Sistemas de Informação na Construção

CONVERSAS Rui Campos



ficha técnica diretor Eduardo Júlio ejulio@civil.ist.utl.pt

diretora executiva

conselho científico Abel Henriques (UP), Albano Neves e Sousa (UTL), Álvaro Cunha (UP), Álvaro Seco (UC), Aníbal Costa (UA), António Pais Antunes (UC), António Pinheiro (UTL), Carlos Borrego (UA), Conceição Cunha (UC), Daniel Dias da Costa (UC), Diogo Mateus (UC), Elsa Caetano (UP), Emanuel Maranha das Neves (UTL) Fernando Branco (UTL), Fernando Garrido Branco (UC), Fernando Sanchez Salvador (UTL), Francisco Taveira Pinto (UP), Helder Araújo (UC), Helena Cruz (LNEC), Helena Gervásio (UC), Helena Sousa (IPL), Hipólito de Sousa (UP), Humberto Varum (UA), João Mendes Ribeiro (UC), João Pedroso de Lima (UC), Joaquim Figueiras (UP), Jorge Alfaiate (UTL), Jorge Almeida e Sousa (UC), Jorge Coelho (UC), Jorge de Brito (UTL), Jorge Lourenço (IPC), José Aguiar (UTL), José Amorim Faria (UP), José António Bandeirinha (UC), Júlio Appleton (UTL), Luciano Lima (UERJ), Luis Calado (UTL), Luís Canhoto Neves (UNL), Luís Godinho (UC), Luís Guerreiro (UTL) , Luís Juvandes (UP), Luís Lemos (UC), Luís Oliveira Santos (LNEC), Luís Picado Santos (UTL), Luís Simões da Silva (UC), Paulo Coelho (UC), Paulo Cruz (UM), Paulo Lourenço (UM), Paulo Maranha Tiago (IPC), Paulo Providência (UC),  Pedro Vellasco (UER, Brasil), Paulo Vila Real (UA), Raimundo Mendes da Silva (UC), Rosário Veiga (LNEC), Rui Faria (UP), Said Jalali (UM), Valter Lúcio (UNL), Vasco Freitas (UP), Vítor Abrantes (UP), Walter Rossa (UC)

redação Joana Correia redaccao@engenhoemedia.pt

marketing e publicidade Vera Oliveira v.oliveira@engenhoemedia.pt Pedro Sanches Silva p.sanches@engenhoemedia.pt

editor António Malheiro

grafismo avawise

assinaturas Tel. 22 589 96 25 construcaomagazine@engenhoemedia.pt

redação e edição Engenho e Média, Lda. Grupo Publindústria

propriedade Publindústria, Lda. Praça da Corujeira, 38 - 4300-144 PORTO Tel. 22 589 96 20, Fax 22 589 96 29 geral@publindustria.pt | www.publindustria.pt

publicação periódica Registo n.o 123.765

tiragem 6.500 exemplares

issn 1645 – 1767

depósito legal 164 778/01

capa Imagem © Tekla BIMsight, Tekla Corporation Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores.

sumário 2

editorial

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dossier | “sistemas de informação na construção“

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conversas Rui Campos

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Sistema automático de informação na manutenção de edifícios – Projeto rfid – rui calejo rodrigues e luís martins

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Papel da tecnologia bim na gestão da informação na construção – joão poças martins

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Parque Escolar – um caso prático da aplicação pronic – sara de sá caetano

24_28

Benchmarking na indústria da construção – jorge moreira da costa , mónica santos, isabel horta , henriqueta nóvoa , miguel fernandes , e nuno almeida

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Fatores de sucesso para a implementação de metodologias de aquisição por meioseletrónicos: o e-sourcing na construção civil – pedro vaz paulo

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sísmica

Verificação da segurança sísmica de edifícios em alvenaria através de metodologias simplificadas – rui marques e paulo b. lourenço

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i& d empresarial

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sustentabilidade

Declarações ambientais de produtos na construção

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térmica

Comportamento térmico dos edifícios de habitação – Ênfase no conforto para se obterem edifícios com necessidades térmicas quase nulas

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alvenaria e construções antigas Construir em terra ainda faz sentido?

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betão estrutural

Mobiliário urbano em betão de ultra-elevado desempenho

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notícias

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mercado

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estante

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projeto pessoal Nuno Valentim

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eventos

1

Carla Santos Silva carla.silva@engenhoemedia.pt

Próxima edição > Dossier FRP e Resistência ao Fogo


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editorial

A actual crise económica deve ser encarada pelo País, não como uma fatalidade, mas como uma oportunidade para melhorar, optimizar recursos, desenvolver produtos inovadores, métodos mais eficientes e procurar novos mercados. Só apostando na excelência, fazendo um “reajuste em alta”, do ponto de vista tecnológico, e não somente um “reajuste em baixa” nos salários, como repetidas vezes ouvimos os políticos curtos de vistas anunciar, será possível ultrapassar a presente situação. Neste contexto, o tema do presente número da Construção Magazine, “Sistemas de Informação na Construção”, ganha uma importância redobrada. Como habitualmente, convidámos para co-editor um especialista de renome na área temática do dossier, o Prof. Hipólito de Sousa da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, nosso colaborador de longa data. Para entrevistado, e procurando cumprir o objectivo primeiro da revista – aproximar investigação, indústria e sociedade, convidámos o Eng.º Rui Campos da Mota-Engil para nos dar a perspectiva de uma grande empresa de construção sobre o tema abordado. *O Professor Eduardo Júlio escreve de acordo com a antiga ortografia.

Eduardo Júlio, Director

O setor da construção português padece de algumas debilidades relativamente a outras indústrias, de que podemos destacar como mais limitativas o menor recurso às TI, a reduzida consolidação empresarial, a baixa produtividade, a falta de indicadores técnicos sobre o setor, a pouca standardização da procura e da oferta, a grande variabilidade de resultados e as derrapagens frequentes ao nível dos custos. Não sendo seguramente estas limitações a causa principal da crise que o setor atravessa, é indispensável que este seja capaz de as ultrapassar para conseguir sobreviver e ser competitivo. Uma maior aposta nas Tecnologias e Sistemas de Informação é sem dúvida fundamental como forma de normalizar processos, aumentar a eficácia, aproximarmo-nos das melhores práticas internacionais, conseguindo obter múltiplos indicadores objetivos sobre os projetos, as obras e o

hipólito de sousa

setor em geral.

co-editor da CM48

Sendo os processos na construção desenvolvidos por diversas organizações e atores, é muito importante que o resultado final não seja demasiado influenciado pelas abordagens especificas

Ao nível de processos já em curso destaca-se a

ou debilidades de algum dos intervenientes.

utilização do ProNIC no contexto das obras do

Apesar de Portugal ter apostado em algumas inovações associadas ao CCP, designadamente a

Programa de Modernização do Parque Escolar

desmaterialização dos procedimentos concursais de obras públicas, na medida em que não temos

e a visão dos benefícios da aplicação do mesmo

um Sistema de Informação pensado de forma articulada para o setor, muitas das potencialidades

na perspetiva da Parque Escolar. Dá-se destaque

que essa desmaterialização permitiria não são alcancáveis.

aos primeiros resultados da monitorização da

Alguns destes assuntos têm sido discutidos em diversos fóruns, designadamente no GESCON 2008

Indústria de Construção portuguesa através da

e 2011, levado a cabo pelo GEQUALTEC da FEUP, no âmbito da Gestão da Construção em geral e dos

plataforma ICBENCH e em que medida esta pode

Sistemas de Informação em particular.

ser uma ferramenta potente de benchmarking do

Neste número da Construção Magazine procura-se sensibilizar o meio para o tema dos SI na Indústria

setor. Analisam-se também os fatores de sucesso

da Construção, com destaque para alguns aspetos mais decisivos, bem como para desenvolvimentos

na implementação de metodologias de aquisição

já em curso. Dá-se conta da importância e do potencial das ferramentas BIM para a integração

através de plataformas de e-sourcing

da informação da construção e os benefícios que podem decorrer das mesmas na melhoria e

Por último, na entrevista, tem-se a oportunidade

automatização dos processos. Nesta linha dá-se especial destaque à fase de serviço das obras,

interessante de conhecer, através do Engº Rui

e à possibilidade de ligação entre a identificação automática das necessidades de manutenção

Campos da Mota Engil, a aposta que esta Empresa

através de RFID (Radio-Frequency IDentification), conjugada com as vantagens da utilização de

está a fazer nos SI como forma de aumentar a sua

bases de dados técnicas em BIM.

competitividade.

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MECENAS


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conversas Entrevista conduzida por Hipólito de Sousa Jornalismo e Fotografia por Joana Correia

engenheiro rui campos

Rui Campos trabalha há 22 anos na Mota-Engil Engenharia, tendo feito um percurso na organização sempre com proximidade às Tecnologias e Sistemas de Informação na área da Construção. Otimista confesso, Rui Campos acredita que apesar da crise do setor tudo irá ser ultrapassado, sendo necessário “identificar as oportunidades“ no meio da desgraça. Para isso, não tem dúvidas de que as TI serão fundamentais. Construção Magazine (CM) – O setor da construção está, no contexto atual, conotado negativamente. Associa-se-lhe uma imagem de grande pulverização de atividades, baixa competitividade e produtividade, mesmo em comparação com outros setores industriais nacionais, pouca aposta no conhecimento e reduzido uso das TI. O que pensa deste retrato? Rui Campos (RC) – Na realidade, o setor tem uma má imagem que, na minha opinião, passa em parte pela “utilização” em seu próprio interesse dos diversos poderes políticos, mas também por culpa do próprio setor. Desde há muito anos, este setor tem vivido com políticas que estão em permanente mutação conforme os ciclos de poder, gerando impactos gravíssimos para o mesmo. A solução passaria por haver políticas num contexto nacional amplo com planos estratégicos para 15/20 anos, que ultrapassassem os próprios ciclos eleitorais. A Espanha, um país latino como o nosso, é um bom exemplo de como se deve fazer. Além disso, o próprio setor é muito desorganizado, demasiado extenso, pouco coeso e solidário, pelo que também tem uma quota parte de responsabilidade no que se está a passar. Atualmente os Média estão muito interessados naquilo que corre mal, no escândalo, na notícia que vende. Tudo o que a engenharia portuguesa e a construção possam fazer de bem, muito dificilmente será notícia. Todos nós nos deveríamos empenhar mais em mostrar a excelência do nosso setor aos portugueses. Desde o Operário da Construção, ao Técnico, ao Arquiteto, ao Engenheiro, existem excelentes profissionais e com competências reconhecidas internacionalmente. CM – Foi referido que o setor em geral recorre de uma forma muito reduzida aos Sistemas de Informação e às TI. De que forma este facto tem influenciado o desempenho do setor? RC – O facto da utilização das TI ser reduzida tem várias causas. Uma tem a ver com uma inércia tradicional do próprio setor. Embora tenhamos técnicos muito bons, não existe uma grande abertura à mudança. Trata-se de um setor que, em vários aspetos, e não só nas TI, não responde de uma forma ágil àquilo que é novo. Portanto, em relação às Tecnologias de Informação, o processo é lento. Outro fator que também contribui para isso é a dispersão da própria cadeia de valor, com muitos intervenientes, em que cada elo da cadeia é uma zona de constrangimento. Relembro que os sistemas de informação obrigam a três fatores críticos de sucesso: planeamento, organização, rigor. Como o setor não é organizado, nem coeso, isso gera dificuldades na implementação de quaisquer ferramentas transversais que poderiam ser muito úteis para todos. Considero que é essencial a utilização das TI, com melhorias relevantes para o setor.


CM – Acha que é possível adotar processos que sejam verdadeiramente transversais, donos de obra, projetistas, construtores, empresas de materiais, a todo o ciclo, incluindo a utilização e manutenção? RC – Eu não “acho”, eu tenho a convição de que o futuro vai mesmo passar por aí! A Mota-Engil Engenharia tem vindo a desenvolver contributos a diversos níveis para que algo mude. Dou o exemplo do e-constroi ou da iniciativa, que me é próxima, do lançamento do fórum BIM Portugal, no qual a nossa posição é promover o trabalho conjunto das diversas entidades da cadeia de valor da construção nacional, de modo a criar standards e processos que levem ao pleno sucesso da nova abordagem BIM (Building Information Modeling). Outro exemplo é a promoção do Pronic, que a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto tem vindo a desenvolver. Estamos a falar de novos relacionamentos entre os intervenientes da construção e de trabalho em equipa para um bem comum. CM – A fileira da construção é muito alargada e variável em dimensão, competências/especialização e organização. Parece-lhe compatível conseguir eficácias e recurso alargado aos SI, tendo um setor a modernizar-se a várias velocidades? RC – Essa definição iria facilitar bastante. Criar a especialização/categorização das empresas, só ajudará a estruturar este setor. Neste caso, mais uma vez o Estado e o setor têm a sua quota parte de trabalho a realizar. Mas os processos arrastam-se, assim como o caso dos

alvarás de construção. No entanto, considero que este setor tem de fazer muito mais do que tem feito. Nós, empresas e instituições, e mesmo os cidadãos, temos de criar mais iniciativa que ultrapasse a fase dos diagnósticos e das ideias. Isto é, devemos organizar-nos e desenvolver soluções credíveis, bem estruturadas e consensuais, de maneira a criarmos uma pressão sobre o próprio estado. Penso que o caminho pode passar por aí. É isso que estamos a tentar fazer com o arranque do forum BIM Portugal, no que se refere à concepção, projeto, licenciamento, construção e utilização de edifícios. Neste caso, independentemente do Estado nos querer acompanhar desde já, ou não, achamos que há um trabalho a fazer na comunidade da construção e que este não pode esperar. Está na altura do setor procurar as suas soluções, independentemente da complexidade da conjuntura. CM – O setor nacional padece de uma generalizada falta de abordagens normalizadas que facilitem os processos e a comunicação entre os vários agentes. Considera que os SI poderão ser a forma de provocar essas mudanças? Será o mercado capaz de ajustar-se por si ou são necessárias orientações nacionais que direcionem essas mudanças? RC – O diagnóstico é por demais conhecido. Soluções teóricas não faltam. Apenas falta a palavra mágica: “AÇÃO”, e é nesta fase que aparecem os constrangimentos lusitanos. Sabemos que todos os dias andamos a fazer retrabalhos e, como já referi, tudo seria di-

ferente se todo o setor nacional trabalhasse como uma verdadeira “linha de produção”. Mas infelizmente continuamos a não ter quaisquer abordagens normalizadas. Todas as peças de um projeto vão diferindo de contrato para contrato, com especificações técnicas, articulados, estruturas de preço, etc. a variar constantemente. Para além de todo o trabalho não produtivo, a ausência de standards dificulta enormemente a organização do conhecimento, nomeadamente a memória coletiva de experiências e lições aprendidas. Fazia muito mais sentido termos as partes administrativas e especificações gerais de um projeto normalizadas, de forma a termos mais tempo para nos dedicarmos aos verdadeiros desafios e especificidades de cada projeto de construção. O nosso passado tem excelentes exemplos de normalização que se perderam. Quem não se lembra dos referenciais do LNEC, JAE, SMAS, entre outros, que ser perderam no tempo? Em Portugal gostamos de complicar e muitos consideram que quanto mais complicado for, mais saber e competência existe. Puro erro! Hoje temos de ser extremamente eficazes e ágeis, senão outros nos ultrapassarão neste mundo global. CM – Então quer dizer que neste domínio dos Sistemas de Informação há ferramentas disponíveis mas há também muito trabalho a fazer. É isso? RC – Sim. Nós, em Portugal, temos tecnologicamente as ferramentas todas: web, portais colaborativos, infraestruturas de dados de

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conversas conversas

“trata-se de um setor que, em vários aspetos, e não só nas ti, não responde de uma forma ágil àquilo que é novo. “

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alto débito, especialistas e excelentes empresas e universidades na área dos sistemas de informação. O que nos falta é criar meios que sejam adequados à nossa realidade, que sejam úteis e, sobretudo, cativantes para mobilizar o setor. Eu próprio já tive oportunidade de partilhar num seminário da COTEC a experiência Mota-Engil Engenharia no âmbito da utilização das plataformas eletrónicas colaborativas em ambiente empresarial. É uma tecnologia recente que carece de cuidados, pois o desafio maior não é a tecnologia em si mas sim o relacionamento das pessoas com a tecnologia. É um bom exemplo em que os fatores de sucesso têm de estar alinhados com os comportamentos sociológicos e as culturas empresariais, e estes são cuidados que também devem existir nas abordagens informáticas à construção. Hoje cria-se uma plataforma eletrónica sobre qualquer coisa (é moda!) e o futuro dessas plataformas pode ser o insucesso se, além de não se garantir informação atualizada e com qualidade, não garantirmos também um público-alvo perfeitamente identificado, habilitado e interessado. Os Sistemas de Informação são uma condição necessária mas não suficiente. CM – O Eng. Rui Campos está ligado à maior empresa portuguesa de construção na atualidade. Como valoriza a empresa os SI, e qual a importância das mesmas na estratégia da empresa? RC – Tenho a satisfação pessoal de, na MotaEngil, ter estado sempre em funções associadas a projetos de desenvolvimento em diversos âmbitos, contribuindo para criar mudança dentro desta organização. E um facto que sempre esteve presente foi a importância estratégica dos sistemas de informação, assim como os investimentos associados terem sido uma constante nos últimos vinte anos. É perfeitamente percetível que esta aposta nos tem ajudado a sermos mais competitivos e tem facilitado os fluxos de trabalho à dimensão da nossa empresa e à dispersão geográfica dos nossos projetos. Contudo, há ainda espaço de melhoria, especialmente ao nível das operações, apesar de iniciativas de sucesso, como por exemplo o projeto “Encarregados Online”, que permitiu que aos nossos encarregados a utilização de portáteis e a sua inclusão no Novo Mundo da Comunicação e do Conhecimento. Este projeto correu muito bem, permitindo que esta profissão, tradicionalmente


apoio à Gestão de Obra. Outra aposta forte foi a plataforma de gestão de inovação da Mota-Engil Engenharia, o Innovcenter. Criada com base na arquitetura das redes sociais, neste caso empresarial, permite-nos suportar todo o ciclo da Inovação: problema, ideias, oportunidade, projeto, inovação e fase de integração na empresa ou no negócio. CM – Estas práticas da Mota-Engil, são universais em termos geográficos, estando a empresa a operar em tantos locais diferentes do globo? RC – Existem aplicações, no âmbito da gestão empresarial, que são universais nas diversas geografias onde intervimos. Para outras ferramentas, mais operacionais, essa universalidade não tem sido possível por duas razões: tecnológica e linguística. No caso da tecnologia, estamos a falar da segurança de acessos, da segurança da informação e a existência e qualidade das infraestruras de dados nos locais das nossas obras internacionais. Mas existe evolução. Hoje já é possível para um colaborador da

Mota-Engil, com um portátil da empresa, aceder em segurança e em qualquer parte do mundo ao Portal Corporativo do Grupo Mota-Engil e aos seus próprios documentos de trabalho. O outro constrangimento refere-se à barreira linguística. Por exemplo, na Europa Central a esmagadora maioria dos colaboradores é local. No Peru, o mesmo acontece. E assim sucessivamente para outros mercados com diferentes línguas. A solução seria termos todas as aplicações e conteúdos em inglês, algo que não é praticável para o nosso negócio. Resta-nos pesquisar soluções de compromisso. Em 2011 lançámos as comunidades colaborativas “profissionais”, que permitem que preparadores, topógrafos e técnicos de laboratórios da nossa empresa, em qualquer mercado internacional (Angola, Peru, México, Moçambique), possam colaborar e interagir na sua comunidade. Estas comunidades estão em língua portuguesa. CM – As grandes empresas nacionais são por vezes acusadas de não terem ajudado

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afastada da informática, se habituasse a lidar diariamente com este tipo de ferramentas e com informação necessária para a sua função. CM – E, nesse ponto de vista, estão a conseguir adesão? RC – Sim, apesar de os resultados nunca serem imediatos. Estamos a falar de mudanças de comportamentos e hábitos. Outro exemplo que posso dar é o do Sitec – Portal de Conhecimento Técnico, um projeto já maduro e com boa adesão; no entanto, para potenciar mais ainda o seu valor, decidimos este ano investir em intervenções de proximidade com sessões presenciais em obra, para promover a partilha e utilização do conhecimento técnico, interagindo com os profissionais no terreno. Uma complementariedade Tecnologia/Pessoas sempre necessária para o sucesso de projetos deste tipo... Com esta iniciativa, para além da mobilização, queremos também perceber as necessidades dos nossos clientes “internos”. Um eixo de desenvolvimento que temos vindo a explorar é o da utilização da informática no

ArchiCAD colabora com a Mota-Engil na integração do BIM nos seus processos

Imagem cortesia de Miguel Krippahl, Arquitecto

Rua Primeiro de Maio, 192, 1º tras. | 4450-230 Matosinhos | PORTUGAL Tel. 22 938 51 34 | Tlm: 91 030 96 94 | Fax. 22 938 51 77 infor@infor.pt | www.infor.pt


conversas

suficientemente a mudança no setor, particularmente no período do “boom da construção”. Pouca engenharia nos processos e nas obras, desvalorização dos outros agentes da fileira não os vendo como parceiros, pouca adesão às TI, e um certo alheamento da necessidade do setor ter uma estratégia de longo prazo. Como vê estes comentários? RC – Quando refere as grandes empresas, penso que faz referência às construtoras, mas não nos podemos esquecer que a cadeia de valor da construção começa nos Donos de Obra, sendo estes os primeiros responsáveis pela qualidade do projeto e pelo sucesso da própria obra. Outro aspeto é a dificuldade do nosso setor poder fazer previsões, estando dependente da definição das políticas dos governos, como se pode constatar com o atual momento “de suspensão” que vivemos.Sobre a afirmação de termos sido agentes de mudança ou não, na fase do “boom da construção”, penso que ninguém nessa altura estava preocupado em querer melhorar o quer que fosse. Era a fase do “agora não tenho tempo”. Hoje estamos na fase do “não vale a pena”, pelo que o oscilar entre estes dois estados de alma é algo que nos é conhecido. Temos em Portugal que proceder a uma sincera reflexão do que todos temos feito, ou não, para mudar o estado das coisas. Todos temos responsabilidades e assumir isso deve ser o nosso ponto de partida. Como exemplo do que as grandes Empresas de Construção podem fazer para ajudar o setor, temos o lançamento da PTPC – Plataforma Tecnológica Portuguesa da Construção (www. ptpc.pt), que, apesar de ter demorado algum tempo a ver a luz do dia, tem vindo a fazer um percurso consistente e realista. É um exemplo de que os concorrentes podem ser parceiros. CM – A enorme crise que o setor atravessa está a deixar cicatrizes profundas em toda a fileira e o futuro não é animador para a generalidade dos agentes. No entanto é comum ver nas crises grandes ameaças, mas também oportunidades. Que oportunidades vislumbra para o setor nacional neste contexto? RC – Eu diria que este setor está num epicentro de uma crise nacional, e que, por sua vez, o país está no epicentro da crise europeia. Em resumo, estamos mesmo metidos “num buraco”. No entanto, sendo portugueses, temos que

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acreditar na nossa capacidade de ultrapassar obstáculos e de sair das situações difíceis. A nossa história prova isso. Temos muitos casos em que mostrámos ter uma grande capacidade de sobrevivência. E mesmo no setor da Construção não faltam exemplos em que erguemos obras com desafios técnicos e prazos que os nossos congéneros estrangeiros achavam impossíveis de cumprir. Vamos sair disto, mais feridos ou menos feridos, isso não sei... mas temos de o fazer! Temos alguns setores em Portugal que há poucos anos estavam com crises graves e que conseguiram dar a volta por cima. O setor da construção neste momento está numa má fase. Mas vamos dizer que não há futuro? Eu prefiro pensar o contrário. Futuro existirá sempre, temos é de percecionar como vai ser e de que forma vamos fazer parte dele. A construção nunca vai acabar em Portugal, pois no mínimo, teremos de manter o que construímos. Depois não nos podemos esquecer que estamos num mercado global, pelo que temos de nos internacionalizar. O caminho a seguir será análogo ao de outros setores que deram a volta às suas crises com sucesso, apostando em nichos de mercado, em criatividade, em inovação, em elevada competência e excelente serviço. Os caminhos apontados são bem conhecidos; a decisão, atitude e preserverança de os percorrer é que fará toda a diferença. CM – O futuro do setor parece passar indiscutivelmente pela internacionalização e pela aposta na reabilitação/manutenção de obras e infraestruturas nacionais. Considera que as TI podem influenciar estes processos? De que maneira? RC – Eu estou convencido que as TI poderão ser um dos principais fatores de modernização e mudança neste setor, até porque existe de uma forma geral, pouca implementação das TI na construção, se excluirmos as aplicações para gestão empresarial, os CAD e os programas de orçamentação. Comparemos com o exemplo das instituições públicas, em que temos de reconhecer a simplificação e desburocratização de muitos processos, antes penosos. Imaginemos agora algumas dessas boas práticas aplicadas a toda a fileira da construção? Tendo a casa arrumada em Portugal, que seria um feito, façamos agora o exercício de pôr essa

“hoje temos de ser extremamente eficazes e ágeis, senão outros nos ultrapassarão neste mundo global.”

capacidade tecnológica a alavancar a internacionalização da construção portuguesa. O mundo está a mudar. Reparem na evolução/ revolução que a internet, as redes sociais, as aplicações em “cloud computing” estão a trazer à sociedade em geral. Recuando alguns anos no passado, era nas organizações que existiam os computadores, os softwares e a utilização do correio eletrónico, e em 20 anos o mundo inverteu-se. Hoje são as pessoas, em sua casa que utilizam as últimas novidades tecnológicas propostas a um ritmo vertiginoso. O que está a acontecer é que indivíduos ou grupos estão a ter capacidade de criação de oportunidades, conhecimento e serviços, e são já concorrentes de muitas empresas. As TI são um fator importante a ter em atenção na internacionalização da construção, quer por facilitarem e melhorarem processos nas organizações ou no setor, com ganhos de produtividade fáceis de reconhecer, quer por criarem soluções e negócios que, por serem únicos no mundo, podem dar às empresas portugueses fatores de diferenciação. Existem muitos casos de sucesso em Portugal e a Construção tem de aprender com eles e deixar de lamentar-se por tempos que já não regressam.

Perfil Rui Campos é licenciado em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, com formação complementar em Gestão na AESE e EGP. Iniciou a actividade na Mota-Engil em 1989, tendo desenvolvido actividades nas áreas de Sistemas de Informação, Formação, Produção, Novas Tecnologias, Betões, Gestão da Qualidade & Ambiente, Modelos de Gestão Integrados e Inovação. Presentemente, como Diretor de Performance e Desenvolvimento da Mota-Engil Engenharia, coordena as áreas de Performance & Planeamento, Tecnologia, Assistência em Garantia, Marca & Comunicação e Inovação. É membro do Conselho de Administração da BERD (empresa tecnológica participada da Mota-Engil Engenharia) e membro da Comissão Executiva da PTPC (Plataforma Tecnológica Portuguesa da Construção).


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sistemas de informação na construção sistema automático de informação na manutenção de edifícios – projeto rfid Vive-se atualmente uma época de grande contenção económica que tem naturais implicações na construção. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), “O Índice de novas encomendas na construção e obras públicas (Taxa de variação homóloga trimestral - Base 2000 - %) desceu 20.8% no 4º trimestre de 2011.” Estes dados, que vêm na sequência de outros idênticos publicados nos últimos trimestres, permitem concluir que com o abrandamento da construção de novos edifícios e obras de engenharia civil terá que se prestar maior atenção à construção existente o que vem potenciar o domínio da manutenção de edifícios. É neste domínio que se iniciou no GEQUALTEC/FEUP um programa de investigação destinado a automatizar o acesso à informação de manutenção em edifícios. Os longos ciclos de intervenção dos componentes estáticos de edifícios carecem de um registo de informação simples e disponível. Quem já não se confrontou com a dificuldade em encontrar um fornecedor de um simples “espelho de interruptor” que tem de ser substituído? A utilização de “tags” eletrónicas associadas a alguns componentes de edifícios permitem obviar muitas das informações necessárias em manutenção. Neste artigo explora-se a importância da manutenção de edifícios e a íntima relação desta com sistemas de informação na construção – BIM, e dá-se nota da rotina MainTech® desenvolvida no GEQUALTEC/FEUP a qual integra numa perspetiva BIM toda a informação de manutenção associada a componentes da construção.

Rui Calejo Rodrigues GEQUALTEC, FEUP calejo@fe.up.pt Luís Martins GEQUALTEC, FEUP

1. INTRODUÇÃO

2. MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Para qualquer atividade que englobe um conjunto de ações e procedimentos é possível um enquadramento no domínio da gestão no âmbito da qual se otimizem esses processos. A Gestão de Edifícios em Serviço - GES, onde se insere a Manutenção de Edifícios, compreende todas as ações e procedimentos necessários realizar a propósito de um empreendimento na sua fase de exploração, com o objetivo de otimizar o seu desempenho. Uma das maiores ferramentas para uma boa gestão da construção em serviço é a quantidade e a qualidade da informação, associado ao comportamento das edificações. É a disponibilidade e respetiva aná-

lise desta informação que permite fundamentar a generalidade dos atos de manutenção. A Gestão de Edifícios em Serviço está ainda longe de aproveitar toda a tecnologia disponível, em particular no que se refere à armazenagem, indexação e acesso à informação. Esta constatação esteve na base deste projeto o qual procura através da utilização de etiquetas eletromagnéticas – RFID associar informação aos diversos componentes da construção. Enquadra-se a GES em três grandes áreas de intervenção. Identificam-se assim as atividades Técnica, Económica e Funcional, e é na atividade Técnica que se enquadra a Manutenção de Edifícios que por sua vez é onde incide o âmbito deste artigo.

Durante o tempo de vida útil de um edifício ele vai-se deteriorando gradualmente, quer devido a ações externas à própria utilização, quer por motivo da utilização. Em consequência dessas ações os elementos e componentes do edifício vão perdendo a qualidade e usabilidade para o qual foram projetados, sendo por isso necessário proceder-se a uma intervenção. Entende-se por manutenção de edifícios como sendo “... a combinação de todas as ações técnicas e administrativas com o objetivo de reter em (...) ou, devolver a (...) elementos e componentes um estado que lhes permita desempenhar as funções para que foram proje-

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sistemas de informação na construção

tados.” Subdividiram-se essas ações em cinco grandes áreas de intervenção intervenções: – Inspeção; – Limpeza; – Proação; – Correção; – Substituição.

observar e as características de alerta de mau comportamento – Fenómenos de Pré Patologia – a ter em conta, possam evidenciar a presença e as ações do inspetor.

Para que as ações em cada uma destas áreas possam ter êxito é necessário ter-se acesso a informações importantes tais como planos de manutenção, manuais de manutenção, registo de ocorrências, peças desenhadas de projeto, bem assim como como qualquer outra informação extra que permita uma melhor ação de manutenção, tais como fotos, informações comportamentais etc. Por outro lado entendeu-se subdividir um edifício em partes com mecanismos de degradação afins. Estas partes dos edifícios denominaram-se Elemetnos Fonte de Manutenção – EFM. Para catalogar, de uma forma não computorizada, todos EFM de um edifício despendem-se muitos recursos (tempo, papel, arquivos, etc.). Estando esta informação disponível apenas em papel, torna-se difícil o seu acesso no dia a dia, pois tal facto dificulta a sua pesquisa e consulta, o que limita algumas vantagens que essas informações possam oferecer. Por outro lado, muitos edifícios, com equipas de manutenção profissionais, já têm bastante informação computorizada, mas geralmente dispersa em vários ficheiros, divididos por tipos de componentes, de informação não normalizada e sem correlação entre eles. Ter estas informações em formato digital e num modo organizado permite o tratamento de dados por meio de software, facto que trará significativas melhorias na performance da manutenção de edifícios. Além disso, a realização de atos de manutenção implica muitas vezes a necessidade de se estar fisicamente na proximidade do EFM e desse ato é necessário ter evidência. Por exemplo a inspeção de uma cobertura terá muito a ganhar se em locais estratégicos desta estiverem instalados “tags” que além de devolverem informação sobre os locais a

Um dos maiores desafios da tarefa a que este grupo se propõe reside na dificuldade de normalizar dados muito diversos de modo que um software os possa tratar. Trabalhando numa fase de projeto, esta dificuldade pôde ser ultrapassada dando uso às ferramentas BIM (Building Information Modeling). Nesta ferramenta, além da modelação física do edifício, tem-se a possibilidade de adicionar informação relacionada com elementos desenhados do projeto. Estas informações, tanto podem ser as propriedades específicas de uma parede como os custos associados á sua construção, como ainda as necessidades de manutenção ao nível da limpeza, inspeção, pró-ação correção e substituição.Tem-se portanto uma enorme liberdade no que toca a adicionar informações associadas aos elementos desenhados em forma digital. Com a utilização das ferramentas BIM está a ser possível adicionar a um projeto os processos de manutenção de cada EFM de uma forma informática e organizada. Desta forma, além de se organizarem todos os processos de manutenção específicos de cada EFM, tem-se também a possibilidade de criar um manual de serviço de todo o edifício estando esta informação já associado ao

3. BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

>1 > Figura 1: Interação “leitor-tag”.

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mesmo desde a fase de projeto. Este manual não é mais do que a compilação organizada das informações contidas em cada entidade desenhada e que pode ter edição para o utente – Manual de Utilização – e edição técnica Manual de Manutenção. As ferramentas BIM poderam assim ajudar na criação das informações “fixas”, úteis em manutenção tais como os manuais de manutenção, mas já não foram tão úteis no que se refere à criação de informações comportamentais assim como no registo de ocorrências. Para complementar esta necessidade recorreu-se à tecnologia RFID.

4. RFID (RADIO-FREQUENCY IDENTIFICATION) RFID é uma sigla de Radio-Frequency IDentification. É um termo genérico usado para descrever um sistema que transmite a identidade via ondas de rádio. É uma tecnologia de identificação automática, assim como o código de barras. Um sistema RFID é constituído por dois componentes de hardware, um conjunto leitor antena e um transponder (tag ou etiqueta). O objetivo é que o leitor consiga ler a informação guardada no tag e transmitila para um computador. O seu funcionamento começa com o leitor a enviar um sinal através de uma radiofrequência. O tag, sintonizado para receber esse comprimento de onda, transmite a informação armazenada também através de radiofrequência, o leitor recebe-o, descodifica-o e envia-o para um computador.


Após a receção da “resposta” do tag e, com o devido tratamento do middleware, é necessário ter um software capaz de interpretar os dados recebidos. As principais diferenças entre a tecnologia RFID e Código de Barras relacionam-se com a possibilidade desta tecnologia poder armazenar informação e com o facto de não necessitar de estar em linha de vista com o leitor. Esta característica faz com que o tag esteja menos sujeito a fatores de deterioração, e faz também com que possa ser “escondido” dentro dos EFM pois a radiofrequência atravessa vários tipos de materiais normalmente utilizados na construção. Os diferentes tipos de tags diferem na memória interna, na possibilidade de poderem ou não realizar operações de escrita, nas frequências de operação, na necessidade ou dispensa de bateria interna, etc. Existem mesmo tag que têm a possibilidade de possuírem sensores para registo de temperatura, humidade, etc.

5. RFID MAINTECH Com as potencialidades das propriedades do sistema de identificação automático RFID aliadas às vantagens da utilização de bases de dados informáticas BIM, desenvolveu-se um software capaz de responder às necessidades da manutenção, quer do ponto de vista do gestor quer do operador de manutenção. Resumidamente, o operador lê um elemento com o leitor RFID, que após tratamento pelo software, mostra todos os dados associados a esse elemento. 5.1. Operador de Manutenção Este software permite que numa operação de manutenção sejam consultados em tempo real todos os registos de anteriores ocorrências ao elemento a ser operado, sem que seja necessária qualquer pesquisa. Depois de identificado o elemento tem-se acesso a todas as operações de manutenção cuja execução está prevista (informações como manuais de limpeza, inspeção, pró-ação e substituição). Nestas informações estão descritas a tarefa, o procedimento com-

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pleto, o responsável, a periodicidade e ainda o seu custo previsto associado. No caso de existir uma anomalia no EFM em causa, existe também uma lista das correções mais comuns, as respetivas condições técnicas de execução e um custo previsional. Como o manual de manutenções do elemento se encontra em base de dados, é também possível aceder a informações dos processos de manutenção a ter com o elemento, descrevendo sucintamente todas essas operações para que não existam erros de manutenção. Ao executar uma operação de manutenção (obrigatória a partir do momento que é feita a leitura do tag) , esta ficará registada automaticamente no cadastro do elemento para que posteriormente possa ser consultado, até mesmo como prova dessa intervenção (com datas e observações da operação).

5.2. Gestor de Manutenção Para o apoio à manutenção na ótica do gestor, são criados planos de trabalho para períodos de tempo específicos (semanais, mensais, anuais, > Figura 2: Sistema MainTech®.

etc.). Com o preço associado a cada operação de manutenção, são criadas previsões de custos para esses mesmos períodos de tempo. O gestor de manutenção, tanto um individuo no caso de manutenção especializada, assim como uma empresa de manutenção por exemplo, tem a informação atualizada em tempo real, ou seja, se algum cliente/utilizador questionar se uma certa situação está resolvida, o software apresentará todas as informações relativas ao processo devidamente atualizadas. Com a obrigação de o operador “estar nas proximidades” do EFM para poder abrir um registo de manutenção (para o tag ficar ao alcance da antena RFID), o gestor de manutenção teria de fato a certeza de que o operador pelo menos esteve no local. Supondo dois elementos com a mesma função e o mesmo nível de utilização, mas de empresas fabricantes diferentes, o gestor de manutenção teria acesso a informações que permitiriam a longo prazo concluir qual dos elementos implicaria uma maior despesa na sua fase de utilização. Esta informação não seria apenas proveitosa para o cliente que vai comprar um


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produto novo mas também para o gestor de manutenção que irá substituir um produto. Da mesma maneira, as empresas fabricantes podem aproveitar o acesso a estes dados, quer para melhorias do seu produto, quer também para referenciar uma potencial qualidade.

6. APLICAÇÃO PRÁTICA

5.3. Utilizador O utilizador do edifício é aquele que na realidade maior partido pode tirar deste sistema. Uma vez que o suporte informático está disponível via internet, o utilizador pude entre outras funções, enviar uma reclamação sobre um EFM específico identificando-o a partir do respetivo RFID. O desenvolvimento da situação referenciada pelo utilizador é consultada e atualizada pelo gestor, pelo operador e pelo próprio utilizador. Assim que depois de aberto um registo de uma reclamação este é dado como executado, o utilizador que a enviou é notificado do encerramento ( eventual resolução) da sua reclamação. Este processo aumenta a confiança que o utilizador deposita na equipa de manutenção, diminui os casos de anomalias não tratadas (tão frequentes nos edifícios) e contribuiu para a economia da construção em serviços que nos tempos atuais tem de ser muito otimizada. > Figura 3: Tag colocado num extintor > Figura 4: Imagem da Base de Dados MainTech®.

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Para motivos de teste, procedeu-se à aplicação deste sistema num edifício de restauração localizado no campus da FEUP. Trata-se de um edifício com área aberta ao público de 200 m2 destinado à restauração. Este edifício, entre outras características, é climatizado, possui largas superfície envidraçadas, um teto falso, revestimentos de piso cimentícios e entre outros automatismos, um sistema de deteção de incêndio. Como se trata de um teste inicial instalou-se um número reduzido de EFM com identificação por RFID. Os elementos identificados foram o sistema de climatização na cobertura, o teto falso em gesso cartonado e o sistemas de extinção. A identificação dos EFM foi executada sem grandes problemas, mas saliente-se que, se esta operação fosse efetuada em tempo de construção/projeto, além de mais fácil poderia trazer outras mais-valias tais como a incorporação de tags no próprio fabricante. Adicionar os elementos e toda a informação de manutenção à na base de dados revelou-se ser uma tarefa mais morosa. Além das informações dos registos de ocorrências estarem dispersas,

estão geralmente em papel e sem qualquer forma normalizada, muita da informação simplesmente não existia. Neste caso não se tornou um grande problema pois trata-se de uma aplicação em muito pequena escala, mas em grande escala poderá ser muito moroso, podendo até compensar registar apenas as intervenções executadas a partir do momento da aplicação do sistema.

7. CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS 7.1. Conclusões O sistema de identificação por RFID tem grandes capacidades quer em termos de características quer no que diz respeito à relação custo/benefício. O uso desta tecnologia pode vir a colmatar uma lacuna na otimização de custos no âmbito da manutenção de edifícios. A tecnologia RFID torna todos os outros sistemas de identificação automáticos, tais como código de barras ou QR Code, obsoletos pois ter-se-ia a necessidade de colocar estes identificadores no exterior do EFM permitindo que fossem facilmente danificados. Conjugando uma base de dados com uma iden-


– Substituições falaciosas seriam facilmente detetáveis. – Controlo da produtividade dos operários. – Melhor organização para planos de trabalhos. – Melhor previsão de custos. – Empresas podem receber informações para melhorar os seus produtos. 7.2. Perspetivas Futuras – Normalização O uso desta tecnologia na área de manutenção de edifícios é uma realidade, sendo que, para otimizar o seu funcionamento, necessita de uma normalização por parte da Organização Internacional de Normalização. Esta normalização permitiria que muitos dos materiais ou sistemas construídos fossem fabricados já com um tag embutido com frequência de operação e formato normalizados. Cada elemento poderá conter informações fixas próprias tais como o lote do fabrico, data, local onde esteve armazenado, detalhes do transporte etc., assim como poderá conter informações gerais tais como manuais de serviço, etc.

Este processo de normalização carece ainda de estudos específicos, a saber: – Identificação e organização das informações relevantes a estarem presentes na memória interna da tag de forma a que o software possa introduzir essa informação por simples leitura do tag; – Testar que tipo de tag teria uma melhor performance num dado elemento. Cada elemento é constituído por diferentes materiais, logo o tag necessitaria de diferentes tipos de antenas de modo a que a distância de leitura fosse idêntica entre os vários elementos; – A localização desses tags passaria também por uma normalização, sendo necessário efetuar um estudo de modo a descobrir qual a localização com melhor performance para cada tipo de elemento diferente. Com a normalização deste sistema, seria possível a criação de uma base de dados internacional onde constariam informações de desempenho e custo de utilização dos mais variados elementos de empresas diferentes.

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tificação automática à distância aumenta a sua utilidade e facilidade de utilização, podendo deste modo aproveitar todo o potencial de possuir toda a informação normalizada relativa à manutenção de um edifício acessível In loco. A tecnologia RFID, apesar de estar em desenvolvimento contínuo desde a Segunda Guerra Mundial, tem ainda um grande potencial de desenvolvimento. Contudo, cada vez mais, os produtos associados (tags, leitores, etc) têm preços mais reduzidos, insignificantes no cenário da construção. A aplicação prática realizada permite concluir que existem várias vantagens diretamente ligadas ao uso do sistema: – Informação de todos os elementos fonte de manutenção normalizada. – Acesso a informação de proximidade, como, por exemplo, o cadastro de ações e manuais de manutenção. – A abertura de um registo só é possível com a proximidade do operador com o elemento, o que implica a obrigatoriedade do mesmo se deslocar efetivamente ao local impedindo operações de manutenção fraudulentas.

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sistemas de informação na construção papel da tecnologia bim na gestão da informação na construção No presente artigo faz-se uma apresentação da tecnologia BIM (Building Information Model ou Modelo de Informação para a Construção) tendo em conta o seu papel de agente de integração de diferentes tipos de informação e de ferramentas que são utilizadas ao longo do ciclo de vida dos edifícios. É esta característica definidora dos BIM que os tornam essenciais para a automatização de diferentes tipos de tarefas do processo construtivo, em particular daquelas que envolvem a participação conjunta de diversos intervenientes. É sublinhado o papel fundamental que os especialistas da construção têm a desempenhar no desenvolvimento e na aplicação desta tecnologia ainda jovem. Aponta-se ainda alguns obstáculos à generalização do uso dos BIM e um conjunto de desafios que se colocam, em particular às instituições ligadas ao ensino, relacionados com as competências necessárias ao uso eficiente desta tecnologia.

João Poças Martins FEUP, GEQUALTEC jppm@fe.up.pt

Da arte ao processo

vimento de algoritmos de cálculo automático e de ferramentas de desenho assistido por computador com o objetivo de tornar mais expedita a realização de tarefas repetitivas e trabalhosas, isto é, um desenvolvimento essencialmente bottom-up, com um relevante contributo dos profissionais da construção. Desde os finais da década de 90, esta evolução tem sido suportada de forma crescente pelo desenvolvimento de novos modelos de informação que permitem representar mais adequadamente os produtos da construção e os recursos necessários à sua concretização. Este esforço tem vindo a ser liderado por um pequeno conjunto de organizações de características distintas que tem desenvolvido modelos de informação de âmbito abrangente. É este desenvolvimento, marcadamente topdown, de modelos de informação que tem criado as condições necessárias para a elaboração de aplicações que permitem a transferência de dados entre os intervenientes do processo construtivo e a automatização das tarefas que estes realizam. O papel dos especialistas da construção na área dos sistemas de informação inclui, por-

Na construção civil, como em outras áreas produtivas, à medida que as exigências para o aumento de produtividade se tornam mais explícitas, maior é a tendência para estudar e otimizar os procedimentos de trabalho, resultando frequentemente no desenvolvimento de fluxos de trabalho com inputs e outputs bem definidos. Na prática, estas influências conduzem a um incentivo à padronização na construção – à parametrização na fase de projeto e à pré-fabricação e industrialização na fase de execução. Segundo a Fig. 1, as atividades da construção podem ser classificadas em função da maior ou menor precisão com que é possível descrever à partida os respetivos dados e os seus resultados. A preparação de um estudo prévio por parte de um arquiteto, por exemplo, pode partir de elementos diversos do contexto local ou global, que são tidos em conta ao longo de um percurso em larga medida arbitrário que resulta na definição dos aspetos fundamentais do projeto. Do lado oposto deste espectro de atividades estará, por exemplo, a impressão de peças escritas

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do projeto de execução, cuja execução é um processo em larga medida mecânico. A maior parte das tarefas a realizar ao longo do processo construtivo estarão numa posição intermédia nesta escala, isto é, são práticas de trabalho que se baseiam num misto de dados de diferentes tipos para atingir um resultado que será aferido segundo um conjunto de parâmetros objetivos e de avaliações subjetivas. Disciplinas como a qualidade na construção têm contribuído para definir de forma mais rigorosa os dados e os resultados de atividades, isto é, para o esforço de transformar práticas em processos. Em síntese, o processo construtivo é composto por atividades rigorosamente parametrizáveis e, necessária e desejavelmente, por outras que são desenvolvidas segundo um percurso arbitrário. É importante distinguir claramente estes dois tipos de atividade e caracterizar devidamente as primeiras buscando os ganhos de eficiência decorrentes da sua automatização. Nas últimas décadas do século XX, a transformação das tarefas no sentido da automatização foi devida fundamentalmente ao desenvol-


> Figura 1: Arte, práticas e processos. Adaptado a partir de (Grieves 2006).

tanto, não só o desenvolvimento e a validação crítica de métodos de cálculo eficientes, mas também de formatos padrão que suportem os seus processos e práticas profissionais.

Os BIM na automatização de tarefas

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Atualmente a designação BIM tem vindo a ser atribuída quer aos modelos de informação que representam os produtos da construção, quer às aplicações informáticas a que estão subjacentes. Assim, pode definir-se BIM como um conjunto de métodos e de ferramentas que permitem a parametrização e respetiva

representação de produtos da construção ao longo de todo o seu ciclo de vida, seus componentes e recursos necessários ao seu desenvolvimento. Embora existam atualmente diversos produtos comerciais com grande abrangência nesta área, só a existência de um modelo de dados aberto, o IFC (Industry Foundation Classes) tem vindo a permitir o desenvolvimento de aplicações BIM para as mais diversas tarefas do processo construtivo. As ferramentas atualmente disponíveis permitem, por exemplo, a automatização do desenvolvimento de peças desenhadas e escritas de projeto e a deteção de erros em

projetos existentes. Permitem que a informação desenvolvida pelos autores dos projetos seja partilhada de forma eficiente, evitando a necessidade de reintroduzir sucessivamente os mesmos dados. Existem já ferramentas que efetuam a avaliação da conformidade regulamentar de projetos. Nos anos mais recentes têm sido desenvolvidas aplicações destinadas a outras fases do processo construtivo, como as que efetuam medições e orçamentos de forma, em larga medida, automática. Embora a variedade de usos potenciais para a tecnologia BIM seja enorme, a escassa disseminação atual destas ferramentas no meio profissional merece reflexão.


sistemas de informação na construção

Obstáculos e oportunidades de desenvolvimento A adoção em larga escala dos BIM depende de diversos fatores, não necessariamente relacionados com aspetos tecnológicos. Um dos obstáculos reconhecidos por profissionais do setor da construção que avaliam a possibilidade de recorrer a ferramentas BIM é justamente o facto de a sua utilização não constituir a norma. Assim, a possibilidade de garantir vantagens na partilha de informação, um dos mais relevantes benefícios dos BIM, é fortemente limitada. Esta questão, por vezes designada de problema de cooperação, colocase em diferentes domínios perante tecnologias com potencial para se tornarem um padrão na respetiva área: dado que a sua utilidade está diretamente relacionada com a sua popularidade, os benefícios reconhecidos na adoção destas tecnologias são por vezes pouco significativos tendo em conta os respetivos custos. Um outro obstáculo relevante prende-se com a carência de formatos padrão no setor da construção e, em particular, na construção nacional. Esta carência verifica-se, naturalmente, na área específica dos BIM mas também nas questões da padronização de cadernos de encargos, no estabelecimento de regras de medição, entre outras. A automatização de tarefas depende claramente da definição destas regras. Para além de formatos padrão, é importante que sejam também padronizados alguns procedimentos relacionados com a modelação BIM. A obtenção automática de medições, por exemplo, exige que as tarefas ligadas à modelação sejam efetuadas de acordo com regras com aceitação geral. Existem várias iniciativas a nível internacional que têm resultado em regras de modelação. Dadas as especificidades nacionais do setor da construção que se traduzem, por exemplo, ao nível legal, não é possível importar estas regras diretamente, mantendo-se as características únicas do setor em cada país. Como se referiu anteriormente, o desenvolvimento na área dos BIM tem seguido um percurso marcadamente do tipo top-down, em

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> Figura 2: Ferramenta web desenvolvida no âmbito do projeto SIGABIM.

que um conjunto limitado de entidades define as regras que deverão ser adotadas pela comunidade profissional. Esta estratégia permitiu o desenvolvimento daquele que é o primeiro formato de representação padrão, ainda que ad-hoc, para a construção tendo em conta as suas diversas valências, o IFC. Em contrapartida, este esforço criou uma separação entre as características do modelo proposto e as exigências práticas da comunidade profissional atual, que se traduzem em larga medida nos métodos de trabalho correntes. Os próximos anos serão provavelmente caracterizados por uma maior aproximação destes percursos top-down e bottom-up. A disseminação de ferramentas informáticas comerciais cria o contexto adequado para a necessária validação empírica do modelo IFC por parte dos especialistas da construção e convida-os a desenvolver os seus próprios métodos e ferramentas BIM. Considera-se que o papel de engenheiros e arquitetos será essencial nesta fase, o que obriga ao desenvolvimento e à difusão de um conjunto de competências que não são tradicionais na sua formação de base atual. O papel das entidades ligadas ao ensino será também fundamental. Devem adaptar-se aos BIM, respondendo de acordo com uma visão estratégica própria do perfil desejável dos seus formandos.

Em alguns casos, será adequado encarar as ferramentas BIM do ponto de vista do utilizador, procurando fornecer competências diretamente relacionadas com o uso de ferramentas informáticas específicas. Esta estratégia pode encarar-se como uma simples evolução do ensino tradicional do desenho assistido por computador, adaptando-o, naturalmente, às novas aplicações informáticas. Este perfil será provavelmente o mais indicado para os técnicos a introduzir no imediato nas empresas de construção que não pretendam realizar um esforço significativo em I&D ou que prefiram realizar uma transição mais suave a partir das práticas de trabalho atuais. Nos casos em que se pretenda formar especialistas capazes de intervir no processo de gestão da informação, avaliando os métodos de trabalho correntes e propondo alterações, deve ser exigido um perfil técnico distinto. Nestas situações, para além das competências técnicas específicas do domínio da construção, torna-se necessário que os especialistas da construção possuam conhecimentos de base nas áreas da gestão da informação para a construção e da modelação de dados. Para além deste tipo de competências que deverão ser adquiridas preferencialmente no âmbito do ensino pós-graduado, considera-se essencial que os especialistas da construção disponham de ferramentas informáticas que


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lhes permitam pesquisar e manipular ficheiros IFC, realizando os seguintes tipos de tarefas: – Pesquisar entidades na estrutura IFC usando linguagem corrente, preferencialmente em língua portuguesa. – Importar dados de ficheiros IFC para folhas de cálculo de modo a permitir a automatização de tarefas sem o recurso a linguagens e ambientes de programação. – Editar a estrutura IFC, modificando o modelo de dados oficial, de modo a suportar os requisitos inerentes às tarefas a realizar pela comunidade profissional. Por outras palavras, criar as condições necessárias a um desenvolvimento do tipo bottom-up do modelo IFC em complemento do atual esforço top-down. O grupo GEQUALTEC da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto tem vindo a realizar trabalho de investigação na área dos BIM, incluindo a análise de modelos e ferramentas existentes e o desenvolvimento de métodos e aplicações informáticas originais. Apresenta-se na Fig. 2, a título de exemplo, uma ferramenta web desenvolvida no âmbito do projeto SIGABIM com o objetivo de apoiar o ensino e a investigação na área dos BIM por parte de especialistas da construção.

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Conclusões Os modelos de informação para a construção permitem representar edifícios e seus componentes incluindo aspetos que vão para além da sua geometria. É esta capacidade dos BIM para gerirem informação acerca dos edifícios ao longo do seu ciclo de vida que constitui a sua principal inovação e o seu mais relevante contributo para a gestão da informação na construção. Apesar da crescente variedade de potenciais usos para os BIM ao longo do processo construtivo, a sua disseminação entre os profissionais da construção é ainda relativamente escassa. O papel dos especialistas do setor da construção é fundamental para o desenvolvimento futuro dos BIM, não só através da validação empírica dos formatos padrão e ferramentas existentes, mas também pelo desenvolvimento de novos usos para a informação que compõe estes modelos. É importante que estes profissionais disponham das competências e ferramentas necessárias para o efeito.

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– Grieves, M. (2006). Product Lifecycle Management. Nova Iorque,

McGraw-Hill.

*Batimat d´or 2011, 2011 MSC hot product

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sistemas de informação na construção

parque escolar – um caso prático da aplicação pronic

LICEU PASSOS MANUEL

Sara de Sá Caetano, Parque Escolar, sara.caetano@parque-escolar.min-edu.pt

A Parque Escolar EPE tem por objeto o planeamento, a gestão, o desenvolvimento e a execução do Programa de Modernização do Parque Escolar destinado ao Ensino Secundário e assenta em três linhas fundamentais: – A recuperação e modernização dos edifícios; – A abertura da escola à comunidade; – A criação de um sistema eficiente e eficaz de gestão dos edifícios. Em março de 2007, quando iniciou a sua atividade, a Parque Escolar tinha por meta a concretização de intervenções em 332 escolas até 2015. O Programa desenvolve-se em várias fases: – A Fase 0 incluiu intervenções em 4 escolas piloto: duas no Porto e duas em Lisboa; – A Fase 1, que inclui intervenções em 26 escolas distribuídas na zona Norte, região de Lisboa e Alentejo; – As Fases 2 e 3 do Programa, contemplam obras de modernização em 175 estabelecimentos de ensino espalhados de Norte a Sul do país.

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No final de 2009, dada a envergadura do projeto, a multiplicidade de agentes envolvidos nos processos de conceção, fiscalização e construção, o grande volume de informação técnico-económica, a necessidade de monitorizar os processos em concurso e de melhorar a qualidade técnica das intervenções, associados ainda a uma alteração significativa no enquadramento legislativo com a portaria 701-H/2008 e o novo Código para Contratação Pública, a Parque Escolar EPE estabeleceu com o Consórcio ProNIC (Protocolo para a Normalização da Informação Técnica na Construção) um contrato de prestação de serviços de investigação e desenvolvimento para adaptação da metodologia ProNIC ao programa nacional de modernização dos equipamentos escolares.

1. O projeto ProNIC Este projeto de investigação e desenvolvimento visa a criação de um conjunto integrado e sistematizado de conteúdos técnicos e

funcionalidades informáticas de articulação, gestão e interface com os utilizadores durante as várias fases do processo construtivo que possa constituir um referencial para o setor da construção portuguesa. A primeira fase do projeto ProNIC foi aprovada no âmbito do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento (POSC) e teve como entidades promotoras a DGEMN (Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais), o INH (Instituto Nacional da Habitação), posteriormente designado de IHRU (Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana) e a EP (Estradas de Portugal). O desenvolvimento do trabalho técnico do ProNIC é assegurado por um consórcio, criado para o efeito, no qual participam o Instituto da Construção (IC-FEUP), o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (INESC-Porto). O desenvolvimento visou duas grandes áreas da construção: – Os Edifícios (Construção Nova e Reabilitação); – As Infraestruturas Rodoviárias.


2. Objetivos do sistema ProNIC na Parque Escolar A celebração do contrato entre a Parque Escolar EPE e o Consórcio ProNIC, em novembro de 2009, marca uma nova fase deste projeto de investigação e desenvolvimento e do Programa de Modernização do Parque Escolar destinado ao Ensino Secundário, constituindo-se uma parceria para concretização de um projeto de investigação aplicada, de grande escala e à escala nacional. São objetivos fundamentais deste projeto: – A viabilização da utilização em ambiente real da aplicação ProNIC, através da sua implementação nos processos das obras em curso e a promover pela Parque Escolar EPE, designadamente na geração de conteúdos normalizados e de elevada fiabilidade técnica, organizados segundo matrizes de enquadramento de aplicação generalizada; – O desenvolvimento da componente técnica do projeto relativa à reabilitação de edifícios; – O desenvolvimento e teste de metodologias e funcionalidades destinadas à monitorização de projetos públicos de investimento imobiliário em matéria de controlo económico da fase de produção e também da fase de utilização, por via da aplicação efetiva destas ferramentas ao “Programa de Modernização do Parque Escolar”. A aplicação da ferramenta ProNIC visa: – Contribuir para a melhoria da qualidade na construção, criando uma referência sobre as melhores práticas, corretas especificações técnicas dos trabalhos da construção e integração das várias fases do processo construtivo; – Potenciar a redução de custos na fase de elaboração e análise de Cadernos de Encargos; – Induzir uma significativa redução de custos e de incerteza na fase de orçamentação; – Reduzir erros de interpretação dos documentos de concurso e projeto, minorando os custos da não qualidade e o peso dos trabalhos a mais; – Simplificar a gestão de empreitadas e subempreitadas;

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– Aumentar a eficiência da gestão através da criação e disponibilização de indicadores técnicos e económicos apropriados. Com a adoção do sistema ProNIC, a Parque Escolar pretendeu desenvolver um conjunto sistematizado e integrado de conteúdos técnicos de referência e de utilização generalizada para o setor da Construção, nomeadamente para as escolas integradas no programa.

3. Sobre a plataforma ProNIC Numa fase inicial, e de modo a testar os modelos de organização das obras de reabilitação de edifícios escolares, foram selecionadas como exemplo pela Parque Escolar duas escolas da Fase 2. O carregamento dos mapas de quanti-

dades de trabalhos destas escolas permitiu fazer uma análise técnica prévia, originando alterações e adaptações ao modelo preconizado. Esta adaptação na estrutura de classificação da informação foi realizada de forma a melhorar os modelos de gestão e de organização da informação para as obras da 3ª Fase do Programa (Figura 2). O modelo de Obra definido pela Parque Escolar para as escolas da Fase 3, integra as unidades de construção e as 25 especialidades de projeto (ver Figura 3). A ferramenta ProNIC é constituída por uma base de dados de conhecimento sobre os trabalhos de construção e por um conjunto de funcionalidades informáticas que permitem a gestão, manuseio e articulação dos conteúdos de uma forma versátil e intuitiva, podendo ser utilizada pelos diferentes agentes do processo

>2 > Figura 1: Transversalidade ProNIC. > Figura 2: Modelo Parque Escolar – Estrutura de desagregação da informação em 12 capítulos.

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construtivo (Figura 4). A base de dados inclui a informação técnica que permite gerar: – Articulados detalhados para a criação de Mapas de Trabalhos e Quantidades (MTQ); – Fichas de Execução de Trabalhos; – Fichas de Materiais; – Estimativas Orçamentais com base em preços de referência e em fichas de custos e rendimentos (Figura 5).

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> Figura 3: Modelo Parque Escolar – Modelo de Obra. > Figura 4: Elementos de informação e sua articulação. > Figura 5: Elementos de informação.

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As fichas de execução de trabalhos e as fichas de materiais são geradas automaticamente, em função do articulado de trabalhos criado, e obedecem a uma estrutura de organização comum, incluindo os conteúdos que dão corpo às Especificações Técnicas dos Cadernos de Encargos. Estes conteúdos refletem a aplicação da normalização nacional e europeia atualizada e as boas práticas de construção, integrando critérios de medição e disposições sobre segurança e manutenção (Figura 6). Para além da geração desta informação técnica, o ProNIC disponibiliza um conjunto de outras funcionalidades complementares e de apoio ao trabalho aos diversos tipos de utilizadores, designadamente: – Possibilidade de agregação de elementos externos – peças desenhadas e escritas do projeto, estudos e reconhecimentos, documentação técnica, modelos de documentos, etc – permitindo a organização estruturada e integrada de processos de obra; – Elaboração de medições detalhadas com a importação automática dos valores das quantidades dos artigos para os MTQ; – Desagregação da informação em diferentes níveis para facilitar processos de consulta a subempreiteiros e fornecedores; – Possibilidade de efetuar comparação de propostas de concorrentes em diferentes obras; – Atualização da base de dados de preços de referência, com base na retro informação obtida a partir das obras tratadas no ProNIC (só possível quando existe uma estandardização e codificação uniforme dos trabalhos de construção).


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4. Implementação do projeto ProNIC na Parque Escolar 4.1. Ações de divulgação e formação As ações de divulgação e formação da aplicação ProNIC aos projetistas contratados pela Parque Escolar para as escolas da Fase 3 foram iniciadas em dezembro de 2009. Programaram-se duas grandes ações de divulgação e delineou-se um programa de formação dirigido aos projetistas e seus colaboradores. Nestas ações estiveram envolvidos 600 projetistas de 150 gabinetes de projeto. As sessões incluíram também abordagens aos fundamentos técnicos dos conteúdos. 4.2. Dificuldades na implementação do projeto ProNIC A implementação do ProNIC na Parque Escolar foi um processo complexo, em resultado de um conjunto de diversos de fatores. Durante o primeiro trimestre de 2010, evidenciaramse algumas debilidades do programa, desde a lentidão de resposta na inserção e visualização do articulado, até à inexistência de alguns conteúdos chave. As fichas de trabalho e materiais associadas aos artigos não estiveram de imediato disponíveis aos projetistas e também não existia um manual de utilização do programa. A normalização e o rigor, este > Figura 6: Estrutura comum de organização das especificações

traduzido pela necessidade de uma melhor e mais completa especificação de materiais e soluções, obrigavam à formação e ao estudo dos projetistas, traduzindo-se num esforço inicial importante. A conjugação das lacunas e insuficiências exibidas inicialmente pelo ProNIC, com os prazos de execução dos projetos e as inevitáveis derrapagens nestes processos, consubstanciaram uma acumulação de dificuldades na sua aplicação, gerando resistências por parte dos intervenientes. Perante este cenário, a Parque Escolar e o Consórcio ProNIC, intensificaram as ações de formação, mobilizando de imediato equipas móveis de apoio aos projetistas e promovendo o rápido melhoramento do programa, quer ao nível informático (funcionalidades e facilidade de operação), quer ao nível dos conteúdos. 4.3. Necessidades específicas da Parque Escolar As ações desenvolvidas conduziram a uma notável evolução do ProNIC. Em dezembro de 2009, o ProNIC apenas permitia a geração do articulado para as diversas especialidades de projeto. Contudo, a necessidade de lançamento de concurso da 3ª fase do Programa, a partir do primeiro semestre de 2010, obrigou à implementação de novas funcionalidades. Foi

necessário, em particular, definir e disponibilizar todo o repositório documental do Projeto de Execução e do respetivo workflow de subscrição, entrega e validação dos processos. Foi realizada a interface e integração da plataforma ProNIC com uma plataforma de contratação eletrónica e foram desenvolvidos e integrados na ferramenta todos os procedimentos de tramitação de concurso público, designadamente os processos de “Esclarecimentos” e de “Erros e Omissões”. Ao longo do ano de 2010, foram continuamente implementadas várias melhorias das funcionalidades operativas destinadas a agilizar o trabalho dos utilizadores. A utilização do ProNIC em contexto real foi decisiva para o incremento da maturidade do programa, sendo essencial o contributo contínuo dos projetistas e a participação ativa das diversas áreas da Parque Escolar na especificação dos novos desenvolvimentos. Estabilizado o módulo relativo ao projeto, desde a conceção ao lançamento de concurso e tramitação processual, a Parque Escolar e o Consórcio ProNIC concentraram os seus esforços no desenvolvimento de novos módulos orientados para a gestão das empreitadas. Em março de 2011, foi disponibilizado o módulo de gestão dos autos de medição mensal que permite à Parque Escolar e às fiscalizações fa-


sistemas de informação na construção

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zer uma gestão mais eficiente da empreitada. Neste módulo foram desenvolvidos mecanismos de controle e validação, tendo sempre como objetivo prioritário minimizar erros e permitir um maior controle de desvios de custos e prazos. Em setembro de 2011 foram disponibilizados os módulos relativos a Ordens de Execução, contratos de Adicionais, Autos de Adicionais e repositório de elementos adicionais ao projeto.

4.4. Resultados e benefícios esperados na Parque Escolar Após dois anos de utilização da metodologia ProNIC, é possível listar um conjunto de benefícios e resultados obtidos pela utilização da plataforma nas várias fases dos processos relativos à Fase 3 do Programa de Modernização do Parque Escolar Destinado ao Ensino Secundário. Na fase de conceção, foi decisivo para uma melhor e mais eficiente coordenação do projeto, o

>8 > Figura 7: Resumo das principais funcionalidades do ProNIC. > Figura 8: Modelo de organização da documentação de acordo com a legislação vigente.

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facto de toda a equipa – projetistas e Parque Escolar estarem a trabalhar numa plataforma colaborativa, permitindo o desenvolvimento do seu trabalho sobre a mesma base – o mapa de trabalhos. A monitorização constante dos processos permitiu à Parque Escolar um acompanhamento mais efetivo da evolução dos projetos, em relação à organização a eventuais desvios orçamentais.


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O desenvolvimento do repositório documental foi essencial para garantir a uniformização na instrução dos projetos, evitando a falta de documentos fundamentais. Realça-se o facto de ter sido desenvolvido um mecanismo integrado para assinar digitalmente a documentação gerada pelo ProNIC. Na fase de contratação, tornando-se obrigatório o lançamento dos concursos públicos através de plataformas de contratação eletrónica, foi decisivo o mecanismo de integração desenvolvido, agilizando o envio dos processos para concurso. Foram disponibilizados mecanismos para uma mais eficiente gestão dos processos a montante, durante e após concurso por parte da Parque Escolar, nomeadamente verificações, tramitação e agilização do envio de elementos dos projetos. Na fase de execução das obras, a gestão das empreitadas e subempreitadas foi facilitada pela flexibilidade na geração de documentos.

A geração automática dos modelos de autos de medição e os mecanismos de controle desenvolvidos e implementados conduziram a um ganho de eficência. Foram disponibilizados mecanismos de receção, validação e fecho dos autos mensais. A ferramenta permite ainda gerar documentos em formato “pdf” assinados pelos três intervenientes – Adjudicatário, Fiscalização e Parque Escolar. Relativamente ao repositório documental, foi desenvolvido um módulo que permite a agregação de novos elementos ou a substituição de peças obsoletas aos processos. Foram recentemente disponibilizados os módulos para a instrução de Ordens de Execução, formalização de Adicionais e emissão dos respetivos autos, sendo igualmente possível a emissão da “Conta Final” e “Relatório Final”, como conclusão do processo de gestão da empreitada. A informação das diversas obras permite a

elaboração de relatórios detalhados com a definição de indicadores económicos ao nível da especialidade, capítulo ou unidade de construção, sendo também possível a definição de preços de referência. A participação permanente da Parque Escolar foi essencial no desenvolvimento do ProNIC, realçando-se também o esforço e a participação ativa dos diversos intervenientes dos processos – projetistas, medidores e fiscalizações - indispensáveis para concretizar os objetivos fundamentais da empresa nas diversas etapas dos processos das obras da Fase 3. Graças ao empenho e profissionalismo das diversas competências da Parque Escolar, através da partilha de conhecimento e experiência, foi possível moldar a ferramenta ProNIC às necessidades da empresa, obtendo óbvios ganhos de eficácia. O ProNIC é uma mais-valia decisiva na operação logística e administrativa da Parque Escolar.


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sistemas de informação na construção benchmarking na indústria da construção Jorge Moreira da Costa, Professor Associado, GEQUALTEC, DEC, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, jmfcosta@fe.up.pt Mónica Santos, MSc Engenharia Civil, Bolseira de Investigação, GEQUALTEC, DEC, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, mosantos@fe.up.pt Isabel Horta, Engenheira Civil, PhD Engenharia Industrial e Gestão, GEQUALTEC, DEC, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, imhorta@fe.up.pt Henriqueta Nóvoa, Professora Auxiliar, INEGI, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, hnovoa@fe.up.pt Miguel Fernandes, MSc Engenharia Informática, INEGI, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, miguel.fernandes@inegi.up.pt Nuno Almeida, MSc Engenharia Informática, INEGI, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, nalmeida@inegi.up.pt

BENCHMARKING – OS CONCEITOS É corrente encontrar a menção que os resultados de uma dada empresa definem o “benchmark” no seu ramo de atividade. Esta afirmação pode levar a encarar a análise de benchmarking como se se tratasse de um “ranking” de empresas, em que algumas se destacam pelo seu sucesso e outras estão no outro extremo. Umas são boas e outras são más. O benchmarking não tem – não deverá ter – esse objetivo, de catalogar as empresas. É um processo estatístico, simples na sua formulação, em que se visualiza o desempenho de um universo de empresas medido através de

>1 > Figura 1: Exemplo de curva de benchmarking.

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um indicador, isto é, um parâmetro que reflete um aspeto da atividade das empresas – por exemplo: liquidez, rentabilidade, satisfação do cliente, cumprimento de custo. A análise de benchmarking ordena as empresas em função do resultado obtido no indicador, desenhando um gráfico que possui, no eixo das ordenadas, os valores do indicador e, nas abcissas, uma escala de 0-100%. Cada empresa, sabendo seu o resultado, pode intersetar a curva com a linha horizontal correspondente e determinar qual o seu benchmark, que indica a percentagem de empresas que fazem parte do universo analisado que obtiveram um resultado igual ou inferior ao seu (Fig.1). Como se pode verificar, um dos aspetos mais

importantes, uma análise de benchmarking é completamente confidencial. Na curva não é identificada nenhuma empresa e o desempenho de cada uma só por esta é conhecido. Agrega num único registo as componentes quantitativa – qual a rentabilidade, qual o nível de satisfação dos clientes – e qualitativa – quantos concorrentes fazem melhor ou pior. O reflexo desta informação na empresa ficará a cargo dos seus gestores uma vez que as razões para resultados similares podem ser muito diversas, bem como os objetivos empresariais. Não existe o anátema de alguns rankings com identificação nominal em que várias das entidades analisadas se mantêm sucessivamente nos postos mais baixos, mesmo com esforços na melhoria do desempenho mas cujo resultado é condicionado por circunstâncias fora do seu controlo. Uma análise de benchmarking levanta, no entanto, um problema: para que as curvas obtidas sejam, realmente, uma radiografia credível de uma indústria, essas curvas deverão ser obtidas a partir dos dados originários de uma amostra alargada do universo de empresas que o compõem. Este é um obstáculo que se tem revelado difícil de ultrapassar limitando os benefícios possíveis de retirar deste maior conhecimento sobre o modo como uma indústria opera.


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EXPERIÊNCIAS DE BENCHMARKING NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO A preocupação com a avaliação do desempenho empresarial e do nível de qualidade do produto teve a sua génese em ambientes industriais clássicos, cuja atividade se desenrola em condições mais controladas e estáveis e cuja produção é repetitiva e em ciclos de relativa pequena duração. Abordagens como a TQM Total Quality Management, produção Lean, certificações ISO e o benchmarking surgiram, inicialmente, em indústrias de produção em série. A Indústria da Construção (IC) sempre se olhou como um caso à parte: produz protótipos, tem um ciclo de produção longo e o seu resultado dura décadas, não é renovado cada 5 ou 10 anos como um computador ou um automóvel. Mas exatamente por esta característica é responsável pela colocação no meio ambiente de elementos de enorme longevidade, grande impacto urbano (e, frequentemente, social), além de requererem meios financeiros apreciáveis. Construir um edifício, uma ponte, uma ETAR, custa muito dinheiro e envolve o trabalho direto e indireto de muitas pessoas. Foi esta visão e a consciência da falta de preocupação dos agentes da IC em relação à satisfação dos seus clientes que foi retratada no relatório Rethinking Construction, de 1998. Este relatório é uma reflexão profunda sobre a IC britânica, apresentada por um grupo de trabalho que, ao contrário de outras iniciativas similares, foi constituído não por membros da indústria mas por representantes de grandes clientes da mesma. Entre várias observações e propostas avançadas, duas mereceram destaque especial: (i) a necessidade da IC se preocupar mais com os seus clientes, informando-os (“educate them”, no original) para que estes possam ser mais exigentes e escolher com mais conhecimento e (ii) definir processos de avaliação do desempenho, estabelecer indicadores e objetivos para a sua melhoria e estabelecer processos de recolha de dados, análise e divulgação de resultados.

Uma das medidas implementadas na sequência deste estudo consistiu na criação de um sistema de recolha e tratamento de informação económica e operacional relativa à atividade das empresas da IC – construtores, consultores e produtores de materiais - que permitiu o estabelecimento de um conjunto de KPI’s Key Performance Indicators e a sua publicação anual. Este projeto iniciou-se em 1999 e é, atualmente, coordenado pelo organismo Constructing Excellence (www. constructingexcellence.org.uk). Outras iniciativas semelhantes foram desenvolvidas em vários países: nos EUA o Construction Industry Institute (CII) Benchmarking and Metrics Programme (http://www.construction-institute.org), no Brasil o Sistema de Indicadores para Benchmarking na Construção Civil (http://www6.ufrgs.br/norie/), no Chile o Sistema Nacional de Benchmarking para el Setor Construcción - Corporation de Desarrolo Tecnológico, na Dinamarca o DEN (http://www. byggeevaluering.dk/). Em Portugal o IAPMEI possui um programa de Benchmarking e Boas Práticas (http://www.iapmei.pt/iapmeibmkindex.php), embora não especificamente dirigido para a construção. Entre todos estes projetos, apenas o britânico tem mostrado sustentabilidade e sequência. Vários dos outros atrás mencionados já encerraram ou mantêm-se praticamente inativos. Em 2005 foi estabelecido um protocolo entre o IMOPPI, antecessor do InCI, e a FEUP com o objetivo de criar um modelo adaptado à IC portuguesa. Este projeto foi delineado de modo que, ao invés da abordagem britânica da altura baseada em suporte físico, a recolha e tratamento da informação fosse feita numa plataforma web. Nasceu, assim, a plataforma icBench – Benchmarks da Indústria da Construção, que foi desenvolvida pela FEUP e testada por um grupo de 30 empresas entre 2006 e 2007. O objetivo era, essencialmente, definir o modelo, estabelecer os indicadores mais interessantes, tanto no ponto de vista da entidade reguladora como das empresas, e efetuar um teste de robustez em que as empresas introduziam a informação

e ela era tratada automaticamente e produzia as curvas de benchmarking em tempo real. O resultado desta fase de teste deu origem a uma publicação de divulgação relativamente restrita mas a abertura da plataforma à generalidade das empresas, prevista no protocolo, não foi possível de concretizar. Entretanto, a Constructing Excellence criou, igualmente, uma plataforma web similar, de adesão voluntária (www.kpizone.com), mantendo a publicação anual dos KPI’s da IC britânica. No entanto constatou-se que o número de empresas que contribuem para as análises de benchmarking britânicas é relativamente reduzido, podendo questionarse se representam um efetivo diagnóstico da indústria. Apenas como exemplo, no único relatório que explicita o universo de análise (setor dos Consultores, 2004), os resultados foram obtidos a partir de 210 respostas entre 8000 inquéritos distribuídos.

A PLATAFORMA ICBENCH A IC, em qualquer país, engloba empresas de dimensão muito diversa com nível de gestão igualmente muito variável. A experiência dos KPIs britânicos demonstra que mesmo num contexto com maior tradição na recolha regular de informação sobre a atividade produtiva e de iniciativas de cooperação empresarial, como é o Reino Unido, conseguir disponibilidade das empresas para contribuir voluntariamente para uma investigação mais profunda sobre as forças e fraquezas do seu setor não é fácil. Com estas ideias em mente foi possível reativar a plataforma icBench em 2010 (Fig.2), com base num novo protocolo entre o InCI e a FEUP, no qual se estabeleceram dois níveis de abordagem da análise de benchmarking: (i) um Nível 1, destinado a todas as empresas construtoras com alvará, no qual são analisados 6 indicadores económico-financeiros que utilizam a informação que o InCI possui, pelo que não é necessária qualquer intervenção por parte das empresas;

> Figura 2: Página de entrada da plataforma icBench (www.icbench.net).

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(ii) um Nível 2, este já de adesão voluntária, que englobará outro grupo de indicadores relacionados com informação que apenas as empresas possuem, como Satisfação do Cliente, Desvio de Prazo e Custo, Propostas com sucesso, entre outras.

> Quadro 1: icBench – Nível 1: Indicadores contemplados.

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A vantagem do Nível 1 é evidente: com base na informação InCI é possível efetuar um diagnóstico de TODO o setor dos construtores em relação ao seu desempenho económico-financeiro, podendo sustentar decisões estratégicas do regulador e das associações empresariais. Os 6 indicadores que foram possíveis de definir, limitados pelo detalhe da informação disponível, surgem no Quadro 1. Como já referido, estes indicadores são de perfil exclusivamente económico, mas traduzem aspetos relevantes da atividade da empresa e sinalizam níveis de eficiência em áreas cruciais. A plataforma ficou online em novembro de 2011 em simultâneo com o envio por via postal pelo InCI, para todas as empresas com alvará, das suas credenciais de acesso à sua zona reservada. Nesta, além de dados gerais da empresa e dos seus benchmarks relativos a 2008 e 2009 correspondentes aos resultados globais da sua classe, podem ainda avaliar o seu desempenho em relação a outras classes ou empresas com sede num distrito específico (Figs. 3 e 4). Um gráfico de radar englobando todos os indicadores está igualmente disponível. Cada empresa acede unicamente às curvas gerais e aos seus resultados individuais, não sendo possível identificar nenhuma empresa específica. É um processo totalmente reservado e, tanto quanto foi possível investigar a nível nacional e internacional, trata-se da primeira vez que um setor industrial desta dimensão é radiografado na sua totalidade. Os resultados obtidos não correspondem a uma extrapolação de uma amostra, foram obtidos a partir dos dados de todas as empresas construtoras com alvará.

PRIMEIROS RESULTADOS GLOBAIS ICBENCH A análise dos dados de 2009 resultou, conforme já referido, num relatório disponível nas páginas do InCI www.inci.pt (Estudos e Relatórios Setoriais) ou www.icbench.net (Biblioteca). Entre os 6 indicadores estudados o I1.01 – Índice de Produtividade merece um primeiro comentário mais alargado, pelo reflexo que traduz em relação à atual situação da indústria. Na maioria dos casos em que se analisa a Produtividade, esta é definida como a relação entre a Produção – medida, por exemplo, pelo Volume de Negócios da empresa – e os Fatores de Produção, isto é, os meios utilizados. No caso particular da IC, tendo em conta os dados disponíveis e os critérios seguidos pelo InCI, a produção pode ser medida através do parâmetro VNO Volume de Negócios em Obra; em relação aos fatores de produção, sendo a construção uma indústria com recurso a mão de obra intensiva, fará sentido utilizar a dimensão dos recursos humanos como denominador. >4 > Figura 3: icBench – Avaliação interna de empresa / Índice de Produtividade. > Figura 4: icBench – Benchmark de comparação com o mercado / Índice de Produtividade e Rentabilidade.

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No entanto, dados atualizados relativos a este último parâmetro são apenas do conhecimento das empresas uma vez que no processo de pedido de alvará apenas é necessário identificar os trabalhadores correspondentes às exigências mínimas da classe; assim, muito provavelmente a real dimensão do corpo técnico e trabalhador das empresas será diversa da registada no InCI podendo levar a conclusões incorretas. Tendo estas condicionantes em conta mas não pretendendo prescindir de uma análise que refletisse o modo como a indústria se encontra a operar e o efeito das mais recentes alterações de conjuntura económica, decidiu-se definir um Índice de Produtividade em que o VNO é comparado com o valor médio da gama de classe, ou seja, o valor intermédio entre o limite superior da classe de alvará de cada empresa e o limite da classe imediatamente abaixo. Este processo alinha-se com a regra definida pelo InCI para a manutenção de alvará – VNO médio nos três últimos anos igual ou superior a 50% do limite da classe inferior – seguindo o princípio que uma empresa, preferencialmente, deverá realizar trabalhos correspondentes à sua faixa de alvará. O modo como o Índice de Produtividade (IP) é determinado consta do Quadro 2. Os gráficos de benchmarking resultantes podem ser consultados no relatório referido. Os correspondentes às classes 5 e 9 apresentamse na Fig. 5. Estes gráficos contemplam apenas a gama 10-90%, uma vez que se verificou que as empresas situadas nos extremos do universo (0-10% e 90-100%) apresentavam valores fora de escala, dificultando a perceção da distribuição geral do desempenho. Os resultados traduziram um cenário de que se pressentia mas que, deste modo, foi evidenciado. Usando o benchmarking para analisar o desempenho de todas as empresas com alvará válido e cuja informação registada permitiu a quantificação do Índice de Produtividade (um universo de 21.004 empresas), dividindo estas pelas suas classes respetivas, concluiu-se que (ver Quadro 3): – Para a maioria das classes, metade das empresas apenas consegue realizar um VNO anual correspondente a pouco mais do valor limite por contrato que o seu alvará permite (IP entre 1,1 e 1,6); – As exceções correspondem às classes 1, 8

e 9 mas, mesmo nestas, o VNO mantém-se muito limitado; – Cerca de 6% das empresas encontravam-se em situação potencial de incumprimento dos requisitos de permanência na classe, com especial incidência nas classes (intermédias) onde esta percentagem sobe para a vizinhança dos 10%; – Se ainda subsistiam algumas dúvidas sobre o sobredimensionamento empresarial do setor dos construtores da IC portuguesa, essa questão parece respondida. Um segundo indicador importante é I1.02 – Rentabilidade que, na abordagem icBench, utiliza o parâmetro EBITDA (Earnings before

interest, taxes, amortization and depreciation) de acordo com o estabelecido no Quadro 4. As curvas correspondentes às classes 5 e 9 encontram-se na Fig. 6. Estes resultados, confirmados pelos correspondentes às restantes classes, demonstram que o valor mínimo de RENT está próximo de 0%, enquanto os valores máximos se estabelecem na casa dos 35 50% para as classes mais baixas (1-5), reduzindo-se nas classes mais altas, até cerca de 15% para a classe 9. Este facto merecerá atenção à medida que dados mais recentes estejam disponíveis para tratamento, uma vez que revela que as empresas de menor dimensão e, em particular, as de dimensão média (classes 3-5) parecem

> Quadro 2: icBench – Índice de Produtividade.

> Quadro 3: IP para Benchmark de 50% e número de empresas em risco de descida de classe.

> Quadro 4: icBench – Rentabilidade.


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ter uma maior capacidade de criar sistemas produtivos com maior rentabilidade. À medida que a dimensão dos contratos aumenta, o nível de rentabilidade reduz-se consideravelmente.

NOTAS FINAIS A plataforma icBench ambiciona tornar-se num referencial de diagnóstico regular da IC portuguesa. Ao utilizar dados que abrangem a totalidade das empresas construtoras, a sua análise do desempenho económico traduz uma radiografia completa do setor, sendo informação essencial para os seus gestores, para o regulador e para as associações empresariais. Espera-se que, em breve, seja possível apresentar os resultados relativos a 2010; dependendo dos dados que estiverem disponíveis poderá ser possível definir mais indicadores ou aperfeiçoar os existentes. Este Nível 1 de benchmarking, que será sempre disponibilizado a todas as empresas, irá servir de base para o lançamento de um segundo nível, mais direcionado para empresas de classes mais elevadas e com nível de gestão mais desenvolvido, que serão desafiadas a contribuir para uma base de dados com informação mais específica mas que permitirá uma análise em outros prismas relevantes e a sua comparação com outros países, nomeadamente Reino Unido. Mas se parece lógico que este nível mais avançado se concentre nas empresas de

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maior dimensão – até pela influência que estas possuem na sustentabilidade do mercado pela subcontratação de empresas mais pequenas – os resultados obtidos com os dados de 2008 e 2009 revelam que existem empresas com desempenho muito interessante em quase todas as classes. Se observarmos as curvas de todos os indicadores verificamos que na faixa de benchmarking de 70-100% surgem empresas com resultados duas, três vezes melhores que os obtidos no benchmark de 50%. Isto é, existem empresas que conseguem ultrapassar as dificuldades e encontrar estratégias para uma atividade sustentável. E, de salientar, as empresas que demonstram essa maior capacidade, em que as curvas surgem com declives mais acentuados – logo maior crescimento relativo do desempenho – são as médias, das classes 3-6. Outro desafio será a ampliação desta plataforma para outros setores da IC, nomeadamente Consultores. Ao contrário dos construtores, em que se possui um registo de dados para o benchmarking de primeiro nível, a área da consultoria na construção não possui essa particularidade. No mercado competem empresas de diversas dimensões com profissionais ou grupos de profissionais independentes, sendo difícil transpor o modelo idealizado de forma direta. Mesmo assim, e tendo em conta a qualidade do trabalho dos consultores portugueses que começa a ser ainda mais

> Figura 5: icBench – Benchmarking do Índice de Produtividade: classes de alvará 5 e 9. > Figura 6: icBench – Benchmarking da Rentabilidade: classes de alvará 5 e 9.

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reconhecido internacionalmente, será uma evolução natural e importante para a IC, pelo que constituirá um dos principais objetivos a curto prazo deste projeto. Como conclusão poderá fazer-se um paralelo com o efeito que as TI estão a ter na sociedade através da disponibilização e partilha de informação sobre quase tudo. Atualmente quase ninguém compra um produto ou escolhe um hotel sem pesquisar, na web, opiniões de quem já o usa ou experimentou. Em concursos para a seleção de um construtor, um consultor, o conhecimento do nível de desempenho dos concorrentes irá começar a ser ainda mais relevante se suportado por um modelo de análise independente e abrangente. E, no caso da IC, poderá permitir que as boas empresas e profissionais possam demonstrar a eficiência do seu trabalho e manter-se no mercado. A indústria da construção portuguesa tem de se redimensionar e o benchmarking pode indicar como o deverá fazer.

Referências – Rethinking Construction, The Construction Task Force. DTI, UK, 1998. Acessível em http://www.constructingexcellence.org.uk/pdf/rethinking%20construction/ rethinking_construction_report.pdf – icBench – Resultados 2005. Jorge Moreira da Costa e Isabel Horta. FEUP/IMOPPI/ADI, Porto, 2006. ISBN 978972-752-088– Indicadores 2009 – Construtores. Jorge Moreira da Costa. FEUP/InCI, 2011. Acessível em http://www.icbench.net/ biblioteca#tab0


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sistemas de informação na construção fatores de sucesso para a implementação de metodologias de aquisição por meios eletrónicos: o e-sourcing na construção civil

A utilização das tecnologias de informação no setor da construção civil e obras públicas tem permitido atingir níveis elevados de performance, e produtividade e melhorar a organização e homogeneização dos processos internos das empresas e entre empresas. Este artigo pretende apresentar os fatores de sucesso para a correta implementação de metodologias de aquisição de bens, serviços e subempreitadas através de meios eletrónicas, designadamente plataformas de e-sourcing.

Pedro Vaz Paulo Instituto Superior Técnico ppaulo@civil.ist.utl.pt

1. Introdução

consegue obter resultados mais sustentáveis, incluindo uma maior economia, maior produtividade, maior eficiência e uma redução contínua de custos. Os processos de aquisição tradicionais fundamentam-se fortemente em métodos baseados em papel ou meios eletrónicos de comunicação e interação como o correio eletrónico, ferramentas de processamento de texto e folhas de cálculo, com o objetivo de adquirir bens ou serviços. Uma solução de e-Sourcing, por outro lado, permite a utilização de ferramentas web-based para executar eventos como RFx (request for information, request for quotation and request for proposals) com a grande vantagem de ter toda a informação organizada em local próprio, o que permite o acesso, leitura e entendimento desta informação com maior eficiência. Uma plataforma de e-Sourcing para a indústria da construção civil e obras públicas é um e-marketplace que reúne todos os intervenientes (empreiteiro gerais, subempreiteiros, fornecedores, empresas de mão de obra, empresas de aluguer de equipamento) com o objetivo de agilizar todo o processo entre envio de consultas e recebimento de propostas, quer em fase de preparação de propostas para concurso

A Internet apresenta-se como um excelente meio de comunicação para que as organizações e as pessoas possam alcançar os seus objetivos de forma rápida e eficaz. O desenvolvimento de web services para a contratação, permite criar valor no processo tradicional de consulta dos empreiteiros aos fornecedores e de negociação entre eles. Atualmente, os mercados eletrónicos têm-se adaptado aos processos tradicionais e têm sido implementados pelo que, é fundamental uma mudança de atitude e de modernização na estrutura empresarial. Quer para os compradores, quer para os fornecedores a utilização destes sis-temas permite um aumento de produtividade. Para os primeiros, permite lançar uma consulta, obter propostas e mapa comparativo em menor espaço de tempo com maior organização. Quanto aos segundos, permite aceder a um maior número de consultas e responder de forma rápida e eficaz. Para além disso, um e-marketplace permite às organizações preencher os requisitos da ISO 9001/2000 nomeadamente: avaliação e seleção de fornecedores; definição de critérios para seleção, avaliação

e reavaliação dos fornecedores; a informação de compra descreve o produto a ser comprado; declaração, na informação de compra, as disposições de verificação pretendidas e o método de entrega do produto e mapa de fornecedores e subempreiteiros consultados. Contudo, nem todas as entidades compradoras (empreiteiros gerais) conseguem criar as condições necessárias e suficientes para implementarem corretamente estas plataformas eletrónicas.

2. Plataforma de e-Sourcing Quer uma entidade compradora já tenha escolhido uma solução de e-Sourcing para uma estratégia de aquisição, quer pense em mudar de solução, as fases de adoção, implementação e gestão da mudança são fundamentais para o sucesso do programa. Várias entidades compradoras que investem em soluções de eSourcing são confrontadas com o desafio das mudanças culturais necessárias para garantir uma adoção bem-sucedida em toda a empresa. Através da correta adoção e uso eficiente de uma solução de e-Sourcing, uma organização

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sistemas de informação na construção

EMPREITEIROS

Concursos Públicos

Orçamento

Lança Consulta

Envia Proposta

Lança Consulta

Analisa Propostas

Recebe Consulta

Envia Proposta

Adjudicação

Adjudica

MERCADO ABERTO CONSTRULINK Recebe Consulta

Envia Proposta

FORNECEDORES

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(público/privado), quer em fase de execução de obra (Figura 1). A plataforma é um Sistema de Aquisição Dinâmico de comércio eletrónico entre empresas (B2B – Business to Business) que é acedido através da Internet (Figura 2), permite que em qualquer local com um computador com acesso à web se possa aceder à plataforma sem necessidade de instalar software. Atra-vés dele, o utilizador pode lançar consultas, para diversos fornecedores, para obter propostas para qualquer tipo de material, serviço, equipamento, mão de obra ou até mesmo de subempreitada. Estas respostas aos pedidos de preço (propostas) são inseridas na plataforma para que seja gerado automaticamente o Mapa Comparativo. A plataforma é um meio de comunicação de fácil utilização permitindo que todos os forne-cedores estejam presentes, agilizando todo o seu processo orçamental e de envio de propostas. Para além disso, o sistema respeita as hierarquias que cada empresa tenha na sua estrutura orgânica (Figura 3). A plataforma de e-Sourcing não se apresenta como uma central de compras, ou seja, não existe agregação de compras dos diferentes empreiteiros gerais, ou até mesmo dos diferentes diretores de obra e também não apresenta uma de lista de preços unitários médios. Entre compradores (empreiteiros gerais) não existe partilha de pre-

Organigrama de hierarquias internas em empreiteiro geral Diretor do Centro de Exploração / Administrador

Diretor da Divisão A

Diretor de Obra A.1

Diretor de Obra A.2

Diretor da Divisão B

Diretor de Obra A.3

Diretor de Obra B.1

Legenda Total acesso à informação produzida entre utilizadores no Mercado Aberto. Há partilha de Informação. Acesso limitado à informação produzida entre utilizadores no Mercado Aberto. Não há partilha de Informação.

>3 > Figura 1: Funcionamento de plataforma e-Sourcing [1]. > Figura 2: Exemplos de plataformas de eSourcing (Gatewit, Bravosolution). > Figura 3: Organigrama de hierarquias de partilha de informação adaptado à utilização do Mercado Aberto em diversas obras.

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Diretor de Obra B.2

Diretor de Obra B.3


ços das diversas propostas que os fornecedores enviam e não dispensa a negociação tradicional (contacto direto, presencial) para obtenção de melhores condições comerciais.

3. Benefícios As plataformas de e-Sourcing fornecem, quer a compradores, quer a fornecedores significativos e justificados benefícios. Num estudo técnico realizado pelo The Boston Consulting Group verifica-se que a redução de custos de tran-sação é razão que leva 48 % das empresas a aderirem a uma plataforma de e-Sourcing. De seguida serão apresentados alguns desses benefícios que as entidades podem usufruir, sendo que os maiores se classificam nas atividades de aprovisionamento eletrónico (e-procurement) e em gestão colaborativa. – Redução de custos diretos As empresas que adotaram soluções de plataformas de e-Sourcing têm reportado ganhos na compra direta de materiais em mais de 15% [2]. Esta redução é devida à redução de margens dos fornecedores e da transparência dos preços no mercado. – Redução dos custos de operação A plataforma de e-Sourcing oferece a estandardização e a regularização de processos de consulta, nomeadamente criar consulta, procura de fornecedores, lançar consulta, receção de propostas, análise de propostas, adjudicação, controlo de faturas e emissão de pagamento. Tais atributos reduzem os custos de operação e melhoram os processos de negócio. – Pesquisa de novos Fornecedores Os empreiteiros podem encontrar novos parceiros de negócio que antes não os conheciam ou que nunca tinham realizado qualquer negócio. A globalização do mercado torna-se cada vez mais eficaz permitindo o conhecimento e a promoção de empresas com custos reduzidos e de processos eficazes. – Corresponder aos requisitos dos fornecedores As plataformas de e-Sourcing permitem aos compradores obter informação acerca do modo como as compras estão a ser

realizadas para que possam alocar, controlar e reduzir os custos de organização. Os fornecedores podem também ser mais exigentes quanto à informação de consulta que recebem para que a proposta a elaborar seja completa e correta. – Melhorar a integração com outras aplicações existentes De modo a tornar todo o processo de consulta mais competitivo as empresas podem integrar na plataforma de e-Sourcing outras aplicações tais como os ERPs (Enterprise Resource Planning) através de tecnologias standard tais como Java, XML e HTML. O sistema suporta o upload de variados formatos de arquivos tais como peças escritas (minuta de contrato, caderno de encargos, etc.) ou peças desenhadas. Os arquivos são gravados num formato de com-pressão até 50% *.gzip para que a anexação de ficheiros seja mais rápida. – Redução do tempo de preparação do processo de consulta Todos os utilizadores e administradores podem acompanhar em tempo real o desenvolvimento da cadeia de processos para orçamentos ou aprovisionamento. Permite que os compradores possam comunicar automaticamente com os fornecedores selecionados e possam ter mais recursos para melhorar a negociação. Gera Mapas Comparativos Automáticos, tornando o processo mais organizado, eficiente e produtivo ao longo de todo o fluxo de trabalho. As reduções de tempo de preparação do processo de consulta têm destaque nas seguintes etapas: no desenvolvimento do pedido de cotação de preço, na atualização da base de dados de fornecedores, na receção propostas e na análise comparativa de propostas. – Redução do número de intermediários A globalização de contactos, a centralização e a atualização da base de dados podem tornar secundário o papel dos distribuidores na cadeia de aprovi-sionamento. Através da plataforma de e-Sourcing os contactos podem ser realizados de forma direta e simples automatizando o ciclo de compra. Contudo, existem determinadas redes de distribuição que continuarão a existir desde que essa seja a estratégia dos fabricantes para a venda dos produtos.

– Aumentar o poder de compra Alguns compradores (empreiteiros gerais) podem encontrar uma oportunidade de negócio em aderir ao e-marketplace para estarem presentes numa plataforma que é utilizada por outros compradores e fornecedores. – Influenciar o desenvolvimento da plataforma Os compradores aderentes à plataforma e-Sourcing podem também ter o objetivo de estar atentos e influenciar o desenvolvimento da aplicação em função da sua estratégia e posicionamento no mercado da construção civil e obras públicas.

4. Fatores de Sucesso – Formar uma equipa especializada Projetos estratégicos de e-Sourcing verdadeiramente bem-sucedidos devem ser pensados de início e planeados para que não existam dificuldades no futuro. Uma maneira de o garantir é formar uma equipa dedicada para lidar com a aplicação, liderada por alguém com experiencia na área e que siga os princípios geralmente aceites de gestão de projetos e processos de gestão. Uma equipa focada em objetivos pode garantir o sucesso inicial do projeto, facto fundamental para a adesão de fornecedores, combater o ceticismo inicial e definir tendências futuras. – Envolver os Stakeholders É necessário o envolvimento de todas as partes interessadas de uma organização em cada uma das categorias de compras de uma estratégia de e-Sourcing, desta forma é dado um entendimento mais geral da utilização da solução de e-Sourcing, são estabelecidas relações de confiança entre a equipa responsável pelo projeto e os stakeholders e tona-se mais fácil a identificação de possíveis constrangimentos. É também importante descrever as metas, requisitos, prazos do projeto, e comunicá-los a todas os seus stakeholders, estando assim a contribuir decisivamente para o sucesso do projeto. É fundamental que toda a organização, com destaque para a administração, devido ao papel que desempenham, esteja

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sistemas de informação na construção

alinhada com os benefícios que a implementação de uma solução e-Sourcing terá. Quanto à comunicação, será útil analisar os seus stakeholders, identificar todos os que desempenham papéis chave para a organização e comunicar com cada um deles apenas a informação que lhes diz respeito. – Estabelecer relações fortes com os Fornecedores Os fornecedores são elementos essenciais para a utilização bem-sucedida de uma solução de e-Sourcing logo deve-se manter uma relação próxima com eles e garantir que dispõem de todas as condições que necessitam. Responder proactivamente a todas as objeções levantadas numa fase inicial, garantir que os fornecedores estão confortáveis com a solução selecionada ou dar feedback aos fornecedores independentemente dos resultados obtidos é fundamental para garantir adoção da solução e consequentemente o sucesso do projeto. O resultado de não se acompanhar devidamente um fornecedor não é apenas um evento de aquisição com um sucesso aquém das expectativas, como é provável que a base de fornecedores da entidade compradora diminua em eventos futu-ros. Estabelecer processos de avaliação de performance que definam - como e quando os fornecedores serão reconhecidos pelos bons resultados; como novos processos de compra serão atribuídos a fornecedores existentes; quando as relações com fornecedores deverão ser terminadas – também são tarefas que permitirão tirar o melhor partido da solução de e-Sourcing. Incentivar a inovação dos fornecedores pode melhorar os processos e encontrar novas oportunidades de poupança. Deve apoiar-se a criatividade dos forne-cedores através de métodos de compra flexíveis com modelos de avaliação avançados, estratégias de categorização para futuras reduções de custo em categorias-chave, e relacionamentos estratégicos. – Desenvolver incentivos de desempenho O uso de uma solução de e-Sourcing permite alcançar economias de custo e uma redução contínua de custos em toda a organização, mas a eficácia de mesmo a melhor

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tecnologia é largamente dependente da sua utilização bem-sucedida. Dinamizar a utilização começa com o uso adequado de incentivos. Uma forma eficaz de o garantir é ligar a utilização das ferramentas com o desempenho dos funcionários. Programas de compensação de incentivo variáveis ou avaliações de desempenho podem facilmente incluir o uso de fer-ramentas de e-Sourcing como critérios de sucesso. E convém recordar que caso a adoção da solução seja bem-sucedida e se obtenham resultados claros de poupança na organização, o resto da orga-nização também se irá interessar pela solução e poder-se-á dessa forma dis-seminar a sua utilização. – Utilização de métricas estatísticas Estabelecer objetivos e utilizar métodos analíticos de decisão no que concerne a estratégias de e-Sourcing tem inúmeras vantagens no cumprimento de metas e eficácia de utilização. Manter métricas estatísticas de avaliação do estado do projeto, é um fator que desempenha um papel fundamental na obtenção de melhores resultados. Este é especialmente útil no longo prazo, já que permite ganhar um maior conhe-cimento do estado do projeto e redefinir estratégias de compra que não estejam a obter resultados satisfatórios. Devem ser selecionadas entre três e cinco métricas que sejam fáceis de acompanhar ao longo de vários meses e anos, mante-las durante o maior número tempo possível, e ainda evitar escolher novas métricas depois de alguns meses, pois pode levar a mudanças ines-peradas e indesejáveis de resultados e a impossibilidade de os comparar com os resultados anteriormente analisados. Todos os funcionários e fornecedores são mais propensos a comportarem-se de acordo com as políticas de e-Sourcing definidas se a estratégia estiver a ser medida por métricas consistentes.

5. Conclusões No atual contexto as empresas nacionais estão a reagir lentamente às novas tecnologias – os

grandes compradores devem incentivar o mercado nacional atuando de forma pedagógica junto dos fornecedores. As PME´s têm, de forma generalizada, falta de massa critica e desadequada formação profissional na área de compras. As plataformas de e-Sourcing apresentam grandes vantagens na perspetiva de redução de custos operacionais das empresas e têm o poten-cial de alavancagem da reengenharia dos processos na área de compras de modo a ser o catalizador da “escalada” dos e-marketplaces e ser o elemento diferenciador de sucesso num futuro próximo. Garantir o sucesso na utilização de uma solução de e-Sourcing depende em grande parte do desenvolvimento e execução de um plano bem concebido de implementação. As melhores práticas fornecem uma base sólida para qualquer iniciativa de lançamento e são destinadas a garantir que os seus funcionários e fornecedores compreendem o processo e são competentes no uso da solução. Para além disso a seleção da solução de e-Sourcing a implementar também terá um impacto enorme sobre o empenho dos funcionários e fornecedores para a adotar e utilizar numa base de longo prazo. Garantir que se opta por uma solução que seja de fácil compreensão e que ofereça a flexibilidade que as características únicas da sua organização necessitam, é fulcral para o sucesso do seu negócio.

6. Referências bibliográficas [1] PAULO, Pedro (2004) “Avaliação do Impacte da Utilização de Mercados Eletrónicos nos Empreiteiros e Fornecedores.”, Congresso Nacional da Construção 2004, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto. [2] GHAZALY, Sammy El (2005) “Benefits and Barriers on B2B E-marketplaces“, eMarket Services - Swedish Trade Council, Sweden. [3] ANDREW, James P.; BLACKBURN, Andy; SIRKEN, Harold (2000) “The B2B Opportunity Creating Advantage Through E-marketplaces “,The Boston Con-sulting Group, U.S.A. [4] PAULO, Pedro (2003) “E-business na Construção: Tecnologias de Informação Aplicadas ao Setor“, Tese de Mestrado, Instituto Superior Técnico, Lisboa. [5] PAULO, Pedro (2006) “O Aprovisionamento como Estratégia para a obtenção da vantagem competitiva”, Curso de Formação FUNDEC-IST, Instituto Superior Técnico, Lisboa.”


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verificação da segurança sísmica de edifícios em alvenaria através de metodologias simplificadas Este artigo introduz conceitos de base para o cálculo sísmico de edifícios sustentáveis em alvenaria simples de pequeno porte (até 2 pisos), usando metodologias de análise estrutural a nível global e simplificadas. Estas metodologias, ainda que relativamente simples e passíveis de utilização através de um cálculo manual, foram desenvolvidas em países com sismicidade média a alta, e ainda assim com forte tradição de construção em alvenaria simples moderna (i.e., empregando unidades robustas e estruturas com paredes bem ligadas e dispostas em ambas as direções). O desempenho sísmico de edifícios assim dimensionados mostrou-se bastante satisfatório.

Introdução A utilização de tijolos cerâmicos terá sido, provavelmente, um dos maiores passos de desenvolvimento na história da construção, dadas as vantagens construtivas e funcionais que este material permitiu relativamente à pedra. A Revolução Industrial potenciou a produção mecanizada de tijolos cerâmicos perfurados, cujas potencialidades permitiram um grande desenvolvimento e uso deste material. As características dos tijolos foram igualmente influenciadas pelo uso emergente de estruturas em betão armado, ainda que nesta solução os tijolos sejam usados como

material de enchimento sem requisitos mecânicos significativos. No entanto, tendo em vista a sustentabilidade da construção, nomeadamente através da otimização de recursos naturais, as unidades de alvenaria têm sido desenvolvidas de modo a que permitam o seu uso estrutural moderno, particularmente através do sistema de alvenaria resistente simples. Mais do que o número de pisos ou o vão dos edifícios, o desafio para a indústria da construção passa pelo desenvolvimento de soluções permitindo uma dependência mínima de fontes energéticas artificiais. Desta forma, a tipologia em

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Rui Marques1 e Paulo B. Lourenço2 ISISE, Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Minho 1 marquesmnc@sapo.pt, 2pbl@civil.uminho.pt

alvenaria resistente simples na construção de pequenos edifícios é potenciada como um sistema com energia e custos reduzidos, permitindo poupança de recursos económicos e redução do impacto ambiental. A indústria de unidades para alvenaria, especialmente de tijolos cerâmicos, está particularmente desenvolvida em países como a Alemanha e a Espanha, e disponível no mercado português, onde unidades com elevadas propriedades funcionais e mecânicas permitem o uso de alvenaria estrutural alternativamente ao betão armado, com todas as vantagens: culturais, sociais, energéticas, económicas, ambientais, de conforto, segurança no trabalho, velocidade de construção, trabalhabilidade, durabilidade e, em geral, sustentabilidade. Por exemplo, o uso de parede simples com o tijolo espanhol “Termobrick” de 31cm de espessura (transmitância térmica de 0.53W/m2ºK), ver Figura 1a, em alternativa a parede dupla com tijolos de furação horizontal (panos de 15+11cm + 3cm de isolamento XPS conforme Fig. 1b; transmitância térmica de 0.54W/m2 ºK) permite uma economia de 25% no custo da alvenaria. Além do mais, a alvenaria simples é um sistema de construção fechado, permitindo minimizar as perdas de energia e a necessidade da sua

> Figura 1: Tipologias de alvenaria (a) resistente simples e (b) de enchimento com dois panos.

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sísmica

compensação, e consequentemente o impacto nas sensações físicas humanas. Desta forma, os edifícios em alvenaria simples resultam mais confortáveis e saudáveis para os utilizadores. Também por esta razão, significativa parte da economia conseguida com o sistema estrutural em alvenaria simples advém dos custos de utilização a médio-longo prazo, e a longo prazo por razões de durabilidade.

Verificação da Segurança Sísmica Para além do desempenho energético dos edifícios, a sua segurança estrutural, particularmente a sua segurança sísmica, necessita igualmente de ser verificada. A ocorrência de sismos severos recentes, tais como os terramotos do Haiti e do Chile em 2010, tem colocado em evidência a vulnerabilidade sísmica de edifícios deficientemente dimensionados. Sobre este aspeto, convém não esquecer que Portugal é um país com sismicidade média a elevada, trazendo-se aqui à memória os sismos destrutivos de Lisboa (1755), Benavente (1909) e Açores (1998). Para além das perdas materiais, estes eventos deixaram marcas irreversíveis nas populações, seja por morte ou trauma sofridos. Na década de 1970, como reação à ocorrência de sismos destrutivos na ex-Jugoslávia e em Itália (e.g., Skopje em 1963, Friuli em 1976), um método pioneiro foi introduzido para a verificação da segurança sísmica de edifícios em alvenaria, o POR [1], o qual resultou da experiência adquirida na observação dos efeitos dos sismos sobre os edifícos, e também de campanhas experimentais alargadas [2-4]. Este método considerava uma resposta força-deslocamento laterais (V-d) bilinear e conjunta (aditiva) das

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paredes em cada piso do edifício (Fig. 2a). Ainda que bastante simples, e baseado num “mecanismo de piso” exemplificado na Figura 2b que mostra o colapso de um edifício ensaiado em platafoma sísmica devido a um mecanismo do piso-térreo, este método é ainda hoje usado em Itália no cálculo de edifícios até 2 pisos. Por outro lado, em Portugal o método POR é ainda hoje desconhecido, sendo o dimensionamento sísmico de edifícios baseado em metodologias de análise local essencialmente elásticas, as quais substimam significativamente a capacidade das estruturas em alvenaria. Por esta razão, neste trabalho introduzem-se conceitos básicos para o cálculo de edifícios em alvenaria considerando o comportamento não-linear e global dos edifícios. Com respeito à Figura 2a, a resposta bilinear a ações laterais assumida para uma parede de alvenaria, entenda-se para um nembo de alvenaria, consiste de um primeiro tramo com rigidez elástica kl admitindo uma condição de deformação com dupla curvatura (Eq. 1): k l = G ∙ B ∙ s /(χ ∙ H) ∙ 1/(1 + G/(χ ∙ E) ∙ (H/B)2) (1)

onde E e G são respetivamente os módulos de elasticidade normal e tangencial da alvenaria; B, H e s são respetivamente o comprimento, a altura e a espessura do painel; χ é o fator de

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corte, o qual para secções retangulares assume valor de 1.2. A resposta elástica é limitada pela ativação de um mecanismo de colapso, que em função das condições da parede (propriedades mecânicas, esforço normal e esbeltez) pode ser por flexão composta, deslizamento horizontal, deslizamento diagonal ou corte diagonal, tal como ilustrado na Figura 3. O limite de resistência de uma parede pode ser formulado através das Equações 2-4, em função do tipo de mecanismo condicionante: – Flexão composta: Vf = B/H ∙ (N – N2/(f k ∙ B ∙ s))

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– Deslizamento horizontal ou diagonal: Vd = (B ∙ s ∙ f vk0 + 0.4 ∙ N) / (0.75 + 0.25 ∙ H/B)

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– Corte diagonal: Vt = ((ftk0 ∙ B ∙ s)2 + (ftk0 ∙ B ∙ s ∙ N)/(0.75 + 0.25 ∙ H/B ))1/2 (4)

onde N é a força axial sobre o painel; fk é a resistência à compressão, fvk0 é a resistência ao corte sob compressão nula, e ftk0 é a resistência pura ao corte por tração diagonal da alvenaria. Atingida a resistência limite da parede, a evidência experimental [6] demonstra que a parede possui uma reserva de capacidade não linear, relacionada com a capacidade de deformação cíclica inelástica e com a dissipação de energia. Esta característica é considerada na resposta através da definição de um ramo plástico com ductilidade (du/de) na ordem de 5.0 para o mecanismo de flexão composta e de 2.0 para o mecanismo de corte [7]. Depois de calculada a resposta bilinear para as várias paredes, a resposta global do piso é definida como a linha multilinear resultante da soma das respostas individuais (Fig. 2a).

> Figura 2: (a) Princípio de cálculo do POR [1] assumindo (b) um mecanismo de piso [5]. > Figura 3: Mecanismos de colapso típicos de nembos em alvenaria: (a) flexão composta, (b) deslizamento horizontal, (c) deslizamento diagonal e (d) corte diagonal.

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Ainda que o método POR obrigue a uma análise piso-por-piso, a verificação do piso-térreo é normalmente condicionante, face ao nível máximo de solicitação ali mobilizado. Note-se que, tal como proposto em [8] a resistência do edifício deve ser determinada com base quer na capacidade de carga lateral, quer na ductilidade disponível do piso crítico. Desta forma, a resistência sísmica do edifício Vu,p deve ser avaliada a partir de uma envolvente idealizada bilinear (a tracejado na Fig. 2a) para verificar os requisitos de ductilidade estrutural. Tal envolvente bilinear é definida assumindo a rigidez elástica inicial da envolvente calculada, e um patamar plástico que se prolonga até um nível de deslocamento em correspondência com uma queda de 20% de Vu,tot sobre a curva de capacidade calculada, assegurando que a área abaixo da envolvente calculada é igual à área sob a envolvente idealizada bilinear (condição de energia). Por outro lado, a ductilidade global do piso em análise, estimada como a relação entre o deslocamento último (dp) da envolvente bilinear e o seu deslocamento de cedência (dy), deve resultar pelo menos igual a 1.6 (condição de ductilidade). A verificação da segurança em termos de força é feita comparando a resistência sísmica do edifício Vu,p com a força lateral de cálculo a que o piso é solicitado, a qual pode ser calculada através do “método por forças laterais” definido no Eurocódigo 8 [9]: ca ∙ S d (T1) ∙ m ∙ λ ≤ Vu,p

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onde ca é o coeficiente de afetação da ação de corte basal ao piso em análise, no cálculo do qual se pode assumir uma distribuição de força em altura proporcional à massa ou proporcional à massa ou proporcional ao primeiro modo de vibração na direção estudada multiplicado pela massa; Sd(T1) é a ordenada do espectro de cálculo para o período fundamental de vibração do edifício, T1; m é a massa total do edifício; λ é um fator de correção que depende do número de pisos e do valor de T1: 0.85 se T1 ≤ 2TC e o edifício tiver mais de dois pisos, ou 1.0 caso contrário; TC é o limite superior do período no

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patamar de aceleração espectral constante. Os valores dos parâmetros envolvidos no cálculo da ordenada do espectro de cálculo podem ser obtidos em [9]. Alternativamente à análise piso-por-piso através do método POR, um procedimento baseado na análise da resposta do edifício no seu todo tem vindo a ser implementado por Marques e Lourenço [10]. Trata-se de um método idealizado por Augenti [7] com inspiração no POR, o qual permite no entanto evoluir para uma análise da resposta global de edifícios, baseado na assumpção de uma resposta cumulativa de pisos e paredes. O uso de metodologias de análise global permite, em geral, obter soluções estruturalmente mais equilibradas. Ainda que suportado por uma formulação complexa incremental-iterativa, tal método pode ser implementado numa folha de cálculo, com referência à Figura 4, seguindo os passos de: (1) cálculo da curva característica T-d de cada parede de piso considerando a contribuição dos nembos que a constituem, (2) cálculo da curva de capacidade V-D de cada parede multipiso integrando as curvas características individuais de cada piso e (3) cálculo da curva de capacidade do edifício como a soma das curvas de paredes multipiso resistentes na direção em estudo. O procedimento de verificação da segurança é análogo ao apresentado atrás.

Conclusões Neste artigo são identificadas vantagens a curto, médio e longo prazo na construção de edifícios de pequeno porte (até 2 pisos) com estrutura resistente em alvenaria simples, particularmente aquelas relacionadas com o custo da construção, com o ciclo energético e com a

durabilidade, permitindo poupança de recursos económicos e menores impactos ambientais. Os métodos apresentados para verificação sísmica de edifícios em alvenaria simples estão amplamente validados face à sua base científica e experimental, assim como largamente disseminados em países com forte tradição de construção em alvenaria. Tais métodos permitem um cálculo e interpretação de resultados simples e intuitivos, dismistificando a dificuldade de aplicação de métodos inelásticos no dimensionamento de estruturas. Ainda que existam ferramentas sofisticadas para análise estrutural, acredita-se que o sucesso no cálculo de estruturas em alvenaria passa pela introdução de metodologias simples de análise global. 4. REFERÊNCIAS [1] Tomaževic, M. 1978. The computer program POR. Report ZRMK, Liubliana (em esloveno). [2] Turnšek, V. e Cacovic, F. 1970. Some experimental results on the strength of brick masonry walls. Proceedings of the Second International Brick Masonry Conference, Stoke-onTrent, 149-156 [3] Tomaževic, M., Turnšek, V. e Tercelj, S. 1978. Computation of the shear resistance of masonry buildings. Report ZRMK-IK, Liubliana (em esloveno). [4] Tomaževic, M. e Turnšek, V. 1982. Verification of the seismic resistance of masonry buildings. Proceedings of the British Ceramic Society, Stoke-on-Trent, No. 30, 360-369. [5] Tomaževic, M., Modena, C., Velechovsky, T. e Weiss, P. 1990. The influence of structural layout and reinforcement on the seismic behaviour of masonry buildings: An experimental study. The Masonry Society Journal, 9(1):26-50. [6] Anthoine, A., Magenes, G. e Magonette, G. 1995. Shearcompression testing and analysis of brick masonry walls. Proceedings of the 10th European Conference on Earthquake Engineering, Viena. [7] Augenti, N. 2004. Il calcolo sismico degli edifici in muratura. UTET Libreria, Turim (em italiano). [8] Tomaževic, M. e Weiss, P. 1990. A rational, experimentally based method for the verification of earthquake resistance of masonry buildings. Proceedings of the 4th U.S. National Conference on Earthquake Engineering, Palm Springs, Vol. 2, 349-358. [9] IPQ 2010. NP EN 1998-1:2010: Eurocódigo 8 – Projeto de estruturas para resistência aos sismos, Parte 1: Regras gerais, ações sísmicas e regras para edifícios. CT 115 (LNEC), março de 2010. [10] Marques, R. e Lourenço, P.B. 2011. Possibilities and comparison of structural component models for the seismic assessment of modern unreinforced masonry buildings. Computers and Structures, 89(21-22):2079-2091.

> Figura 4: Cálculo da curva de capacidade de (a) parede e (b) edifício [10].

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Novo sistema de revestimento de pavimentos

A Sika lançou em Portugal um novo sistema de revestimento de pavimentos, especialmente, destinado a áreas onde as pessoas tenham de permanecer muito tempo de pé, tais como, infantários, creches, hotéis, hospitais, clínicas e museus. Proporcionar conforto é o objetivo primordial deste material. A solução Sika ComfortFloor reduz o ruído refletido e o ruído transmitido. Comparativamente com outros revestimentos de pavimentos, este tem a vantagem de conseguir diminuir a perceção do risco e das deformações. “Em termos arquitetónicos permite a obtenção de pavimentos contínuos, sem juntas, o que se torna uma mais-valia em termos estéticos, funcionais e de higiene”, explica a Sika em comunicado. Estas soluções estão disponíveis numa vasta gama de cores, incluindo afinações. A gama Sika ComfortFloor é composta por 4 sistemas: – O Sika ComfortFloor é um sistema autoalisante elástico, liso e com baixa emissão de COV’s, está disponível nas cores do catálogo RAL e NCS; – O Sika ComfortFloor Pro é um sistema autoalisante elástico com características de isolamento do ruído (19 dB) (tanto no ruído transmitido como no refletido), liso e colorido, com baixa emissão de COV’s; – O Sika ComfortFloor Decorative é um sistema autoalisante elástico, liso e decorativo que tem a vantagem de poder ser polvilhado com chips coloridos, aumentando dessa forma a possibilidade de diferentes designs; – O Sika ComfortFloor Decorative Pro é um sistema autoalisante elástico, liso e decorativo, com características de isolamento acústico (17 dB), que tem a vantagem de poder ser polvilhado com chips coloridos mantendo dessa forma a possibilidade de diferentes designs.

http://prt.sika.com/

Características/vantagens: − Baixa emissão de componentes orgânicos voláteis (COV); − Absorção de ruído ambiente; − Bom isolamento dos ruídos de impacto; − Elevado conforto; − Boa resistência ao desgaste; − Boa resistência ao impacto; − Ponte de fissuras-elástico; − Decorativas.

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sustentabilidade DECLARAÇÕES AMBIENTAIS DE PRODUTOS NA CONSTRUÇÃO

Helena Gervásio, DEC - U.Coimbra

No âmbito da política europeia ambiental, a responsabilidade dos produtores em relação aos impactos ambientais dos seus produtos já não está limitada à porta das suas instalações industriais. A Comissão Europeia realça o facto de os produtores partilharem também a responsabilidade dos impactos dos seus produtos até ao seu final de vida, incluindo a sua utilização [1]. Simultaneamente, tem vindo a promover uma atitude mais responsável por parte dos estados membros através do desenvolvimento de políticas de compras públicas ecológias (utilização de critérios ambientais).

Assim, torna-se necessário ferramentas de comunicação com informação rigorosa e certificada sobre aspetos ambientais, com as quais os produtores possam passar a informação ambiental dos seus produtos para os consumidores. Neste sentido, a rotulagem ecológica de produtos é incentivada como uma ferramenta de mercado [2], a fim de promover o comércio de produtos com baixo impacto ambiental e estimular a exigência por parte dos consumidores de produtos mais ecológicos. No setor da construção a rotulagem ecológica de produtos pode ser utilizada para verificação da conformidade com os diversos critérios ambientais desde que [3]: (i) os requisitos sejam baseados em informações científicas, (ii) sejam adotadas tendo em consideração a participação de todas as partes interessadas (tais como entidades governamentais, consumidores, fabricantes, distribuidores e organizações ambientais), (iii) serem acessíveis a todos os interessados; e (iv) as especificações definidas pelos rótulos sejam adequadas para o tipo de contrato em questão. O Comité Internacional de Normalização (ISO) define três tipos de rotulagem ambiental: – Tipo I [4] - programa voluntário de terceira parte, baseado em critérios múltiplos que atribui uma licença para a utilização de rótulos ambientais em produtos indicando a superioridade ambiental global de um produto, baseada em considerações do ciclo de vida; – Tipo II [5] - declaração ambiental efetuada sem a certificação de uma terceira-parte independente (autodeclaração); – Tipo III [6] - informação quantificada sobre

o desempenho ambiental de um produto ao longo do seu ciclo de vida e verificada por terceira parte independente – Declaração Ambiental de Produto (DAP). As últimas foram definidas precisamente para permitir aos produtores comunicar aos consumidores a informação ambiental dos seus produtos. As normas acima referidas têm uma aplicação generalizada. Relativamente a produtos da construção, o Comité Europeu de Normalização (CEN), através do Mandato 350 “Sustainability of construction works”, tem vindo a desenvolver uma série de normas com o objetivo de desenvolver rotulagem ambiental do tipo III específicos para produtos da construção. Foi assim recentemente aprovada a norma EN 15804 [7], a qual define os critérios, requisitos e linhas de orientação para a identificação de categorias de produtos específicos, definindo os parâmetros para preparar e desenvolver uma DAP. Para que as DAP sejam um contributo importante para competir no mercado da exportação é imprescindível que elas estejam registadas num sistema de registo público. Assim, foi recentemente lançado em Por tugal pela Plataforma para a Construção Sustentável, em parceria com várias associações, o projeto DAPHabitat [8]. Este projeto tem como principal objetivo a criação de um sistema de registo nacional das declarações ambientais de produto para o habitat desenvolvidas em território nacional, e foi desenvolvido com base no mais recente enquadramento normativo europeu CEN/TC 350 e nas práticas comuns dos programas de registo europeu já ativos. Além disso, em finais de 2011 foi assinado em

Bruxelas um Memoradum de entendimento, designado “ECO” , para o lançamento de uma plataforma europeia de registo de DAPs. Este Memoradum foi assinado por programas de declarações ambientais de diversos países, incluindo Portugal. A ECO plataforma tem por objetivo o desenvolvimento de DAPs que sejam reconhecidas a nível europeu. As DAPs são ferramentas fundamentais para um habitat mais sustentável e constituem um processo incontornável para a competitividade e internacionalização dos produtos nacionais para a construção.

Referências [1] Philippe Osset, P., Charbonnier, S., Troadec, P. e Ghoumidh, A. How environment product declarations pratically contributes to an efficient policy setting in the building setor in Europe. (http://fdes.ecobilan.com/documents/ PAP5458.pdf). [2] COM(2003) 302 final. 2003. COMMUNICATION FROM THE COMMISSION TO THE COUNCIL AND THE EUROPEAN PARLIAMENT. Integrated Product Policy. Building on Environmental Life-Cycle Thinking. Brussels. [3] Buying green! A handbook on environmental public procurement. 2004. Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities. (http:// ec.europa.eu/environment/gpp/pdf/buying _ green_handbook_en.pdf). [4] ISO 14024. 1999. Environmental labels and declarations – Type I environmental labelling – Principles and procedures. International Organisation of Standardisation, Geneva, Switzerland. [5] ISO 14021. 1999. Environmental labels and declarations – Self-declared environmental claims (Type II environmental labelling). International Organisation of Standardisation, Geneva, Switzerland. [6] ISO 14025. 2006. Environmental labels and declarations – Type III environmental declarations – Principles and procedures. International Organisation of Standardisation, Geneva, Switzerland. [7] EN 15804: 2012. Sustainability of construction works – Environmental product declarations – Core rules for the product category of construction products. European Committee for Standardization, Brussels. [8] Registo Nacional DAP para o Habitat - www.daphabitat.pt (brevemente disponível).

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38_39 térmica Comportamento térmico dos edifícios de habitação – Ênfase no conforto para se obterem edifícios com necessidades térmicas quase nulas Armando Pinto, Eng.º Mecânico, Investigador Auxiliar do LNEC

O regulamento sobre o compor tamento térmico de edifícios de 2006 (RCCTE2006), atualizou as metodologias de cálculo e o nível de exigência em relação à qualidade térmica da envolvente. De uma forma geral os coeficientes de transmissão térmica dos elementos opacos da envolvente foram reduzidos para sensivelmente metade dos especificados no regulamento de 1990. O RCCTE de 2006 pressupõe que as necessidades térmicas de aquecimento e de arrefecimento são supridas por sistemas de climatização, sendo muito valorizada esta componente na classe energética do edifício. No balanço térmico do edifício admite-se que este é aquecido a 20 ° C, o que corresponde a uma condição próxima da neutralidade térmica dos ocupantes. Contudo, durante a noite, quando os ocupantes se encontram agasalhados, essa condição de neutralidade térmica é alcançada para uma temperatura interior de 16 °C. Estudos mais recentes indiciam que no período de inverno e em edifícios não climatizados os utentes expressam uma sensação térmica satisfatória para temperaturas de 16 °C ou mesmo 14 °C. Aceitando temperaturas de conforto mais baixas que os 20 °C, os períodos de retorno de dezenas de anos referidos em alguns estudos de viabilidade económica sobre a qualidade térmica da envolvente aumentam ainda mais, sendo a opção da climatização, teoricamente, mais económica face à melhoria da construção. No atual contexto ambiental e sócio-económico, com o objetivo de reduzir os consumos de energia de climatização e assegurar condições de conforto, o desafio deve ser o de construir (reabilitar) edifícios para que possam ser alcançadas temperaturas interiores de conforto razoáveis, através do aproveitamento dos ganhos de calor internos e dos ganhos solares, e sem o recurso a sistemas de climatização. Será este princípio de edifícios com necessidades térmicas de aquecimento quase nulas aplicável a um pais com um clima ameno e com radiação solar abundante?

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Temperatura de equilíbrio Quando a temperatura exterior é inferior à temperatura interior, a temperatura média interior pode ser obtida com base na condição de equilíbrio entre os ganhos e as perdas térmicas do edifício (eq. 1 e eq. 2), abordagem em tudo semelhante ao cálculo de Nic(RCCTE2006). Ganhos Internos + Ganhos solares = Perdas por condução + Perdas por renovação de ar (eq. 1) [qi.A + Gsul/(30x24) x ΣY.g.Aenv]η = [Σ A.U+0,34.Rph.V](Ti-Te) (eq. 2) Numa sala exposta a norte, com inércia forte, com ganhos internos de calor de cerca de 5 W/m2, mediu-se uma diferença média de temperatura de 5,7 °C entre a temperatura média interior (16,1 °C) e a temperatura média exterior (10,4 °C) no período mais frio (Fig. 1) estes valores são compatíveis com a aplicação da eq. 2. Mesmo em fevereiro (Fig. 1) é satisfeito o limiar mínimo de conforto de 16 °C, sem recurso a sistemas de aquecimento ambiente. Resultados de medições numa sala exposta a norte em Lisboa

> Figura 1: Registos das temperaturas numa sala de uma habitação

Soluções passivas – O conforto térmico como referencial para a qualidade térmica da envolvente Neste contexto, para se obterem edifícios com necessidades de aquecimento nulas estes deveriam permitir satisfazer à condição de equilibro entre as perdas e os ganhos térmicos, sob condições médias de funcionamento durante o mês mais frio e para uma temperatura interior de 16°C. Além disso, para prevenir variações relevantes da temperatura do ar durante o dia e maximizar o aproveitamento dos ganhos solares no inverno, os edifícios devem ter inércia térmica forte. A questão do verão será abordada numa outra edição. Aplicando este princípio a uma fração T2 com 64 m2,e considerando diferentes áreas da envolvente expostas ao exterior (fator de forma (FF) de 0,18, 0,58 e 0,75), uma área envidraçada de 15% da área de pavimento, conclui-se que a temperatura média interior é satisfatória para tipologias


> Quadro 1: Estimativa da temperatura interior de equilíbrio para o T2 para os Uref do RCCTE 2006.

Localização/ z. climática

Beja, Lisboa, Coimbra, Aveiro e Porto (I1)

Viseu, Vila Real

Bragança

(I2)

(I3)

10

7,5

5

Te média mensal mês mais frio (°C) FF (m )

0,18

0,58

0,75

0,18

0,58

0,75

0,18

0,58

0,7575%

Ti média mensal (°C)

17,9

15,6

14,7

16,3

13,6

12,7

14,1

11,4

10,6

1,69

2,00

1,01

1,46

1,72

0,98

1,38

1,60

-1

Coef. perdas edifício - (W/(m pav.°C)) 2

1,19

Limite para Ti=16 ºC (W/(m2pav.°C))

1,57

0,81

elevadas, para os mesmos ganhos de calor considerados.

Habitações com necessidades térmicas quase nulas em Portugal e sem sistema de climatização Dependendo da zona climática e do FF, as frações de habitação com necessidades de aquecimento quase nulas são uma realidade em Portugal, face às exigências do compor-

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com um FF baixo, quando são utilizados elementos construtivos que satisfazem aos U de referência indicados no atual RCCTE (Quadro 1). Contudo, na zona climática I3 seria necessário um reforço do isolamento térmico ou um maior aproveitamento da radiação solar. Para tipologias com uma maior superfície exposta ao exterior (FF=0,58 e 0,75) é necessário reduzir as perdas térmicas entre 12% na zona I1 a 50% na zona I3 (ou aumentar os ganhos de calor) para obter uma temperatura média de 16°C, dado as perdas térmicas globais serem mais

1,05

tamento térmico passivo dos edifícios especificado no atual RCCTE (2006) e desde que os edifícios tenham inércia forte. Nas zonas climáticas mais frias e em frações com um FF mais elevado (superior a 0,50), a aplicação do conceito atrás enunciado conduz à necessidade de reforçar o isolamento térmico da envolvente, a otimizar o aproveitamento dos ganhos solares e a reduzir perdas por ventilação. A temperatura de equilíbrio média mensal é em tudo semelhante ao indicador Nic, mas talvez seja mais facilmente apreensível para populações que não estão habituadas a aquecer as habitações, permitindo uma melhor perceção do comportamento térmico dos edifícios e de eventuais melhorias. Nas habitações a questão que se coloca é: queremos construções confortáveis e com necessidades de climatização quase nulas, ou iremos continuar a considerar que as habitações são climatizadas e a valorizar os respetivos sistemas?

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40_41 alvenaria e construções antigas Construir em terra ainda faz sentido?

Daniel V. Oliveira, Isise, DEC, Universidade do Minho Rui A. Silva, ISISE, DEC, Universidade do Minho

Devido à sua abundância e facilidade de utilização, a terra é um dos materiais de construção mais antigos usados pelo Homem, facto comprovado por evidências arqueológicas que sugerem a existência de cidades milenares construídas em terra como Jericó (Israel), Çatal Huyuk (Turquia), Harappa (Paquistão) e Akhlet-Aton (Egito), entre outras. A construção em terra está de tal forma disseminada que cerca de 30% da população mundial vive atualmente em construções feitas em terra crua, ao passo que nos países em desenvolvimento este número representa mais de metade da população. Por outro lado, em consequência da utilização massiva da terra como material de construção ao longo dos últimos séculos, existe atualmente um património arquitetónico significativo que urge preservar. De destacar que dos sítios e monumentos classificados como Património Mundial, 10% são total ou parcialmente construídos em terra e dos que se encontram na lista do património em risco 16% são igualmente em terra. As técnicas de construção em terra mais comuns são o adobe e a taipa. A construção em adobe consiste na execução de uma alvenaria de blocos de terra moldados e secos ao sol, cuja argamassa de assentamento é

tipicamente à base de terra. Por seu lado, a taipa consiste na construção de paredes monolíticas através da execução de camadas delgadas de terra compactada entre taipais (cofragem), ver Figura 1. A construção em terra apresenta uma série de vantagens, entre as quais se inclui o bom desempenho térmico (muito relevante em climas com amplitudes térmicas diárias consideráveis) e acústico, elevada sustentabilidade (devido ao reduzido impacte ambiental e ausência de resíduos), resistência ao fogo e simplicidade técnica. Como principais deficiências aparece a reduzida resistência mecânica (especialmente preocupante em zonas de perigosidade sísmica moderada a elevada) e a baixa resistência à água. Se o contato com a água pode ser fortemente limitado, através da adoção de boas práticas construtivas tradicionais, o aumento da resistência sísmica da construção é mais difícil, requerendo a adição de estabilizantes ao solo ou a inclusão de outros materiais estruturais (resultando daqui maior impacto económico e ambiental), ver Figura 2. As construções em terra exigem também manutenção frequente para se assegurar boas condições de durabilidade. A adequabilidade dos solos para construção

(a) > Figura 1: Construção em terra: (a) parede de adobe; (b) parede de taipa.

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pode ser analisada através de ensaios de campo, que permitem formar uma ideia qualitativa, ou (preferencialmente) através de ensaios laboratoriais normalizados que fornecem informação quantitativa. Apesar de nem todos os solos poderem ser usados para construção em terra no seu estado natural, a sua correção granulométrica e/ou estabilização com ligantes pode permitir o seu uso. Nos países desenvolvidos, a prática da construção em terra caiu em desuso durante o século passado, como consequência do desenvolvimento tecnológico e uso intensivo dos novos materiais de construção (essencialmente betão e aço). Esta prática construtiva foi (erradamente) associada a uma imagem de pobreza, típica de países em vias de desenvolvimento ou de situações extremas de carência habitacional e económica, como foi o caso da Alemanha após a segunda guerra mundial. No caso de Portugal, a construção em adobe e taipa foi utilizada até sensivelmente meados do século passado, em diferentes regiões do país. A construção em adobe pode ser observada nas regiões da Beira Litoral e Ribatejo, podendo-se encontrar inúmeras construções de taipa no Alentejo e Algarve. Pela sua importância histórica, refere-se o Castelo de Paderne, no Algarve, uma constru-

(b)


(a)

(b)

> Figura 2: Construção em taipa: (a) correção do solo; (b) estrutura auxiliar de betão armado.

ção em taipa erigida no séc. XII durante a fase final da ocupação muçulmana de Portugal, ver Figura 3. No final dos anos 80, a construção em terra em Portugal começou lentamente a reaparecer nos meios rurais do sul do país, impulsionada pela tomada de consciência da necessidade de recuperação e preservação dos velhos saberes associados à construção em terra. Por outro lado, as recentes preocupações ambientais e de sustentabilidade associadas ao setor da construção fizeram renascer o interesse

pela terra como material de construção. Face a este renovado interesse, o grande desafio que se coloca atualmente à construção em terra centra-se na necessidade de desenvolver disposições regulamentares que permitam aos técnicos projetar construções em terra mais seguras, eventualmente incluindo melhorias ao nível da resistência mecânica do material. Por outro lado, o desenvolvimento de técnicas e materiais para a reabilitação e preservação eficientes do vasto património existente em terra, algum de valor arquitetónico conside-

(a)

rável, constitui ainda um desafio para o meio técnico. A simples reparação eficiente da fendilhação estrutural das paredes coloca desafios técnicos complicados. Face ao exposto, conclui-se que a construção em terra constitui uma solução construtiva claramente a considerar. Há, porém, uma série de desafios técnicos a resolver, sendo necessário que as Universidades assumam um papel mais ativo, através da geração de conhecimento científico sobre estas construções.

(b)

> Figura 3: Castelo de Paderne, Algarve: (a) vista geral; (b) torre albarrã.

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42_43 betão estrutural Mobiliário Urbano em Betão de Ultra-Elevado Desempenho Eduardo Júlio, Prof. Catedrático DECivil IST-UTL

Este espaço dedicado ao ‘Betão Estrutural’ tem contado, desde que foi criado, com artigos sobre o comportamento do material betão e das estruturas de betão armado e pré-esforçado. No entanto, o betão, para além de ser o mais extraordinário material de construção, é igualmente muito interessante para outro tipo de aplicações, incluindo-se nestas o mobiliário urbano. O presente artigo pretende dar a conhecer um projecto científico desenvolvido neste contexto em co-promoção com a indústria. As peças de mobiliário urbano actualmente comercializadas no mercado nacional caracterizam-se por apresentarem um design pouco elaborado, dimensões generosas, um peso muito significativo e uma estética discutível. Com o objectivo ambicioso de desenvolver um produto, mais do que inovador, verdadeiramente arrojado, foram reunidas em consórcio todas as competências consideradas necessárias: (i) um arquitecto de renome internacional, Eduardo Souto de Moura, prémio Pritzker 2011; (ii) uma conceituada empresa de prefabricação, a Prégaia, e (iii) um prestigiado centro de investigação científica, o Instituto de Engenharia de Estruturas, Território e Construção (ICIST). Foram envolvidos investigadores com expertise em: modelação numérica – Jorge Alfaiate (IST) e Daniel Dias da Costa (FCTUC), formulação de betões – Hugo Costa (ISEC), du-

> Figura 2: Malha de elementos finitos.

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> Figura 1: Esboço de algumas peças de mobiliário urbano da autoria do Arq.º Souto Moura.

rabilidade – António Costa (IST) e um bolseiro de investigação – Carlos Fernandes (FCTUC). O projecto foi submetido ao Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI), tendo sido aprovado o seu financiamento através do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN). Contando com o entusiasmo de todos os envolvidos, as partes reuniram pela primeira vez

ainda antes da homologação do projecto, tendo o Arq. Eduardo Souto de Moura desenhado os primeiros esquiços (Fig. 1) na toalha (de papel) do restaurante onde o encontro teve lugar. Com base nestes desenhos, foi construído um modelo numérico simples (Fig. 2), recorrendo a um programa comercial de elementos finitos, ABAQUS, das peças a produzir pela Prégaia. Em função dos valores máximos estimados

> Figura 3: Tensões principais de tracção.


para as tensões de compressão e de tracção, foram definidas as características mecânicas do betão a utilizar. Devido à extrema esbelteza das peças desenhadas, revelou-se como especialmente condicionante o valor da resistência à tracção (da ordem dos 15 MPa, Fig. 3). Optou-se por um betão branco auto-compactável de ultraelevado desempenho reforçado com fibras metálicas. A primeira mistura formulada apresentou, aos 28 dias, uma resistência à tracção da ordem de 25 MPa, determinada a partir de ensaio à flexão (Fig. 4), e uma resistência à compressão de 130 MPa, determinada a partir do ensaio à compressão das metades dos provetes usados no ensaio à flexão (Fig. 5). Estes valores foram ultrapassados com uma segunda mistura entretanto formulada. Na Tabela 1, sintetizam-se os valores obtidos do peso volúmico e da fluidez, no estado fresco, assim como da resistência à tracção por flexão (apresentando-se o valor correspondente ao início da fissuração, fcr, e o valor correspondente à rotura, fct) e da resistência à compressão, fc, a diferentes idades, para as duas misturas formuladas. Está ainda a decorrer o estudo para definição da mistura a adoptar em fábrica. Presentemente, está em preparação a produção de um primeiro protótipo, para análise experimental e calibração do modelo numérico. Os passos seguintes, consistem: (i) na definição detalhada de todas as peças a produzir; (ii) na modelação numérica do comportamento estrutural destas, primeiro através de análise linear elástica recorrendo ao programa comercial ABAQUS e, depois, de análise não-linear recorrendo a software desenvolvido no seio do grupo de investigação, o qual incorpora elementos finitos enriquecidos com descontinuidades embebidas, permitindo deste modo a simulação da fissuração no betão; (iii) a formulação de betões brancos e cinzentos auto-compactáveis de ultra-elevado desempenho reforçados com fibras metálicas e, eventualmente, incorporando agregados leves de argila expandida, optimizados em

> Figura 4: Ensaio para determinação da resistência à tracção por flexão.

> Figura 5: Ensaio para determinação da resistência à compressão.

função dos requisitos das peças a produzir; e (iv) a produção e caracterização experimental do comportamento estrutural de protótipos, assim como da sua durabilidade e resistência à fadiga. Este projecto demonstra o potencial do material betão para aplicações em áreas fora do

Mistura

M1

M1

Peso volúmico (kg/m3)

2450

2480

sector da construção, ilustra a inovação que é possível, e desejável, promover na indústria nacional no sentido de potenciar as exportações e evidencia as vantagens que resultam da interacção indústria/centros de investigação científica. O Professor Eduardo Júlio escreve de acordo com a antiga ortografia.

Resistência (MPa) Fluidez

auto-compactável

auto-compactável

Idade (dias)

Tracção

Compressão

fcr

fct

fc

0

0

0

0

3

10,2

15,9

115

7

13,4

21,6

126

28

15,4

25,8

130

0

0

0

0

3

14,4

31,5

136

7

21,4

32,7

152

28

19,9

33,2

155

> Tabela 1: Características das primeiras misturas de UHPFRC formuladas


44_46 notícias

atividade como setor em reestruturação

setor da construção quer facilitar rescisões amigáveis

Na resposta, o secretário de Estado adjunto da Economia e do Desenvolvimento Regional, António Almeida Henriques, disse que “o Governo estava disponível para analisar a situação em função dos pedidos”, afirmou à Lusa o presidente da FEPICOP, Ricardo Pedrosa Gomes. De acordo com a FEPICOP, “numa altura em que acumulam perdas consecutivas, seja em termos de produção, seja no que se refere ao

número de empresas e postos de trabalho, para a Federação da Construção esta é a única forma de assegurar a sobrevivência das poucas unidades que, a muito custo, ainda se conseguem manter no mercado”. O objetivo é ver estendida a todas as empresas do Setor a possibilidade de invocarem a condição de “empresa em reestruturação”, sem ter de recorrer a pedidos individuais, cuja burocracia e morosidade são incompatíveis com a urgência que a atual situação exige. Além disso, querem que se permita às empresas, de forma expressa, ultrapassarem os limites legais para o acesso ao subsídio de desemprego no caso das cessações de contratos de trabalho por mútuo acordo. www.fepicop.pt

© Hans Thoursie

A Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP) pediu ao governo que declare a atividade construção como setor em reestruturação e reivindicou a possibilidade de ultrapassar os limites legais para o acesso ao subsídio de desemprego em cessações de contratos por mútuo acordo.

edifícios energeticamente sustentáveis Está a ser desenvolvido na cidade de Espoo, no sul da Finlândia, um novo conceito de vida urbana sustentável, com a construção de casas energeticamente eficientes. Nesse sentido, a empresa Skanska está a construir um edifício de apartamentos com a ajuda de outras empresas como a ABB, a Fortum e a Kone, que será concluído ainda este ano.

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O edifício está na melhor posição da tabela de classificação energética, tendo obtido um A, o que significa que dispõe de várias soluções de consumo eficiente de energia, incluindo sistemas de aquecimento e iluminação. O elevador fornecido pela Kone, vai consumir substancialmente menos energia que um elevador tradicional, pois a energia de travagem é de novo injetada na rede elétrica. Além disso, os moradores serão capazes de monitorizar, ajustar e minimizar o consumo de energia através da tecnologia da ABB baseada no protocolo KNX, a ser instalada em cada apartamento, o que lhes permite controlar com precisão a temperatura e iluminação das residências, mesmo que estejam fora, através da internet. “Os aparelhos e iluminação, bem como o sistema de aquecimento elétrico dos apartamentos, estão ligados a uma rede. Os controladores de rede permitem ao utilizador ajustar o sistema às suas preferências, o que significa que mesmo pequenas poupanças de energia podem ser feitas com precisão

e sem esforço“, comenta Paavo Tammisto, responsável de produtos de baixa tensão da ABB na Finlândia Serão também colocados painéis solares. A Fortum, uma empresa de energia finlandesa, instalará no terraço do edifício painéis solares que produzem 15.000 kW de eletricidade por ano, proporcionando iluminação às escadas comuns e permitindo o recarregamento de um veículo elétrico, a ser utilizado em conjunto pelos moradores. O complexo habitacional vai oferecer também quatro pontos de carregamento para carros elétricos, a serem instalados na expectativa do aumento do uso deste tipo de veículos. “O fornecimento de eletricidade produzida a partir dos painéis solares, juntamente com a tecnologia de ponta de poupança de energia, permite que o impacte ambiental deste edifício seja menor do que o de qualquer outro complexo de apartamentos convencionais, de tipologia e dimensões equivalentes”, explica a ABB em comunicado. www.abb.pt


doka lança novo website A Doka decidiu apostar mais na internet e criou um novo website caracterizado pela interação e facilidade de acesso e design atrativo. Com o novo site é possível uma pesquisa interativa de produtos e serviços, não só porque produz imediatamente um resultado eficaz, mas sobretudo porque sugere ainda outros produtos e serviços adequados. Uma outra funcionalidade é a área correspondente às referências, que reforçada a nível visual e de qualidade, contando agora com hotspots das imagens, onde poderá ampliar ou reduzir, pormenores e detalhes interessantes da estrutura e Google Maps, permitindo aos visitantes localizar facilmente projetos individuais, com apenas um click. Vai também dispor de uma secção de Notícias que vai “informar os utilizadores, em tempo real, sobre o que de mais interessante e importante está a acontecer no Mundo Doka”. Inclui hiperligações para os vários canais das redes sociais e informa sobre as últimas notícias, artigos de imprensa e novidades. Os conteúdos estarão também disponíveis para utilização móvel, via smartphone.

www.doka.pt

lusoponte propõe nova ligação à ponte vasco da gama

Mais de 80 milhões de euros é quanto a Lusoponte está disposta a investir na construção de uma via rápida de 11 quilómetros que ligue a península do Barreiro à Ponte Vasco da Gama. O objetivo é desviar o trânsito da saturada 25 de Abril para a Vasco da Gama e constituir uma alternativa à terceira travessia do Tejo (TTT) na zona do Barreiro. O município da Moita já se assumiu contra esta opção, rejeitando o traçado proposto, sobretudo pelo impacte ambiental e social que teria na chamada “bacia Moita-Sarilhos”, onde está prevista uma ponte de quatro quilómetros com 76 pilares e apenas um vão com condições de navegabilidade. Como alternativa, os autarcas propõem a construção da Estrada Regional 11-2, também conhecida por Circular Regional Exterior da Moita (CREM), há muitos anos prevista no Plano Rodoviário Nacional. Afirmam que cumpre

praticamente os mesmos objetivos de ligação à Vasco da Gama, tem menores custos e a vantagem de não afetar aquele plano de água do estuário do Tejo e de assentar “em meio terrestre, segundo uma topografia suave e sem constrangimentos de maior”. No entanto, a Lusoponte apresentou, em janeiro, aos municípios do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete um programa preliminar de construção desta ligação Barreiro-Montijo, também conhecida por “Circular do Arco Ribeirinho Sul”. No projeto é proposta a construção de uma estrada com duas vias de circulação em cada sentido, entre a Rotunda 25 de Abril (junto à antiga Quimiparque no Barreiro) e um novo nó de ligação à A12 (acesso à Vasco da Gama) na zona do Montijo. O trajeto proposto de 11 quilómetros inclui um troço de quatro quilómetros totalmente sobre água da bacia Moita-Sarilhos, que passaria a sul da ilha do Rato, a partir da

© MORGAINE

A empresa Lusoponte quer construir um novo acesso na ponte do Barreiro à Vasco da Gama. Contudo, já conta com oposição dos autarcas que apontam os impactes ambientais da nova ponte e temem que esta via ponha em causa a terceira travessia do Tejo. zona da nova Estação de Tratamento de Águas Residuais Barreiro-Moita, e até ao cais fluvial do Seixalinho, a sul da Base Aérea do Montijo. Os estudos levados a cabo pela Lusoponte apontam para um investimento que pode situar-se entre os 54 e os 83 milhões de euros que, segundo os autarcas, a Lusoponte estará disposta a suportar. A empresa considera que a Vasco da Gama está “claramente subutilizada e muito aquém da sua capacidade máxima, gerando menos receitas do que à partida seria expectável”, refere um parecer da Câmara da Moita a que o jornal PÚBLICO teve acesso. Por isso tem a “expectativa” de que esta nova estrada possa “vir a captar um maior número de utilizadores para a Vasco da Gama” para as ligações a Lisboa e à restante margem norte do Tejo, porque reduz também a distância entre o Barreiro e zonas da capital.

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notícias

bimfórum portugal Nasceu o BIMFórum Portugal, uma plataforma que pretende modernizar e revolucionar o setor da construção nacional. Surgiu pela mão de um conjunto de entidades nacionais (públicas e privadas) que tinham vontade de colaborar tendo em vista a otimização dos processos na indústria da construção e que partilham a visão de que a metodologia Building Information Modeling pode ser um catalisador para essa mudança.

O Building Information Modeling é uma nova abordagem que envolve a geração e gestão de uma representação física e funcional virtual de um empreendimento. O resultado é uma base de conhecimento partilhada que suportará a tomada de decisão ao longo do ciclo de vida do empreendimento permitindo a redução de custos, a eliminação de desperdícios e a melhoria da comunicação entre todos os intervenientes da cadeia de valor.

souto moura apresenta projeto para barragem de foz tua Souto Moura deu a conhecer o projeto de sua autoria para o edifício do Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua. Encomendado pela EDP, o projeto traduz a vontade da empresa de ter o menor impacto possível na paisagem do Douro Vinhateiro. Este é o primeiro projeto de barragem do conhecido Arquiteto e, segundo ele o objetivo foi “eliminar todo o caráter de ‘edifício’ a esta construção, reduzindo a sua imagem ao caráter de ‘máquina’ inserida na paisagem”. A obra será quase integralmente subterrânea e adota formas e materiais característicos da região. Estão presentes os socalcos, o granito, as oliveiras. À superfície, descreve Souto Moura: “tendo como pano de fundo a barragem, e em primeiro plano a ponte do Eng. Edgar Cardoso, a imagem do edifício da Central ficará reduzida a um complexo de máquinas que, obrigatoriamente, deverá ficar no exterior, na natureza, artificialmente natural”. Foram também pensadas outras medidas de menor impacto, tais como: a opção por uma subestação compacta em edifício, a eliminação das torres das comportas junto aos bocais da restituição, a adoção de um talude de escavação com elevada inclinação, com vista a diminuir a sua altura e a oculta-lo pelo edifício da central, o arranjo arquitetónico integrado, a não execução do acesso à margem esquerda através do coroamento da barragem, de forma a reduzir o impacto paisagístico e proteger comunidades florísticas, ou ainda a definição de zonas de “não-afetação” florística na margem direita, mantendo a vegetação ribeirinha natural. A barragem de Foz Tua começou a ser construída em 2011 e tem a sua conclusão prevista para 2016, envolvendo um investimento da ordem dos 305 milhões de euros. O empreendimento será constituído por uma barragem em betão, do tipo abóbada, por uma central subterrânea com dois grupos reversíveis com uma potência total de 259 MW. Prevê-se uma produção bruta anual de 585 GWh .

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A missão do BIMFórum Portugal é facilitar e acelerar a adoção do Building Information Modeling (BIM) na indústria da Construção nacional, desenvolvendo e partilhando as melhores práticas para projeto e construção virtual (VDC) garantindo uma sincronização com as entidades homólogas internacionais. O Fórum está aberto à participação de todos os interessados. www.bimforum.com.pt

instituto de reabilitação urbana tem novo presidente Vitor Martins dos Reis foi nomeado presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) no mês de fevereiro. O ex-deputado do PSD assume a presidência do IHRU em substituição de António José Mendes Batista, que tinha sido nomeado em 2010 presidente desse organismo, na sequência de uma polémica saída do instituto de Nuno Vasconcelos. Vitor Martins dos Reis estava no instituto público há alguns anos (2007) e já tinha estado no Instituto Nacional de Habitação que deu origem ao IHRU. Entrou no Instituto Nacional de Habitação em 1990. Entre 2000 e 2005 foi deputado na Assembleia da República, eleito pelo PSD por Lisboa. Foi também nomeado Luís Roxo Gonçalves para vogal executivo do IHRU. Este responsável coordenou a equipa técnica para elaboração dos projetos de reabilitação da Frente Ribeirinha da Baixa Pombalina. A outra vogal é Marta d’Arruda Moreira que esteve a exercer funções na Caixa Geral de Depósitos até agora.


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analisador de medição analítica como um analisador preciso para águas com contaminantes desconhecidos; e TOCOR700 UV, com reator ultra violeta para monitorizar limites no caso de águas com contaminantes conhecidos. Em termos de vantagens, a empresa F.Fonseca, destaca a determinação de COT de acordo com as especificações legais. Além disso, refere os baixos custos de operação, sem necessidade de gás de arraste dispendioso. “A nível de aplicabilidade na indústria o TOCOR700 da Sick é ideal para monitorização de COT em rios e águas superficiais, monitorização dos efluentes de descarga em ETAR´s municipais e monitorização dos efluentes de descarga em ETAR´s Industriais em centrais térmicas, químicas e petroquímicas, pasta de papel”, explica a F.Fonseca. www.ffonseca.com

soluções tecnológicas para desenvolvimento de planos de emergência A Municípia – Empresa de Cartografia e Sistemas de Informação desenvolveu um serviço de desenvolvimento e implementação de Planos Municipais de Emergência de Proteção Civil, utilizando as mais modernas tecnologias num ambiente de Sistemas de Informação Geográfica para a internet (segundo a resolução nº 25/2008 da CNPC). Trata-se de um instrumento de trabalho e suporte para a preparação e organização das ações de resposta aos acidentes graves e/ou catástrofes, onde a solução passa por otimizar a relação entre indivíduos e organizações, identificar as necessidades e articular as ações de resposta (de forma a minimizar os efeitos e as consequências) e prevenir e assegurar as medidas necessárias para reduzir riscos e o impacto resultante de situações de emergência. O mais recente sistema da Municípia tem como objetivos identificar e localizar equipamentos e recursos, identificar perigos, vulnerabilidades e riscos, mitigar e reduzir riscos, definir procedimentos de atuação em situações de emergência, assim como prever as responsabilidades e atribuições de cada interveniente. www.municipia.pt

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O TOCOR700 é o novo analisador de medição analítica lançado no mercado nacional pela F.Fonseca. Trata-se de um sistema de análise de COT (carbono orgânico total) que oxida todo o carbono orgânico da amostra de água em contínuo e analisa os gases resultantes por NDIR. Previamente, o carbono inorgânico é removido por “stripping”. O gás de arrasto necessário é produzido pelo próprio TOCOR700, sendo que funciona independente do ar de instrumentação. O sistema conta com um filtro secundário de lavagem para amostras de água turva e uma unidade de diluição da amostra com altas concentrações salinas, estão disponíveis como opção. O TOCOR700 está disponível em duas variantes: TOCOR700 TH, com reator térmico de elevada temperatura, especialmente indicado


mercado

nova geração de torneiras termostáticas A Roca lançou uma nova geração de torneiras termostáticas Victoria-T. Estas torneiras garantem, segundo a empresa, maior conforto e segurança, misturando, de forma automática, a água quente e a água fria, de acordo com a temperatura previamente selecionada, mantendo-a constante durante todo o tempo, mesmo que haja consumos simultâneos noutro espaço de banho ou até na cozinha. Os modelos estão equipados com dispositivos de segurança que impedem, por um lado, que a temperatura da água ultrapasse os 38 graus e, por outro, que as capas cromadas sobreaqueçam. Esta gama conta com uma boa performance ecológica. Quando acionado o botão limitador de caudal, o consumo de água diminui em 50 por cento. Além disso, dado que a temperatura desejada é atingida em três segundos e se mantém inalterável, há uma poupança energética significativa. As torneiras termostáticas de duche e banheira podem ser exteriores ou de encastrar. www.roca.com

novo painel de lã mineral

A Knauf volta a apostar no aproveitamento da lã mineral e desta vez lançou um novo painel, ideal para ombreiras e vergas superiores de portas e janelas quando usado o sistema de isolamento exterior ETICS. Devido à sua incombustibilidade, estes painéis oferecem proteção em caso de incêndio. A natureza elástica das fibras entrelaçadas

melhora o isolamento acústico do edifício. Do mesmo modo, a sua baixa condutividade térmica garante a máxima proteção térmica do edifício, e consequentemente, reduz os custos energéticos. “Ao contrário de outros isolantes, a estrutura permeável de Lã Mineral permite o nível máximo de respirabilidade e permeabilidade ao vapor de água, evitando o risco de condensações superficiais e a possibilidade de patologias por humidade na fachada”, afirma a Knauf em comunicado. As Lãs Minerais são materiais de origem natural resistentes ao clima mais extremo e

ao envelhecimento. São inertes, inorgânicas, imputrescíveis dimensionalmente estáveis, não provocando rachaduras nas fachadas, contribuindo para um menor custo de manutenção. A elevada temperatura, a Lã Mineral permite também uma grande liberdade no design arquitetónico para a definição dos acabamentos exteriores, numa ampla variedade de cores, mesmo em cores escuras. A Knauf conta com três tipos de painéis: ETICS Painel FKD-U-RS-C2; Painel ETICS FKD-C-S1; Lamela FKL-C2. www.knaufinsulation.pt

turbina a vapor para centrais elétricas geotérmicas A Siemens Energy apresentou as novas turbinas a vapor para centrais elétricas geotérmicas que contam com uma capacidade até 60 megawatts. A turbina a vapor SST-400 GEO foi concebida, especialmente para aplicações geotérmicas, podendo ser instalada neste tipo de centrais, independente do fluido térmico utilizado. “Este equipamento pretende dar resposta à crescente procura do mercado mundial por turbinas a vapor geotérmicas uma vez que, de acordo com um estudo levado a cabo pela IHS Emerging Energy Research, a capacidade instalada de energia geotérmica triplicará mundialmente atingindo aproximadamente os 31 GW até 2020”, refere a Siemens. A SST-400 GEO é adequada para temperaturas de vapor vivo até 250 °C, com pressões de vapor de até 12 bar absolutas. A turbina é fabricada com materiais resistentes à corrosão e as pás estão equipadas com dispositivos de purga de água, que libertam a carcaça de qualquer humidade em cada andar da turbina. A Siemens destaca que estas turbinas incluem materiais de alta qualidade, especiais para combater a corrosão e para prevenir a formação de fissuras e fraturas causadas por fadiga do material.

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www.siemens.com/energy


software de gestão de projeto O Tekla Structures 18 é mais recente versão deste software desenvolvido pela Tekla Corporation. O objetivo é o de simplificar o longo processo de desenvolvimento de um projeto. Este software permite desenvolver um projeto de construção de forma rápida, com melhor visualização, um processo de modelação mais intuitivo e ferramentas de gestão simplificadas. Cada vez é mais importante a articulação e colaboração estreita entre todos os intervenientes no projeto e este software é direcionado para isso. Todos esses intervenientes desde arquitetos, construtores, empreiteiros, projetistas e engenheiros podem, em obra, beneficiar de um melhor acesso, mais preciso e completo aos dados do modelo 3D. “Uma modelação mais rápida e simples dá aos nossos clientes uma vantagem competitiva, adicionando aos benefícios do BIM a poupança de tempo e dinheiro”, afirma Risto Raty, o vicePresidente Executivo da Tekla Corporation. O software BIM Tekla Structures foi lançado em 2004 e é usado por profissionais da construção em todo o mundo, estando sempre em constante atualização, através das novas versões. Funciona perfeitamente com Tekla BIMsight, uma ferramenta livre, de colaboração em projetos de construção.

www.teklastructures.com

novo pavimento exterior

www.artebel.pt

A Artebel apresentou um novo bloco de pavimento exterior em betão vibro-prensado de dupla camada, indicado para a execução de pavimentos exteriores. Pode ser utilizado para todo o tipo de tráfego. O pavimento Ecopavê é destinado à execução de pavimentos em espaços exteriores de vários propósitos, seja o complemento de uma zona ajardinada, zonas pedonais, acessos e estacionamentos, com mais ou menos área coberta, mais ou menos permeabilidade de águas. Os pavês (blocos) contam com determinadas características, tais como: elevada resistência mecânica; índice de escorregamento reduzido; facilidade e rapidez na aplicação; economia de mão de obra; possibilidade de várias estereotomias. A geometria única deste pavimento possibilita inúmeras opções de estereotomias, com diferentes propósitos e resultados, seja por motivos estéticos ou por motivos funcionais. O Ecopavê está disponível em diferentes cores.

nova gama de produtos de limpeza para construção A Baixens lançou a Gama Clean, que conta com vários produtos para resolver problemas de limpeza de musgo, mofo,salitre,garfitti e cimento. O sistema de pulverizador de 0,500 ml é adequado para uso particular. Existem também embalagens de maior quantidade para uso profissional. A empresa criou um catálogo explicativo da utilização de cada produto. Fazem parte desta gama produtos como: Clean Musg; Clean Graff; Clean CIM; Clean Sal; Clean Energy. Estes produtos estão certificados, estando em conformidade com as normas ISO 90001, ISO 14001 e OHSAS 18001. www.baixens.com

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50

estante

estado-da-arte sobre medidas de engenharia de segurança rodoviária em ambiente urbano e sobre modelos de estimativa da frequência de acidentes – resultados do projeto irums Este livro é o primeiro relatório referente à atividade desenvolvida pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e pela Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra (FCT/UC) no âmbito do projeto IRUMS – Infraestruturas Rodoviárias Urbanas Mais Seguras. Neste relatório apresenta-se o estado da prática corrente em medidas de engenharia de segurança rodoviária em ambientes urbanos e o estado da arte em modelos

de estimativa da frequência de acidentes, elencando-se também variáveis potencialmente úteis para a estimação de volumes de tráfego de utentes rodoviários vulneráveis com especial incidência nos peões. A u t o r e s : Sandra V ieira Gomes; João L. Cardoso; Carmen Car valheira; Luís Picado Santos . E d i t o r a : LNEC . D ata

de ediç ão:

2011

ISBN: 978-972-49-2229-4 . Páginas : 150 . P reço: 26,00 euros . à venda em www.engebook.com

autocad civil d – depressa bem A FCA lançou recentemente mais um livro técnico, o “AutoCAD Civil 3D – Depressa & Bem”. Este livro ensina a utilizar eficazmente o AutoCAD® Civil 3D® (Civil 3D), uma ferramenta que permite gerir, de forma partilhada e integrada, todo o ciclo de execução de um projeto topográfico/rodoviário, desde a recolha da informação de campo até à conclusão dos trabalhos, passando pela modelação e avaliação de vários cenários. Desenvolvido a partir da versão 2012, a versão mais recente do programa, esta obra disponibiliza inúmeros exercícios práticos que ensinam a compreender as diversas aplicações e conceitos do Civil 3D. São utilizados dados reais na aplicação dos conceitos a situações reais com que os

profissionais se confrontam diariamente no desempenho das suas funções. Os capítulos estão estruturados de forma a serem lidos sequencialmente, respeitando o desenvolvimento típico de um projeto de Engenharia. O livro é destinado a todos os profissionais envolvidos em projetos de Engenharia Civil, sejam eles engenheiros, projetistas, topógrafos ou desenhadores, “AutoCAD Civil 3D – Depressa & Bem” é igualmente útil para as certificações Autodesk Associate. A utor : J. João Sousa . Editora : FCA . Data de edição: 2011 . ISBN: 978-972-722664-1 . Páginas : 328 . P reço: 29,95 euros

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© Mariana Themudo/JFF

projeto pessoal

Nuno Valentim Arquiteto bi Nasceu no Porto no ano de 1971. É licenciado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (1995) e Mestre em Reabilitação do Património Edificado pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (2007). É docente na FAUP desde 2005, exerce atividade profissional na área da arquitetura/reabilitação desde 1994 e conta com diversas conferências e obras expostas e publicadas a nível nacional e internacional. Foi finalista do Prémio Enor 2007 (Capela do CREU-IL, Porto), dos Prémios FAD 2009 (Centro de Apoio a Imigrantes São Cirilo e Edifício de Escritórios, Porto), do Prémio ENOR 2011 (Pavilhão de Acolhimento da Escola Francesa do Porto) e recebeu a Menção Honrosa do Prémio IHRU 2011 (Remodelação e Ampliação de Duas Habitações em

dos projetos mais desafiantes, seleciona

Edifício do séc. XIX, Porto). Pelo conjunto da obra do gabinete, em 2011

Os projetos e obras destacados em alguns prémios internacionais,

foi distinguido com a Menção “Highly Commended” dos Prémios “WAN 21

que lhe conferem destaque:

for 21” (21 Arquitetos para o Século 21).

sonho de criança Ser astronauta.

Pavilhão de Acolhimento da Escola Francesa do Porto Centro de Apoio a Imigrantes São Cirilo, Porto

o seu maior desafio Lutar por políticas, projetos e obras de reabilitação urbana e arquitetónica mais qualificadas. Contribuir com a minha prática profissional, a docência e a minha investigação de Doutoramento para esta qualificação e para uma revisão do enquadramento regulamentar dos processos de reabilitação.

um engenheiro civil ou arquiteto de referência Afirma ser impossível não pensar imediatamente no arquiteto Siza Vieira. Na engenharia refere o Prof. Eng.º Vasco Freitas, com quem tem tido o privilégio de trabalhar nas áreas da Reabilitação e da Física das Construções.

uma obra de referência Uma só, considera impossível! Casa Schroder (Rietveld) , o Pavilhão de Barcelona (Mies), o Centro Histórico de Guimarães (Távora), a Piscina de Leça (Siza), o Estádio do Braga (Souto Moura), ...

uma aposta no futuro ou projeto “na calha” A futura Galeria da Biodiversidade do Porto (2ª fase da reabilitação da Casa Andresen e estufas do Jardim Botânico do Porto) e a Reabilitação dos Albergues Noturnos do Porto (primeira linha de apoio aos Sem-Abrigo da cidade). Atelier des Createus – Reabilitação de edifício de 1902 para confeção artesanal no Porto

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eventos

icds O LNEC está a organizar a International Conference Durable Structures, que vai acontecer nos dias 3 1 de maio e 1 de junho, em Lisboa. O evento conta com o apoio da rede DURATINET do programa Área Atlântica e surge no seguimento de duas conferências internacionais anteriores sobre o mesmo tema: MEDACHS’08 em Lisboa e MEDACHS’10 em La Rochelle, França. O objetivo é criar um fórum para discussão e transferência de conhecimentos entre investigadores, engenheiros de estruturas, construtores, fabricantes de materiais de reparação, proprietários e gestores de estruturas. Esta conferência pretende também proporcionar aos jovens engenheiros e estudantes de engenharia civil a familiarização com os temas da durabilidade estrutural e sustentabilidade. “Na atual conjuntura económica, os gestores dos empreendimentos são particularmente confrontados com graves restrições orçamentais relativamente à gestão e conservação das suas estruturas, acrescendo ainda que em muitos casos não dispõem das ferramentas necessárias à otimização dos recursos à sua disposição. Para abordar de forma adequada estas questões, é necessário diagnosticar corretamente os processos de deterioração, avaliar as suas consequências estruturais, decidir o momento mais apropriado para a reparação/reabilitação e selecionar os sistemas que permitam otimizar os custos da conservação, tendo em conta todo o ciclo de vida útil das estruturas”, refere a organização. No evento, serão abordados vários temas, tais como: Durabilidade dos materiais de construção; Processos de deterioração e modelação; Ação ambiental e previsão do tempo de vida útil das estruturas ; Técnicas de ensaio e diagnóstico; Tratamentos do betão e métodos de reparação; Métodos de proteção do aço; Sistemas de reparação e proteção sustentáveis e inovadores; Betão sustentável (p.ex., utilizando resíduos e materiais reciclados); Gestão das estruturas, monitorização, fiabilidade e segurança estrutural; Casos de estudo. http://durablestructures2012.lnec.pt

congresso construção Vai decorrer de 18 a 20 de dezembro, em Coimbra, o 4º Congresso Nacional de Construção. O evento é organizado pela Universidade de Coimbra, através do Departamento de Engenharia Civil e do Centro de Investigação em Ciências da Construção. Tal como nos anos anteriores, este ano o objetivo passa por motivar a troca de experiências, divulgação da investigação e reflexão sobre os sempre crescentes desafios do setor da construção em Portugal. O Congresso vai contar com a participação de vários especialistas da área da construção e com a apresentação de diferentes comunicações. Destina-se a Técnicos, Projetistas, Licenciadores, Promotores, Investigadores, Estudantes, Industriais e a todos os que sentem que têm um contribuo a dar ao setor da Construção. www.itecons.uc.pt/construcao2012/

calendário de eventos

Jornadas de Inves- Recursos Naturais e Energia tigação e Inovação

21 a 26 e 29 março 2012

Lisboa Portugal

LNEC http://jornadas2012.lnec.pt

Coberturas Seminário sobre Coberturas de Madeira de Madeira

19 abril Guimarães DEC-UMinho 2012 Portugal www.civil.uminho.pt/coberturas/

CIRea2012

Conferência Int. sobre Reabilitação 4 de maio de Estruturas Antigas de Alvenaria 2012

Lisboa Portugal

TEKTÓNICA 2012

Feira Internacional de Construção e Obras Públicas

Lisboa AIP - FIL Portugal www.tektonica.fil.pt

8 a 12 maio 2012

Encontro técnico Controlo de Descargas de Águas 9 maio ÁGUAS RESIDUAIS Residuais Urbanas nos Meios Hídricos 2012 ICDS12

Conferência Int.“Durable Structures: 31 maio a 1 junho from construction to rehabilitation” 2012

icnmmcs

“Mechanics of Nano, Micro and Macro Composite Structures”

Lisboa Portugal

IPQ e APRH www.aprh.pt

Lisboa DURATINET e LNEC Portugal http://durablestructures2012.lnec.pt

18 a 20 junho Turim 2012 Itália

As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.

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FCT - UNL http://eventos.fct.unl.pt/cirea2012/

UP e TP http://paginas.fe.up.pt/~icnmmcs/



3$5('(6 (),&,(17(6 VANTAGENS

¡ Elevada inÊrcia tÊrmica ¡ Resistência mecânica elevada ¡ Tratamento regular das Pontes TÊrmicas ¡ Cumpre o RCCTE

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Ideal para a construção de paredes em alvenaria mais económicas, de montagem mais simples e de elevada inÊrcia tÊrmica. Potencia uma boa classificação energÊtica, economizando recursos e proporcionando conforto dentro dos edifícios. Produzido em Portugal pela Preceram, maior produtor nacional de tijolo cerâmico.

Pombal • T (+351) 236 210 160 • www.preceram.pt

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