nº 31 . 5 . 3º trimestre 2008
31 dossiê construção e reabilitação de edifícios hospitalares entrevista pedro lopes
geotermia energia para um futuro sustentável
entrevista: carlos fiolhais
Gestão Hospitalar . Notícias . Produtos e Tecnologias . da Vida e do Cosmos . Eventos
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FICHA TÉCNICA DIRECTOR Fernando Barbosa
sumário
DIRECTORA EXECUTIVA Carla Santos Silva carla.silva@publindustria.pt CHEFE DE REDACÇÃO Carlos Pinto dos Santos CONSELHO DE REDACÇÃO Abraão Ribeiro Adelino Besteiro Dírio Ramos Pascoal Faísca Paulo Salgado Santos Cardoso Manuel Lança do Ó Victor Pais REDACÇÃO Ana Maria Oliveira a.oliveira@publindustria.pt GRAFISMO Jorge Pereira em colaboração com Publindústria, Lda. jorge@publindustria.pt PUBLICIDADE Vera Oliveira v.oliveira@publindustria.pt COMUNICAÇÃO Celine Borges Passos c.passos@publindustria.pt DIRECÇÃO EDITORIAL ATEHP Associação de Técnicos de Engenharia Hospitalar Portugueses R. 1º de Maio, 168 - 2º Esq. 3020-314 COIMBRA Tel. e Fax 239 493 386 tecnohospital@publindustria.pt COLABORARAM NESTE NÚMERO Adélia Rocha Alcides Pereira António Branco Carlos Pinto dos Santos Luís Neves Maria João Silveirinha Pedro Lopes Serra e Silva PROPRIEDADE, REDACÇÃO E EDIÇÃO Publindústria, Produção de Comunicação, Lda Empresa Jornalística, Registo no I.C.S. n.o 121 722 ISSN 1645 - 9431 Praça da Corujeira, 38 – Apartado 3825 4300-144 PORTO geral@publindustria.pt www.publindustria.pt ASSINATURAS tecnohospital@publindustria.pt Tel. 225 899 620
EDITORIAL
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A importância dos SIE na imagem dos Hospitais
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Pedro Lopes
DOSSIÊ CONSTRUÇÃO E REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS HOSPITALARES
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A Reabilitação e Conservação das Construções na perspectiva do Dono da Obra Pública
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Caso-estudo: Reparação das fachadas e coberturas dos Hospitais da Universidade de Coimbra
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Sistemas de Tubagem de Materiais Plásticos paraInstalações de Água em Edifícios Hospitalares
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ARTIGO TÉCNICO Energia para um futuro sustentável – Geotermia
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Sistemas geotérmicos estimulados
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PRODUTOS E TECNOLOGIAS
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NOTÍCIAS ATEHP
não são necessariamente subscritas pela direcção da ATEHP.
NOTÍCIAS
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DA VIDA E DO COSMOS O dia em que o sol bailou... (2ª parte)
PERIODICIDADE Trimestral
As posições expressas pela TecnoHospital
GESTÃO HOSPITALAR A Dedicação Exclusiva teria sido estratégia para acabar com desperdícios no SNS
PREÇO DE ASSINATURA ANUAL 15 €
TIRAGEM 4.000 exemplares
ENTREVISTA
EVENTOS
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editorial
A importância dos SIE na imagem dos Hospitais
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a Entrevista que concedeu à Tecnohospital, e que publicamos nesta Edição, o Dr. Pedro Lopes, Presidente da Direcção APAH – Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, realça a importância que o desempenho das Instalações e Equipamentos pode ter na imagem dos Hospitais. Na mesma Entrevista, destaca o papel desempenhado pelo SIE – Serviço de Instalações e Equipamentos dos Hospitais da Universidade de Coimbra e pelos prestadores externos coordenados pela equipa dirigente e técnica daquele Serviço, na imagem positiva que os utentes tem dos HUC e das suas prestações clínicas e hoteleiras, em consequência de “existir manutenção”. A sua opinião é naturalmente qualificada e com conhecimento de causa, já que para além das funções associativas que desempenha actualmente, o Dr. Pedro Lopes tem vindo a exercer cargos de gestor, em diversos Conselhos de Administração de unidades hospitalares públicas, incluindo dois mandatos como Vogal Executivo dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Trata-se de um Serviço com uma organização sedimentada ao longo dos anos, a que se terá de ligar o contributo de muita gente dedicada, incluindo operários, técnico-profissionais, administrativos, técnicos e técnicos superiores. Não pretendendo ferir qualquer susceptibilidade é justo destacar os dirigentes que de forma efectiva ou em regime de substituição estiveram à frente do Serviço desde 1974, e já não se encontram em funções: O Engº. Octávio Lopes, já falecido e os Engºs Carlos Teixeira e Pinto dos Santos, ambos aposentados recentemente. Neles se corporiza o esforço e a contribuição de muitos colaboradores de qualidade que constituem um exemplo que dignifica a área das Instalações e Equipamentos com um corpo técnico razoavelmente dotado que contempla as diversas especialidades de Engenharia, envolvidas na manutenção hospitalar.
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Não é este serviço exemplo único no País. Há outros bons exemplos, quer a nível dos Hospitais Centrais, quer de outros Hospitais Gerais ou Especializados, onde se verificam excelentes níveis de organização e grande qualidade nas suas prestações. Porém, começa a generalizar-se a substituição de Técnicos de Engenharia de grande experiência e pertencentes aos quadros das instituições hospitalares que se vão aposentando, por prestações em outsourcing que incluem a contratação de técnicos de diversas formações e especialidades a organizações externas, algumas das quais de trabalho temporário. Verifica-se igualmente a diminuição de efectivos, não só a nível operacional (operários e técnico-profissionais), mas igualmente entre os licenciados e bacharéis em Engenharia, obrigando, os que restam, a desempenhar tarefas de clínicos gerais da Engenharia, para o que não existe nenhuma formação específica, retrocedendo algumas dezenas de anos e voltando a situações que pensávamos definitivamente ultrapassadas, por obsoletas.
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INTELLIGENT VENTILATION
Continuamos a defender que qualquer unidade hospitalar de dimensão média, justifica a presença a tempo inteiro de 1 Dirigente e de Técnicos de Engenharia que contemplem no mínimo as 3 especialidades básicas – civil, mecânica e electrotécnica. O recurso a colaboradores externos, a tempo parcial, pode facilitar o desempenho das tarefas dos Serviços de Instalações e Equipamentos, nomeadamente na elaboração de projectos de média/grande dimensão, elaboração de estudos, emissão de pareceres ou fiscalização de empreitadas. Não substituem, de forma eficaz, a presença a tempo inteiro de Técnicos que planeiem, programem e executem as intervenções efectuadas internamente e coordenem, fiscalizem e avaliem as intervenções dos prestadores externos na área das Instalações e Equipamentos. Essas tarefas só podem ser executadas com continuidade e garantindo o histórico das intervenções e com responsabilização dos intervenientes, através de colaboradores a tempo inteiro com vínculo contractual – qualquer que ele seja – às Instituições Hospitalares.
CUIDADOS INTENSIVOS, DEDICADOS E INTELIGENTES
MEDICAL COCKPIT
Para além desta entrevista, destacamos nesta Edição a publicação do dossiê sobre “Construção e Reabilitação de Edifícios Hospitalares”, assunto que apresenta grande oportunidade e importância, bem como as habituais secções desta Revista – Gestão Hospitalar, Da Vida e do Cosmos, entre outras. Destacamos igualmente um bloco de dois artigos técnicos que abordam a produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis, nomeadamente com aproveitamento do calor interno da terra, a energia geotérmica. Um bom conjunto de colaborações, que pensamos vir ao encontro do interesse dos nossos leitores habituais.
Fernando Barbosa Outubro 2008
NO TOPO DAS SOLUÇÕES DE VENTILAÇÃO
entrevista
Entrevista conduzida por: Fernando Barbosa, Santos Cardoso e Pinto dos Santos | Fotografia: Vitor Pais | Edição: Ana Maria Oliveira
“Entregar a Empresas Privadas algumas áreas do Hospital sem manter um núcleo que faz o acompanhamento, a monitorização e avaliação de tudo, é um erro” Entrevista a Pedro Lopes, Presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares
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pedro lopes
TecnoHospital (TH): Sendo Presidente da Direcção da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), quais os principais projectos da Associação a curto e a médio prazo? Pedro Lopes (PL): Temos neste momento uma questão muito imediata para resolver que é o caso das carreiras profissionais, é uma das situações que mais nos preocupa. Relativamente a ela, temos algumas ideias: vamos ser recebidos pela Ministra da Saúde, para que ela nos dê indicações de como devemos tratar esta questão da carreira e do futuro dos administradores hospitalares. O objectivo é saber como estes se vão enquadrar nesta nova visão jurídica das carreiras da administração publica. A outra situação é continuar a apresentar uma imagem da APAH, construída pelo Dr. Manuel Delgado e que tem uma certa qualidade e divulgação. De facto, o Dr. Manuel Delgado conseguiu granjear para a associação uma imagem extremamente positiva e não falo só da imagem dos jornais. Reconheço que a APAH é constantemente requisitada no sentido de dar opiniões em matérias que têm a ver com as áreas da gestão hospitalar e com as áreas da saúde. A APAH também é solicitada por várias áreas, tais como os fornecedores e a indústria, que têm uma atitude extremamente pró-activa de se ligar, de fazer parcerias e desenvolver acções com a nossa associação. De facto, a APAH tem uma imagem muito boa que se vê claramente nestas perspectivas; um dos pontos era não deixar cair esta imagem que a associação tem. Existem depois outras questões, tais como continuar a ligação forte que temos com a Associação Europeia dos Gestores Hospitalares. Esta associação tem uma imagem europeia muito forte, tem uma capacidade de lobby a nível de Bruxelas e a nível da Comu-
nidade Europeia também muito forte. O Dr. Manuel Delgado chegou a ser presidente dessa associação e eu sou um dos elementos do sub-comité dos assuntos europeus, que representa os países do sul da Europa. Não há dúvida que a APAH está extremamente entrosada na associação europeia. Esse é outro dos pontos que era fundamental mantermos e, se possível, alargarmos e aprofundarmos. Há um ponto que acho de extrema importância que é a formação. A ideia que tenho é que na nossa área, tirando os congressos e os fóruns que se fazem, não há propriamente formação. Trata-se de um assunto de relevante importância principalmente numa área onde não encontramos muita formação, como é o caso da área da gestão da saúde. Existe formação para a gestão e para a administração, mas são muito generalistas e sabemos que estamos a trabalhar num campo muito especifico. Realmente, nesta área a APAH ainda não fez muito e é um ponto que pensamos investir e melhorar, nomeadamente com a ajuda de fundos europeus. Há também uma intenção muito forte, que consta do programa da associação, que é retomar as viagens de estudo ao estrangeiro. Este ano vamos fazê-lo provavelmente à Holanda porque é o país da Europa que neste momento se está a abrir mais à privada. De facto, eles têm uma perspectiva de mercado extremamente avançada.
TH: Neste momento, a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) forma administradores hospitalares. Onde estão eles? Porque não estão nos lugares para os quais têm formação? PL: Atravessou-se uma fase muito complicada num período governativo, da responsabilidade do Ministro da Saúde Luis Filipe Pereira. Justamente, nesse período houve algumas nomeações
que fugiram daquele figurino que era o figurino normal, que era colocar nos Conselhos de Administração pessoas com conhecimentos e competências na área da gestão e, particularmente, na área da gestão hospitalar.
Os administradores hospitalares, pela sua experiência, devem estar nos Conselhos de Administração. A posição da APAH nesse momento foi não se manifestar contra quando fossem colocados nos Conselhos de Administração pessoas que, não sendo da área da gestão hospitalar, fossem gestores reputados, uma vez que se tratava de situações razoáveis. O que não admitimos era as nomeações que aconteceram com pessoas que não têm rigorosamente nada a ver com a gestão hospitalar e que a nível de competência também não eram reputadas. Havia nomeações que eram claramente nomeações políticas. A nossa associação sempre se manifestou contra essas situações. Infelizmente elas não desapareceram, mas penso que melhoraram um bocadinho. O professor Correia de Campos teve o cuidado de se fazer acompanhar de colaboradores competentes. Mas é verdade que essas nomeações têm oscilado muito de acordo com os períodos governativos. Penso que é interesse de todos que os gabinetes ministeriais dotem os Conselhos de Administração de pessoas com competências e experiência numa área muito concreta que é a área da saúde. Realmente, há períodos em que isso não acontece. A APAH não reivindica que os lugares tecno hospital 31
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executivos sejam todos ocupados por administradores hospitalares. O que defendemos é que, na área da saúde e da gestão na saúde, somos as pessoas mais habilitadas a exercer funções na saúde de gestão. Não digo que temos o exclusivo, acho que há economistas e gestores competentes que devem estar nos Conselhos de Administração, assim como há médicos com perfil, capacidade e qualidade para exercer essas funções. Por outro lado, penso que os administradores hospitalares, pela sua experiência, devem estar nos Conselhos de Administração. Por exemplo, em França, só os administradores hospitalares ocupam o cargo de director nos Conselhos de Administração dos hospitais.
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TH – Não começa já a haver um problema de mercado para os recém-formados em administração hospitalar, na Escola Nacional de Saúde Pública? PL: Não, ainda não temos sentido isso, até porque há muitos colegas que se têm aposentado. Continua ainda a haver uma renovação. Agora, o que existe é uma grande oferta, porque não é só a ENSP que forma pessoas nesta área. Há imensas universidades a formar e os profissionais são recrutadas não só da ESPN mas de outras escolas. Depois, tem a ver com os Conselhos de Administração: há alguns que gostam muito pouco de administradores hospitalares e, possivelmente, esses recrutarão outras pessoas ou formadas noutra escola ou sem formação em saúde. Poderão já existir algumas situ-
ações de administradores hospitalares que não resolvem de imediato as suas situações, profissionais. No entanto, a nota que tenho neste momento é que não há colegas recém formados que refiram a sua situação de desempregados à APAH. TH: Qual a posição da APAH em relação à mudança dos hospitais para Entidades Públicas Empresariais (EPE)? É um salto positivo em termos de gestão? Esse modelo é um instrumento que permite uma melhor gestão do que o sector público? Em que aspectos? PL: A associação sempre defendeu a empresarialização, uma vez que os hospitais, com o arquétipo que tinham em termos legislativos tinham dificuldades em fazer uma gestão mais actual, maleável e consentânea. Sempre achamos que deveria existir uma legislação compatível com uma gestão mais actualizada e sabemos bem que houve trabalhos, nomeadamente por parte do professor Vasco Reis que liderou um grupo de trabalho que justamente procurava fazer uma proposta em relação ao novo enquadramento jurídico dos hospitais. Os administradores sempre acharam que deveria haver um enquadramento jurídico mais facilitador e depois apontaram as áreas de grandes dificuldades na gestão: os recursos humanos e a área das aquisições. Foi conseguida uma melhoria nesse sentido, através da empresarialização dos hospitais, nomeadamente dos Hospitais SA e depois, mais tarde, os EPE. Foi criada esta figura jurídica e penso que hoje caminhamos para que todos os hospitais se tornem EPE. Penso que esta ideia está bem corporizada neste enquadramento que foi criado. Agora, isto é a ideia e outra coisa é aquilo que vemos, aquilo que está a acontecer e os resultados. E em relação aos resultados, apesar de não haver avaliações ainda muito claras
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em relação a essas questões, verificamos que há hospitais que ainda são do Sector Público Administrativo (SPA) e continuam a ter bons resultados e há hospitais EPE que continuam a ter maus resultados. E alguns ainda que até tinham resultados aceitáveis que agora se “afundaram” e têm resultados piores. Portanto, o que me parece é que a gestão dos hospitais também tem muito a ver com as equipas que gerem esses hospitais. No entanto, acredito que o enquadramento jurídico é facilitador, uma vez que aproxima o hospital da empresa e acho que isso é bom. Agora, para mim, a mudança principal é a mudança de cultura da organização e penso que isso não tem sido conseguido em todos os hospitais. Como resultado, o que temos são hospitais EPE
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com uma cultura que sempre existiu e a pergunta que se faz é: “se é assim porque se mudou?” - é uma questão pertinente. TH: Que condicionantes externas existem, nomeadamente ao nível do financiamento, dos recursos humanos e dos GDH, contraditórios à produtividade dos hospitais EPE? PL: O papel dos hospitais é prestar serviços, é tratar doentes. Se definirmos o patamar de tratamento e o negociarmos, se levarmos a sério o que negociamos, esse doente poderá não ser tratado. Ora, isso não pode acontecer na saúde, muito menos no nosso país. Só aceito estes contratos e estas negociações sempre que houver uma abertura para a capacidade que o hospital tem de tratar mais doentes. Aceito até um limite económico, desde que não haja penalizações por tratar mais um doente numa instituição. O nosso papel é efectivamente tratar doentes. É uma situação que nos pode colocar preocupações deste tipo. A outra questão das carreiras: a leitura que faço daquilo que a actual ministra tem dito é que percebe a importância das carreiras. Hoje em dia, somos o que somos a nível medico e de enfermagem por causa das carreiras; elas foram fulcrais. Aquilo que pensamos que pode acontecer é a criação de empresas que vendem serviços por valores perfeitamente fora do contexto, com médicos que fazem percursos durante uma semana a três cidades do país, com horas que nem imagino... Fico de alguma maneira satisfeito porque tenho a sensação que a actual Ministra da Saúde se preocupa com as carreiras. É uma pessoa que percebe esse problema e quer-lhe dar um tratamento próprio. Até diria que há preocupações em relação a essa questão porque, como sabem, esse problema das carreiras já devia ter sido resolvido
ou tinha um prazo para ser resolvido. A leitura que faço do nosso Ministério é que se percebeu que as carreiras na saúde são uma coisa muito delicada, muito importante e o cimento da área da saúde.
A mudança principal é a mudança de cultura da organização e penso que isso não tem sido conseguido em todos os hospitais. TH: Poderá caminhar-se para a dedicação exclusiva dos médicos, a curto ou a médio prazo? PL: Somos apologistas da dedicação exclusiva, no entanto, não concordámos com a dedicação exclusiva imposta. Aqui também importa reflectir sobre os vencimentos das pessoas, é necessário negociar valores. Estes não podem ser os valores que neste momento os médicos auferem na pública mais a privada, porque sabemos que na privada os valores são altíssimos. Mas penso que os médicos e os enfermeiros são sensatos nestas questões. Até porque tínhamos muitos dos médicos dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) em dedicação exclusiva - ela tem-se perdido ao longo dos anos - porque este hospital tem características muito próprias. Em primeiro lugar, a cidade de Coimbra não tem uma privada muito forte e, depois, os médicos efectivamente têm uma dedicação muito grande ao hospital e sentem-se muito bem em dedicação exclusiva. Sentimos com agrado que o Secretário de Estado tenha manifesta-
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do esta ideia e que a Ministra da Saúde não se tenha oposta. Ficamos um pouco tristes quando a Ministra referiu que, por motivos económicos, não se irá discutir a dedicação exclusiva a curto prazo. Aceitaria que ela dissesse que, no imediato, não existem condições económicas mas que era um assunto a ter na mesa de negociações. A APAH defende que se deve caminhar claramente para a dedicação exclusiva nos profissionais da saúde. Há pouco tempo li algo sobre um hospital privado que numa determinada especialidade contava com doze médicos, sete dos quais em dedicação exclusiva. Ora, se eles avançam com a dedicação exclusiva, fazem-no por algum motivo e nós que já tivemos esse sistema devíamos repensá-lo também. TH: Até que ponto a Associação fez alguma discussão sobre a problemática das unidades de saúde? PL: Temos conversado sobre esse assunto mas ainda não temos uma visão aprofundada. As linhas do Ministério da Saúde encorporam três enfoques fundamentais: cuidados primários, cuidados continuados e a sustentabilidade do sistema económico-financeiro. Uma grande aposta do anterior Ministro era os cuidados primários; nesse caso havia duas grandes linhas, que eram as unidades de saúde familiares e agrupamentos de centros de saúde. Qual é o panorama? Continuo a dizer que neste momento é um panorama de divórcio: de um lado estão os cuidados primários, de outro estão os cuidados hospitalares. Tirando algumas situações honrosas, como é o caso de Matosinhos e tirando algumas situações particulares de desenvolvimento em hospitais, como é o caso do Santa Maria que está a trabalhar com os centros de saúde que o circundam e a Cirurgia 2 aqui nos HUC. Portanto, situações particulares dos hospitais que desenvolvem
esse enfoque. Não vejo vontade de fazer a ligação de que falou, entre as unidades locais de saúde, que integram o hospital e o centro de saúde. Continuo a ver uma separação entre os cuidados primários e os cuidados hospitalares e penso que vamos acabar por cair nas unidades locais de saúde porque os ganhos que daí advêm são grandes. Os hospitais e centros de saúde não podem continuar de costas voltadas.
Somos apologistas da dedicação exclusiva, no entanto, não concordámos com a dedicação exclusiva imposta. TH – O governo manteve quatro hospitais em parcerias público-privadas, nos quais a gestão clínica, está ao cuidado dos privados. O que pensa a APAH sobre esta situação? PL: Ainda não temos uma posição definida acerca disso. No entanto, numa viagem de estudo que a APAH realizou a Edimburgh, hà 10/12 anos fomos visitar um hospital, onde se estava a realizar a primeira parceria públicoprivada do Reino Unido. Nas parcerias público-privadas em Inglaterra, todas as componentes podem ser deixadas para os privados, menos a gestão clínica. Penso que para os privados é muito apetecível ter tudo - e realmente ter tudo permite uma gestão de outro tipo - agora, percebemos que existem alguns riscos e algumas preocupações em relação a isso. Também me parece que seria de deixar a gestão clínica para a responsabilidade pública.
TH: Diz-se que a grande maioria dos hospitais não utiliza os blocos operatórios de forma rentável. Porque é que isto acontece? PL: BAquilo que sempre entendi, quando começou o programa das listas de espera, foi que este era para resolver uma situação grave mas que se tratava de um processo pontual para resolver essa situação, decorrente de uma conjuntura específica. Depois das listas de espera estarem mais equilibradas, entravamos no processo normal. E o processo normal é que os hospitais deveriam ter capacidade para tratar os doentes. Enquanto os nossos blocos operatórios não trabalharem 8 horas por dia é complicado... No Hospital da Prelada, trabalham 8 horas, com intervalo e almoço. O que interessa é que haja um período de tempo que permita gerir com qualidade e em quantidade. O grande problema dos nossos hospitais é que o horário de trabalho, também nos blocos operatórios, é só no período da manhã, porque as pessoas têm compromisso no período da tarde. E se no período da manhã os doentes não derem entrada no período estipulado e nós sabemos que elas realmente não entram - ficámos com um período muito pequeno de capacidade interventiva dos serviços. Felizmente, já se começa a fazer alguma coisa no período da tarde, mas aquilo que eu tenho ouvido dizer é que de tarde operam para o Sistema de Gestão dos Utentes Inscritos para Cirurgia (SIGIC). Ora, se for para o SIGIC não se está a resolver rigorosamente nada. Para finalizar, os blocos operatórios deviam trabalhar 8 horas e isso é perfeitamente possível dentro de um enquadramento legislativo da lei do trabalho. As pessoas só têm de alterar as suas práticas e a sua maneira de estar. Também entendo que este SIGIC tem de ter o seu tempo, porque senão
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nunca vamos concluir esta “pescadinha de rabo na boca”. Estamos a criar, no período da manhã, capacidade para mandar para o exterior e para a privada no período da tarde. E isto vai andar assim porque “até dá jeito”. Toda a gente está bem porque se trabalha não muito fortemente no período da manhã que é para depois termos coisas no período da tarde. E isto satisfaz toda a gente. Acho que essa é a grande questão.
Os hospitais devem ter um núcleo forte, de boa qualidade e estou a falar em engenheiros e técnicos. As consultas externas é outra coisa. Começam a aparecer algumas no período da tarde, mas ainda não é suficiente. Se verificarmos e avaliarmos aquilo que é o quadro do desempenho da consulta externa de um hospital, apercebemonos logo quais são as elevadas cargas de trabalho: estão todas na parte da manhã.
TH: Ultimamente tem havido mais recurso ao outsorcing nos quadros superiores e técnicos de engenharia, que de certo modo a ATEHP representa. Não só começa a não haver operários e técnico-profissionais em número significativo com vínculo à administração pública, mas inclusivamente os quadros técnicos são cada vez menos quando o plateau técnico não diminuiu. Sendo esta a realidade dos Serviços de Instalações e Equipamentos, qual a sua opinião sobre este assunto? PL: Quando vim para os HUC vi que este era um Hospital com grandes capacidades. E uma das áreas que me parece mais importante, que tem a ver com a qualidade do hospital, é justamente a área das Instalações e Equipamentos. Muitas pessoas ocorrem a este hospital e dizem-me “este hospital parece que foi construído há 2 ou 3 anos”. Isto acontece porque as administrações felizmente sempre perceberam que um hospital, para ter qualidade tem que manter uma qualidade da sua imagem. Isto tudo acontece porque existe manutenção e eu que estou nos Serviços Financeiros sei quanto este hospital gasta em manutenção. Por exemplo, o Hospital de Aveiro, tinha uma construção relativamente nova e passado poucos anos foi necessário substituir as canalizações porque não havia manutenção e certamente não
havia outra coisa: uma equipa como este hospital tem. A equipa dos HUC sempre entendeu que se devia apostar na equipa dos SIE. Não sou contra o outsorcing; agora, só o acho viável em áreas onde ele deve existir. Os hospitais devem ter um núcleo forte, de boa qualidade e estou a falar em engenheiros e técnicos. Isso não inibe que algumas áreas que existem nos SIE não possam ser concessionadas. Por exemplo, no hospital que visitamos em Vigo verificamos que existiam muitos serviços concessionados, mas que era o SIE do Hospital que controlava, monitorizava e avaliava esses serviços. Hospitais em cidades com capacidade para prestações em outsourcing e hospitais com determinada dimensão podem fazer outsourcing. Agora só se deve fazê-lo em áreas em que efectivamente permitam fazer outsourcing. Entregar a empresas privadas o desempenho de algumas áreas de hospital sem manter depois um núcleo que faz o acompanhamento, avaliação e monitorização de tudo isso é um erro. E são esses erros que depois levam que esses hospitais novos pareçam velhos. Sei bem que a manutenção custa muito dinheiro e a sensação que me dá é que é uma área onde não há muita preocupação e onde as pessoas não percebem que essa atitude preventiva permite poupar muito dinheiro.
Perfil Natural de Melgaço, António Pedro Araújo Lopes licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Integrou o Ministério Público, como delegado. Entretanto, candidatou-se à carreira da administração hospitalar, na ENSP e depois de concluído o curso, teve a sua primeira intervenção na área da administração hospitalar no Hospital de Aveiro, a convite do Dr. Vítor Seabra. Aquando do mandato da Ministra da Saúde Leonor Beleza, foi para o Hospital de Águeda, como administrador hospitalar e vogal executivo. Depois de passar por Ovar e novamente por Aveiro, veio para Coimbra, para a maternidade Daniel de Matos. Depois disso, foi convidado para a direcção dos Serviços Financeiros dos HUC. Durante esse período ainda integrou o Conselho de Administração dos HUC em dois mandatos, com o cargo de vogal executivo. Neste momento é também presidente da APAH, depois de ter sido vice-presidente da mesma associação em anos anteriores.
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construção e reabilitação de edifícios hospitalares
A Reabilitação e Conservação das Construções na perspectiva do Dono da Obra Pública Maria José Silveirinha, Engenheira Civil António Branco, Engenheiro Civil?
Em Portugal, o investimento nas áreas da reabilitação e da conservação de edifícios é ainda muito reduzido, não chegando a representar 10 % do investimento total no sector da construção. Este valor aumenta de relevância quando comparado com o que se passa em muitos países da União Europeia, onde aquela percentagem ultrapassa 40 %. A necessidade de reabilitar e conservar os edifícios é função directa da qualidade da sua construção, que condiciona directamente o seu estado de conservação.
Panorama actual Ao longo dos últimos anos, tem vindo a ser produzida cada vez mais regulamentação no sentido do aumento do conforto e da qualidade dos edifícios. Apesar da preocupação com a qualidade da construção que esta tendência denota, verifi ca-se que, de um modo geral, as novas construções não apresentam a qualidade expectável. Como causas não técnicas para esse insucesso, podemos referir que, no nosso país, a construção de edifícios públicos
Bom exemplo de reabilitação – Adaptação de um edifício de escritórios para a Nova delegação do INSA Dr. Ricardo Jorge, no Porto – instalações técnicas no alçado posterior.
é muitas vezes condicionada por calendários e perspectivas eleitorais. O dono da obra está mais interessado em ter a obra pronta a inaugurar numa data próxima do que em investir na durabilidade da mesma, pois sabe que isso não lhe traz grandes dividendos políticos. Esta situação conduz normalmente à construção de edifícios que irão necessitar de reparações constantes, pois o projecto não acautelou os aspectos da durabilidade. Também é cada vez mais frequente a situação ainda mais grave de o projecto posto a concurso ser alterado e adulterado no decorrer da obra, para satisfazer interesses económicos pouco claros e contrários ao do interesse público. Na maioria dos concursos de empreitadas de obras públicas os preços das propostas ganhadoras são de tal modo baixos que o adjudicatário começa a obra a saber que vai perder dinheiro e que, para inverter essa situação, vão ter de se verifi car situações anómalas, tais como a justificação de erros e omissões do projecto inexistentes, ou a invenção de trabalhos a mais. Numa grande obra pública actualmente em construção no nosso país, o orçamento de projecto era de 56 milhões de euros. O Dono da Obra decidiu, quando lançou o concurso da empreitada, baixar aquele valor, que serviu de base de concurso, para 44 milhões de euros. A proposta do concorrente ganhador foi de 37,5 milhões de euros. Ou seja, do orçamento elaborado pelos projectistas para o valor da adjudicação da obra, houve um decréscimo de custo de 33%. A conta final da empreitada, provavelmente apresentará outra realidade. Como factores de ordem técnica do referido insucesso, temos: s A falta de uma programação funcional cuidada. Ainda existem muitos responsáveis por instituições públicas que consideram tempo perdido ou mal gasto aquele que é utilizado na elaboração de planos directores ou programas funcionais suficientemente desenvolvidos. s A ausência de uma pormenorização de projecto adequada. A maior parte dos projectos fi ca-se por um estado de desenvolvimento que vulgar e depreciativamente se apelida de “fase de licenciamento”, para já não falar nas obras que se mandam executar sem qualquer projecto.
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dossiê
-se nas seguintes percentagens: Deficiências de concepção e projecto – 42% Utilização de materiais inadequados – 17% Má execução da obra – 25% Má utilização e manutenção do edifício – 10% Outras falhas – 6%
Patologia em obra em execução – alinhamento deficiente das nervuras resistentes e espessura de recobrimento das armaduras estruturais insuficiente, em laje fungiforme.
s Algumas novas tendências arquitectónicas que, por vezes, tendem a privilegiar os aspectos estéticos relegando para segundo plano os funcionais, potenciando maiores necessidades de conservação e manutenção a curto prazo. s A multiplicidade de erros de execução, normalmente consequência da falta de especialização dos recursos humanos envolvidos, devida por um lado, à escassez de locais de formação especializados e, por outro, porque as grandes empresas de construção que funcionavam, outrora, como verdadeiros centros de formação, empregando os seus recursos humanos desde a fase de aprendizes até operários especializados, passaram, para aligeirar encargos, a meros agentes de subcontratação de mão-de-obra. s Os prazos impostos para a execução dos trabalhos, frutode condicionalismos lógicos (privar um edifício de prestar o serviço público durante o mínimo de tempo possível), ou nem por isso (calendários políticos). s A aplicação de novos materiais, sem que a sua utilização tenha sido suficientemente ensaiada e testada, o que conduz a que acabem por ser as obras os verdadeiros laboratórios de ensaio do desempenho dos materiais. s A pouca ou nula efi cácia da aplicação prática dos sistemas de garantias consignadas na legislação de obras públicas. São inúmeros, sobretudo quando se trata de grandes obras, os casos em que o Estado acaba por mandar reparar, à sua custa, anomalias que não conseguiu que o empreiteiro assumisse durante o prazo de garantia. Segundo Vítor Cóias e Silva e Iolanda Soares, as principais causas de encargos de reabilitação de construções dividem-
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Patologia em obra em execução – espessura de recobrimento das armaduras estruturais insuficiente, em viga.
Como agir no futuro? Para responder a este cenário negativo, podemos apontar alguns cuidados a ter e práticas aconselháveis na execução das empreitadas de obras públicas, bem como formas de minorar os encargos da reabilitação e conservação dos edifícios. Podem, assim, apontar-se alguns cuidados essenciais a ter nas várias fases de todo o processo: 1. Programa Funcional – deve ser cuidado, explícito, conter o máximo de informação para todas as especialidades envolvidas, e não apenas referências arquitectónicas tais como áreas mínimas, tipos de revestimentos ou orientação dos compartimentos. 2. Projecto – a qualidade do projecto é essencial. Deve ter a pormenorização sufi ciente para que não dê origem a dúvidas na execução. As ferramentas de cálculo ao dispor dos projectistas devem ser correctamente utilizadas, de forma a obter-se um dimensionamento correcto dos elementos calculados.
construção e reabilitação de edifícios hospitalares
Os projectistas devem munir-se do máximo de informação que possa vir a contribuir para um bom trabalho fi nal, recorrendo exaustivamente a estudos complementares tais como geotécnicos, ambientais, informação relativa a acessibilidades, redes de abastecimento, de drenagem, etc..
4. Execução da obra – é fundamental que os trabalhos sejam executados por empresas e pessoal especializado. O Dono da Obra deve ter a certeza, no momento de tomar a decisão de adjudicar, de que escolheu um concorrente idóneo, com capacidade técnica, económica e financeira que lhe garantam um bom desempenho futuro. 5. Fiscalização – a fiscalização é o representante do Dono da Obra. É a ela que compete vigiar e verifi car o exacto cumprimento do projecto e suas alterações, do contrato, do caderno de encargos e do plano de trabalhos em vigor. Para realizar com rigor e qualidade as suas atribuições, deverá dar ordens ao empreiteiro, fazer-lhe avisos e notificações, proceder às verifi cações e medições e a todos os demais actos necessários, utilizando sempre meios de prova escritos legalmente aceitáveis (relatórios, actas, livros de obra, etc.). A sua actuação deverá fazer-se de modo a não perturbar os trabalhos e sem diminuir a iniciativa e a responsabilidade do empreiteiro.
Bom exemplo de reabilitação – Adaptação de um edifício de escritórios para a Nova delegação do INSA Dr. Ricardo Jorge, no Porto – instalações laboratoriais.
3. Revisão de projecto – é essencial criar-se o hábito da sua implementação. Como diz o ditado “4 olhos vêm mais do que 2”. Existem alguns aspectos essenciais que podem ser optimizados através de uma boa revisão, tais como: — a detecção de erros ou omissões do projecto; — o comportamento adequado das estruturas resistentes e respectiva fundações, considerando correctamente as diversas acções a que o edifício irá estar sujeito em função da sua utilização e localização; — a adequada durabilidade e facilidade de reparação da construção, dos seus componentes, materiais, sistemas e instalações, tendo em vista diminuir os custos de conservação e manutenção; — a minimização dos custos de exploração energética do edifício, nas vertentes de climatização e iluminação; — a garantia das condições de manutenção de um ambiente interior saudável ao longo da vida da construção; — a segurança contra incêndios, intrusão e outras situações de emergência; — a implementação de princípios de construção sustentável, do ponto de vista ambiental; Como é obvio, quanto maior é a complexidade.
6. Compilação técnica e telas finais – são elementos imprescindíveis para que, no futuro, os responsáveis pela manutenção do edifício, ou pela sua reabilitação, tenham ao seu dispor o máximo de informação sobre a matéria que estão a tratar. 7. Garantias e seguros – os Donos da Obra devem utilizar exaustivamente os mecanismos que a legislação de obras públicas coloca ao seu dispor para garantir que o produto final da empreitada tem qualidade, ou seja, é isento de deficiências, deteriorações, indícios de ruína ou falta de solidez. Estas são algumas sugestões que pensamos que poderão melhorar os resultados obtidos, do ponto de vista do dono de obra.
REFERÊNCIAS Freitas, V. P. – Patologia e Reabilitação de Edifícios, Estratégias para o Futuro – PATORREB, 2003 Cóias e Silva, V. e Soares, I. – A Revisão dos Projectos como forma de reduzir os custos da construção e os encargos da manutenção de edifícios – LNEC, 2003 tecno hospital 30
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dossiê
Caso-estudo: Reparação das fachadas e coberturas dos Hospitais da Universidade de Coimbra Luís Serra e Silva Engenheiro Civil e Chefe da Equipa de Fiscalização da Obra
O presente artigo aborda os trabalhos respeitantes à Empreitada de “reparação das fachadas e coberturas com melhoria da eficiência energética”, levados a cabo nos HUC – Hospitais da Universidade de Coimbra, sitos na Avenida Bissaya Barreto e Praceta Mota Pinto, em Coimbra. O Projecto é da autoria do Eng. Victor Pais e a Coordenação de Segurança e Saúde para a fase de projecto esteve a cargo do Eng. Rui Prata Ribeiro. A Entidade Executante foi a Manuel Rodrigues Gouveia, S.A., tendo como Director Técnico da Obra o Eng. Rui Gonçalves. A Fiscalização ficou a cargo da J. Diniz Vieira & Associados, Lda que, associada à Luís Monsanto, Unipessoal Lda, designou para Coordenador da equipa de fiscalização e para Coordenador de Segurança em Obra, o Eng. Luís Serra e Silva, coadjuvado pelo Sr. José Luís Araújo.
Introdução Esta obra não introduziu quaisquer alterações estruturais ou arquitectónicas, tendo decorrido de Abril de 2006 a finais de Julho de 2007. Os trabalhos foram realizados, na sua essência, de acordo com o Caderno de Encargos (CE), salvo situações específicas, em que se entendeu por bem proceder a alterações de materiais e processos, tendo em conta a qualidade final, as condições técnicas de execução e o bem estar dos utentes e funcionários. Convém salientar que estas alterações não trouxeram alterações ao custo final da obra.
s
s
s s
protectores solares existentes e da chaminé da central térmica. Limpeza e impermeabilização das peças de cantaria de calcário existentes nas fachadas e em peitoris e sua substituição, quando necessário. Substituição e reforço da vedação dos caixilhos existentes, fornecimento e aplicação de vidros duplos 5+5 reforçados termicamente, decapagem e pintura de portões, grelhas e guardas de escadas metálicas existentes. Limpeza e substituição de estores exteriores, quando necessário. Substituição de tubos de queda, capitéis, algerozes e ra-
Conforme o CE e a Lista de Medições, foram os seguintes os trabalhos realizados: s Desmonte, demolição e transporte a vazadouro de coberturas em fibrocimento, de tubos de queda, de cantarias em mau estado e vidros partidos e, em especial, substituição dos dois últimos tramos de escada e guarda, do acesso à chaminé da central térmica. s Aplicação de isolamento térmico em painéis soldáveis de lã de rocha e de telas betuminosas impermeabilizantes, em coberturas planas, e de chapas metálicas pintadas, incluindo isolamento térmico, em coberturas inclinadas. s Execução de tratamento das juntas de dilatação exteriores, quer horizontais, quer verticais. s Reparação da envolvente exterior revestida a reboco e a mosaico porcelânico, com limpeza, preparação, barramento fino e pintura, bem como limpeza e pintura dos
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Bloco A - Alçado Nascente (depois da intervenção)
construção e reabilitação de edifícios hospitalares
los de pinha, bem como reparação de caixas de visita da rede de esgotos pluviais. s Execução de limpeza dos painéis de pastilha cerâmica dos edifícios e remoção da chapa em fibra de vidro existente na clarabóia de iluminação do Terraço Superior do Bloco B – Fachada Norte e sua substituição por chapa em fibra de vidro Acrylit, com difusor de luz.
Soluções adoptadas
Características da obra
Montagem de andaime Como caso de estudo, na fase de montagem de estaleiro, logo surgiu a imperiosa necessidade de especial amarração do andaime, não só pela altura atingida, mas também por, nalguns casos, arrancar por sobre laje aligeirada de capacidade resistente relativamente baixa face às solicitações previstas pela estrutura metálica a montar. Foi preconizada sustentação do andaime à própria fachada, por cravação de buchas químicas ao(s) edifício(s), a vários níveis.
A complexidade da obra ficou a dever-se ao facto de se tratar de um estabelecimento hospitalar central, de grande movimento, quer de pessoal, quer de utentes, que se manteve em pleno funcionamento durante todo o período da intervenção. Refira-se que imposições operacionais do hospital obrigaram a paragens pontuais e houve mesmo necessidade de ajuste de trabalhos ruidosos face, por exemplo, à marcação de intervenções cirúrgicas. Acresce o facto de se tratar de um espaço composto por uma quantidade apreciável de edifícios (Blocos A a J), Hospital de Dia, Armazém da Farmácia, Pavilhão dos Transportes, Arquivo Morto, e de um sem número de infra-estruturas, tais como, Chaminé da Central Térmica, Depósitos de água, Depósitos de nafta e Depósito de gases. Assim sendo, quer a implantação do Estaleiro Central, quer a delimitação de frentes de trabalho e seus acessos, sempre estiveram condicionados ao tráfego de pessoas e viaturas. As diferentes características e acabamentos, que apresentavam cada uma das edificações, impuseram abordagens e acabamentos distintos.
Bloco F – Auditório - Alçado Sul (andaime montado)
Planeamento da obra Um dos primeiros trabalhos a executar, foi a reparação da chaminé. Dada a altura a atingir pelo andaime, a configuração da chaminé e as condições atmosféricas existentes, revelou-se de extrema importância, a preparação de obra, quer nos cuidados a ter quanto à segurança de trabalhadores, quer quanto à segurança de terceiros. O planeamento da obra foi feito tendo em conta a necessidade de mobilização constante de grande quantidade de andaime, a sequência ideal de abertura de frentes de trabalho, os tipos de trabalhos a executar, as condições atmosféricas e a necessidade imperiosa de minimizar a interferência com os serviços dos HUC.
Reparação de revestimentos Após remoção dos revestimentos em mau estado, procedeuse a enchimentos e à regularização e impermeabilização com argamassas. Refira-se que, durante os trabalhos de reparação dos rebocos, nas zonas de ligação entre as platibandas, em alvenaria, e as lajes em que apoiam, verificou-se a existência de fissurações generalizadas. Optou-se, por isso, pela abertura de juntas horizontais, de modo a minimizar tal situação. Também nos grandes panos de alvenaria se verificou existir alguma fissuração tendo, nestes casos, sido abertas juntas horizontais a cada dois pisos. No caso do mosaico porcelânico em pastilha 2,5x2,5cm, após remoção do revestimento em mau estado, a base para assentamento foi reparada com argamassa e a pastilha foi assente e betumada. tecno hospital 31
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Sistema de pintura A remoção e reposição dos revestimentos das alvenarias das fachadas dos edifícios, dada a sua dimensão em quantidade, volume e até altura, foi dos trabalhos que se revestiu de maior preocupação e cuidado, com o CE a prever a remoção total das pinturas existentes e, após a reparação dos rebocos, a aplicação de um barramento fino. A primeira dificuldade, surgiu, exactamente, com essa remoção, tendo sido ensaiada a aplicação de água sob pressão (a 200 bar), a queima a maçarico e aplicação de decapante químico. Destes, o primeiro, para além da morosidade, “queimava” o próprio reboco pela insistência na remoção da tinta, e o segundo, para além disso, tinha o inconveniente do cheiro muito activo dos seus componentes. A outra solução, mas logo eliminada, seria a jacto de areia, impensável para esta obra. Juntamente com Empreiteiro, decidiu-se pela solicitação de parecer aos serviços dos Laboratórios do ITECons da Universidade de Coimbra que concluiu não ser aconselhável a solução, tanto mais que, realizados testes de aderência, após decapagem com água, verificou-se serem de difícil remoção. Dada a dificuldade na remoção integral dos revestimentos de pintura encontrados, optou-se pelo seguinte sistema de pintura: aplicação de primário, seguido de uma demão para aderência do “véu de noiva” (tela reforçadora de pintura), tendo sido, posteriormente, aplicada uma demão de tinta texturada e, para acabamento final, estenderam-se duas demãos. Refira-se, no entanto, que o Bloco J (Central Térmica e PT), por via dos ensaios entretanto realizados, acabou por ser o único local onde foi aplicado o barramento fino, com espessura de 5 mm, primário e duas demãos de tinta.
foram aplicadas duas demãos de Tinta acrílica. Para muros em betão à vista, foram aplicadas duas demãos de verniz, incluindo adição de percentagem de cimento em pó, de acordo com a amostra aprovada em obra (10% volume). No Bloco B, uma vez que as paredes estavam revestidas a tinta borrachada, foi aplicado primário, seguido de duas demãos Novatex AC 10.170, e uma demão de tinta Cinoxano 10-110. Tratamento de juntas Para o tratamento das juntas de dilatação exteriores, quer verticais, quer horizontais, após limpeza, com regularização de arestas com argamassa tipo 1, tendo sido usado cordão de enchimento em polietileno e mastique de poliuretano para a selagem. Por fim, foram revestidas com duas demão de tinta.
Bloco G – Psiquiatria - Cunhal Sudeste (Pormenor)
Bloco E - Alçado Oeste
Para a chaminé da Central Térmica, após a lavagem e tratamento das fissuras foi aplicado Primário e para acabamento
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Cantarias e peitoris de janelas Outra das contrariedades encontradas foi a reparação de fissuras ou substituição de peitoris de janelas. Se, no primeiro caso, dúvidas se levantaram quanto à eficácia do trabalho, dadas as condições para a sua execução, no segundo, o transtorno provocado, sobretudo em enfermarias, blocos operatórios e gabinetes, com a remoção e reposição de caixilhos e aros de janelas, para substituição das cantarias, e o tempo daí decorrente, revelaram-se incomportáveis. Assim, todas as peças de cantaria de calcário foram tratadas para o refechamento das juntas e impermeabilizadas; no caso dos peitoris, foi aplicado um capeamento em alumínio
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termolacado à cor da pedra (creme), fixo e rematado com cordão de mastique poliuretano.
Estes trabalhos levaram à visita ao Estaleiro da inspecção da ACT – Autoridade para as Condições de Trabalho.
Vãos de janela Feita a remoção de vedantes e limpeza das superfícies, fezse o preenchimento das juntas parede/aro (vão) com cordão de enchimento em polietileno, sendo selado com mástique poliuretano, cor cinza. Para reforço da vedação vidro/caixilho, cortaram-se e removeram-se as borrachas existentes e aplicou-se mástique poliuretano em preto. Foram aplicados vidros duplos 5+5 reforçados termicamente.
Coberturas inclinadas Outros materiais houve que, por razões várias – alteração de cotas de soleira, remoção de rufos, pestanas e vigamento de coberturas, etc., – motivariam trabalhos a mais. Este foi o caso da cobertura em painel sandwich para a qual, a fim de evitar a remoção de todos os rufos existentes e sua reconstrução, se optou pela aplicação de elementos de 40 mm de espessura. Esta solução revelou-se tanto mais importante quanto, nalguns casos, o definido em projecto obrigaria à alteração de estruturas de apoios da cobertura.
Protecções de janelas Melhorando o preconizado em projecto que, no caso dos estores, previa a sua limpeza total e a substituição de alguns (350,00 m2, aproximadamente), conseguiu-se a solução de substituição total dos estores em PVC por estores em réguas de alumínio, com isolamento térmico em poliestireno extrudido. Para os protectores solares, após serem bem lavados e limpos, aplicou-se um produto para tratamento de fissuras, sendo depois aplicado um primário, revestido com duas demãos de tinta acrílica. Desmantelamento de cobertura Outra das preocupações, foi a remoção das coberturas em fibrocimento, trabalho que mereceu especial atenção do Coordenador de segurança, e que decorreu com normalidade. Foram feitas análises a amostras do fibrocimento pelo Instituto Ricardo Jorge para rastreio do tipo de material em causa, tendo sido efectuadas análises de riscos e aplicadas medidas preventivas e escolhidos e implementados os adequados procedimentos e métodos de execução. São exemplo o uso de fatos descartáveis e máscaras protectoras, ao restante tipo de equipamento, passando pela embalagem, transporte, descarga a vazadouro credenciado e registo dos materiais envolvidos, por firmas certificadas para o efeito.
Bloco D - Cobertura da Imagiologia (antes e depois)
Bloco E – Execução de Cobertura (levantamento do fibrocimento e montagem do painel sandwich)
Coberturas planas Também os painéis de lã de rocha que foram aplicados sobre a cobertura em camarinha da Imagiologia, já com bastantes perfurações, tiveram que ser reconsiderados, para dimensão diversa à de projecto, evitando a alteração das cotas de soleira e de maciços de equipamentos vários existentes sobre a cobertura. Quer sobre os painéis de lã de rocha aplicados sobre camarinha, quer sobre as coberturas planas em geral, foi aplicado um sistema de impermeabilização constituído por duas camadas, uma de tela betuminosa de 3.0 kg/m² com armadura de fibra de vidro e outra de tela betuminosa de 4.0 kg/m², com armadura de poliéster auto protegida com grãos minerais. tecno hospital 31
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No edifício da Imagiologia, ao longo de todo o alçado Poente, após sondagens para o efeito, verificou-se existir uma infiltração generalizada motivada por cortes encontrados nas telas botílicas. A solução encontrada, passou pela execução de tabuleiros em aço inox, embebidos nas alvenarias, para os quais passaram a pender as águas infiltradas através das telas e destes para os capitéis das águas pluviais.
HST – Higiene e Segurança do Trabalho Dados os trabalhos em altura que se desenvolveram e os materiais e equipamentos utilizados, esta obra envolvia quer trabalhos quer materiais de riscos especiais, tratando-se, por isso, de uma obra de cuidados acrescidos. Perante tal facto, os Índices de Sinistralidade registados foram de nível aceitável, diríamos mesmo, de bom nível. Índice Incidência = 4,40 Índice Frequência = 26,61 Índice Gravidade = 0,41 Índice Duração = 15,33 A média mensal de trabalhadores em obra atingiu os 43, com 112.746 horas de trabalho efectivo, distribuídos por 16 meses. Registaram-se 3 acidentes, que deram origem a 46 dias de trabalho perdidos, não se tendo verificado qualquer incidente com terceiros.
Trabalhos de remoção de reboco
Elementos de Drenagem Nas zonas expostas a forte corrosão devido a gases de enxofre, como é o caso da envolvente à Central Térmica, foram aplicadas novas caleiras em aço Inox da classe AINSI 316 com 1 mm de espessura, com 1m de desenvolvimento. Na cobertura do Bloco C (Fachada Norte), optou-se pela impermeabilização da caleira existente com uma membrana líquida impermeável à base de borracha butílica por esta estar ligeiramente degradada, evitando o levantamento integral da “água” da cobertura. Foram substituídos todos os tubos de queda em PVC10, 6 Kgf/cm2 uma vez que estes apresentavam notória redução de secção útil interior por acumulação de sedimentos calcáreos. Os tubos de queda foram revestidos com primário e duas demãos de tinta. Para a sua fixação às fachadas foram utilizadas abraçadeiras em aço inox. Foram aplicados capitéis em chapa de zinco nº 14 posteriormente revestidos a primário e duas demãos de tinta. Foram montados algerozes em chapa de zinco n.º 14, sendo estes revestidos a primário, com uma demão de tinta texturada e duas demãos de tinta. Foram aplicados ralos de pinha, em PVC, em todas as prumadas de tubos de queda onde estes não existiam. Promoveu-se o desentupimento dos tubos de queda interiores e de colectores enterrados.
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Bloco I – execução da Cobertura
Conclusão Ao nível financeiro, pode-se afirmar que o resultado foi meritório, tanto mais que se conseguiu manter o nível contratualmente previsto para a despesa. Do ponto de vista da qualidade, foi sempre apanágio a escolha de soluções tecnicamente correctas, a fim de atingir a melhoria da eficiência energética do conjunto dos edifícios - meta proposta, que se crê ter sido atingida. Quanto às condições de trabalho que se conseguiu implantar em estaleiro, pensa-se, igualmente, ter atingido um patamar satisfatório.
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Sistemas de Tubagem de Materiais Plásticos para Instalações de Água em Edifícios Hospitalares Adélia Rocha Investigadora Coordenadora, Directora do Departamento de Materiais, Laboratório Nacional de Engenharia Civil
1. Introdução Nos últimos 40 anos tem-se assistido ao uso crescente de sistemas de tubagem de materiais plásticos no interior de edifícios. De início a utilização destes sistemas limitava-se à condução de água fria. Na década de 80 surgiram novos sistemas de tubagem fabricados com materiais plásticos adequados à condução de água quente. Neste artigo identificam-se e caracterizam-se os sistemas de tubagem de materiais plásticos com vista à sua utilização nas seguintes aplicações:
de PVC. As juntas desta tubagem fazem-se por abocardamento para colar ou por abocardamento com anilha de estanquidade. Quadro 1 - Características físicas do policloreto de vinilo não plastificado [1] Característica
Valor usual
Massa volúmica, Kgm-3
1350-1460
Temperatura de amolecimento Vicat, ºC
65-85
Tensão de rotura (tracção), MPa
55-65
Extensão na rotura (tracção), %
50-80
Módulo de elasticidade (tracção), MPa
s s s s
água fria e quente para consumo humano; água descalcificada para central térmica e lavandaria; água desmineralizada para hemodiálise e laboratórios; água quente para sistemas de aquecimento ambiental.
Apresentam-se também algumas recomendações relativas à utilização destes sistemas de tubagem e faz-se uma apreciação sobre a adequação dos diversos sistemas às diferentes aplicações consideradas neste artigo.
2. Identificação e Caracterização dos Sistemas de Tubagem Disponíveis
2500-4200
As características e as especificações relativamente aos materiais, tubos, acessórios, juntas e auxiliares para a execução destas devem estar de acordo com a norma europeia EN 1452, cujas partes 1, 2 e 3 se encontram transpostas para a normalização portuguesa [2] a [5].
a)
2.1. Tubagem para distribuição de água fria a) Tubagem de policloreto de vinilo O policloreto de vinilo é um material plástico designado pela sigla PVC cujas características físicas mais relevantes se apresentam no Quadro 1. Os tubos são fabricados com diâmetros nominais, que variam entre 12 mm e 1000 mm. As pressões nominais, PN, previstas na normalização são as seguintes: 6 bar, 8 bar, 10 bar, 12,5 bar, 16 bar, 20 bar e 25 bar. Em alternativa à sua designação pela pressão nominal, os tubos podem também ser referidos pela sua série, S, ou pela razão dimensional padrão, SDR. Os acessórios para estes tubos são, geralmente, também
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b) Figura 1 - Juntas de tubagem de PVC-U por colagem (a) e por anillha de estanquidade (b)
b) Tubagem de polietileno Presentemente existem no mercado tubos fabricados a partir de polietileno de média e de alta densidade. O polietileno é um material plástico designado pela sigla PE. As características físicas do PE encontram-se no Quadro 2. O desenvolvimento da química dos polímeros tem
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permitido produzir polietilenos com resistência mecânica melhorada, deixando esta resistência de estar necessariamente associada à densidade do polietileno. Actualmente a classificação dos polietilenos faz-se preferencialmente com base no MRS - resistência mínima exigida. No Quadro 3 indicam-se os tipos de polietileno normalmente usados no fabrico de tubos de PE para distribuição de água, bem como os correspondentes valores do MRS e a respectiva tensão de segurança, Vs, para um coeficiente de segurança de 1,25.
As características e as especificações relativamente aos materiais, tubos, acessórios, juntas e auxiliares para a execução destas devem estar de acordo com a norma europeia EN 12201, cujas partes 1 e 2 já se encontram transpostas para a normalização portuguesa [6] a [10].
Quadro 2 - Características físicas do policloreto de vinilo não plastificado [1]
Sendo uma informação comum aos sistemas de tubagem apresentados nesta secção refere-se, de imediato, que os tubos são normalmente fornecidos com diâmetros nominais entre 12 mm e 160 mm. As pressões nominais dos tubos de materiais plásticos são referidas à temperatura de referência de 20 ºC. Para estes tubos, a normalização europeia dá preferência à classificação dos tubos pela sua série. A selecção da série é feita com base na classe de aplicação e na pressão de projecto, que pode ser 4 bar, 6 bar, 8 bar e 10 bar. Refere-se ainda que surgiu muito recentemente no mercado uma nova tubagem cujas paredes são constituídas por PE-RT (polyethylene of raised temperature resistance), destinado à distribuição de água quente e fria [11]. Por se tratar de um produto muito recente, é ainda reduzida a experiência sobre o mesmo, pelo que neste artigo se optou por lhe fazer unicamente esta referência.
Valor usual Característica Massa volúmica, Kgm-3
PEMD
PEAD
926-940
> 940
Tensão de rotura (tracção), MPa
18
28
Extensão na rotura (tracção), %
600-1000
1000
800
1000
Módulo de elasticidade (tracção)
Quadro 3 - Tipos de polietileno e valores de MRS e da tensão de segurança, Vs Tipo de polietileno
MRS/MPa
Vs/MPa
PE 80
8,0
6,3
PE 100
10,0
8,0
Os tubos são geralmente fabricados com diâmetros nominais, que variam entre 16 mm e 1 600 mm. As pressões nominais, PN são as seguintes: 4 bar, 5 bar, 6 bar, 8 bar, 10 bar, 12,5 bar, 16 bar, 20 bar e 25 bar. Em alternativa à sua designação pela pressão nominal, os tubos podem também ser referidos pela sua série, S, ou pela razão dimensional padrão, SDR. As juntas usuais nos sistemas de tubagem de polietileno são executadas por soldadura topo a topo (com ou sem material de adição), por soldadura com acessórios electrossoldáveis, por soldadura com manga auxiliar de polietileno e com o auxílio de acessórios mecânicos, que podem ser fabricados com materiais plásticos ou metálicos.
2.2. Tubagem para distribuição de água quente e fria
a) Tubagem de polipropileno O polipropileno é um material plástico designado pela sigla PP. Existem no mercado dois tipos de polipropileno para o fabrico de componentes de sistemas de tubagem, designados por polipropileno homopolímero e polipropileno copolímero, de siglas respectivamente PP-H e PP-C. O polipropileno copolímero pode ainda ser um polipropileno copolímero “random”, PP-R, ou um polipropileno “bloco”, PP-B. As características dos diferentes polipropilenos são distintas, sendo as mais relevantes apresentadas no Quadro 4. As juntas desta tubagem fazem-se por soldadura com acesQuadro 4 - Características físicas do polipropileno [1]
a)
Valor usual Característica b)
Homopolímero
Copolímero
-3
915
912
Temperatura de amolecimento Vicat, ºC
149
147
31-42
23-38
Massa volúmica, Kgm
c) Tensão de rotura (tracção), MPa Extensão na rotura (tracção), %
100-600
500-1000
1100-1600
1000-1400
Figura 2 - Juntas de PE por soldadura topo a topo (a), electrossoldável (b) e com acessórios mecânicos (c)
Módulo de elasticidade (tracção), MPa
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sórios abocardados de polipropileno, por soldadura com acessórios electrossoldáveis e com o auxílio de acessórios mecânicos, que podem ser fabricados com materiais plásticos ou metálicos. A situação mais usual corresponde ao uso de acessórios de polipropileno com abocardo para soldadura. As características e especificações relativamente aos materiais, tubos, acessórios, juntas e auxiliares para a execução destas devem estar de acordo com a norma europeia EN ISO 15874 - 1, 2, 3 e 5 [12] a [15]. b) Tubagem de polietileno reticulado O polietileno reticulado, correntemente designado pelas siglas PEX ou PER, é obtido a partir de um polietileno que, por um processo físico ou químico, sofre reticulação resultante do estabelecimento, entre as cadeias moleculares do polietileno de partida, de novas ligações químicas. É esta modificação ao nível da estrutura molecular que confere ao polímero final uma maior resistência à temperatura que aquela que o polietileno tinha antes de sofrer reticulação. É, por isso, que os tubos de PEX, ao contrário dos tubos de PE, são adequados para a distribuição de água quente. No Quadro 5 apresentam-se as principais características físicas do PEX. Quadro 5 - Características físicas do PEX [1] Característica Massa volúmica, Kgm-3 Temperatura de amolecimento Vicat, ºC Tensão de rotura (tracção), MPa
Valor usual > 940 133 20-26
Extensão na rotura (tracção), %
500
Módulo de elasticidade (tracção), MPa
1150
As juntas desta tubagem são normalmente feitas com acessórios mecânicos de metal, geralmente de latão. A normalização prevê também o uso de acessórios de materiais plásticos. Os acessórios podem ser do tipo de “compressão” ou de “pressão”.
Figura 3 - Detalhe de junta com acessório de “pressão” [35]
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As características e especificações relativas aos materiais, tubos, acessórios, juntas e auxiliares para a execução destas devem obedecer aos requisitos da norma europeia EN 15875 - 1, 2, 3 e 5, [16] a [19].
Figura 4 - Junta com acessórios de “compressão” [35], [36]
c) Tubagem de policloreto de vinilo clorado O policloreto de vinilo clorado, designado pelas siglas PVC-C, é obtido a partir da cloração do policloreto de vinilo. Deste modo, o PVC-C fica com um teor em cloro da superior ao do PVC, de que resulta uma melhor resistência à acção da temperatura. É, por isso, que os tubos de PVC-C, ao contrário dos tubos de PVC, são adequados para a distribuição de água quente. No Quadro 6 apresentam-se as principais características físicas do PVC-C. Trata-se de um sistema de tubagem de fraca implementação em Portugal. As juntas desta tubagem são feitas com o auxílio de acessórios, que podem ser para colar ou de compressão. As características e especificações dos materiais, tubos, acessórios, juntas e auxiliares para a sua execução devem estar de acordo com os requisitos da norma europeia EN ISO 15877- 1, 2, 3 e 5 [20] a [23]. Quadro 6 - Características físicas do PVC-C [1] Característica
Valor usual -3
Massa volúmica, Kgm
Tensão de rotura (tracção), MPa
0,910-0,925 26-30
Extensão na rotura (tracção), %
300-400
Módulo de elasticidade (tracção), MPa
200-270
d) Tubagem de polibutileno O polibutileno é correntemente designado pela sigla PB. No Quadro 7 apresentam-se as principais características físicas do PB. As juntas desta tubagem são feitas com o auxílio de acessórios que podem ser mecânicos, com abocardo para soldadura ou electrossoldáveis.
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Característica
Valor usual
Massa volúmica, Kgm-3
1480-1560
Temperatura de amolecimento Vicat, ºC
110
Tensão de rotura (tracção), MPa
50-60
Extensão na rotura (tracção), %
50-300
Módulo de elasticidade (tracção), MPa
2560-4000
Os acessórios mecânicos podem ser de material plástico ou de metal (latão), enquanto que os que dispõem de abocardo para soldadura e os electrossoldáveis são de material plástico. As características e especificações dos materiais, tubos, acessórios, juntas e materiais auxiliares para execução destas devem obedecer aos requisitos da norma europeia EN ISO 15876 - 1, 2, 3 e 5 [24] a [27]. d) Tubagem de polibutileno Nos tubos designados por “tubos multicamada”, a parede dos tubos é constituída por uma camada interior de material plástico, outra camada intermédia de alumínio e uma terceira camada, exterior, constituída por material plástico igual ou diferente do que constitui a camada interior. O material da camada interior tem de ser resistente à acção da temperatura, uma vez que estará em contacto directo com água quente; o alumínio confere rigidez ao tubo e a camada exterior tem fundamentalmente uma função de protecção do alumínio contra a corrosão e acções externas diversas. As três camadas são coladas entre si, pelo que, se considerarmos as duas camadas de cola, a parede do tubo é cons-
tituída por cinco camadas, apesar de também ser comum designar estes tubos por “tubos tricamada”. Os materiais constituintes da camada interior podem ser quaisquer de entre os indicados nos subcapítulos anteriores como sendo adequados à condução de água quente, incluindo o PE-RT referido em 2.2. Para a camada exterior usam-se os mesmos materiais constituintes da camada interior, sendo também comum a utilização de um material com uma menor resistência à acção da temperatura, por exemplo o polietileno de média ou de alta densidade. As juntas são usualmente feitas por meio de acessórios mecânicos de materiais plásticos (designados por plásticos de engenharia, por exemplo à base de polifenilsulfonas) ou de metal, normalmente o latão. Os acessórios podem ser dos tipos de “compressão” ou de “pressão”. As características e especificações dos materiais, tubos, acessórios, juntas e auxiliares para execução destas devem obedecer aos requisitos da norma europeia EN ISO 21003 1, 2, 3 e 5 [28] a [31].
3. Factores da Água relevantes para a durabilidade das tubagens Para cada tipo de material constituinte das paredes das tubagens existe um conjunto de condições específicas da água transportada, que são determinantes para o bom desempenho das tubagens. Uma vez que a água consumida nas uniPUB
Quadro 7 - Características físicas do PB [1]
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dades hospitalares é proveniente de um sistema público de abastecimento de água admitiu-se que, no ponto de entrada da rede predial, a água está conforme com as especificações relativas à água de consumo humano, estipuladas no Decreto Lei 243/2001 e não contém sólidos em suspensão. Considera-se também que as redes prediais são abertas, ou seja que a água transportada contém oxigénio dissolvido. Os materiais plásticos constituintes dos tubos e dos acessórios não são afectados quimicamente pela água da rede pública. Deve ter-se contudo presente que nas juntas destes sistemas de tubagem podem ser usados acessórios metálicos e que estes podem ser degradados pela água que circula no sistema. Assim, os acessórios metálicos, para além de deverem possuir características adequadas à satisfação das partes 3 e 5 das normas europeias mencionadas para os diferentes sistemas de tubagem, devem respeitar os requisitos das normas europeias EN 1254-3 [32] e EN 10088 [33]. Os acessórios metálicos são, na sua maioria, de latão ou latão niquelado. Quando usados na condução de águas agressivas, estes acessórios podem sofrer corrosão por deszincificação. Nestas condições devem ser usados acessórios de latão com uma composição resistente à deszincificação. O factor, inerente à água, relevante para a durabilidade destes sistemas de tubagem é a sua temperatura, uma vez que a resistência mecânica dos materiais plásticos depende daquele parâmetro. Relativamente à aptidão dos diferentes sistemas de tubagem para a condução de água a diferentes temperaturas pode, então, afirmar-se o que a seguir se indica. Os sistemas de tubagem de PVC-U destinam-se à distribuição de água fria, sendo dimensionados para a temperatura
de utilização de 20ºC. Por isso, a sua utilização em condutas de distribuição de água deve restringir-se a temperaturas não superiores a 20-25ºC. Admitem-se subidas acidentais da temperatura até aos 45ºC. No caso da sua utilização a temperaturas superiores a 20-25ºC e desde que inferiores a 45ºC, a pressão de funcionamento admissível terá de ser inferior à pressão nominal, mediante a aplicação de factor de correcção adequado (NP EN 1452-1 [2]). Os sistemas de tubagem de PE destinam-se à distribuição de água fria, sendo dimensionados para a temperatura de utilização de 20ºC. Por isso a sua utilização em condutas de distribuição de água deve restringir-se a temperaturas não superiores a 20ºC. Admitem-se subidas acidentais da temperatura até aos 40ºC. No caso da sua utilização a temperaturas superiores a 20ºC, e desde que inferiores a 40ºC a pressão de funcionamento admissível terá de ser inferior à pressão nominal, mediante a aplicação de um factor de correcção adequado (NP EN 12201-1 [6]). Os sistemas de tubagem de PP, PEX, PVC-C, PB e multicamada são destinados à distribuição de água quente e fria e de aquecimento. Os requisitos que são feitos a estes sistemas de tubagem de materiais plásticos são baseados no pressuposto de que durante o seu uso se respeitarão as condições correspondentes a uma das quatro classes de aplicação que constam do Quadro 8 (EN 10508, [34]). Cada classe de aplicação corresponde a condições de uso tipo, para um tempo de vida útil de 50 anos. Como se vê, pela análise do Quadro 8 a temperatura de projecto, TD, varia segundo a classe de aplicação. Admite-se que o sistema possa ser sujeito a uma temperatura máxima, superior à temperatura de projecto, desde que tal ocorra em períodos interpolados
Quadro 8 - Classes de aplicação e condições de serviço [34]
Classe de aplicação 1 Distribuição de água quente (60ºC) 2 Distribuição de água quente (70ºC) 4 Aquecimento instalado sob o pavimento e Aquecimento central com radiadores a baixa temperatura
a)
Temperatura de projecto TD (ºC)
Tempo à temperatura TD (anos)
Temperatura máxima, Tmáx (ºC)
Tempo à temperatura Tmáx (anos)
Temperatura de mau funcionamento, Tmal (ºC)
Tempo à temperatura Tmal (horas)
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20 5 Aquecimento central com radiadores a alta temperatura
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a) Em Portugal o “Regulamento Geral de Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais” estabelece que a temperatura da água, na distribuição, não deverá ser superior a 60ºC.
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e que somados não excedam 1 ano do período da vida útil do sistema, que se fixa em 50 anos. A temperatura de 95ºC, para a distribuição de água, e a temperatura de 100ºC, para o aquecimento, são consideradas temperaturas de mau funcionamento, que só são 8 admissíveis em períodos interpolados, cuja duração total não exceda as 100 horas, no período da vida útil do sistema. Todos os sistemas que satisfaçam as condições das classes que constam do Quadro 8 são adequados à condução de água fria, para um tempo de vida útil de 50 anos, sendo a pressão de funcionamento admissível de 10 bar. Cada classe de aplicação deve ser combinada com a pressão de projecto do tubo ou do acessório. Essa informação deve ser dada pelo fabricante e é elemento de inscrição obrigatória na marcação do componente (ex.: classe 2/6 bar). Os valores para as pressões de operação são 4 bar, 6 bar, 8 bar e 10 bar.
4. Requisitos de Qualidade para os diferentes Sistemas de Tubagem Foi dada informação destinada a facilitar a selecção dos sistemas de tubagem mais adequados às diferentes aplicações consideradas neste artigo. Contudo, deve ter-se em consideração que a garantia da qualidade de um sistema de tubagem não depende só da qualidade do produto final, mas também de adequadas condições de armazenagem e de transporte, bem como de uma correcta instalação. Com o objectivo de facultar informação que permita tomar as necessárias precauções no sentido de garantir a qualidade de um dado sistema de tubagem, previamente seleccionado em função das suas características, apresenta-se um conjunto de requisitos comuns aos
diferentes sistemas de tubagem. Na fase de aquisição A selecção dos diferentes componentes do sistema de tubagem deve fazerse de entre os que estejam certificados. Deve também ser feita uma adequada selecção dos acessórios que irão ser instalados com os tubos, com base nas informações a facultar pelo fabricante, de modo a salvaguardar o bom desempenho do sistema seleccionado. Tendo em consideração as aplicações previstas e uma vez que alguns materiais constituintes dos sistemas de tubagem podem alterar as características da água que neles circula, deve assegurar-se que a certificação inclui a avaliação, por entidade idónea, da adequação do material para a condução de água destinada à aplicação que esteja em causa. Na fase de recepção Na recepção em obra, deve procederse a diversas verificações destinadas a garantir que os produtos estão conformes com as condições que foram contratadas, nomeadamente: s verificar se os produtos entregues estão incluídos na gama de produtos que consta do certificado de conformidade e se a certificação se adequa à aplicação em causa; s analisar a marcação verificando se dela constam todos os elementos que são indicados no certificado de conformidade; os elementos que devem constar da marcação dos diferentes produtos objecto deste trabalho estão indicados nas normas de cada um dos sistemas de tubagem; s proceder à inspecção visual do material recebido, de modo a verificar se existem defeitos, que possam afectar a qualidade do produto. Na fase de armazenagem em obra Durante a armazenagem em obra os produtos devem ser manuseados com
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cuidado, de modo a evitar a sua deterioração. Deve também evitar-se a exposição à intempérie durante longos períodos, nomeadamente à acção da radiação solar. Também as colas destinadas à execução das juntas devem ser convenientemente armazenadas. Na fase de instalação A instalação da tubagem deve ser feita tendo em consideração a informação, os cuidados e as regras indicadas pelos fabricantes e pelo referencial normativo indicado na bibliografia. Sem prejuízo de outros aspectos e sendo as juntas uma das causas mais frequentes de anomalias dos sistemas de tubagem, deve ser dada especial atenção à sua correcta execução.
contacto da água com o alumínio. Uma vez que os materiais plásticos podem transmitir à água que com eles contacta substâncias eventualmente prejudiciais, deve ser sempre exigido um certificado sobre a adequação do material para a condução de água, tendo em consideração a aplicação a que se destina. Refere-se ainda que os elementos auxiliares usados na execução das uniões dos diversos sistemas de tubagem (anéis de borracha, colas, lubrificantes, etc.) não devem ter acção nefasta, nem sobre os tubos e os acessórios em que são aplicados, nem sobre as características da água que neles circula.
BIBLIOGRAFIA
Na fase de recepção da obra A regulamentação estabelece as condições para recepção dos sistemas de distribuição predial de água, as quais assentam na verificação da conformidade do sistema com o projecto aprovado, num ensaio de verificação da sua estanquidade e numa prova de funcionamento hidráulico. Os sistemas de distribuição de água destinados a fins domésticos e sanitários, deverão após a sua total conclusão e antes de entrarem em funcionamento, ser sujeitos a operação de lavagem, para retirar quaisquer elementos que tenham ficado depositados no seu interior.
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5. Adequação dos Sistemas de Tubagem à condução de Água para diversos fins
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Conforme já referido, dos sistemas de tubagem de materiais plásticos apresentados, os de policloreto de vinilo (PVC-U) e os de polietileno (PE) destinam-se exclusivamente à distribuição de água fria. Os restantes sistemas são adequados, quer para a distribuição de água quente, quer para a distribuição de água fria, bem como para circuitos de aquecimento. A condução de água descalcificada para lavandarias e centrais térmicas pode ser feita com tubagens de PVC-U, PE, PP, PEX, PVC-C, PB e “multicamada”. Na condução de água desmineralizada para hemodiálise e para laboratórios são utilizadas tubagens de PVC-U, PE, PP, PEX, PVC-C e PB. São conhecidas algumas aplicações de uma tubagem de um plástico designado por PVDF, considerado o “state of the art” para sistemas de água de muito alta pureza. Para a água desmineralizada desaconselha-se o uso da tubagem “multicamada” pelo facto da camada intermédia da parede dos tubos ser de alumínio, podendo qualquer deficiência (fissura, picada, etc.) da camada interior da parede do tubo, que é constituída por material plástico, permitir o
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Helena Esgalhado, Adélia Rocha – Materiais Plásticos para a Construção Civil. Características e tipos de aplicação.ICT . ITMC 29, Lisboa, LNEC 2002. NP EN 1452-1:2001 – Sistemas de tubagens em plástico para abastecimento de água. Policloreto de vinilo não plastificado (PVC-U). Parte 1: Aspectos gerais. NP EN 1452-2:2002 – Sistemas de tubagens em plástico para abastecimento de água. Policloreto de vinilo não plastificado (PVC-U). Parte 2: Tubos. NP EN 1452-3:2003 – Sistemas de tubagens de plástico para abastecimento de água. Policloreto de vinilo não plastificado (PVC-U). Parte 3: Acessórios. EN 1452-5:1999 Plastics piping systems for water supply. Unplasticized poly (vinyl cloride) (PVC-U). Part 5: Fitness for purpose of the system. NP EN 12201-1:2004 – Sistemas de tubagens em plástico para abastecimento de água. Polietileno (PE). Parte 1: Aspectos gerais. NP EN 12201-2:2004 – Sistemas de tubagens em plástico para abastecimento de água. Polietileno (PE). Parte 2. Tubos. EN 12201-3:2003 – Plastics piping systems for water supply. Polyethylene (PE). Part 3: Fittings. EN 12201-4:2001 – Plastics piping systems for water supply. Polyethylene (PE). Part 4: Valves. NP EN 12201-5:2004 – Sistemas de tubagens em plástico para abastecimento de água. Polietileno (PE). Parte 5: Aptidão ao uso do sistema. ISO 22391-1,2,3,5 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Polypropylene of raised temperature resistance (PE-RT) EN ISO 15874-1:2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Polypropylene (PP). Part 1: General. EN ISO 15874-2:2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Polypropylene (PP). Part 2: Pipes. EN ISO 15874-3:2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Polypropylene (PP). Part 3: Fittings. EN ISO 15874-5:2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Polypropylene (PP). Part 5: Fitness for purpose of the system. EN ISO 15875-1:2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Crosslinked polyethylene (PE-X). - Part 1: General. EN ISO 15875-2:2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Crosslinked polyethylene (PE-X). Parte 2:Pipes. EN ISO 15875-3:2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Crosslinked polyethylene (PE-X).Parte 3: Fittings. EN ISO 15875-5:2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Crosslinked polyethylene (PE-X). Part 5: Fitness for purpose of the system. EN ISO 15877-1: 2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Chlorinated poly(vinyl chloride) (PVC-C). Part 1: General. EN ISO 15877-2:2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Chlorinated poly (vinyl chloride) (PVC-C). Part 2: Pipes. EN ISO 15877-3:2003 Plastics piping systems for hot and cold water installations. Chlorinated poly(vinyl chloride) (PVC-C). Part 3: Fittings. EN ISO 15877-5:2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Chlorinated poly(vinyl chloride) (PVC-C). Part 5: Fitness for purpose of the system. EN ISO 15876-1:2003 Plastics piping systems for hot and cold water installations. Polybutylene (PB). Part 1: General. EN ISO 15876-2:2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Polybutylene (PB). Part 2: Pipes. EN ISO 15876-3:2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Polybutylene (PB). Part 3: Fittings. EN ISO 15876-5:2003 – Plastics piping systems for hot and cold water installations. Polybutylene (PB). Part 5: Fitness for purpose of the system. ISO 21003-1:2008 Multilayer piping systems for hot and cold water installations inside buildings. Part 1: General ISO 21003-2:2008 Multilayer piping systems for hot and cold water installations inside buildings. Part 2: Pipes ISO 21003-3:2008 Multilayer piping systems for hot and cold water installations inside buildings. Part 3: Fittings ISO 21003-5:2008 Multilayer piping systems for hot and cold water installations inside buildings. Part 5: Fitness for purpose of the system EN 1254 -3: 1998 – Copper and copper alloys. Plumbing fittings. Part 3: Fittings buildings. Part 3: Fittings EN 10088:1995 – Stainless steels ISO 10508: 1995 – Thermoplastics pipes and fittings for hot and cold water systems Catálogo da Giacomini Catálogo da Ferroplast
artigo técnico
Energia para um futuro sustentável – Geotermia Alcides Pereira e Luís Neves Dep. de Ciências da Terra, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra
1. O Problema Energético Evolução do consumo de energia primária em Portugal
Todos os indicadores apontam para um crescimento significativo do consumo de energia eléctrica nos próximos anos. Segundo dados da Agência Internacional de Energia prevêse até 2030 um crescimento da procura de energia eléctrica de 119% no sector residencial, 97% nos serviços e 86% na indústria. O consumo mundial total de energia eléctrica será em 2010 de 480 quads e em 2050 de 780 quads. No caso nacional a tendência de crescimento tem vindo também a manifestar-se nos últimos anos.
30000
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kTep
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Gás Natural Renováveis Petróleo
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Carvão
Evolução do consumo mundial de energia eléctrica 0 1996
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1999
2000
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2002
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800 Anos Fonte: DGEG - Direcção Geral de Energia e Geologia
700 600
A produção de energia eléctrica está geralmente associada aos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), às barragens e às centrais nucleares. No que se refere aos primeiros a elevada procura bem como as incertezas nas reservas exploráveis, em particular do petróleo, têm contribuído para os elevados preços desta matéria-prima. Acrescem ainda os problemas ambientais associados à utilização destas fontes de energia, a penalização da emissão de gases poluentes bem como os receios da utilização do nuclear.
Quad
500 400 300 200 Dados até a esta data < > Dados projectados
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Anos
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Indústria Serviços Residencial
60 US $
Previsão do crescimento do consumo de energia eléctrica em 2030.
Fonte: IEA - International Energy Agency
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Anos
Fonte: IEA - International Energy Agency
artigo técnico
Neste contexto tem vindo progressivamente a ser privilegiada a produção sustentada da energia eléctrica a partir de fontes renováveis. Por exemplo, a Agência Internacional de Energia prevê um acréscimo na obtenção de energia eléctrica a partir de fontes como a biomassa que passará de 7% para 10%, a eólica de 2% para 15%, a geotérmica de 2% para 3%, a fotovoltaica para os 2% e a energia dos oceanos para 1%. O plano estratégico delineado pela Comissão Europeia até 2010, visando a redução da dependência dos combustíveis fósseis, perspectivou que as fontes de energia renovável duplicassem o seu contributo de 6 para 12% do consumo energético total, visando uma redução de 15% das emissões dos gases com efeito de estufa relativamente a 1990. Em Portugal estabeleceu-se como meta a atingir em 2010 uma produção de energia eléctrica com base em energias renováveis de 45% do consumo. (Fonte: DGEG - Direcção Geral de Energia e Geologia).
ficial do planeta (crusta) e aumenta em profundidade de forma progressiva, segundo um gradiente designado por geotérmico. Devido à heterogeneidade da crusta terrestre, o gradiente geotérmico pode ser muito variável, sendo as zonas onde este é mais elevado aquelas que mais interessam à geotermia. As regiões do globo onde existe vulcanismo activo, ou seja, onde é frequente ocorrerem massas magmáticas a pequena profundidade, são zonas de elevado potencial geotérmico. A percolação da água da chuva nas rochas quentes gera vapor que ascende à superfície, transferindo, assim, o calor da rocha, o qual poderá vir a ser aproveitado para gerar energia eléctrica através do uso de tecnologia adequada. Este tipo de geotermia, designada de alta entalpia, há mais de um século que é utilizada, sendo a produção actual na Europa superior a 6 TWhe (Fonte: IGA - International Geothermal Association). A utilização de fontes de energia geotérmica tem vindo a crescer nos últimos anos, estimando-se que, em 2010, possa estar instalada uma potência variável entre 10000 e 13800 MW.
2. Energia que vem do interior da Terra O papel da Geotermia Geotermia é um termo usado para designar a área do conhecimento que investiga e desenvolve metodologias de exploração do calor interno da Terra. As potencialidades são enormes dado que 99% da massa do planeta se encontra a uma temperatura superior a 1000 °C. A temperatura é no entanto mais baixa na camada mais super-
Em Portugal esta tecnologia tem apenas aproveitamento no arquipélago dos Açores. É importante realçar que as necessidades de energia eléctrica da Ilha de S. Miguel são supridas em cerca de 40% por este tipo de energia e que está prevista a instalação de uma unidade de produção de 12 MW na ilha Terceira em 2009 (Fonte: www.sogeo.eda.pt). A geotermia deste tipo, também designada de convencional, tem, no entanto, uma aplicação geográfica limitada, uma vez que os locais do globo passíveis de aproveitamento se restrigem às zonas de vulcanismo activo. No caso em que a temperatura do fluido é mais baixa (< 150 ºC) é possível a sua utilização em aquecimento, como é o caso da balneoterapia, praticada há longos anos em Portugal. Este tipo de geotermia corresponde a um aproveitamento de baixa entalpia. Mais recentemente, começaram a tornar-se populares as designadas bombas de calor, sistemas
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Capacidade instalada de energia geotérmica e previsão das tendências futuras 15000
12000
MW
9000
IGA - International Geothermal Association
6000
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que permitem a climatização de edifícios. Obviamente que este tipo de sistemas geotérmicos tem uma mais vasta aplicação do que os sistemas de alta entalpia mas as temperaturas dos fluidos não são, em geral, suficientes para produzir energia eléctrica de forma economicamente viável.
BOMBA DE CALOR Sistema geotérmico para climatização de edifícios.
O Conceito de Sistema Geotérmico Estimulado do Tipo EGS No início da década de 70 do século XX, foi introduzido o conceito de “Hot Dry Rocks“, que procurava designar um sistema geotérmico em que o reservatório é composto por rochas sujeitas a temperatura elevada, mas que não é naturalmente acessível pela água de circulação subterrânea (rochas secas) dada a elevada profundidade a que se situam
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(em geral superior a 4-5 km). A extracção do calor pode ser conseguida por injecções de água no reservatório através de um furo apropriado, que circula nele com uma taxa controlada pela permeabilidade da rocha, e finalmente, captada por um segundo furo após ter sido aquecida a temperatura bem mais elevada. O vapor assim formado é conduzido à superfície para uma central onde a energia térmica contida produz electricidade. Mais tarde, outros conceitos foram aparecendo na literatura científica com significado idêntico, como “Hot Fractured Rock – HFR”, e mais recentemente “Engineered Enhanced Geothermal Systems”, ou de forma mais simples “Enhanced Geothermal Systems – EGS”, em português designados por Sistemas Geotérmicos Estimulados. Dado que a tecnologia actual permite, a custos razoáveis, perfurar a crusta a profundidades muito significativas (da ordem de alguns quilómetros), podem deste modo atingir-se níveis crustais onde o calor produzido no interior da Terra é suficiente para gerar temperaturas superiores ao ponto de ebulição da água. Por exemplo, em áreas com gradientes geotérmicos da ordem dos 40 ºC/km a temperatura nas rochas, a 5 km de profundidade, pode aproximar-se dos 200 ºC. A esta profundidade é de esperar que o peso do material sobrejacente induza o fecho das fracturas, condicionando assim o fluxo dos fluidos; a permeabilidade pode, no entanto, ser artificialmente estimulada através de técnicas diversas, como seja o caso da injecção de água a pressão elevada. Para se ter ideia do imenso potencial do reservatório térmico que é o calor armazenado nas rochas refira-se, a título de exemplo, que um quilómetro cúbico de granito com temperatura de 250 ºC armazena energia correspondente a 40 milhões de barris de petróleo, se a extracção for efectuada através um fluido à temperatura de 150 ºC.
Vantagens competitivas do sistema EGS A geotermia do tipo EGS é uma das poucas fontes de energia renovável capaz de fornecer energia 24 horas por dia de for-
artigo técnico
ma continuada e com impactes ambientais mínimos. Nos sistemas geotérmicos estimulados deste tipo a emissão de gases para a atmosfera é praticamente nula, incluindo o CO2. Não tem necessidade de armazenamento, pelo que complementa outras fontes renováveis, como eólica, solar ou hídrica. Estimativas apresentadas num estudo recente intitulado “The future of Geothermal Energy” elaborado em final de 2006 pelo Massachusetts Institute of Technology, por solicitação do Governo dos Estados Unidos da América, apontam para a existência nos EUA de um recurso-base de 13 milhões de EJ (ExaJoules); o recurso explorável é naturalmente inferior mas ainda assim, e na base da tecnologia actual, estima-se que possam ser acessíveis ca. 200 000 EJ, ou seja ca. 2000 vezes o consumo anual de energia primária dos EUA. Os custos de produção podem ser também muito competitivos como se refere no mesmo estudo, prevendo-se custos variáveis entre US$ 0,06 a 0,11 por kWh. Estes resultados levaram a equipa do MIT responsável pelo estudo a concluir o seguinte: “Geothermal energy from EGS represents a large, indigenous resource that can provide base-load electric power and heat at a level that can have a major impact on the United States, while incurring minimal environmental impacts. With a reasonable investment in R&D, EGS could provide 100 GWe or more of cost-competitive generating capacity in the next 50 years. Further, EGS pro-
vides a secure source of power for the long term that would help protect America against economic instabilities resulting from fuel price fluctuations or supply disruptions. Most of the key technical requirements to make EGS work economically over a wide area of the country are in effect, with remaining goals easily within reach.”
Projectos internacionais do tipo EGS Até ao momento, foram realizados trabalhos experimentais, financiados essencialmente por entidades públicas, em diversas áreas do globo: — Fenton Hill (EUA) — Rosemanowes (Reino Unido) — Hijiori and Ogachi (Japão) — Soultz-sous-Forêts (França) — Copper Basin (Austrália). Neste último país, e desde o início do século XXI, que, com base em forte investimento privado, se assistiu a um grande desenvolvimento da geotermia do tipo EGS, estando já em desenvolvimento vários projectos que visam a exploração comercial com produção de energia eléctrica. A maior parte dos projectos estão ainda em fase de prospecção e pesquisa, com ca. de 62 000 km2 concessionados, sendo o mais avançado o da empresa Geodynamics que já conseguiu estabelecer, com sucesso, a conexão hidráulica entre o furo de injecção e o de captação, estando prevista a instalação de uma central de 50 MW até 2011, e até 2016 o aumento para 450 MW através de módulos de 50 MW (Geodynamic’s Hot Fractured Rock Geothermal Project).
Perspectivas de aplicação dos sistemas EGS em Portugal
SISTEMA GEOTÉRMICO ESTIMULADO DO TIPO EGS Reservatório de energia térmica composto por rochas a temperatura elevada mas que não é naturalmente acessível pela água de circulação subterrânea (rochas secas).
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A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e a empresa GeoVita, do Grupo Patris Capital, assinaram recentemente um acordo de transferência de conhecimento que visa a prospecção e pesquisa de recursos geotérmicos do tipo EGS em Portugal. Trabalhos de investigação da responsabilidade de investigadores do Departamento de Ciências da Terra da FCTUC, permitiram avaliar o potencial de produção de energia geotérmica do tipo EGS em Portugal, bem como localizar as áreas de maior interesse. Uma destas áreas foi já objecto de um pedido de exclusivo de prospecção e pesquisa à entidade competente (Direcção Geral de Energia e Geologia), tendo um potencial em energia geotérmica estimado, passível de exploração, superior a 400 EJ; Este valor é ca. 2200 vezes superior ao consumo de energia eléctrica em Portugal em 2005 (0,18 EJ).
artigo técnico
Produzir energia eléctrica de forma renovável e inesgotável através do calor da Terra
Sistemas geotérmicos estimulados A carência energética afecta transversalmente todo o Mundo. Portugal, com o seu consumo a depender de terceiros, encontra-se numa posição delicada. Esta realidade assume contornos dramáticos na actualidade com a perigosa oscilação em alta dos preços do petróleo (“crude”) nos mercados internacionais. Sendo a energia um bem essencial ao desenvolvimento económico e social, torna-se imperiosa a busca de soluções alternativas para países que, como é o nosso caso, dependem largamente das importações do petróleo. Neste contexto de crise, ganha ainda maior relevância a perspectiva real desta situação poder ser revertida no espaço de duas décadas, pois tudo indica que o nosso país terá capacidade para produzir energia geotérmica suficiente para fornecer electricidade a todo o território nacional continental, através de uma forma inovadora de aproveitar o calor da terra. Para expor os detalhes deste objectivo, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), através do seu Departamento de Ciências da Terra, apresentou recentemente um projecto de produção de energia eléctrica a partir da exploração do calor interno da Terra – a GEOTERMIA. A Tecnohospital, consciente da importância do acontecimento, esteve nesta apresentação, vindo, posteriormente, a conversar com os seus responsáveis de modo a divulgar junto dos seus leitores este projecto que consideramos de interesse nacional, com prováveis reflexos na factura energética das nossas unidades hospitalares e, indubitavelmente, no estado de saúde do nosso planeta.
Dimensão nacional A geotermia é uma fonte de energia renovável com potencial para satisfazer integralmente as necessidades de electricidade de Portugal, diz-nos o grupo de investigadores da FCTUC e da empresa Geovita, do grupo Patris Capital, que se associaram para desenvolver este projecto pioneiro com vista à produção de energia eléctrica, através da implantação de uma forma inovadora de geotermia – os sistemas geotérmicos estimulados (EGS). As duas entidades assinaram um acordo de transferência de conhecimentos com o objectivo de iniciar a prospecção e pesquisa de recursos geotérmicos, do tipo EGS, que visa identificar os locais de maior interesse económico para a exploração desta forma de energia. A estimativa do potencial de exploração da energia geotérmica, em Portugal, cifra-se em 400 EJ (quantidade de energia disponível), sendo certo que representa um valor 2 200 vezes superior ao nosso consumo de energia eléctrica no ano de 2005 (0,18 EJ). Esta fonte energética inclui-se nas chamadas energias renováveis e limpas, pelo que nos parece uma decisão sensata que os governos, particularmente o nosso, adoptem as medidas adequadas ao seu desenvolvimento, aplicação e exploração. Aliás, esta fonte energética já tem uma larga aplicação prática nos Açores (ilha de S. Miguel), onde 40% das necessidades de energia eléctrica são supridas através da energia geotérmica, neste caso específico de origem vul-
cânica. Em 2009 está prevista a instalação de uma unidade geotérmica de produção de energia eléctrica de 12 MW, na ilha Terceira.
Vasto potencial de produção de energia O presente projecto foi iniciado no segundo semestre de 2007, beneficiando contudo do extenso conhecimento geológico existente no Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, em particular sobre a região centro, bem como de trabalhos pioneiros realizados nas décadas de 80 e 90 visando a estimativa do potencial térmico das rochas do território continental. Desta forma, os estudos de viabilidade e a identificação da área mais favorável para a sua implementação puderam ser realizados num período de tempo relativamente curto. Na perspectiva dos investigadores, esta área de investigação tem um enorme potencial no nosso país, que importa desenvolver, assim exista disponibilidade e visão estratégica por parte das entidades financiadoras. O conhecimento de boa parte do território nacional é ainda limitado, designadamente por ausência de informação recolhida em furos profundos, o que provoca ainda alguma incerteza nas estimativas de potencial. O território continental português apresenta uma constituição geológica que favorece, nalgumas regiões, a presença tecno hospital 31
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POTENCIALIDADES DE APLICAÇÃO EM PORTUGAL
Actualmente, sabe-se que um quilómetro cúbico de granito, à temperatura de 250°C, armazena energia equivalente a 40 milhões de barris de petróleo (“crude”), se a extracção for realizada através de um fluido à temperatura de 150°C. O enorme potencial destes reservatórios térmicos armazenados nas rochas é inesgotável.
de rochas com a temperatura necessária à implementação dos SGE a profundidades alcançáveis pelas actuais tecnologias de perfuração. A região centro do país é a que apresenta condições mais favoráveis à exploração deste tipo de energia. Foram detectados vários pontos “com enorme potencial”, mas o projecto vai avançar numa área granítica de 500 quilómetros quadrados, na zona de Oliveira do Hospital, Santa Comba Dão e Nelas, tendo já merecido parecer favorável da Direcção Geral de Energia e Geologia aguardando apenas autorização para o exclusivo da prospecção e pesquisa nesta área. “Acreditamos que num horizonte de três a cinco anos, estejamos já a produzir energia eléctrica através do calor da terra”, refere Gonçalo Pereira Coutinho, Presidente do Conselho de Administração da Patris Capital. “Estamos a falar de 500 MW em dez anos, algo mais rápido e mais barato do que uma central nuclear”, adianta o Prof. João Gabriel Silva, antigo dirigente da Quercus e actual presidente dos Conselhos Científico e Directivo da FCTUC que, refere ainda, “se tudo correr como está previsto, dentro de 20 anos a maior parte da energia eléctrica do País será produzida através da energia geotérmica”. Trata-se de uma energia renovável e ambientalmente limpa, com capacidade de produção contínua, 24 horas por dia, que não depende de factores meteorológicos, ao contrário da energia eólica por exemplo. Os responsáveis do projecto garantiram mesmo que não há aspectos negativos, o que vai colocar os EGS a competir facilmente com os combustíveis derivados do petróleo e com outras energias renováveis. No actual estádio de desenvolvimento, a potência máxima
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atingida por uma central geotérmica é de 50 MW. Contudo, no mesmo campo geotérmico podem ser instaladas várias destas centrais, provid enciando assim capacidade modular para abastecer pequenas e grandes cidades. “Estamos a falar de 500 MW em dez anos, algo mais rápido e mais barato do que uma central nuclear” afirmaram os especialistas. Os leitores poderão ter a noção, através de dados da EDP, que o consumo de electricidade em Lisboa é de 3500 MW por dia. Relativamente ao espaço que ocupa uma central deste tipo, os responsáveis pelo estudo foram peremptórios em dizer que “as centrais de produção ocupam uma área estimada em 1 a 3 hectares por MW; a título comparativo, as centrais nucleares ocupam de 2 a 4 hectares por MW e as centrais a carvão cerca de 76 hectares por MW”.
Projecto inovador e ambicioso “A empresa resultante da parceria foi criada de propósito para explorar uma energia limpa, sem impacto ambiental, mas também muito rentável financeiramente”, afirmou Gonçalo Pereira Coutinho, Presidente do Conselho de Administração da Patris Capital. O responsável recordou que “esta energia é totalmente inovadora em Portugal, mas a nível internacional já há empresa avançadas na área. Por cá, entre 3 e 5 anos, podemos estar de facto a produzir energia eléctrica através do calor existente no interior da Terra”. As unidades de produção geotérmica estimulada podem ser instaladas, “sem impacto ambiental, em praticamente todo o
PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO Os responsáveis pelo estudo, os especialistas do Departamento de Ciências da Terra, Professores Luís Neves e Alcides Pereira, explicaram-nos em detalhe o funcionamento das unidades de produção geotérmica estimulada. “99% da massa do planeta está acima de mil graus de temperatura, o que significa um potencial energético enorme”. A produção tradicional de energia geotérmica aproveita a água das chuvas. No caso da energia geotérmica estimulada, a água é injectada artificialmente a partir da superfície. A recuperação do calor interno da Terra, faz-se através de um conjunto de furos executados a cerca de cinco quilómetros de profundidade que atingem rochas com temperatura superior a 200 graus Celsius, as quais constituem um reservatório geotérmico. Após estimulação hidráulica do reservatório, o calor pode ser extraído pela injecção de água fria que ao entrar em contacto com temperaturas desta ordem se transforma em vapor e sobe à superfície, através de outros furos, num sistema em circuito fechado. A energia contida no vapor é convertida em energia eléctrica numa central de ciclo binário localizada à superfície.
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TECNOLOGIAS DE CICLO CONVENCIONAL OU DE CICLO BINÁRIO A produção de energia eléctrica através do aproveitamento da energia geotérmica pode ser efectuada por vários processos de conversão de calor em electricidade. A tecnologia a adoptar, ciclo convencional ou ciclo binário, depende essencialmente da entalpia e da composição do fluido geotérmico. Nas tecnologias de ciclo convencional (mais utilizado nas centrais de origem vulcânica), a fase líquida é separada da fase gasosa, e é utilizado apenas o vapor geotérmico, que é expandido directamente na turbina e posteriormente libertado para a atmosfera ou condensado em torres de refrigeração, obtendo-se maior rendimento do sistema no segundo caso. No ciclo binário é utilizado um fluido de trabalho, orgânico ou não, para o qual é transferida a energia do fluido geotérmico. Nesta tecnologia é utilizado um fluido que se encontra num circuito fechado. Ao ser aquecido nos permutadores de calor, vaporiza-se e expande-se nas turbinas, sendo posteriormente arrefecido e condensado, e, por intermédio de uma bomba, reinicia-se o ciclo. Neste processo não existe contacto entre os fluidos geotérmico e de trabalho, e as emissões para a atmosfera são muito reduzidas, visto que a quase totalidade do vapor é condensada e reinjectada com a água. As centrais geotérmicas são constituídas por um parque de poços geotérmicos de produção onde se capta o geofluido, pelos grupos geradores e sistemas auxiliares, além da subestação que transforma e injecta na rede a energia eléctrica. Após aproveitamento do calor, o geofluido é conduzido para os poços de injecção onde regressa ao reservatório geotérmico.
lado, e com baixos custos de investimento”, acrescenta. A diferença entre a produção tradicional de energia geotérmica e a estimulada reside no facto de, nesta, a água ser injectada a partir da superfície. Ao ser injectada para um furo, que pode atingir 5 a 6 quilómetros de profundidade, a água abre fracturas na rocha e espalha-se por zonas a 200 ou mais graus de temperatura. Aquece e sobe então à superfície, através de um segundo furo, alimentando assim o funcionamento de um gerador. Na actual fase, explica o Prof. Luís Neves, é importante, por razões económicas, iniciar um projecto deste tipo nas áreas mais favoráveis, por forma a minimizar os custos de furação, atingindo as temperaturas necessárias (mais de 200°C) à mínima profundidade possível. “Importa pois localizar o projecto na área do território onde o gradiente geotérmico seja o mais elevado possível. A região escolhida, em função das suas características geológicas, corresponde pois a este perfil”, diz.
constitui uma alternativa a outras formas de produção de energia existentes, não sendo por si só um factor de poupança energética” afirma o Prof. João Gabriel Silva. Segundo o investigador, com os desenvolvimentos tecnológicos que continuamente ocorrem na área da furação profunda e a progressiva escassez de combustíveis fósseis, é expectável que, no futuro, as condições económicas permitam estender este tipo de projectos a áreas de gradiente geotérmico próximo dos valores médios crustais, pelo que diversas outras regiões poderão vir a beneficiar desta forma de produção de energia eléctrica. A nível internacional, estão em curso diversos projectos de produção de energia geotérmica, nos EUA, no Reino Unido, no Japão, em França e na Austrália, baseados no sistema do tipo EGS. Acresce que, estes sistemas geotérmicos podem produzir energia renovável com capacidade de produção contínua, com custos ambientais mínimos, já que a emissão de gases é praticamente nula, incluindo o CO2. Por outro lado, não necessita de ser armazenada e pode complementar outras fontes renováveis, como a energia eólica, a solar ou a hídrica. ESTIMATIVAS DE POTENCIAL EM CALOR NA ÁREA PROPOSTA
Economicamente competitiva
Um grande investimento
Relativamente aos custos de produção e distribuição, na fase de maturidade tecnológica, os responsáveis estão convictos que os custos poderão ser competitivos com os combustíveis fósseis e outras formas de energia renovável, como a eólica. Esta opinião é expressa num estudo recente efectuado pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), que recomenda uma forte aposta na energia geotérmica nos EUA. As unidades de produção geotérmica estimuladas podem ser instaladas, “sem impacto ambiental, em praticamente todo o lado, e com baixos custos de investimento. Este novo sistema
Após a atribuição da área de prospecção e pesquisa pela DGEG, a Geovita ficará obrigada a um plano de investimentos na área concedida durante os próximos três anos, com o objectivo de aprofundar o conhecimento existente e confirmar o potencial geotérmico da região seleccionada para desenvolvimento do projecto. Os estudos necessários serão conduzidos pela FCTUC. Sendo os indicadores favoráveis, o projecto evoluirá para a fase de prova de conceito nos dois anos seguintes, com a execução de furos profundos de injecção e de recuperação, tecno hospital 31
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e instalação de uma central binária de produção de energia eléctrica de 7 MW. Validada esta fase com êxito, e obtidas as parcerias empresariais necessárias, nos anos subsequentes o objectivo será a instalação comercial de diversos módulos de produção de 50 MW. O investimento previsto para a fase de prospecção e pesquisa é de 500 mil euros, esperando-se que suba para 40 milhões de euros na fase de prova de conceito, com a instalação da central de 7 MW. Por sua vez, a central binária de 50 MW carecerá de um investimento adicional de 150 milhões de euros, podendo este tipo de central ser replicado em diversos locais do mesmo campo geotérmico.
Alternativa credível a outras formas de energia No decorrer da exposição do projecto falou-se em revolução no sector de produção energética, tendo o professor e especialista, Luís Neves referido que “as características deste tipo de energia são únicas, conferindo-lhe vantagens competitivas quer em relação aos tradicionais combustíveis fósseis, quer em relação a outras formas de energia renovável. De facto, a produção de energia eléctrica a partir de combustíveis fósseis é limitada pela sua progressiva escassez, e cada vez mais desaconselhada pelos impactos ambientais produzidos, em especial pelo contributo para o aquecimento global do planeta”. A energia nuclear apresenta problemas de segurança e de armazenamento dos resíduos radioactivos perigosos produzidos, enquanto as energias renováveis em exploração têm como principal limitação a forte dependência de factores meteorológicos, não podendo por esse facto assegurar por si só e em permanência as necessidades de consumo. “A energia de origem geotérmica é um recurso virtualmente inesgotável, não apresenta impactos ambientais relevantes, e permite assegurar uma disponibilidade permanente de produção. Acresce ainda o o facto de ter potencial para suprir a totalidade das necessidades de energia eléctrica do país – algo que não acontece com as restantes energias renováveis”, salientam os autores do projecto. Será que, no caso português, faz sentido iniciar o debate sobre a produção de energia eléctrica a partir do nuclear, sem que esteja devidamente explorada a possibilidade de o conseguirmos através da energia geotérmica?, perguntamos nós.
Texto produzido por Carlos Pinto dos Santos, a partir dos elementos técnicos disponibilizados pelo Departamento de Ciências da Terra/FCTUC.
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O EXEMPLO DOS AÇORES As regiões do globo onde existe vulcanismo activo, ou seja, onde é frequente ocorrerem massas magmáticas a pequena profundidade, são zonas de elevado potencial geotérmico. A percolação da água da chuva nas rochas quentes gera vapor que ascende à superfície, transferindo, assim, o calor da rocha, que poderá a vir a ser aproveitado para gerar energia eléctrica. Este tipo de geotermia, designada de alta entalpia, é utilizada há mais de um século, sendo a produção actual na Europa superior a 6 TWhe, segundo a Associação Geotérmica Internacional. A utilização de fontes de energia geotérmica tem vindo a crescer nos últimos anos, estimando-se que, em 2010, possa ser instalada uma potência de entre 10 000 MW e 13800 MW. Em Portugal esta tecnologia tem aproveitamento apenas nos Açores. A energia geotérmica representou 22,1 por cento da electricidade produzida no arquipélago em 2007, num crescimento de 111,7 por cento em relação a 2006, devido à entrada em funcionamento da remodelada central do Pico Vermelho, em São Miguel. Cerca de 40 por cento da electricidade desta ilha é produzida através deste tipo de energia, estando prevista a instalação de uma unidade de produção de 12 MW, assegurando 37 por cento das necessidades energéticas da segunda maior ilha do arquipélago. A central do Pico Vermelho, com uma potência de 3 MW, marcou o arranque da exploração geotérmica nos Açores, em 1980, tendo sido instalada como um projecto – piloto de confirmação do potencial geotérmico da zona. A produção deste tipo de energia renovável aumentou em 1994 com o início da exploração da central da Ribeira Grande. A unidade começou a sua actividade com uma potência de 5 MW, que foi reforçada para 13 MW em 1998. Em 2007, foi inaugurada a nova central do Pico Vermelho, com uma potência de 10 MW, num único grupo gerador e com auxiliares de tecnologia binária, com uma capacidade de produção prevista de cerca de 79 GWh por ano. Em 2009 está prevista a instalação de uma unidade geotérmica de origem vulcânica para a produção de energia eléctrica de 12 MW, na ilha Terceira.
gestão hospitalar Santos Cardoso Administrador Hospitalar/ENSP
A Dedicação Exclusiva teria sido estratégia para acabar com desperdícios no SNS No mês de Julho passado, com o objectivo da revisão das carreiras médicas no enquadramento da lei nº 12-A/2008, de 27 de Fevereiro, o Secretário de Estado Adjunto da Saúde solicitou a colaboração da Ordem dos Médicos e dos Sindicatos Médicos, aos quais enviou os princípios enformadores pretendidos pelo Governo. Esta lei estabelece os regimes de vinculação, de carreiras e de remunerações dos trabalhadores que exercem funções públicas, prevendo a adopção do contrato de trabalho como modalidade comum da relação jurídica de emprego público e o Governo propõe a unificação das actuais carreiras, (clínica geral, hospitalar e de saúde púbica), a elaboração de dois diplomas, um relativo ao acervo de normas relativo ao conjunto de funções com natureza idêntica, próprias de uma profissão, e outro versando a matéria de qualificação para o seu exercício mantendo a sua aferição pela Ordem dos Médicos.
A alínea g) dos princípios enformadores referidos propõe ainda: «Estabelece-se o regime de dedicação exclusiva como regra para a carreira médica, deixando de haver possibilidade de escolha, pelos profissionais, do regime em que querem exercer funções; tal reside numa conjuntura de escassez de profissionais mas, sobretudo, no intuito de definir uma carreira que constitua uma opção de percurso profissional», alínea que, de imediato, levantou o protesto público do Bastonário da Ordem dos Médicos, apesar da Ministra da Saúde ter tran-
quilizado os protestantes ao afirmar que se trata de medida a aplicar a médio (ou longo) prazo, e reconhecer que na actual conjuntura não existe capacidade para a levar à prática. Muitas vezes apelidada de promiscuidade, a acumulação de actividade clínica nos serviços públicos e em serviços privados tem sido acusada de gerar reais conflitos de interesses, senão de quebra de qualidade e/ou de segurança na prestação de cuidados, como demonstra o parecer do grupo de trabalho nomeado pela Ministra para propor os requisitos mínimos das maternidades privadas – os serviços com urgência aberta devem ter, 24 horas por dia, duas enfermeiras (uma com especialização), dois médicos obstetras, dois blocos de partos, anestesista, pediatra, laboratório de análises, exames de imagiologia (como ecografias) e serviços de sangue. Para os que não têm urgências e apenas tratam grávidas acompanhadas pelo médico responsável, os critérios são menos exigentes porque não recebem os casos de risco, terão apenas uma enfermeira e os outros profissionais de prevenção a trinta minutos.1 Será consensual, em minha opinião, afirmar que o prognóstico de partos sem risco nunca é garantido a cem por cento, sendo conhecidos casos de partos previstos sem risco que correm mal e acabam por recorrer ao hospital público mais próximo. A necessidade de dedicação exclusiva tem sido considerada indispensável por muitos críticos da actual promiscuidade, em favor de maior eficiência do Serviço Nacional de Saúde (SNS), às vezes de forma acutilante – acabar com a possibilidade de cirurgiões que trabalham de manhã no sector público poderem dar resposta imediata à tarde no sector privado ou de operarem em serviços privados doentes em lista de espera em hospitais públicos, fazer baixar a lista de espera de primeiras consultas hospitalares pedidas por médicos de família, evitando o recurso frequente a serviços de urgência. A indispensabilidade do aumento de eficiência do SNS pode ser exemplificada pela enorme lista de espera na marcação de primeiras consultas hospitalares pedidas pelos médicos de família dos centros de saúde,2 e as últimas estatísticas publicadas sobre as listas de espera em cirurgias demonstra bem o recurso a serviços privados convencionados, em parte, certamente significativa, assegurados por equipas que igualmente trabalham em hospitais públicos (ver gráfico). A dedicação exclusiva foi instituída pela Ministra Leonor Beleza (Dl-73/90). Embora opcional para os médicos especialistas, tecno hospital 31
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gestão hospitalar
é óbvio tal só aconteceria se o privado tivesse a capacidade de os absorver a todos, o que, claramente, não tem… é evidente que, se se quiser fixar os médicos ao hospital, o novo estatuto teria de ser por melhorias significativas das condições de trabalho, remuneratórias e outras… disse a Ministra que o SNS não está (ainda) preparado para tal… se é ao problema económico a que se refere, estou em crer que a resultante contracção significativa dos quadros acabaria por minimizar eventuais alterações dos custos, adicionalmente contrabalançada pela melhoria da produtividade e redução do desperdício».
era obrigatória para os médicos em formação (internos) e para aqueles com funções de direcção, podendo ser ainda condição de admissão a novos lugares a concurso, mas a contestação pelos interesses instalados levaram o ministro seguinte do mesmo governo de Cavaco Silva, Arlindo de Carvalho, a revogar o essencial dessas medidas.3 O Professor Manuel J. Antunes, professor catedrático e director de serviço dos Hospitais da Universidade de Coimbra, que há mais de vinte anos tem pugnado por esta medida, sintetiza muito claramente a sua convicção de nela residir um factor importante da melhoria de produtividade, de que o nosso SNS muito necessita4: «Efectivamente, o regime típico de part-time da maior parte dos médicos do SNS não favorece a sua rentabilidade. Um horário de 35 horas, incluindo 12 para serviço de urgência, deixa aos médicos pouco mais de quatro horas diárias para as tarefas de rotina. Salas de operação a funcionar apenas quatro ou cinco horas por dia são duplamente onerosas. E o mesmo se pode dizer, embora em escala diferente, das consultas externas, que, geralmente, funcionam apenas cinco manhãs por semana… a divisão da actividade dos médicos pelos sectores público e privado é susceptível de originar conflitos de interesses… acena-se com o fantasma da debandada geral para o sector privado, esvaziando o público dos seus melhores elementos… como
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E escreveu ainda o Professor Manuel Antunes no mesmo artigo: «Mas afinal, segundo as declarações da própria ministra, não se trata de uma decisão firme, apenas de um balão de ensaio lançado para discussão com os parceiros sociais, que, obviamente, não parecem inclinados a aceitá-lo. Um balde de água fria!» Em minha opinião, a dedicação exclusiva devia ter sido estratégia a adoptar pelo Governo logo no início do mandato, se queria, efectivamente, acabar com desperdícios no SNS.
Ver Correio da Manhã, 24.08.2008 «Pela primeira vez há um número oficial sobre listas de espera para uma primeira consulta de especialidade nos hospitais públicos – são 382.866 doentes à espera de uma primeira consulta com um médico especialista, em regra marcada depois do diagnóstico de doença, ou fundada suspeita de doença, nos centros de saúde. O número resulta de um levantamento feito em 2006 pela Inspecção-Geral das Actividades de Saúde, até aqui só era conhecida lista de espera nacional em cirurgias, com 208.632 doentes», noticiava a TVI em 01.11.2006. 3 Ver «A cultura do trabalho em part-time não é compatível com o exercício de uma medicina de qualidade», por Jorge Almeida, do Sindicato dos Médicos do Norte e membro do Conselho Nacional Executivo da FNAM, Público, 15.08.2008 4 Ver o artigo «Exclusividade ou apenas dedicação», no Diário de Notícias, 24.08.2008. 2
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Esterilizadores a Vapor de Ă gua Com o intuito de proteger doentes e proďŹ ssionais de saĂşde de infecçþes nosocomiais e de facilitar o tratamento de pacientes imunodeprimidos ou com infecçþes transmissĂveis pelo ar, foi desenvolvido o sistema MedicCleanAir. Estas unidades de puriďŹ cação de ar, com capacidade de reter partĂculas de dimensĂľes desde 0.017Âľ m com uma eďŹ ciĂŞncia de 99.27% a 100% sĂŁo adequadas para Quartos de Isolamento, Blocos, Cuidados Intensivos, entre outros. O sistema MedicCleanAir funciona da seguinte forma: apĂłs a instalação de uma unidade, esta ĂŠ colocada em funcionamento e sĂł volta a ser desligada apĂłs um ano para manutenção e substituição do ďŹ ltro. Durante esse perĂodo, a unidade aspira ar pela parte inferior e devolve o ar ao espaço pela parte superior com um raio de acção de 360Âş. A sua superfĂcie em inox ĂŠ fĂĄcil de limpar e nĂŁo necessita de cuidados especiais, apenas nĂŁo deve estar tapada e deve manter-se ligada continuamente.
Cada ďŹ ltro estĂĄ preparado para doze meses de utilização contĂnua. Quando o LED indica â&#x20AC;&#x153;ďŹ ltro saturadoâ&#x20AC;? antes desse perĂodo num determinado espaço ĂŠ porque existe um problema grave de contaminação que deve ser corrigido. Em condiçþes normais a duração do ďŹ ltro ultrapassa os doze meses embora se recomende a sua substituição por apĂłs um ano de funcionamento. As vantagens apontadas pela empresa para este produto sĂŁo ÂŤos altos Ăndices de qualidade da ďŹ ltração bem como a facilidade de instalação sem obras ou remodelaçþes, permitindo criar espaços de pressĂŁo neutra, positiva ou negativa isentos de vĂrus, bactĂŠrias e fungos.Âť EstĂŁo disponĂveis prĂŠ-ďŹ ltros para condiçþes de renovação de espaços ou exposição mais acentuada a contaminaçþes e podem ser equipados com controlo remoto com ou sem ďŹ o para assegurar a operação apenas por pessoal hospitalar autorizado. O equipamento cumpre as normas europeias em vigor e, segundo a empresa, permite um ÂŤretorno ďŹ nanceiro rĂĄpidoÂť. Podem ser consultados, no site da empresa, estudos em hospitais onde o MedicCleanAir jĂĄ foi instalado. www.techna.pt
Regresso aos Cuidados Intensivos com o HAMILTON G5 - â&#x20AC;&#x153;Intelligent Ventilationâ&#x20AC;? / 'RUPO 7ERFEN CORPOrizado em Portugal pela MedicinĂĄliaCormĂŠdica, estĂĄ de regresso Ă ventilação de cuidados intensivos. Esta presença aposta numa linha de ventiladores da multinacional SuĂça-Americana - Hamilton Medical, oferecendo soluçþes ventilatĂłrias avançadas, complementadas por uma inovadora solução de controlo do sistema pelo utilizador. Baseados no exclusivo conceito â&#x20AC;&#x153;Intelligent ventilationâ&#x20AC;? desenvolvido pela Hamilton, com aspectos de elevada â&#x20AC;&#x153;performanceâ&#x20AC;? ďŹ siolĂłgica ventilatĂłria, proporcionada por exemplo pelo â&#x20AC;&#x153;modo ASV â&#x20AC;&#x201C; Adaptative Support Ventilationâ&#x20AC;?, os novos produtos combinam a segurança do doente (sistema
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â&#x20AC;&#x153;closed-loop ventilationâ&#x20AC;?) com um interface de utilizador â&#x20AC;&#x201C; â&#x20AC;&#x153;Medical Cockpit - completamente intuitivo para o â&#x20AC;&#x153;Staffâ&#x20AC;? clĂnico, nĂŁo sĂł pela fĂĄcil manipulação como tambĂŠm pela optimização da leitura de dados e da mensagem grĂĄďŹ ca, tornando fĂĄcil e rĂĄpida, a percepção e monitorização da mecânica ventilatĂłria. / NOVO (AMILTON ' RESPONDE Ă&#x153;S MAIS VARIADAS NECESSIdades, desde a ventilação invasiva Ă nĂŁo-invasiva e inclui ainda outras potencialidades avançadas, tais como opção Heliox (mistura gasosa hĂŠlio+O2 para diminuição do trabalho respiratĂłrio) e modo de ventilação para Neonatologia. Lançado hĂĄ menos de um ano no mercado internacional, o (AMILTON ' TEM SIDO INSTALADO EM (OSPITAIS 5NIVERSITĂ&#x2013;RIOS da Alemanha, bem como na ItĂĄlia e SuĂça, entre outros paĂSES REFERENCIĂ&#x2013;VEIS / (AMILTON ' FOI O VENCEDOR DO PRÂŁMIO ÂŤInteractive Product ExperienceÂť, no International Design Excellence Awards 2008. www.medicinalia-cormedica.pt
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Central de Monitorização de Equipamentos de Perfusão Após terem sido asseguradas as questões relativas à integração e compatibilidade com os principais Patient Data Management Systems (PDMS) do mercado, a B.Braun desenvolveu uma nova aplicação que proporciona a monitorização de todos os Equipamentos de Perfusão instalados num serviço hospitalar.
Segundo os especialistas da empresa «uma das maiores limitações relacionadas com os Equipamentos de Infusão é o facto da monitorização e controlo dos equipamentos ter de ser feito junto da cama do doente, a um nível local, o que influencia o trabalho do pessoal de enfermagem bem como o período de tempo despendido apenas para “acompanhamento” dos equipamentos.» O Space OneView permite a passagem de um nível local (a cama hospitalar) para o nível seguinte (o serviço). O profissional de enfermagem pode monitorizar as Bombas e Seringas que irão precisar de manuseamento num curto período de tempo, por troca de medicação, por alarmes, etc. Por outro lado, os alarmes podem ser silenciados durante a noite, sem pô r em causa questões de segurança, já que o profissional de enfermagem continua a ter acesso a toda a informação das respectivas camas, na sua Central de Monitorização. Em situações de alarme, a Central emite um alarme acústico e visual com a identificação de qual a bomba em situação de alarme e a respectiva causa desse alarme. O Space OneView, Central de Monitorização de Bombas e Seringas, permite uma acção preventiva em situações de alarme e pré-alarme, uma identificação dos equipamentos em alarme, a razão pela qual existe esse alarme e por inerência uma optimização do trabalho, poupança de tempo ao profissional de enfermagem e segurança em todo o processo. www.bbraun.pt tecno hospital 31
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produtos e tecnologias
Protecção de Paredes e Segurança Os novos sistemas de protecção, material normalmente denominado por “Roda-Macas”, da Styla, apresentam-se como um método para proteger paredes e portas. Tratam-se de materiais compostos por uma estrutura de alumínio, borracha amortizante ao embate (uma ou duas faixas de borracha, dependendo da necessidade do local) e revestidos com material Acrovinilico. Actualmente a marca apresenta as linhas: de corrimão e corrimão anti-embate, protecção anti-embate, protecção convexa, protecção de esquinas, esquinas light e chapas de protecção de parede. Dada a diversidade de cores disponíveis para todos os produtos, é possível conjugar diferentes tonalidades na mesma aplicação. Existe facilidade na substituição de qualquer peça de acabamento, permitindo mesmo que seja substituída a
cobertura, por exemplo, por outra tonalidade, mantendo a mesma estrutura interior. Todos estes equipamentos têm características comuns: 5 anos de garantia, resistência a agentes químicos, facilidade de limpeza, anti-embate, recicláveis e ecológicos, anti- inflamáveis e estabilidade U.V. www.infortipo.pt
Healthy Talkie A dificuldade de comunicação entre aplicações de diferentes fornecedores é real, uma vez que a norma internacional HL7 não se encontra implementada em todas as aplicações existentes nos hospitais. Esta situação leva muitas vezes a redundância de dados e introdução de múltiplos pontos de falha, potenciando a ocorrência de erros clínicos que podem ter consequências graves, tanto do ponto de vista clínico como do ponto de vista financeiro. O Healthy Talkie, a nova interface de comunicação entre sistemas, tem como objectivo integrar soluções na área da saúde, contribuindo para a optimização dos fluxos de trabalho, ajudando a torná-los mais rápidos e fiáveis, através da correcta distribuição, sincronização e consolidação da informação pelos múltiplos sistemas.
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Este produto desenvolvido pela Siemens Sector Healthcare Portugal foi desenhado para ser pouco invasivo e independente da plataforma computacional existente, podendo coexistir no mesmo sistema com qualquer outra aplicação já utilizada em ambiente hospitalar. O Healthy Talkie dá suporte à norma HL7, possibilitando ao cliente a adaptação a este, e a outros protocolos de comunicação. Brevemente, o Healthy Talkie irá suportar o protocolo DICOM, expandindo ainda mais as suas possíveis áreas de intervenção. Adicionalmente, esta solução caracteriza-se por ser uma aplicação de fácil manutenção e configuração, apresentando total flexibilidade na manipulação dos dados a comunicar. Este facto permite ao Healthy Talkie ser implementado no terreno em tempos mais reduzidos do que as actuais soluções, apresentando maior flexibilidade e eficiência. Desta forma, reduzem-se os custos de implementação associados à criação de interfaces dedicadas, bem como os custos de manutenção e suporte associados à multiplicidade de interfaces proprietárias existentes. bmoffice.med@siemens.com
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Gestor de Mensagens e Alertas dos Sistemas Clinidata O ClinidataMail ĂŠ um gestor de mensagens e alertas que pode ser integrado com todos os sistemas Clinidata. Um utilizador a fazer colheitas num determinado local ou serviço, via ClinidataNET ou um mĂŠdico a validar resultados, via ClinidataXXI, podem trocar facilmente mensagens entre si. Outro dos benefĂcios do ClinidataMail ĂŠ a sua ligação ao mĂłdulo de alertas, integrado no ClinidataXXI e ClinidataNET, que permite enviar alertas entre o sistema e os utilizadores responsĂĄveis por eles. O mĂłdulo de alertas permite conďŹ gurar qualquer tipo de alerta, mĂŠdico, tĂŠcnico ou mesmo administrativo, tirando partido de condiçþes e algoritmos conďŹ guraDOS NO %&# DO #LINIDATA $EPOIS MEDIANTE AUTOMATISMOS INteligentes e ininterruptos de pesquisa de dados, esses alertas chegam de forma imediata e segura aos seus destinatĂĄrios. Neste cenĂĄrio, alertas relativos a situaçþes clĂnicas especiais, possĂveis infecçþes hospitalares ou simplesmente erros no processo que careçam de correcção rĂĄpida, podem ser imediatamente tratados, evitando consequĂŞncias gravosas ou simplesmente atrasos no serviço prestado. O ClinidataMail encontra-se tambĂŠm preparado para estender a troca de mensagens e envio de alertas, por sms ou por outro formato apropriado para dispositivos mĂłveis. No desenvolvimento do ClinidataMail, foi tido em conta que um utilizador pode ter diferentes contas de acesso no mesmo sistema Clinidata, por exemplo, em função dos seus diferentes turnos com nĂveis de acesso e funçþes diferentes. Por outro lado, um utilizador pode ter tambĂŠm uma conta de acesso por sistema Clinidata, por exemplo, uma conta no ClinidataNET, outra no ClinidataXXI e outra no Clinidata Stocks. Deste modo, para facilitar a gestĂŁo de todas as contas por utilizador, no ClinidataMail, conďŹ gura-se uma Ăşnica conta de acesso que por sua vez agrega todas as â&#x20AC;&#x153;subcontasâ&#x20AC;? existentes. O sistema faz uma gestĂŁo inteligente do envio e recepção de mensagens independentemente da conta con-
creta que um utilizador esteja a usar em cada momento. O ClinidataMail, contribui tambĂŠm para uma total integração dos sistemas Clinidata, ligando utilizadores da patologia clĂnica, com acesso ao ClindiataXXI, utilizadores do serviço de banco de sangue e transfusĂľes, com acesso ao ClinidataBST e utilizadores do sistema anatomia patolĂłgia, com acesso ao Clinidata Anatomia. O produto possibilita: - O envio e recepção de mensagens sem recurso a aplicaçþes externas, entre sistema e destinatĂĄrios ou entre utilizador e destinatĂĄrios. - Um serviço de troca de mensagens em qualquer posto de trabalho com acesso a um sistema Clinidata. - Aviso imediato aos utilizadores nas suas sessĂľes de trabalho, sobre a chegada de novas mensagens ou sobre alertas do sistema para situaçþes crĂticas, exigindo uma rĂĄpida intervenção. - Possibilidade de criação de grupos de utilizadores, por exemplo, utilizadores da BioquĂmica, Imunologia, Microbiologia, Colheitas, Serviço X, ..., dando maior facilidade e rapidez no envio de mensagens e alertas para grupos de utilizadores. - Aviso a cada utilizador, ao entrar em sessĂŁo, sobre todas as mensagens ainda nĂŁo lidas. Em termos de segurança, ao contrĂĄrio dos sistemas de e-mail usuais, o ClinidataMail garante a conďŹ dencialidade, integridade e autenticidade das mensagens trocadas entre os utilizadores. As mensagens sĂŁo identiďŹ cadas por um emissor, um ou vĂĄrios destinatĂĄrios, um assunto e um texto sem limite de caracteres. www.maxdata.pt
Tecnologia para produção e eliminação de recipientes descartĂĄveis O Macerador Vortex ĂŠ construĂdo a partir dos seus antecessores V750, V2000 e V2020 que permitiram o ciclo de maceração em sistema fechado. O Vortex apresenta inovaçþes, como a abertura atravĂŠs do pĂŠ do utilizador e um depĂłsito adicional com lĂquido desodorizante que ĂŠ injectado em cada ciclo na cuba de maceração. A eďŹ ciĂŞncia de maceração foi apurada
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atravÊs de um motor com inversor permitindo, tal como os seus antecessores, o processamento atÊ quatro unidades de descartåveis, mas agora com maior resistência às situaçþes de sobrecarga de descartåveis. Os custos de operação são menores, relativamente às lavadoras/desinfectadoras, jå que o motor Ê de consumo elÊctrico reduzido e não Ê necessårio ågua quente ou gerador de vapor. A tampa Ê completamente hermÊtica e não pode ser aberta durante o ciclo de maceração. www.aviquimica.pt
Servidores GRÁTIS Aplicações GRÁTIS Espaço, GRÁTIS Mão-de-obra GRÁTIS Energia, GRÁTIS Armazenamento GRÁTIS Apresentamos a revolucionária arquitectura empresarial que, finalmente, é rentável. Os sistemas tradicionais são perfeitos para um arrefecimento ao nível da sala, mas os crescentes custos energéticos tornam-nos dispendiosos em termos operacionais e as suas dimensões exageradas impossibilitam-nos de darem uma resposta eficaz aos desafios de alta densidade da actualidade. Pior ainda, os desperdícios em termos de energia e arrefecimento podem impedi-lo de adquirir equipamento informático novo fundamental. Para um problema simples, uma solução simples. Reduza os custos de energia e arrefecimento e utilize o que economizar para adquirir o equipamento informático de que necessita. Segundo a Gartner Research, 50% de todos os centros de dados construídos antes de 2002 estarão obsoletos em meados de 2008, devido às insuficientes capacidades de energia e arrefecimento. Os problemas relacionados com a energia e/ou o arrefecimento são actualmente o maior problema com que se deparam os gestores de centros de dados.
Os recursos de energia e financeiros são racionalizados O seu painel de serviço limita a quantidade de energia disponível. O seu orçamento limita os fundos disponíveis. Urge utilizar até ao limite cada parcela de ambos. Aquilo que precisa é do APC Efficient Enterprise™. A solução APC disponibiliza uma escalabilidade modular para que possa pagar apenas aquilo que utiliza; gestão de capacidade, para que saiba onde colocar o seu próximo servidor; e sistemas em fila e de contenção de calor dedicados que melhoram o arrefecimento e a previsão térmica. Um Efficient Enterprise permitir-lhe-á poupar dinheiro graças à eliminação de resíduos pré-planeada. Por exemplo, mudando o arrefecimento “orientado para a sala” para um arrefecimento “orientado para a fila de sistemas”, poupará, em média, 35% em custos de electricidade.
O Efficient Enterprise™ torna o arrefecimento previsível e reduz as despesas operacionais através de... Utilização de arrefecimento de acoplamento directo. A nossa inovadora arquitectura InRow™ possibilita um arrefecimento mais eficiente e orientado, graças à redução da distância entre a produção e a eliminação do calor. Contenção do calor. O nosso sistema de contenção de calor por corredor (Hot Aisle Containment System) reduz os pontos de calor ao impedir que o ar de exaustão quente se misture com o ar frio da sala. Capacidade de gestão. O software de gestão de capacidade integrado e inteligente disponibiliza dados em tempo real sobre as suas exigências em termos de energia e arrefecimento. Utilização de componentes com as dimensões certas. Os componentes do tipo “pay as you grow” com as dimensões certas são sinónimo do fim dos desperdícios inerentes aos sistemas tradicionais sobredimensionados.
O nosso sistema autofinancia-se Quer esteja a construir um novo centro de dados ou a analisar a eficiência dos sistemas existentes, o seu primeiro passo é conhecer o seu posicionamento. Faça a auditoria Enterprise Efficiency on-line para saber como poderá beneficiar das vantagens de um sistema eficiente, integrado e inteligente: mais energia, mais controlo, mais lucros.
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produtos e tecnologias
Tecidos anti-bacterianos SĂŁo conhecidas por todos, as propagaçþes e infecçþes de bactĂŠrias que ocorrem a nĂvel hospitalar, favorecidas com o uso generalizado de vestuĂĄrio de algodĂŁo (ambiente propĂcio ao desenvolvimento das bactĂŠrias). Como resultado, foi desenvolvida uma gama de produtos de vestuĂĄrio para a ĂĄrea Hospitalar com um acabamento inovador para tecidos destinados ao uso hospitalar. Trata-se de um processo que inclui ďŹ bras de prata ionizada no fabrico de tecidos, funcionando atravĂŠs da ionização das partĂculas de prata contidas no tecido do vestuĂĄrio, que actuam a um nĂvel intra-celular, atacan-
do directamente o DNA dos micro organismos acumulados nos tecidos, reduzindo a sua carga viral de forma efectiva. Este processo permite reduzir em menos de 1 hora, 99% da capacidade da bactĂŠria de se replicar ou mesmo transmitir para os pacientes ou outros portadores, eliminando por completo a bactĂŠria do vestuĂĄrio infectado. Os dados estatĂsticos fornecidos pela empresa apontam para que cerca de 8% dos pacientes em hospitais sĂŁo contaminados por bactĂŠrias e que mais de 130,000 pessoas morrem todos os anos na Europa de infecçþes contraĂdas em ambiente hospitalar. Esta nova tecnologia pode ser aplicada directamente ĂĄs roupas de cama, pijamas, capas e batas de cirurgia, fatos para â&#x20AC;&#x153;clean roomâ&#x20AC;?, cortinas, vestuĂĄrio de trabalho para pessoal clĂnico e atĂŠ mesmo calçado. www.latinogroup.net
Regeneração de refeiçþes em ambiente hospitalar As refeiçþes são uma componente incontornåvel no tratamento e recuperação dos doentes. Os equipamentos utilizados na regeneração de alimentos devem permitir a preparação de refeiçþes quentes e/ou frias, com elevado valor nutritivo, servidas a temperaturas
adequadas, em horĂĄrios regulares. A DISOTEL apresenta na sua linha de equipamentos para a Restauração Hospitalar, uma gama de carros regeneradores incorporando tecnologia de comunicação, que permite o controlo frequente e eďŹ caz de temperaturas, desde a produção da refeição atĂŠ Ă distribuição ao doente. www.disotel.pt
Hospital Epidemiologic Control O HEPIC - Hospital Epidemiologic Control ĂŠ um dos produTOS DESENVOLVIDOS PELA &IRST 3OLUTIONS QUE PERMITE MONITORIzar e controlar todo o processo de Vigilância EpidemiolĂłgica de Infecçþes Associadas aos Cuidados de SaĂşde (IACS) e foi concebido com o intuito de ser a principal ferramenta de trabalho das ComissĂľes de Controlo de Infecção (CCI) das Unidades de SaĂşde que adoptem esta solução. A abrangĂŞncia do HEPIC advĂŠm da interoperabilidade em tempo real com os Sistemas de Informação das Unidades de SaĂşde, nomeadamente dos sistemas do LaboratĂłrio de -ICROBIOLOGIA &ARMĂ&#x2013;CIA 5RGäNCIA E 3ISTEMA DE 'ESTâO DE Informação Hospitalar (SONHO, SAM, SAPE, etc). Das funcionalidades disponibilizadas destacam-se a monitorização em tempo real do LaboratĂłrio de Microbiologia, o envio automĂĄtico de alertas para os diferentes Serviços, a avaliação sistemĂĄtica de taxas de incidĂŞncia e indicadores predeďŹ nidos, criação de base de dados de microrganismos epidemiologicamente importantes, estatĂsticas de consumo
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de antibiĂłticos, soluçþes alcoĂłlicas e desinfectantes e a capacidade de criação de relatĂłrios e estatĂsticas ad-hoc. Em termos de benefĂcios directos, salientam-se o aumento da ďŹ abilidade dos dados recolhidos, ausĂŞncia de papel em todos os processos, possibilidade da CCI acompanhar e validar, em tempo real, o preenchimento dos diferentes formulĂĄrios, redução dos tempos de produção de relatĂłrios e capacidade de gerar novos relatĂłrios ao longo do tempo. Em termos de arquitectura, o HEPIC corre em ambiente web, FACILITANDO AS ACĂ&#x20AC;ÂľES DE GESTâO E MANUTENĂ&#x20AC;âO DO SISTEMA &OI desenvolvido recorrendo a tecnologias state-of-the-art, utiLIZANDO CAMADAS INTERFACE GRĂ&#x2013;lCO EM &LASH CAMADA DE controlo em Java e Base de Dados Oracle. www.ďŹ rst.pt
PUBLI-REPORTAGEM
A importância de confiar nos equipamentos A evolução dos conceitos de lavagem, desinfecção e esterilização determinam a concepção e fabrico dos produtos que comercializamos. Desde sempre, para a empresa A.J. Costa (Irmãos), Lda. foi uma prioridade actualizar as metodologias construtivas e de suporte ao processo de fabrico e procurar estabelecer parcerias com fornecedores de qualidade e confiança. Actualmente, perante os desafios lançados pelo mercado nacional e internacional, a empresa reforçou este compromisso, apostando na implementação de um sistema da qualidade certificado pela SGS de acordo com a NP EN ISO 9001:2000, que regula o correcto funcionamento dos diversos sectores de actividade, nomeadamente o Departamento de Produção e da Qualidade, o Sector Fabril, o Sector de Aprovisionamento, o Departamento Comercial, o Sector de Fornecimento e Assistência Pós Venda e, finalmente, o sector Administrativo. Em 2008, foi alcançada a Certificação pela norma ISO 13485:2003, abran-
gendo a Concepção e Fabrico de Dispositivos Médicos, nomeadamente os Esterilizadores a Vapor e Lavadores Desinfectadores.
A equipa técnica da A.J. Costa (Irmãos), Lda. acompanhando o avanço tecnológico das Unidades Hospitalares e Centrais de Esterilização actualizou os seus equipamentos Amaro 5000 e Steri 21 em termos de Software e Hardware, o que permitiu melhorar o processo de esterilização a vapor de água e a interacção do operador com o equipamento. A nova consola policromática de ecrã táctil, de software intuitivo, permite ao operador verificar em tempo real o de-
senrolar do processo de esterilização, tanto através de valores instantâneos, como através de um gráfico temporal. No final de cada processo concluído é impresso um relatório de todas as fases que permite um rigoroso controlo sobre as esterilizações efectuadas. A.J. Costa (Irmãos), Lda. disponibiliza, como via preferencial para alcançar a plena satisfação do cliente, cada vez mais exigente e consciente das suas necessidades, um gabinete técnico especializado de modo a disponibilizar desenvolvimento, implantação, instalação e informação de soluções. Cada projecto é encarado como um desafio capaz de projectar a empresa para a presente e futura evolução tecnológica, que começa em cada Hospital e Unidade de Saúde, na Central de Esterilização e, em última análise, em cada operador que se torna o nosso melhor crítico e aliado. Os tempos mudaram... as grandes marcas evoluem!
www.ajcostairmaos.com
notícias
Empresas portuguesas na feira MEDICA A feira MEDICA é um evento na área hospitalar que visa apresentar produtos na área da tecnologia, equipamentos de laboratório e de diagnóstico, de fisioterapia, bens de consumo para cirurgia, tecnologias de informação e comunicação, instalações e serviços médicos, entre outros. Até à data de fecho da edição da TecnoHospital estavam presentes nas listas da feira onze empresas portuguesas: Alert Life Sciences Cumputing SA, Helder Gonçalves, Lda, Albino Dias de Andrade Lda, Medirm Lda, Tricela – Empresa Têxtil Lda, Bastos Viegas SA, PROHS – Equipamento Hospitalar e Serviços Associados, Lda, P&R Têxteis SA, Nursingshoes, Comércio e Distribuição de Calçado, Lda, PMH – Produtos Médico Hospitalares, SA e Wock. A Albino Dias de Andrade participou pela primeira vez na MEDICA em 2005, tendo vindo a manter todos os anos a sua presença. Para apostar na conquista de novos mercados, também através da feira, a empresa terá a sua oferta de produtos centrada em compressas de gaze e tecido não tecido na forma estéril (embalagem simples e dupla); compressas de gaze e tecido não tecido não estéreis destinada a esterilizar pelo utilizador final; ligaduras elásticas crepe e ligaduras elásticas 100% algodão. Em destaque especial deste ano, estarão os produtos para incontinência, os pensos oftálmicos esterilizados e a nova embalagem de compressas estéreis (embalagem papel/papel). Por outro lado, será a nona participação da Bastos Viegas com um stand na Medica. Desta vez, o destaque será dado às mais recentes linhas de produção, como sejam os campos operatórios (drapes) para todas as especialidades, os sets (kits) de protecção e os sets (kits) de procedimento cirúrgico, além da linha de dispositivos médicos descartáveis. Já a empresa Nursingshoes é a primeira vez que estará na MEDICA, com o objectivo de estabelecer contactos de importadores internacionais. Estará em destaque o calçado profissional para o sector da saúde, especialmente socas para o bloco operatório. A PROHS vai estar presente no evento com o objectivo de fortalecer a sua aposta na procura e reforço de outros mercados. Visa mostrar o seu empenho e investimento em dar a conhecer os seus produtos, permitindo compará-los com os produtos dos seus concorrentes. Serve também para re-
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forçar parcerias com outras empresas presentes, para representação dos seus produtos a nível interno. A empresa está localizada no Hall 12 Stand A04. A Tricela estará presente com os seus têxteis revestidos e em destaque estará uma gama de materiais e artigos de protecção hospitalar, reutilizáveis e “amigos do ambiente”. Também estreante na MEDICA é a empresa Wock que irá apresentar na feira uma soca profissional, concebida para os profissionais da área da saúde. A feira irá realizar-se entre os dias 19 e 22 de Novembro, em Düsseldorf. www.medica.de
Comunicação Hospitalar O Grupo Inforpress, em conjunto com a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Universidade Nova de Lisboa, está a desenvolver um estudo sobre “Comunicação Hospitalar”. O objectivo é conhecer a comunicação interna e externa deste universo e desvendar os suportes mais utilizados no contacto com os diferentes públicos: doentes e respectivos familiares, farmacêuticos, enfermeiros, médicos, colaboradores, media e público em geral. “Os hospitais estão a despertar para a importância da comunicação e começam a reconhecer que neste sector a eficácia das mensagens-chave é um ponto essencial. Por isso, decidimos investigar, diagnosticar a situação e fazer o retrato geral da realidade hospitalar a este nível”, explica Ana Margarida Ximenes, do Grupo inforpress. O estudo parte de uma amostra representativa de 84 hospitais gerais públicos e privados, de Norte a Sul do país, com maior número de camas e taxas mais elevadas de assistência a doentes. O trabalho de campo já arrancou e, neste momento, 40% da amostra já respondeu. “A missão da ENSP é promover a investigação em saúde e contribuir, assim, para o estudo aprofundado e difusão do conhecimento nessa área. O projecto que estamos a desenvolver com o Grupo Inforpress encaixa na perfeição nesse objectivo e estamos convictos que vai originar uma interessante discussão junto da comunidade profissional do Serviço Nacional de Saúde, em geral, e do sector hospitalar, em particular”, afirma Paulo Kuteev Moreira, professor da ENSP na área das políticas e estratégias de acção em saúde. www.ensp.unl.pt
notícias
Motor de busca na área da saúde O Google lançou mais um serviço: o Google Health. A nova ferramenta permite que o usuário crie um perfil protegido por senha e disponibiliza informações sobre diversas doenças e tudo o que pode estar a elas associado, como medicamentos, especialistas, notícias, endereços de farmácias, grupos, etc. O serviço também oferece ferramentas como a “caixa de remédios virtual”, que avisa os pacientes quando estes precisam de tomar remédios e inclui a possibilidade de importar registos médicos se estes estiverem disponíveis em formato digital. Na página inicial do produto é possível ler as seguintes directrizes: «Com o Google Health, você pode: Construir perfis online de saúde que lhe pertence; Fazer download de histórico de saúde através de médicos e farmácias; Obter orientação personalizada de saúde e notícias relevantes; Encontrar médicos habilitados e serviços de saúde rapidamente; e Compartilhe informações com a família ou profissionais de saúde.» O objectivo deste serviço é permitir aos utilizadores o controlo do seu próprio historial clínico, armazenando dados sobre as suas radiografias, resultados de análises, número de internamentos em que hospitais, a medicação que toma, entre outras funcionalidades.
A vantagem para o utilizador é poder consultar os seus dados médicos em qualquer computador e facultá-los, de imediato, a um clínico ou hospital e acelerar diagnósticos e prescrever tratamentos em qualquer parte do mundo. Segundo a empresa, a rentabilidade será alcançada pelo facto dos utilizadores, a partir desta página, poderem aceder a outras páginas do Google. O Google Health vai ser um sistema aberto a outras empresas ou instituições que pretendam oferecer serviços directos ao consumidor, como tabelas de medicamentos ou lembretes de datas de vacinas. No entanto, o acesso aos dados pessoais de cada utilizador vai requerer o consentimento expresso do mesmo. O motor foi testado em mais de 1.300 voluntários do hospital Cleveland Clinic, dos Estados Unidos, e entre os associados do Google nesta iniciativa encontram-se empresas farmacêuticas e de investigação, como a Walgreens, Queso Diagnostics e a Long Grugs. Com este novo serviço, o Google lança um novo desafio à Microsoft, que desde Outubro passado oferece um serviço similar, o Health Vault. www.google.com/health
Espaço dedicado ao diálogo na saúde vai abrir no próximo ano A Plataforma Saúde em Diálogo vai abrir no início do próximo ano, no Hospital de Faro, um espaço que pretende «formar e informar» a população sobre as diferentes patologias, além de ajudar os familiares de doentes a lidar com algumas doenças, como Parkinson ou Alzheimer. Maria da Luz Sequeira, directora da Plataforma em representação das farmácias, adiantou que «o espaço de saúde em diálogo» vai funcionar como uma espécie de «loja do cidadão do doente e dos utentes dos serviços de saúde». O projecto, apresentado durante o III Congresso da Plataforma Saúde em Diálogo, é financiado pelo Alto-Comissariado da Saúde com 57 mil euros, verba que, segundo Maria da Luz Sequeira, vai permitir a abertura do espaço, sendo depois necessário para o seu funcionamento recorrer a mecenatos. Em declarações à Lusa, a responsável da plataforma referiu que «será um alerta à população sobre a maneira como tratar alguns doentes e os cuidados que se deve ter», sublinhando que se pretende com a iniciativa «fazer com que o cidadão esteja mais perto do sistema» de saúde. Maria da Luz Sequeira frisou que o espaço será também de-
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dicado «à promoção da saúde» através da realização de palestras que «encaminhem as pessoas para um melhor estilo de vida» e de acções junto das escolas. O primeiro espaço será aberto em Faro, mas a Plataforma Saúde em Diálogo pretende alargar o projecto a outras regiões do país. Criada em 1998, a Plataforma Saúde em Diálogo, que tem o estatuto de Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), inclui 29 associações de doentes, de consumidores e de promotores de saúde, como as farmácias. Promover um maior contacto entre os profissionais e os utilizadores dos sistemas de saúde e afirmar-se como parceiro activo na definição das políticas de saúde são os principais objectivos da Plataforma. http://lpcdr.org.pt/protcol/plataforma
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Parceria com empresa ajuda renovação do hospital O Hospital Nossa Senhora do Rosário, E.P.E. do Barreiro seleccionou o fabricante Hill-Rom como parceiro na renovação do parque instalado de mobiliário hospitalar, nomeadamente camas, mesas de cabeceira e refeição, colchões de prevenção e acessórios. O processo de renovação do hospital teve início a 10 de Setembro, com a entrega dos primeiros equipamentos destinados aos Serviços de Medicina, Cirurgia e Ortopedia. O HNSR é um Hospitalar Distrital Geral com 35 valências clínicas, que presta assistência ao nível do Internamento, Consulta Externa, Urgência, Hospital de Dia, Assistência Domiciliária e assegura, praticamente, todos os Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica daí decorrentes. Tem uma área de influência que engloba os concelhos do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete e serve uma população de cerca de 200 mil habitantes, de acordo com o Censo de 2001. Trata-se do maior empregador do concelho e que espera, com esta parceria, apostar numa melhoria continua dos seus serviços e condições junto quer dos seus utentes, quer dos seus profissionais, colocando-se na vanguarda das instituições do Sistema Nacional de Saúde. A Hill-Rom é fabricante mundial de sistemas de terapia e equipamento para reabilitação de doentes, nomeadamente em cuidados de Agudos; Intensivos; Materno-Infantil e de longa duração, bem como mobiliário para habitações desde o apoio tradicional até arquitectura hospitalar, passível de construção virtual no laboratório da empresa. .w hill-rom.com
Primeira farmácia hospitalar do país O Primeiro-Ministro e a Ministra da Saúde inauguram recentemente em Leiria a primeira farmácia hospitalar de venda ao público do país, a funcionar no hospital de Santo André. A farmácia do Hospital de Santo André foi concessionada, depois de concurso público, à empresa Amado Elias Tomaz, Farmácia Unipessoal, Lda. Está localizada num espaço autónomo contíguo às consultas externas do estabelecimento de
saúde. Em declarações à agência Lusa, o presidente do conselho de administração do hospital de Leiria, Hélder Roque, afirmou que se trata de “um projecto pioneiro que prestigia o Hospital de Santo André”, ao qual a unidade de saúde aderiu “desde a primeira hora”. “É a primeira farmácia com gestão privada a funcionar no interior de um hospital e estará aberta 24 horas por dia, sete dias na semana, para servir toda a população da nossa área de influência”, destacou o responsável. Para Hélder Roque, o investimento “contribui também para a afirmação do Hospital de Santo André como incontornável Unidade de Cuidados de Saúde, com um projecto hospitalar à verdadeira dimensão desta nossa região, sempre com a principal motivação de servir os cidadãos e o interesse público”. .w hsaleiria.min-saude.pt
Sistema de Gestão pretende poupar mais de 13 Milhões de Euros O primeiro projecto no âmbito do Protocolo de Cooperação entre o SUCH e o ISQconsiste na implementação de um sistema informático para a gestão da manutenção de equipamentos hospitalares, uma componente significativa da despesa do Serviço Nacional de Saúde. A optimização de recursos viabilizada com a aplicação do Sistema de Gestão da Manutenção poderá representar, no universo do SNS, uma poupança anual entre 13 e 19 milhões de euros. O sistema comportará dois softw ares específicos, de Gestão Integrada de Manutenção de Equipamentos e de Sistema de Apoio à Decisão de Investimento em Equipamentos Hospitalares. No âmbito do projecto-piloto, o sistema vai ser implementado num hospital distrital de média dimensão, na circunstância o Hospital de Santo André, EPE, em Leiria. O objectivo é, a partir do próximo ano, poder disponibilizar o softw are a todo o universo do Sistema Nacional de Saúde, em especial hospitais e centros de saúde. O sistema dará suporte ao registo, organização e análise atempada de toda a informação relativa às instalações e equipamentos das unidades de saúde. Trata-se de uma ferramenta que facilita o planeamento, coordenação e controlo das acções de manutenção, gestão do inventário, gestão de stocks de materiais e peças, controlo de produção e controlo de qualidade. Será também uma ferramenta para suportar o planeamento estratégico e a tomada de decisão sobre investimentos, com indicadores e informação objectiva fornecida pelo sistema. tecno hospital 31
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Combate à Infecção Hospitalar
Construção de hospital privado
A Direcção Geral de Saúde e o SUCH | Serviço de Utilização Comum dos Hospitais lançaram publicamente este mês a Campanha Nacional de Sensibilização para a Higienização, uma iniciativa no âmbito do Plano Nacional de Prevenção e Controlo de Infecção Associada aos Cuidados de Saúde. Esta iniciativa conjunta decorre do Protocolo de Cooperação estabelecido entre ambas as instituições, celebrado publicamente no dia 1 de Julho e será materializada em diversos projectos. Uma das acções a desenvolver no quadro desta parceria é a Campanha Nacional de Sensibilização para a Higienização das Mãos. Outro projecto que será desenvolvido, ao abrigo deste protocolo, é a realização de um Inquérito de Prevalência de Infecção Nosocomial de âmbito nacional. A Campanha Nacional de Sensibilização para a Higienização das Mãos, dirigida principalmente aos profissionais de saúde, é um dos projectos inseridos no desafio para a redução do problema da infecção associada aos cuidados de saúde, lançado pela Organização Mundial de Saúde, através da World Alliance for Patient Safety, e ao qual Portugal vai aderir, através do Ministério da Saúde. O principal objectivo desta campanha é informar e sensibilizar os profissionais de saúde, doentes e visitantes e também o público em geral, para a importância da prática da higiene das mãos no quadro da prevenção da infecção associada aos cuidados de saúde. A intervenção do SUCH centra-se nas componentes da promoção e comunicação da campanha e ainda na oferta de uma solução tecnológica Web, a disponibilizar a todos os hospitais, permitindo a DGS o lançamento dos inquéritos nas diversas fases da Campanha. No que respeita ao Inquérito de Prevalência de Infecção Nosocomial de âmbito nacional, todos os hospitais públicos e privados serão convidados a participar neste inquérito que irá decorrer de 5 em 5 anos e que visa obter uma visão conjunta da problemática da infecção nosocomial numa amostra significativa de hospitais através do conhecimento da taxa de prevalência destas infecções.
A Câmara de Santo Tirso e a sociedade “Hospital Privado de Santo Tirso, SA” assinaram recentemente um protocolo para aquela cidade de um hospital privado até 2010. De acordo com informações da autarquia, a construção da nova unidade de saúde vai criar 200 postos de trabalho directos e vai ter um investimento de cerca de 20 milhões de euros. A nova unidade privada terá atendimento permanente, serviço de imagiologia, medicina física e reabilitação, consultas externas, bloco operatório, meios de diagnóstico e terapêutica, hospital de dia, residência sénior e uma pequena área comercial. O médico José Vila Nova, presidente da empresa promotora do investimento, definiu a nova unidade como um «verdadeiro ‘upgrade’ nos serviços de saúde do concelho de Santo Tirso». A nova unidade terá uma área de implantação de 1868 m2 e um parque de estacionamento com cerca de 250 lugares.
www.somos.pt
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Salão de Ortoprotesia, Cuidados, Terapias e Assistência à Terceira Idade Vai realizar-se, pela 3ª vez, a ORTO + PRO CARE ESPAÑA 2008, no recinto de feiras IFEMA, em Madrid, durante os dias 27 a 29 de Novembro. Trata-se de uma oportunidade para realizar contactos com o sector espanhol de cuidados geriátricos. Em exposição estarão produtos de apoio para uso diário; apoios para a mobilidade; equipamento de enfermagem; consumíveis; tecnologia e aparelhagens para reabilitação, ergoterapia e fisioterapia; roupa de trabalho e de cama; desinfecção, limpeza e eliminação; equipamento e utensílios para cozinha; equipamento de lavandaria e limpeza de têxteis; mobiliário para salas de tratamento, de consulta, para oficinas e áreas comuns; equipamento e gestão de edifícios; organização e administração; e literatura especializada, formação especializada e contínua. O evento tem reunido as empresas mais importantes dos sectores, proporcionando aos profissionais uma visão global da realidade comercial. www.orto-procare.com
notícias ATEHP
Viagem no Báltico: Impressões de um viajante Por Pascoal Faísca Passados alguns anos sobre a última viagem realizada pela ATEHP (viagem à Escócia), voltou a realizar-se a desejada viagem.
A Direcção da ATEHP tinha como compromisso realizar durante este mandato, uma viagem, que se definiu desde logo ser de lazer. Assim, no ano transacto fez-se um mailing tendo como destinatários todos os Associados da ATEHP, para que elegessem dum conjunto de 5 ou 6 viagens possíveis a viagem que mais lhes agradaria. Não houve resposta significativa a esta solicitação, pelo que, elegemos uma dessas viagens: “Um cruzeiro no Báltico”. Inicialmente houve bastantes inscrições, sendo que, algumas não se vieram a concretizar, por incompatibilização com outros percursos que cada um dos eventuais participantes desejava, dado a viagem se realizar na chamada época alta (mês de Agosto) e, também por esse motivo haver limitações na reserva de voos, que teriam de ser feitos com muita antecedência. Mas vencendo todas estas vicissitudes, um grupo de 31 “corajosos” alinhou nesta aventura sem “vomidrines”, que não são precisos, como também não é necessário ter “alma de marinheiro”. A viagem começou no dia 9 de Agosto, para uns no aeroporto de Lisboa, outros iniciaram-na umas horas mais cedo no aeroporto do Porto e o grupo ATEHP chegou todo junto ao aeroporto de Hamburgo e, aí tivemos o primeiro contacto com mais 25 portugueses que também tinham escolhido esta viagem, pelo que o grupo português
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“engrossou” para 56 pessoas. O transfer do aeroporto de Hamburgo para o porto de Kiel, foi realizado em 2 autocarros. A entrada para um navio de cruzeiro requer as formalidades normais de um check in, e como iria atracar em portos de diferentes países e, neste caso nem todos pertencentes ao espaço Schengen, requereu outras de carácter transfronteiriço e controlo de segurança. Passada esta “barreira” estamos a entrar no navio sob os flash’s das primeiras fotografias, para mais tarde recordar… Após uma visita breve aos respectivos camarotes, ocorreu um briefing na zona disco do navio já com todo o grupo português e a guia portuguesa, que nos iria acompanhar durante todo o cruzeiro. Entretanto o navio deu início à navegação em direcção à primeira etapa que era Copenhaga, onde chegaríamos no dia seguinte de manhã. A primeira saída a terra foi para visitar a cidade de Copenhaga. Fizemos um citytour, que incluiu os locais mais significativos desta cidade, e, não podíamos deixar de ver a pequena sereia. A visita foi sempre ilustrada com as informações de uma guia local, que no caso era uma Dinamarquesa de origem Lusitana, de Goa, que foi fornecendo informações de história e cultura da cidade e da Dinamarca acompanhados de bastante humor, com alusões sucessivas ao nosso passado comum (portugueses e goeses).
A visita a Copenhaga ficou um bocado prejudicada por uma chuva miudinha, que caiu durante alguns momentos.
Vale a pena referir aqui a aproximação/saída ao/do porto de Copenhaga, em que fomos passando ao lado de dezenas de aerogeradores, em torres assentes em pequenas “línguas” de terra ou mesmo em pleno mar, não estivéssemos no pais vanguarda desta tecnologia de energias renováveis. Regressados ao navio, voltámos à rotina das refeições, passeios pelo barco, leitura, ginásio, healthclub e usufruindo dos diversos espectáculos, quer os momentos musicais dispersos pelos vários bares do navio quer o espectáculo diário promovido pelo grupo de animação, quer o grande espectáculo diário num teatro para 700 pessoas. Enfim, nada mal…
No dia seguinte chegámos à Suécia, mais propriamente à sua maior ilha, Gotland, onde visitámos a única cidade da ilha e por sinal bastante pequena, Visby. Para chegarmos a terra, tivemos que utilizar as lanchas “salva vidas”, uma vez que o porto não permitia a atracagem do nosso navio, foi uma oportunidade de pormos em prática as manobras de segurança, que tinham sido exemplificadas na tarde do 1º. dia a bordo e sentirmos por uma vez o efeito da ondulação. Esta operação repetiu-se para regressar ao navio. Visby é uma pequena cidade, muito verde e decorada com muitas flores, tendo como símbolo o carneiro, pelo que a todo o momento fomos encontrando estátuas deste animal. Uma curiosidade, que a maioria quis experimentar, logo à saída do porto há uma gelataria com imensos sabores, foi a primei-
notíciasnotícias ATEHP
ra paragem gastronómica em terras suecas. Despedimo-nos de Visby pela tardinha, navegando toda a noite até chegarmos a Estocolmo pela manhã. A visita à cidade foi “ciceronada” pela guia local, uma portuguesa que teve problemas em 1962, aquando da greve académica, tendo saído de Portugal para se radicar em Estocolmo. A cidade é muito simpática, com imensos canais, deparando-nos a todo o momento com navios de diferentes dimensões ao lado dos prédios, são imagens pouco comuns para um português. Claro que visitámos a Câmara Municipal, onde decorrem as cerimónias da entrega dos prémios Nobel, o bairro típico, o render da guarda e o museu onde está o galeão que só navegou 5 minutos e esteve submerso durante 300 anos, é muito interessante a história deste galeão. Há, já agora referir o tapete que se encontra no edifício da Câmara Municipal que também esteve “esquecido” nuns arrumos durante 330 anos…
Outra história curiosa foi-nos contada pela guia local, logo à entrada da cidade, a propósito de um bando de patos que por ali permanece…acontece que algum tempo atrás os patos desapareceram e isto foi motivo de preocupação geral, com programas nos diversos canais de TV, programas de rádio, até que a policia descobriu os responsáveis pelo desaparecimento dos patos, e estes eram uns chineses, que capturavam os patos para fazer nos seus restaurantes o prato “Pato à Pequim”. Resultado, foram proibidos os restaurantes chineses na Suécia. Houve uma recomendação para que na noite anterior fizéssemos uma “directa” para apreciarmos a paisagem, pois trata-se de navegar por entre muitas centenas de ilhas,
ponteadas pela iluminação das casas. Não sei se alguém teve essa coragem, mas posso afirmar que no regresso vimos essa paisagem ainda de dia e foi impressionante.
No dia seguinte lá estávamos nós a aportar a outra terra, Helsínquia, no país dos mil lagos, que são muitos mais. Trata-se também de uma cidade muito simpática, e quero destacar apenas duas “peças”. A primeira o monumento duplo dedicado a Sibelius, compositor finlandês, que também compôs o hino da Finlândia. O monumento tem a particularidade de ser duplo, porque inicialmente era apenas composto por um conjunto de tubos, que do meu ponto de vista simbolizará os tubos de um órgão, mas o povo reclamou e posteriormente foi colocado ao lado um alto relevo com o rosto do compositor. A segunda, uma igreja luterana escavada na rocha, com a forma circular e a cobertura em vidro e cobre. A austeridade deste templo de culto é impressionante, mesmo para quem não é um praticante religioso, e, o curioso é na entrada desta igreja funcionar uma banca pertença da igreja ortodoxa. Em tempo de extremismos religiosos ainda há quem pratique a tolerância religiosa… O guia local que nos acompanhou era um jovem brasileiro. Referir que a Finlândia é um pais com uma economia num passado recente à base de produtos da madeira, hoje é líder nas tecnologias de informação, é disso exemplo a Nokia e, é o maior construtor mundial de navios quebra gelos, mais uma vez aqui se cumpre “a necessidade aguça o engenho”…. Deixámos Helsínquia para rumar a S. Petersburgo, a grande cidade mandada construir por Pedro I.
De facto tudo aqui é grande. Pequeno foi o tempo que tivemos para a visita, apenas um dia. Se para contemplar cada peça do museu Ermitage gastássemos 1 minuto apenas, necessitaríamos de 7 anos para contemplar todas as peças. É uma cidade impressionante, não só pela escala, mas pela situação geográfica. È igualmente de assinalar a visão de quem a sonhou e mandou construir. Claro que para isso houve sacrifícios enormes que dificilmente serão compreendidos, sentimos isso nas palavras da guia local. Deixámos S. Petersburgo ao som de música tocada por um grupo de veteranos que no porto nos deu as boas vindas e as despedidas.
Regressados ao navio partimos de regresso a Kiel, o porto de início e fim do cruzeiro. Sobre o cruzeiro tenho de referir ainda os jantares de gala e sobretudo a ceia que sendo seguramente um espectacular cocktail de sabores para quem teve “barriga” para aquela degustação, mas foi seguramente para todos um espectáculo para a vista, tal era a diversidade dos pratos, doces e salgados, mas sobretudo o seu arranjo “gráfico”. Terminado o cruzeiro ainda tivemos uma visita guiada à cidade de Hamburgo. Sobre esta, apenas duas curiosidades, nela reside a maior concentração de milionários da Alemanha, no parque à volta do lago o preço/m2 da construção chega a atingir 12.000,00€, a outra é que estão a revitalizar o porto velho, criando um novo bairro para 40.000 pessoas, com linha de metro para servir essa população. A viagem valeu a pena: para quem ainda não fez, recomendamo-la.
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por: carlos pinto dos santos
o dia em que o sol bailou...
(2ª parte)
“(…) ao meio-dia astronómico o Sol, subitamente, rasga as nuvens que lhe toldam a face e, semelhante a uma admirável roda de fogo de artifício, rodopia sobre o seu eixo pelo espaço de dez minutos, projectando em contínuas explosões, feixes de luz e torrentes de chamas das mais lindas e variadas cores”. (O milagre do Sol visto pelo grande cultor de Fátima, Cónego Manuel Nunes Formigão, em entrevista ao periódico “A Guarda” em 1918).
O desenvolvimento de Fátima Em 1919, nos terrenos do pai de Lúcia, foi concluída e inaugurada, sem a presença de autoridades eclesiásticas, que não pretendiam comprometer-se, uma modesta Capelinha das Aparições. Apesar desta posição discreta, desde a primeira hora que elementos da Igreja local (com especial destaque para o cónego Manuel Nunes Formigão principal dinamizador do culto de Fátima) se mantinham especialmente atentos, antevendo Fátima como um potencial local de peregrinação do culto mariano. Os crentes continuavam a afluir nos dias 13 e esses
elementos autorizados pelo bispo de Leiria, iniciaram a missão de comprar os terrenos da Cova da Iria. Entretanto, tinha morrido, em 1919, o pequeno Francisco e, em 1920, a pequena Jacinta, ambos atingidos sem contemplações pela pneumónica. Passado algum tempo após estas mortes, Lúcia é aconselhada a recolher-se à vida conventual mais rigorosa, ficando praticamente incomunicável, morrendo assim para o mundo laico.
Em 6 de Março de 1922, dá-se um acto terrorista (provavelmente de activistas radicais descontentes com o aprovei-
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tamento político dos acontecimentos) que, produzindo um efeito oposto ao pretendido, vai reactivar e congregar as forças religiosas em torno do fenómeno. A Capelinha das Aparições é dinamitada por quatro bombas que a deixam parcialmente destruída. Sucedem-se as manifestações de desagravo e a Igreja local empenha-se mais visivelmente. Entre Dezembro de 1922 e Janeiro de 1923 o pequeno templo é reparado. Sensivelmente a partir desta altura, começam a registar-se, sempre em crescendo, inúmeras peregrinações organizadas para participar nas cerimónias e homenagens na Capelinha, presididas por sacerdotes provenientes de localidades do centro e norte do país. Estas cerimónias já registavam por essa altura a presença de dezenas de milhares de pessoas. Normalmente eram constituídas pela missa, que incluía a bênção dos doentes, e, a fechar, a procissão do adeus. Apesar de tudo, só em 1930 o bispo de Leiria publica a Carta Pastoral sobre o culto de Nossa Senhora de Fátima onde
da vida e do cosmos
declara como dignas de crédito as visões das crianças da Cova da Iria e permite oficialmente o culto à divindade. Decisão a que não é alheio o facto de em Janeiro desse mesmo ano, ter tomado posse, como patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira. Um ano depois, em 13 de Maio, tem lugar uma peregrinação nacional presidida pelo mesmo cardeal patriarca e por quase todo o episcopado (estiveram presentes 13 dos 15 bispos nacionais), para consagrar a pátria à virgem, a qual registou cerca de 300.000 fieis vindos de todas as terras de Portugal.
Até 1943, a Igreja foi comprando as propriedades onde um dia mais tarde se haveria de construir o santuário, dando assim concretização ao sonho, expresso desde o início nas pequenas publicações religiosas ligadas ao fenómeno de Fátima, de edificar uma Lourdes portuguesa, num processo em tudo análogo ao de 1858 em França. “Quererá a Raínha dos Anjos fazer desta freguesia uma segunda Lourdes?!... Ah! Quem o merecera!” (Ouriense, 29 de Julho de 1917).
Perspectivas Há fundamentalmente quatro perspectivas sobre os alegados fenómenos sobrenaturais ocorridos na Cova da Iria nesse ano de 1917 que iremos tentar sintetizar, deixando à inteligência de cada leitor as possíveis conclusões finais:
Perspectiva católica tradicional: Encontra-se de certo modo caracterizada nos relatos a que já fizemos referência, evidenciando ainda que, na aparição de Julho, a entidade requereu aos videntes que rezassem o terço a Nossa Senhora do Rosário para ela abrandar a guerra e que em 19 de Agosto, pela primeira vez, Lúcia identificou Nossa Senhora como a sua interlocutora. A Igreja Católica deu pois como dignas de crédito as visões dos pequenos pastores; autenticou a visão como sendo da mãe de Jesus de Nazaré, falecido há cerca de dois mil anos; considerou o “bailado do Sol” como um milagre divino; e empenhou-se de alma e coração, com os seus fieis, em transformar aquele ermo, num lugar de culto mariano. Para tal, reforçou a consistência, do ponto de vista religioso, do ocorrido, sendo de salientar, neste âmbito, a publicação dos Cadernos de Memórias da Irmã Lúcia escritos a partir de 1935 (por ordem expressa do Bispo de Leiria) os quais reformularam e ampliaram as versões anteriores dos acontecimentos da Cova da Iria.
constitui uma fonte de receita inesgotável ao serviço dos objectivos da fé.
Perspectiva católica crítica: É uma corrente minoritária no seio da Igreja a que o Padre Mário de Oliveira dá voz. Recusa qualquer contorno religioso ao que se passou em Fátima. Analisa em profundidade as declarações de Lúcia e a direcção religiosa que a igreja oficial imprimiu ao culto de Fátima que só se compreende numa igreja do sofrimento para os mais humildes, que não tem razão de existir nos dias de hoje.
Igreja da SSma. Trindade Cristo - Catherine Green (Irlanda)
A posição dos cultores de Fátima é simples: mais do que analisar a veracidade dos pormenores técnicos sobre o que se passou, o importante é ver aquilo em que Fátima se transformou. Uma mensagem de esperança para milhares (talvez milhões) de portugueses e muitos estrangeiros. Os católicos portugueses passaram a ter uma referência espiritual inequívoca nas suas vidas e a Igreja a ter um pólo de atracção que de outro modo não possuiria, para já não falar do lado material que
Há dois aspectos dignos de atenção nesta perspectiva: ao contrário dos crentes que, sem nada terem visto, não duvidam tratar-se de representações múltiplas da mãe de Jesus de Nazaré, Lúcia manifesta inicial e publicamente as suas dúvidas sobre a identidade da personagem pequena e luminosa durante o ano de 1917. Ela fala de uma “mulherzita bonita”. Não existe também uma expressão explícita da visitante celeste ao longo dos seis meses que permita claramente a sua identificação. À luz da cultura local, alguém proveniente do céu só poderia ser Nossa Senhora, como em Lourdes. Mas quer em Lourdes (Bernardette) quer em La Salette (Melânia Calvat) as videntes também não tecno hospital 30
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identificaram nos seus pareceres iniciais as entidades como Nossa Senhora, deixando mesmo esta última, por escrito, à consideração do Papa a identificação da entidade. Ainda em Fátima, a descrição feita não assenta, estranhamente segundo os inquiridores religiosos iniciais, nas imagens conhecidas de Nossa Senhora ou de outras santas, dando a ideia que se trata de uma representação aproximada de um ser humano. Relembram os críticos que, no dia 13 de Outubro, Lúcia diz ter recebido a mensagem da senhora de que a guerra tinha acabado o que veio a verificar-se ser errado. Como podia então uma divindade a quem se atribuem poderes sobrenaturais fazer uma previsão tão escandalosamente grosseira? E como podia, nas mensagens proferidas num tom tão demasiadamente humano e falível, ter ignorado os grandes males da humanidade, a fome, a doença e a atroz hecatombe que logo a seguir vieram a ocorrer no coração da Europa? O nazismo, o fascismo, o estalinismo… A tentativa de impor estes milagres, deixando a ideia de intervenção terrena que tal implica, representa a total descredibilização de Deus como ser supremo, pois deixam a convicção de que seria possível a intervenção divina na terra dos homens, para evitar todo o sofrimento, o que na realidade nunca se comprovou.
Perspectiva de um fenómeno extraterrestre: Dando como reais as visões de Lúcia e fazendo fé nos testemunhos então colhidos pelas autoridades religiosas (muitos deles desvalorizados à altura por não se enquadrarem na conotação religiosa imprimida ao processo), Joaquim Fernandes e Fina da Armada, estudiosos dos fenómenos ufológicos, construíram no seu livro Intervenção Extraterrestre em Fátima uma bem documentada tese sobre os
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pretensos fenómenos então ocorridos. Correlacionando os testemunhos de videntes e outras pessoas que assistiram às aparições, com outros relatos análogos, que consideram credíveis, em muitas partes do mundo, trazem à evidência coincidências que os autores dizem só serem explicáveis à luz do fenómeno OVNI.
Neste quadro, as aparições eram protagonizadas por uma criatura alienígena (ou uma sua representação) transportada por um objecto voador. O trovão seguido do relâmpago em Fátima corresponderiam a uma primeira aproximação da fonte controladora do fenómeno – um objecto camuflado nas nuvens - e também à emissão da rampa luminosa que transportava a entidade. Uma testemunha afirmou mesmo ter visto uma rampa de luz vinda de cima até à azinheira, a que chamou “estrada luminosa”. Esta observação, segundo a dupla de investigadores, estará em concordância com outros relatos de ocorrências no mundo onde é nitidamente observada a procedência do feixe através de uma abertura surgida no objecto voador não identificado. Na sua interpretação, o arrefecimento da atmosfera circundante podia resultar da emissão da rampa luminosa, consumidora de energia, por onde a representação da entidade descia ou subia “envolta numa luminosidade que cegava, mais brilhante do que o Sol.” Assinalam que as características físicas,
fisionómicas e de vestuário, coincidem com as das figuras alienígenas que, afirmam, têm aparecido um pouco por todo o planeta Terra. Vários testemunhos referem algumas ocorrências no momento das aparições que estimulam este ponto de vista: “Nuvens coloridas que deslizavam no espaço, tomando direcções estranhas”; “uma espécie de globo luminoso girando nas nuvens”; “um globo prateado, fazendo um pequeno giro (…)”. Quanto à zoada, tipo zumbido de abelha, que muitos dizem ter ouvido, a sua origem poderá ser atribuída a um sistema de propulsão semelhante a um gerador. Estes investigadores concluem, dos próprios relatos, que não foi o Sol aquilo que as pessoas viram, mas uma espécie de disco luminoso oferecendo algumas acrobacias aos milhares de espectadores presentes. A ninguém ocorreu na altura relacionar os acontecimentos com um fenómeno extraterrestre pois que o fenómeno OVNI só ganhou divulgação pública a partir de 1947.
Igreja da SSma. Trindade Entrada Principal
Mas hoje em dia, mesmo do ponto de vista religioso, esta perspectiva não é tão improvável assim. Ainda recentemente, o Director do Observatório do Vaticano, padre jesuíta José Gabriel Funes, admitiu que “a crença em Deus não é incompatível com a crença nos extraterrestres”. E foi mais longe, ao declarar que “pode haver planetas habitados por seres que não cometeram o pecado original”…
da vida e do cosmos artigo
Perspectiva científica: A ciência alheia-se sistematicamente destes fenómenos de conotação religiosa, que só fazem sentido à luz da própria fé, no interior das igrejas, já que, do ponto de vista científico, pura e simplesmente não se verificam, dada a inexistência de provas reais.
A nossa estrela: o Sol
Os milagres não têm existência real, mas a sua crença pode, como foi o caso de Fátima, exercer uma forte influência sobre a realidade. Ao longo dos tempos a humanidade criou diferentes deuses que projectou no imaginário colectivo, sem que tal tivesse alguma relação com a realidade do mundo onde os mesmos nunca se fizeram sentir. Mas não é por isso que deixam de ter vida no imaginário colectivo. Isto é verdade também para a existência de seres extraterrestres que, em abono da verdade, nunca demonstraram a sua existência. Pessoalmente, e embora admita a possibilidade de haver vida extraterrestre, custa-me a crer que alguém se deslocasse de tão longe, numa viagem de centenas ou milhares de anos, para deixar uma mensagem vazia de sentido num momento sem paralelo em que se exigiria uma mensagem grandiosa e surpreendente à escala universal. Um dos aspectos mais intrigantes que está na génese do designado milagre de Fátima é o fenómeno solar em que o
nosso astro-rei rodopiou e bailou à uma hora da tarde sobre as cabeças dos fieis presentes na Cova da Iria. E esse, podemos analisá-lo cientificamente. Consultados os registos dos observatórios astronómicos e meteorológicos da época, estes não fazem qualquer referência a uma ocorrência cosmológica fora do comum. Milhões de pessoas que à mesma hora presenciavam o Sol no nosso e noutros países, nada viram de anormal, o que é esclarecedor sabendo nós que o sol quando brilha é para todos. Com a dita aproximação do sol alguém se iria queimar, sabendo-se que a temperatura média do Sol é de cerca de 5.000 milhões de graus centígrados. Mas tal não aconteceu, se não ninguém ficaria para contar. Nem o nosso astro aumentou de dimensão aos olhos dos presentes, sendo certo que estamos a falar de um objecto que é cerca de um milhão de vezes maior que o planeta Terra. O que é relatado é pura e simplesmente uma impossibilidade física, que levaria, a concretizar-se, ao desmembramento do sistema solar.
Antigo Observatório Astronómico de Coimbra
Também aqui se pode concluir seguramente que não foi o Sol aquilo que as pessoas viram rodopiar.
Reflexão final Fátima é um tema intrigante que merece uma análise atenta por parte daqueles a quem não basta a chancela oficial sobre os acontecimentos históricos e que gostam da descoberta da verdade, seja ela qual for, sem que com isso se esteja a afrontar seja quem for. Deste ponto de vista, tentei reunir os relatos mais fidedignos, apresentando-os sob diferentes perspectivas, para melhor ponderação por parte dos leitores. Recuperei alguns relatos, desvalorizados oficialmente por não se enquadrarem na conotação religiosa dos acontecimentos, tentando assim dar uma visão o mais alargada possível dos factos porventura ocorridos.
Não pretendi expor nenhuma verdade acabada. Mas, obrigado que estou no exercício da minha profissão à análise rigorosa das situações, terei cumprido os objectivos se despertei a curiosidade intelectual dos colegas e simples leitores em aprofundar o tema, creiam que apaixonante, com base na bibliografia referenciada no número anterior e outra que tenham por essencial, para avançarem um pouco mais na compreensão dos acontecimentos sobre os quais se ergue esta nova e acolhedora Igreja da Santíssima Trindade.
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eventos Evento
Temática
Local
Data
Organização
III Conferência de Gestão Hospitalar dos Países de Língua Portuguesa
Conferência sobre Gestão Hospitalar
Lisboa Portugal
29 a 31 de Outubro de 2008
congressolisboa2008@hotmail.com
The World of Health IT Conference & Exhibition
Mostra de tecnologias e equipamentos na área da saúde
Copenhaga Dinamarca
4 a 6 de Novembro de 2008
EFMI www.worldofhealthit.org
2º Congresso Internacional dos Hospitais
Qualidade e Inovação em Saúde
Lisboa Portugal
5 e 6 de Novembro de 2008
Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar www.pdh.pt
Health and Innovation in Europe
Reunião anual da Associação Europeia de Saúde Pública, subordinada ao tema “Saúde e Inovação no espaço europeu”
Lisboa Portugal
6 a 8 de Novembro de 2008
European Public Health Association e Association of Schools of Public Health in the European Region
APAH
www.healthinnovation2008.com.pt
AMIA 2008
Congresso de Engenharia Biomédica e Tecnologias de Informação
Washington EUA
8 de Novembro de 2008
AMIA 2008 http://symposium2008.amia.org
H Torrevieja Visita
Visita ao Hospital de Torrevieja e Seminários Técnicos
Torrevieja, Espanha
9 e 10 de Novembro de 2008
APEGSAUDE apegsaude@gmail.com
Medica
40º Fórum Mundial de Medicina
Dusseldorf Alemanha
19 a 22 de Novembro de 2008
Messe Dusseldorf www.messe.de
XXIX Congresso Nacional de Cirurgia
Congresso que pretende reunir especialistas nacionais na área da cirurgia
Estoril Portugal
1 a 4 de Março de 2009
Sociedade Portuguesa de Cirurgia congresso@spcir.com
IDS Cologne 2009
33ª Feira Internacional na área da dentária
Colónia Alemanha
24 a 28 de Março de 2009
Koelnmesse www.ids-cologne.de
15º Congresso Nacional de Medicina Interna
Congresso na área da medicina interna
Funchal Portugal
4 a 7 de Março de 2009
Medicina Interna do Serviço de Medicina II do Hospital Central do Funchal www.spmi.pt
Leva Och Fungera
Feira Internacional na área da reabilitação
Gotemburgo Suécia
5 a 9 de Maio de 2009
Svenska Mässan www.levafungera.com
As informações deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.
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