aviNews Brasil - Dezembro 2022

Page 1

A INOVAÇÃO NA AVICULTURA DE POSTURA

p. 12
Guilherme Moreira de Melo Silva

AVICULTURA: O BRASIL, QUE DÁ CERTO

Definitivamente 2022 foi um ano de muitos desafios e ajustes para a avicultura brasileira e mundial. Mas há à frente um cenário de grandes oportunidades. Tanto no âmbito do mercado interno quanto do mercado externo.

Com muita resiliência nossa avicultura transpôs um cenário desfavorável de pressão em custos e limitações de repasse em preços. Aprendizados importantes foram incorporados às rotinas gerenciais e técnicas. Da mesma forma, o olhar para frente deve vir sustentado em planejamento e estratégias sólidas para captura de oportunidades que podem se tornar, de fato, em bons resultados. Para tanto, é preciso compreender o momento atual dos mercados.

Vou dividir esta abordagem no olhar para dentro e o olhar para fora, sob a ótica de mercados. O mercado interno, embora sob as instabilidades e incertezas políticas, apresenta oportunidades importantes para os próximos 2 anos. Vantagens comparativas relacionadas às proteínas concorrentes, abrem as portas para um consumo potencial em substituição às mesmas.

Mais do que a liderança no consumo de proteína per capita, há oportunidades de agregar valor, de diferenciações, de buscar mercados Premium. Sim, há obstáculos a serem vencidos. Cito, por exemplo, a conquista de consumidores que desconhecem a qualidade, saudabilidade e conveniência desta proteína, e que vivem até mesmo na escuridão da desinformação sobre mitos e inverdades que merecem luz.

Ou seja, comunicar de maneira diferente e assertiva. Contar histórias de um alimento, que tem em sua cadeia produção, contribuições relevantes ao ESG – em todas as suas dimensões, além das virtudes anteriormente citadas, e que faz isso respeitando as premissas de Bem Estar Animal, uso responsável

de antibióticos,... entre tantos. É um trabalho de médio e longo prazo, mas que precisa ser a agenda imediata do setor. Equilibrar oferta e demanda em todas as etapas da produção também permitirá alçar melhores resultados.

Já o mercado externo vive o antagonismo explícito de decisões ou indecisões que cobram seu preço. Cenário que coloca alguns Países em desafios sanitários expressivos, outros em dificuldades econômicas, outros em ambos. Enfim, residem oportunidades de abrir mercados e ou consolidar posições. Afinal, se o mundo precisa de alimentos, o Brasil é a solução em qualidade, sanidade, competitividade, esg,... sem subestimar o quanto precisamos melhorar nossa imagem internacional e conquistar confiança como parceiro fornecedor.

Podemos ficar lamentando as crises ou fazer destas grandes oportunidades. Estou no segundo grupo, vamos abraçar as oportunidades. Firmar posições, mitigar nossas fraquezas e rentabilizar nossas fortalezas. É preciso ressignificar todo o contexto. Talvez até nos reinventar. Não há problemas nisso, pois temos capacidade de sobra. Nossas virtudes são maiores do que acreditamos.

Vamos a exemplos: temos capacidade científica para melhorias e ou soluções de problemas, temos uma força de trabalho qualificada e que não tem medo de transpirar dia a dia para fazer mais e melhor... e temos uma capacidade inigualável de superar desafios. Tudo isso, a serviço de objetivos claros e convergentes, são a energia mobilizadora que irá sepultar definitivamente nossa “síndrome de vira-lata”. Criando um ambiente cíclico e virtuoso de conquistas e resultados motivadores.

Não é discurso motivacional e sim um choque de realidade. Tampouco será uma jornada fácil, apenas possível. Afinal a Avicultura faz parte do Brasil que dá certo..

EDITOR

GRUPO DE COMUNICACIÓN AGRINEWS LLC

PUBLICIDADE

Luis Carrasco +34 605 09 05 13 lc@agrinews.es

Karla Bordin +55 (19) 98177-2521 mktbr@grupoagrinews.com

DIREÇÃO TÉCNICA

José Antonio Ribas Jr. Engenheiro Agrônomo e Diretor Corporativo de Agropecuária na Seara Alimentos

REDAÇÃO

Renata Leite Osmayra Cabrera

Tel: +34 93 115 44 15 info@grupoagrinews.com redacao@grupoagrinews.com www.avinews.com

Barcelona - Espanha

ISSN (Revista impresa) 2696-8088 ISSN (Revista digital) 2696-8096

Precio: 30 USD Brasil 90 USD Internacional

Revista de distribuição gratuita DIRIGIDA A VETERINÁRIOS E TÉCNICOS Depósito Legal Avinews B11597-2013 Revista Trimestral

1 aviNews Brasil 4º Trimestre 2022

Manejo de frangos de corte em clima quente 04

Equipe Técnica Aviagen

A inovação na avicultura de postura

Guilherme Moreira de Melo Silva Diretor de Operações Mantiqueira Brasil

Evonik debate estratégias para melhor performance e saúde intestinal de aves e suínos

Ariovaldo Zani CEO do Sindirações

Pontos-chave para a qualidade de pintinhos de um dia

Guilherme Seelent Gerente Sênior e Especialista em Incubação da Cobb-Vantress no Brasil

28 20

Aditivos fitogênicos no suporte à produção livre de antibióticos e de coccidiostáticos 40

34

Freada no crescimento 12 22

Livya Stefane B. de Queiroz Nutricionista de aves de corte na Agroceres Multimix

Melhorando o aproveitamento de cálcio e fósforo no frango de corte moderno

Carlos Lozano1 , Lucas S. Bassi2 e Vitor Fascina3

1Gerente de Nutrientes Especiais na DSM América Latina

2PhD em Nutrição Animal

3Gerente de Enzimas Nutricionais da DSM para América Latina

2 aviNews Brasil 4º Trimestre 2022

46 52

DL Metionina para obtenção dos melhores resultados e uma produção animal sustentável e econômica

Equipe Técnica Evonik

Uso de antimicrobianos em avicultura: tendências e desafios

João Palermo Neto Professor Titular Pleno do Departamento de Patologia da FMVZ/USP

80

Doença de Gumboro: compreendendo o atual cenário brasileiro

José Emílio de Menezes Dias1 , Eva Laurice Pereira Cunha Hunka2, Diogenes Dezen3 e Breno Castello Branco Beirão 4

1Mestrando do programa de pós graduação em Produção e Sanidade Animal - IFC campus Concordia/ SC.

2Gerente de produtos e serviços técnicos para América do Sul da Phibro saúde animal

3Prof. Dr. Orientador do programa de pós-graduação em Sanidade animal/ IFC campus Concórdia

4Professor do departamento de Patologia Básica da UFPR e professor no programa de pós graduação em Produção e Sanidade animal do IFC campus Concórdia/SC

89

De maneira histórica, SIAVS promove a retomada de contatos e impulsiona a realização de negócios

Fatores estratégicos no controle da Doença Gumboro

61 93

M.V Tharley Carvalho Gerente de Produtos da Ceva Saúde Animal

67

Cautela otimista em 2023

Ricardo Santin Presidente da ABPA

66

Escherichia coli patogênica para avesAPEC

Victor Dellevedore Cruz1 e Fabrizio Matté 1Doutorando UEL - PR 2 Consultor Técnico Aves Vetanco Brasil

O que esperar das exportações brasileiras de carnes avícolas em 2022?

Cinthia Cabral da Costa1 , Artur Ramos Arantes 2 e Marcos Sawaya Jank3 1Doutora em Economia pela Esalq/USP e pesquisadora na Embrapa Instrumentação 2Estudante do 8º semestre de administração no Insper 3 Professor de agronegócio no Insper e coordenador do centro Insper Agro Global

Direção Técnica aviNews Brasil

José Antonio Ribas Junior Engenheiro Agrônomo e Diretor Corporativo de Agropecuária na Seara Alimentos

3 aviNews Brasil 4º Trimestre 2022

MANEJO DE FRANGOS DE CORTE EM CLIMA QUENTE

RESUMO

Os produtores de frangos de corte visam alcançar o melhor desempenho dos seus lotes. Para atingir esse objetivo, eles devem fornecer o ambiente e condições que permitam às aves expressar o seu potencial genético em uma grande variedade de ambientes. Isso envolve prestar muita atenção ao bem-estar das aves, à qualidade dos pintinhos, à nutrição, ao manejo e ao meio ambiente.

Alcançar o potencial genético durante os períodos com temperaturas ambientais extremamente elevadas ou prolongadas cria um conjunto particular de desafios para o produtor de frangos de corte. A chave é ter instalações em que o ambiente possa ser controlado e usar estratégias específicas de manejo que ajudem a minimizar o impacto das altas temperaturas no desempenho das aves.

Este artigo fornece sugestões sobre como manejar melhor os lotes durante os períodos com temperaturas ambientais elevadas.

Para mais informações sobre o manejo dos lotes da Aviagen®, entre em contato com o representante local da Aviagen.

4
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Manejo de Frangos de Corte em Clima Quente
manejo

A IMPORTÂNCIA DO MANEJO

A produção de aves segue evoluindo na gestão dos dados zootécnicos como ganho de peso, consumo de ração e mortalidade e a identificação de um problema que afete o desempenho deve ser sempre observada. Muitas vezes, as mudanças de comportamento das aves nos lotes podem ser observadas antes que ocorra uma alteração do indicador técnico e essa identificação precoce pode impedir que ocorra um problema mais sério.

Acompanhar no detalhe o comportamento das aves é fundamental para identificar se o ambiente de criação está adequado para o lote.

ALTAS TEMPERATURAS NO INCUBATÓRIO – PREVENIR A DESIDRATAÇÃO NOS PINTINHOS

O pintinho recém-nascido não tem maturidade para a autorregulação da temperatura corporal. Os pintinhos são afetados pela temperatura ambiental, umidade relativa e velocidade do ar no aviário. Para maximizar o potencial genético e o bem-estar das aves desde o primeiro dia, deve-se garantir o manejo ambiental desde o incubatório para que não ocorra a desidratação dos pintinhos.

Durante os períodos quentes, a condição ambiental pode afetar ainda mais a condição de hidratação dos pintinhos, desde o incubatório, durante o transporte até os aviários e nos primeiros dias de alojamento.

No incubatório, os principais indicadores da condição ambiental são:

Rendimento de pinto (relação do peso das aves com o peso dos ovos);

Condição geral da casca pós eclosão e aspecto do mecônio nas bandejas.

O rendimento de pintos ideal é de 67–68%. Rendimento inferior a 67% resultarão em pintinhos desidratados, com pouca reserva da gema e eles serão muito ativos, piando muito alto.

Três principais motivos para haver um baixo rendimento dos pintinhos:

ALTA TEMPERATURA DA INCUBADORA JANELA DE NASCIMENTO MUITO LONGA
5
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Manejo de Frangos de Corte em Clima Quente
BAIXA UMIDADE DA INCUBADORA
manejo

O grau da coloração de mecônio nas cascas dos ovos durante a retirada é uma boa indicação de que os pintinhos foram ou não mantidos na incubadora por muito tempo e, portanto, correrão risco potencial de desidratação.

As cascas dos ovos mais sujas de cinco bandejas escolhidas aleatoriamente por lote devem ser classificadas de acordo com o grau de coloração de mecônio (Figura 1).

Deve-se buscar os ovos do tipo 1 e 2.

Figura 1. Classificação de mecônio da casca de ovo na retirada dos pintinhos.

CONFORTO DOS PINTINHOS NA ÁREA DE ESPERA E DURANTE O TRANSPORTE

Em clima quente, é ainda mais importante garantir que as condições na sala de pintos e transporte sejam alcançadas (Tabela 1) para garantir o desempenho inicial dos pintinhos.

A temperatura, umidade, circulação de ar sem vento direto sobre as caixas de pintos e a uniformidade desses parâmetros em toda a sala e pilhas de bandejas de pintos são fundamentais para a qualidade das aves pré alojamento.

Temperatura 22 A 28ºC (72 A 81ºF)

Umidade UR mínima de 50% Renovação do ar 0,71 m3/min (25 cfm) por 1000 pintinhos

Tabela 1. Objetivos ambientais na sala de pintos e durante o transporte

Deve-se monitorar o conforto dos pintinhos através:

Temperatura de cloaca. Comportamento dos pintinhos.

A faixa de temperatura cloacal ideal para os pintinhos é de 39,4 a 40,5 o C.

A temperatura deve ser medida em uma amostragem dos pintinhos na área de espera (amostrando aves nas pilhas de caixas de pintos em toda sala e nas partes altas, médias e baixas das pilhas), assim como no momento de descarregamento de pintos, coletando pelo menos 5 pintos por caixa na parte frontal, no meio e na parte de trás da carga de pintos dentro do caminhão de transporte.

Observações gerais sobre o comportamento dos pintinhos devem ser permanentes. Os pintinhos na temperatura correta devem vocalizar em baixo volume e devem estar distribuídos uniformemente nas caixas. Se estiver muito calor, os pintinhos ficarão ofegantes o que normalmente ocorre com temperaturas acima de 40,5ºC.

6 manejo aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Manejo de Frangos de Corte em Clima Quente

Se forem encontradas temperaturas de ventilação acima das recomendadas e/ou os pintinhos estiverem ofegantes, deve-se verificar:

Se a temperatura da sala de pintos está correta.

Se a temperatura de cloaca está correta. Se a circulação de ar entre e sobre as pilhas de caixas de pintos está correta.

Se houver algum desvio de parâmetros, deve-se ajustar a temperatura, ventilação e espaçamento entre as pilhas de caixas de pintos.

DENSIDADE NO AVIÁRIO/GRANJA

Durante o verão ou períodos de calor pode ser necessário reduzir a densidade do aviário.

Para decidir sobre a densidade de alojamento deve-se avaliar:

O aviário é devidamente isolado?

O aviário é climatizado, com ventilação túnel?

O aviário tem controle adequado da pressão negativa?

O aviário tem um sistema de resfriamento evaporativo?

O aviário é convencional, com ventilação positiva?

Qual a umidade relativa na área do aviário?

O peso de abate programado é acima de 3 kg? (6,6 lb)?

O aviário tem um histórico de mau desempenho durante o clima quente?

A densidade populacional em clima quente deve ser combinada com o peso vivo e a idade no processamento, o tipo de alojamento e a capacidade de controlar a ambiência do aviário.

Peso vivo e idade no processamento

Tipo de alojamento

Mesmo com baixa densidade, é importante garantir que as aves estejam uniformemente espalhadas no aviário Se as aves se amontoam em uma área do aviário é porque o ambiente é irregular, correm o risco de ficar com muito calor; o acesso aos alimentos e à água será irregular e o resultado do desempenho será prejudicado.

Isso pode ser um problema em aviário climatizado, com ventilação túnel, pois as aves tendem a migrar para a entrada de ar.

As cercas de migração (Figura 2) instaladas a intervalos de 30 m (100 pés), criando boxes de tamanhos semelhantes, ajudam a manter a densidade uniforme em todo o aviário. As cercas devem ser instaladas desde o alojamento. Cercas de migração sólidas não devem ser usadas, pois restringirão o fluxo de ar.

Figura 2. Exemplo de uma cerca de migração.

Capacidade de controlar a ambiência do aviário
7 manejo aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Manejo de Frangos de Corte em Clima Quente

PERÍODO DE ALOJAMENTO

Durante a estação quente e o clima mais frio, o ambiente do aviário deve ser estabilizado de 24 a 48 horas antes da chegada dos pintinhos na granja. As condições ideais são:

Temperatura do aviário: 30°C (86°F).

Temperatura da cama: 28–30°C (82–86°F).

Umidade relativa do ar (UR): 60–70%.

Velocidade do ar: 0,15 m/s (30 pés/min).

Se no alojamento a temperatura do aviário estiver acima de 30°C (86°F), deve-se buscar:

Alojar os pintinhos no início da manhã, quando a temperatura estiver mais baixa.

Certificar-se de que o aviário esteja totalmente preparado antes do alojamento para que as aves possam ser alojadas o mais rápido possível.

Amplo e imediato acesso à água fresca.

Fornecer aos pintinhos ração nova e em pequenas quantidades.

Garantir um ambiente com temperatura e ventilação mínima correta, sem vento direto sobre as aves.

Em áreas onde a UR é baixa, deve-se buscar o ajuste ao nível recomendado (por exemplo, com o uso de nebulizadores).

Em áreas onde a UR for alta, a capacidade das aves para perder calor é menor e a sensação térmica será maior que a marcada no termômetro. Para compensar isso, a temperatura estabelecida no aviário pode precisar ser reduzida.

A Tabela 2 fornece um exemplo de como as temperaturas dos bulbos secos podem precisar ser alteradas em função do aumento da UR. Qualquer mudança no ambiente deve levar em conta o comportamento das aves.

Temperatura dos bulbos secos com UR%* ºC (ºF)

Idade (dias) 40 50 60 70 80

1 36,6 (96,8) 33,2 (91,8) 30,8 (84,4) 29,2 (84,6) 27,0 (80,6)

3 33,7 (92,7) 31,2 (88,2) 28,9 (84,0) 27,3 (81,1) 26,0 (78,8)

6 32,5 (90,5) 29,9 (85,8) 27,7 (81,9) 26,0 (78,8) 24,0 (75,2)

9 31,3 (88,3) 28,6 (83,5) 26,7 (80,1) 25,0 (77,0) 23,0 (73,4)

12 30,2 (86,4) 27,8 (80,2) 25,7 (78,3) 24,0 (75,2) 23,0 (73,4)

15 29,0 (84,2) 26,8 (80,2) 24,8 (76,6) 23,0 (73,4) 22,0 (71,6)

18 27,7 (81,9) 25,5 (77,9) 23,6 (74,5) 21,9 (71,4) 21,0 (69,8)

21 26,9 (80,4) 24,7 (76,5) 22,7 (72,9) 21,3 (70,3) 20,0 (68,0)

24 25,7 (78,3) 23,5 (74,3) 21,7 (71,1) 20,2 (68,4) 19,0 (66,2)

27 24,8 (76,6) 22,7 (72,9) 20,7 (69,3) 19,3 (66,7) 18,0 (64,4)

Tabela 2. Exemplos de como as temperaturas de bulbo seco, necessárias para alcançar as temperaturas equivalentes, podem precisar ser alteradas em função das variações de UR. As temperaturas de bulbo seco, na UR ideal para uma determinada idade, estão em vermelho.

Quando a cama for reutilizada, mesmo durante o clima quente, não é aconselhável reduzir a altura inicial da cama para níveis abaixo do recomendado (pelo menos 5 cm/2). Se as granjas não possuirem uma boa ambiência e em altas temperaturas ambientais, ocorre o aumento de consumo de água e a quantidade de cama será importante para manter a umidade dentro do esperado.

8 manejo aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Manejo de Frangos de Corte em Clima Quente

Mesmo em altas temperaturas, deve-se fazer o alojamento progressivo dentro do aviário. O alojamento deve ser de no máximo 50% da área total. Dessa forma haverá um estímulo natural para o melhor consumo de água e ração, além de facilitar o manejo inicial na área de alojamento.

Durante o clima quente, é essencial estimular e incentivar o consumo de água. Deve-se fornecer o número correto de bebedouros e de bebedouros infantis na área de alojamento, para facilitar o acesso à água fresca (Tabela 3).

Tipo de bebedouro

Bebedouros

Bebedouros pendulares 8 (40cm/17 pol.) para 1000 pintinhos

Tabela 3. Recomendação de bebedouros.

Se forem utilizados bebedouros Nipple (Figura 3), a altura e a pressão devem ser ajustadas para o crescimento das aves e de acordo com a sua idade. Antes da chegada dos pintinhos, as linhas nipple devem ser sacudidas até que uma gota de água fique em cada bico do bebedouro.

Também é aconselhável ajustar a vazão dos nipples durante o período de crescimento para garantir o consumo correto de água. Dependendo da temperatura ambiental, a vazão deve garantir que as aves bebam uma relação de 1,8–2,2:1 de água e alimentos.

Os bebedouros pendulares devem ser verificados regularmente para garantir que eles sempre mantenham água em um nível de fácil acesso para os pintinhos.

A temperatura ideal da água para os pintinhos é de 18–21°C / 64–70°F (Tabela 4).

Tipo de bebedouro Recomendaçao

Abaixo de 5ºC (41º F) Muito fria, as aves consomem menos água 18-21 ºC (64-70ºF) Ideal

Acima de 30ºC (86ºF) Muito quente, as aves consomem menos água 44 ºC + (111 ºF +) As aves se recusam a beber água

Tabela 4. Efeito da temperatura da água na sua ingestão

Durante o clima quente é importante que a água seja mantida o mais fria possível e que as aves recebam água limpa e fresca o tempo todo. Os métodos de resfriamento da água incluem:

Fazer flushing nos bebedouros. Isolar ou proteger com sombra os canos de água. Posicionar as caixas de água e os canos subterrâneos.

Evitar o uso de caixas de água pretas ou escuras.

A ingestão de água deve ser registrada e verificada diariamente. A relação água-alimentos entre 1,7:1 e 1,8:1 é normal, mas dependendo da temperatura e da umidade ela pode atingir 2,2:1. As exigências aumentam aproximadamente 6,5% por 1°C (1,8°F) acima de 21°C (69,8°F) e em áreas tropicais, a alta temperatura ambiente pode dobrar o consumo de água.

Recomendaçao Suplementar 10 bebedouros infantis para 1000 pintinhos Nipple 12 aves por bico de nipple (para aves com < 3kg (6,6 lb) ou 9 aves por bico de nipple (para aves com > 3kg (6,6 lb) Figura 3. Ajuste correto da altura do bebedouro Nipple de acordo com a idade da ave.
9 manejo aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Manejo de Frangos de Corte em Clima Quente

Durante a fase inicial de alojamento, o comportamento dos pintinhos deve ser monitorado constantemente, pois é o principal indicador de que as aves estão confortáveis (Figura 4)

Como regra geral, se os pintinhos estiverem uniformemente espalhados pela área do pinteiro, o ambiente está correto. Se as aves estiverem agrupadas perto das paredes do aviário ou ao redor do pinteiro e/ou estiverem ofegantes, o ambiente estará muito quente. Por outro lado, se os pintinhos estiverem agrupados em áreas específicas do aviário ou no pinteiro, é sinal de frio ou que tem vento sobre as aves. Se houver qualquer alteração no comportamento das aves a temperatura e ventilação devem ser ajustados.

Comportamento dos pintinhos quando as condições ambientais estão corretas. Os pintinhos estão distribuídos uniformemente por toda a área de alojamento.

Comportamento dos pintinhos quando as condições ambientais estão muito frias. Os pintinhos estão agrupados sob aquecedores ou dentro da área do pinteiro.

Comportamento dos pintinhos quando as condições ambientais estão muito quentes. Os pintinhos estão agrupados perto das paredes do aviário ou ao redor do pinteiro, longe das fontes de aquecimento e/ ou estão ofegantes.

É necessário verificar o papo dos pintinhos para garantir que as condições do pinteiro estão corretas e que houve o estímulo para o consumo de ração e água (Tabela 5).

Tabela 5. Orientações importantes sobre a avaliação do papo cheio

Tempo de papo cheio após o alojamento Papo cheio-alvo (% dos pintinhos com o papo cheio) 2 horas 75 4 horas 80 8 horas > 80 12 horas > 85 24 horas > 95 48 horas 100

Na próxima edição traremos mais sugestões sobre como manejar melhor os lotes durante os períodos com temperaturas ambientais elevadas.

Manejo de Frangos de Corte em Clima Quente BAIXAR EM PDF

Figura 4. Comportamento dos pintinhos em diferentes condições ambientais.
10 manejo aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 |
de
de Corte em Clima Quente
Manejo
Frangos
aviagen.com Saiba mais: RESULTADOS A OLHOS VISTOS A MELHOR PERFORMANCE DO MERCADO O MENOR CUSTO EM TODA A CADEIA PRODUTIVA MAIOR RENDIMENTO 20 PINTOS A MAIS POR FÊMEA PONTOS MELHOR EM C.A. 2 RAÇÃO POR PINTO -10,5% +0,4% +0,6% PEITO PERNAS VIABILIDADE +0,6%

A INOVAÇÃO NA AVICULTURA DE POSTURA

CONCEITUANDO E DESMISTIFICANDO A INOVAÇÃO

Otermo Inovação está cada vez mais presente no ambiente corporativo sendo fonte de discussão em eventos externos, objeto de consultorias e tópico recorrente em reuniões internas nas empresas.

Um conceito antes muito ligado às empresas de computação, automação e alta tecnologia, atualmente, em tempos de altíssima competitividade, velocidade nas mudanças e transformação digital, é tema relevante às companhias que atuam em quaisquer tipos de negócios.

12 poedeiras aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | A Inovação na avicultura de postura
Guilherme Moreira de Melo Silva Diretor de Operações Mantiqueira Brasil

Isso ocorre, pois os benefícios esperados pela introdução da gestão da inovação em uma empresa podem ser de várias naturezas:

Maior eficiência operacional, com redução de custos ou diminuição dos tempos de prestação de serviços,

Acréscimo de valor ao cliente em serviços atualmente prestados,

Expansão do negócio em linhas ou mercados inexplorados, Melhorar a tomada de decisão explorando a informação como um ativo organizacional, Manter a perenidade do negócio, enfrentando de forma proativa as inovações e iniciativas disruptivas no setor, entre outros.

O Manual de Oslo (2018) define a inovação em um negócio como:

Apesar do uso cotidiano do termo Inovação, ele não tem sua compreensão clara e bem difundida e é frequentemente confundido com Invenção ou Criatividade. Diante disso, é fundamental recorrermos à literatura para melhor elucidação do tema.

Uma inovação de negócios é um produto ou processo de negócios novo ou aprimorado (ou combinação deles) que difere significativamente dos produtos ou processos de negócios anteriores da empresa, e que foi introduzido no mercado ou colocado em uso pela empresa. Para que uma nova ideia, modelo, método ou protótipo seja considerado uma inovação, ele precisa ser implementado. A implementação exige que as organizações façam esforços sistemáticos para garantir que a inovação seja acessível a usuários em potencial, seja para os próprios processos e procedimentos da organização.

Este conceito esclarece uma confusão comum, entre inovação e invenção. Segundo Bittencourt:

Existem diversas etapas a serem cumpridas entre uma invenção e uma inovação. Esse processo de transformação passa por diversas áreas funcionais da organização como, por exemplo, pesquisa e desenvolvimento, logística, compras e produção, antes da disponibilização do novo produto ao mercado ou de seu uso comercial. (2017).

13 poedeiras aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | A
na avicultura de
Inovação
postura

Além disso, é importante frisar que a inovação pressupõe uma aplicação prática do que está sendo desenvolvido, distinguindo-se da pura invenção, pois segundo Santos (2017), “inovação é a real aplicação prática de uma invenção, ou seja, a introdução e comercialização no mercado”.

Da mesma forma, Zen (2017) reforça afirmando que:

Voltando à correlação trivial feita entre Inovação e Criatividade, é importante reforçarmos o que traz Carlomagno (2016) “Inovação não é algo que surge do nada e evolui por si só, mas segue uma lógica, um processo, que se adequadamente utilizado, tem a possibilidade de transformar uma ideia em algo que gere valor para o mercado e se torne algo valioso”.

poedeiras

Para que sejam consideradas inovações, devem ser capazes de gerar valor para o negócio, seja econômico, estratégico ou de outra natureza que seja importante para a firma.

IMPLEMENTAÇÃO

A Figura 01 apresenta de forma esquemática o processo de inovação.

EXPERIMENTAÇÃO

Aceleração das iniciativas Escala aos projetos Avaliação pós -implementação

Prototipagem Redução de incertezas Refinamento final

CONCEITUAÇÃO

Alocação de recursos Planejamento mais profundo

Avaliação de potencial Aprimoramento dos conceitos

Análise de tendências Reutilização de velhas ideias

Acompanhamen to e definição Polinização cruzada Geração de novas ideias Oportunidades e negócios Insight de clientes

A inovação, portanto, não é uma atividade eventual, é um processo a ser gerenciado, desde a ideia inicial até a implementação.

Figura 1 – Esquema do processo de inovação.

IDEALIZAÇÃO
14
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | A Inovação na avicultura de postura

Um processo de inovação inicia-se pela: Geração de novas ideias (idealização),

Segue com o refinamento do conceito da ideia proposta (conceituação),

Passa pela redução das incertezas (experimentação) e

Chega à concreta transformação dos mesmos em inovações (implementação)

INICIATIVAS DE INOVAÇÃO

Muitas Poucas

Idealização

Conceituação Experimentação

Implementação

Etapa 1 Etapa 3 Etapa 4

Classi cação Preliminar

Etapa 2

Escolha dos Projetos Liberação de Investimentos

Poucos Muitos

NECESSIDADE DE RECURSOS

Figura 2 – Processos de Inovação

INOVAÇÃO APLICADA À POSTURA COMERCIAL

A avicultura de postura, inserida nesse contexto global de transformações, foi fortemente impactada pelas inovações nas últimas duas décadas. Nesse contexto, podemos destacar duas fontes direcionadoras da inovação em nosso setor:

CONSUMIDOR

Aos produtores e profissionais que atuam na produção e comercialização de ovos no Brasil, é fundamental o entendimento que é necessário à colocação do cliente como foco central no desenvolvimento de processos relacionados à inovação.

postura

15
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | A
de
poedeiras
Inovação na avicultura

Nesse cenário, é importante considerar que temos um público cada vez mais diverso, conectado e interessado às questões relacionadas à sustentabilidade, bem-estar animal e experiência de consumo. Ainda que alguns torçam o nariz para isso, essa tendência mundial veio para ficar e é uma grande direcionadora de nossos esforços e mudanças em nossos modelos produtivos.

A COMPETITIVIDADE ECONÔMICA

Assim como diversos mercados, a atividade de produção e comercialização de ovos vem sendo fortemente afetada por aspectos como: Disponibilidade e custo de matériasprimas, Custo logístico, Capacidade de atração e retenção de mão de obra, Forte concorrência entre competidores e Alto custo relacionado à falta de qualidade do produto levando a custos com reprocessamento e perdas.

A ampliação na criação de aves livres de gaiola e os compromissos assumidos por grandes redes mundiais de varejo e fast-food são evidências disso. Cabe às companhias definirem suas estratégias de atuação baseadas em excelência operacional e foco em mínimo custo ou focadas na intimidade com o cliente e buscando atendê-lo em sua integralidade.

Diante disso, torna-se inevitável a busca por uma gestão mais eficiente, que vise uma maior capacidade de geração de dados com confiabilidade, à transformação dos mesmos em informações úteis e que possam direcionar nossas tomadas de decisão (“data driven decisions”). Essa gestão mais eficiente passa pela implementação de ferramentas de controle e mensuração de dados produtivos, pelo uso de softwares específicos a cada etapa da cadeia, pela automação e otimização de recursos como mão de obra, combustível, energia elétrica e água e também por extrair o máximo possível da capacidade genética da ave, com foco no máximo retorno sobre o ativo biológico da operação: a galinha.

16 poedeiras aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | A Inovação na avicultura de postura
Figura 3 – Sistema de criação cage free

Diversos stakeholders de nossa cadeia também têm contribuído fortemente com a inovação em nosso setor, com o oferecimento de produtos e serviços nas áreas de nutrição, saúde e ambiência para nossas aves.

Iniciativas de parcerias entre produtores, fornecedores, universidades e startups podem gerar boas soluções aplicadas de forma específica a cada realidade e problema. Nesse contexto de inovação aberta, é fundamental a participação efetiva dos técnicos e profissionais da operação para a criação de soluções aplicáveis e que agreguem real valor ao negócio.

Como ambas as forças direcionadoras supracitadas tendem a se acentuar nos próximos anos, a capacidade de gerir a inovação dentro das empresas é fator crucial para a liquidez presente e para alavancar e determinar o futuro da companhia.

Figura 4 – Embalagens de ovos cage free

17 poedeiras aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | A
na
de
Inovação
avicultura
postura

A LIDERANÇA NO CONTEXTO DA INOVAÇÃO

Em nosso negócio, sempre buscamos e colocamos as galinhas como objeto primário de nossa atuação, afinal é a partir delas que toda a produção ocorre. Contudo, ainda é comum esquecermos que todos os processos relacionados a uma operação de avicultura de postura ocorrem a partir de pessoas.

CONCLUSÃO

Para incorporar com êxito a inovação dentro da avicultura de postura, é importante romper o paradigma que a inovação é uma área atrelada somente à tecnologia e à área de TI e incorporá-la à estratégia da companhia, desdobrando-a em ações que põem o cliente como centro das ações de inovação e em projetos que olham para dentro da empresa em busca de otimização de recursos tão escassos em nosso cenário atual.

O mesmo se dá com a inovação em nosso setor. Nesse contexto é importante ressaltar que “Sem uma liderança forte e comprometida com a Estratégia de Inovação, dificilmente esta empreitada terá sucesso, pois invariavelmente, projetos inovativos desafiam a rotina, a zona de conforto das pessoas, criando barreiras, para que se mantenha a situação atual, corroborando com este pensando, Scherer e Carlomagno (2016)

O desafio da inovação é fazer com que todos os líderes sejam facilitadores do fluxo de ideias e do conhecimento e transformadores da realidade da empresa. Se não houver o envolvimento das lideranças com a estratégia de inovação da empresa, obstáculos serão antepostos, dificuldades serão trazidas e o status quo será mantido.

Saber que a agenda de inovação não é uma corrida de cem metros e sim uma agenda de longo prazo a ser cumprida exige metodologia, disciplina, indicadores e liderança para evitar a repulsa pelo novo. Isso exige de nós, produtores e profissionais da avicultura de postura protagonismo e abertura.

Devemos saber que estamos só no começo e que uma gestão em prol da inovação possibilitará avanços amplos em relação ao bem-estar animal, à sustentabilidade, a um status sanitário mais seguro e a uma maior segurança alimentar para os brasileiros.

A Inovação na avicultura de postura

BAIXAR EM PDF

Referências Bibliográficas sob consulta junto ao autor.

18 poedeiras aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | A Inovação na avicultura de postura

Nós temos a melhor linhagem de aves poedeiras para todos os mercados

Sucesso em todo o mundo Qualidade do ovo que conta

Galinhas robustas que põem mais de 500 ovos

www.hendrix-genetics.com/layinghens

EVONIK DEBATE ESTRATÉGIAS PARA MELHOR PERFORMANCE E SAÚDE INTESTINAL DE AVES E SUÍNOS

Empresa reúne lideranças da cadeia produtiva com especialistas em seu ATC, Aplyied Technology Center (Centro de Tecnologia Aplicada), em Americana, SP

Estratégias para melhorar o desempenho produtivo de aves e suínos e a saúde intestinal do plantel foram destacadas pela Evonik. A empresa reuniu cerca de 40 clientes com especialistas da cadeia produtiva para debater o futuro da produção animal em seu Aplyied Technology Center, o Centro de Tecnologia Aplicada (ATC, da sigla em inglês) em Americana, no interior de São Paulo.

A produção sustentável vai definir nossos investimentos para o futuro. Temos vocação para a inovação, desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias onde nossos clientes ocupam posição central nestes projetos”, disse durante a abertura do encontro.

O diretor de Negócios da Evonik no Brasil, Pedro Castelo, salientou o foco da empresa em parcerias sustentáveis na entrega de soluções para melhor performance e saúde intestinal dos animais.

O head da Área de Livestock Health e Performance da Evonik na Alemanha, Tobias Denz, também reforçou que os investimentos da companhia estão voltados para soluções em performance e saúde intestinal. “Nossos investimentos estão ligados a estas duas áreas e, como amostra disso, temos hoje 180 colaboradores trabalhando somente nisso”, pontuou o executivo.

20
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 |
nutrição
Evonik debate estratégias para melhor performance e saúde intestinal de aves e suínos

PROGRAMAÇÃO

Com abertura realizada pelo diretor de Negócios da Evonik no Brasil e pelo head Livestock Health e Performance da Evonik na Alemanha, a programação técnica iniciou com uma apresentação do professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Alex Maiorka, com o tema “Estratégias para melhor desempenho produtivo e saúde intestinal”.

O especialista em Serviços Técnicos AMINOSys®, Lucas Freitas, discutiu “Estratégias para otimizar a dosagem de micro ingredientes: solução inovadora de manuseio e dosagem de micro ingredientes com alta precisão”.

Logo depois, o gerente de Serviços Técnicos de Suínos da Evonik, Henrique Brand, debateu o “Uso estratégico de probiótico na produção de aves e suínos”.

Em seguida, a gerente de Serviços Técnicos de Aves da Evonik, Patrícia Tomazini, destacou a “Utilização de Ácido Guanidinoacético (GuanAMINO®) como estratégia de redução do custo das rações para aves e suínos” e o gerente Técnico na Integral Agro, Eduardo Butolo, abordou a “Experiência prática do uso do produto para frangos de corte”.

A programação foi encerrada com uma palestra sobre a “Utilização da biologia molecular e ciência de dados para maximizar o desempenho e a saúde das aves com destaque para o novo serviço da Evonik de monitoria de patógenos para aves ScreenFloX®”, ministrada pela gerente de Serviços Técnicos de Aves da Evonik, Patrícia Tomazini.

21
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Evonik debate estratégias
de aves e suínos
nutrição
para melhor performance e saúde intestinal
Evonik debate estratégias para melhor performance e saúde intestinal de aves e suínos BAIXAR EM PDF

incubação

PONTOS-CHAVE PARA A QUALIDADE DE PINTINHOS DE 1 DIA

Atualmente, em incubatórios de larga escala com grandes volumes de produção, o gerente de incubatório tem um grande desafio, que é ser responsável por gerenciar todos os aspectos da produção e manutenção da planta, bem como da qualidade do pintinho de um dia.

como a qualidade dos pintos de 1 dia, estão relacionados com diversas variáveis, havendo a necessidade de se gerenciar todo o processo, desde a qualidade da matéria-prima que entra na planta de incubação – o ovo fértil, bem como o processo de incubação através de indicadores, que no final do processo possam nos indicar a qualidade não apenas do nosso processo, como também do produto final.

Temperatura do embrião durante a incubação; Perda de umidade durante a incubação; Janela de Nascimento.

22
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Pontos-chave para a qualidade de pintinhos de 1 dia

TEMPERATURA DOS OVOS ATÉ O INCUBATÓRIO

A qualidade dos pintos de um dia começa com a qualidade dos ovos incubáveis e seus manejos, já que eles estão tão vivos quanto os pintos de um dia, apenas não conseguimos ver.

De acordo com Francisco, 2011, o processo de desenvolvimento embrionário depende de algumas reações, quando o embrião utiliza principalmente o substrato da gema para a realização das conversões energéticas, ou seja, a transformação de carboidratos e gordura em energia.

A participação enzimática nas reações tem relação com a modulação da velocidade e da eficiência das reações enquanto a temperatura pode influenciar na velocidade das reações; retardando-as através das baixas temperaturas ou aumentando-as através das altas temperaturas. Portanto, enzimas e temperatura são fatores que também influenciam nessas reações (CALIL, 2007)

O embrião, se submetido à temperatura ambiente abaixo do ponto chamado de zero fisiológico, conceituado como a temperatura mínima na qual o embrião se desenvolve, 23,9°C (DECUYPERE & MICHELS, 1992), terá sua taxa de desenvolvimento reduzida. Se mantido em temperaturas inadequadas, o embrião apresentará um contínuo desenvolvimento embrionário, ou seja, o fator que está diretamente sob o nosso controle é a temperatura.

Os cuidados com o transporte são fundamentais para evitar perdas nos resultados de eclosão e dessa forma garantir resultados superiores. Dessa forma, o transporte dos ovos da granja para o incubatório deve ser feito, de preferência, nos horários mais frescos do dia, utilizando-se um caminhão baú climatizado que deve ser mantido limpo e desinfetado (ARAÚJO & ALBINO, 2011). É importante salientar que o caminhão deve ter capacidade de aquecimento e refrigeração com a finalidade de manter a temperatura adequada independentemente da época do ano.

23 incubação aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Pontos-chave para a qualidade de pintinhos de 1 dia

A temperatura de armazenamento na granja vai depender do tempo que os ovos permanecem na granja:

24–25°C

ovos transportados diariamente para o incubatório

21-22ºC

ovos ficam na granja 2 ou 3 dias

Transporte

1 a 2 graus mais baixo

que a temperatura da sala de ovos da granja.

Entretanto, o fator determinante não é a temperatura do ar, mas a temperatura da casca, que é um reflexo da temperatura do embrião. É considerado que temperaturas da casca entre 37,5 e 38,06°C (99,5 a 100,5°F) são ótimas para o desenvolvimento dos embriões (Oviedo-Rondón, 2014).

incubação

TEMPERATURA DO EMBRIÃO DURANTE A INCUBAÇÃO

Sem dúvida, a temperatura é o fator mais crítico na incubação (Meijerhof, 2013). Vários experimentos e resultados de campo demonstraram que diferenças de frações de graus centígrados na temperatura influenciam o desenvolvimento embrionário (Romanoff, 1960), a eclodibilidade (Wilson, 1990), a qualidade do umbigo (Lourens et al., 2005, 2007; Hulet et al., 2007) e o desempenho pós-eclosão (Foote, 2014). A temperatura durante a incubação influencia o peso dos órgãos, o desenvolvimento do sistema cardíaco, dos músculos e tendões (Oviedo-Rondón, 2014).

Segundo a Cobb, as temperaturas ideais são de 100 a 100,5°F. Pol et al.,2014 relataram que embriões mantidos com temperatura de casca muito alta, 39,4°C, durante a incubação, apresentaram menor comprimento de tíbia, fêmur e metatarso. Apresentaram ainda:

Pior score de umbigo, Menor comprimento corporal, Menor peso, Maior gema residual e Estômago, fígado e coração menores.

24
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Pontos-chave para a qualidade de pintinhos de 1 dia

O desenvolvimento da bursa e do timo são reduzidos pelas temperaturas elevadas (37,8 vs 38,8°C, 40,1-40,6°C na casca, a 65 ± 2% de UR) durante a incubação (Oznurlu et al., 2010). Este efeito pode ser observado em pintos de uma semana pelos sintomas de imunossupressão.

Altas temperaturas da casca durante a incubação (38.9°C) alteram o desenvolvimento do músculo cardíaco (Christensen et al., 2004b; Leksrisompong et al., 2007) e podem ocasionar hipertrofia ventricular direita e aumento da mortalidade especialmente causada por ascites (Molenaar et al., 2011).

Por outro lado, baixas temperaturas também provocam grandes perdas no processo de incubação (Hill, 2011). Baixas temperaturas irão prolongar o tempo de incubação, aumentando as mortalidades finais, gerando pintos atrasados, excesso de bicados, além de pintinhos com excesso de umidade, o que não é desejável.

PERDA DE UMIDADE DURANTE A INCUBAÇÃO

Durante o processo de incubação é necessário que o embrião perca a quantidade correta de água, até a fase de bicagem interna. Caso retenha muita água, terá dificuldade em realizar a bicagem interna, caso a perda seja excessiva, corre o risco de ficar desidratado.

O ovo irá perder umidade através dos poros presentes na casca, o montante de perda irá depender do nível de umidade do ambiente, da condutância da casca do ovo, linhagem e idade da matriz. Evidentemente problemas de ordem nutricional e sanitários irão afetar a qualidade da casca e consequentemente a perda de umidade.

De acordo com Ar e Rahn (1980) a melhor eclosão em ovos de frango de corte é alcançada quando temos uma perda de umidade em torno de 12 a 14% , quando comparamos o peso dos ovos na incubação e aos 18 dias.

25 incubação aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Pontos-chave para a qualidade de pintinhos de 1 dia

No entanto, há diferenças entre as recomendações para sistemas de estágio único e estágio múltiplo. Em estágios múltiplos, onde temos embriões em diversos estágios de desenvolvimento, buscamos uma perda de umidade em torno de 12 a 14%.

Em sistemas de estágio único, além de buscar perdas menores, 10,5 a 12% , os programas de incubação permitem ajustar essa perda em fases específicas do processo, de maneira não linear, ajustando para que tenhamos um maior percentual de perda no terço final do processo.

Nos sistemas de estágio único podemos ajustar ainda as perdas de umidade conforme a idade da matriz, buscando perdas menores, 10,5 a 11% para lotes de matrizes novas e 11 a 12% para matrizes velhas.

JANELA DE NASCIMENTO

A eclosão de todos os ovos embrionados não ocorre exatamente no mesmo momento, como em toda população de seres vivos, tem uma distribuição normal em um período de 24 horas (Willemsen et al., 2010).

Conceitualmente, chamamos essa distribuição de janela de nascimento, que é o intervalo entre os primeiros e os últimos pintos nascidos. No entanto, é praticamente impossível sabermos exatamente quando o primeiro e o último pinto nasceram, visto que seria necessário abrir o nascedouro diversas vezes, o que prejudicaria o ambiente do nascedouro e qualidade dos pintos.

A perda de umidade é um importante e simples indicador para monitorar a qualidade dos pintinhos e do processo de incubação. Pode ser gerenciado buscando variações ao longo dos meses e ajustado conforme o histórico de dados, prevenindo eventuais desvios. Deve ser medido no mínimo semanalmente, em cada lote de matrizes, podendo ser avaliado por incubadora, fazendo-se ajustes pontuais em nossos equipamentos para alcançarmos melhores resultados.

Na prática, realizamos medições em períodos específicos antes do processamento dos pintinhos e estimamos a janela de nascimento, por exemplo, 24 horas, 12 horas e no momento do saque. Devemos incluir ainda a avaliação de bandejas em diferentes pontos da incubadora (superior, médio e inferior), para que possamos avaliar as diferentes regiões da incubadora, identificando possíveis pontos de desvios.

Referências bibliográficas sob consulta junto ao autor.

Pontos-chave para a qualidade de pintinhos de 1 dia BAIXAR EM PDF

26 incubação aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Pontos-chave para a qualidade de pintinhos de 1 dia

FREADA NO CRESCIMENTO

Nos últimos dois anos, diante da pandemia da Covid-19, o cenário de incertezas não só atingiu a saúde da população, mas também a economia global nos mais diversos setores. Hoje em dia, mesmo com a vacinação e diminuição do número de casos da doença, muitos segmentos continuam enfrentar dificuldades na retomada das atividades e remissão do prejuízo resultante.

A indústria de alimentação animal, por exemplo, segue impactada, pois a previsão divulgada ainda no final do ano passado apontava a produção de 88 milhões de toneladas de rações e suplementos minerais, ou seja, um avanço da ordem de 3,5% nesse ano corrente. No entanto, os resultados apurados até agora revelam um ritmo mais conservador, que pode culminar em crescimento próximo a 1,5% até o final de 2022.

28 nutrição aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Freada no crescimento

A produção de rações, concentrados e sal mineral durante o primeiro semestre seguiram aquém daquela esperada, circunstância atribuída principalmente ao arrefecimento da demanda da cadeia produtiva de proteína animal (ovos e leite principalmente), bastante prejudicada por

esse novo patamar de preço do milho, do farelo de soja e outros macro ingredientes da alimentação das poedeiras e vacas leiteiras, além da impossibilidade de repassar integralmente esse custo adicional, já que o preço pago ao produtor melhorou um pouco apenas mais recentemente.

EVOLUÇÃO DO PREÇO DOS GRÃOS

2416,00

87,50

farelo soja R$/ton milho R$/60kg 2750,00 95,38 set/21 out/21 nov/21 jan/22 fev/22 mar/22 dez/21 abr/22 mai/22 jul/22 ago/22 set/22 jun/22

nutrição

PRODUÇÃO RAÇÕES

22,1 21,3 -3,7 42,6 42,6 0,1 FRANGOS

18,5 17,9 -3,2 42,6 35,8 1,0 POEDEIRAS 3,59 3,36 -6,3 7,19 6,90 -4,0 SUÍNOS 9,0 9,6 6,5 19,7 20,5 4,0 BOVINOS 5,2 5,0 -4,1 12,2 12,1 -0,2 LEITE 2,75 2,64 -4,3 6,4 6,2 -3,0 CORTE 2,44 2,35 -4,0 5,73 5,90 3,0 CÃES E GATOS 1,47 1,53 4,1 3,48 3,70 6,5 EQUINOS 0,325 0,318 -2,1 0,631 0,613 -2,9 AQUACULTURA 0,770 0,740 -3,9 1,45 1,48 2,5 OUTROS 0,271 0,265 -2,2 0,858 0,855 -0,3 TOTAL RAÇÕES 39,1 38,7 -1,1 80,8 81,9 1,3

Fonte: Sindirações *Estimativa; **Previsão. Fonte: Sindirações

29
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Freada no crescimento
SEGMENTO 1º SEM/21* 1º.SEM/22** % 2021* 2022** %
(milhões tons)
AVES
CORTE

Adicionalmente, a importação dos aditivos (vitaminas, enzimas, aminoácidos, etc.), sofreu com a excessiva desvalorização cambial e a interrupção do trânsito de mercadorias, por conta da escassez de contêineres e custo proibitivo do frete para movimentação das cargas.

Antes da pandemia, em janeiro de 2020, um container de vitaminas da China para o Brasil custava em média US$ 2 mil, enquanto que no segundo semestre de 2021 aumentava até 7 vezes e em abril deste ano, alcançava US$ 12,5 mil.

O cenário continua agravado por causa do compromisso chinês, firmado na COP para transição da sua matriz fóssil para renovável e, a política sanitária de “Covid Zero” que subtraíram, respectivamente, energia e mão de obra nas linhas de produção daquelas fábricas.

Afora o recente registro do interesse deles pelo milho e farelo de soja brasileiros que pode hipoteticamente fomentar alguma especulação, muito embora a generosa safra redundou na colheita de mais de 113 milhões de toneladas de milho.

Além disso, a invasão Russa na Ucrânia com interrupção nos arredores do Mar Negro, acionou o sinal de alerta da insegurança alimentar, uma vez que a Rússia e a Ucrânia representam 30% da produção do trigo e do milho transacionados pelo mundo, gerando assim um grande desafio para a logística e o sistema de compensações financeiras.

FRANGOS DE CORTE

A demanda de rações para frangos de corte de janeiro a junho alcançou 17,9 milhões de toneladas e retrocedeu pouco mais de 3% em resposta ao menor ritmo de alojamento de pintainhos. A previsão é produzir 35,8 milhões de toneladas ao longo de 2022 e ainda avançar 1%.

PRODUÇÃO PINTOS DE CORTE (milhões cabeças)

Fonte: Sindirações

30
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Freada no crescimento
nutrição
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho 2021 2022 501 554 537 521 588 556 569 567 563 558 567 557 592 559

SUÍNOS

O abate de suínos durante o primeiro semestre superou aquele contabilizado no ano passado. Em resposta, a demanda de rações avançou 6,5% e atingiu 9,6 milhões de toneladas. Apesar do descompasso entre o custo de produção e o preço pago/ kg vivo ao produtor, é possível alcançar durante todo o ano de 2022, cerca de 20,5 milhões de toneladas de rações para suínos e ainda avançar 4% em relação ao que foi produzido em 2021.

(milhões de cabeças)

POEDEIRAS

A produção de rações para poedeiras durante o primeiro semestre somou quase 3,4 milhões de toneladas, um recuo de mais de 6%, quando comparado ao mesmo período do ano passado. A tendência de maior alojamento das poedeiras em produção durante o segundo semestre pode até redundar na produção de 6,9 milhões de toneladas e amenizar o retrocesso para o nível de 4% ao longo de 2022.

POEDEIRAS EM PRODUÇÃO (milhões cabeças)

nutrição

31
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Freada no crescimento
Fonte:
2011 2012 2013 2015 2016 2017 2014 2018 2019 2021 2022* 2020 1º Trim 2º Trim 3º Trim 4º Trim 9,0 9,1 9,0 9,5 10,2 10,8 11,1 11,2 11,9 12,6 13,4 14,1 13,0 12,2 11,4 10,8 10,6 10,6 9,7 9,2 9,1 8,8 8,6 13,7 12,7 11,8 11,6 11,0 10,7 10,2 9,7 9,4 9,3 9,1 13,6 12,7 11,9 11,3 10,7 10,5 10,2 9,2 8,8 8,8 8,8 8,2 120,8 120,3 119,1 117,0 114,0 113,3 112,8 113,6 114,6 114,6 113,1 111,6 115,0 set/21 out/21 nov/21 jan/22fev/22 mar/22 dez/21 abr/22 mai/22 jun/22jul/22ago/22set/22
ABPA, Elaborado Sindirações Fonte: IBGE, Adaptado Sindirações ABATES DE SUÍNOS

nutrição

BOVINOS DE LEITE

O custo de produção para os produtores de leite e a fraca demanda por lácteos no varejo determinaram razoável retrocesso na atividade durante o primeiro semestre, circunstância que redundou na produção de pouco mais de 2,6 milhões de toneladas de rações.

A hipotética melhora nas pastagens, no preço dos grãos, no incentivo ao poder de compra do consumidor, e principalmente no preço do leite pago ao produtor, pode redundar na demanda de 6,2 milhões de toneladas de rações, montante ainda 3% menor quando comparado àquele produzido em todo ano passado.

VARIAÇÃO ÍNDICES

LEITE (setembro/21 base 100)

BOVINOS DE CORTE

A produção de carne bovina durante o primeiro semestre continuou estimulada pela expedição aos clientes estrangeiros, enquanto prevalecem baixas perspectivas de avanço na demanda doméstica por conta da fragilidade econômica dos consumidores.

De janeiro a junho foram produzidas 2,35 milhões de toneladas de rações para bovinos de corte e, somado ao previsto para o segundo semestre, pode resultar no montante de 5,9 milhões de toneladas, ou seja, um avanço de 3% durante o ano de 2022.

VARIAÇÃO ÍNDICES

(junho/21 base 100)

Fonte: CEPEA, Adaptado Sindirações

Fonte: CEPEA, Adaptado Sindirações

32
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Freada no crescimento
set/21 out/21 nov/21 jan/22fev/22 mar/22 dez/21 abr/22 mai/22 jul/22ago/22set/22 jun/22 100 94 91 91 91 92 95 104 109 115 137 153 100 99 102 100 96 96 95 92 93 95 101 106 131 Preço leite Captação leite set/21 out/21 nov/21 jan/22fev/22 mar/22 dez/21 abr/22 mai/22 jul/22ago/22set/22 jun/22 Bezerro (8 a 12 meses) Boi Gordo (16,5 arrobas) 100 89 99 106 112 113 114 111 107 105 107 104 100 100 97 98 104 102 100 99 96 95 90 95 94 89

PEIXES E CAMARÕES

Acompanhando o ritmo da atividade da aquacultura industrial instalada, a produção de rações para peixes e camarões somou 740 mil toneladas durante o primeiro semestre, enquanto a expectativa em todo o ano de 2022 é de avançar 2,5% e contabilizar algo em torno de 1,5 milhão de toneladas de rações.

CONSUMO

REGIONAL RAÇÃO AQUACULTURA (baseado na produção peixes e camarões)

Nordeste Norte Sudeste

Sul Centro-Oeste

Fonte: Sindirações

É importante, contudo, ressaltar a vocação dos agropecuaristas brasileiros na solução dos desafios, na defesa das relações comerciais através da singular competitividade nacional e no flagrante entusiasmo, que mesmo diante do atual cenário adverso, continua empregar tanta tecnologia capaz de assegurar invejáveis índices zootécnicos e simultaneamente mitigar as indesejáveis emissões dos gases do efeito estufa e assim, contribuir com a segurança alimentar e o desaquecimento global.

Freada no crescimento BAIXAR EM PDF

33
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Freada no crescimento
nutrição
13% 17% 19% 18% 32%

ADITIVOS FITOGÊNICOS

NO SUPORTE À PRODUÇÃO LIVRE DE ANTIBIÓTICOS E DE

Para a produção animal, oferecer alimentos seguros e de qualidade é um compromisso alcançado através de preocupações que incluem a escolha adequada das matérias primas e dos aditivos que irão às rações.

A qualidade das matérias primas irá influenciar diretamente no desempenho e na saúde dos animais e os aditivos poderão contribuir para a manutenção da saúde intestinal e na resistência aos desafios de campo.

Se por um lado existe a preocupação com a segurança alimentar, por outro existe a preocupação com a resistência microbiana gerada pelo uso inadequado de antibióticos.

Resistência a antibióticos

Moléculas antibióticas

Bactérias normais

Bactérias resistentes a antibióticos

34 aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Aditivos fitogênicos no suporte à produção livre de antibióticos e de coccidiostáticos

Seguindo o conceito da resistência cruzada, o uso indiscriminado de antibióticos na produção animal poderia causar resistência microbiana às moléculas disponíveis para a saúde humana e animal.

Vale ressaltar que a não utilização dos antibióticos promotores de crescimento deve estar aliada ao aumento dos controles em sanidade e biossegurança, combinadas com o uso de produtos alternativos com o objetivo de:

Promover a saúde

Reduzir o risco sanitário e Aumentar o desempenho das aves. Diversas opções estão disponíveis comercialmente, cada produto com o seu diferencial técnico, inclusões e particularidades de uso, devendo o nutricionista analisar tecnicamente e decidir sobre a melhor solução, considerando o uso combinado ou não de cada produto.

Este risco também se aplicaria aos antibióticos utilizados em dosagens subterapêuticas na avicultura, os conhecidos promotores de crescimento ou de absorção. Muito se discute sobre o futuro do uso de antibióticos promotores de crescimento. Esta é uma prática adotada há muito tempo com o intuito de melhorar a qualidade intestinal dos animais e, consequentemente, o desempenho zootécnico, mas que está com os seus dias contados.

O uso destes antibióticos com esta finalidade foi banido em alguns países, como os pertencentes à União Europeia e também está desaparecendo gradualmente nos Estados Unidos, fortalecendo e ampliando a discussão entre os produtores brasileiros e técnicos da área.

Aditivos Fitogênicos

Aditivos fitogênicos são produtos originados das plantas, também conhecidos por fitobióticos ou nutracêuticos. Compreendem uma ampla variedade de ervas, especiarias, e produtos derivados tais como os óleos essenciais, óleos-resinas e extratos (Windisch et al., 2008)

Adicionados à dieta dos animais são capazes de:

Aumentar a produtividade, Melhorar a qualidade da ração e as condições de higiene,

Além de melhorar a qualidade dos alimentos derivados desses animais (Koiyama, 2012).

fitogênicos no suporte à produção livre de antibióticos e de coccidiostáticos

nutrição

35
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 |
Aditivos

Segundo Hashemi e Davoodi (2011), os fitogênicos de uso na nutrição animal podem ser classificados como ervas, considerando toda a planta ou suas partes, ou em fitogênicos botânicos, como os extratos e óleos essenciais.

Desta forma, os produtos fitogênicos, extratos e óleos essenciais, oferecem mais do que apenas propriedades aromatizantes. Quando adicionados à ração das aves, estes compostos fornecem substâncias ativas que podem ter efeito antioxidante, antimicrobiano, anti-inflamatório, antisséptico, imunomodulador, entre outros.

As ervas e seus derivados não possuem uma substância ativa única e os produtos indicados são, na verdade, uma mistura de várias espécies de plantas ou de seus extratos. Considera-se que os efeitos de cada produto fitogênico possam ser potencializados quando utilizados em combinação. Portanto, estes produtos não possuem um mecanismo de ação único como os antibióticos.

Além disso, os aditivos fitogênicos entram na preferência dos consumidores e se alinha ao conceito Research, Society and Development, “limpo, verde e ético”, que está sendo aplicado à pecuária em geral.

O “limpo” consiste em reduzir o uso de compostos sintéticos,

O “verde”, na diminuição dos impactos gerados ao meio ambiente e

O “ético”, aliado aos efeitos gerados no bem-estar animal (Stevanovic et al., 2018)

Alguns estudos abordam o uso de compostos fitogênicos de forma isolada na dieta, o que aumenta a compreensão dos efeitos do aditivo no animal, facilitando o estabelecimento de suas ações. No entanto, observa-se que em sua maioria, os estudos disponíveis consideram a associação dos efeitos finais do aditivo, que é composto por diferentes substâncias bioativas.

Atualmente, são muitas as opções disponíveis comercialmente, sendo que boa parte delas apresentam combinações de diferentes óleos ou extratos, potencializando assim os efeitos sobre a qualidade intestinal e, consequentemente, na conversão alimentar.

Aditivos fitogênicos no suporte à produção livre de antibióticos e de coccidiostáticos

36
aviNews Brasil 4º Trimestre
nutrição
2022 |

Extratos e óleos essenciais

Os extratos e os óleos essenciais de plantas são utilizados há muito tempo na medicina humana e, mais recentemente, explorado na produção animal. O uso destes produtos remete a uma criação mais saudável, substituindo os antibióticos com função melhoradora de desempenho ou auxiliando na manutenção da saúde intestinal em associação com outros aditivos na ração.

A principal diferença entre os extratos de plantas e os óleos essenciais é o método de extração utilizado. Ambos possuem metabólitos ou princípios ativos que estão diretamente relacionados com as suas propriedades biológicas, mas podem diferir significativamente entre eles em relação à concentração e padronização dos bioativos presentes. De uma forma geral, a formação dos metabólitos secundários na planta é influenciada pela espécie da planta e por características do ambiente, como o tipo de solo, estação do ano e ciclo vegetativo da planta.

Quando utilizados na alimentação animal, os princípios ativos dos extratos de plantas e óleos essenciais são absorvidos no intestino e rapidamente metabolizados pelos enterócitos (Kohlert et al., 2000), biotransformados no fígado e posteriormente excretados pela urina e respiração (CO2). Devido à rápida metabolização e a curta meia vida dos compostos ativos, o risco de acúmulo nos tecidos é mínimo (Rizzo et al., 2008).

Os óleos essenciais do orégano, canela, tomilho, pimenta, entre outros, têm sido frequentemente utilizados na nutrição de aves devido a suas propriedades antioxidante, antimicrobiana, antifúngica, anti-inflamatória e de estimulante da digestão, contribuindo diretamente na melhoria de desempenho.

37
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Aditivos fitogênicos no suporte à produção livre de
e de coccidiostáticos
nutrição
antibióticos

O extrato de orégano é um óleo essencial extraído e destilado a vapor de plantas híbridas de Origanum vulgare, sendo que em sua composição, 85% são constituídos de dois componentes fenóis naturais fundamentais na ação antimicrobiana, o carvacrol e o timol, que agem sobre a membrana celular bacteriana impedindo sua divisão mitótica, causando desidratação nas células e, com isso, impedindo a sobrevivências de bactérias patogênicas (AlKassie, 2009), apresentando grande efeito como agente antimicrobiano.

O carvacrol e o timol são divididos quanto à isomeria, como fenóis isômeros, possuindo a mesma fórmula molecular, mas com propriedades diferentes.

Taninos

Os taninos são um grupo grande e heterogêneo de compostos fenólicos, amplamente distribuídos em uma gama de espécies de plantas, podendo ser encontrados em folhas, sementes, raízes e tecidos do caule (Gai et al., 2010), sendo metabólitos secundários que atuam como parte do sistema de defesa química da planta contra a invasão de patógenos e o ataque de insetos (Huang et al., 2018).

Os taninos podem formar complexos com proteínas, mas também podem complexar com polissacarídeos, ácidos nucleicos, alcaloides, minerais etc. (Frutos et al., 2004), podendo ser classificados em hidrolisáveis ou condensados, dependendo da sua resistência à hidrolisação.

Estudos recentes demonstram diversos efeitos benéficos na utilização de taninos na alimentação de aves, como redução da mortalidade e da severidade de lesões causadas por patógenos no intestino (Wang et al., 2008; Tosi et al., 2013) e melhoria de desempenho das aves (Masek et al. 2014; Mannelli et al., 2019), sendo importante ressaltar que o tipo de tanino influencia nas suas propriedades antimicrobianas, assim como podem se diferenciar em relação a outras propriedades de interesse para uso na nutrição de aves.

Entre as fontes mais utilizadas estão os taninos de Castanheira, Quebracho e de Acácia Negra.

Considerações finais

Óleos essenciais e taninos são substâncias fitogênicas com grande potencial para a substituição dos antibióticos melhoradores de desempenho, ou para uso associado a outros aditivos, com diversos efeitos benéficos associados, reforçando assim a proteção intestinal.

Aditivos fitogênicos no suporte à produção livre de antibióticos e de coccidiostáticos BAIXAR EM PDF

Referências bibliográficas sob consulta junto à autora

de antibióticos e de coccidiostáticos

38 nutrição aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Aditivos fitogênicos no
à
livre
suporte
produção

MELHORANDO O APROVEITAMENTO DE CALCIO E FÓSFORO NO FRANGO DE CORTE MODERNO

IMPACTO DA SELEÇÃO GENÉTICA NA NUTRIÇÃO MINERAL DE AVES DE CORTE

A seleção genética dos frangos de corte na avicultura moderna é constante. Com o passar dos anos, os objetivos desta seleção têm sido as características de produção para acentuar a taxa de crescimento, deposição de carne magra na carcaça e eficiência alimentar dos animais.

Entretanto, um maior potencial genético para o rápido desenvolvimento aumentou o requerimento de nutrientes para atender demandas fisiológicas que, quando não atendidas, podem ter consequências muito adversas.

Carlos Lozano, Gerente de Nutrientes Especiais na DSM América Latina, Lucas S. Bassi, PhD em Nutrição Animal, Vitor Fascina, Gerente de Enzimas Nutricionais da DSM para América Latina
40 nutrição aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Melhorando o aproveitamento de cálcio e fósforo no frango de corte moderno

Problemas como discondroplasia tibial, claudicação, degeneração óssea e outras doenças relacionadas a desordens metabólicas e deficiências na integridade esquelética foram agravados em decorrência do crescimento acelerado e da maior necessidade das linhagens modernas por uma nutrição mineral adequada, sobretudo de macrominerais, entre os quais destacam-se cálcio (Ca) e fósforo (P), macrominerais de maior relevância na nutrição de aves.

A disponibilidade apropriada de Ca e P para frangos é necessária, sobretudo, para garantir o desenvolvimento e manutenção do sistema esquelético e o ótimo desempenho/crescimento do animal.

Isso deve-se às suas extensas participações em diversos processos metabólicos:

Formação dos tecidos ósseo, nervoso e muscular;

Transmissão de impulsos nervosos; Formação de fosfolipídios da membrana celular;

Utilização e transferência de energia; Ativação enzimática; entre outros.

Em ingredientes vegetais como milho e farelo de soja, utilizados na produção de rações para frangos, a maior parte do P presente no grão está ligado a uma molécula denominada fitato, que torna o P indisponível para animais não-ruminantes.

O fitato é formado por seis grupos de fosfato ligados a um anel de mio-inositol. Por apresentar cargas negativas, também apresenta uma afinidade pela complexação com o cálcio e outros minerais, além de proteínas e aminoácidos, prejudicando sua digestão e absorção.

41 nutrição aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Melhorando o aproveitamento
de corte moderno
de cálcio e fósforo no frango

A incapacidade de digerir completamente o fitato limita o desempenho do animal e aumenta a excreção de P ao ambiente, contribuindo para a contaminação de solos e lençóis freáticos pela presença em demasia do mineral na excreta.

Um aspecto marcante da suplementação de Ca e P é o seu metabolismo correlacionado às deficiências, excessos ou desproporções na oferta de Ca e P, que levam a alterações na absorção, aproveitamento e homeostase de ambos os minerais.

O excesso de Ca na dieta pode reduzir o pH intestinal e facilitar a formação de complexos insolúveis de Ca-Fitato, reduzindo a solubilidade da dieta e a absorção de P fítico; ao passo que uma oferta insuficiente de Ca pode prejudicar a mineralização óssea e o crescimento do animal.

Portanto, a prudência no estabelecimento de uma boa relação Ca:P na dieta , juntamente à inclusão de aditivos que aumentem a disponibilidade destes minerais, tornou-se imprescindível na formulação de rações para aves.

pH intestinal formação de complexos insolúveis

42 nutrição aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Melhorando o aproveitamento de
e
cálcio
fósforo no frango de corte moderno

PAPEL DOS ADITIVOS

NO METABOLISMO

DE CÁLCIO E FÓSFORO: FITASE E VITAMINA D

Devido à baixa disponibilidade do P em alimentos vegetais, a suplementação mineral pode ser realizada por meio de fontes inorgânicas como o fosfato de rocha . Todavia, o P é o terceiro componente de maior custo em dietas para aves, após a proteína e a energia, e a utilização de fontes inorgânicas onera ainda mais a produção de rações.

Assim, a utilização de fitase exógena na dieta de aves é uma das principais estratégias para eliminar os efeitos negativos do fitato. Sua suplementação promove efeitos positivos na disponibilidade de P fítico, reduzindo a necessidade de inclusão de fontes inorgânicas e, consequentemente, o custo de formulação da dieta e o impacto ambiental.

Outro fator imprescindível para o metabolismo de P e Ca é a vitamina D, cuja suplementação na dieta de aves está relacionada intrinsecamente à melhora na absorção destes minerais. A oferta de vitamina D é feita pela inclusão em premix vitamínicos, na forma de vitamina D3 (colecalciferol).

Vitamina D

Uma vez absorvido, o colecalciferol é metabolizado em 25-hidróxivitamina D3 (25-OH-D3) no fígado e transformado em 1,25-hidróxivitamina D3 (1,25-(OH)2D3), principalmente nos rins, que é a forma metabolicamente ativa da vitamina D. O 1,25-(OH)2-D3 atua no intestino, ossos e rins, regulando o transporte e metabolismo de Ca e P para os tecidos.

43 nutrição aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Melhorando o
de corte moderno
aproveitamento de cálcio e fósforo no frango

Atualmente, é possível a suplementação direta do 25-OH-D3 na ração de frangos e poedeiras - em substituição parcial ou conjuntamente ao colecalciferol no premix – devido à sua maior biodisponibilidade, biopotência e melhor absorção no intestino. Similarmente à suplementação enzimática com fitase, a utilização de 25-OH-D3 otimiza o aproveitamento de minerais da dieta e contribui para a redução da inclusão de fontes inorgânicas de Ca e P na formulação, permitindo uma maior inclusão de outros nutrientes na ração

Investigações recentes abordam a utilização de doses mais altas de fitase nas dietas de aves, buscando evidenciar o chamado efeito “extra-fosfórico”. Em suma, a prática de altas dosagens de fitase é respaldada na potencialização da taxa de degradação do fitato, a ponto de aumentar a solubilidade de outros nutrientes no trato e liberar outros minerais e aminoácidos complexados na molécula, além do P fítico.

Pesquisas mostram que frangos e perus respondem positivamente a doses maiores que 2000 e 4000 unidades de fitase/kg , respectivamente, com:

Aumento de ganho de peso corporal, Redução da conversão alimentar, Aumento na digestibilidade de Ca, P e proteína da dieta, Melhora da mineralização óssea expressada pela maior concentração de cinzas, Ca e P no osso.

Realmente, aves que recebem dietas com baixos níveis de Ca e P, porém com alta dosagem de fitase, demonstram desempenho e digestibilidade de nutrientes similares às aves alimentadas com níveis maiores de minerais sem suplementação enzimática, substanciando o potencial da enzima em permitir a redução dos níveis destes minerais na dieta sem afetar o crescimento do animal.

São notáveis os efeitos benéficos da vitamina D3 e seus metabólitos sobre o desenvolvimento do sistema esquelético, redução de problemas ósseos, desempenho e digestibilidade de Ca e P em aves.

REDUÇÃO DE PROBLEMAS ÓSSEOS

DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA ESQUELÉTICO
D3
DIGESTIBILIDADE DE CA E P. 44 nutrição aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Melhorando o aproveitamento de cálcio e fósforo no frango de corte moderno
DESEMPENHO

A inclusão direta de 25(OH)D3 na dieta permite ao metabólito apresentar uma maior eficácia de absorção. O 25(OH)D3 é também a principal forma de armazenamento de vitamina D3 no organismo animal e sua concentração é avaliada como uma mensuração do status sérico de vitamina D3 em aves.

Estudos revelam que a suplementação de 25(OH)D3 associada ou em substituição parcial à vitamina D3 melhora a utilização de Ca e P e favorece a deposição dos minerais no tecido ósseo, reduzindo a incidência de problemas ósseos. Melhoras no ganho de peso e conversão alimentar, maiores concentrações de Ca e P circulante e aumento dos níveis séricos de 25(OH)D3 (detectado por meio da metodologia Dried Blood Spots) também são reportados com o uso de 69 µg/ Kg de 25(OH)D3 na dieta de frangos de corte.

A inclusão de dosagens altas de fitase e de 25(OH)D3 pode se tornar uma estratégia recorrente na formulação de rações e nutrição de aves de corte, objetivando um aproveitamento superior do cálcio, o fósforo e outros componentes dietéticos, além do fortalecimento do sistema esquelético, resultando na otimização do desempenho e do bem-estar animal.

Ao mesmo tempo, a redução dos níveis de cálcio e fósforo na dieta devido à suplementação destes aditivos contribui para a redução dos custos de produção e da excreção dos minerais no meio ambiente. Assim como a fitase, estes resultados obtidos com a suplementação de 25(OH)D3 permitem uma reavaliação dos níveis dietéticos de Ca e P, com o intuito de amenizar os custos de formulação e conter o impacto ambiental.

Melhorando o aproveitamento de cálcio e fósforo no frango de corte moderno BAIXAR EM PDF
45 nutrição aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Melhorando
o
aproveitamento de cálcio e fósforo no frango de corte moderno

DL METIONINA PARA OBTENÇÃO DOS MELHORES RESULTADOS E UMA PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL E ECONÔMICA

Saber precisamente o valor nutritivo relativo da DLMetionina (DLM) em comparação com o hidróxido análogo de metionina (MHA-FA líquido e o sal MHA-Ca) é um pré-requisito fundamental para que a compra de ingredientes, a formulação de rações e a produção animal sejam eficientes.

Devido a importância do tema, inúmeras pesquisas tem sido realizadas para investigar a biodisponibilidade relativa de fontes de suplementação de metionina em rações para aves, dentre outras espécies.

46 nutrição aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | DL Metionina para obtenção dos melhores resultados e uma produção animal
e econômica
Equipe Técnica Evonik
sustentável

Esses estudos relatam repetidamente que 65 unidades de DLM promovem desempenho comparável a 100 unidades de MHA-FA, resultando em uma biodisponibilidade relativa de 65% de MHA-FA em relação a DLM.

C5H11NO2S

DL-Methionine

Metionina

A DLM e o MHA são frequentemente usados como aditivos nutricionais nas rações para o correto balanceamento dos níveis de metionina, bem como dos aminoácidos sulfurados. A formulação de precisão com base em proteína ideal, ou seja, buscandose o perfeito balanceamento aminoacídico, aumenta ainda mais a contribuição relativa das fontes sintéticas de metionina na dieta.

A DLM é uma mistura racêmica dos isômeros D e L de metionina comercialmente disponível em uma 99%. É uma molécula pura de metionina, na forma pó. O hidróxido análogo de metionina (MHA-FA, conhecido como MHA líquido, quimicamente abreviado como HMTBa: 2-Hydroxi-4-ácido metilbutanoico) também é uma mistura racêmica de isômeros D e L e consiste em 65% de monômeros, 23% de dímeros/ oligômeros e os 12% restantes é água (Yang et al., 2020). Porém, é um ácido, na forma líquida ou cristalina, sendo um aditivo precursor da formação endógena de L-metionina.

A molécula de MHA contém um grupamento hidroxila, ao contrário da molécula de DLM que contém um grupo amino (NH3+). Oliveira Neto (2014) menciona a necessidade do MHA se transformar em uma molécula de metionina, reação ocorrida no fígado através da substituição do grupo hidroxila pelo amino, tornando-se assim o MHA uma molécula ativa para atender as necessidades biológicas. Tal fato, esboça um esforço fisiológico, incluindo enzimas específicas para que o MHA se torne uma molécula de L-metionina. O mesmo autor reporta que a DLM também necessita de metabolismo celular para transformar seu D-isômero em L-metionina, porém, ambos os isômeros de metionina não necessitam receber grupos amino.

nutrição

47
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | DL
Metionina para obtenção dos melhores resultados e uma produção animal sustentável e econômica

Biodisponibilidade

Estudos recentes

A biodisponibilidade ou valor biológico relativo (VBR) é um valor que compara o potencial nutricional ou a eficiência de um nutriente em relação a um

Em 2018, a EFSA (Autoridade Europeia para Segurança Alimentar) realizou uma metanálise de 46 estudos de dose-resposta publicados em 27 revistas científicas (Sauer et al., 2008) e concluiu que o HMTBa e seus sais têm menor biodisponibilidade que a DLM em frangos de corte. A metanálise mostrou que a bioeficácia do HMTBa foi em média de 71% e 69% em relação à DLM em base produto para ganho de peso diário (GPD) e conversão alimentar, respectivamente.

Segundo Sakomura e Rostagno (2016), o ensaio de dose-resposta é o método tradicionalmente utilizado para definir as exigências de aminoácidos em monogástricos. Este método avalia as respostas do animal a níveis crescentes de consumo de um determinado nutriente.

A adição de um nutriente limitante na ração, mantendo os demais níveis de outros nutrientes adequados, promove o crescimento do animal até a exigência ser atendida (Euclydes e Rostagno, 2001). O desempenho é comparado sob diferentes níveis de suplementação do nutriente e os resultados são geralmente extrapolados para as condições de campo.

O Painel FEEDAP (Panel on Additives and Products or Substances used in Animal Feed) do EFSA, concluiu, com base em evidências, que o HMTBa tende a ser menos bioeficaz que a DLM em todas as espécies não ruminantes.

As principais razões dessa baixa bioeficácia são: O fato de a microbiota do intestino delgado competir mais com o hospedeiro quando se usa HMTBa do que quando se usa DLM (Drew et al., 2003; Malik et al., 2009); O HMTBa comercial e seus sais podem conter quantidades significativas de dímeros, trímeros e oligômeros, que podem ter menor bioeficácia dependendo do processo de produção, além do ácido/sal livres (Boebel and Baker,1982; Saunderson, 1991; Van Weerden et al., 1992; Liu et al., 2004; Hoehler et al., 2005; Zimmerman et al., 2005; Dilger and Baker, 2008; Elwert et al., 2008; Shoveller et al., 2010; Opapeju et al., 2012; Zelenka et al., 2013; Sangali et al., 2014).

48
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | DL
nutrição
Metionina para obtenção dos melhores resultados e uma produção animal sustentável e econômica

Levando em conta que os produtos comerciais de MHA contêm 12% de água (MHA-FA) e 14% de cálcio (MHA-Ca), a bioeficácia destes produtos em comparação à DLM, de acordo com a EFSA, são:

70% para o MHA-FA líquido (vs. Evonik 65% e Adisseo 88%) e

67% para o MHA-Ca em pó (vs. Evonik 62% e Adisseo 84%).

Uma maneira prática de avaliar a bioeficácia relativa do MHA-FA em relação à DLM em larga escala é utilizar a dieta comercial como controle positivo (MHA para atingir os níveis de M+C desejados) e compará-la a uma dieta com DLM a 65% do volume total de MHA adicionado à dieta controle positivo e verificar se houve alteração do desempenho.

Em 2018 foi realizado este experimento em uma integração no Brasil e dos dados foram publicados em outubro de 2022 no PSA em Foz de Iguaçu, Medeiros et al., 2022 conforme o resumo do experimento a seguir:

Validação comercial em larga escala da substituição do MHA por DLM na proporção 100:65 em frangos produzidos em condições brasileiras

217.000 frangos Cobb 500 de um dia de idade

9 aviários climatizados, com capacidade que variam de 21.000 a 29.000 frangos criados de acordo com as práticas de criação da Empresa até 45 dias de idade.

A densidade das aves entre os aviários variaram entre 10 a 12 frangos/m2

Os frangos foram alimentados com o programa comercial de alimentação composto por 4 fases:

Ração inicial (24% CP e 3.020 kcal/kg AMEn), Crescimento 1 (21% CP e 3.100 kcal/kg AMEn), Crescimento 2 (18% CP e 3.130 kcal/kg AMEn) e

Retirada (18% CP e 3.150 kcal/kg AMEn).

49
aviNews
4º Trimestre
nutrição
Brasil
2022 | DL Metionina para obtenção dos melhores resultados e uma produção animal sustentável e econômica

Cada fase de alimentação compreendeu 2 tratamentos dietéticos, incluindo

MHA-FA100: dieta controle com MHA-FA formulada com biodisponibilidade de 82% e

DLM65: semelhante à dieta 1, mas com DLM em 65 partes dos níveis MHA-FA.

Os níveis de inclusão do MHA-FA foram: 0,44, 0,34, 0,27 e 0,27% e para DLM foram: 0,29, 0,22, 0,18 e 0,18% para cada fase de alimentação, respectivamente.

A dieta MHA-FA100 foi oferecida a 5 aviários (total = 128.000 frangos de corte) e a dieta DLM65 para 4 aviários (89.000 frangos). Cada aviário foi considerado uma unidade experimental.

A mortalidade total entre os aviários variou de 4 a 6% com média de 5,0% para o MHA-FA100 e 5,1% para DLM65 (P = 0,36).

No geral, os frangos alimentados com as dietas MHA-FA100 e as dietas DLM65 apresentaram GPD semelhante (60,99 vs. 61,38 g/d; P = 0,35), CA (1,78 vs. 1,76 g/g; P = 0,68) e CA ajustada para 2,9 kg peso (1,83 vs. 1,83 g/g; P = 0,52). Da mesma forma, o fator de eficiência da produção não foi afetado (P =0,33) por tratamentos com média de 325 para MHA-FA100 e 331 para DLM65.

Medeiros, et. al. (2022). Large commercial validation of the replacement of DL-methionine hydroxy analogue with DL-methionine at 100:65 ratio in broilers produced under Brazilian conditions. Poultry Science Latin America, Foz do Iguaçu/Brazil.

Esses resultados demonstram que 100 partes do MHA-FA podem ser substituídas por 65 partes de DLM sem afetar a performance das aves em condições comerciais em larga escala.

50
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022
nutrição
|
DL Metionina para obtenção dos melhores resultados e uma produção animal sustentável e econômica DL Metionina para obtenção dos melhores resultados e uma produção animal sustentável e econômica BAIXAR EM PDF

USO DE ANTIMICROBIANOS EM AVICULTURA: TENDÊNCIAS E DESAFIOS

Éindiscutível. Atuando em diferentes pontos da cadeia de alimentos de origem animal os médicos veterinários têm desempenhado papel crucial na manutenção da saúde pública e no sucesso do agronegócio brasileiro. O esforço destes profissionais reflete-se na moderna avicultura ao garantir a disponibilidade de alimentos seguros e saudáveis a todos, reduzindo as taxas de mortalidade e aumentando a produtividade no campo.

O acesso a programas vacinais eficientes, o controle parasitário, a correta nutrição e medicação das aves têm auxiliado os produtores rurais a aumentar sua produção e eficiência.

52
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Uso de antimicrobianos em avicultura: tendências e desafios
nutrição
Professor Titular Pleno do Departamento de Patologia da FMVZ/USP

O uso de produtos veterinários como os antimicrobianos, no entanto, pode representar um risco para a saúde dos consumidores de carne e de ovos provenientes de aves tratadas. No caso, os riscos em análise são a possibilidade de contaminação de tecidos e de ovos por resíduos e, o desenvolvimento de resistência bacteriana aos antimicrobianos.

O risco de contaminação residual depende dos níveis de ingestão considerados como seguros dos ativos presentes nos produtos; ou seja, da presença nos alimentos de concentrações residuais menores ou iguais aos LMRs para eles estabelecidos.

De destacar-se que a estrita observância aos LMRs assegura que resíduos de antimicrobianos não tenham efeitos tóxicos e, tampouco ações sobre a barreira de colonização (microbiota) do trato digestório humano ou capacidade de induzir resistência em bactérias residentes do cólon humano.

nutrição

A OMS e a FAO vêm se manifestando reiteradamente sobre a necessidade de preservar a efetividade dos antimicrobianos atualmente em uso. A resistência bacteriana é um problema global de saúde pública que impacta o uso destes fármacos em todos os setores em que são empregados.

Desta forma, foi louvável o desenvolvimento por estas instituições do conceito de saúde única (One Health). Como mostra a Figura 1 propõe-se que a saúde humana e dos animais sejam interdependentes e que ambas dependam de suas relações com o meio ambiente.

Segurança alimentar

Uso de antimicrobianos

Criação intensiva

Vetores de doenças

Dieta

Uso de antimicrobianos

Determinantes sociais

Deslocamentos da população

Mudança climática

Poluição da água

Poluição do ar Desmatamento Perda da biodiversidade

Figura 1. Esquema explicativo do enfoque de saúde única (“One Health”) proposto pela FAO/OMS para gerenciamento do risco de desenvolvimento de resistência bacteriana.

de antimicrobianos em avicultura: tendências e desafios

53
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 |
Uso
SAÚDE ÚNICA MEIO AMBIENTE SAÚDE ANIMAL SAÚDE HUMANA

nutrição

De relevância para os profissionais de avicultura foi a classificação feita pela OMS dos antimicrobianos em: “criticamente importantes de alta prioridade”, “criticamente importantes”, “altamente importantes” e “importantes” para uso humano (Quadro 1).

Esta classificação tem permitido aos órgãos governamentais, gerenciar o risco do desenvolvimento de resistência bacteriana aos antimicrobianos. Neste contexto, é preciso conhecer alguns atos legislativos recentes publicados pela ANVISA e pelo MAPA pelo impacto que eles têm na cadeia de produção animal e, de modo muito especial, na avicultura.

A IN N˚ 162/2022 da ANVISA impacta a avicultura, porque ao atualizar a lista de LMRs para ativos de uso em animais de produção, ela deixa de fora algumas moléculas antigas para as quais não existem parâmetros de referência toxicológicos estabelecidos (LMRs, IDA, resíduo marcador, etc.), estabelecendo um prazo para que estes dados sejam apresentados.

A inexistência dos estudos solicitados para a definição de LMRs (especificados na RDC N° 730/2022 da ANVISA) causa alguma preocupação porque algumas destas moléculas são de uso frequente em nosso país; por outro lado, estes testes são dispendiosos, demorados e muitos deles não são feitos no Brasil.

CRITICAMENTE IMPORTANTES*

Gentamicina – Rifamicina – Cefalosporinas de 3ª, 4ª e 5ª gerações – Vancomicina – Carbapenenos –Tigeciclina – Daptomicina – Macrolídeos (Ex. Eritromicina) – Monobactanos – Linezolid – Penicilinas (todas) – Fosfomicina – Polimixinas (Colistina) – Quinolonas e Fluoroquinolonas – Isoniazida e análogos.

ALTAMENTE IMPORTANTES

Amidinopenicilinas – Anfenicois (Cloranfenicol) – Cefalosporinas de 1ª e 2ª gerações – Cefamicinas –Lincosamidas (Clindamicina) – Oxacilina – Tetraciclinas – Antimicrobianos estereoidais – Estreptograminas (Dalfopristina/Quinupristina) – Sulfas e Trimetropinas – Sulfonas (Dapsona) – RiminofenazinasIMPORTANTES

Aminociclitois (Espectinomicina) – Polipeptídeos cíclicos (Bacitracina) – Nitrofuranos – Nitromidazois (Metronidazol) – Pleoromutilinas (Retapamulina)

Quadro 1. Classificação dos antimicrobianos de relevância para a saúde humana. Segundo a OMS (2) .

* Em negrito: Criticamente importantes de alta prioridade para a saúde humana.

antimicrobianos em avicultura: tendências e desafios

54
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 |
de
Uso

DAS N˚ 623/2022, por sua vez, causa desconforto, pois além de consolidar atos normativos anteriores em que proibiu, em todo território nacional a fabricação, manipulação, comercialização e importação de aditivos melhoradores de desempenho formulados com diversos princípios ativos (vide Quadro 2) acrescenta a bacitracina e a virginiamicina à lista.

Ou seja, ela continua o processo de proibição gradativo do uso de aditivos melhoradores do desempenho em nosso país, conforme recomendado pela OMS e pelo Codex alimentarius (3,4)

Organoclorados

Avoparcina

Arsenicais e antimoniais

a necessidade de que se usem os antimicrobianos de forma prudente em frangos de corte e em galinhas de postura. Estas normas representam requerimentos mínimos a serem seguidos pelos médicos veterinários quando do tratamento de aves com antimicrobianos. São informações que se aplicadas permitem que se faça um tratamento correto, embasado na ciência, livre do automatismo, de modismos ou de influências. Um tratamento centrado na realidade atual e nas possíveis consequencias do ato feito.

ATIVOS LEGISLAÇÃO

Portaria MAPA N˚ 191 de 6/05/1986

Of. Circ. DFPA nº 047/1998

Portaria SARC/MAPA Nº 31 de, 29/01/2002

Cloranfenicol e Nitrofuranos

Tireostáticos, androgênicos, estrogênicos, gestagênicos e β-agonistas como promotores do crescimento

Olaquindox

nutrição

IN MAPA Nº 09 de 27/06/2003

IN MAPA Nº 17 de 18/06/2004

IN MAPA Nº 11 de 24/11/2004

Carbadox IN MAPA Nº 35 de 14/11/2005

Violeta de genciana (cristal violeta)

IN MAPA Nº 34 de 13/08/2007 Anfenicóis, Tetraciclinas, e Beta lactâmicos (Benzilpenicilâmicos, Cefalosporinas), Quinolonas e Sulfonamidas sistêmicas como aditivos

Art. 18 da IN Nº 26, 9/07/2009 (revoga Portaria nº 193/1998)

IN MAPA Nº 55 de 1/12/2011 Espiramicina e eritromicina

Anabolizantes naturais ou assemelhados

IN MAPA Nº 14, 17/05/2012 Sulfato de colistina

Tiamulina, Lincomicina e Tilosina

IN MAPA Nº 45, 22/11/2016

IN SDA/MAPA N˚ 1 de 13/01/2020

Quadro 2. Ativos proibidos em animais de produção no Brasil e legislação correspondente.

* Em negrito: Antimicrobianos já usados como aditivos zootécnicos melhoradores do desempenho.

de antimicrobianos em avicultura: tendências e desafios

55
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Uso

BOAS PRÁTICAS VETERINÁRIAS NO TRATAMENTO DE INFECÇÕES BACTERIANAS Conhecimentos do Veterinário (Experiência clínica, meios de diagnóstico) DIAGNÓSTICO

Sintomas clínicos permitem conclusão iniquívoca do patógeno envolvido.

Sintomas clínicos indicam uma infecção bacteriana. Sintomas clínicos severos que não pemitem uma conclusão sobre o patógeno envolvido.

Exame microbiológico apropriado com antibiograma seguido pela identificação do patógeno

Colher amostras para exame de forma apropriada e randônica para confirmar o diagnóstico ou para verificar o desenvolvimento de resistência bacteriana

Sempre colher amostras para definir o patógeno envolvido, a presença e o grau de resistência bacteriana

Escolha do antimicrobiano de acordo com o critério selecionado

De curto espectro de ação com experiencia comprovada de efetividade contra o patógeno causal.

De largo espectro de ação com experiencia comprovada de efetividade contra o patógeno causal.

Com base em resultados microbiológicos continue a terapia ou, se necessário, mude a terapia para outro antibiótico de curto espéctro de ação se possível.

Se o tratamento falhar: repita o teste microbiológico empregando antiibiograma após isolamento do patógeno.

Monitore os resultadoss do tratamento e avalie o diagnóstico feito e o tratamento que foi efetivado

Figura 2. Critérios de uso prudente para terapia de aves com antimicrobianos (6)

56
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Uso de antimicrobianos em avicultura:
e
nutrição
tendências
desafios
A Figura 2 mostra alguns destes critérios.

MEDIDAS DE USO PRUDENTE DE ANTIMICROBIANOS

Avaliar cuidadosamente a necessidade do uso da medicação, em especial da terapêutica.

Garantir que o medicamento a ser utilizado seja indicado para aves. Frangos de corte? Galinhas de postura? Perus?

Avaliar o tipo de tratamento que se pretende fazer (metafilático? terapêutico?).

Consultar a legislação brasileira. O antimicrobiano e o uso pretendidos são permitidos por lei?

Utilizar antimicrobianos somente após diagnóstico microbiológico preciso (vide Figura 1).

Restringir o uso dos antimicrobianos criticamente importantes como aditivo melhorador do desempenho.

Lembrar que o MAPA atendendo a uma demanda da OMS está recomendando que não se usem antimicrobianos como aditivos melhoradores do desempenho.

Não use antimicrobianos criticamente importantes como primeira escolha para o tratamento e evite empregá-los com finalidade de controle de enfermidades.

Ficar atento aos cálculos de dosagens; rever os cálculos.

Usar a via de administração mais adequada. Se oral: na água de dessedentação ou na ração?

Verifique a solubilidade do antimicrobiano em água. Faça misturas homogêneas. Se for medicar por via oral na água de bebida dar preferência ao uso de dosadores.

Obedecer à prescrição da bula do medicamento. Ela foi aprovada pelo MAPA: garante a eficácia, a ausência de toxicidade e o período de carência correto.

Não usar produtos que não tenham sido aprovados pelo MAPA (Piratas). Como garantir no caso de uso, a eficácia e a ausência de resíduos no produto final?

Verificar se o antimicrobiano é tempo-dependente, concentração dependente ou tempo e concentração dependente. Administrar de acordo com estas características farmacocinéticas.

Evitar associação de antimicrobianos e ao fazer consultar a literatura. Regras rígidas de associação têm se mostrado equivocadas. Manter o período de carência estipulado em bula. Lembre-se que os métodos analíticos modernos podem quantificar concentrações de até ppt de ativos em alimentos.

Cuidar para que não ocorra contaminação ambiental durante a preparação da água/ração medicada, durante o tratamento. Cuide adequadamente dos dejetos; alguns antimicrobianos são eliminados de forma não metabolizada, representam fontes de resíduos e contribuem para o aumento de formas de resistência bacteriana no meio ambiente.

Quadro 3. Recomendações para uso prudente de medicamentos em aviculatura (7,8).

Neste cenário de restrição ao uso de antimicrobianos como aditivos melhoradores do desempenho, vem ganhando especial destaque o desenvolvimento de tecnologias de manejo destinadas à manutenção da eubiose intestinal. De destacarem-se, aquelas que ressaltam o papel protetor, estrutural e metabólico desempenhado pela microbiota intestinal (Figura 3).

de antimicrobianos em avicultura: tendências e desafios

nutrição

57
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Uso
O Quadro 3 apresenta outras normas de uso prudente que têm sido recomendadas para o uso de antimicrobianos em avicultura.

nutrição

FUNÇÃO PROTETORA FUNÇÃO ESTRUTURAL

Deslocamento de patógenos

Competição por nutrientes Competição por receptores

Produção de fatores antimicrobiais como por ex. bacteriocinas e ácido lático, e

Liberação de citocinas anti-inflamatórias

Fortificação da barreira

Indução de IgA Efeitos sobre as ligações oclusivas apicais Desenvolvimento do sistema imune.

FUNÇÃO METABÓLICA

Controle da diferenciação e proliferação de células Síntese de enzimas e de imunes vitaminas Metabolismo de toxinas da dieta

Fermendação da dieta não-digerida e do muco epitelial

Absorção de íons Economia de energia Produção de ácidos graxos de cadeia curta

Ácidos graxos de cadeia curta

Mg2+ Ca2+ Fe2+ Vitamina K Biotina Folato

Figura 3. Funções da microbiota intestinal. Modificado de O’Hara & Shanahan (7) .

Amplas evidências científicas mostram que a saúde intestinal de aves (eubiose) é mantida pelo equilíbrio dinâmico entre: A biota comensal (bifidobactérias, Lactobacillae, bacterióides, Eubacteria, etc.),

Sistema imune intestinal (tonsilas, placas de Peyer, Bursa de Fabricius nas aves, folículos linfóides, linfócitos T e B, células natural killer e dendríticas) e Integridade da mucosa intestinal (enterócitos, células de Paneth, células M, de globet, etc.).

Em especial, a biota comensal ativa receptores de mucosa direcionando os linfócitos a produzir citocinas de perfil antiinflamatório (IL-10, TG-β) em detrimento de outras de perfil inflamatório (IL-1, TNFα) liberadas por patógenos, mantendo a integridade e a permeabilidade da mucosa(7,8)

Perturbações da relação harmônica existente entre mucosa intestinal, sistema imune e biota comensal (eubiose) frequentemente levam os animais a apresentar uma condição denominada de “disbiose” ou “disbacteriose”, caracterizada por biota qualitativa ou quantitativamente anormal (perda do balanço bacteriano ecológico) e presença de processos inflamatórios crônicas no intestino que dificultam a digestão de fibras, o ganho de peso e a conversão alimentar, isto é, que diminuem a produtividade.

antimicrobianos em avicultura: tendências e desafios

58
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 |
de
Uso
Bactérias comensais TG-β IL-10 IgA

Diversos estudos têm apontado que aportes nutricionais adequados são capazes de gerar uma cadeia de eventos positivos, que são essenciais para definir a composição da microbiota intestinal e para a manutenção da saúde das aves (9) .

Os probióticos, prebióticos, sintobióticos, ácidos graxos de cadeia curta, ácidos orgânicos, óleos essenciais, fitoquímicos, β-glicanos, nucleotídeos e, entre outras, as leveduras fazem parte deste novo e promissor arsenal de tecnologias que buscam aumentar a produtividade pela manipulação da microbiota intestinal, uma nova área da ciência chamada de imunonutrição.

No entanto, há que se destacar que apesar de alguns benefícios reais já relatados, a maior parte dos efeitos imunomodulatórios destes agentes ainda é objeto de controvérsia e de algum debate (9). De fato, mesmo na presença de modernas técnicas moleculares, 70-80% da microbiota intestinal dos animais ainda permanece subavaliada (12), fato que tem dificultado a substituição dos aditivos antimicrobianos por outros em avicultura. Um desafio a ser resolvido.

Há, pois, que valorizar o trabalho do médico veterinário, pela sua experiência clínica no diagnóstico e tratamento de aves. É ele que cumpre e faz cumprir as normas de uso prudente de antimicrobianos, cuidando de modo especial da nutrição dos animais e das medidas de biossegurança e de higiene dos plantéis. Afinal de contas, temos muitas espécies animais e muitos agentes infecciosos a tratar em medicina veterinária e por isso mesmo temos que preservar o uso dos antimicrobianos ainda disponíveis, empregando-os de forma prudente e judiciosa.

nutrição

Em um cenário como este de busca por novas tecnologias de modulação da microbiota e da imunidade intestinal, ainda se faz necessário empregar os antimicrobianos como aditivos.

Uso de antimicrobianos em avicultura: tendências e desafios BAIXAR EM PDF

Referências bibliográficas sob consulta junto ao autor.

de antimicrobianos em avicultura: tendências e desafios

59
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Uso

FATORES ESTRATÉGICOS NO CONTROLE DA DOENÇA GUMBORO

Oprimeiro relato da "Doença de Gumboro" foi feito por Albert Cosgrove no início da década de 1960, com base em um caso clínico ocorrido em uma granja localizada na pequena cidade de Gumboro, no estado de Delaware nos EUA. É por esse motivo que muitas pessoas se referem ao Vírus da Doença Infecciosa da Bursa como "Doença de Gumboro"’.

60
aviNews Brasil 4º Trimestre
saúde animal 2022 | Fatores estratégicos no controle da Doença Gumboro

A Doença de Gumboro ou Doença Infecciosa da Bursa (IBD) é uma enfermidade em aves causada por um Avibirnavírus denominado Vírus de Gumboro ou Vírus da Doença Infecciosa da Bursa (IBDV). Os sinais clínicos diferem, mas em todos os casos causam enormes danos.

O vírus de Gumboro ingressa nas aves pela via oral e em algumas horas é identificado nos macrófagos e nas células linfóides do trato digestivo, inclusive no ceco, duodeno, jejuno e fígado. Logo em seguida, ele entra na primeira fase de viremia que lhe permite chegar até o órgão-alvo, que é a bursa de Fabricius onde ocorre a replicação.

A intensidade e a extensão das lesões explicam os efeitos clínicos da infecção. Embora isso não seja totalmente entendido, tais efeitos dependem de diversos fatores, inclusive: do tipo de vírus de Gumboro que infecta as aves, da virulência desse vírus, do tipo genético das aves, de seu status de imunidade ativa e passiva, da idade na data da infecção, de infecção concomitante com outros patógenos, de alguns fatores ambientais, como a época do ano, a qualidade da ração, as condições de bem-estar etc.

Essa replicação é responsável por diversas alterações morfológicas do órgão, que corresponde a inúmeras lesões microscópicas e macroscópicas bastante variáveis.

Entre elas inclui-se a destruição maciça dos linfócitos B, o que explica a depleção dos folículos linfóides da bursa. Após a replicação na bursa, ocorre uma segunda viremia maciça.

O IBDV é um vírus tão resistente, que sobrevive mesmo após procedimentos de rotina bem feitos de limpeza e desinfecção. Na maioria das vezes, depois de contaminados, os galpões tendem a permanecer contaminados.

O agente causador já está presente na granja, na cama, ou antes de os pintos de um dia serem alojados nos galpões, de forma que a probabilidade de desafio na maioria das granjas é exatamente 100%.

Nessa situação especial, é compreensível que a vacinação tenha como objetivo: tanto proteger as aves como prevenir o desafio de sair do controle, ou seja, "controlar" a Doença de Gumboro.

61
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 |
saúde animal Fatores estratégicos no controle da Doença Gumboro

Os objetivos do programa ideal de vacinação contra Gumboro devem ser:

Garantir a proteção contínua das aves contra infecção pelo IBDV da Granja, desde o alojamento dos pintos de um dia até a saída para o abatedouro ou o galpão de postura ("proteção viral").

Se não for possível essa prevenção, as aves devem então ser no mínimo protegidas contra os efeitos iniciais da infecção ("proteção clínica").

Prevenir ou reduzir significativamente a quantidade de vírus excretado pós-desafio ("proteção contra excreção").

Prevenir o aumento da pressão viral, ciclo após ciclo.

Prevenir a evolução do IBDV da Granja para um vírus capaz de sobreviver ao programa de proteção.

Esses dois últimos pontos são os resultados da "proteção contra a excreção". Em outras palavras, os objetivos do programa ideal de vacinação contra a IBD deveriam ter como meta PARAR COM O CICLO DE GUMBORO

Apenas um programa de prevenção de Gumboro e de vacinação eficaz consegue parar o ciclo dessa doença e o aumento da pressão viral.

Atualmente as tecnologias mais utilizadas para imunização contra a doença de Gumboro são as vacinas vivas complexo-imune e as vacinas vetorizadas de Marek rHVT+ IBD, sendo que as vacinas complexo-imune se destacam, com elevado número de aves vacinadas, mais de 70% dos frangos produzidos no Brasil. Isso se deve, à capacidade dessa tecnologia de controlar a enfermidade de forma efetiva, o que foi experimentado pela indústria brasileira nas últimas década e meia.

VACINAS COMPLEXO IMUNE

Consistem de suspensão do vírus de Gumboro vivo atenuado do tipo Intermediário Plus misturado, em proporções bem definidas com antissoro. Dessa forma, o vírus vacinal é coberto por imunoglobulinas específicas (Imunoglobulinas Protetoras do Vírus, ou VPI) e, portanto, fica protegido de ser reconhecido pelos anticorpos maternais (AcM).

Após a administração, as VPI são catabolizadas ao mesmo tempo que os AcM; e o vírus vacinal é liberado. A proteção da vacina, que corresponde à replicação do vírus vacinal na Bursa, ocorre quando os AcMs atingem um nível que permite a chegada do vírus vacinal na Bursa, antes do lote tornar-se suscetível à infecção.

Infecção Retirada das aves Excreção Queda dos AcM Crescimento Alojamento Limpeza Desinfecção Vazio sanitário CICLO DE GUMBORO
Fonte: Singh, Archana et al. (2019) Figura 1. Localização da Bursa de Fabricius 62 saúde animal aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Fatores estratégicos no controle da Doença Gumboro

Resultados da SSIU CEVA-PHYLAXIA)

Gráfico 1. Proteção contra excreção do vírus de desafio conferida por vacinas de IBD Complexo-Imune e rHVT-VP2.

A segurança das vacinas Complexo Imune é semelhante à das vacinas vivas do tipo Intermediárias, com a vantagem adicional que todas as aves são imunizadas com a mesma dose bem controlada da vacina.

Imunizações com este tipo de tecnologia, ciclo após ciclo, diminuem a pressão viral, e consequentemente, a pressão por seleção não ocorre na população viral da granja, e assim se alcança o “controle” verdadeiro da doença.

VACINA VETORIZADA (RHVT+IBD)

Estas vacinas são produzidas a partir de vírus geneticamente modificados (vetor HVT), cujo genoma contém o gene do vírus de Gumboro, que codifica a proteína VP2 do capsídeo viral.

Diferentemente das vacinas vivas, a vacina recombinante não estimula todos os ramos do sistema imune, pois não existe a replicação do vírus de Gumboro, mas apenas uma resposta de anticorpos contra o antígeno VP2, carregado pelo vírus de Marek (rHVT).

IBDV Fonte: hobiternak.com

Ao contrário das vacinas Intermediárias Plus, em que a proteção completa aparece cerca de dois dias após a replicação do vírus, a proteção induzida pelas vacinas rHVT-VP2 vai aumentando aos poucos (depende da produção de anticorpos), levando alguns dias até várias semanas pós-administração.

| Fatores estratégicos no controle da Doença Gumboro

0% Vetorizada (rHVT IBD-VP2) Complexo
14 21 28 35 20% 40% 40% 60% 90% 60% 90% 100% 100% 60% 80% 100% Proteç ã o (%) Idade
desa o (dias)
imune
do
Figura 2. Vacina gumboro rHVT-VP2 Genoma do HVT Virus vacinal HVT Virus IBDV Virus vacinal HVT IBDV Gene VP2 Genoma do
63
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022
saúde animal

saúde animal

Proteç ã o total

Anticorpos maternais

Vacina complexo imune Vacina vetorizada

Diferença de proteção entre vacinas

As vacinas rHVT-VP2 conferem baixa eficácia contra infecção e excreção, e essa proteção é até menor com algumas cepas, favorecendo o surgimento de novas variantes, o que pode ser evidenciado em vários trabalhos de campo, como exemplo um trabalho realizado recentemente em 2022 – Figura 2 .

3 semanas 6 semanas

Idade da ave

Gráfico 2. Inicio de proteção de vacinas de Gumboro de diferentes tecnologias.

A vacina rHVT-VP2 não impede a replicação do vírus de campo nas aves. Por isso, a pressão nos aviários se mantém, ou até mesmo, aumenta. No curto prazo, a imunidade induzida pelas vacinas rHVT-VP2 é adequada contra vírus de campo homólogos, mas limitada no caso de desafio precoce, como ocorre em áreas onde a pressão viral é alta.

É comum ver lotes vacinados com vacinas rHVT-VP2 apresentarem sinais de infecção (lesões macroscópicas e microscópicas com identificação do vírus de campo por PCR nas bursas), ou se recomendar a complementação do programa de vacinação com vacina viva atenuada.

A longo prazo, o fato de a imunidade ser específica para o tipo de antígeno, e não proteger igualmente contra todas as cepas virais de Gumboro afeta negativamente a prevenção da doença

Fatores estratégicos no controle da Doença Gumboro BAIXAR EM PDF

Bursas coletadas aos 14 dias de idade (antes da vacinação água de bebida)

70% 10% 20%

Negativo Variante F50/70

Bursas coletadas aos 28 dias de idade (após a vacinação água de bebida)

30% 60% 10%

Figura 3. Pesquisa de vírus de Gumboro em Bolsa de Fabricius de frangos de corte vacinados com vacina vetorizada rHTV IBD + ND (in ovo) e vacina viva convencional aos 14 dias de idade (água de bebida) em granjas comerciais.

Em frangos de corte, a melhor opção é usar vacina de Gumboro viva atenuada do tipo Intermediária Plus. Somente essa categoria de vacina consegue conferir nível elevado de proteção contra diversos tipos de IBDV e prevenir a excreção de forma eficaz, de modo que a pressão viral diminui ciclo após ciclo e se evita a probabilidade de surgimento de IBDV variante.

Como a vacinação no incubatório é o único método que garante 100% de cobertura vacinal, então a apresentação dessa vacina deve ser na forma Complexo-Imune.

64
Negativo Variante Cepa vacinal água de bebida aviNews Brasil 4º Trimestre
2022 |
Fatores estratégicos no controle da Doença Gumboro
PRODUTO COM EXPERIÊNCIA GLOBAL
CONSTRUINDO UMA BASE SÓLIDA PARA AVICULTURA INDUSTRIAL

SOLUÇÕES PARA TODAS AS NECESSIDADES DE BIOSSEGURIDADE

Virkon® LSP: a solução multiuso no nosso portfólio!

Virkon® LSP é a combinação sinergética de fenólicos sintéticos que obtém um amplo espectro de atividade com eficácia contra vírus, bactérias e fungos em grande intervalo de temperaturas e na presença de matéria orgânica.

Virkon ® LSP fornece uma solução multiuso em biosseguridade altamente conveniente para diversas aplicações desinfetantes, incluindo superfícies, equipamentos, pedilúvio, rodolúvio e termo nebulização.

Virkon® LSP tem um significante número de eficácias comprovadas contra um extenso portfólio de doenças, e é por isso que ele ajuda a moldar o futuro da biosseguridade.

biosecuritysolutions.lanxess.com

66 aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Cautela otimista em 2023
©2022
LANXESS. Virkon® S, LANXESS, the LANXESS Logo and any associated logos are trademarks or copyrights of LANXESS Deutschland GmbH or its affiliates. All trademarks are registered in many countries worldwide.

CAUTELA OTIMISTA EM 2023

Projeções

indicam recordes setoriais, mas custos seguem pressionando agroindústria

Otérmino de 2021 não foi um momento de calmaria, pelo menos para os produtores de carne de frango. A produção em alta e os elevados índices de consumo per capita se somavam ao desempenho recorde das exportações.

67 mercado aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Cautela otimista em 2023

Em números, fechamos o ano com a produção alcançando, pela primeira vez, 14,3 milhões de toneladas, com uma disponibilidade interna de 9,7 milhões de toneladas, gerando um índice de consumo per capita de 45,5 quilos. No mercado internacional, alcançamos novo recorde, nos aproximando com 4,6 milhões de toneladas para mais de 140 países.

Pelo mundo, aos poucos, a esperança da retomada crescia pelo planeta no início de 2022, com a de valor e da logística internacional, apontando para um horizonte que dizia a todos: o pior já passou. E, então, o conflito no Leste Europeu, crise global foi novamente ativada.

No Brasil, o quadro também era complexo. A alta internacional do barril do petróleo encareceu o preço dos combustíveis no País. Na indústria de alimentos, os efeitos do aumento dos custos logísticos tornaram mais clara à necessidade de reforçar e agilizar os avanços em infraestrutura ferroviária e portuária.

Quem produz carne de frango viu os custos finalmente encontrarem a estabilidade, apontando para quedas. Influenciados por perspectivas de boas safras, os insumos foram negociados em um quadro de relativa menor pressão, registrando até mesmo quedas.

Em contrabalança, os custos de produção vinham de uma escalada histórica, dobrando preços: Do milho, Do farelo de soja, Do plástico e papelão, Diesel, entre outros.

As agroindústrias e cooperativas, que não mediram esforços para garantir o abastecimento interno de produtos durante a pandemia, mantiveram o ritmo e o fluxo produtivo ao longo do ano. As perspectivas iniciais apontam para um volume de produção equivalente ao visto em 2021, oscilando na casa das 14,5 milhões de toneladas em todo o Brasil - número este que será revisto pela ABPA em dezembro.

14,5 milhões de toneladas

68 mercado aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Cautela otimista em 2023

Apoiado pelos programas sociais, o consumo de carne de frango em 2022 - proteína animal mais consumida pelo brasileiro - deverá se manter acima dos 40 quilos per capita, em padrões semelhantes ao visto na última década.

Já as exportações de carne de frango, segundo os indicadores, deverão alcançar um novo recorde. As projeções traçadas pela ABPA no início de 2022 deverão se confirmar, com volumes próximos das 5 milhões de toneladas, gerando receitas totais superiores a US$ 10 bilhões.

O QUE O SETOR ESPERA PARA 2023

As primeiras projeções traçadas pelo setor para o próximo ano apontam para um quadro novamente favorável ao desenvolvimento da atividade no país.

A produção deverá crescer em níveis sustentáveis, equilibrada em termos de oferta e demanda, que seguirá duas matrizes claramente distintas.

A primeira delas se refere ao consumo interno, destino de aproximadamente 70% de nossa produção.

Tabela 1: Projeções ABPA junho de 2022

69
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Cautela
em 2023
mercado
otimista
PROJEÇÕES APRESENTADAS PELA ABPA EM JUNHO 2022 2021 2022* 2023* var. 22/21 (%) var. 23/22 (%) PRODUÇÃO (milhões ton) 14,329 14,350-14,500 14,650-15,000 até +1,0% até +4,5% EXPORTAÇÃO (milhões ton) 4,610 4,700 4,900 5,000-5,200 até
até
9,719 até 9,800 até 10,000
45,5 até 45,5 até 46,0
+6,0%
+6,0% DISPONIBILIDADE (milhões ton)
até +0,5% até +2,0% PER CAPITA (kg)
estável até +2,0%

Aqui vemos o reflexo direto dos efeitos dos programas sociais. Ao que tudo indica - considerando que a presente análise foi escrita antes da conclusão do período eleitoral - os programas serão mantidos. E os valores apresentados pelos programas de governo que concorreram ao pleito, em torno de R$ 600,00, dão boas perspectivas sobre a dedicação de recursos em alimentação, com especial destaque para a proteína animal. A carne de frango, por questões óbvias - como preço e disponibilidade - leva larga vantagem.

Há certa imprevisibilidade com relação a outros insumos como diesel, plástico e papelão, entre outros. Questões externas ao país indicarão o comportamento destes formadores de custos. Não se espera, entretanto, que sejam determinantes para um agravamento de perda de competitividade setorial.

Por outro lado, não se preveem alterações significativas em termos de custos de produção. Mesmo com a entrada da China como player importador de milho brasileiro, há insumos suficientes para abastecer a demanda avícola pelo cereal, podendo contar ainda com as alternativas de compras externas, especialmente a Argentina, o Paraguai e os Estados Unidos.

Posto isto, a análise da ABPA é que o consumo de carne de frango não deverá aumentar significativamente em relação ao que veremos este ano, seguindo patamares equivalentes ao crescimento vegetativo da população brasileira. Teremos níveis sustentáveis de consumo.

Já no mercado internacional os fatores são ainda mais complexos. Muito além do comportamento de baixa previsibilidade do câmbio, há elementos que pressionam o comércio de carne de frango, diante de adversidades que vão desde questões sanitárias até conflitos geopolíticos.

70 mercado aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Cautela otimista em 2023

No campo das questões sanitárias, quem atua no setor sabe bem: a Influenza Aviária deixou de ser uma questão sazonal. Agora, parece estar se tornando em endêmica. Doença mais comumente registrada em períodos frios, os focos de IA persistiram nos meses quentes do Hemisfério Norte. Por lá, o verão chegou ao fim e agora fica a perspectiva de que o quadro não deverá ceder nos próximos meses.

O quadro alcançou patamares graves em grandes nações produtoras da Europa, como a França e a Holanda, além das nações da América do Norte, Ásia e África. Recentemente tivemos a notícia de focos na divisa entre Colômbia e o Panamá. O alerta está aceso em toda a avicultura mundial.

Por outro lado, o conflito no Leste Europeu tem gerado consequências severas para a União Europeia. A Ucrânia, antes representativo competidor do comércio avícola, deixou no mercado global uma lacuna representativa. Há grandes dificuldades, também, no comércio de grãos provenientes da região, de onde vinham até 17% do milho exportado no mundo. De lá, também, vinha a matriz energética que movia a avicultura europeia.

Somados estes fatores, hoje vemos agora um quadro de incerteza, em especial, para os produtores europeus, que são os terceiros maiores exportadores de carne de frango do planeta.

O quadro em vigor, que tem aumentando a demanda pelo produto brasileiro, não parece dar sinais de se findar no curtíssimo prazo, e deve gerar efeitos ao menos nos primeiros meses de 2023.

Neste contexto, é provável o registro de um novo recorde de exportações no próximo ano, superando as 5 milhões de toneladas embarcadas. Nações da Ásia (como a China, Filipinas, Vietnã, Coreia do Sul, Japão e outros), a União Europeia, mercados sazonais como o México e do Oriente Médio - como os Emirados Árabes, Catar e outros - deverão estar entre os mercados que sustentarão esta demanda.

71 mercado aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Cautela otimista em 2023

CONCLUINDO…

Em síntese, o quadro é positivo para o setor produtivo. O mundo seguirá demandando a proteína animal brasileira, assim como nossa própria população. Não se esperam problemas severos em termos de custos de produção além dos registrados até aqui, embora a eventual estabilidade se dê em patamar muito mais elevado do que acontecia anteriormentecomo já dissemos: a era do insumo barato ficou para trás.

Devemos avançar no próximo ano graças ao nosso status sanitário e às boas relações que mantemos com os diversos mercados. Nossa competitividade ainda precisará conquistar avanços estruturais importantes, bem como a conclusão de negociações de acordos comerciais - como o acordo Mercosul União Europeia.

Apesar disso, temos vantagens competitivas fundamentais, como:

Nosso status sanitário (sobre o qual devemos manter todo o esforço para preservar),

Nossa oferta de grãos e

A sustentabilidade setorial.

Como líderes do comércio global, manteremos nossa posição e nosso papel pela segurança alimentar global. Entendemos que o alimento está acima de questões geopolíticas e a avicultura do Brasil deverá manter a sua estratégia de apoiar o suprimento das nações, em complemento aos produtores locais. Seja para o nosso consumidor ou para os 140 mercados importadores, garantimos: não faltarão produtos.

72 mercado aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Cautela otimista em 2023
Cautela otimista em 2023 BAIXAR EM PDF

ESCHERICHIA COLI PATOGÊNICA PARA AVES - APEC

Aindústria avícola no Brasil cresceu constantemente com o passar dos anos, mostrando resultados promissores de um setor que investe em tecnologia e inovação para, assim, obter resultados que caracterizam a produção no país; uma produção em larga escala com ciclo rápido, custos menores e qualidade para exportar para diversos países (Rodrigues et al., 2014).

O Brasil é um dos maiores exportadores de carne de frango no mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos e China.

Segundo dados do Serviço de Inspeção Federal (SIF), no ano de 2020 foram abatidas no país mais de 5 bilhões de aves, sendo que 69% de toda esta produção fica para o mercado interno, para consumo da população (ABPA, 2021), demonstrando a importância desta proteína na alimentação dos brasileiros.

74
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 |
coli patogênica para aves - APEC
saúde animal
Escherichia
Victor Dellevedore Cruz1 e Fabrizio Matté2 1Doutorando UEL - PR 2Consultor Técnico Aves Vetanco Brasil

O Brasil chegou a alcançar a posição de segundo lugar em produção mundial nos anos de 2016, 2017 e 2018 devido à influenza aviária na China, porém, após o aparecimento da Peste Suína Africana no território chinês, o país aumentou sua produção de carne de frango em 18%, retornando ao segundo lugar na posição mundial (ABPA, 2021).

Para suprir tamanha demanda no consumo de carne de frango, a produção se especializou com linhagens melhores, nutrição e manejo (TAVARES; RIBEIRO, 2007), visando não só o aumento da produção como também a saúde e o bem-estar dos animais.

A criação das aves geralmente é feita de forma intensiva com alta densidade de animais, o que pode aumentar a ocorrência de doenças nos animais durante a produção e dentre essas doenças se destaca a colibacilose(GOMES; MARTINEZ, 2017).

colibacilose é a causa número um de morbidade e mortalidade em frangos, resultando:

Numa perda de cerca de 2% no peso corporal de cada animal, 2,7% de piora em conversão alimentar, 20% em diminuição na produção de ovos e

Aumenta em 43% as condenações das carcaças em abatedouros (GUABIRABA et al., 2015), causando perdas milionárias na produção mundial (GHUNAIM et al., 2014).

Ferreira e colaboradores (2012) analisaram dados do Serviço de Inspeção Federal no Rio Grande do Sul e constataram que em 19,8% a colibacilose era o agente primário causador de condenação de carcaças no Brasil.

75
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Escherichia coli
para aves - APEC
saúde animal
patogênica

Esta doença é causada pela bactéria Escherichia coli patogênica para aves (APEC); é uma Escherichia coli (E. coli) classificada como extra intestinal (ExPEC) que causa diversas infecções, locais e sistêmicas, nas aves incluindo frangos, perus, patos e outras espécies de aves (MOULIN et al., 1999).

Na colibacilose em frangos são visualizadas principalmente lesões extra intestinais, por isso é chamada de E. coli patogênicas extra intestinais (ExPEC) (Silva, 2015).

As infecções mais comuns causadas por APEC encontradas em frangos são aerossaculites, celulites, salpingites, onfalites, peri-hepatites, osteomielites, artrites, entre outras (DZIVA et al., 2008; NAKAZATO, 2009)

A temperatura de crescimento ideal para as APEC é de 37ºC, podendo ter um bom crescimento no intervalo de 18ºC a 44ºC (ROCHA, 2017). Existem diferentes cepas de E. coli, que são divididas de acordo com os diferentes sinais clínicos e síndromes que causam, sendo essas: enteropatogênicas (EPEC), enteroinvasivas (EIEC), enterotoxigênicas (ETEC), meningite (NMEC), enterohemorrágicas (EHEC), difusamente aderente (DAEC), uropatogênicas (UPEC) e E. coli patogênica para aves (APEC).

A APEC pode atuar como agente primário ou secundário nas infecções, afetando diferentes órgãos e causando diferentes quadros nas aves (GUASTALLI; SOARES, 2011). Quando há infecções por vírus, por exemplo, como o da Bronquite Infecciosa ou Newcastle, ocorre à destruição das barreiras físicas do trato respiratório superior das aves, o que contribui para infecção por APEC de forma secundária. Amônia e poeira na produção também contribuem para esta infecção (ROCHA, 2017).

A infecção nas aves geralmente ocorre pela comida e água contaminadas e pode ser espalhada para outras aves através de aerossóis, secreções ou por rota oro-fecal (GUABIRABA et al., 2015), podendo também ser transmitida verticalmente de matrizes aos ovos (DZIVA, 2008) e estes embriões nos ovos podem apresentar septicemia e crescimento deficiente, caso sobreviva, nos primeiros dias de vida da ave (SILVA, 2015).

76
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 |
coli
para aves - APEC
saúde animal
Escherichia
patogênica

As APEC permanecem no ambiente por grandes períodos, podendo ter como reservatórios os cascudinhos (Alphitobius diaperinus), roedores, animais silvestres e moscas (CAMARGOS, 2019), destacando-se a importância do controle de pragas, manejo e instalações minimamente estruturadas.

A mortalidade nos animais varia conforme fatores como:

Imunocompetência, Idade, Doenças concomitantes (ALMEID et al., 2016), Fatores de virulência e patogenicidade (SAROWSKA et al., 2019)

Estes fatores de virulência são codificados por vários genes associados à virulência. Cepas de APEC são geneticamente heterogêneas e carregam uma diversa combinação destes genes associados à virulência, dentre eles adesinas (iha, tsh, fimC, papG, mat), toxinas e hemolisinas (vat, hlyA, stx, astA, sat), sistema de aquisição de ferro (iroN, chuA, ireA, iucD, iutA), resistência ao sistema imune (iss, ompA, traT, neuC, kpsMTII), entre outros (CUMMINS et al., 2019).

Não há classificação exata para afirmar quais genes de virulência específicos tem de estar presentes na E. coli para ser classificada como APEC, contudo, em um estudo de Johnson e colaboradores (2008) observouse que cinco genes (iss, iroN, iutA, hlyF e ompT) eram detectados em APEC com alta patogenicidade em aves, estabelecendo, assim, preditores mínimos para uma APEC, sendo seguido por diversos autores e estudos atuais.

Em experimentos feitos atualmente tem-se relatado a APEC como um potencial patógeno zoonótico de origem alimentar, como também fonte ou reservatório de infecções extra intestinais em humanos (LIU et al., 2018; TIVENDALE et al., 2010; MEENA et al., 2020; JORGESEN et al., 2019; ZHUGE et al., 2020) devido a similaridade genética existente entre plasmídeos de ExPEC humano (UPEC e NMEC) com plasmídeos ColV (pAPEC078-ColV, pAPEC-O2-ColV, pAPEC-O1, p1ColV5155), que são essenciais para APEC se adaptar às aves; também estão presentes em humanos (JORGESEN et al., 2019).

77
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 |
para aves - APEC
saúde animal
Escherichia coli patogênica

Para evitar grandes perdas com doenças, um meio de reduzir os danos causados é a administração de antimicrobianos, porém, essa administração causa pressão seletiva na população bacteriana, levando a eliminação de cepas susceptíveis e a multiplicação exponencial de cepas resistentes com este genótipo (KLEIN; FRANZ, 2005).

Diversos países tem apresentado em seus estudos relatos de APEC multirresistentes a antimicrobianos (NEWMAN et al., 2021; JOHNSON et al., 2021; SUBEDI et al., 2018; VARGA et al., 2018; LI et al., 2007; DOU et al., 2016; CHANSIRIPORCHAI et al., 2011; SAIDI et al., 2013; AHMED et al., 2013; SOLÀ-GUINÉZ et al., 2015) e o Brasil não é exceção, mostrando alta resistência a sulfonamidas, tetraciclinas e quinolonas, que são os antimicrobianos mais utilizados nas granjas (BARBIERI et al., 2013; BRAGA et al., 2016; BEZERRA et al., 2016; CARDOSO et al., 2002; MARIETTO & ANDREATTI, 2010), fazendo pressão seletiva nas bactérias, selecionando as bactérias resistentes e que irão se multiplicar e se disseminar por mais lotes se não houver manejo e monitoramento correto.

O controle de infecções por APEC em frangos é usualmente feito através da administração de antimicrobianos, manejo do ambiente como fermentação da cama, controle de cascudinhos, vazio sanitário, juntamente com a vacinação das aves contra vírus e doenças imunossupressoras (CHRISTENSEN et al., 2022), porém, há novas alternativas como probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos e extratos herbais, com objetivo de desenvolver tratamentos preventivos e terapêuticos eficazes para controlar APEC nas aves (WANG et al.,2017; WANG et al., 2016).

Escherichia coli patogênica para aves - APEC BAIXAR EM PDF

Referências bibliográficas sob consulta junto aos autores.

78
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Escherichia coli patogênica para aves - APEC
saúde animal

Patologia

DOENÇA DE GUMBORO: COMPREENDENDO O ATUAL CENÁRIO BRASILEIRO

José Emílio de Menezes Dias, mestrando do programa de pós graduação em Produção e Sanidade Animal - IFC campus Concordia/SC. Eva Laurice Pereira Cunha Hunka, Gerente de produtos e serviços técnicos para América do Sul da Phibro saúde animal. Diogenes Dezen, Prof. Dr. Orientador do programa de pós-graduação em Sanidade animal/ IFC campus Concórdia. Breno Castello Branco Beirão, Professor do departamento de Patologia Básica da UFPR e professor no programa de pós graduação em Produção e Sanidade animal do IFC campus Concórdia/SC.
80
aviNews
o atual cenário
Brasil
Trimestre 2022 | Doença de Gumboro: compreendendo
Brasileiro

Introdução

A doença de Gumboro, também conhecida como doença infecciosa da Bursa (IBD) é uma das enfermidades mais conhecidas da avicultura brasileira e mundial, entretanto, continua presente nos debates envolvendo sanidade avícola. Entender sobre este assunto exige constante atualização sobre o tema, a evolução do agente causador, bem como seus impactos.

O agente etiológico é um vírus da família Birnaviridae, gênero Avibirnavirus, que possui genoma RNA fita dupla e é não envelopado, o que o torna mais resistente às condições ambientais e métodos de desinfecção comumente utilizados na indústria avícola.

Outra característica importante do vírus de Gumboro (IBDV) é a presença de uma proteína estrutural e imunodominante, responsável por induzir a produção de anticorpos neutralizantes pelo hospedeiro, chamada de VP2. Esta proteína possui uma região hipervariável, aumentando a variabilidade antigênica deste vírus e contribuindo para possibilidade de evasão viral frente ao sistema imune (MICHEL e JACKWOOD, 2017).

81
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022
Figura 1: Estrutura do vírus de Gumboro
Patologia
| Doença de Gumboro: compreendendo o atual cenário Brasileiro

Patogenia

As aves se infectam pela via oral e o vírus é transportado pelas células fagocíticas até chegar à Bursa de Fabricius (BF) que é o seu principal órgão de predileção e, rapidamente, inicia o seu processo de replicação, acarretando na destruição de células linfóides da BF, principalmente os linfócitos B (Figura 2).

Nos casos de infecções tardias, o tecido da BF que sofreu depleção linfóide, pode ser repovoado pelos linfócitos B (MÜLLER et al., 2003), entretanto, o aumento no número de linfócitos T e sua ação pode retardar a regeneração linfóide do tecido (RAUTENSCHLEIN et al., 2002)

Fonte: arquivo pessoal.

Figura 2: Tecido da Bursa de Fabricius sem (A) e com (B) depleção linfóide

Além disso, há o aumento no recrutamento de linfócitos T na BF durante e após a replicação viral, o que pode contribuir para o dano tecidual através dos efeitos citotóxicos e de liberação de citocinas (SHARMA et al., 2000).

Os achados decorrentes da patogênese do IBDV incluem: Anorexia, Diarreia, Prostração, Mortalidade variável, Desidratação, Atrofia, Desuniformidade e hemorragia da BF (Figura 3) e músculos.

Figura 3: Atrofia e desuniformidade de Bursa de Fabricius de aves infectadas pelo vírus de Gumboro

Fonte: arquivo pessoal.

82
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Doença de Gumboro: compreendendo o atual cenário Brasileiro
Patologia

Além disso, a IBD pode levar a quadros de imunossupressão, principalmente quando as aves entram em contato com o vírus de forma precoce (2 a 3 semanas de vida), justamente por ser o momento em que as aves estão maturando o seu sistema imune.

Esse quadro leva a queda no desempenho dos lotes e ao aumento na susceptibilidade a outros patógenos, aumentando, por exemplo, a condenações de carcaças no abatedouro (SHARMA et al., 2000), além de comprometer a resposta vacinal para outros agentes (FAN et al., 2020)

Classificação atual

As estirpes virais de Gumboro são classificadas de acordo com sua patogenicidade em três grupos: subclínicas, clássicas e hipervirulentas (VAN DEN BERG et al., 2004).

Há também uma caracterização do vírus através de seu fenótipo antigênico, onde são analisadas as sequências de aminoácidos na região hipervariável da proteína VP2. Atualmente essa classificação conta com 7 Genogrupos: Genogrupo 1 (clássicas), Genogrupo 2 (variantes), Genogrupo 3 (hipervirulentas), Genogrupo 4 (linhagem distinta, altamente prevalente na América do Sul), Genogrupo 5 (estirpes encontradas no México), Genogrupo 6 (estirpes presentes na Arábia Saudita), Genogrupo 7 (estirpes presentes na Austrália e na Rússia) (MICHEL e JACKWOOD, 2017) (Figura 4).

83
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Doença
Patologia
de
Gumboro: compreendendo o atual cenário Brasileiro

Classificação

Genogrupo 6

Genogrupo 3

Genogrupo 4

Genogrupo 7

Genogrupo 1

Genogrupo 5

Epidemiologia no Brasil e América do Sul

Estudos envolvendo amostras do IBDV encontrados na América do Sul revelaram a existência de estirpes virais do Genogrupo 4 em lotes de aves comerciais, sugerindo a circulação de estirpes virais com linhagem distinta na região (HERNANDÉZ et al., 2015; DE FRAGA, 2019; TOMÁS et al., 2019).

No Brasil, também há indícios de prevalência de vírus de campo mesmo em lotes vacinados. Dentre as principais estirpes encontradas, estão as hipervirulentas e as variantes (MUNIZ et al., 2018). Estirpes virais do Genogrupo 4 também se mostram com alta prevalência mesmo em lotes vacinados no país (DE FRAGA, 2019; DIAS et al., 2021).

Genogrupo 2

Fonte: adaptado de MICHEL e JACKWOOD, 2017.

Dependendo da técnica molecular utilizada e literatura consultada, pode-se realizar a classificação dos grupos moleculares de forma diferente do que é proposto atualmente, por exemplo, no Brasil, a técnica molecular mais utilizada para genotipagem do IBDV é a RFLP. Esta técnica é realizada a partir de um fragmento do material genético com alto grau de especificidade e é baseada no padrão de digestão enzimática de cada grupo molecular.

das estirpes virais de Gumboro em Genogrupos
84
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Doença de Gumboro: compreendendo o atual cenário Brasileiro
Patologia
DESENVOLVIDA PARA A SUA ESCOLHA DO LÍDER EM CONFIANÇA E TECNOLOGIA EM VACINA VETORIZADA CONTRA GUMBORO Forte base imunológica e proteção otimizada contra as doenças de Marek, Gumboro e Newcastle. Uma solução completa para proteger as aves contra três doenças: 13 em

No país, a partir da técnica padronizada mais utilizada de RFLP, as estirpes do Genogrupo 4 são classificadas como pertencentes aos grupos moleculares 15 e 16, e quando comparadas ao banco de dados das estirpes virais do Genogrupo 4, apresentam alto grau de similaridade genética.

Estudos conduzidos por um grupo de pesquisadores do Uruguai tiveram como objetivo avaliar o perfil de antigenicidade, patogenicidade e efeitos imunossupressores de um isolado Uruguaio do IBDV pertencente ao Genogrupo 4. Dentre os principais achados, podemos destacar que as aves infectadas pela estirpe viral do Genogrupo 4 não demonstraram sinais clínicos, entretanto, a atrofia da BF observada foi similar às aves infectadas por uma estirpe hipervirulenta.

Os efeitos subclínicos e imunossupressores parecem ser uma característica comum entre as estirpes virais de Gumboro variantes e do Genogrupo 4 (TOMÁS et al., 2019).

Para confirmar os efeitos imunossupressores da estirpe viral do Genogrupo 4, as aves infectadas foram vacinadas contra o vírus da doença de Newcastle e posteriormente desafiadas com uma estirpe virulenta do vírus de Newcastle. As aves infectadas pela estirpe viral do Genogrupo 4 tiveram títulos de anticorpos 85% mais baixos para a doença de Newcastle do que o grupo controle e, consequentemente, tiveram mortalidade elevada (70%).

86 Patologia aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Doença de Gumboro: compreendendo o atual cenário Brasileiro

Implicações das variantes antigênicas

Os efeitos negativos ligados ao IBDV, principalmente às formas subclínicas, estão ligados ao seu potencial imunossupressor, o que pode acarretar perda de desempenho e surgimento de doenças oportunistas.

A destruição dos linfócitos B (responsáveis pela produção de anticorpos), principalmente quando acontece por um agente “selvagem” de forma precoce (por volta da segunda semana de vida) acarreta diminuição da resposta imune para outros agentes como o vírus de Newcastle, Bronquite Infecciosa, dentre outros (SHARMA et al., 2000).

Estudos realizados por pesquisadores do Canadá, onde há prevalência de estirpes do IBDV do Genogrupo 4, concluíram que as estirpes variantes e do Genogrupo 4 foram responsáveis por perdas de 3.9 mil toneladas de carne de frango em um ano (10% da produção anual), decorrente de maior mortalidade, pior conversão alimentar e consequentemente menor produção de carne (ZACHAR, et al., 2016).

Métodos de controle e possíveis falhas

Por se tratar de um vírus muito resistente e de difícil eliminação no ambiente pelas medidas de biosseguridade usuais, a vacinação é a principal medida de controle contra o IBDV. Começando pela imunização das matrizes com o foco na transmissão de imunidade passiva e, posteriormente, a vacinação dos próprios pintinhos para induzir a resposta imune ativa (MICHEL e JACKWOOD, 2017).

É válido lembrar que para o controle dos vírus respiratórios, é muito importante a resposta via imunidade de mucosas, principalmente via IgA, que depende dos linfócitos B para sua produção. Além disso, infecções por vírus “selvagem” de Gumboro, na maioria das vezes, não permite a recuperação da população de linfócitos B na BF, como ocorre com o uso de vacinas vivas.

87 Patologia aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Doença de
Brasileiro
Gumboro:
compreendendo
o atual cenário

A correta imunização das matrizes e monitoria dos títulos de anticorpos dos pintos de 1 dia, se mostram peças determinantes no controle do IBDV. Em estudo realizado em 2021 no Brasil, foi encontrada alta prevalência de estirpes do Genogrupo 4 em aves jovens (18 a 26 dias) vacinadas com as principais tecnologias de vacinas para incubatório (vetorizada e de complexo imune).

Este resultado pode ser decorrente de baixos títulos de anticorpos das matrizes ou uma característica da própria estirpe viral do Genogrupo 4 de colonização precoce da BF, conseguindo realizar a replicação antes da vacina de complexo imune e que consiga se evadir da resposta imune induzida pela vacina vetorizada (DIAS, et al., 2021).

Uma das ferramentas mais importantes para a monitoria de lotes vacinados contra a IBD é a biologia molecular. Através de técnicas como a de RT-PCR associado à técnica de RFLP, é possível dizer quais as estirpes virais presentes na integração e se os resultados estão de acordo com o programa vacinal utilizado. Além disso, ferramentas como a histopatologia e a sorologia são importantes para complementar os achados da biologia molecular.

Sobre a prevalência e o potencial de causar prejuízo na indústria avícola que as estirpes virais do Genogrupo 4 de Gumboro possuem, já existem relatos na literatura. Entretanto, ainda existem algumas perguntas sem respostas.

Dentro deste grupo, quais são os isolados mais prevalentes do Brasil? Existem diferentes níveis de patogenicidade entre as estirpes virais do mesmo grupo? Qual o impacto dessas estirpes virais na indústria avícola Brasileira?

Doença de Gumboro: compreendendo o atual cenário Brasileiro DESCÁRGALO EN PDF

Referências bibliográficas sob consulta junto aos autores

88
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | Doença de
Patologia
Gumboro: compreendendo o atual cenário Brasileiro
89
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | De maneira histórica, SIAVS promove a retomada de contatos e impulsiona a realização de negócios DE MANEIRA HISTÓRICA, SIAVS PROMOVE A RETOMADA DE CONTATOS E IMPULSIONA A REALIZAÇÃO DE NEGÓCIOS
Publireportagem

Omaior evento da avicultura e da suinocultura do Brasil desembarcou em São Paulo, no último mês de agosto, batendo recorde de público e reaquecendo os contatos e negócios nos dois setores. Promovido no Anhembi Parque, o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS) apresentou a temática “Produção Sustentável: Caminhos para a Segurança Alimentar Global” em seus três dias de realização.

Contando com a realização da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a edição de 2022 recebeu o maior número de visitantes já registrado na história do evento, com a presença de 21 mil pessoas de 53 países. Desse total, 1,9 mil são avicultores e suinocultores.

ÁREA DE DEBATES

Apresentando uma série de debates técnicos e conjunturas, o SIAVS contou com a participação de 2.300 congressistas e 80 palestrantes. Destacando as projeções de futuro para a proteína animal, competitividade, gestão de crise, logística, questões técnicas sobre antimicrobianos, Salmonelose, o evento também colocou em discussão os rumos da cadeia produtiva do país, por meio de um painel que reuniu diversos líderes de agroindústrias do setor.

ESTRUTURA

Foto 1: Mapa da feira

A edição deste ano contou com uma área 30% maior e apresentou cerca de 200 expositores de equipamentos, insumos biológicos e farmacêuticos, rações e outros fornecedores de diversas áreas da cadeia produtiva. Durantes os três dias, esses participantes puderam expor nos mais de 20 mil metros quadrado suas tecnologias e produtos voltados para a produção de proteína animal.

Foto 2: Palestra no auditório principal

impulsiona a realização de negócios

90
Publireportagem aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | De maneira histórica, SIAVS promove a retomada de contatos e

INTEGRAÇÃO E NOVOS MERCARDOS

O SIAVS também contou com a presença de importadores dos mercados da Colômbia, Peru, Dinamarca, Coreia do Sul, Malásia, África do Sul, Filipinas, México, Tailândia, Nigéria, Iraque, Catar, República Dominicana, Alemanha e Estados Unidos, além de traders e outros clientes dos produtos exportados pelo Brasil.

Além disso, o evento recebeu: 28 jornalistas estrangeiros, 15 importadores e 15 formadores de opinião de mercados estratégicos.

3: Estande Brasil Agroindústrias

IMPULSO NOS NEGÓCIOS

Segundo um levantamento feito pela organização da feira junta a algumas empresas participantes, os negócios realizados e os contatos estabelecidos durante o SIAVS podem resultar em US$ 880,3 milhões em exportações até agosto de 2023. Apenas nos três dias do evento, de acordo com as empresas associadas, os negócios estabelecidos alcançaram US$ 544,3 milhões.

Esses números representam as operações feitas por 48 agroindústrias produtoras e exportadoras de carne de aves, suínos, ovos, lácteos, pato, peixes de cultivo e material genético.

O FUTURO DA CADEIA PRODUTIVA

Presidente da ABPA, Ricardo Santin resumiu como histórica a edição de 2022 do SIAVS.

91 Publireportagem aviNews Brasil 4º Trimestre
|
2022
De maneira histórica, SIAVS promove a retomada de contatos e impulsiona a realização de negócios
Foto

O SIAVS foi um marco histórico para a cadeia produtiva de proteína animal sob diversos aspectos, seja político, técnico e comercial. Os números e as consultas mostraram que a promoção de negócios e o fomento à geração de receitas cambiais para as cadeias produtivas superaram, e muito, as expectativas. O volume de negócios projetados e realizados nos corredores do Anhembi terá significativo impacto positivo na balança comercial da avicultura e da suinocultura do Brasil”, avaliou o presidente da ABPA.

ATÉ 2024

A próxima edição do SIAVS já tem data marcada: ocorrerá entre os dias 06 e 08 de agosto de 2024, no Distrito Anhembi, em São Paulo (SP). Mais informações sobre o evento podem ser acessadas em www. siavs.com.br.

De maneira histórica, SIAVS promove a retomada de contatos e impulsiona a realização de negócios BAIXAR EM PDF

92
Publireportagem
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | De maneira histórica, SIAVS promove a retomada de contatos e impulsiona a realização de negócios

O QUE ESPERAR DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNES AVÍCOLAS EM 2022?1

Cinthia Cabral da Costa, doutora em Economia pela Esalq/USP e pesquisadora na Embrapa Instrumentação. Artur Ramos Arantes, estudante do 8º semestre de administração no Insper. Marcos Sawaya Jank, professor de agronegócio no Insper e coordenador do centro Insper Agro Global.

1As principais análises aqui realizadas e outras podem ser visualizadas no Gat Brazil (https://www. insper.edu.br/pesquisa-e-conhecimento/centro-de-agronegocio-global/gat/) selecionando as opções para os produtos desejados.

As exportações brasileiras de carnes de aves vêm perdendo espaço para as de carne bovina. E, entre as carnes de aves, os embarques de cortes de frango cresceram em detrimento dos outros tipos de carne avícola. Este artigo detalha esse comportamento e mostra o que esperar para 2022.

93 aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | O que
em
Mercado
esperar das exportações brasileiras de carnes avícolas
2022?

Considerando o desempenho das exportações brasileiras das principais carnes, de 1997 a 2021 (Figura 1), tem-se que, até 2018, a carne de aves representava o maior valor vendido ao exterior. O recorde das exportações brasileiras da carne de aves ocorreu em 2011, com US$ 8 bilhões.

Em termos de volume comercializado, o recorde ocorreu em 2021, com 4,3 milhões de toneladas. A partir de 2019, a carne bovina ultrapassou a carne de aves em valor exportado. Outra característica em carnes de aves é que o valor exportado manteve um patamar ao longo dos últimos 10 anos: entre 2010 e 2021, a taxa de crescimento foi de 0,8% ao ano. Já as exportações brasileiras de carnes bovina e suína aumentaram cerca de 6% ao ano. Figura 1. Valor anual das exportações brasileiras de carne de aves, bovina e suína no período de 1997 a 2021. Fonte: Brasil (2022) e Insper (2022).

20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0
Valor (Bilhoes
1997 2000 2003 2006 2009 2012 2015 2018 1998 2001 2004 2007 2010 2013 2016 2019 1999 2002 2005 2008 2011 2014 2017 2020 2021 aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | O que esperar das exportações brasileiras de carnes avícolas em 2022? Mercado 94
Carne bovina Carne de aves Carne suína
de dólares)

Entre os tipos de carnes de ave exportadas pelo Brasil, os maiores valores são:

Os dos cortes de frango congelados (quase 60% no período 1996-2021), Miúdos e frango não cortados congelados (cerca de 30%), Cortes de peru congelados (2,5%), Preparações com carne de frango (cerca de 6%) e

Preparações com carne de peru (2,3%).

Nos últimos 10 anos, ou seja, desde o valor recorde das exportações de carne de frango ocorrido em 2011, até 2021, verifica-se que apenas houve crescimento nas exportações de cortes de frango congelados. Esse produto cresceu à taxa de 4% ao ano nesse período. Todos os demais tipos de carne de aves tiveram redução entre -3% e -5% ao ano, com preparações de carne de peru alcançando uma taxa de -24% ao ano. Ou seja, o mercado das exportações brasileiras de carne de aves cresce especificamente para esse subgrupo.

Ásia (ex.OM e China)

China e Hong Kong

Oriente Médio e Norte da África América Latina (ex. Mercosul) África subsaariana União Europeia (28) Outros da Europa América do Norte

Rússia Merccosul Oceania

A Figura 2 mostra o destino das exportações brasileiras nesse subgrupo, ou seja, cortes de carnes de frango. Verifica-se que essas exportações cresceram, desde 2011, principalmente para a China, países do Oriente Médio, Norte da África e América Latina, com taxa de crescimento anual nos últimos 10 anos de 4%, 3% e 19%, respectivamente.

Figura 2 – Valor anual das exportações brasileiras de cortes de carne de frango congelada, por destino, no período de 1997 a 2021.

Fonte: Brasil (2022) e Insper (2022).

1997 2000 2003 2006 2009 2012 2015 2018 2018 1998 2001 2004 2007 2010 2013 2016 1999 2002 2005 2008 2011 2014 2017 2020 2021 6 5 4 3 2 1 0
Bilhões de dólares
Mercado 95 aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | O que
esperar das exportações brasileiras de carnes avícolas em 2022?

Por outro lado, nesse mesmo período, a redução foi drástica no mercado da União Europeia: -12% ao ano, movimento explicado pelos embargos desse mercado sobre o Brasil na operação “carne fraca”.

toneladas

No caso do mercado europeu, é interessante observar uma mudança no comportamento nas exportações de carne de frango (Figura 3). As exportações brasileiras de carne de frango processado cresceram significativamente para esse mercado a partir de 2004-2005, enquanto as de cortes congelados decresceram a partir de 2008, mostrando uma substituição de tipo de produto exportado para esse destino.

União Europeia-28, corte de frango congelado União Europeia-28, corte de frango procesado

Milhões de toneladas

Figura 3 – Valor anual das exportações brasileiras de cortes de carne de frango congelada e de frango processado para a União Europeia. Período de 1997 a 2021.

Fonte: Brasil (2022).

1997 2000 2003 2006 2009 2012 2015 2019 2018 1998 2001 2004 2007 2010 2013 2016 1999 2002 2005 2008 2011 2014 2017 2020 2021
450 400 340 300 250 200 250 200 50 0 Milhões de
Mercado 96 aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | O que esperar das exportações
de carnes avícolas em 2022?
brasileiras

E o que esperar para 2022? Neste ano, provavelmente, teremos um novo recorde no valor das exportações do agronegócio brasileiro, ultrapassando o montante de 2021.

Seguindo o comportamento das exportações do agronegócio total, o valor exportado de carnes e produtos animais (exceto os lácteos) foi, em média, 30% maior que o observado no mesmo período de 2021. Apesar dos preços mais elevados neste ano, o que contribui para o aumento no valor exportado, observa-se um crescimento também no volume exportado. Apenas no mês de julho os volumes embarcados ao exterior foram inferiores aos registrados em 2021.

Especificamente para as exportações de carne de aves, o comportamento em 2022 também é de crescimento, embora ainda inferior ao observado para a carne bovina, como mostra a Tabela 1. Desempenho distinto foi verificado apenas na carne suína, o que era esperado pela recuperação do rebanho suíno chinês e consequente redução de importação do produto brasileiro.

Tabela 1. Comparação do valor e do volume exportado nos sete primeiros meses de 2021 e 2022 (janeiro a julho). Carne de aves e comparação com as carnes bovina e suína.

Taxa de crescimento

Exportação até julho de 2022

Fonte: Brasil (2022) e Insper (2022).

Considerando o comportamento das exportações brasileiras de carnes nos meses finais do ano, ainda é incerto se haverá novo recorde nas exportações de carne de aves. Mas elas deverão estar próximas ao recorde de valor e volume observados, respectivamente de US$ 8 bilhões e 4,3 milhões de toneladas. O recorde deve ocorrer com mais assertividade nas exportações da carne bovina.

esperar das exportações brasileiras de carnes avícolas em 2022?

Carne de aves Carne bovina Carne suína
33% 41% -12%
7% 15%
Em valor
Em volume
-6%
12
Em valor (US$ bilhões)
16,9 3,9 Em volume (milhões de toneladas) 7 3 1,7
Mercado 97 aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | O que

O comportamento das exportações de carne de aves neste ano segue as tendências anteriores ou teve alguma alteração?

Singapura 3%

Observa-se que as exportações cresceram para todos os principais destinos, exceto para China e Rússia. Importante fato de destaque é a presença do Japão e da Coreia do Sul entre os principais compradores, uma vez que esses países normalmente exigem níveis altos de qualidade e sanidade. A Figura 4 mostra o destino das exportações brasileiras de carne de frango, em porcentagem do volume.

Figura 4 – Participação do volume das exportações brasileiras de carne de frango congelado, por país, no período de janeiro a julho de 2022. Fonte: Brasil (2022).

China 12%
Emirados Árabes Unidos 10% Japão 9% Arábia Saudita 7%
África do Sul 6% União Europeia 5% Filipinas 5% Coreia do Sul 4% México 4%
Outros 34%
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | O que esperar das exportações brasileiras de carnes avícolas em 2022? Mercado 98

No caso do Chile, como se observa na Tabela 2, o Brasil aumentou o valor exportado de carne de aves a expensas das exportações das duas outras carnes (bovina e suína).

A redução registrada para o mercado chinês pode ter ocorrido por uma substituição da carne de aves pela carne bovina naquele país. Conforme se nota na Tabela 2, o crescimento nas exportações da carne bovina ocorreu principalmente para o mercado chinês.

Valor Tx. Crescimento Valor Tx. Crescimento Valor Tx. Crescimento China e Hong Kong 817.4 -2% 613.5 -44% 4,642.7 56%

Emirados Árabes Unidos 602.1 98% 32.1 59% 143.8 34% União Europeia-28 317.3 58% 386.3 28% Arábia Saudita 503.6 13% 13.6 12% 124.1 28% Estados Unidos 588.6 50% Japão 527.2 22% 56.5 112% 1.1 415% Chile 167.2 69% 55.8 42% 215.4 -9% Mexico 262.3 150% 112.7 341% Egito 37.3 9% 298.8 153% Filipinas 157.6 71% 14.7 145% 147.3 9% Coreia do Sul 216.4 82% 27.1 1418% 1.8 170% Rússia 31.1 -65% 66.2 47%

Fonte: Brasil (2022) e Insper (2022).

Seria difícil concluir alguma tendência para 2022 sobre as exportações brasileiras de carne de aves, uma vez que estamos passando por um ano atípico. O fim de uma pandemia, uma guerra e uma possível crise hídrica chinesa abalam o cenário mundial do comércio.

O que esperar das exportações brasileiras de carnes avícolas em 2022?

Tabela 2 – Valor (em milhões de dólares) e taxa anual de crescimento entre 2021 e 2022. Dados dos sete primeiros meses de 2022 (janeiro a julho). Carne de aves Carne suína Carne bovina
99 aviNews Brasil 4º Trimestre 2022
Mercado
|

Entretanto, observa-se um melhoramento das relações comerciais construídas há pouco pelo Brasil. É possível identificar o aumento das exportações para países do Oriente Médio, principalmente para os Emirados Árabes Unidos, que importou 98% a mais nos sete primeiros meses de 2022 ante o mesmo período de 2021. Juntamente com importantes mercados asiáticos, como Japão e Coreia do Sul, que durante o mesmo período comparativo aumentaram suas importações em 22% e 82%, respectivamente.

Vale destacar também a União Europeia, que está recomprando carne de aves brasileira, após anos de embargos em função do envolvimento da BRF na operação da carne fraca. Todavia, o crescimento atípico da União Europeia pode não ser duradouro, nem mesmo para 2022, uma vez que esse fato pode ter ocorrido devido às volatilidades causadas pelos acontecimentos destacados.

O setor, porém, mostra-se consolidado e diversificado, com uma ampla pauta de compradores, o que contribui para a resiliência mesmo diante de acontecimentos voláteis.

O que esperar das exportações brasileiras de carnes avícolas em 2022?

BAIXAR EM PDF

Referências bibliográficas sob consulta junto aos autores.

Mercado 100
aviNews Brasil 4º Trimestre 2022 | O que esperar das exportações brasileiras de carnes avícolas em 2022?

Desempenho eficiente, com confiança

A ração para as aves pode representar até 70% dos custos totais de produção. A utilização eficiente de nutrientes em seu lote garante um desenvolvimento saudável, aumenta a produtividade e melhora o desempenho. Ao melhorar a eficiência e a sustentabilidade, nós da DSM ajudamos a impulsionar o desempenho do seu lote e a sua rentabilidade com confiança.

Se não formos nós, quem? Se não for agora, quando? NÓS TORNAMOS ISSO POSSÍVEL Nos siga em: www.dsm.com/anh

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.