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José Manuel Coelho Guerreiro

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José Manuel Vargas

Maria Santinho – Ilustre republicana e benemérita de S. Marcos da Serra

Maria da Conceição Santinho Vargas, de seu nome completo de casada, nasceu em S. Marcos da Serra, a 2 de Setembro de 1892, filha de Manuel Gomes Santinho Júnior (1865-1924, S. M. Serra) e de Constantina da Conceição (n.1869, S. B. Messines).

Em 8 de Junho de 1911, Maria Santinho consorciou-se, civilmente, com José Ventura Vargas (18861962), destacado republicano que fez parte da Comissão Municipal Republicana de Silves que tomou posse a 6 de Outubro de 1910. O casamento de Maria Santinho teve lugar no recém criado posto de S. Marcos da Serra da Repartição do Registo Civil e constituiu um acontecimento tão invulgar, face à prática religiosa ainda dominante, que mesmo alguns familiares próximos do noivo (o pai, Ventura Vargas, e os tios Manuel Vargas e João Vargas) terão tido dificuldades em aceitar, já que não

Geografias do Olhar

António Guerreiro

Prof. Universitário

Tabuada do Oito

Numa época em que muito se tem falado de educação, particularmente do cansaço dos professores e das suas (justas) reivindicações, existe uma queixa regular (junto constam das testemunhas daquele acto. A seguir aos nubentes, assinaram: Manuel Gomes Santinho Júnior, do P.R.P (Partido Republicano Português) e da Comissão Republicana de S. Marcos; António Vaz Mascarenhas

Júnior (1862-1930), presidente da Comissão Administrativa Republicana da Câmara Municipal de Silves; Francisco Adriano de Brito Bentes (1884-1924), chefe de estação do caminho de ferro e cunhado do noivo; ceição Mascarenhas; Maria José da Palma; Isabel da Conceição Simão Marques; Eulália Pereira da Silva San-

Álvaro Santinho, empregado do caminho de ferro e primo da noiva; António da Con- a minha voz a todas as outras, igualmente no ensino superior) sobre o excesso de burocracia que, acredito, tem duas dimensões, uma de facto burocrática de alimentação da administração pública e outra, necessária, de planeamento das aulas e outras atividades letivas e respetiva reflexão sobre as ações educativas.

Aquela ideia do professor que segue sistematicamente o manual adotado, de forma acrítica, hoje vamos na página 34, está cada vez mais em desuso, mas todos temos tinho e, por último, o ajudante de oficial do Registo Civil, José da Fonseca Sequeira. consciência de que ainda existe. Será este tipo de profissional, sem qualquer nível de burocracia, que queremos para as nossas escolas públicas? O problema é que este operário, em desfavor de um profissional reflexivo, é também pouco questionador em relação às próprias estratégias educativas e à forma de lecionar a sua área de conhecimento. Ilustro a diferença de abordagens no ensino da matemática (deformação profissional) com uma pequena metáfora a propósito da tabuada do oito.

Maria Santinho era associada da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, fundada em 1909 e de que fizeram parte destacadas feministas como Adelaide Cabete e Carolina Beatriz Ângelo. A Liga Republicana era umaassociação, inspirada no ideário republicano, com o objectivo geral de emancipação da mulher, promovendo a revisão das leis sobre a mulher e a criança, e educar e instruir as mulheres para um papel activo na sociedade. O ambiente familiar de republicanismo e um certo desafogo económico, pois tanto o pai como o marido eram proprietários e comerciantes com bons rendimentos, permitiram a Maria Santinho praticar muitos actos de generosidade e benemerência, em particular para com os mais desfavorecidos da população serrana, fazendo com que o povo a tratasse como a “Mãe dos Pobres”. Entre as suas acções como

O professor da escola primária mandara realizar dez vezes a tabuada do oito. E a criança com enfado ia traçando no caderno 1x8=8, 2x8=16, 3x8=24, 4x8=32, 5x8=40, depois parava e protestava, juntando as mãos em sinal de irritação pela atividade rotineira sem qualquer sentido. A mãe diligentemente dizia:

–Filho, faz o trabalho de casa. Olhando para o caderno, acrescentava: benemérita, deve destacar-se a doação que fez de um vasto terreno, onde se construiu a residência do médico, António Bernardino Ramos (19221996), outro benemérito local, e as instalações da farmácia de S. Marcos da Serra. A generosa senhora viria a falecer, vítima de congestão cerebral, com apenas 57 anos de idade, no dia 16 de Janeiro de 1950. A “Voz do Sul”, semanário regionalista republicano, noticiava: “Constituiu uma grande manifestação de pesar o funeral desta bondosa senhora, natural e residente em S. Marcos da Serra, extremosa esposa do nosso velho amigo, sr. José Ventura Vargas, importante proprietário de S. Marcos da Serra e carinhosa mãe dos nossos amigos sr. Mário Santinho Vargas e José Santinho Vargas. À família da inditosa senhora e em especial a marido e filhos, todos que trabalham na Voz do Sul apresentam sentidos pêsames” (21.1,1950).

– Vá, escreve 6x8=48, 7x8=56, 8x8=64, 9x8=72 e 10x8=80.

É para aprenderes.

E a criança suspirava, avançando lentamente, e todo o seu rosto se transformava num crescente aborrecimento. A criança sabia que para multiplicar por oito bastava dobrar três vezes. Pensava seis vezes oito; seis mais seis, doze; doze mais doze, vinte e quatro; e vinte e quatro mais vinte e quatro, quarenta e oito. Para que servia memorizar aquela tabuada do oito, se, com o seu método, saberia qualquer número a multiplicar por oito, mesmo os números que não estavam na tabuada. Pensava, doze mais doze, vinte e quatro; vinte e quatro mais vinte e quatro, quarenta e oito; quarenta e oito mais quarenta e oito, noventa e seis. E escrevia 12x8=96.

Ainda actualmente, tantos anos volvidos, as pessoas mais antigas de S. Marcos da Serra e os descendentes de Maria Santinho guardam desta uma saudosa memória. Nota: como fontes para esta breve evocação, socorremo-nos de informações orais de pessoas de S. Marcos da Serra e de um texto publicado, em 16.12.2010, por José Carlos Vilhena Mesquita, no seu blog “Promontório da Memória”.

A valorização da escola pública e dos professores e outros profissionais da escola passa em primeiro lugar pela lucidez de questionar a ação educativa e reconhecer o mérito (e o desmérito) de todos e de cada um.

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