Esta edição de Babel Poética tem como tema
norteador para seleção dos textos a ideia de
um “eu” poético presente nos poemas. Desse modo, vai-se dum “eu” poético egocentrado, que não se ocupa com essa questão, típico de muito do que se faz na poesia contemporânea, a outros em que ela é problemática, ecoando Rimbaud e reflexão.
A esses somam-se poemas em que esse “eu” não se espelha apenas em si mesmo, mas também em “outros”, ou no “outro”, colocando o escritor em confronto social na medida em que esse “eu” existe porque há um “outro”. E é esse “outro”, como um ponto do teatro, que dá o mote para o poema se fazer, rompendo a esquizofrenia egótica e se
abrindo para a complexidade das relações sociais, expondo um país obscuro, cuja miséria começa em casa e continua nas ruas, e no qual se pode ter no “outro” não apenas o diverso, mas o adversário, como uma cobra pronta para picar.