encarte residencial chácara santa helena - bamboo 39

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residencial chĂĄcara santa helena

arqui tetura e natu reza mostra: arquitetura contemporânea e natureza 23.08–23.11.2014


+funcionalidade

+qualidade

+lazer


+arquitetura

+natureza +beleza

+conforto


bem-vindo

‘este projeto tem em sua alma preservar e cultivar um estilo de vida, que na sua essência, é simples e valoriza um espaço onde a arquitetura contemporânea encontra a natureza.’ antonio luiz esteve


História O Residencial Chácara Santa Helena é o resultado do desejo de preservar um legado familiar ao mesmo tempo que se desenha um novo futuro. Morada da família Esteve por seis décadas, o terreno de 85 mil m2 no Alto da Boa Vista, em São Paulo, foi cenário de incontáveis histórias e experiências. Passeios pelos jardins, torneios intermináveis de gamão, tiro ao prato, jogos de tênis e até mesmo touradas de brincadeira faziam parte da vida desta família de ascendência espanhola e americana, e das lembranças dos que conviveram no seu oásis.

Desenvolvimento Há dez anos, a família decidiu que o melhor destino para a chácara seria um loteamento que preservasse sua rica vegetação e proporcionasse, às futuras famílias que a chamariam de lar, o mesmo estilo de vida que sempre existiu ali – livre, despretensioso e em contato com a natureza. O ponto de partida para dar vida ao sonho foi a escolha de dois colaboradores: o arquiteto Isay Weinfeld, responável pelo projeto de urbanismo e do espaço de convivência, e a paisagista Renata Tilli, amiga da família e profunda conhecedora da flora local, para exaltar a beleza da paisagem natural.

Natureza + arquitetura Antonio Luiz Esteve, da família proprietária e à frente da implantação do empreendimento, convidou Clarissa Schneider, fundadora da revista Bamboo, para conhecer a Chácara. A visita rendeu a ideia de organizar uma mostra de arquitetura que inspire os futuros moradores do Residencial. “Entendemos que esse espaço merece nada menos que a boa arquitetura contemporânea”, diz Antonio Luiz. Os 10 projetos apresentados são verdadeiras propostas para diferentes estilos de vida; possíveis lares onde os novos moradores, no local onde a família Esteve construiu seus sonhos, poderão realizar os próprios.


experiência: isay weinfeld

o desenho espacial valoriza a privacidade oferecida pela natureza e o espaço de convivência é ponto de encontro dos moradores com áreas de lazer, esporte e spa


A preservação da vegetação, uma faixa de 25 mil m2 concentrada no perímetro do terreno, norteou o arruamento e loteamento. “A lei ambiental foi interpretada de maneira mais restrita do que se apresenta para que toda a mata se mantivesse intacta”, lembra João Pantaleão, da Solo Ambiente, empresa responsável pela aprovação da implantação do projeto urbanístico. Os 53 lotes foram traçados de modo a aproveitar apenas as antigas áreas de jardim do terreno, mantendo os benefícios da vegetação para todas as futuras moradias. Os terrenos são acessados por duas vias centrais, que preservam a privacidade do fundo de cada lote, voltado para o verde. Passeios Isay Weinfeld desenhou as calçadas, que contemplam uma faixa de jardim ao lado do passeio. Os postes de iluminação, com cerca de 1 m de altura e feixe de luz direcionado para baixo, mantêm a luminosidade discreta, numa referência às tradições em propriedades campestres. Usados esporadicamente, os postes mais altos garantem uma iluminação geral amena.

Espaço de convivência Uma área projetada por Isay Weinfeld contempla espaços de lazer, spa e prática esportiva – sala de leitura, salão de festas, piscinas coberta e descoberta, saunas e salas de massagem, ioga e ginástica. Dividida em três blocos, a conexão com o jardim se dá por grandes aberturas de vidro nas laterais e, no topo, pelo terraço com deque de madeira, onde ficam a piscina, mesas e espreguiçadeiras. Localizado em uma área privilegiada do terreno, ao lado da mata, promete ser um dos pontos preferidos dos moradores para além de suas casas. O projeto ilustrado abaixo será aprovado após TVEO e poderá ser alterado para atender à legislação em vigor. + Isay Weinfeld Mantém desde 1973, em São Paulo, escritório de caráter multidisciplinar que cria prédios, interiores, mobi-liário, cenografia e cinema. Destacam-se os hotéis para o Grupo Fasano, as lojas da Livraria da Vila, em São Paulo, o Square Nine Hotel, em Belgrado, uma linha de móveis de escritório para a Geiger/Herman Miller e de mobiliário para a Etel.


paisagismo: renata tilli

alterar a paisagem sem descaracterizå-la; desenhar com a natureza de maneira que o traço seja praticamente imperceptível


Amiga da família Esteve, Renata Tilli passou muito tempo da sua infância na propriedade no Alto da Boa Vista. Idílico, sempre foi um lugar sereno que parecia não pertencer à São Paulo. “Esse espaço é uma joia da cidade e fiquei feliz quando soube do seu novo destino”, diz ela. Convidada a projetar o paisagismo do Residencial Chácara Santa Helena, Renata buscou ressaltar as qualidades já existentes no local, enriquecendo a paisagem sem descaracterizá-la. “Observei muito bem o que já havia, e o resultado é que você pensa que o jardim simplesmente aconteceu assim”, conta.

A floresta preservada, que permeia a maior parte do terreno, foi adensada com espécies nativas da Mata Atlântica brasileira, tais como Ipê, Erithrina, Jequitibá, Tibouchina e Euterpe. Já as árvores que tiveram de ser removidas de algumas áreas do terreno, foram transplantadas para outras. Renata fez questão de ressaltar as manifestações espontâneas da natureza. “Na natureza, a paisagem não é planejada, as texturas e cores são puro acaso, e por isso é linda.” A vegetação será o limite entre uma propriedade e outra, formando cercas vivas. “Não será preciso muito esforço para que a vegetação

se integre à arquitetura. No futuro, mais do que nunca, isso precisará ser respeitado.” + Renata Tilli Mais de 30 anos de experiência na área marcados pelo cuidado de sempre resgatar a essência da paisagem e manter a espontaneidade naquelas que constrói. A formação em artes plásticas e arquitetura, e a especialização em botânica e horticultura, nutrem uma lista extensa de projetos realizados – incluindo residências, hotéis e edifícios corporativos no Brasil e exterior. Renata Tilli é, também, especialista na reconstituição e restauração da mata nativa de propriedades centenárias do ciclo cafeeiro.


mostra de arquitetura curadoria: clarissa schneider

Um lugar raro dentro da cidade, não apenas pela exuberância de sua natureza, mas também pela beleza de valores do seu idealizador, Antonio Luiz Esteve. O Residencial Chácara Santa Helena possui um ambiente de natureza dentro da selva urbana. Os ideais de conservação e a busca por qualidade no projeto urbano e paisagístico de Isay Weinfeld e Renata Tilli levaram, também, à reunião de um grupo de arquitetos, que representam a um só tempo a identidade e diversidade da arquitetura contemporânea produzida no Brasil. Studio MK27, Studio Arthur Casas, Gui Paoliello, Tacoa Arquitetos, Metro, Gui Mattos, Miguel Pinto Guimarães, ABPA, Spacegroup | Spol e a dupla Carolina Maluhy e Isis Chaulon, propoem diferentes modos de viver nesta situação única em São Paulo. Soluções criativas A arquitetura pode ser inventiva dentro de poucas variáveis. Os lotes têm situações semelhantes de

natureza e topografia, e é interessante perceber o olhar de cada arquiteto diante delas. Apesar de alinhadas nos desejos – buscando sempre a inovação nas tipologias e técnicas construtivas, nos materiais, nos gestos e conceitos –, as casas diferem, às vezes radicalmente, no modo de solucionar e sonhar. A natureza se mostra como ponto de partida comum a todos, mas cada um traça o caminho próprio. Há projetos que a trazem para dentro, há outros que fazem dela seu cenário; há aqueles que buscam o contraste em relação ao entorno, há os que optam pela harmonia e camuflagem nele. Liberdade Esta é uma pequena mostra da riqueza do que se produz hoje na arquitetura brasileira, responsável e herdeira incontestável dos valores modernos, mas levando-os sempre à frente com inteligência, graça e beleza. Pautado por ideias livres, o que surge, no Residencial Chácara Santa Helena, é um

oasis não apenas de natureza, mas também de excelente arquitetura, a conjunção perfeita para a construção de uma vida cada vez melhor. + Clarissa Schneider Curadora convidada para indicar os profissionais que participam da mostra de arquitetura, Clarissa Schneider é especialista em design e arquitetura contemporânea. Jornalista e fundadora da revista Bamboo, valoriza a arquitetura funcional, limpa, e socialmente responsável.


sou fujimoto no brasil

“É uma questão fundamental como a arquitetura se difere da natureza, ou como a arquitetura poderia fazer parte da natureza, ou mesmo como as duas coisas poderiam se fundir... quais são os limites entre a natureza e as coisas artificiais.” A frase de Sou Fujimoto sobre o Serpentine Pavilion, que projetou em 2013, em Londres, cabe como uma luva à conceituação de seu primeiro projeto no Brasil, no Residencial Chácara Santa Helena. Ainda em processo, os estudos já apresentados pelo arquiteto japonês, um dos mais relevantes de sua geração, mostram a subversão de espaços em pleno

diálogo com o entorno, típico da sua arquitetura. Por meio de escaloneamentos, recortes e jogos entre cheios e vazios, a apreensão da natureza em seu projeto será intrigante e inusitada. Sem dúvida, um marco da arquitetura de Fujimoto em terras tropicais.

o arquiteto japonês assina uma das casas no residencial chácara santa helena


mapa da mostra

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Gui Mattos Arthur Casas Tacoa Carolina Maluhy e Isis Chaulon Isay Weinfeld Gui Paoliello ABPA Miguel Pinto Guimarães Studio MK27 Metro Spacegroup | Spol

A Lounge B Escritório de vendas C Projetos em desenvolvimento

C

APP (Área de preservação permanente) – proibida a circulação

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C A

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C

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B

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Entrada


abpa

uma casa porosa construída a partir de estrutura pré-fabricada, na qual as delimitações de espaços internos e externos se confundem

“A ideia foi inserir o jardim em todos os espaços construídos, ou inserir a casa em todo o jardim, criando os ambientes com diferentes gradações de acesso, privacidade e permeabilidade”, explica André Becker. É assim que o arquiteto interpreta, na escala do projeto, a sua visão do Residencial Chácara Santa Helena, um lugar onde as fronteiras entre natureza, arquitetura e os lotes estão diluídas. Uma casa de estrutura leve e vazada, inteiramente pré -moldada em aço e com fechamentos de placas de madeira, vidro e telas metálicas vazadas, que podem servir de base para plantas trepadeiras, numa relação intrínseca entre paisagismo e arquitetura. “A vegetação é parte da cartela de materiais”, diz. A casa se divide em dois pavimentos. No primeiro, um único volume de concreto guarda os serviços e se contrapõe a dois pátios internos abertos, ao redor dos quais estão as áreas comuns. No superior, aos pátios em

pé-direito duplo do térreo, se somam dois novos terraços, um ligado à suíte principal e o outro atendendo mais três suítes e a sala íntima. Toda a borda do volume é espaço de circulação, ampliando a sensação de liberdade. Além de econômico no processo construtivo, o projeto segue diretrizes bioclimáticas rígidas de aproveitamento da ventilação e insolação naturais. O maior desafio foi: “criar uma casa para se morar, com características de uma casa de retiro”. + ABPA Graduado pela FAU-USP em 2001, André Becker abriu o próprio escritório, ABPA, em 2005. Recebeu Menção Honrosa na premiação IAB-SP 2010 com a casa URB, pela qual foi selecionado também para a IX Bienal de Arquitetura de São Paulo, em 2011. É um dos participantes do pavilhão brasileiro da Bienal de Veneza de 2014, com a Capela CCJ.


carolina maluhy e isis chaulon

privilegiar o contato com a natureza, valorizar as perspectivas, os materiais e soluções sustentáveis nortearam o projeto da dupla

Inspiradas pelo entorno verde, as arquitetas pensaram em uma casa que traz a natureza para dentro. À porta de entrada, um pergolado de bambu coberto por heras cria uma transição sutil entre exterior e interior. “A casa é a continuação do que acontece fora”, dizem as arquitetas, “como se a vegetação penetrasse o espaço.” Um grande vão envidraçado emoldura a sala de estar e se abre ao jardim, e a partir de um pátio interno de pé -direito duplo, ao redor do qual está a escada de acesso ao nível superior, a mata não se perde de vista em nenhum percurso dentro da casa. No piso superior, as quatro suítes têm vistas para a piscina, e acesso a um amplo terraço. Se a vegetação adentra a casa através do vidro, as paredes de pedra e os fechamentos porosos com elementos vazados de madeira reiteram a conexão com o entorno. “Queremos usar pedras e plantas do lugar; é uma maneira de

continuar conversando com as texturas e o colorido.” O uso de claraboias e aberturas cruzadas aproveitam a iluminação e ventilação naturais para, assim, economizar eletricidade. No topo, placas solares e um telhado verde; “ele refresca a temperatura interna da casa, e ainda funciona como um filtro natural das águas da chuva”. Ali, uma horta ou plantas locais podem reforçar a camuflagem no entorno. + Carolina e Isis Formadas respectivamente pela Saci Universitá de Florença e pela FAU-USP, Carolina Maluhy e Isis Chaulon trabalharam no escritório de Isay Weinfeld por quatro e oito anos, antes de montar o seu próprio em 2004. Juntas, já realizaram cerca de 80 projetos residenciais e comerciais. Ambas receberam prêmios do IAB-SP.


gui mattos

o terreno pontuado por árvores é o mote para criar uma arquitetura permeável, num programa que se divide em diversos blocos de concreto

Tirando partido da dimensão generosa do lote, da topografia e da incidência de luz filtrada pela mata, o arquiteto propõe uma casa com nível superior desconstruído em vários volumes. “Não queria criar uma massa única que tirasse a permeabilidade da visão da mata”, diz. Nivelada com a rua, a laje do piso térreo dá espaço à área de convivência ao ar livre com piscina, transformada aqui e ali em espelho d’água e pautada por aberturas zenitais que acolhem árvores. Sobre ela, ficam os blocos que abrigam os quartos, todos independentes e acessados por escadas exclusivas. Cada um se abre para uma direção, fazendo com que tenham privacidade e explorem as diferentes vistas. O térreo, que se abre ao jardim na cota mais baixa do terreno, abriga o restante das áreas sociais e é o elemento de conexão entre os blocos superiores. “O térreo flui, e os quartos são quase que cabanas privativas em cima

dele”, explica o arquiteto, ao dizer que a opção pela desconstrução, que elimina a obrigação de criar um corredor de acesso aos quartos, deu muita liberdade ao projeto. Os elementos soltos se camuflam em meio à vegetação, ao mesmo tempo que propõem outras relações entre espaços individuais e de convivência. “Quis explorar um tipo de viver diferente.” + Gui Mattos Formado em Arquitetura pela FAU Santos em 1986, Gui Mattos trabalhou muitos anos no litoral norte paulista, realizando principalmente projetos residenciais. Com a mudança do escritório para a capital, em 1995, passou a se dedicar também a projetos corporativos, comerciais e de interiores. Seus trabalhos promovem o diálogo com a tradição nacional, procurando sempre responder a questões atuais e reinventar a relação entre o homem e seu ambiente.


gui paoliello

compacta e acolhedora, suspensa à altura das copas das árvores, esta casa é um observatório da natureza

“Imaginei uma ocupação mais concentrada, deixando a vegetação intocada”, diz o arquiteto. Ao seu projeto foram destinados dois lotes; um aberto e gramado e o outro, repleto de árvores. Gui optou por uma ideia simples: deixar a natureza em sua situação original e fazer dela o cenário da construção. O amplo volume de concreto com acabamentos em madeira fica suspendido à altura da copa das árvores e resume todo o programa principal da casa em um único pavimento. “Os espaços são fluidos e conectados para que as atividades participem umas das outras”, diz o arquiteto, que deixou interligadas cozinha e salas de estar e jantar. Delas, tem-se a visão liberada da floresta, que adentra a casa pela face noroeste através de uma generosa parede de vidro de 11 m de comprimento, ressaltando “a sensação de estar imerso na natureza, e ao mesmo tempo no conforto de um ambiente protegido”.

Uma abertura de vidro no centro deixa entrar a luz e o verde. Este pátio interno, que pode receber um jardim tropical, divide as áreas sociais da área íntima, com quatro suítes. No térreo ficam áreas de serviços e uma sala diretamente ligada ao jardim. O aproveitamento da cobertura é prioridade nos projetos do arquiteto, e neste espaço de contato direto com o céu, haverá um deque de madeira com vegetação baixa e um solarium pergolado. “Uma casa confortável e sem excessos, com privacidade mas também liberdade.” + Gui Paoliello Arquiteto e urbanista formado pela FAU-USP em 1979, Gui Paoliello realiza projetos nas áreas de urbanismo, edificações, reformas, interiores, mobiliário e paisagismo. Desde 2009 desenvolve projetos em escritório independente e é reconhecido e destacado em relevantes premiações do país. Gui é também professor da Escola da Cidade.


metro

um volume de traço forte sobre pilotis que parece flutuar na paisagem, ressalta o contraste entre a transparência do vidro nas áreas sociais e a opacidade do concreto das áreas íntimas

Uma casa tradicional em termos de programa, porém acolhida por um gesto arquitetônico marcante.“Queríamos uma casa compacta, que concentrasse tudo em um só volume – talvez para dizer que a maneira de uma família viver não mudou muito”, diz Gustavo Cedroni, coautor do projeto com Sol Camacho e Martin Corullon. A casa tradicional também pode ter um traço formal marcante. O bloco moldado em concreto parece flutuar sobre o andar térreo, cujo perímetro é inteiramente revestido por portas de vidro pivotantes, e o apoio, feito sobre pilotis delgados. Neste monolito irregular, cada uma das quatro extremidades guarda um quarto, nos quais as diferentes orientações trazem enquadramentos individuais da paisagem circundante. As suítes se interconectam por um hall central, que acessa o andar inferior.

O térreo, sob o vão livre de 17 m criado pelo bloco superior, abre-se completamente ao jardim e se assenta sobre a laje, abrigando cozinha, salas e biblioteca. “Esses dois grandes elementos, laje horizontal e monolito, criam um contraste de formas e explicitam ainda mais os diferentes usos da casa”. O concreto é também a maneira que o projeto remete à natureza; “um material orgânico, feito de elementos naturais”. Uma grande pedra em meio ao jardim. + Metro Fundado em São Paulo em 2000 por Martin Corullon e Gustavo Cedroni, o Metro desenvolve projetos em diferentes escalas, de instalações temporárias a intervenções urbanas. Seu trabalho alia a tradição arquitetônica moderna a uma prática que atende a demandas contemporâneas, e se coloca a serviço do uso coletivo do espaço construído, sem esquecer a importância da especulação formal e dos materiais.


miguel pinto guimarães

com desenho baseado em uma dobradura de papel, nasceu uma casa de estrutura simples e inusitada

A forma da casa surgiu a partir de um origami e resulta em uma faixa de concreto armado que se dobra de modo a envelopar a construção, gesto visível no perfil da estrutura na fachada lateral. “O concreto começa como dois pilares, se transforma em balanço, sobe e cria toda a cobertura numa laje protendida, depois desce, cria outro balanço, e por fim corre inclinado até o chão, formando mais dois pilares”, diz Miguel Pinto Guimarães sobre como realiza, de modo peculiar, a ideia básica de uma casa – uma laje apoiada sobre quatro pilares.

voltada aos fundos do terreno abriga a suíte do casal, e a oposta, mais três suítes.

No térreo, o arquiteto distribui as áreas de convivência e lazer, com destaque para uma grande varanda semiaberta formada pelo balanço que se volta à piscina. No centro, o estar tem pé-direito duplo, iluminado por uma claraboia formada pela laje em forma de brise de concreto. Os pilares inclinados, por sua vez, dão lugar às duas escadas de acesso ao pavimento superior, no qual a face

+ Miguel P. Guimarães Formado pela UFRJ em 1997, já foi sócio de Thiago Bernades e Paulo Jacobsen. Desde 2003, em escritório próprio, desenvolve projetos de herança moderna mas difícil caracterização estilística – buscando explorar a luz natural e a união de materiais naturais à tecnologia de ponta, para provocar experiências sensoriais marcantes.

As fachadas laterais são inteiramente revestidas por vidro no andar inferior, e tiras de madeira no superior. Já as da frente e fundos têm o brise de concreto do envelope – mais esparsado no centro e concentrado no perímetro, dosando a privacidade dos espaços internos. A casa se abre em todos os pontos. “Esse lugar é o que junta a cidade ao campo; por isso, fazer uma casa porosa e simples, que facilite ao máximo a vida do morador.”


spacegroup | spol

a natureza é o ponto focal e o elo entre os espaços de um projeto fluido, que estimula o convívio familiar

O projeto transpõe para si o significado do Residencial Chácara Santa Helena em São Paulo: um pedaço de mata capturado no meio da cidade. A casa, enquanto área construída, também captura o verde através de um pátio central, que a um só tempo organiza, separa e liga os diferentes espaços. “O coração da casa é um pedaço de natureza”, diz Adam Kurdahl, arquiteto do Spacegroup. A planta, térrea, é simples: um bloco retangular que contém o vazio no meio. Ao redor dele, estão as áreas sociais e de circulação, um espaço contínuo que liga cozinha, sala de jantar e estar, biblioteca, acesso aos quartos e escritório. Com o perímetro inteiramente revestido de vidro, o pátio permite vistas totais da casa a partir de qualquer ponto. Ao mesmo tempo, o jardim ali funciona como filtro que dosa privacidade e convivialidade. Os quartos têm janelas voltadas para o exterior,

protegidas por brises de madeira, o principal elemento plástico da fachada. Para Adam, o mais importante é pensar o estilo de vida, sempre único. “Criar uma casa é, a cada vez, como reinventar a roda”, diz ele. Sua proposta ressalta o contato com a natureza, a liberdade e o convívio, e não poderia estar mais de acordo com o espaço no qual se insere. + Spacegroup | Spol O Spacegroup é um escritório de arquitetura e urbanismo fundado em Oslo em 2000 e com sede em São Paulo desde 2012. Os sócios Adam Kurdahl e João Vieira Costa elegem projetos desafiadores e complexos, onde podem pôr em prática capacidades analíticas e inteligência coletiva para formar cultura por meio da arquitetura.


studio arthur casas

um projeto que busca ser funcional e prático sem perder de vista o seu papel de retiro nos fins de semana

“Imagino que esta será a primeira e a segunda casa da família que escolher morar aqui”, explica Arthur Casas. Dividida em dois pavimentos, o programa é clássico, com quatro suítes, e prioriza as áreas de convivência e lazer. No térreo, sala de estar ampla, cozinha gourmet, terraço e deque para a piscina; e no superior, a sala íntima e varanda compartilhada formam as principais áreas de convívio familiar. O maior desafio foi encontrar equilíbrio entre privacidade e entorno. “São coisas relativamente opostas: como ganhar a paisagem e ao mesmo tempo manter o espaço íntimo?” No lote de esquina, a solução foi criar paredes cegas nas duas faces voltadas para a rua, que abrigam um jardim vertical interno. As grandes aberturas se dão para os fundos do terreno – onde está a piscina – e no piso superior, por janelas afastadas do perímetro que permitem a contemplação da área verde.

“Acredito que cada vez mais as casas são para a família, e não símbolo de status – uma casa para viver, e não para mostrar”, diz Arthur. O projeto investe no conforto e bem-estar, se beneficiando desta situação única de viver em São Paulo. + Studio Arthur Casas Fundado na década de 1980, o Studio Arthur Casas valoriza o diálogo na concepção de projetos que vão do objeto à paisagem, influenciado por um espírito modernista e contemporâneo. A equipe de designers, arquitetos e urbanistas se divide entre São Paulo e Nova York, e possui obras em diversas cidades do mundo. O vocabulário de Arthur Casas é reconhecido, premiado e publicado nacional e internacionalmente.


studio mk27

materiais pré-fabricados resultam em uma casa de construção racional, que respeita o entorno

“Quando visitei a Chácara pela primeira vez fiquei muito impressionado. É certamente o melhor projeto que já vi desse tipo”, diz Marcio Kogan. Com vontade de impactar o local o menos possível, a equipe do escritório optou por sistemas construtivos industrializados, dando sequência às suas pesquisas atuais para este tipo de construção mais racional. A casa é como um quebra-cabeça, com peças encaixáveis que chegam prontas na obra e são apenas montadas no local. O projeto se estrutura por uma sequência de pórticos de aço corten que seguram os dois volumes retangulares principais – espécie de grande costela que funciona também como brise e equilbra a gradação da luz natural no espaço. A distribuição espacial é pouco convencional; na caixa situada acima estão as áreas de convivência, e na de baixo, aberta para o jardim, a área íntima, com três suítes. Já no espaço intermediário entre os

dois volumes, configura-se uma praça. Com embasamento de concreto pré-moldado, e fechamentos de vidro e placas de madeira, a casa é construída através de uma obra seca. Sua resposta à natureza se dá, principalmente, pela escolha de partidos construtivos que a preservam em todo o processo. + Studio MK27 Fundado no início dos anos 1980 por Marcio Kogan, o Studio MK27 é premiado internacionalmente. Recebeu o Wallpaper Design Award, D&AD e LEAF Award, entre outros. Em 2011, Marcio Kogan se tornou membro honorário do American Institute of Architects, e em 2012 representou o Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza.


tacoa

volumetria inclinada, circulação em rampa e em contraste com o entorno, se reúnem num projeto ousado e investigativo

A ideia para uma casa inclinada não surgiu por acaso: é somatória da pesquisa que já desenvolviam ao redor da rampa e a condição do lote em declive destinado ao seu projeto no Residencial Chácara Santa Helena. Ao invés de inclinar o volume no sentido da topografia, Fernando Falcon e Rodrigo Cerviño fizeram o inverso, criando um contraste radical do paralelepípedo de concreto aparente com o terreno. No interior, o tombamento do volume se faz presente nas grandes rampas e se reflete nos detalhes. “Caixilhos, portas e outros fechamentos seguem a ortogonalidade torta”, dizem os arquitetos, ao explicar que “a casa é a circulação”. Trata-se de uma casa-passeio, na qual os ambientes em nível são a exceção. O percurso contínuo e em espiral ascendente se inicia na cota mais baixa do terreno e uma escada dá acesso ao primeiro pavimento. A partir dali, as rampas ligam os diferentes

níveis e ambientes: a suíte, em seguida a sala de estar, depois a cozinha e, por fim, a cobertura com piscina. Apesar de contrastante, a casa não se exclui da natureza, pelo contrário, se abre a ela em três eixos. Um grande furo horizontal cria as janelas na sala; um outro, vertical, dá lugar ao jardim interno e preserva as árvores existentes no centro do terreno; e um terceiro, transversal, abre as vistas das rampas e áreas sociais para o jardim. Uma casa compacta, pensada para um casal aberto a surpresas arquitetônicas ousadas. + Tacoa O Tacoa Arquitetos foi fundado em 2005 por Rodrigo Cerviño e Fernando Falcon, ambos formados pela FAU-USP. Entre seus projetos de destaque estão a Galeria Adriana Varejão no Instituto Inhotim (MG), e o edifício Vila Aspicuelta, em São Paulo. Finalistas do concurso para a nova sede do MIS-RJ (2009).


expediente

Criação e desenvolvimento Studio Bamboo Editoras Camila Belchior Clarissa Schneider Textos Livia Debbané Projeto gráfico Estúdio Lógos Ilustrações Catarina Bessell Neco Stickel Fotos Debby Gram, Romulo Fialdini, Eduardo Costa, Luiza Rocco Mattos, Eduardo Simões, Kiko Ferrite, Jorge Bispo, David Vintiner e divulgação Renders e Croquis Fernando Prandi, Planomotor, VZO Studio e divulgação Revisão Deborah Peleias Tratamento e impressão Ipsis gráfica e editora

Registro do loteamento Sob números 346.627 a 346.688 conforme a Av. 09/M316.596, de 23 de Agosto de 2007. Aprovação do loteamento 2007/128-00 publicado em 05/04/2007 revalidado em 25/04/2013. Os projetos da guarita e da área de convivência do empreendimento serão executados de conformidade com as aprovações da PMSP à época, podendo ser alterados para atender a solicitação da municipalidade.


bamboo + residencial chácara santa helena

mostra: arquitetura contemporânea e natureza 23.08–23.11.2014

rua teixeira de freitas 2 alto da boa vista, são paulo reschacarasantahelena.com.br

natu reza e arqui tetura


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