Idea!Zarvos + bamboo - vida boa

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Por uma vida melhor Tempo, tranquilidade, segurança e uma boa relação com a cidade

VIDA BOA

Vida de bairro Ana Prata, Pedro Terra, Speto, Ruy Teixeira e Paula Juchem contam suas histórias

Família Bairros menos óbvios oferecem boa qualidade de vida e ótimas escolas


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Viver na cidade não precisa ser sinônimo de estresse, trânsito, violência e preços altos. Em bairros menos óbvios de São Paulo, é possível colher frutas do pé numa praça, andar de skate na rua e jogar pingue-pongue na frente da casa do vizinho. Deixar a porta destrancada, estender uma rede e ler sem interrupções, e caminhar por ruas tranquilas e arborizadas até regiões mais agitadas quando der vontade.

Conhecemos pessoas e bairros que nos inspiraram e mostraram que é possível ter qualidade de vida numa megalópolis.

Casa para cachorros da raça dachshund smooth projetada pelo Atelier Bow Wow para o projeto Architecture for Dogs


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sumario

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POR UMA VIDA MELHOR

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FAMILIA EM PRIMEIRO LUGAR

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VIDA DE BAIRRO

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HA VIDA NAS VILAS


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por uma vida melhor 1

Fugir da cidade não é solução. Nos apoderarmos daquela em que vivemos e transformá-la é possível, mesmo em São Paulo

Não é preciso ser radical para encontrar qualidade de vida: fugir da cidade, parar de trabalhar ou viver na nostalgia de uma época que não é essa. “Já decidimos que não vamos voltar para o campo, porque queremos conversar, e lá não tem com quem conversar”, já disse o vencedor do Pritzker – o mais importante prêmio de arquitetura internacional –, Paulo Mendes da Rocha. Por mais que as adversidades sejam muitas e abrangentes, ter qualidade de vida numa cidade como São Paulo é o resultado de uma série de escolhas menos complexas do que num primeiro momento pode parecer. Conversamos com pessoas que foram morar ou trabalhar em bairros paulistanos onde isso ainda é possível e percebemos duas coisas: viver bem é administrar o tempo com eficácia e ter uma boa relação com a cidade. É possível atingir isso por meio de um redesenho da própria vida na qual a cidade se torna amigável. Essa transformação é tão necessária quanto evitar o trânsito, as filas, a violência e o barulho.

Antonio Pereira, que morou a vida toda na Vila Ipojuca, bairro antigo e tranquilo delimitado pelas avenidas Cerro Corá, Pio XI e a rua Sepetiba, diz ter sempre gozado de qualidade de vida. “O bairro é muito familiar, todo mundo se conhece, parece cidade de interior.” Sua infância foi brincar pelas praças e ruas sossegadas do bairro, algo que ainda hoje acontece. “Muita gente que sai acaba voltando. É difícil encontrar um bairro assim”, diz ele, que é proprietário da padaria mais tradicional dali, a Nova Angola. A busca por tranquilidade, segurança, preços justos e espaço dentro da densidade urbana leva à descoberta e transformação de novas vizinhanças. Uma cidade como São Paulo vive o movimento permanente ditado por estas reconfigurações, que são positivas desde que seja mantido o que o lugar tem de bom e o que ele tem de negativo seja melhorado. São muitas as forças por trás dessas dinâmicas, mas exemplos como a Vila Madalena lembram que essa transformação dá certo; evoluir sem se descaracte-


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rizar e, assim, atrair pessoas sensíveis e em busca das características singulares do bairro. A Vila Madalena é um bairro de usos múltiplos, que mistura moradia, comércio e lazer, que tem transporte público e no qual as pessoas vivem a rua. O uso misto do espaço urbano é um dos aspectos mais positivos para as cidades atuais. Ao invés de pegar o carro e se deslocar para suprir necessidades básicas de comércio, é possível ir a pé comprar suprimentos na venda ou na feira de rua e curtir o passeio. Se a escola fica perto, as crianças não precisam ser vítimas do trânsito e podem vivenciar a cidade no caminho a pé. As ruas e praças se tornam naturalmente mais seguras porque elas não estão desertas, pelo contrário, estão cheias de pessoas. Essas, por sua vez, vivenciam os problemas urbanos, como calçadas esburacadas, e se sentem responsáveis, pois utilizam esses espaços, e correm atrás de melhorias. A cidade se torna, enfim, um ambiente saudável, criado e utilizado pe-

las pessoas, tal qual sua ideia original – “Cidade é uma qualidade de vida”, como já concluiu Paulo Mendes da Rocha.

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1. Flores na janela 2. Varanda com horta e plantas 3. Estante da série Próteses e Enxertos, Studio MK27 4. Ócio no parque 5. Bicicleta, Tokyo Bike

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FamIlia em primeiro lugar 1

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Praças, ruas tranquilas, bons vizinhos e ótimas escolas, como o Vera Cruz, são prioridade para jovens famílias em busca de um novo lar 4 3

Vera Cruz A Escola Vera Cruz lança uma unidade, na Vila Ipojuca, próxima aos novos empreendimentos da Idea!Zarvos. A nova unidade, cujo projeto de arquitetura ainda está em desenvolvimento, será pautada pelos princípios que sempre guiaram a Escola, desde sua fundação. Com início das atividades previsto para 2017, a unidade será constituída de forma gradual, da Educação Infantil ao Ensino Fundamental. “A nova unidade do Vera Cruz será implantada ano a ano, com o apoio de nossas equipes e com o mesmo cuidado que marcou cada etapa de seu crescimento nesses últimos 50 anos”, diz Heitor Fecarotta, um dos diretores. O Vera, como é conhecido, começou suas atividades numa pequena casa, com 70 alunos, por iniciativa de um grupo de educadores que buscavam inovar no ensino. Visionários, eles criaram metodologias e recursos didáticos próprios que se mantêm atualizados e são frutos de um constante diálogo entre

teoria e prática. Hoje a Escola tem mais de 2.000 alunos em todos os ciclos da Educação Básica. Quem conhece ex-alunos do Vera costuma se surpreender com a sua capacidade de fazer boas perguntas e de dar significado ao conhecimento, construindo habilidades para fazer conexões que lhes permitem vincular o aprendizado teórico à vida real. Eles levam do Vera Cruz a capacidade de operar suas escolhas como cidadãos independentes, autônomos, aptos para trabalhar em grupo e para pautar suas ações pela valorização do bem comum. A escolha por um bairro em fase de transição confirma o DNA inovador da escola, sempre atenta aos movimentos e tendências de jovens famílias. Veja mais veracruz.edu.br

Outras escolas na região Alecrim escolaalecrim. com.br Colégio Oswald de Andrade colegiooswald. com.br Colégio Santa Cruz santacruz.g12.br Estilo de Aprender estilodeaprender. com.br Quintal do João Menino joaomenino. com.br Rainha da Paz rainhadapaz.g12.br


“Queríamos mais luz, horizonte e uma outra relação com a paisagem” Ana Calzavara

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Novo lar, nova vida Descobrir que um filho está por vir é um fator decisivo na vida de um casal. A partir disto, a vida nunca mais será a mesma. A casa terá de se adequar, a rotina também, e as escolhas passam a seguir uma nova prioridade. Um filho estimula a tomada de decisões antes postergadas, como procurar um lugar maior para viver, e dita outras, como morar perto de uma boa escola. Foi assim com Ana Calzavara, artista plástica e professora do Colégio Santa Cruz. Quando descobriu que estava grávida do primeiro filho, entendeu que precisaria mudar de casa. “Sabia que iria trabalhar melhor se não tivesse de me locomover tanto. Também queríamos mais luz e horizonte, uma outra relação com a paisagem.” Ana e seu marido trocaram o antigo apartamento por uma casa em frente a uma pracinha. “Outro dia saiu uma matéria no jornal sobre árvores frutíferas em São Paulo. Comecei a ler a descrição e percebi que era a praça em frente à minha casa. Agora a gente vai lá pegar abacate”, ela

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conta. Ana priorizou a qualidade de vida da sua família e, embora tivesse sempre vivido em bairros centrais, entendeu os benefícios de se mudar. “No começo tive medo de me sentir isolada, aí você vai percebendo que há muitas pessoas bacanas por perto. Quem vem para esses lugares tem o mesmo tipo de preocupação e estilo de vida.” Ao desvendar novos bairros e conhecer melhor a cidade, é possível descobrir regiões menos óbvias e, portanto, menos cobiçadas, que oferecem condições normalmente inimagináveis numa cidade como São Paulo. Ruas sem trânsito constante, tranquilas, charmosas e arborizadas; muros baixos, janelas voltadas para a rua e cadeiras de balanço na varanda; praças e espaços abertos para as crianças brincarem com segurança; uma vizinhança que se conhece e desfruta de uma salutar vida de bairro. “A infância dos meus filhos lembra um pouco a minha, quando eu brincava no quintal de casa”, conta Ana.

1 e 2. Escola Vera Cruz 3. Banco Macaco, Henrique Steyer 4. Estante Niña, Henrique Steyer 5. Praça Por do Sol 6. Skate, Oficina Itsu 7. A artista Ana Calzavara 8. Cachorro

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vida DE bairro

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4 entrevistas exclusivas com pessoas que optaram pela tranquilidade de bairros menos agitados e por mais qualidade de vida 3

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A jovem artista Ana Prata montou o seu novo ateliê em um local onde pudesse ter a tranqulidade necessária para criar

É comum que os artistas sejam os primeiros a se instalarem em bairros menos óbvios, pois eles são desbravadores. É o caso da pintora Ana Prata, representada pela Galeria Millan, que encontrou em uma rua tranquila de sobrados um canto para montar seu ateliê. O espaço, no térreo de um prédio de três andares, tem um pequeno jardim para a rua, onde ela costuma estender uma rede e ler. Ela conta que tem ali o silêncio necessário para imergir no seu trabalho sem ter de estar completamente isolada, pois muitos amigos estão por perto. Há quanto tempo você frequenta o bairro? Aluguei este espaço em setembro do ano passado, mas frequento há muito tempo porque fui assistente de um pintor que tem ateliê por aqui há anos. Ele foi o primeiro, mas hoje em dia há vários artistas na região. A gente se visita muito, e isso é muito legal. Aqui tem essa coisa de bairro, o “vou passar aí”. Alguém bate na porta e me chama para ir comer alguma coisa, e no caminho já tocamos a campainha de outro amigo – é uma cultura de vizinho de bairro. Por que você acha que tantos artistas vieram para cá? Sem dúvida porque é mais barato, e porque não é tão longe. Outra coisa que ajuda muito, no meu caso com as telas, é achar estacionamento fácil para carregar e descarregar. O que é viver bem? Em São Paulo, uma coisa importante é conseguir administrar bem o seu tempo. Como artista, não tenho horário, então preciso ter autodisciplina. Um lugar tranquilo é bom nesse sentido, porque abaixa um pouco o frenesi da cidade e você consegue focar. Veja mais galeriamillan.com.br


ruy e paula 4

Após anos baseados em Milão, o fotógrafo Ruy Teixeira e a ilustradora Paula Juchem voltaram para São Paulo e escolheram viver num bairro de ruas tranquilas e arborizadas Foi com os filhos, Pedro e Bia, dois cachorros e uma casa inteira encaixotada que o fotógrafo Ruy Teixeira e a ilustradora Paula Juchem chegaram à sua nova morada, uma construção dos anos 1960 de estilo colonial. Estavam trocando os arredores de Milão, onde viveram por 16 anos, por São Paulo. Não foi difícil entrar no ritmo do novo bairro e hoje aproveitam o silêncio e as ruas agradáveis para pedestres, conhecem os seus vizinhos e costumam ir a pé para a Vila Madalena. Por que vocês escolheram morar aqui? Paula Quando decidimos vir para o Brasil, um grande amigo nos indicou uma escola aqui perto. Fomos lá e adoramos, então já era um estresse a menos.

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Ruy E também foi uma amiga que mora perto que falou para a gente procurar por aqui. Essa área é cheia de gente legal, tem vários amigos. Começamos a olhar inicialmente na Vila Madalena, mas na Itália a gente morava no meio do mato. Queríamos um lugar mais recolhido e aqui é legal por isso.

O que é mais legal no “muro baixo”? P Significa você se relacionar bem com a cidade, dizer “eu não tenho medo de você”. De certa forma, é uma ocupação do espaço público porque todo mundo passa e olha. O Pedro anda de skate aqui na frente, os vizinhos conhecem ele. Isso é uma coisa muito legal aqui. R Morar num lugar assim muda a relação com tudo. A calçada faz parte da casa. Isso me surpreende bastante, tomara que se alastre. Uma outra coisa importante da segurança: a não segregação, dividir a mesma praça com quem quer que seja. Estou impressionada com a quantidade de pássaros aqui. P Uma maritaca fez ninho aqui no telhado. Você chega ali perto e elas ficam furiosas. R Esse lugar virou um oásis de passarinhos na cidade, acho que aqui e em Alto de Pinheiros. Mas aqui tem menos carro.

O que vocês acham da verticalização? R Ela é inevitável, mas o conceito da verticalização nasce para se ter mais espaço verde. Concentrar moradia para ter mais espaço público. O [arquiteto] Renzo Piano tem uma teoria para isso. Foi ele que construiu o Shard, o prédio E o que mais surpreendeu vocês? mais alto de Londres. Há muitos anos, P Dormir em silêncio. Nunca tinha dormido numa bienal de arquitetura, o projeto dele foi pegar algumas centenas de ovelhas em silêncio em São Paulo. e passear com elas nas margens do rio Tâmisa, para dizer que na teoria dele a R Surpreende a possibilidade de você verticalização tinha de trazer o campo para caminhar por ruas arborizadas gostosas, com cachorros, e há parques na região. E a cidade. Quando se fala em verticalizar, surpreende também ver que todo mundo isso é fundamental. vem pra cá pelo mesmo motivo. Então, não tem discordância, todo mundo é Veja mais paulajuchem.com silencioso, de vez em quando tem uma festa, como é bom que tenha, mas é ruyteixeira.com um lugar que todo mundo procura a mesma coisa. P E outra coisa que achei legal é que ninguém tem grandes esquemas de segurança, você caminha e não vê arame farpado ou guaritas. Todo mundo tem muro baixo, ninguém está altamente protegido.


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Adepto da cultura do it yourself, o marceneiro Pedro Terra construiu sua própria máquina de corte computadorizado, CNC, e hoje se dedica à fabricação digital A paixão por velejar levou Pedro a descobrir na marcenaria a possibilidade de começar um negócio inovador. Após cursar artes plásticas, escolheu a carreira de marceneiro autodidata porque não tinha dinheiro para comprar um barco e resolveu construir o seu. Baixou plantas da Internet, comprou livros sobre construção naval e dois anos depois o barco estava pronto. Neste meio tempo, produziu também móveis e cenografia. Com o crescimento do negócio, precisou trocar sua garagem por um espaço maior e encontrou há pouco mais de dois anos um galpão num bairro de ruas sinuosas entre a Pompeia e a Heitor Penteado. Com amigos, construiu há um ano, a partir de instruções disponíveis na Internet, uma máquina de corte computadorizado, CNC. Com ela pronta e funcionando, se desfez de máquinas tradicionais e

mergulhou de cabeça no mundo da fabricação digital. Hoje, ele pilota um dos poucos negócios especializados em corte computadorizado na cidade, e trilha caminhos que já estão mais avançados fora do país e que certamente estão contribuindo para mudanças significantes no design e na indústria. O que é mais legal no bairro? As casas são pequenas e as pessoas não têm quintal. Então, elas se encontram na rua, onde as crianças também brincam. Isso enche as ruas de gente e, consequentemente, elas se tornam mais seguras. A qualquer hora tem gente na calçada, conversando. Em bairros mais exclusivos e cheios de casas muradas, as ruas são desertas. Aqui tem muitos microempresários: vendinha, bar, serralheria, fábrica de biscoito, tem escola e um centro cultural, é um bairro ativo e de uso misto. E como você se relaciona com isso? No começo trancava tudo e fui deixando de fazer isso porque fui me sentindo

cada vez mais seguro. A porta da minha oficina fica aberta o dia inteiro, eu sei que estou protegido. Minha garagem é ponto de encontro dos meninos e numa época montei uma mesa de pingue-pongue e rolavam vários campeonatos. Eles vêm aqui e pedem para eu tirar meu carro para jogar bola. Vou almoçar a pé todo dia. É o melhor bairro que eu já frequentei porque nele existe uma vida pública. Também é fácil de chegar, a pé são dez minutos desde o metrô da Vila Madalena. Todo mundo que vem acha que está no interior, ninguém imagina que tem isso aqui [em São Paulo]. Veja mais pedroterralab.com


spe to Um dos expoentes do grafite brasileiro, o artista Speto é reconhecido internacionalmente e mantém ateliê na Vila Ipojuca O grafiteiro Rodrigo Level, o Speto, faz parte da primeira geração de artistas de rua que ficou conhecida no Brasil. Oriundo da Zona Norte, ele mora há sete anos na Vila Madalena, bairro pelo qual espalhou muitas de suas figuras inspiradas na literatura de cordel e na arte da gravura. Há pouco menos de dois anos, montou um ateliê num espaço na Vila Ipojuca. Dentre as coisas que gosta no bairro, ressalta a calmaria e o fato de estar muito próximo da sua casa. De volta da Feira do Livro de Frankfurt, durante a qual pintou a fachada de uma igreja para a exposição Street-Art Brazil, ele conta sobre o início de sua carreira e a acessibilidade da rua como espaço para a arte. Quando você começou a fazer grafite? Comecei a sair para pintar em 1985, junto com uma turma da mesma geração, entre os quais estava Binho, Os Gêmeos

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e Vitché. Como era um momento pósditadura e as informações sobre o que estava acontecendo lá fora demoravam para chegar aqui, a gente acabou desenvolvendo um estilo muito próprio. Eu andava de skate e era bem próximo da cena underground, tinha vários amigos músicos, trabalhei bastante tempo com O Rappa, que estava criando um som globalizado, porém brasileiro. Começamos a ter visibilidade a partir de 2005 por causa das viagens que começaram a rolar, eu me lembro que na época fui fazer um trabalho na Dinamarca. O grafite tem uma relação intrínseca com a cidade, de uso e ativação do seu espaço. Como você vê isso? Vou dar um exemplo: o beco do Batman na Vila Madalena era um lugar feio e esquecido, pois ali são os muros de fundo das casas. Um grafiteiro dessa primeira geração fez uma imagem do Batman e isso acabou definindo o nome do local, e levando cada vez mais gente para lá. Hoje, se transformou num museu

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a céu aberto. O grafite brasileiro tem essa habilidade de se apropriar do espaço com muita naturalidade, e de transformá-lo. Cada vez mais o grafite se desvincula da pixação e se torna pintura, street art, tornando os lugares mais agradáveis, ao invés de degradados. E ele só tem força no coletivo, não é feito de forças individuais. O que torna o grafite interessante é essa massa de artistas e gente pintando. A rua está acessível a todos. Sim, a rua foi percebida há muito tempo como o lugar mais acessível para se expressar e também o que atrai mais atenção. A própria pixação começou no Brasil contra a ditadura. É o que tem acontecido com todas as manifestações porque as pessoas entendem que a rua é o lugar onde elas estarão visíveis. E a arte de rua também é acessível. Na rua você faz um trabalho para todas as pessoas, sem distinção. A arte fica fácil, de graça. As pessoas se encantam com isso. Veja mais speto.com.br


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Ha vida nas vilas 1

Selecionamos alguns lugares interessantes, tradicionais e práticos na região da Vila Ipojuca e arredores

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Conheça as nossas escolhas:

D. Padaria Nova Angola Rua Tonelero, 561

A. Mendes Wood Rua Marco Aurélio, 311 Fundada em 2010, a Mendes Wood representa artistas brasileiros e internacionais e é uma das mais respeitadas galerias de arte contemporânea da cidade. A necessidade de mais espaço para expor e guardar o seu acervo levou à inauguração recente de um galpão na Vila Romana. Na contramão de um endereço mais comum para a abertura de um segundo espaço entre as galerias, a Barra Funda, a Mendes Wood é a primeira de renome a se instalar no bairro. B. Flores na Varanda Rua Camilo, 455 Localizado numa casa com estilo de vila italiana, o Flores na Varanda nasceu em 2009 com a proposta de ser um café cultural, ponto de encontro para um chá da tarde ou um bom show à noite. Durante o almoço, são servidos pratos leves criados pelo chef Paulo Franco (ex-Mercearia do Conde) e no fim de semana, o buffet de café da manhã atrai as famílias da região. C. Empório Sagarana Rua Marco Aurélio, 883 O Sagarana estreou como empório de cachaças e doces de Minas Gerais em 2009 sob o comando do jovem mineiro Paulo. A esquina simpática numa área calma da Vila Romana começou a atrair mais e mais clientes e degustações mais demoradas – e o local foi naturalmente se transformando em bar. Passou a ter uma carta de cervejas artesanais e comidinhas criadas por Priscila, mulher de Paulo, como um delicioso sanduíche de linguiça de javali. O local é amigável, os donos estão sempre por perto e os atendentes são sorridentes e descontraídos.

Fundada em 1962 por um imigrante português e seus dois filhos, a Nova Angola é a padaria mais antiga e tradicional da Vila Ipojuca. Hoje, tocada por Antonio Pereira Martins, neto do fundador, junto com seu tio, ela ensaia modernizar-se para oferecer mais serviços ao público que está chegando no bairro. A ideia é montar um bar anexo, que vai conviver com as receitas de cinco décadas criadas pela avó e tias, como o bolo caçarola. As fornalhas de pão francês saem de 20 em 20 minutos do forno a lenha, assim como os pães rústicos e italianos, tudo feito por padeiros que estão na casa há 40 anos. E. Condomínio Cultural Mundo Novo Rua Mundo Novo, 342 O espaço do Condomínio Cultural foi adquirido por um empresário da área de desenho de som em 2011. Construído na década de 1920, o amplo sobrado é dos mais antigos da Vila Anglo; serviu de escola, maternidade e posteriormente hospital geriátrico, um dos primeiros da cidade, e estava abandonado desde 1995. Dando-se conta dessa história, ao invés de reformá-lo para montar ali sua empresa, o novo proprietário decidiu abrir o espaço para atividades culturais com o intuito de estabelecer novas relações com o local. Fez uma reforma providencial para que grupos de teatro e artistas visuais pudessem usá-lo como sala de ensaio e ateliê, apresentações e exposições. Cada um contribui com o necessário para dividir os gastos diretos e a programação é organizada por um grupo de colaboradores.

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Parques e praças F. Praça Por do Sol G. Parque Villa-Lobos H. Praça Amadeu Decome I. Praça Doutor Octavio Perez Velasco Comes e bebes J. Espaço Zym K. Quinta de Santa Maria L. Cacilda M. Cantina Brasiliani N. Vito O. Sachinha Supermercados e padarias P. Mambo Q. St Marché R. Natural da Terra S. Feira Ceagesp T. Pão de Açúcar U. Padaria Natalina Academias V. Ecofit W. Bioritmo Outros X. Pedro Terra LAB Y. Amoreira Z. Votupoca Molduras Idea!Zarvos Casa Idea!Zarvos Futuros empreendimentos Idea!Zarvos


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creditos Expediente Criação Casa Darwin Organização bamboo studio Coordenação editorial Camila Belchior

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Textos Livia Debbané Revisão Deborah Peleias Produção Bia Villarinho Projeto gráfico estúdio lógos e Casa Darwin

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Colaboração Marketing Idea!Zarvos Agradecimentos Ana Calzavara, Ana Prata, Antonio Pereira Martins, Paula Juchem e Bia, Paulo Leite, Pedro Terra, Speto, Ruy Teixeira, e todos que contribuíram para a realização deste caderno

Capa e contracapa Obra do artista Speto. Foto: Divulgação Páginas 4 e 5 1. Plantas na janela. Foto: Romulo Fialdini 2. Varanda. Foto: Stéphane Rambaud 3. Estante Próteses e Enxertos. Marcio Kogan, Studio MK27, Manuela Verga e Paolo Boatti. Foto: Petr Krejci 4. Parque em Buenos Aires. Foto: Marcela Falci 5. Bicicleta. Tokyo Bike. Foto: Divulgação Páginas 6 e 7 1 e 2. Escola Vera Cruz. Fotos: Divulgação 3. Banco Macaco. Henrique Steyer 4. Estante Niña. Henrique Steyer. Fotos: Divulgação 5. Praça Por do Sol. Foto: Marcela Falci 6. Skate. Oficina Itsu. Foto: divulgação 7. Ana Calzavara. Foto: Gabriel Arantes 8. Cachorro. Foto: Romulo Fialdini

Páginas 8 e 9 1. Tela de Ana Prata 2. Pincéis de Ana Prata 3. Ana Prata 4. Ruy Teixeira, Paula Juchem e a filha Bia 5. Detalhe da sala de jantar. Fotos: Gabriel Arantes Página 10 e 11 1. Pedro Terra 2. Banco do Pedro Terra LAB 3. Oficina Pedro Terra LAB. Fotos: Gabriel Arantes 4. Rodrigo Level, o Speto 5. Obra de Speto 6. Obra de Speto em Frankfurt. Fotos: Divulgação

Páginas 12 e 13 1. Praça. Foto: Estúdio Pola 2. Paulo Leite no Empório Sagarana 3. Condomínio Cultural Mundo Novo, Vila Anglo Brasileira 4. Padaria Nova Angola, Vila Ipojuca. Fotos: Gabriel Arantes Páginas 14 e 15 1. Pintura de Ana Prata 2. Paula Juchem e a filha Bia 3. Pedro Terra 4. Detalhe do ateliê de Ana Calzavara. Fotos: Gabriel Arantes 5. Vaso com flores. Foto: Romulo Fialdini 6. Bicicleta. Tokyo Bike. Foto: Divulgação 7. Ruy Teixeira. Foto: Gabriel Arantes

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“Quanto mais múltipla e mista a cidade, melhor” Marcelo Morettin

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“Qualidade de vida é ter tempo para fazer as coisas que realmente importam” Ana Calzavara “‘Cidade’ é uma qualidade de vida” Paulo Mendes da Rocha

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“Os prédios murados e fechados em si mesmos poderiam estar em qualquer lugar” Ana Prata

“A porta da minha oficina fica aberta o dia inteiro, eu sei que estou protegido” Pedro Terra

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“O conceito da verticalização nasce para se ter mais espaço verde. Concentrar moradia para ter mais espaço público” Ruy Teixeira



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