IDea!Zarvos + bamboo - vida interior

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Mais autonomia Soluções inteligentes, inspiração e criatividade nos interiores

A cara do design Jader Almeida Mathieu Lehanneur Nendo ,ovo

Microcosmos O estilo de vida dos arquitetos Marko Brajovic e Marcelo Morettin

VIDA INTERIOR


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Os interiores que habitamos e os produtos de design que os recheiam são parte integral das nossas vidas. Eles nos acolhem, suprem nossas necessidades e nos ajudam a ter uma vida melhor. Compilamos aqui o melhor das tendências e da cara da vida contemporânea para você se informar e inspirar.

Sala para crianças com mobiliário Battistella.


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Saiba mais sobre as tendências e a busca coletiva por autonomia que se manifesta nos interiores contemporâneos 3

Os interiores espelham e são espelhados no mundo exterior e nessa confluência de sensibilidades internas e individuais é possível perceber a vontade coletiva. Há algo em comum nos espaços contemporâneos; eles expressam como as pessoas estão cada vez mais em busca de autonomia, libertando-se da massificação e do consumo impulsivo. Com a informação democratizada disponível a qualquer um com acesso à Internet, é possível achar aquilo que de fato lhe é útil e o emociona, ou aprender a criá-lo você mesmo. Soluções inteligentes Os nossos lares e interiores não são mais produto de forças econômicas, pelo contrário, são o fruto de pessoas que acreditam que podem fazer algo muito bom com as ferramentas que estão à sua disposição. Hoje, bastam alguns cliques para que se descortine na web um universo de referências estéticas, de soluções factíveis e inovadoras. Os interiores ganham contornos na cultura do faça você mesmo, da reutilização e

adaptação. Podemos, e queremos, crescer jardins verticais e produzir parte da nossa comida. Estamos no processo de retomar o controle sobre as coisas que nos dizem respeito. O design é sensível a essas mudanças, propondo peças cada vez mais humanizadas, duráveis e inteligentes, que se utilizam da tecnologia para solucionar problemas e oferecer produtos que agregam real valor às nossas vidas e à sociedade. Imperfeição, criatividade e emoção Enquanto espaço de ativação dos valores que nos guiam, o nosso universo particular está se tornando cada vez mais versátil. As cozinhas abrem-se como espaço de convívio e de cultivo, o escritório não é mais um espaço físico isolado porque se centraliza na autonomia e mobilidade que as interfaces tecnológicas móveis nos oferecem. As fronteiras físicas se desmoronam e demonstramos que queremos menos rigidez e mais divisões porosas, e principalmente que buscamos a autonomia para opinar, escolher e construir esses espaços. Nossas escolhas,

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hoje, são mais conscientes e livres de padrões e queremos relações mais verdadeiras com as pessoas e com aquilo com o qual nos rodeamos. A imperfeição, a criatividade e a emoção se fortalecem como valores dos novos tempos. Poesia O espaço ideal é aquele que inspira e reflete o nosso dia a dia, que insere nele um plano poético, que nos surpreende e está em constante transformação, como nós. Os interiores contemporâneos são o palco da nossa subjetividade.

1. Pinguins em madeira, Lars Beller 2. Vasos Tangent, Hallgeir Homstvedt 3. Mobiliário modular Bikini Island, Studio Aisslinger 4. Projeto Save Food from the Fridge, Jihyun Ryou 5. Sofá Breeze, Tait 6, 7 e 10. Detalhes de apartamento na Alemanha 8. Porta-coisas Suburbia, Note Design Studio 9. Cadeira Pocket, Discipline

Inspire-se bamboonet.com.br trendtablet.com heartanddesign. blogspot.com.br wired.com

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Visitamos os universos particulares de Marcelo Morettin e do casal Teka e Marko Brajovic. Falamos sobre design, arquitetura e cotidiano

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“Não consigo pensar a casa separada da cidade” Marcelo Morettin

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Versatilidade O mundo está mais versátil e isso se reverbera nos lares contemporâneos. O arquiteto paulistano Marcelo Morettin nos conta que em seus projetos não pensa especificamente o design de interiores, mas faz um esforço para que a arquitetura possa “absorver o modo de vida de quem vai morar ali”. O que caracteriza o espaço contemporâneo é esta generosidade, inclusive a de admitir que os estilos de vida se transformam com o tempo. Isso implica na criação de espaços versáteis, que possam assumir diversas configurações. É visível a recorrência de portas amplas de correr e biombos, e do mobiliário modular e adaptável nos interiores contemporâneos. “O apartamento deve ser um pouco como uma caixa mágica, que você abre e fecha, e ela vai se transformando”, explica Morettin. Para o arquiteto croata radicado em São Paulo, Marko Brajovic, essa caixa mágica é fundamental. “As pessoas querem ter a possibilidade de criar os seus ambientes. Gosto de produzir vários momentos ou cenas na minha casa.” 6

Em casos extremos de apartamentos diminutos, como os que aparecem em cidades como Tóquio e Hong Kong, paredes móveis transformam completamente o espaço. Se a disposição dos interiores muda, assim também o design de objetos se propõe a oferecer diferentes opções. Hoje, os designers criam pensando que seus objetos devem admitir modificações pelo usuário final – desde variações na forma e na disposição quanto na função. É preciso que as diversas unidades que compõem o lar possam ser tão transmutáveis quanto as pessoas que o ocupam. “Ficar impondo modos de viver é sem cabimento”, diz Morettin.


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“Ao invés de revolucionar, preferimos evolucionar o espaço” Marko Brajovic

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Transformação Transformar é um verbo contemporâneo. O lar de Marko e Teka Brajovic é uma prova concreta de que “o tempo é amigo”, como colocam. Quando alugaram a sua casa, ela estava repleta de coisas da antiga moradora, Ondina, que a construiu e morou a vida inteira lá – entre fotos, certidões de nascimento e uma coleção de mapas, eles não tiveram coragem de jogar tudo fora. Selecionaram retratos e criaram uma espécie de memorial à vida passada desta casa, logo no hall de entrada. Longe de apagar os rastros, transformaram o antigo de modo que passasse a caber no seu estilo de vida e a fazer sentido na sua própria história. “Ao invés de revolucionar o espaço, preferimos ‘evolucionar’ o espaço”, diz Brajovic. A vivência faz com que pouco a pouco as coisas se adaptem de uma maneira verdadeira ao espaço. “Quando se muda para uma casa, é preciso passar uns dias até entender onde vai o sofá porque isso define para onde você vai olhar”, diz Teka. “Tem pessoas que constroem a casa do imaginário coletivo e nunca dialogam com ela”, completa Brajovic.

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Os objetos os acompanham há anos, alguns herdados da avó de Teka, outros garimpados em feiras como a do Bexiga, e são mutantes, assumindo novas configurações com o passar do tempo nas mãos do casal. “Não temos pretensão, garimpamos tudo, pintamos, colocamos um tecido. É super prazeroso pensar que você não está imerso em um ciclo de consumo”, diz Brajovic. Para Teka, que é designer de joias, “além do prazer de criar, tem o prazer de conseguir reaproveitar, não ter de ir comprar, mas se virar com o que você tem.” Porosidade A relação do espaço íntimo com o espaço urbano é definidora de como o primeiro irá se configurar. “Não consigo pensar a casa separada da cidade. Parte da minha vida está fora e isso muda a dinâmica daqui de dentro”, explica Morettin, e continua por dizer que sua filha não precisa ter um ‘quarto da bagunça’ em casa, pois ela pode ir brincar na praça pertinho do prédio. “Um bairro mais vivo se reflete dentro da sua casa, e isso é tão importante quanto o que a gente coloca aqui dentro”, ele diz, e ressalta a ideia de não sobrecarregar o espaço doméstico com funções que podem ser realizadas no espaço público. A porosidade que caracteriza o interior contemporâneo encontra seu reflexo na relação da casa com a rua. “No Brasil, é dramática a relação entre interior/exterior. Nos casos mais ‘fantásticos’, as casas dividem pragmaticamente esses espaços”, ressalta Brajovic. Permeabilidade e integração são ideias que valem para dentro de casa, mas que nascem da convivência do interior com o exterior.

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Veja mais andrademorettin.com.br markobrajovic.com afigurinista.com.br

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Simplicidade, inovação, humor e racionalidade nas criações de 4 designers contemporâneos

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Nendo Forma com sensação Desde 2002, o Nendo traz a simplicidade e a sabedoria de sua raiz japonesa traduzida de modo irreverente, capaz de comunicar humor nos quatro cantos do mundo. Dono de um minimalismo inteligente e emotivo, o estúdio fundado por Oki Sato viu a ascendência astronômica de sua abordagem ao design, que surpreende com ideias que parecem sempre ter existido, mas que até então ninguém tinha feito o gesto necessário para descobri-las. “Coletamos insights simples e os transformamos em criações que sejam fáceis de compreender, quase intuitivas”, já disse Sato. Suas formas se caracterizam por leveza e poesia, e trazem pequenas epifanias para o dia a dia. Veja mais nendo.jp

1. Tigela Shivering 2. Luminárias Nuno 3. Oki Sato e Mirror Chair 4. Vasos Thin Black Lines 5. Coleção de mobiliário Splinter

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Mathieu Lehanneur Design invisível Para o francês Mathieu Lehanneur, o design não deve se prestar apenas a criar mais uma peça de mobiliário ou objeto. Ele é um modo de pensar que pode ser útil em outros campos do conhecimento. Seu objetivo: melhorar a qualidade de vida das pessoas; sua inspiração: o ser humano, descobrir como ele funciona quando está pensando, comendo ou dormindo; sua busca: saber como o design pode oferecer uma resposta adequada a essas necessidades que se manifestam. Seus projetos são construídos com a ajuda de conhecimentos da ciência e da medicina. Nesse intermédio, Lehanneur cria novas tipologias de produtos, misturando elementos naturais e artificiais – objetos híbridos como o purificador de ar Andrea ou Local River, um aquário combinado a uma pequena horta, que funciona como um ecossistema doméstico. “O produto do design não é apenas físico”, ele diz, “hoje, as pessoas sabem que mesmo aquilo que não podem ver claramente, pode ser bom para elas.” Veja mais mathieulehanneur.fr

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6. Purificador de ar Andrea 7. Objeto sensível ao som dB 8. Aquário e horta Local River 9. Pufe Bucky’s Nightmare 10. Mathieu Lehanneur 11. Objetos Wiser

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,ovo Diversão e arte “Antes de tudo, o ovo é um lugar. Um lugar onde transformações acontecem, um lugar onde uma vida é criada”, dizem Luciana Martins e Gerson de Oliveira, integrantes do ,ovo. Suas criações apresentam um pensamento pouco convencional, que busca a qualidade formal e da usabilidade com boa dose de humor. Os trabalhos do estúdio baseado em São Paulo apresentam leituras conceituais, com comentários sobre o que deve ser um móvel ou uma casa, muitas vezes fugindo ao rigor da função e adentrando o campo da arte. A participação do usuário é fundamental no entendimento do objeto, como na poltrona Cadê, em que a sua função se manifesta apenas quando se senta nela, ou nos módulos Boiling, que podem assumir diversas configurações a serem determinadas por quem os usa. Veja mais ovo.art.br

1. Estante Tijuana 2. Sofá Pedras 3. Luciana Martins e Gerson de Oliveira, do ,ovo 4. Poltrona Cadê

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ja der Jader Almeida Purismo “Uso racional dos materiais, equilíbrio entre forma e função, e a simplicidade, que é o resultado destes conceitos”. É assim que Jader Almeida define seu corpo de trabalho. O catarinense começou sua trajetória na fábrica, entendendo na prática como o desenho e a ideia precisam estar em sintonia com o processo de confecção do produto. Adequação é uma palavra que atravessa todas as partes integrantes da vida e do ciclo de seu design, desde as formas de fabricação até a relação com o usuário final. “Busco criar produtos com valores duráveis. Penso em uma linguagem à um estilo”, ele diz. Sua estética purista, baseada na economia de elementos construtivos, busca ser tão atemporal quanto a vida longa que tem as peças, primorosamente manufaturadas.

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Veja mais jaderalmeida.com 9

5. Banco Philips 6. Rack Teka 7. Poltrona Woody 8. Jader Almeida 9. Mesas laterais Cigg

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Expediente Criação Casa Darwin Organização bamboo studio Coordenação editorial Camila Belchior Textos Livia Debbané Revisão Deborah Peleias Produção Bia Villarinho

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Projeto gráfico estúdio lógos e Casa Darwin Colaboração Marketing Idea!Zarvos Agradecimentos Gerson de Oliveira e Luciana Martins, Jader Almeida, Marcelo Morettin e Luisa, Marko e Teka Brajovic e Zoe, e todos que contribuíram para a realização deste caderno

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Capa e contracapa Pufe Windmills. Constance Guisset para Kvdrat. Foto: Divulgação Páginas 4 e 5 1. Pinguins Re-turned. Lars Beller Fjetland para Discipline 2. Vasos Tangent. Hallgeir Homstvedt 3. Bikini Island. Studio Aisslinger para Moroso 4. Save food from the fridge. Jihyun Ryou 5. Sofá Breeze. Made by Tait 6 e 7. Apartamento Altbau, Wiesbaden, Alemanha. Studio Oink 8. Porta-coisas Suburbia. Note Design Studio para Seletti 9. Cadeira Pocket. Ding 3000 para Discipline 10. Detalhe de estante de louça. Fotos: Divulgação

Páginas 6 e 7 1 a 6. Apartamento de Marcelo Morettin. Fotos: Gabriel Arantes Páginas 8 e 9 1 a 7. Casa de Teka e Marko Brajovic. Fotos: Gabriel Arantes Páginas 10 e 11 1. Tigela Shivering. Nendo 2. Luminárias Nuno. Nendo para Vibia 3. Designer Oki Sato e Mirror Chair. Nendo para Glas Italia. Fotos: Hiroshi Iwasaki 4. Vasos Thin Black Lines. Nendo. Foto: Divulgação 5. Coleção Splinter. Nendo para Condé House. Foto: Yoneo Kawabe 6. Andrea. Mathieu Lehanneur 7. dB. Mathieu Lehanneur 8. Local River. Mathieu Lehanneur 9. Bucky’s Nightmare. Mathieu Lehanneur 10. Designer Mathieu Lehanneur 11. Wiser. Mathieu Lehanneur. Fotos: Divulgação

Páginas 12 e 13 1. Estante Tijuana. ,ovo 2. Sofá Pedras. ,ovo. Fotos: Ruy Teixeira 3. Designers Luciana Martins e Gerson de Oliveira, do ,ovo. Foto: Fernando Lazslo 4. Poltrona Cadê. ,ovo. Foto: Divulgação 5. Banco Philips. Jader Almeida para Sollos 6. Rack Teka. Jader Almeida para Sollos 7. Poltrona Woody. Jader Almeida para Sollos. Fotos: Divulgação 8. Designer Jader Almeida. Foto: Eduardo Camara 9. Mesas laterais Cigg. Jader Almeida para Sollos. Foto: Divulgação Páginas 14 e 15 1. Mesas laterais Ivy. Paola Lenti 2. Lixeira Octa. ¿adónde? 3. Porta-cartas. Rodrigo Khuri para Galeria Nacional 4. Poltrona giratória Spun. Thomas Heatherwick. Fotos: Divulgação 5. Poltrona 41 “Paimio”. Alvar Aalto produzida pela Artek 6. When concrete meets wood. Amanda Rodriguez. Foto: Elin Strömberg 7. Charcoal. Formafantasma para Vitra Design Museum. Foto: Luisa Zanzani 8. Detalhe de estante de louça. Foto: Divulgação


“O design não é uma questão estilística. Ele descobriu a própria necessidade de existir” Marko Brajovic 5

“Ando a procura de espaço para o desenho da vida” Cecília Meireles

“Quanto trabalho para atingir a simplicidade!” Jacques Adnet

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“Estilo é a possibilidade de morar numa casa que comunica com você” Marko Brajovic

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“Cada família tem de entender o seu equilíbrio entre as ‘conchas’ – os espaços de convívio e os de privacidade” Marcelo Morettin

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“Não tenha nada na sua casa que não acredite ser belo ou útil” William Morris

“As pessoas entendem que não têm necessidade de comprar cada vez mais coisas, mas sim de ter objetos inteligentes, que compreendem e respondem às suas necessidades” Mathieu Lehanneur



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