Jornal dos Bancários - ed. 412

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ANO XIX • Nº 412 • 18 a 31 DE OUTUBRO DE 2011 • SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE CRÉDITO NO ESTADO DE PERNAMBUCO

Bancários fazem a maior greve dos últimos 20 anos e conquistam suas principais reivindicações

vitória WWW.BANCARIOSPE.ORG.BR


2 campanha nacional

Mobilização em seis atos

Fotos: Ivaldo Bezerra/Beto Oliveira

Durante as três semanas de greve, o Sindicato realizou seis atos de protesto para denunciar a falta de respeito das instituições financeiras para a sociedade

Sindicato distribui abacaxis em frente ao BB da Sete de Setembro, em 7 de outubro

Passeata tomou as ruas do centro do Recife no dia 29 de setembro

Bancários distribuem bolo e pirulito na Caixa Guararapes, na véspera do Dia das Crianças

Enterro dos banqueiros atrai as atenções no centro do Recife, no dia 14 de outubro

Protesto contra insegurança no Bradesco, em 5 de outubro

Com mordaças, bancários denunciam tentativa do Bradesco em atrapalhar a greve usando a Justiça, no dia 10 de outubro

Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco DIRETORIA EXECUTIVA Presidenta: Jaqueline Mello Secretário-Geral: Fabiano Félix Comunicação: Anabele Silva Finanças: Suzineide Rodrigues Administração: Epaminondas França Assuntos Jurídicos: Alan Patricio Bancos Privados: Geraldo Times

Bancos Públicos: Daniella Almeida Cultura, Esportes e Lazer: Adeílton Filho Saúde do Trabalhador: João Rufino Secretária da Mulher: Sandra Albuquerque Formação: Tereza Souza Ramo Financeiro: Elvis Alexandre Intersindical: Cleber Rocha Aposentados: Luiz Freitas

18 a 31 de outubro de 2011

Circulação quinzenal Redação: Av. Manoel Borba, 564, Boa Vista, Recife Telefone: 3316.4233 / 3316.4221. Correio Eletrônico: imprensa@bancariospe.org.br Sítio na rede: www.bancariospe.org.br Jornalista responsável: Fábio Jammal Makhoul Conselho Editorial: Anabele Silva, Geraldo Times, Tereza Souza e Jaqueline Mello. Redação: Fabiana Coelho, Fábio Jammal Makhoul e Wellington Correia. Diagramação: Libório Melo e Bruno Lombardi. Impressão: NGE Tiragem: 9.000 exemplares


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Bancários fazem a maior greve dos últimos 20 anos

Foram 21 dias de luta, 9.254 agências paradas e vários centros administrativos fechados. Resultado: a força da greve rendeu novas conquistas para a categoria

Em Pernambuco, a greve parou 70% das 543 agências bancárias do estado e todos os prédios administrativos

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erça-feira, 27 de setembro. Um mês após o início das negociações com os bancos, os bancários do país inteiro amanhecem o dia de braços cruzados. Era o começo de uma greve que se tornaria a maior das últimas duas décadas. Foram 21 dias de luta, 9.254 agências paradas e vários centros administrativos de bancos públicos e privados fechados em todos os 26 estados e no Distrito Federal. Em Pernambuco, a greve parou 70% das 543 agências bancárias do estado e todos os prédios administrativos. “A força da greve quebrou a intransigência dos bancos, que não queriam retomar as negociações. As instituições financeiras apostaram que nosso movimento perderia força, mas mesmo depois de três semanas de greve a mobilização dos bancários continuava crescendo”, avalia a presidenta do Sin-

os principais avanços, dicato, Jaqueline Mello. destacam-se a PLR soA mobilização dos cial e a contratação de bancários rendeu bons 5 mil empregados na frutos para a categoCaixa e a valorização ria. Graças à força da do plano de cargos e greve, os trabalhadores salários no BB. conquistaram reajuste “Este é o oitavo ano salarial de 9% (aumenseguido que conseto real de 1,5%), valoriJaqueline Mello guimos um aumento zação do piso em 12% acima da inflação, mee melhorias na Partilhoramos a nossa PLR cipação nos Lucros e e garantimos novos Resultados (PLR). Os direitos. A Campanha bancários também gaNacional deste ano corantiram avanços na roa a nossa estratégia questão da segurança adotada em 2004 de bancária e no combate unificar a luta dos banao assédio moral. Geraldo Times cários de bancos públiAs propostas específicas do BB e da Caixa também cos e privados em torno de uma pauta apresentaram melhorias para os ban- de reivindicações, mantendo as mesas cários, envolvendo questões de car- de negociações específicas com cada reira e condições de trabalho. Entre banco. Com esta unidade, o poder de

pressão dos trabalhadores aumentou consideravelmente e, a cada ano, temos conquistado mais avanços para toda a categoria”, explica Jaqueline. Diálogo com a sociedade

Em Pernambuco, a greve foi marcada pelo apoio massivo que os bancários receberam de clientes e usuários de bancos. “A insatisfação da sociedade com as instituições financeiras é geral. Afinal de contas, os clientes também são explorados. Tarifas e juros abusivos, falta de crédito, filas enormes. A solução para todos esses problemas que afligem a sociedade estava em nossa pauta de reivindicações. Nossa luta também foi em prol dos clientes, que reconheceram e nos apoiaram ao longo de toda a greve”, destaca o secretário de Bancos Privados do Sindicato, Geraldo Times. 18 a 31 de outubro de 2011


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Suzineide Rodrigues: resultado da Campanha consolida política de recomposição dos salários

Bancários terminam mais uma Campanha Nacional vitoriosa Pelo oitavo ano consecutivo, os trabalhadores garantiram aumento real de salários, valorização da PLR e a incorporação de novos direitos

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Campanha Nacional dos Bancários terminou, mais uma vez, recheada de conquistas para a categoria. Pelo oitavo ano consecutivo, os trabalhadores garantiram aumento real de salários (acima da inflação), valorização da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e a incorporação de novos direitos na Convenção Coletiva. 18 a 31 de outubro de 2011

Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, as conquistas deste ano mostram o acerto da estratégia de campanha unificada, adotada pelos Sindicatos em 2004, com bancários de bancos públicos e privados lutando lado a lado. “Essa é uma estratégia que estamos construindo há décadas e que foi consolidada em 2004. Desde então, temos saído vi-

toriosos de todas as Campanhas Nacionais, já que a unidade aumentou consideravelmente o nosso poder de pressão e trouxe ganhos para todos”, ressalta Jaqueline. A secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide Rodrigues, destaca que o resultado da Campanha Nacional deste ano consolida uma política permanente de recomposi-

ção dos salários, com aumento real e valorização do piso da categoria. “Foi a força da nossa greve que garantiu uma boa proposta de acordo com os bancos. Os bancários e bancárias estão de parabéns pela disposição de luta. Construímos a maior greve dos últimos vinte anos e conquistamos as nossas principais reivindicações”, comenta Suzi.


Ivaldo Bezerra/lumen

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Principais conquistas Aumento real Reajuste salarial de 9%, o que representa aumento real de 1,5%.

Demais verbas Reajuste de 9%

Valorização do piso

PLR

maior

Regra básica: 90% do salário mais R$ 1.400, com teto de R$

7.827,29. Isso significa um reajuste de 27,2% na parcela fixa da regra básica. Caso a distribuição do lucro líquido não atinja 5% com o pagamento da regra básica, os valores serão aumentados até chegar a 2,2 salários, com teto de R$ 15.798. Parcela adicional: 2% do lucro líquido distribuídos linear-

O reajuste para o piso foi de 12%, aumento real de 4,30%. No caso do escriturário, passa de R$ 1.250 para R$ 1.400. Já os caixas terão como piso R$ 1.900,36.

mente, com teto de R$ 2.800,00, representando um reajuste

Mais segurança

compensados com planos próprios de remuneração.

Fica proibido o transporte de numerário por bancários.

Combate ao assédio moral Os bancos se comprometem a acabar com divulgação de rankings individuais dos funcionários.

de 16,7% no teto. Os valores da parcela adicional não serão Antecipação da PLR: 54% do salário mais o valor fixo de R$

840, com teto de R$ 4.696,37, e parcela adicional de 2% do lucro do 1º semestre distribuídos linearmente entre todos os funcionários, com teto de R$ 1.400.

Auxílio-cesta alimentação R$ 339,08.

Auxílio-refeição R$ 19,78, totalizando R$ 435,16 por mês.

13ª cesta-alimentação R$ 339,08.

Dias parados Não serão descontados dos trabalhadores os dias em greve. Haverá compensação desses dias até, no máximo, 15 de dezembro.

MESAS TEMÁTICAS Manutenção das quatro mesas temáticas de negociação, que discutem igualdade de oportunidades, terceirização, saúde e segurança.

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Força da greve garante conquistas no BB e Caixa

N

goria foi multiplicado e o resultado não poderia ser outro: todos os bancários saíram ganhando. A Campanha Nacional deste ano é um exemplo da importância da unidade dos bancários. No início da greve, o BB e a Caixa, por exemplo, queriam descontar todos os dias parados dos seus empregados. Como a Fenaban aceitou a compensação nos mesmos moldes do ano passado, os dois bancos tiveram de ceder e seguir a orientação da Fenaban.

Para o secretário-geral do Sindicato, Fabiano Félix, quem tinha alguma dúvida sobre a importância da campanha unificada agora tem a certeza de que esta é a melhor estratégia. “Os bancários do BB, da Caixa e do BNB conseguiram recuperar, desde 2004, praticamente todos os direitos que tinham sido retirados pelo governo tucano. Além disso, os aumentos salariais são os mesmos para todos. Acabamos com a política de reajuste zero e garantimos muitos ganhos para os bancários da

rede pública e privada”, afirma. Negociações

permanentes

Fabiano destaca que tanto o BB quanto a Caixa atenderam as principais reivindicações dos bancários. “Mas ainda temos uma série de demandas que precisam ser resolvidas. Para isto, temos a mesa de negociações permanentes com os bancos e vamos inciar, desde já, os debates pela pauta que ainda não foi atendida”, garante. Ivaldo Bezerra/lumen

os anos de 1990, os bancários do Banco do Brasil e da Caixa viveram uma década muito ruim. O governo federal, presidido por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), adotou uma política de reajuste zero para os bancos públicos e, de quebra, ainda retirou uma série de direitos do funcionalismo. A partir de 2004, com a unificação da Campanha Nacional, os funcionários dos bancos públicos passaram a lutar juntos com os colegas da rede privada. O poder de pressão da cate-

Fabiano Félix: bancários estão colhendo os frutos da campanha unificada

Greve parou todas as agências da Caixa em Pernambuco

Bancários do BNB encerram greve, mas negociações continuam Embora as negociações específicas com o BNB ainda não tenham se encerrado, os funcionários do banco em Pernambuco decidiram terminar a greve, mas continuar na luta por suas reivindicações. Em reunião realizada após a assembleia geral dos bancários, no dia 17, os empregados do BNB decidiram retornar ao trabalho após 21 dias de greve. As negociações específicas com o BNB ainda não trouxeram avanços. A pauta de reivindicações dos bancários do BNB tem 76 cláusulas. Entre os pontos de destaque, alguns são pendências que se arrastam há anos. Os funcionários querem, por exemplo, a isonomia de tratamento; transparência nos processos internos de concorrência; revisão do PCR (Plano de Carreiras e Remuneração). Acompanhe em www.bancariospe.org.br

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No BB, greve atingiu mais de 95% das agências e forçou o banco a atender reivindicações


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Principais conquistas do BB

Principais conquistas da Caixa

AUMENTO REAL

PLR SOCIAL

Reajuste de 9% sobre todas as verbas salariais e benefícios. O mesmo valor será aplicado no VCPI (vencimento em caráter pessoal – incorporados), garantido interstício sobre esta verba. Com isso a remuneração aumenta o poder de compra na mesma proporção do ganho conquistado (1,5% real), valorizando todos os salários.

Distribuição de 4% do lucro líquido de forma linear para todos os empregados - além da regra básica e parcela adicional da PLR acordada com a Fenaban. Esse valor será distribuído mesmo que, somado à regra da Fenaban, seja ultrapassado o limite de 15% do lucro do banco previsto na convenção coletiva da categoria.

PISO

VALORIZAÇÃO DO PISO

O piso passa para R$ 1.760; com reflexo na curva do PCR (interstícios). Cada M (mérito) passa a valer R$ 97,35, representando um aumento real de 2,43%. Com isso, mantemos a estratégia de recuperação das perdas ano a ano e valorização do piso salarial.

A proposta prevê também um novo aumento no piso dos bancários, por meio de uma mudança na tabela do Plano de Cargos e Salários (PCS). Os novos concursados passam a ingressar no banco na Referência 202 e, depois de 90 dias, avançam automaticamente para a 203. Dessa forma, o salário após os 90 dias do contrato de experiência passa dos atuais R$ 1.637 (valor atual da ref. 202) para R$ 1.826 (referência 203 já aplicado o reajuste de 9% negociado com a Fenaban) representando assim um reajuste de 11,55% nesse piso. Todos os empregados que hoje ocupam a referência 202, passam automaticamente para a 203. O mesmo vale para a Carreira Profissional, na qual os pisos passam a ser a referência 802 no ingresso, com valor de R$ 7.932, e a referência 803 após 90 dias de contratação, com o valor de R$ 8.128.

PCR Retroatividade no mérito na carreira do PCR até 1998. Após a conquista da carreira de mérito na campanha de 2010, agora a luta é por aprimorá-la sempre. Esse primeiro passo garante que o período de exercício de comissões, desde a criação dos VR´s (valores de referência), seja reconhecido para todos os funcionários.

DESCOMISSIONAMENTO Renovação da cláusula do ACT em vigor com manutenção da trava de descomissionamento. O banco havia ameaçado rever a conquista do ano anterior, mas cedeu às pressões e manteve o direito. Assim, para retirar comissão sob alegação de baixo desempenho, somente após três ciclos avaliatórios negativos na GDP.

PLR O cálculo da PLR do 1º semestre de 2011 considerou os mesmos critérios das distribuições anteriores, dentro de um modelo que é considerado o melhor da categoria. Esse modelo prevê distribuição anual dividida em dois semestres distintos de 90% do salário paradigma (E-6, E-6 + comissão de caixa e VR´s), sendo 45% em cada semestre; 4% do lucro líquido distribuídos de forma linear, valor fixo com parâmetro no valor definido para a categoria e mais o módulo bônus para os comissionados.Neste semestre o número de funcionários que receberá participação dos lucros é superior em cerca de 7 mil ao mesmo período de 2010. Valores básicos Escriturário - R$ 3.571,46 (13,1% maior do que o 1º semestre de 2010), Caixas, Atendentes e Auxiliares - R$ 3.912,16 (12,5% maior do que o 1º semestre de 2010), Demais Comissionados - de 1,62 a 3,0 salários paradigmas (em média 9,9% maior do que o 1º semestre de 2010).

MAIS BANCÁRIOS Contratação de 5 mil novos funcionários s para o banco, ampliando o quadro dos atuais 87 mil empregados para 92 mil, com compromisso assumido pela Caixa de atingir esse número até dezembro de 2012.

SAÚDE Ampliação de 16 para 180 dias da garantia de manutenção de função para trabalhadores afastados por motivo de saúde. A proposta ainda prevê que o filho maior de 21 anos comprovadamente sem renda continue até os 24 anos no Saúde Caixa como dependente indireto mesmo que não esteja estudando. Além disso, o empregado poderá manter o filho no plano até os 27 anos desde que não tenha renda e esteja estudando.

CCV Abertura de Comissão de Conciliação Voluntária (CCV) aos inativos para debater qualquer assunto. A proposta ainda prevê uma CCV específica discutir a 7ª e 8ª hora.

Quanto o bancário da Caixa deve receber de antecipação da PLR (projeção)*

Bolsas de Graduação Mil bolsas de graduação e 500 bolsas de pós graduação. Esse aumento no número de bolsas permite ao trabalhador se preparar para o exercício de suas funções a partir de exigências que o mercado vem fazendo.

Revisão da trava para remoção Trava reduzida para um ano em caso de concorrência de posto efetivo para comissionamento. Essa alteração permite que os trabalhadores tenham uma melhor perspectiva de crescimento na carreira, pois antes era preciso ficar dois anos como Posto Efetivo para pleitear a promoção, o que “atrasava” a carreira.

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8 Sindicato dos Bancários de Pernambuco

para sua carreira não afundar

Nem sempre uma história de amor tem final feliz. Principalmente quando esta história é entre você e o banco. Assédio moral, metas abusivas, falta de segurança, estresse... Sindicalize-se hoje mesmo e fortaleça a luta para não ver sua carreira e saúde naufragarem.

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