ANO XXVI • Nº 586 • 16 DE OUTUBRO A 5 DE NOVEMBRO DE 2018 • SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE CRÉDITO NO ESTADO DE PERNAMBUCO
Haddad assume compromisso com os trabalhadores e em defesa das empresas públicas Financiários assinam acordo e garantem direitos p. 2
Maioria absoluta rejeita alteração estatutária da Cassi p. 3
Sindicato conquista 36ª reintegração no Bradesco p. 8
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2 EDITORIAL
Democracia e direito em risco No dia 28 de outubro, as brasileiras e brasileiros voltam às urnas em clima de forte polarização para eleger o novo presidente da República. A escolha será entre um projeto democrático, de avanço das políticas públicas e manutenção dos direitos dos trabalhadores; ou um governo autocrático, privatista, e sem compromisso com a classe trabalhadora. O candidato Fernando Haddad (PT) assinou um compromisso com o fortalecimento das empresas públicas, como a Caixa, o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste, para impulsionar a economia do país e ampliar o papel social das estatais. Por outro lado, o economista que assessora o candidato Jair Bolsonaro (PSL), acusado de fazer uso de caixa 2 para financiamento da campanha, defende privatizar todas as empresas públicas, sem exceções. A atuação dos sindicatos também corre risco, caso o candidato antidemocrático não seja derrotado. Por isso, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco não poderia se abster de levar essa reflexão para a categoria. Vamos eleger um presidente para defender os bancos públicos, revogar a reforma trabalhista e impedir o avanço da reforma da Previdência. Mas, acima de tudo, para defender a democracia! SUZINEIDE RODRIGUES Presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco
Nordeste recebe ação de prestação de contas da Previ
A
Diretoria Executiva da Previ apresentou aos associados, no dia 10 de outubro, os resultados atualizados do Plano 1 e do PREVI Futuro. Desta vez, o Nordeste foi a região contemplada pela ação de prestação de contas que percorre todo o País. Segundo o relatório, o resultado líquido de 2017 foi de R$ 5,7 bilhões, suficiente para cobrir o déficit técnico de 1,44 bilhão sem contribuições extraordinárias para o equacionamento. “Os resultados são positivos e estou tranquila por saber que a equipe de gestão está cuidando bem do nosso patrimônio. A Previ está recuperando-se e restabelecendo os patamares superavitários”, avalia a secretária-geral do Sindicato e participante da Previ, Sandra Trajano. Em 2017, o Plano 1 teve rentabilidade de duas vezes a meta atuarial de 7,17% (INPC + 5% ao ano) e alcançou 14,85%, o que reduziu substancialmente o déficit acumula-
Sandra Trajano acompanha a apresentação dos resultados
do, com perspectivas de alcançar o equilíbrio em 2018. O resultado no exercício foi superavitário e segue rumo ao equilíbrio atuarial, objetivo maior de todo plano de benefícios. Consequentemente, não será preciso demandar que participantes e patrocinadora façam contribuições adicionais. Com 114.030 participan-
tes, o Plano 1 pagou mais de R$ 12 bilhões em benefícios. O Plano PREVI Futuro obteve rentabilidade total de 14,97% no ano, o que corresponde a mais que o dobro da meta atuarial do período. Com 86.724 participantes, o plano está aberto a adesões e ainda com baixo percentual de aposentados.
Financiários garantem direitos da CCT e aumento real de salário O Comando de Negociação dos Financiários da Contraf-CUT assinou, no dia 9 de outubro, a nova Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. Aprovado pelos trabalhadores em assembleias realizadas em todo o País no dia 4, o acordo garante reajuste de 3% sobre os salários, todos os direitos por dois anos e novas conquistas, como o parcelamento do adiantamento de férias. Para 2018, o reajuste corresponde à reposição da inflação 1,76%
(INPC entre 1º de junho de 2017 e 31 de maio de 2018), mais 1,22% de aumento real. Para 2019, o acordo prevê a reposição da inflação mais aumento real de 1%. A proposta apresentada pela Fenacrefi foi aprovada, em Pernambuco, pelos financiários da BV Financeira e da Financeira Alfa. Para a secretária do Ramo Financeiro do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Diana Ribeiro, as negociações foram de extrema im-
portância e resultaram na assinatura de um bom acordo para os trabalhadores. “Conseguimos manter a CCT com garantia de aumento real por dois anos e todas as conquistas históricas da categoria”, afirmou. Além de assegurar todas as cláusulas previstas na CCT, os financiários conquistaram o parcelamento de até três vezes do adiantamento de férias, que até então era descontado integralmente no mês posterior ao descanso.
DIRETORIA EXECUTIVA EXPEDIENTE
Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco Ed. 586 / Circulação Quinzenal Redação: Av. Manoel Borba, 564, Boa Vista, Recife/PE Telefone: (81) 3316 4233 E-mail: comunicacao@bancariospe.org.br Site: www.bancariospe.org.br Tiragem: 7.000 exemplares
Jornalista Responsável: Micheline Américo Conselho Editorial: Adeílton Filho, Epaminondas França, Micheline Américo e Suzineide Rodrigues Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto Diagramação: Bruno Lombardi Fotos: Agência Lumen
16 de outubro a 5 de novembro de 2018
Presidenta: Suzineide Rodrigues Comunicação: Epaminondas França
Cultura, Esporte e Lazer: Adeilton Filho
Secretária-Geral: Sandra Trajano
Assuntos da Mulher: Eleonora Costa
Finanças: Terezinha Santiago
Saúde do Trabalhador: Andreza Camila
Administração: Geraldo Times
Formação: Adriana Correia
Assuntos Jurídicos: João Rufino
Intersindical: Rubens Nadiel
Bancos Públicos: Cândida Fernandes
Ramo Financeiro: Diana Ribeiro
Bancos Privados: Expedito Solaney
Aposentados: Maria José Leódido
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Maioria absoluta rejeita alteração estatutária da Cassi
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ais de 91 mil associados da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) votaram não à proposta apresentada pelo banco acerca da reforma estatutária. O resultado é fruto da mobilização realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da Central Única dos Trabalhadores (Contraf-CUT), Sindicato dos Bancários de Pernambuco e demais entidades representativas, em defesa dos funcionários do BB. A votação apurada no dia 5 de outubro contou com a participação de 132.504 associados. Entre os votantes, 91.796 disseram não e 38.970 votaram favoravelmente à alteração. Foram registrados também 805 votos brancos e 933 nulos. “Essa vitória do ‘não’ representa a unidade dos funcionários ativos e aposentados do BB e de todas as forças que compõem o movimento sindical, que ajudaram nesse debate. Agora, o Sindicato e a Contraf
Sindicato orientou voto não à proposta do BB
vão cobrar do banco a construção de uma mesa de negociação específica para discutirmos o rumo e a existência de uma Cassi forte, que atenda aos interesses dos funcionários ao mesmo tempo em que ela seja um plano sustentável”, afirma a presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues. A mudança estatutária proposta teria a representação dos associa-
dos com mudanças de governança. A proposta votada pretendia excluir novos funcionários e aposentados, bem como reduzir a idade máxima dos dependentes de 24 para 21 anos. Também instituir cobrança por dependente de modo discriminatório entre ativos e aposentados. Além disso, seria criado do Voto de Minerva na diretoria para o presidente indicado pelo BB.
Para isso, o BB usou de assédio, mensagens nos terminais de autoatendimento e nos celulares dos funcionários, como nunca havia feito em nenhuma outra campanha anterior. Para Sandra Trajano, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, o resultado da votação possibilita uma nova reabertura de negociações. “A Cassi tem um plano B, que é a negociação e a participação do corpo social. Nós entendemos que uma mudança estatutária desse tamanho não pode ser feita sem a participação da Contraf-CUT, dos sindicatos e das demais entidades. O funcionalismo do BB merece mais respeito do que o que a direção da Cassi fez durante esse processo de votação. Estamos à disposição para a retomada das negociações num ambiente de respeito, transparência, no qual as responsabilidades do banco e dos associados sejam divididos de forma proporcional, assim como está no estatuto”, concluiu.
Bancários aguardam cumprimento de acordo assinado com Banco do Nordeste durante Campanha Unificada Os benefícios suprimidos pelo Banco do Nordeste dos funcionários que participaram das greves gerais dos dias 28 de abril e 30 de junho de 2018 ainda não foram reimplantados pelo banco. O compromisso de atender à reivindicação foi assumido pela Direção da empresa durante as negociações da Campanha Unificada 2018 que culminaram na assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). As referidas greves gerais foram realizadas com o objetivo de barrar as reformas trabalhista e previdenciária do governo ilegítimo de Michel Temer. A disputa pelo reconhecimento do direito de greve entre os funcionários do Banco do Nordeste e a Direção do banco chegou a ser
Bancários cobram compromisso firmado pelo Banco do Nordeste
levada à Justiça. O acordo final de retorno dos benefícios foi firmado entre funcionários e representantes do Banco do Nordeste no dia 5 de setembro.
Diante da postura de desrespeito com os trabalhadores, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco cobra ao Banco do Nordeste a imediata restituição dos direitos. Os
reflexos dos dias de greve a serem anulados em função do acordo asseguram o retorno na contagem de tempo para promoção, aquisição de férias, anuênios ou quinquênios, folgas, licença-prêmio, aposentadoria, etc. “Para implementar os cortes, o Banco do Nordeste agiu muito rápido, mas para restabelecer os direitos dos funcionários, a espera tem sido longa. Mais do que um reparo financeiro, essa medida representa o reconhecimento do direito de greve e livre manifestação que têm os trabalhadores”, conclui o secretário Intersindical do Sindicato e membro da Comissão Nacional dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (CNFBNB), Rubens Nadiel.
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A democracia
Bancários defendem projeto dem
Vitória de um projeto democrático irá garantir aos trabalhadores conquistas e ampliação dos direitos
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o próximo dia 28 de outubro, os brasileiros vão às urnas para escolher o novo Presidente da República. Diante da eleição que se avizinha, na qual dois projetos tão distintos estão em disputa, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da Central Única dos Trabalhadores (Contraf-CUT), que representa 108 sindicatos e oito federações de empregados do setor financeiro em todo o Brasil, manifestou posição em defesa de um projeto de País democrático, que garanta aos trabalhadores suas conquistas e possibilite a ampliação dos direitos. O Sindicato dos Bancários de Pernambuco corrobora o posicionamento da Contraf-CUT por entender que a privatização das empresas, entre elas os bancos públicos, resultará em mais desemprego, na
“Repudiamos qualquer proposta que inclua privatizações, ignorando o papel social que as empresas públicas têm na construção da riqueza de nosso país e na promoção de justiça social...” Suzineide Rodrigues Presidenta do Sindicato redução do crédito, na elevação da taxa de juros e no comprometimento da autonomia e do desenvolvimento econômico do País. “Repudiamos qualquer proposta que inclua privatizações, ignorando o papel social que as empresas públicas têm na construção da riqueza do nosso País e na promoção de justiça social. Não vamos permitir que a Caixa, o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste sirvam ao capital especulativo em detrimento do povo brasileiro”, afirma a presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues.
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Um Brasil sem a Caixa Econômica Federal, por exemplo, tornaria inviável o sonho da casa própria, já que 69% do crédito habitacional é financiado por ela. Sem o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste, responsáveis por 70% do crédito agrícola, os alimentos seriam tão caros que a fome se alastraria pelo País. “Este é um momento crucial para as trabalhadoras e os trabalhadores, pois o segundo turno definirá se o Brasil irá retomar uma política de desenvolvimento econômico e social, voltada para o povo, ou retro-
ceder mais de 30 anos”, ressalta. Entre os compromissos considerados prioritários para os bancários estão a retirada de pauta da reforma da Previdência, medida voltada unicamente à destruição da aposentadoria pública, e a revogação imediata da terceirização irrestrita e da Reforma Trabalhista, que permitiu a abertura de vagas precárias e trabalhos degradantes. “Temos de eleger um presidente da República que esteja ao lado do povo, e não do sistema financeiro. Que enxergue na distribuição de renda e na inclusão social o caminho para fomentar o crescimento do nosso País e que paute sua atuação em defesa da democracia, dos direitos da cidadania, do respeito à diversidade e à igualdade de oportunidades para todos e todas. Então, não abra mão de ir às urnas fazer sua escolha”, conclui.
está em risco
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Haddad x Bolsonaro QUEM COMPARA VOTA HADDAD Haddad
Bolsonaro*
Política de valorização do salário mínimo
A favor
Contra
Direitos trabalhistas
A favor
Contra
13º salário
A favor
Contra
Bolsa família
A favor
Contra
Revogação da emenda 95 (que congela investimentos em educação, saúde e segurança por 20 anos)
A favor
Contra
Verba do pré-sal para saúde e educação
A favor
Contra
Atendimento em hospitais para mulheres estupradas
A favor
Contra
PEC dos direitos das domésticas
A favor
Contra
Fundo de combate à pobreza
A favor
Contra
Aumento de impostos pagos pelos bancos e super-ricos
A favor
Contra
e
dignidade e; direito a férias remuneradas, que fazem toda diferença na vida do trabalhador; são alguns pontos defendidos pelo candidato Haddad e desaprovados por Jair Bolsonaro, que também é a favor da Reforma Trabalhista e da Previdência. Fernando Haddad já deixou claro que vai manter e criar outros programas sociais, gerar emprego e renda para milhões de desempregados e aumentar o salário-mínimo. Bolsonaro já declarou que é contra direitos adquiridos pelas mulheres e votou a favor do congelamento por 20 anos de investimentos para segurança pública, saúde e educação.
*Baseado nas votações do Deputado Bolsonaro e nas declarações dele e de seu vice General Hamilton Mourão e de seu assessor econômico Paulo Guedes.
Haddad se compromete com a defesa das empresas públicas Fernando Haddad, candidato do PT à Presidência da República, assinou, no dia 7 de outubro, termo de compromisso com o Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas. No documento, ele se compromete a “apoiar e defender o fortalecimento das empresas públicas em nome do interesse coletivo e da soberania nacional”, caso seja eleito. Na atual conjuntura, a Caixa, Banco do Brasil e Banco do Nordeste estão entre as empresas públicas ameaçadas de privatização. Com a confirmação da disputa entre Haddad e Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno, a questão das privatizações fica evidenciada em dois projetos distintos, já que o candidato do PSL tem como diretriz a venda de estatais. Embora pouco fale sobre sua plata-
forma econômica, seu mentor, Paulo Guedes, já deixou claro mais de uma vez que pretende promover a venda de “todas” as estatais, justificando que essa seria uma forma de reduzir o endividamento público. “São dois projetos opostos que estão colocados para o País. Não podemos optar pelo retrocesso”, afirma Rita Serrano, coordenadora do Comitê e representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa. Além de não se comprometer com a defesa das empresas públicas, o candidato Jair Bolsonaro não se tem mostrado como a melhor opção de voto para os bancários. Na semana pré-eleitoral, Bolsonaro envolveu-se num escândalo de caixa 2. A denúncia publicada pela Folha de S. Paulo revela que empresá-
Fernando Haddad (PT) assina compromisso em defesa das empresas públicas
rios bancaram a compra de distribuição de mensagens em massa nas redes sociais contra o PT, no valor de R$ 12 milhões por conta. “Essa prática pode ser considerada doação de empresas por meio de ser-
viços, o que é proibido pela legislação eleitoral, e não declarada, o que configura caixa 2. Esse não é o perfil de candidato que queremos para o futuro do Brasil”, avalia a presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues.
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Fotos: Ricardo Stuckert
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esse segundo turno das Eleições 2018, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco apresenta alguns pontos dos projetos dos presidenciáveis, que mexem com a vida da classe trabalhadora, com os direitos e põem em risco todo o patrimônio público. Os planos de governo apresentados pelos dois candidatos são distintos e cabe à categoria saber o que é melhor para a democracia e, especialmente, para os bancários. Ter direito ao 13º salário, conquista árdua, que veio por meio de muita luta; direito ao nosso plano de saúde; direito do trabalhador se aposentar e que não infrinja questões de
Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
mocrático e inclusivo para o País
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Sindicato participa de debate sobre Constituição e Reforma Trabalhista
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ara marcar o aniversário da Constituição Federal, comemorado no dia 5 de outubro, a Fundacentro realizou o debate “30 Anos da Constituição Federal e a Reforma Trabalhista: como ficam a segurança e a saúde do trabalhador”. O Sindicato dos Bancários de Pernambuco participou do evento, que destacou a necessária preservação da democracia brasileira. Na exposição de abertura, a magistrada do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, Luciana Paula Conforti, criticou a reforma trabalhista, apresentando dados que comprovam a precarização das relações de trabalho, como a queda de 45% das ações na Justiça do Trabalho no primeiro semestre de 2018 e o crescimento do trabalho informal cuja remuneração é 68% menor do que a recebida por empregados com carteira assinada. Na avaliação da magistrada, a reforma retirou direitos dos tra-
balhadores, inclusive assegurados pela Constituição Federal. “A positivação dos direitos, ainda que não sejam efetivos, serve como espaço de luta. A lei é estratégica do ponto de vista de que eu tenho como reivindicar, mesmo que a Justiça não reconheça, com as greves, protestos, reuniões. A partir do momento que não tem o direito nem na lei, a gente tem que lutar para incluir na lei, para cumprir a lei é uma outra luta; e é luta a vida toda, porque a luta é histórica e não pode nunca deixar de existir”, afirma Luciana Conforti. O setor financeiro foi o que registrou a maior queda percentual em novos processos depois da reforma trabalhista. O número de ações trabalhistas contra bancos diminuiu 62%. Um dos motivos é que a reforma trabalhista dificultou o acesso do trabalhador à Justiça. Apesar da ameaça que a reforma representa aos direitos dos bancá-
Debate destaca retirada de direitos da classe trabalhadora
rios, a categoria conseguiu impedir que mudanças sejam implementadas até 2020. “Diante da nossa Convenção Coletiva deste ano, a gente pode dizer que o trabalhador organizado consegue os seus direitos, mas isso é
Mais de 109 mil trabalhadores fizeram acordo e perderam direitos Apesar da perda de direitos na hora da rescisão, a demissão por comum acordo entre patrão e trabalhador, sem a presença do sindicato da categoria, criada pela reforma Trabalhista, tem aumentado no País, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. De acordo com o Caged, desde a aprovação da nova legislação, em novembro do ano passado, 109.508 trabalhadores e trabalhadoras assinaram acordos para rescindir os contratos de trabalho e, com isso, perderam o direito ao seguro-desemprego, receberam metade do aviso-prévio (em caso de indenização) e apenas 20% da multa do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) paga pelo patrão - e não mais os 40% a que tinha direito. Quem assina esse tipo de acordo pode sacar na conta individual do FGTS 80% do total. Os 20% restantes ficam depositados e serão incorporados aos valores que forem depositados no futuro, se o trabalhador ou trabalhadora conseguir emprego com carteira assinada. Se não conseguir mais emprego com carteira assinada, poderá sacar somente quando se aposentar ou caso utilize o valor para financiamento da casa própria ou para adquirir linhas de crédito que utilize o FGTS como garantia. Para a secretária de Relações do Trabalho da CUT, Graça Costa, o
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aumento das demissões por acordo mostram cada vez mais os efeitos nefastos da reforma Trabalhista. Segundo ela, a multa de 40% sobre o FGTS e demais verbas funcionavam como um mecanismo de limitação à alta taxa de rotatividade e davam certa proteção aos trabalhadores e trabalhadoras empregados. “Com esse recorte das verbas rescisórias, principalmente da multa do FGTS, a tendência é que aumente muito mais a rotatividade e, pior, que haja uma contínua queda da renda salarial, pois as empresas optarão por contratos de trabalho precários e temporários para preencher as vagas abertas pelos que saíram do emprego mediante acordo”.
raro. Porque cada vez mais os ataques aos trabalhadores resultam na fragilização. A terceirização vem de forma avassaladora. Precisamos revogar a reforma trabalhista, se não os trabalhadores terão um futuro de escravo”, concluiu Rufino.
DEVOLUÇÃO Foi discutida e aprovada durante assembleia realizada no Sindicato dos Bancários de Pernambuco a devolução da cobrança sindical realizada no mês de setembro, que, por motivos operacionais, não foi possível ser realizada até o momento. O Sindicato está trabalhando para que a devolução seja creditada na conta dos bancários filiados na folha de pagamento de novembro. “Estamos trabalhando para que esta situação seja resolvida o mais rápido possível. O Sindicato está verificando alguns pontos operacionais para finalizar essa questão”, ressalta a presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues.
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Funcionários conquistam liminar que suspende CGPAR 23 sobre a Cassi
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s associados da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) conseguiram suspender, em caráter liminar, os efeitos da Resolução da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União (CGPAR) nº 23. O Sindicato dos Bancários de Pernambuco tem denunciado a medida do governo federal que pretende inviabilizar os programas de saúde das estatais federais. O recurso interposto pela Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB) e pela Associação dos Aposentados e Funcionários do Banco do Brasil (AAFBB) em defesa dos funcionários do Banco do Brasil foi acatado pelo desembargador federal Jirair Aram Meguerian, no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, revertendo a decisão anterior proferida na 5ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal.
Decisão é vitória para todos os planos de autogestão
“Os funcionários do Banco do Brasil estão mobilizados em defesa da Cassi. Votaram não à proposta apresentada pelo banco e conquistaram essa importante decisão liminar, que reconhece a legitimidade de nossa luta pela assistência à saúde”, afirma a secretária-Geral do Sindicato dos Bancários de Pernambuco e funcionária do BB, Sandra Trajano. A resolução CGPAR nº 23 deixará de ter eficácia até o julgamento defini-
tivo do processo ou reversão da decisão do desembargador. A liminar também abre precedente para os demais planos de autogestão de bancários e outras categorias. A secretária de Bancos Públicos do Sindicato e empregada da Caixa Econômica Federal, Cândida Fernandes, comemora a decisão proferida em prol dos trabalhadores. “Essa é uma vitória para todos os usuários de planos de autogestões de saúde contra a
CGPAR 23, medida que onera os participantes, modifica de forma nefasta a governança e quebra a solidariedade no custeio dos planos, como a Cassi, Saúde Caixa e Camed”, afirma. O desembargador considerou que a CGPAR vai além de suas atribuições de estabelecer diretrizes e estratégias relacionadas com a participação acionária da União nas empresas estatais federais. A decisão também se refere à quebra da isonomia entre empregados. No início do ano, devido à orientação do governo de que as novas medidas fossem implementadas imediatamente, um edital de concurso público promovido pelo Banco do Brasil retirou do pacote de benefícios remuneratórios a assistência à saúde. Uma das recomendações da resolução CGPAR é que novos empregados não possam aderir às autogestões, criando uma desigualdade entre empregados da mesma categoria e cerceando a renovação do grupo de usuários dos programas de saúde.
Governo Temer retoma tentativa de privatizar Loteria Instantânea O governo Temer retomou a tentativa de privatização da Loteria Instantânea (Lotex), administrada pela Caixa Econômica Federal, marcando um novo leilão para o dia 29 de novembro. A privatização ameaça repasses da arrecadação das loterias para investimentos sociais, que pode agravar-se mediante resultado do segundo turno das eleições 2018. De 2011 a 2016, as loterias arrecadaram R$ 60 bilhões, dos quais R$ 27 bilhões (45%) foram de repasses sociais. Em 2017, foram R$ 13,88 bilhões arrecadados e R$ 6,44 bilhões transferidos. “Não podemos permitir retrocessos em relação a esses repasses, que são fundamentais para programas e fundos como o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), o Fundo Nacional de Cultura e o es-
porte olímpico e paralímpico, entre outros. Precisamos defender o que é nosso. Os presidenciáveis que estão disputando o segundo turno das eleições possuem programas de governo bem distintos, que podem fazer toda diferença para os brasileiros”, destaca a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues. No primeiro leilão anunciado, que ocorreria em 4 de julho, não houve apresentação de propostas por ausência de empresas interessadas dentro do prazo estipulado no edital. Na nova seleção, as ofertas devem ser apresentadas no dia 27 de novembro. A venda da Lotex integra o Programa Nacional de Desestatização. Para a secretária de Bancos Públicos do Sindicato, Cândida Fernan-
Privatização ameaça repasses para investimentos sociais
des, caso essa venda se concretize, abrirá as portas para a privatização da própria Caixa. “Embora a Caixa tenha experiência na operação da Loteria Instantânea, foi retirada do processo pelas exigências do edital. Além disso, a outorga é de apenas R$ 542 milhões por 15 anos de exploração, que representa prejuízos para o banco”, alerta.
O edital exige como requisito de qualificação técnica a experiência na operação de loteria instantânea cuja receita mensal bruta, decorrente da comercialização de bilhetes físicos e/ou apostas virtuais, seja igual ou superior a R$ 100 milhões. A exigência retirou operadores nacionais, a exemplo da Caixa, direcionando o leilão para empresas estrangeiras.
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Sindicato conquista 36ª reintegração
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Sindicato dos Bancários de Pernambuco conquistou no dia 15 de outubro a reintegração de Edna Paula Dantas, funcionário do Bradesco - agência Imperador. Bancária há 31 anos, Edna foi demitida apesar de ter três Comunicações de Acidente de Trabalho (CAT) abertas. “O banco estava totalmente informado sobre a minha situação de saúde, pois em todos os exames médicos periódicos, eu apresentei os exames, além disso as observações estavam presentes na ficha do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Eu vestia a camisa, levando a dor a segundo plano por causa da responsabilidade com o trabalho. Por isso, não esperava essa postura do banco, principalmente pelo fato de ter adquirido a doença neste que foi meu
primeiro e único emprego”, afirma Edna Dantas. A secretária de Saúde do Sindicato, Andreza Camila, e o dirigente sindical, Ronaldo Cordeiro, acompanharam a bancária para orientá-la sobre o retorno às atividades. “O Sindicato avalia a postura do banco como inadequada e arbitrária, que pune o funcionário por cuidar da sua saúde. Somos contra essa postura de descarte do trabalhador, que precisa ser respeitado e valorizado pela contribuição que fez para essa empresa crescer”, critica Andreza Camila. A funcionária que agora aguarda apenas a realização do exame de retorno para voltar ao trabalho, agradece o empenho do Sindicato para concretização da reintegração. “Fui muito bem acolhida e orientada pelo Sindicato. Recomendo aos bancários que façam a sindicalização para
Edna Paula, bancária do Bradesco há 31 anos
garantir os seus direitos”, conclui. Também no dia 9 de outubro, o bancário Inaldo Siqueira foi reintegrado ao quadro de pessoas do Bra-
Outubro Rosa alerta para importância do diagnóstico precoce do câncer de mama Neste mês de outubro, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco irá visitar agências bancárias com a campanha de prevenção contra o câncer de mama e de colo do útero. O Outubro Rosa objetiva conscientizar as bancárias sobre a importância de detectar precocemente a doença para aumentar as chances de cura. O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) estima 59,7 mil novos casos de câncer de mama no País em 2018. As mulheres com mais de 50 anos são as mais propensas a desenvolver este tipo de câncer, cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem a partir desta faixa etária, mas, esse quadro tem mudado. Foi registrado um aumento na incidência de câncer de mama em mulheres jovens na última
década. Em mulheres com menos de 35 anos, a incidência no Brasil hoje está entre 4% e 5% dos casos. “O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil. Contudo, o diagnóstico precoce garante 90% de chance de cura. Por isso, o cuidado com a saúde não deve ser deixado em segundo plano pelas bancárias”, afirma a secretária da Mulher do Sindicato, Eleonora Costa. Durante o autoexame, é possível verificar se há indício de alguns dos sintomas, como presença de nódulo fixo, endurecido e, geralmente, indolor; pele da mama avermelhada, retraída ou áspera; alterações no mamilo; e pequenos nódulos localizados nas axilas ou no pescoço.
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Para mulheres entre 50 e 69 anos, a indicação do Ministério da Saúde é que a mamografia de rastreamento seja realizada a cada dois anos. Esse exame pode ajudar a identificar o câncer antes do surgimento dos sintomas. Com aproximadamente 530 mil novos casos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres e a quarta causa mais frequente de morte por câncer, sendo responsável por 265 mil óbitos por ano. A doença está associada à infecção persistente por subtipos oncogênicos do vírus HPV (Papiloma vírus Humano), especialmente o HPV-16 e o HPV-18, responsáveis por cerca de 70% dos cânceres cervicais. A prevenção pode ser feita por meio do uso de preservativo, uso da vacina contra o HPV e pela detecção precoce.
desco – Paissandu. A demissão sem justa causa foi realizada no dia do aniversário do bancário, mas revertida pelo Sindicato.
Delta Os empregados da Caixa tiveram uma importante conquista. Depois do banco anunciar que, por conta de limitação orçamentária, vai distribuir no máximo um (1) delta para os empregados, os representantes dos trabalhadores convocaram uma reunião do Grupo de Trabalho que discute a promoção por mérito. No GT, ficou garantido que a avaliação será feita com critérios objetivos e não terá vínculo algum com as metas ou avaliações da Gestão do Desempenho de Pessoas (GDP). A distribuição de um (1) delta para os empregados representa aumento de 2,35% no salário padrão, sem a função gratificada. Os bancários que irão receber um (1) delta devem observar a lista de impedimentos disponibilizada no site do Sindicato (https://bit. ly/2CCsAU1).