Jornal dos Bancários - ed. 593

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ANO XXVI • Nº 593 • 4 A 24 DE MARÇO DE 2019 • SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE CRÉDITO NO ESTADO DE PERNAMBUCO

MULHERES VÃO ÀS RUAS CONTRA REFORMA DA PREVIDÊNCIA Presidente da Caixa anuncia privatizações p. 3

Fusão do Banco do Nordeste com BNDES ameaça desenvolvimento regional p. 3

Sindicato conquista reintegração no Itaú p. 8

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2 EDITORIAL NÃO SOMOS MINORIA

Neste mês de março, celebramos o Dia Internacional da Mulher. A data que nos últimos anos revestiu-se do legítimo pedido de igualdade de gênero e de denúncias contra a violência às mulheres, no passado nasceu de uma raiz trabalhista. Foram as mulheres das fábricas nos Estados Unidos e em alguns países da Europa que, no século 20, começaram uma campanha para reivindicar melhores condições de trabalho. Hoje, ainda sem igualdade salarial e de oportunidade de ascensão no mundo do trabalho, as mulheres voltam a levantar bandeiras em defesa dos seus direitos. Estudamos mais do que os homens, trabalhamos em média 7 horas e meia a mais por semana, mas ainda recebemos salários menores. Sem considerar a realidade das mulheres, o governo propôs uma reforma da Previdência nociva a todos os trabalhadores, mas que penaliza ainda mais as mulheres trabalhadoras. Esperamos que as mulheres não sejam lembradas pelo governo, pelas empresas e por seus companheiros, apenas no dia 8 de março. No Brasil, 40% das famílias já são chefiadas por mulheres. Mas o nosso rendimento médio ainda corresponde a cerca de 67% da remuneração dos homens. Por isso, devemos ir todas às ruas defender os nossos direitos. Somos 4,5 milhões de mulheres no País, não somos minoria. Juntas somos fortes! SUZINEIDE RODRIGUES Presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco

Seminários discutem Reforma da Previdência e impactos da CGPAR 25

P

ara discutir o modelo de proteção social brasileiro, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco participou, no dia 25 de fevereiro, em Brasília, do Seminário sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 06/2019, da reforma da Previdência do governo Bolsonaro. O evento realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Confederação Nacional Trabalhadores Comércio Serviço (Contracs-CUT) e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) reuniu dirigentes sindicais com o objetivo de produzir subsídios para o combate à proposta de reforma da Previdência, apresentada no dia 20 de fevereiro. Na avaliação da presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues, que esteve presente na agenda, espaços de debate são de suma importância neste momento de turbulência da política nacional. “A PEC da reforma da Previdência não combate privilégios. As mudanças propostas penali-

O Banco do Brasil apresentou, no dia 25 de fevereiro, a proposta detalhada de custeio e governança para a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi). A proposta que está em discussão na mesa de negociação apresenta pouca variação da proposta que foi rejeitada pelo corpo social na votação encerrada no início de outubro passado. “Não vamos aceitar uma proposta que coloca em risco o equilíbrio de representação na Cassi, ou que seja

Jornalista Responsável: Beatriz Albuquerque

Ed. 593 / Circulação quinzenal Redação: Av. Manoel Borba, 564, Boa Vista, Recife/PE Telefone: (81) 3316 4233 E-mail: comunicacao@bancariospe.org.br Site: www.bancariospe.org.br Tiragem: 6.000 exemplares

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zam os trabalhadores, especialmente os mais pobres. Por isso, barrar a aprovação no Congresso deve ser uma prioridade para as bancárias e bancários”, afirma Suzineide. No dia 26 de fevereiro, as discussões concentraram-se nos impactos da resolução nº 25, da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e Administração de Participações Societárias da União (CGPAR). Entre as “recomendações” previstas pelas novas diretrizes para o patrocínio de planos de previdência complementar está o limite de 8,5% da folha de salário de participação para

a contribuição normal do patrocinador a novos planos de benefícios. A resolução também orienta as estatais a só patrocinarem novos planos na modalidade de contribuição definida. As empresas que patrocinam planos de benefício definido, como é o caso da Caixa em relação ao REG/Replan Não Saldado, deverão apresentar ao governo, em até 12 meses, proposta de alteração nos regulamentos com uma série de condições, como a desvinculação do reajuste dos benefícios dos aposentados ao reajuste concedido pelo patrocinador aos seus empregados.

Banco do Brasil detalha proposta para a Cassi

EXPEDIENTE

Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco

Impedir a aprovação da reforma no Congresso é prioridade

Conselho Editorial: Epaminondas França, Beatriz Albuquerque, Josenildo Santos, Suzineide Rodrigues, Expedito Solaney e Cândida Fernandes Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto Diagramação: Bruno Lombardi Fotos: Kevin Miguel

financeiramente inviável para os funcionários, e que quebre a solidariedade”, afirma a secretária-Geral do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Sandra Trajano. A proposta do banco parte de um aumento de contribuição de todos os participantes, igualando a contribuição do BB. É novamente colocada a cobrança por dependente, partindo de um Valor de Referência por Dependente (VRD) de R$ 370,00, sendo os valores pagos por quantidade de de-

pendentes e por faixa salarial. A mudança nesta proposta é que o BB repassa para a Cassi um VRD patronal de todos os dependentes dos funcionários ativos na ordem de 70%. Antes era escalonado entre 80% e 70% somente até o terceiro dependente. O BB continua com a proposta de alterar as representações das diretorias a partir de 2020 e ainda apresentou sugestão de mudança no formato das eleições. Confira a proposta completa no site do Sindicato.

DIRETORIA EXECUTIVA Presidenta: Suzineide Rodrigues Comunicação: Epaminondas França Cultura, Esporte e Lazer: Adeilton Filho Secretária-Geral: Sandra Trajano

Assuntos da Mulher: Eleonora Costa

Finanças: Terezinha Santiago

Saúde do Trabalhador: Andreza Camila

Administração: Geraldo Times

Formação: Adriana Correia

Assuntos Jurídicos: João Rufino

Intersindical: Rubens Nadiel

Bancos Públicos: Cândida Fernandes

Ramo Financeiro: Diana Ribeiro

Bancos Privados: Expedito Solaney

Aposentados: Maria José Leódido


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Presidente da Caixa anuncia privatizações

O

presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, em encontros com bancos de investimento, deu início ao processo privatista do banco público, com o argumento de estar realizando apenas desinvestimentos e capitalização. O processo está sendo coordenado por André Laloni, consultor contratado, em alinhamento com o secretário especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar. “Desde a sua posse, Pedro Guimarães, fiel ao governo Bolsonaro, vem reafirmando a estratégia para o maior banco público do País e da América Latina, que é o de diminuir a atuação da Caixa, vendendo participações nas áreas de seguros, cartões, assets e loterias. Fatiando a empresa e privatizando-a em pedaços”, denuncia a secretária de Bancos Públicos do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Cândida Fernandes. Outra ação deste fatiamento é a oferta subsequente (follow-on) da

Sindicato denuncia fatiamento do banco 100% público

resseguradora IRB. A Caixa enviou pedido de proposta para oito bancos de investimento e fechou com quatro bancos - três deles compõem a base acionária do IRB. Segundo informações da grande imprensa, a Caixa já escolheu os assessores financeiros da oferta de ações que fará para se desfazer das ações do ressegurador IRB Brasil detidas por meio de um fundo. Além do próprio banco público e dos sócios da companhia – Bradesco, Itaú Unibanco e Ban-

co do Brasil, o selecionado foi o Bank of America Merrill Lynch (BofA). Na conta dos bancos, a Caixa pode girar pouco mais de R$ 30 bilhões em transações de mercado de capitais só este ano. Segundo o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Dionízio Reis, esses R$ 30 bilhões que o banco pretende com a transação de mercado é um absurdo. “Pedro vem dando declarações que sinalizam a venda de importantes segmentos para a

Caixa, que trazem grandes retornos para a instituição”, ressaltou. O último artifício privatista de Pedro Guimarães, segundo informações divulgadas pela Reuters, foi manobrar o balanço do banco para esconder lucro da Caixa. Pedro pediu que seja feita uma provisão extraordinária de aproximadamente R$ 7 bilhões para perdas esperadas com calotes na carteira de financiamento imobiliário e a desvalorização de imóveis retomados pelo banco.

Fusão do Banco do Nordeste com BNDES ameaça desenvolvimento regional Listado entre as empresas estatais que devem ser privatizadas pela Secretaria de Desestatização do governo Federal, o Banco do Nordeste injetou mais de R$ 40 bilhões na economia da Região. Os números ratificam a eficiência do banco e dos seus funcionários. Em fevereiro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a redução do maior banco de desenvolvimento regional da América Latina. A mais recente proposta ventilada pela equipe econômica do governo Bolsonaro é a fusão do Banco do Nordeste com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A medida já teria o aval do Palácio do Planalto para ser implantada. A possível fusão desagradou a bancada nordestina no Congresso, que reúne 216 deputados. Na avaliação

do dirigente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Fernando Batata, o banco poderá ser utilizado como moeda de barganha para aprovação da reforma da Previdência. “É uma maneira de iniciar uma negociação na Região onde Bolsonaro teve o menor índice de aprovação na eleição. Então, acho que politicamente o governo está jogando com os interesses dos governadores”, avalia. O BNDES e o Banco do Nordeste exercem funções diferentes, embora ambos sejam Federais e voltados para o desenvolvimento econômico. O BNDES não tem atividades comerciais e volta-se para o desenvolvimento dos setores e grandes empresas, enquanto o Banco do Nordeste atua na Região, concedendo crédito para o micro e pequeno empresário. Além de comprometer o desenvolvimento do Nordeste, a

Funcionários do Banco do Nordeste defendem papel social do banco de desenvolvimento regional

extinção desse banco ameaça à geração de empregos. Para o secretário Intersindical e membro da Comissão Nacional dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil, Rubens Nadiel, o Banco do Nordeste é imprescindível para a Região. “Batemos o recorde de investimentos, injetando R$41 bilhões

na economia da Região. Agora, há uma desestruturação. Agências estão sendo fechadas e o Programa de Incentivo à Aposentadoria reduziu o funcionalismo. Então, nosso papel enquanto funcionários e dirigentes é fortalecer o banco, que opera na agricultura familiar com o Pronaf, tendo impacto na população mais carente”, conclui.

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Unidade da classe trabalhadora marca Conferência com Emir Sader

“N

inguém pode estar feliz com o que estão fazendo com o Brasil. Nosso querido País está sendo destroçado. Não respeitam mais os direitos”. A conclusão é do sociólogo e cientista político, Emir Sader, que proferiu a Conferência: Desafios da Classe Trabalhadora, no dia 20 de fevereiro, no Sindicato dos Bancários de Pernambuco. Após um dia marcado por atos em defesa da Previdência pública e solidária, representantes de mais de 15 entidades sindicais e movimentos sociais reuniram-se para debater a situação política do País e refletir sobre as estratégias de mobilização e de resistência diante da retirada de direitos. “É uma honra para o Sindicato proporcionar este momento de reflexão, necessário para pensarmos as perspectivas e preparar a esquerda para que nós possamos, juntos, encontrar os caminhos para a classe trabalhadora, que não serão fáceis. Mas vamos lutar e resistir. É a soberania brasileira que está em jogo”, afirmou a presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues, em saudação

Evento reuniu representantes de mais de 15 entidades

aos mais de duzentos presentes. Também participaram da abertura do evento, a secretária de Formação, Adriana Correia; o presidente da Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT-PE), Paulinho Rocha; e o coordenador estadual do Movimento Sem Terra (MST), Paulo Mansan. A secretária-Geral do Sindicato, Sandra Trajano, conduziu a atividade. O sociólogo Emir Sader traçou uma linha da história política brasileira, de 1964 a 2019, apresentando aspectos centrais presentes nos regimes ditatoriais e democráticos. Para Sader, o atual governo serve aos in-

teresses das elites e está disposto a entregar o Brasil. “Os três objetivos fundamentais das elites são destruir o patrimônio público, privatizar; afetar os interesses da classe trabalhadora; e liquidar as políticas públicas. Não por acaso, algumas categorias que são especialmente vítimas desta situação estão particularmente mobilizadas. Os bancários são um exemplo, porque querem destruir os bancos públicos”, pontua. Na avaliação do cientista político, a maioria dos brasileiros não é conservadora, mas foi manipulada. Portanto, a esquerda precisará reafirmar suas propostas para disputar

a agenda política do País e ampliar os espaços democráticos. “Estão se apropriando de novo do Estado. O novo regime está montado. Tem um núcleo ultra neoliberal de um lado, escolhido por Bolsonaro para ganhar o apoio do empresariado; com a saída do ex-ministro Bebiano, só tem um civil no Planalto, os demais são todos militares; e depois tem o núcleo do Estado policial. Estão blindando o poder”, alerta. Embora as alternativas para a classe trabalhadora ainda não sejam claras, a resistência e a mobilização dos trabalhadores devem ser prioridades para este período. Um dos primeiros desafios será impedir a aprovação da proposta de reforma da Previdência, apresentada ao Congresso. Apesar do cenário adverso, os trabalhadores saíram mais fortalecidos e confiantes do evento, segundo a secretária de Formação do Sindicato, Adriana Correia. “A formação é indispensável para a militância, especialmente neste momento desafiador. Com unidade, vamos defender os direitos da classe trabalhadora e a democracia brasileira”, conclui.

Comunicação oficial é garantia para estabilidade pré-aposentadoria A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários prevê estabilidade provisória de emprego para os trabalhadores que atendam aos critérios de pré-aposentadoria. Entretanto, a garantia do direito depende da comunicação oficial apresentada pelo empregado ao banco. O Sindicato dos Bancários de Pernambuco foi informado sobre casos de bancários que, mesmo com o tempo de contribuição exigido, foram demitidos sumariamente pelo banco. “Lembramos que essa é uma conquista dos bancários, mas o direito só passa a ser válido a partir do re-

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CCT que garante direito à estabilidade pré-aposentadoria foi aprovada em assembleia

cebimento pelo banco do comunicado do empregado, por escrito e devidamente protocolado, sem

efeito retroativo. Os documentos comprobatórios também devem ser apresentados”, alerta a presidenta do

Sindicato, Suzineide Rodrigues. De acordo com a CCT a pré-aposentadoria é concedida por 12 ou 24 meses imediatamente anteriores à aquisição do benefício de aposentadoria pela Previdência Social, aos empregados que tiverem, respectivamente, o mínimo de cinco anos ou 28 anos ininterruptos de vínculo empregatício com o banco. Para a mulher, será mantido o direito à estabilidade pelo prazo de 24 meses anteriores ao início do benefício de aposentadoria pela Previdência. É necessário ter 23 anos de vínculo empregatício com o mesmo banco.


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Mulheres vão às ruas contra reforma da Previdência

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o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, as bancárias de Pernambuco participam da marcha Marielles: livres do machismo, do racismo e pela Previdência pública. A concentração será às 14h, na Praça do Derby, no centro do Recife (PE). As trabalhadoras irão às ruas em defesa da manutenção dos direitos e contra a reforma da Previdência, que penaliza as trabalhadoras. A mobilização é convocada por coletivos de mulheres, formados por entidades feministas, movimentos sociais e sindicatos. O Sindicato estará presente para reivindicar igualdade de oportunidades para as mulheres no sistema financeiro e no mercado de trabalho de um modo geral. “Nós ainda recebemos salá-

Suzineide: proposta do governo para Previdência penaliza mais as mulheres

rios menores do que os homens e dificilmente chegamos aos cargos de gerência, apesar de sermos capacitadas para assumir essas vagas”, denuncia a secretária da Mulher do Sindicato, Eleonora Costa. Oficializado pela Organização das Nações Unidas em 1975, o Dia Internacional da Mulher surgiu em

homenagem às trabalhadoras das fábricas, nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, que começaram uma campanha, no Século 20, para reivindicar seus direitos e condições de trabalho. A presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues, destaca que a luta das mulheres continua nos dias de

hoje. “As trabalhadoras estão unidas para impedir que a reforma da Previdência, proposta por um governo presidido por um representante machista e misógino, seja aprovada pelo Congresso. Ao aumentar a idade mínima de acesso das mulheres à aposentadoria para 62 anos, a proposta desconsidera que nós trabalhamos, por semana, em média 7 horas e meia a mais que os homens”, critica. O Sindicato também irá dialogar com as bancárias nos locais de trabalho, levando a mensagem por meio da literatura de cordel. A poesia “Mulheres em Onda”, de autoria da cordelista e dirigente sindical Susana Morais, aborda temas como a violência, a luta por direitos e o protagonismo das mulheres.

Trabalhadores defendem previdência pública e solidária Enquanto Jair Bolsonaro (PSL) entregava no Congresso Nacional a proposta de reforma da Previdência que dificulta o acesso à aposentadoria, em especial para os mais pobres, e reduz o valor dos benefícios, centenas de trabalhadoras e trabalhadores protestavam contra o fim de suas aposentadorias em todo o País. No Recife (PE), representantes de diversas entidades sindicais, entre elas o Sindicato dos Bancários de Pernambuco, participaram de aula pública sobre a reforma da Previdência. O texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência entregue por Bolsonaro, no dia 20 de fevereiro, ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), confirma vários itens que já haviam sido vazados para a imprensa, entre eles, o fim da aposentadoria por tempo de contribuição e implementação da obrigatoriedade de idade mínima para aposentadoria de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres.

Aula pública realizou-se na Praça da Independência , no Recife

Também estão confirmadas a transição de 10 a 12 anos, menor do que a proposta pelo ilegítimo ex-presidente Michel Temer, que era de 20 anos; e que as mudanças afetarão igualmente as trabalhadoras e trabalhadores da iniciativa privada, vinculados ao Regime Geral da Previdência Social (RGSP), e os servidores públicos, vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). A capitalização e as mudanças na lei da aposentadoria dos militares não tinham sido apresentadas até o fechamento desta edição.

“Não existe reforma, a proposta apresentada hoje é o fim da Previdência, fim da Seguridade Social no País. As trabalhadoras e trabalhadores que quiserem receber o valor integral da aposentadoria terão de contribuir para o INSS durante 40 anos”, critica a presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues. Atualmente, os trabalhadores podem se aposentar por idade aos 60 anos (mulheres) e 65 anos (homens), com o mínimo de 15 anos de contribuição. Outra modalidade de aposentadoria é por tempo de contri-

buição, sem exigência de idade mínima. Neste caso, basta ter 30 anos de contribuição, no caso das mulheres, e 35 anos, no caso dos homens. É possível se aposentar também pela fórmula 86/96. A nova regra de cálculo da aposentadoria vai considerar 60% da média de todas as contribuições feitas pelos trabalhadores ao INSS durante 20 anos. Se trabalhar mais de 20 anos, o percentual subirá 2% a cada ano de contribuição. Quem quiser receber 100% do valor do benéfico terá de contribuir durante 40 anos. Para a secretária-Geral do Sindicato, Sandra Trajano, a classe trabalhadora deve pressionar os parlamentares para que eles não aprovem no Congresso o fim da aposentadoria. “Estamos lutando por uma Previdência pública, solidária e para todas as trabalhadoras e trabalhadores. A ‘reforma’ apresentada prejudica tanto quem já está no mercado de trabalho, como quem ainda vai entrar”, conclui.

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Pente-Fino do INSS atinge bancários em Pernambuco

Convocados para revisão, bancários tiveram benefícios cortados pelo governo

O

s efeitos da Medida Provisória 187, editada pelo governo Bolsonaro supostamente para combater fraudes na concessão de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), já estão sendo sentidos pelos bancários de todo o País. Em Pernambuco, a revisão de benefícios resultou na descaracterização da doença do trabalho e no retorno de bancários ainda adoecidos às atividades laborais. É o caso da bancária Alcemira Brito, gerente comercial do Banco Santander, empresa onde trabalha há 26 anos, diagnosticada com Lesões por Esforço Repetitivo (LER/Dort) em 2002. “Eu só comecei a entrar de licença quando o caso agravou-se. Estive por sete anos e meio afastada

por tutela antecipada concedida pela Justiça. Recentemente, fui convocada para revisão do INSS e o auxílio foi indeferido. Precisei voltar a trabalhar no banco e o benefício B-91 transformou-se em B-31, apesar dos laudos médicos comprovarem minha doença”, lamenta Alcemira. As alteração de regras na concessão de auxílio-reclusão, pensão por morte e aposentadoria rural, mais a revisão de benefícios e de processos com suspeitas de irregularidades no INSS, produzirão economia de R$ 9,8 bilhões nos primeiros 12 meses de vigência, segundo o governo. Para o empregado do Banco do Brasil, Gustavo Adolfo, que está afastado por inaptidão reconhecida pelo próprio INSS, mas sem receber benefício,

o estabelecimento de meta para corte traz prejuízos ao processo. “Agora, o atendimento é mais administrativo do que médico. Se você define metas de produtividade, indicando quantos benefícios devem ser encerrados, você não está usando critérios claros. O médico realiza sua perícia, sem qualquer assessoria da sua parte. Para recorrer do resultado, deixamos o recurso nas mãos de um agente administrativo do INSS, que encaminhará para o médico, que provavelmente irá dar a mesma resposta”, critica. O governo instituiu uma gratificação para os servidores para cada processo concluído. Atualmente, há 3 milhões de processos pendentes nessa situação. Vilma Pontes, funcionária do Itaú

desde 1997, esteve afastada do trabalho por sete vezes em razão de doença do trabalho, com reconhecimento do INSS. “O INSS indeferiu meu benefício. Apesar de não ter condições, fui obrigada a voltar ao trabalho. Continuo fazendo uso de medicamentos e fisioterapia constante. Espero que o governo reveja o que está fazendo com os trabalhadores”, afirma. O Sindicato dos Bancários de Pernambuco está acompanhando os casos de todos os bancários convocados para o “pente-fino”. “A orientação é que os bancários atualizem os seus exames e laudos médicos e procurem imediatamente o Sindicato, caso tenham o benefício cortado pelo INSS”, conclui a secretária de Saúde do Sindicato, Andreza Camila.

Santander promove desmonte dos fundos de Previdência Complementar A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) aprovou, no dia 20 de fevereiro, alterações estatutárias propostas pelo Fundo Banespa de Seguridade Social (Banesprev). As mudanças publicada na Portaria nº 156 do Diário Oficial tinham sido rejeitadas em assembleia, no ano de 2017. Na nova redação do Estatuto, a assembleia de participantes perde seu poder deliberativo, sendo usada apenas para as eleições. Com isso, a Previc autoriza que todas as decisões sobre alteração estatutária e de regulamentos, a partir dessa mudança no Estatuto, passem a ser do Santander que tem a maioria no Conselho Deliberativo e o voto de minerva na Diretoria. Certamente, nenhuma mudança será em benefício do trabalhador.

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Tramitação de mudanças estatutárias na Bandeprev estão suspensas por decisão judicial

“O Santander está promovendo o desmonte de todos os fundos de Previdência Complementar da rede. O que acontece hoje com os funcionários de São Paulo estava em vias de ocorrer em Pernambuco. No Bandepe Previdência Social (Bandeprev) a tramitação das mudanças propostas pelo banco só estão suspensas em

razão de uma determinação judicial que atende à Associação dos Funcionários Aposentados do Bandepe (Asfabe)”, alerta o membro eleito do Conselho Fiscal da Bandeprev, Aluizio Lira. A Afubesp e os sindicatos receberam a notícia da aprovação do Estatuto com indignação, visto que desde

2015 conversam com a autarquia sobre este processo, que vem afligindo mais 30 mil famílias. Agora, a publicação foi feita sem aviso ou explicação aos participantes. “Nos causa estranheza essa decisão, já que a própria Previc determina que alterações não podem ser levadas a cabo sem a devida autorização dos participantes. Aprovar esta reforma só atende aos interesses do Santander, retira a voz e o poder de decisão dos participantes e acaba com a democracia no Fundo de Previdência. O Banesprev acaba de deixar de ser um modelo de governança no sistema de Previdência Complementar”, comenta o presidente da Afubesp, Camilo Fernandes. A entidade está estudando as alternativas possíveis para impedir o ataque ao Banesprev.


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Unificação de cargos preocupa funcionários do Santander

O

novo cargo gerente de relacionamento & serviços – que contempla caixas, coordenadores e gerente de relacionamento PF–, criado pela direção do Santander para sufocar de trabalho e adoecer ainda mais os bancários, tem gerado insegurança para os funcionários. Na prática, os ocupantes do cargo atendem todos os clientes, desde o caixa até segmentos gerenciais. A direção do banco alega “modernização e agilidade no atendimento”. O presidente do Santander, Sérgio Rial, no programa “Café com Rial”, ameaçou demitir trabalhadores que mudaram de função, se não apre-

Sindicato cobra do Santander melhores condições de trabalho

sentarem a certificação CPA-10 até o mês de maio. A data de início das mudanças, as regras e as metas ainda

Carnaval de resistência em Pernambuco

Mulheres Cutucando denunciou retirada de direitos das trabalhadoras

O Sindicato dos Bancários de Pernambuco concedeu incentivo para blocos no Carnaval 2019. A ação objetivou valorizar a cultura local, contemplando agremiações promovidas por bancários ou que dialogam com as reivindicações da categoria. Afinal, carnaval é resistência. A entidade apoiou os seguintes blocos: Mulheres Cutucando; Bloco da Resistência; Eu Trabalhei no Bandepe; ; Bloco Butico; TCM Amigões; Seu fundo na Folia; Tanajura com farinha; Bloco Casa de Mainha; entre outros de comunidades e organizações. “Renovamos as energias no Carnaval, além de termos levado

às ruas as reivindicações dos trabalhadores de forma lúdica. Essa é uma maneira de conscientizar a sociedade sobre temas como a reforma da Previdência”, afirma o secretário de Esportes, Cultura e Lazer, Adeilton Filho. No dia 28 de fevereiro, o bloco Mulheres Cutucando concentrou-se na avenida Rio Branco. As bancárias denunciaram na folia a violência contra as mulheres, os impactos da reforma da Previdência e o machismo. “Com muita irreverência, denunciamos a retirada de direitos das trabalhadoras”, afirma a secretária da Mulher do Sindicato, Eleonora Costa.

não são claras para os trabalhadores e dirigentes sindicais. “Os bancários estão preocupados

com a sobrecarga de trabalho e pressão ainda maior por metas e cumprimento de tarefas. Esperamos que o Santander, banco que tem um lucro exorbitante, garanta condições de trabalho dignas aos funcionários”, afirma o secretário de Bancos Privados do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Expedito Solaney. A direção do Santander desenhou a reestruturação à revelia dos trabalhadores e da negociação coletiva com entidades representativas, apesar de ter assinado um termo de compromisso, em 2018, no qual se compromete a discutir com os sindicatos qualquer alteração nas condições de trabalho.

Apenas 38,9% aprovam governo Bolsonaro Segundo a pesquisa feita pelo instituto MDA e encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada no dia 26 de fevereiro, o começo do governo de Jair Bolsonaro (PSL) é visto por 29% da população como regular, e como ruim ou péssimo por 19%. A enquete, realizada entre 21 e 23 de fevereiro, mostra que o novo governo é bom ou ótimo para 38,9%; 13,1% não souberam ou não quiseram responder. Desde que a pesquisa começou a ser realizada, em 1998, nenhum presidente brasileiro eleito havia apresentado índices tão baixos de aprovação em um primeiro mandato. O nível de confiança da pesquisa é de 95%, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa CNT/MDA no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, apontava uma aprovação de 56,6%. Já o início do primeiro governo de Dilma Rousseff (PT) foi considerado bom ou ótimo por 49,2% da população. O governo de Michel Temer (MDB) – que não foi eleito como

56%

Lula

49%

Dilma

39%

Bolsonaro

Índices de popularidade dos últimos presidentes nos primeiros meses de governo

presidente –, teve uma aprovação de 11% nos primeiros meses. A campanha do governo, propagada pela mídia conservadora, em parte patrocinada pelos bancos, não conseguiu convencer o povo brasileiro que a reforma da Previdência favorece os pobres: 45,6% da população se diz contra a reforma. O levantamento também apontou que 66,9% desaprovam o novo salário mínimo de R$ 998 abaixo do previsto no Orçamento da União para este ano aprovado pelo Congresso Nacional (R$ 1.006).

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Sindicato conquista reintegração no Itaú

O

Sindicato dos Bancários de Pernambuco garantiu, no dia 25 de fevereiro, a reintegração da bancária Natália Medeiros, funcionária do Itaú – agência Praça Dom Vital. Esta é a terceira conquista da entidade em 2019. No ano passado, o total de reintegrações chegou a 37. Funcionária do banco há 9 anos, Natália Medeiros foi surpreendida com o comunicado de demissão no dia 28 de outubro de 2018, sem justificativa. “Fiquei muito triste com a notícia e sem reação no primeiro momento, porque não esperava por isso. Eu sentia dores há muitos anos, mas nunca fiquei afastada de licença médica por medo de sofrer represálias por parte do banco”, afirma. A reintegração foi acompanhada pelos dirigentes sindicais, Wellington Trindade e Ronaldo Cordeiro. “É uma característica ainda comum entre os trabalhadores priorizar o trabalho em detrimento da saúde. Por medo de retaliação, mesmo doente

Bancária Natália Medeiros é a terceira reintegrada de 2019

ele omite essas condições de saúde. A orientação do Sindicato é que no exame periódico o trabalhador relate dores ou incômodos que esteja sentindo”, orienta Wellington. Após o desligamento da empre-

sa, a bancária buscou orientações no Sindicato, que ofereceu todo o suporte necessário por meio das secretarias de Saúde e de Assuntos Jurídicos. A reintegração de Natália foi garantida na Justiça,

com reconhecimento de doença do trabalho pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Agora, a bancária aguarda a realização do exame de retorno para voltar às atividades no Itaú.

Sindicato recebe Festival de Bancários garantem ampliação Mulheres Repentistas em março da licença-paternidade As Mulheres de Repente. Esse é o tema do Festival de Mulheres Repentistas do Norte e Nordeste, que acontece no Sindicato dos Bancários de Pernambuco, no dia 9 de março, a partir das 20h. O encontro reunirá oito mulheres cantadoras dos estados de Pernambuco, Maranhão, Paraíba, Ceará e Piauí. Com apresentação de Mariana Teles e coordenação de Rogério Meneses, o Festival objetiva enaltecer o protagonismo das mulheres no improviso da musicalidade. No palco, as repentistas irão abordar a situação atual do País e falar sobre as marcas da repressão, da negação de direitos, da exploração, da violência, da discriminação e da invisibilidade social. O secretário de Esporte, Cultura e Lazer do Sindicato, Adeilton Filho,

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ressalta o compromisso da entidade em apoiar eventos que valorizam a cultura regional. “A cultura pernambucana tem uma forte marca em todo território nacional. Nossa música, os artistas, assim como nossa forma de expressão, possuem características singulares. O Sindicato se orgulha de fazer parte de encontros que enfatizam a força e o empoderamento do povo nordestino, que tanto luta pelos seus direitos”, aponta Adeilton. Para difundir essa arte genuinamente nordestina, Ariano Suassuna promoveu o primeiro festival de poetas repentistas em 1950, no Teatro de Santa Isabel. Só em 2015, Rogério Meneses criou um festival destinado às mulheres repentistas, dando a essas artistas o devido reconhecimento no cenário cultural.

Ampliação da licença-paternidade é direito conquistado pela categoria

Mais sete bancários concluíram o curso “O Despertar da Paternidade”, garantindo a ampliação da licença-paternidade de cinco para 20 dias. A formação ocorreu nos dias 22 e 23 de fevereiro, na sede do Sindicato dos Bancários de Pernambuco. Nesta 9ª edição, a presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues, foi uma das facilitadoras do curso. “A ampliação da licença-paternidade é um direito previsto na Conven-

ção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, renovado na Campanha Nacional dos Bancários 2018. Uma grande conquista dos bancários”, destaca. Os bancários devem apresentar um requerimento oficial junto ao banco, por escrito, no prazo de 48 horas após o nascimento da criança, com comprovação da participação no programa de orientação sobre paternidade responsável.


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