Revista dos Bancários 06

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DOS

Revista Bancários Ano I - Nº 6 - Abril de 2011

Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco

Leia as matérias completas em www.bancariospe.org.br

BANCÁRIOS ARTISTAS

Para fugir do estresse da profissão, bancários buscam refúgio na arte


Opinião Editorial

Válvula de escape

“E

u sou bancário, sou poeta e seresteiro, o dia todo tem seresta pra você. Mesmo contando e recontando o tal dinheiro, trabalhando o dia inteiro, sobram notas pra você. Não cobro juros sobre juras mentirosas, nem comissões sobre carinhos sem ter fim. Eu sou bancário, sou poeta e seresteiro, mas, à noite eu sou banqueiro lá no banco do jardim!”. Já faz muitas décadas que o poeta e cantor Roberto Rosendo compôs um chorinho chamado “Choro do Bancário”. A cadência e a letra da música mostram um pouco da história de um funcionário de banco, que durante o dia é uma “máquina em serviço”. Mas, a lua nasce e ele vai pra boemia. Aí, “o tique-taque já tem outra melodia pois, é a noite que eu me sinto como gente”, diz. Para muitos Para muitos bancários, que bancários, a arte trabalham o dia – em suas diversas faces – é uma válvula inteiro contando e recontando o tal de escape para o estresse do dia a dia dinheiro, a arte – em suas diversas faces – é uma válvula de escape para o estresse do dia a dia. Nesta edição da revista, contamos a história de três bancários artistas que encontraram na música, na pintura e nos livros uma paixão e uma razão de viver. Também nesta edição, você vai ler uma matéria sobre a população indígena de Pernambuco, numa reportagem especial para o Dia do Índio, lembrado em 19 de abril. A revista também aborda a situação do emprego na categoria bancária, o início das negociações entre o Sindicato e os bancos nas mesas temáticas e como a tragédia que se abateu sobre o Japão pode servir para que o mundo repense sua relação com a natureza.

A arte por contas ba A partir desta edição, o Sindicato revela os talentos artísticos que se escondem nas agências bancárias de Pernambuco

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2 REVISTA DOS BANCÁRIOS

Bancários do BB agitam com a Banda Sociedade Oculta


or trás das ancárias

Capa Além do trabalho

P

or trás dos guichês do caixa, dos computadores, telefones, máquinas e das paredes frias de uma agência bancária existem trabalhadores que sentem, pensam e criam. Existem seres humanos com potencialidades diversas e muito o que dizer além de metas, cálculos, números, cédulas, clientes e contas. A arte tem, para eles, múltiplos significados. Para alguns, é alívio contra o estresse. Para outros, trabalho que alimenta a alma. Para uns, é elemento de equilíbrio. Para outros, expressão de sentimentos. A partir desta edição, a Revista dos Bancários passa a conversar com os vários artistas que se escondem nas unidades bancárias de Pernambuco. Três deles inauguram a seção: o poeta José Honório, do BNB; o baixista da Banda Sociedade Oculta Emerson Lima, do Banco do Brasil; e o artista plástico Francisco de Assis, aposentado do Bandepe e dirigente do Sindicato.

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Capa Além do trabalho

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Operários da arte

Emerson não se diz artista, mas operário da arte. E o trabalho é intenso: ele não apenas é o baixista da Banda Sociedade Oculta. É, também, produtor, articulador, divulgador, entre vários outros afazeres. Neste mês de abril, a banda completa um ano de sua nova formação e as perspectivas são as melhores. Há várias apresentações agendadas, entre as quais a participação no festival Tendencies Rock, do Tocantins; além do lançamento do EP (mini-álbum) “Além do Silêncio”, com apoio do Sindicato. Para ele, são caminhos que começam a se abrir depois de uma longa jornada. A relação de Emerson com a música é tão antiga

umas três músicas, no show de encerramento das atividades da banda. Toquei umas dez. E a banda está aí, até hoje”. De lá para cá, foram muitas apresentações, em comunidades da Região Metropolitana e cidades do interior do estado, como Arcoverde e Vitória. Mas foi a organização do festival independente “Plugados Alternativos” que deu ao grupo maior projeção. Foram três edições até agora, em 2007, 2008 e 2010. “Conseguimos reunir várias bandas independentes, de diversos municípios do estado. Já botamos dinheiro do próprio bolso para botar o evento na rua mas, hoje, conseguimos, ao menos, cobrir os custos. E a visibilida-

Emerson consegue conciliar as atividades de músico, produtor, bancário, matemático, delegado sindical, noivo e pai de duas filhas. “São trabalhos que dão prazer”, diz quanto seus anos de dedicação ao Banco do Brasil, onde trabalha há 24 anos. Duas bandas marcaram sua trajetória, antes da Sociedade Oculta. A Aphase foi uma delas, por volta de 2000. “Era uma mistura de Legião Urbana com Joy Division e U2. Foi a primeira banda da qual participei que tinha um trabalho mais autoral”, lembra. E foi na faculdade, cursando matemática, que ele e uns colegas criaram os “Primus do Kaos”, em 2004. “O problema é que só eu queria levar a banda a sério, de forma profissional. O pessoal tinha aquilo como um hobbie”, diz. Foi quando, em 2007, ele conheceu o vocalista da Sociedade Oculta. “Me chamaram para tocar 4 REVISTA DOS BANCÁRIOS

de que o festival garante compensa o trabalho”, afirma o baixista. Sua meta, agora, é incluir o Plugados na Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes). Resta saber como faz Emerson para conciliar as atividades de músico, produtor, bancário, matemático, delegado sindical, noivo e pai de duas filhas. “A gente dá um jeitinho. Tem as noites e os finais de semana. E são trabalhos que me dão muito prazer”, explica o bancário, operário da arte.

“No lugar onde eu resido, fechadura inda é tramela. Não é tão evoluído, mas já se assiste novela e também telejornal Já se mistura Nescau com o puro leite de vaca Lá se come sanduíche E se diz oxente e vixe E se enfia o pé na jaca”.

AGENDA DA SOCIEDADE OCULTA

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10 de abril – Apresentação no Vapor 48, a partir das 11 horas 30 de abril – Lançamento do EP “Além do Silêncio”, na Estação do Reggae 14 de maio – Apresentação no Tendencies Rock Festival Música, em Palmas-Tocantins


Capa Além do trabalho

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Abram alas para os cordéis

A estrofe ao lado é parte do poema “O interior hoje em dia”, um dos vários textos do poeta José Honório, bancário do BNB. Sua relação com a literatura popular é antiga. Seu avô escutava repente pelo rádio. Seu pai o levava aos mercados para ouvir poesias. E ambos brincavam de dizer versos. “Na adolescência, eu me afastei um pouco deste universo. Entrei no banco aos 15 anos. E, aos 18, retomei o contato com poetas como Zé da Luz, Patativa do Assaré”. Não tardou para que ele seguisse os passos do pai e do avô. Em 1984, teve seu primeiro cordel publicado: Recife, carnaval, frevo e passo. “Mas era complicado porque as editoras só faziam um mínimo de 1000 exemplares e a gente pagava do próprio bolso”, lembra Honório. A tecnologia tornou-se grande parceira. “Com a informática, nós mes-

mos podemos imprimir pequenas tiragens. Botamos tudo na mochila e vendemos nos eventos, escolas, mercados, exposições”, conta o poeta. Honório é, ainda, um grande articulador. Foi dele a ideia do coletivo “Unicordel”, que surgiu de uma reunião informal no Mercado da Boa Vista e, hoje, promove recitais e tem parcerias com universidades e centros de pesquisas. “Tem cerca de 40 poetas que gravitam em torno da Unicordel. Os recitais são nossa grande vitrine: ajudam na interação e articulação, e também contribuem com a comercialização”, conta José Honório. Para ele, que é gerente de Suporte a Negócios, com jornada de oito horas, conciliar todas as funções não é fácil. “As vezes me vem uma ideia no meio do trabalho e nem sempre dá para anotar. Outras vezes acordo no

meio da noite com um poema na cabeça. Mas quando estou muito tenso, não consigo produzir”, conta. No entanto, ele acredita que é a poesia que lhe garante o equilíbrio. “Há, também, o trabalho de escrever projetos, divulgar, articular... Mas, acho que, com a Unicordel, minha contribuição para o fortalecimento desta literatura é ainda mais valiosa que minha contribuição como poeta”, avalia. E os sinais da valorização estão aí: “A poesia popular já começa a entrar nas salas de aula, já está em prêmios e editais públicos. A xilogravura já ganha espaço na publicidade. E o cordel está inspirando até novelas”, observa Honório. PARA LER OS POEMAS

E saber mais sobre José Honório, acesse: www.josehonorio.com.br

As cores de Chico Habilidades não faltam para o bancário Chico de Assis, aposentado do Bandepe (hoje Santander) e diretor do Sindicato. Ele gosta de cantar, é carnavalesco e maneja a arte culinária muito bem. Mas é nos pincéis que reside a arte que lhe garante maior reconhecimento e algum retorno financeiro. Chico tem quadros vendidos em várias regiões do país: São Paulo, Amazonas, Brasília. Já participou de mostras individuais em vários municípios do sertão pernambucano e de coletivas na capital. O gosto pelo desenho vem desde menino. Mas foi na Academia Fátima Paes, com a mestre Badida, que ele maturou seu talento. Em 1992, pintou seu primeiro quadro: uma paisagem. Hoje, prefere figuras abstratas e geométricas e desenvolve técnicas próprias, como a pintura em acrílico e vitral. “A gente precisa extravasar as emoções de alguma forma. Na agência, quando o expediente encerrava, eu adorava cantar. À noite, eu estudava e, nas horas vagas, pintava. Serve como anti-estresse. Deixa a vida mais leve”, diz Chico. REVISTA DOS BANCÁRIOS 5


Entrevista Dia do Índio

“Queremos ser lembrados não apenas em abril”

A

fala, de Manoel Uilton, resume o sentimento das comunidades indígenas que se espalham pelo Brasil. São mais de 460 mil índios, distribuídos entre 225 sociedades, além de outros milhares que vivem fora das aldeias, inclusive em áreas urbanas. Silenciados por sucessivos golpes – em sua identidade cultural, auto-estima, organização social e na posse de suas terras – eles tem muito o que exigir. E muito o que ensinar. Organizados em diversas associações, a exemplo da 6 REVISTA DOS BANCÁRIOS

Apib (Articulação de Povos Indígenas do Brasil) e suas regionais, eles querem políticas públicas voltadas para a população indígena. Eles querem o reconhecimento de suas terras. E protestam contra empreendimentos que lhes atropelam e destroem, em nome de um desenvolvimento com o qual eles não concordam. Uilton, Júnior e Renato são da coordenação da Apoinme (Associação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo). Representam três etnias, de três estados diferentes. Manoel Uilton é Tuxá, da Bahia. Renato Filho é Tupiniquim, do Espírito Santo. Adelmar Júnior é Pankararu, de Pernambuco. Os três conversaram com a Revista dos Bancários, numa entrevista especial para marcar o Dia do Índio, comemorado em 19 de abril. São histórias diversas, mas ideais semelhantes.

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Entrevista Dia do Índio REVISTA DOS BANCÁRIOS – Quais são, atualmente, as principais demandas dos povos indígenas? Adelmar Júnior (Pankararu) – São muitas. Existe, por exemplo, a questão da regularização da saúde. Hoje, a assistência é feita por meio da Funasa, mas já existe um decreto criando a Secretaria Especial de Saúde Indígena. Falta regulamentar. E há muitas outras demandas: de políticas públicas, por exemplo. Apenas o bolsa-família não resolve. É preciso políticas de geração de emprego e renda, de estímulo à agricultura familiar, ao cooperativismo, à agroecologia, ao turismo ambiental... Mas eu acredito que o maior problema ainda é a terra.

para o Ministério da Justiça e construímos tudo de novo, junto com os Guarani. Então o governo assinou um decreto para que as partes sentassem e firmassem um TAC (Termo de Ajuste de Compromisso). Mas a comunidade já decidiu que não quer mais acordo. Já passamos por isso e vimos que não dá certo. Temos nossa terra homologada, mas a discussão continua. Júnior (Pankararu) – Na maioria das terras existem conflitos, ainda que elas já tenham passado pelos vários processos de regularização: demarcação, homologação e registro sob domínio da União. No entanto, se elas não foram desintrusadas, ou seja, se ainda existem posseiros no lo-

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Organizados em diversas associações, os índios querem políticas públicas e o reconhecimento de suas terras. E protestam contra empreendimentos que lhes atropelam REVISTA DOS BANCÁRIOS – Como está a situação das terras na comunidade de vocês? Renato (Tupiniquim) – Entre nós existe uma briga que se arrasta desde a década de 70 com a Aracruz Celulose, mesmo nas terras que já foram demarcadas e até homologadas. Hoje, o que nós sabemos é que não queremos mais contribuir com o monocultivo de eucalipto. Mas vamos precisar de muito tempo até que nossas terras se recuperem. Na década de 90, a gente não tinha essa certeza. E, para garantir nossas terras, fizemos um acordo com a Aracruz pelo qual nós ficávamos com a área, mas tínhamos de produzir eucalipto e vender para a empresa. Em contrapartida, eles garantiram que implantariam alguns projetos sociais. Claro que nada disso deu certo. Então, em 2005, resolvemos reconstruir a Aldeia Olho d’Água. Levamos meses para levantar tudo. Aí veio a Aracruz, com a Justiça, e derrubou. Dois meses depois, enviamos um documento

cal, os conflitos inevitavelmente vão ocorrer. Na área Pankararu é assim: temos terras regularizadas, mas os posseiros ainda ocupam 40% da área. ReVISTA DOS BANCÁRIOS – Vocês tem questionado alguns empreendimentos governamentais, como a transposição do Rio São Francisco... Júnior (Pankararu) – Os canais de irrigação passam dentro de terras Truká, Pipipan e Kambiwá. No entanto, não há qualquer contrapartida. É como se passassem um canal por dentro de sua casa e você não tivesse direito de beber. E isso afeta a fauna, a flora. Tem consequências sócio-culturais, pois passa em áreas sagradas, destrói raízes e plantas medicinais. E o governo não sentou com a comunidade para conversar, ferindo inclusive a Convenção 169, da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que afirma que qualquer empreendimento que passe em terra indígena precisa ser negociado com

a população local. Mas não é só a transposição: tem a Transnordestina, que passa em terras Xukuru. Sem falar em empreendimentos em outras regiões, como Belo Monte, Jirau e outras usinas hidrelétricas e até nucleares. Uilton (Tuxá) – Nós, Tuxá, podemos falar com clareza o que significam estes empreendimentos para a população indígena. Nossas terras eram ilhas no meio do São Francisco e elas foram submersas quando Itaparica foi construída. A Chesf dividiu nosso povo em três grupos e os jogou em terras distantes. Parte ficou em Inajá (Pernambuco), parte em Ibotirama (Bahia) e outra parte, que é o meu caso, ficou em Rodelas (Bahia). Para nós, de Rodelas, firmou-se um convênio entre a Chesf e a Funai para aquisição de uma área, mas nada foi resolvido. As consequências, para o povo Tuxá, foram devastadoras. Somos uma comunidade indígena encrustada no meio de área urbana. Isso mexe com a auto-estima, com a noção de identidade, com a organização sócio-cultural... É muito triste. Os Tuxá sempre foram um povo muito guerreiro e também muito autônomo. Fomos a terceira etnia a ser reconhecida como indígena. E, no entanto, nossa situação é difícil. Com a indenização que as famílias receberam, muitos construíram belas casas. Mas o luxo esconde uma situação trágica: poucos tem do que viver, muitos não tem mais um centavo do que foi pago como indenização. REVISTA DOS BANCÁRIOS – Você ainda lembra da ilha? Uilton (Tuxá) – Lembro sim. De atravessar de canoa, de pegar o peixe e cozinhar na hora... a gente não tinha riqueza, mas era feliz. Aí eu pergunto: como é que se avalia a perda deste patrimônio? Nós tínhamos lajedos que eram sagrados, tínhamos cachoeiras que eram sagradas... tudo isso afundou. Em nome deste crescimento

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Entrevista Dia do Índio

Uilton (Tuxá)

Renato (Tupiniquim)

a todo custo, o governo pode até inventar relatórios para medir os prejuízos ambientais. Mas estes prejuízos, humanos e sociais, isso não há quem calcule. No entanto, mesmo depois das tragédias que foram as barragens de Itaparica e Sobradinho, querem construir mais duas hidrelétricas no São Francisco. Sem falar na transposição, na Transnordestina...

Renato (Tupiniquim) – Entre nós, não há esse problema porque a escola é municipal. Existem concursos específicos para professores indígenas. No entanto, falta assistência às escolas, infra-estrutura: muitas estão em condições muito precárias. Também falta mais programas de qualificação para os educadores.

REVISTA DOS BANCÁRIOS – E a educação? Júnior (Pankararu) – Em Pernambuco, as escolas indígenas são estadualizadas. E nós lutamos muito para garantir uma educação diferenciada, com professores indígenas, que repassassem valores e ensinamentos que estivessem relacionados à cultura de seu povo. No entanto, a situação ainda não está regularizada. Como envolve toda uma discussão para regulamentar o concurso público, os professores indígenas não são efetivados, ensinam por meio de contratos temporários.

Uilton (Tuxá) – Nós, Tuxá, viemos ter o prazer de ter uma escola em nossa área há menos de 10 anos. E creio que foi uma das revoluções de nosso povo. Muitos jovens não valorizam a própria identidade, muitos já não dançam e o sentimento de negação pelo próprio povo é muito forte. Eles não querem carregar consigo a “pecha” de ser índio. Tudo isso se agravava quando eles tinham de estudar em uma escola não indígena que, muitas vezes, só aumentava este sentimento de rejeição. Hoje, nós temos um grupo de dança, temos pro-

Localização das aldeias dos entrevistados

Pankararu - Está localizado em Pernambuco, na zona do Sertão do São Francisco, distante 412 km da capital. São 6,7 mil índios, distribuídos em núcleos familiares, ocupando uma área de 14.294 ha. Tuxá – O povo Tuxá distribui-se em três locais distintos. Em Pernambuco, no município de Inajá, vivem cerca de 50 índios em uma propriedade de 140 ha. Em Ibotirama, Bahia, vivem quase 600 índios, em uma área de 2.020 ha. Em Rodelas, Bahia, mais de mil Tuxá aguardam até hoje a aquisição de uma área indígena, fruto de convênio entre a Funai e a Chesf. Tupiniquim – Cerca de 6.300 índios habitam três Terras Indígenas no norte do Espírito Santo. As terras foram demarcadas em 2007. 8 REVISTA DOS BANCÁRIOS

Júnior (Pankararu)

fessores ensinando nossa cultura. Embora dificilmente ela consiga recuperar aquilo que se perdeu em nossos jovens, a escola vai preparar as crianças em uma nova conjuntura. Não é um pesquisador que vai dizer o que você é. Muito menos os outros. Para a maioria da população, se você não tem o estereótipo de índio, você é um oportunista. Se tem, é um pobre coitado. A escola também ajuda a dar clareza quanto a própria identidade.

Povos indígenas em Pernambuco Pankararu - Sertão do São Francisco, (Jatobá, Petrolândia e Tacaratu) Kambiwá -Ibimirim e Inajá, Sertão do Moxotó. Atikum - Carnaubeira da Penha, na Serra do Umã. Xukuru - Serra do Ororubá, a cerca de 6 km da cidade de Pesqueira. Fulni-ô - Município de Águas Belas, a 314 Km do Recife. Truká - Ilha de Assunção, Cabrobó, entre os estados da Bahia e Pernambuco Tuxá - Inajá, a 395 Km de Recife. Kapinawá - Ibimirim, Tupanatinga e Buíque, a uma distância de 300 km da capital do Estado. Pi-pi-pan - São remanescentes dos Kambiwá, vivendo no município de Floresta.


Cultura Dia do Índio

A marca da resistência indígena na pisada do toré Por meio do toré, índios de Pernambuco se reencontram com suas origens e reafirmam a sua cultura

O

toré é, para os povos indígenas do Nordeste, mais do que um folguedo ou dança popular. É um elo que os devolve a identidade, que os religa à natureza e aos elementos sagrados. É marca de resistência cultural e política. As pisadas firmes na terra quase sempre acompanham os discursos inflamados nos atos públicos: uma forma de mostrar ao mundo que estão vivos e fortes. Mas também se ocultam nos terreiros e locais sagrados, onde se realizam danças e rituais secretos. É ele o elemento cultural que se mantém vivo em praticamente todas as comunidades indígenas de Pernambuco. É o caso dos Atikum, Truká, Fulni-ô, Pankararu e Xukuru. Além do baque surdo dos pés, o ritmo é marcado por maracás, elaborados com pequenas cabaças e pelas vozes em coro dos dançarinos. Os versos, de difícil compreensão, são “puxados” pelo guia do grupo e cantados em português mesclado com expressões do dialeto da tribo. Ou seja, é através dos cânticos que acompanham o toré que se conservam resquícios da linguagem materna já que, com exceção dos Fulni-ô, a maioria dos povos indígenas pernambucanos perdeu o contato com a língua ancestral. A dança é, ainda, o reencontro de um povo com a terra. “O meu Atikum está muito alegre, de ver seus índios em cima da Serra”, entoam os Atikum, enquanto dançam o toré no alto da Serra Negra, em Carnaubeira da Penha. Fumando

grossos cachimbos de madeira e com maracás na mão, são os mais velhos que conduzem o toré. A exemplo do que aconteceu com várias manifestações religiosas de matriz africana, também o toré foi proibido e perseguido entre as décadas de 40 e 80. No entanto, isso serviu para fortalecê-lo ainda mais enquanto expressão de reconhecimento étnico dos índios nordestinos. Algumas lideranças se deslocaram para outras comunidades para trocar ensinamentos sobre o Toré. Essa prática contribuiu para fortalecer a organização social e política destes povos. Nos terreiros e locais sagrados, o toré é obrigação espiritual, encontro com os “encantados”. É também folguedo e elemento de socialização. Dançado em público, fora da aldeia, ele adquire outro significado. Torna-se instrumento de reafirmação étnica perante a sociedade civil, poder público e autoridades. Ao final de cada apresentação, as lideranças discursam e expõem para a sociedade suas conquistas, protestos e reivindicações. REVISTA DOS BANCÁRIOS 9


Cultura

Dicas

CINEMA

15 anos de Cine-PE

O documentário AcercadaCana (foto) é um dos 30 selecionados para a Mostra Competitiva de Curtas na XV edição do Cine-PE: Festival do Audiovisual de Pernambuco. O festival invade as telas pernambucanas de 30 de abril até 06 de maio, no Centro de Convenções. A programação de longas ainda não está definida. Mas os curtas selecionados já foram divulgados. Pernambuco tem o maior número de filmes escolhidos. Além de AcercadaCana, estão na disputa “As aventuras de Paulo Bruscky”, “Peixe Pequeno”, “Vô estraçaiá”, “Café Aurora”, “Calma Monga, calma”, “Janela Molhada” e “Mens Sana in Corpore Insano”. Os homenageados deste ano são os atores Chico Díaz e Wagner Moura, o diretor e produtor José Padilha e a montadora Vânia Debs.

Abril de rock O grupo jamaicano “The Skatalites” (foto) é um dos que compõem a programação da 19ª edição do Abril Pro Rock. Em dois dias de festival, passam pelo Chevrolet Hall os americanos The Misftis e D.R.I. e representantes nacionais como Musica Diablo, Torture Squad, Eddie, Tulipa Ruiz e Arnaldo Antunes, entre outros. As apresentações acontecem nos dias 15 e 17. Mas tem programação durante o mês inteiro em um casarão na Rua do Apolo. É o APR Club, com atrações como Wander Wildner, Matanza e Bloco do Eu Sozinho, homenagem que Rodrigo Barba, Bubu Trompete, Gabriel Bubu (Do Amor), Rodrigo (Forfun) e Melvin (Carbona) fazem aos 10 anos do disco do Los Hermanos. Acesse: abrilprorock.info/.

Livros

RECOMENDADOS Memórias do Recife

Em “O vendedor de livros”, Rostand Paraiso faz uma comovente viagem pela memória do Recife. O personagem Alberto reconstrói sabores do passado, em visitas a pensões de estudantes, sobrados, teatros, cinemas, mercados e bondes.

1010REVISTA REVISTADOS DOSBANCÁRIOS BANCÁRIOS

A solidão é espaçosa

O livro, de Inah Lins (foto), conquista os leitores com humor, leveza, um ritmo envolvente e personagens que parecem ter saído da esquina. São vários contos, quase todos retratando as diversas formas de solidão do homem.


Meio ambiente Qualidade de vida

A natureza grita por mudanças

Calamidades como a vivida atualmente pelo Japão servem para fazer com que as pessoas reflitam sobre seu lugar na natureza e sua relação com o meio ambiente

O

mundo inteiro assiste, atônito e aterrorizado, às cenas dramáticas gravadas no Japão. No dia 11 de março, um terremoto de 8,9 graus na escala Richter atingiu a costa do país. Foi um dos mais intensos dos últimos anos. Um tsunami provocou ondas de 10 metros de altura, que destruíram cidades e deixaram, segundo as últimas contagens, 1,5 mil mortos e mais de 88 mil desaparecidos. O sistema de resfriamento das usinas nucleares entrou em colapso e mais uma tragédia se somou às demais: o maior desastre nuclear desde o acidente de Chernobil, em 1986. Calamidades como esta servem, ao menos, para fazer com que o mundo reflita sobre seu lugar na natureza e sua relação com o meio ambiente. Em toda parte, começa-se a reavaliar o uso da energia nuclear. No entanto, há outras tragédias que se gestam aos poucos e cujos efeitos, que hoje já são visíveis, tendem a se agravar. Exemplo disso é o relatório, lançado no dia 22 de março, pela Agência Nacional de Águas (ANA). O levantamento mapeou as tendências de demanda e oferta de água nos

5.565 municípios brasileiros e concluiu: em 2015, 55% deles poderão ter déficit de abastecimento. O percentual representa 71% da população urbana do país. “Existe uma cultura da abundância de água que não é verdadeira, porque a distribuição é absolutamente desigual”, afirma o diretor-presidente da ANA, Vicente Abreu, à Agência Brasil. A falta d’água não é o único efeito de uma relação inadequada com o ambiente. As inundações que vem devastando várias cidades do Brasil nos últimos anos também são prova de que é preciso mudar completamente a postura da sociedade em seu convívio com a natureza. Quem explica é a professora Vanice Selva, do departamento de Ciências Geográficas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco): “A forma de ocupação dos espaços não tem levado em consideração a dinâmica do ambiente. Cada vez mais aterros são realizados nas áreas de mangues e nas margens dos rios impedindo o fluxo natural das águas. As águas das chuvas também são impedidas de seguirem a infiltração no solo e voltarem à atmosfera em função da pavimentação das ruas e das construções. Os desmatamentos também contribuem para as inundações, pois os solos expostos são transportados para os rios, provocando seu assoreamento”. Também há estudos que apontam a diminuição de geleiras e aumento de temperatura em cidades, formando zonas de calor. É visível que há mudanças nas dinâmicas de mares e praias, com avanço do mar sobre o continente. “Sem uma gestão ambiental adequada e sem uma mudança de postura global, os problemas tendem a se agravar. As construções requeridas pelo crescimento populacional, a expansão sem controle do turismo e da indústria, e o crescimento do consumo de água e energia aumentam cada vez mais a pressão sobre os recursos naturais, com inevitável degradação das condições de vida”, afirma Vanice. REVISTA DOS BANCÁRIOS 11


Sindicato em ação Negociação temática

Negociação sobre segurança abriu as discussões das mesas temáticas, no último dia 16 de março

O Diálogo aberto Sindicato e Fenaban retomam as negociações específicas para debater saúde, segurança, igualdade de oportunidades e terceirização

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Sindicato e os bancos retomaram no mês passado as negociações das quatro mesas temáticas, que discutem as reivindicações dos bancários para saúde, segurança, igualdade de oportunidades e terceirização. Neste primeiro contato, representantes dos patrões e dos empregados definiram um calendário de negociações, com o objetivo de resolver uma série de pendências antes do início da Campanha Nacional dos Bancários, no segundo semestre. Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, as mesas temáticas são de extrema importância para os bancários e já renderam muitas conquistas que melhoraram as condições de trabalho nas agências e departamentos dos bancos. “As próprias mesas temáticas já são uma conquistas, pois através delas conseguimos avançar em diversas questões específicas que não podemos negociar com maior profundidade durante a campanha salarial”, comenta. O mais recente avanço conquistado na mesa temática foi o acordo inédito assinado em janeiro que garante mecanismos de prevenção e combate ao assédio moral nos bancos. Fruto de muito debate na mesa temática sobre saúde, o acordo já virou referência para outras categorias.

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Sindicato em ação Negociação temática

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Acompanhe o resultado das negociações no site do Sindicato

Já na mesa de igualdade de oportunidades, uma das principais conquistas foi a aplicação da pesquisa intitulada “Mapa da Diversidade”. Por meio dela, o Sindicato constatou a discriminação que ocorre com negros, mulheres e portadores de deficiência nos bancos e apresentou uma série de reivindicações para solucionar o problema. No ano passado, mais avanços: a Fenaban acenou positivamente para algumas propostas do movimento sindical, entre elas a realização de uma campanha conjunta de sensibilização e valorização da ampliação da licença maternidade para 180 dias. “Agora temos de consolidar essas conquistas e ampliá-las, garantindo que as demais reivindicações sejam atendidas”, afirma Jaqueline. Acompanhe os resultados das negociações sobre saúde, segurança, igualdade de oportunidades e terceirização no site do Sindicato: www.bancariospe.org.br

Principais reivindicações dos bancários nas mesas temáticas

Saúde

* Fim das metas abusivas * Combate ao assédio moral * Proteção contra os riscos de acidente de trabalho ou doença ocupacional * Programa de Reabilitação Profissional * Prevenção de adoecimento e promoção da saúde da mulher * Assistência médica, hospitalar, odontológica e medicamentosa

Segurança

* Ampliação dos equipamento de prevenção * Assistência médica e psicológica às vítimas de assaltos, sequestros ou extorsões * Adicional de risco de vida de 30% para agências, postos e tesouraria * Proibição de transporte de valores e guarda das chaves pelos bancários * Estabilidade provisória para vítimas de assaltos, sequestros e extorsões

Terceirização

* Fim da terceirização * Contratação de todos os terceirizados * Garantia de emprego (Convenção 158 da OIT) * Ampliação do número de funcionários * Qualificação dos empregados

Igualdade de oportunidades

* Ampliar a contratação de mulheres, negros e pessoas com deficiência * Garantir igualdade nas promoções internas, valorizando a diversidade * Incluir o tema “orientação sexual” na próxima edição do Mapa da Diversidade * Garantir a cota mínima de 5% dos empregos para pessoas com deficiência

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Sistema Financeiro Emprego

Prática pe Bancos usam rotatividade para reduzir a média salarial dos bancários. No ano passado, as instituições financeiras demitiram e contrataram funcionários com vencimentos médios 37,57% menor

J

oão é bancário e foi promovido. Passou a ganhar R$ 3,5 mil de salário. Meses depois foi demitido. Em seu lugar, o banco contratou um empregado para receber R$ 2,1 mil. Essa história, descrita de maneira simplista, acontece todos os dias nos bancos. Com essa estratégia obscena, as instituições financeiras têm achatado o salário dos bancários e, de quebra, engolido parte dos aumentos reais conquistados nos últimos anos com muita luta e longas greves. A alta rotatividade no sistema financeiro foi constatada, mais uma vez, em recente pesquisa feita pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e divulgada no último dia 24 de março. Segundo o levantamento, em 2010, os bancos contrataram 57.450 trabalhadores e desligaram 33.418. A remuneração média dos desligados foi de R$ 3.506,88, valor 37,57% superior ao salário médio de R$ 2.188,43 dos 14 REVISTA DOS BANCÁRIOS

Suzineide Rodrigues: “Os bancos continuam discriminando as mulheres”

admitidos. Para o presidente da Contraf, Carlos Cordeiro, os bancos estão claramente usando a rotatividade para reduzir a média salarial dos bancários. “Essa é uma prática perversa do setor onde somente as seis maiores empresas tiveram lucro líquido de mais de R$ 43 bilhões no ano passado”, comenta Carlão. Ao todo, os bancos que operam no

Brasil criaram 24.032 novos empregos em 2010, o que representa 1,12% dos 2.136.947 postos de trabalho gerados por toda a economia no ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,5%, o maior salto dos últimos 25 anos. O resultado contrasta com 2009, quando o sistema financeiro fechou 621 postos de trabalho.

Emprego diminui nas faixas mais altas O saldo positivo de emprego nos bancos em 2010 está concentrado nas faixas de até três salários mínimos. Acima do valor equivalente a quatro salários mínimos, o saldo de emprego é negativo em todas as faixas de remuneração. A pesquisa demonstra também que os bancos continuam dando preferência aos jovens nas contratações. Na faixa etária até os 30 anos, o saldo positivo de postos de trabalho foi de 28.090 no ano passado. A partir dos 40 anos de idade, o saldo de emprego é negativo. Além de jovem, os novos contratados têm alta escolaridade: 42,21% possuíam o superior completo e outros 35,66% estavam cursando o terceiro grau. Mas a escolaridade dos que se desligaram era maior ainda: 60,7% com curso superior completo e


erversa 23,59% cursando a faculdade.

nham menos que os homens brancos. A pesquisa de agora, divulgada pela Contraf, mostra que a Discriminação situação é pior ainda, pois as mulheres são discontra as mulheres criminadas já na contratação. Por isso este ano Na comparação de gênero, a pes- vamos investir nas negociações com a Fenaban quisa mostra que os salários das mulhe- sobre igualdade de oportunidades e queremos res são inferiores tanto na contratação avanços concretos”, afirma Suzineide. quanto no desligamento. As bancárias desligadas em 2010 recebiam salário Pedidos de demissão médio de R$ 2.887,21, valor 28,71% O estudo Contraf-CUT revela também uma

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Na comparação de gênero, a pesquisa mostra que os salários das mulheres são inferiores tanto na contratação quanto no desligamento; em média 28% menor

inferior à remuneração média de R$ 4.049,92 dos homens. Na admissão, as mulheres foram contratadas com salário médio de R$ 1.833,35, contra R$ 2.534,52 dos trabalhadores masculinos - uma diferença de 27,66%. Para a diretora do Sindicato, Suzineide Rodrigues, os bancos continuam discriminando as mulheres, mesmo depois de prometerem igualdade de oportunidades. “Depois de muita pressão, conseguimos arrancar dos bancos uma pesquisa chamada Mapa da Diversidade. Divulgado há pouco mais de um ano, o levantamento revelou que mulheres, negros e portadores de deficiência têm menos oportunidades de crescerem na carreira, já que ga-

alteração significativa em relação à pesquisa de 2009 no que se refere aos tipos de desligamentos dos bancos. No ano retrasado, do total de afastamentos do sistema financeiro, 35,65% foram pedidos de demissão dos bancários. Em 2010, a demissão voluntária subiu para 49,08%. Os pedidos de demissão estavam concentrados nas funções de escriturário, que é início da carreira. Nesse segmento, 64,56% dos afastamentos foram a pedido. “Algumas das razões que explicam o fato de a metade dos desligamentos serem por iniciativa dos próprios trabalhadores são que eles não suportam mais as pressões por obtenção de metas cada vez mais abusivas e o assédio moral que vem como consequência. Essa também será com certeza uma das principais reivindicações da campanha deste ano”, avalia Carlão. REVISTA DOS BANCÁRIOS 15


Turismo Conheça Pernambuco

PESQUEIRA

Entre o Agreste e o Sertão

S

antuários católicos e indígenas, reservas naturais com matas, trilhas e cachoeiras são apenas algumas das atrações de Pesqueira, município localizado a 215 quilômetros do Recife. As diversas serras que cortam Pesqueira são uma atração a parte, principalmente para quem gosta de praticar alpinismo. A Serra do Gavião, por exemplo, tem 755 metros de altura e no passado serviu de esconderijo para cangaceiros. Já a Serra do Guarda, palco da aparição de Nossa Senhora das Graças, em 1936, se transformou num dos principais santuários de Pernambuco, atraindo milhares de fiéis todos os anos.

DOS

Revista Bancários Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco Redação: Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00 Fone: 3316.4233 / 3316.4221 Correio eletrônico: imprensa@bancariospe.org.br Sítio na rede: www.bancariospe.org.br Presidenta: Jaqueline Mello Secretária de Comunicação: Anabele Silva Jornalista responsável: Fábio Jammal Makhoul Conselho editorial: Anabele Silva, Geraldo Times, Tereza Souza e Jaqueline Mello Redação: Fábio Jammal, Fabiana Coelho e Wellington Correia Projeto visual e diagramação: Libório Melo Impressão: AGN Gráfica Tiragem: 10.000 exemplares

Outro atrativo é a Serra do Orubá, ocupada por 24 aldeias de índios Xucurus, onde pode-se encontrar lagos, açudes, cachoeiras e uma rampa natural de voo livre, utilizada em campeonatos anuais de asa delta. Ao todo são mais de 9 mil índios numa área de 27,5 mil hectares, onde os nativos desenvolvem atividades agrícolas e bordados tipo renascença. Além disto, no núcleo urbano de Pesqueira, habitam aproximadamente 200 famílias indígenas. É imperdível também um banho na Cachoeira do Vale das Cascatas, com uma queda de aproximadamente 6 metros de altura. Além disso, o visitante pode aproveitar o passeio nas trilhas da Serra de Minas, que tem um visual de plantas nativas, árvores centenárias, lagos e, para finalizar, um banho de bica e piscinas de águas naturais. Também existe a Trilha do Gavião, com um percurso de 15 quilômetros de sertão árido que chega ao topo da montanha, antes habitado pelos índios Pataxós. Para quem gosta de história, a cidade de Pesqueira também é um prato cheio, com seus casarões e prédios que remontam os séculos 18 e 19, além de um castelo enorme e imponente de sete andares, que pode ser visto de vários pontos da cidade. Anualmente, no dia 20 de abril, Pesqueira comemora a sua emancipação política. Uma boa data para visitar a cidade e participar desta festa feita por um povo simpático e hospitaleiro. COMO CHEGAR De Recife, pegue a BR-232 no sentido interior e siga por cerca de 200 quilômetros

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