DOS
Revista Bancários Ano I - Nº 8 - Junho de 2011
Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco
Leia as matérias completas em www.bancariospe.org.br
VIVA SÃO JOÃO!
As festas juninas chegaram e Pernambuco já está no clima de São João
Opinião Editorial
Coisas boas e ruins
Ivaldo Bezerra
A
s festas juninas chegaram e, com elas, Pernambuco e praticamente todos os estados do Nordeste ganharam um colorido especial, com balões e bandeirinhas enfeitando as cidades. O clima de São João já tomou conta das pessoas, que passaram a degustar as iguarias típicas desta época do ano. Os sabores e cheiros das festas de junho, aliás, já fazem parte da memória afetiva de todo pernambucano. Nesta edição da Revista dos Bancários, preparamos uma reportagem especial sobre a festa de São João. Nas Há muitas coisas boas acontecendo próximas páginas, você dentro dos bancos. vai conhecer a origem Mas, infelizmente, dos festejos e como eles se adaptaram e ganhatambém há ram a cara do Nordeste problemas brasileiro. Além de São João, junho também é o mês dos namorados. Por isso, entrevistamos casais de bancários que se conheceram no trabalho e formaram família. Pois é, quem disse que não existe romantismo dentro dos bancos? Além do romantismo e de muitas outras coisas boas, infelizmente também há problemas dentro dos bancos. Um deles é a homofobia. Entrevistamos dois bancários gays, que contam um pouco dos problemas que vivenciam no dia a dia. Também há o problema da falta de segurança. Nesta edição, você poderá ler uma entrevista exclusiva com o vereador Josenildo Sinésio (PT), autor da lei que garante mais segurança nos bancos de Recife. Embora a lei já esteja em vigor, o descaso das instituições financeiras fez com que nenhum banco se adaptasse à nova legislação. Como se vê, esta edição de junho da Revista dos Bancários está quentíssima. Então, boa leitura!
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Bacamarteiros são figuras típicas do São João nordestino, que rem
montam os tempos da Guerra do Paraguai
Capa São João
Festa do
O
fogo
tempo passa, as coisas mudam. Mas algumas permanecem, ainda que renovadas. É assim com as festas de junho, que mantêm várias de suas características desde a era romana. A comemoração de São João, aliás, nada tem de santa. É tudo o que há de mais visceralmente pagão: é o culto ao fogo, Agni. É a abertura do solstício de verão. A Igreja Católica modificou-lhe o significado, mas não sua essência. No Nordeste do Brasil, a festa incorporou os elementos locais. O forró, o xaxado e o coco ditaram o ritmo. A colheita do milho impôs os sabores. E mesmo hoje, quando as festas de rua ao redor das fogueiras cederam lugar aos grandes shows, aqui e acolá, as cidades ainda se cobrem de fumaça, as crianças estouram bombas e ainda se escuta os tiros dos bacamarteiros. Em Roma, a festa do solstício se chamava Palilia. Era a celebração da deusa Palés. Acendiam-se fogueiras, em cuja cinza se cozinhava favas. Atravessava-se pelo meio das chamas, sorrindo e cantando, porque o fogo tudo purificava. O velho culto passou de Roma para as nações bárbaras e, já na Idade Média, vociferava Santo Elói, segundo registro do pesquisador Gustavo Barroso: “Não vos reunais na época dos solstícios. Nenhum de vós deve dançar ou pular em torno do fogo, nenhum de vós deve cantar, porque essas canções são diabólicas!” Mas a Igreja Católica estava ciente de que a essência da cultura popular não se destrói. Por isso, tratou de adaptar as cerimônias pagãs. Tratou de arranjar um patrono cujo dia coincidisse com a época destas celebrações. E histórias que pudessem manter os símbolos pagãos, retirando-lhes os significados. A fogueira passou a ser o sinal usado por Santa Isabel para avisar Nossa Senhora do nascimento de João Batista. Sobre os fogos e bombas que, no solstício de verão, serviam para afugentar os maus espíritos, nova versão se criou. A pesquisadora Corina Ruiz conta que Zacarias, ao saber que ia ser pai, teve uma alegria tão grande que perdeu a voz. E assim ficou até o nascimento de seu filho quando, com esforço, pronunciou o nome João. E voltou a falar. Por isso se estoura fogos: para celebrar o fim de seu silêncio. Outros santos se incorporaram aos ritos juninos. São
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Ivaldo Bezerra
Capa São João Caruaru reúne milhares de pessoas para o tradicional São João da cidade
Pedro, o porteiro do céu e protetor dos pescadores, uniu ao fogo o elemento das águas. Santo Antônio, o casamenteiro, consagrou mais uma das características ancestrais da festa: o matrimônio. Este é, aliás, fundamento de uma das principais danças do período junino: a quadrilha. De origem francesa, ela fundiu-se à cultura regional nordestina e tornou-se presença fundamental nos festejos juninos.
São João do Nordeste
De brincadeira improvisada, as quadrilhas viraram hoje espetáculos grandiosos. Os grupos passam o ano inteiro ensaiando e buscando apoio para financiar os figurinos e acessórios luxuosos que compõem a indumentária. Festivais de quadrilha são promovidos por estados, municípios e grupos empresariais. E a disputa é quente. No ano passado, por exemplo, a quadrilha Dona Matuta, de San Martin, foi bicampeã no festival estadual promovido pela Rede Globo Nordeste. Foi seguida de perto pela 4 REVISTA DOS BANCÁRIOS
Junina Tradição, do Morro da Conceição. As duas levaram, respectivamente, o primeiro e segundo lugares no festival regional. Do interior, destaque para a Flor de Cactus, de Escada e a Atraquejo, de Gravatá. Mas não são as quadrilhas que dão o tom de nosso São João. Nos arraiais nordestinos, e principalmente pernambucanos, o ritmo mais tocado, e dançado, é o forró. A música, originalmente nordestina, guarda semelhanças com alguns ritmos europeus, como a polca, o xote e a chula. E também com o toré indígena. Em meados dos anos de 1980, surgiu no Ceará uma nova versão de forró. Aos elementos tradicionais – zabumba, sanfona e triângulo – foram incorporados instrumentos eletrônicos. Em Pernambuco, apesar do sucesso deste novo estilo, o chamado “forró pé-de-serra” conseguiu dar a volta por cima e garantir seu espaço. Samba de coco e xaxado são outros ritmos juninos. O primeiro, natural do sertão de Pernambuco, tem tra-
ços indígenas e africanos. Entre seus ícones está o mestre Lula Calixto, de Arcoverde, cidade que também tem um dos principais grupos que atualmente representam o ritmo, no resto do Brasil e no exterior: o Raízes de Arcoverde. Já o xaxado é uma dança típica do cangaço, no Sertão e Agreste do estado. Atualmente, existem grupos que se apresentam em festivais e mostras, sobretudo na época de São João. Serra Talhada é a terra do xaxado. Lá se encontram vários dos grupos de xaxado de Pernambuco, a exemplo do “Cabras de Lampião”. Típicos do São João nordestino são também os bacamarteiros e as bandas de pífanos. Os primeiros relembram os tempos da Guerra do Paraguai. As armas foram adaptadas para serem usadas em festas e exibições. Já as bandas de pífano têm como instrumentos básicos, além dos pífanos, o surdo, o tarol e o bombo ou zabumba. Junho é, ainda, tempo de colheita de milho. É ele que dita os sabores dos
Capa São João
São João de ontem; São João de agora...
José Fernando Mariano é bancário da Caixa, em Bezerros, lugar onde nasceu e permanece até hoje. Emanuel Luna trabalha no Banco do Brasil de Arcoverde, sua terra natal. Ambos guardam boas recordações do São João passado em sua meninice. José Fernando é bacamarteiro e vem de uma família de dez irmãos, todos muito envolvidos com os festejos juninos. Ele conta que, quando era jovem, eram as “ruas” que se organizavam. Os moradores se juntavam, faziam seu arraial, ensaiavam sua quadrilha. “Havia disputas: cada rua querendo ser melhor que a outra. A Rua Antônio Bezerra Vasconcelos é conhecida como Rua São João porque fazia a festa mais animada”, lembra o bancário. Sua família era uma daquelas que estava à frente da organização. “Era muito divertido: as crianças cortavam bandeirinhas e buscavam palha e lenha. As mulheres faziam a comida. E tinha os ensaios da quadrilha, oportunidade ótima para quem queria namorar...” Em Arcoverde, Emanuel não costumava participar das quadrilhas. Mas também guarda lembranças semelhantes às de Fernando. “Tinha uma palhoça na rua, com forró e quadrilha. E cada casa fazia sua fo-
gueira: a gente sentava junto, assava milho, as crianças soltavam fogos”. Hoje, Fernando e Emanuel já não acendem mais fogueira em frente à casa. Preferem curtir a programação oficial. Em Bezerros, a festa acontece em Serra Negra. “Como Bezerros fica entre três polos – de Caruaru, Sairé e Gravatá –, a cidade optou por fazer uma programação diferente, mantendo o regionalismo, com muito forró pé-de-serra”, diz Fernando. Emanuel também enaltece os festejos de sua terra: “A programação é bem multicultural. Temos vários palcos, com ritmos diferentes. Um deles, por exemplo, é voltado para o samba de coco e tem à frente o Raí-
zes de Arcoverde, reconhecido internacionalmente”. Fernando se ressente porque seu filho, de dez anos de idade, não pôde compartilhar de suas lembranças de São João. “Não dá para passar pra ele aquilo que eu vivi. Já não existe, não tenho como mostrar. O que posso fazer é viver com ele o São João de agora”. Entre o passado e o presente, fica uma saudade tranquila, que não impede os trabalhadores de curtirem os festejos de agora: “A gente sente falta, mas tudo muda. E Arcoverde, nos últimos anos, tem feito um São João que não deve em nada aos grandes polos”, diz Emanuel, com orgulho.
quadrilhas TêM apresentações cada vez mais sofisticadas
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festejos de São João. E que sabores!... Canjica, pamonha, munguzá, pipoca, bolo de milho, milho verde cozido ou assado na brasa da fogueira. A estes juntam-se outros ingredientes e receitas: o pé-de-moleque ou paçoca, de amendoim; o bolo de macaxeira; o arroz doce; a tapioca... tudo acompanhado por um bom quentão, feito com cachaça, cravo e gengibre.
Entrevista Josenildo Sinésio Assessoria do vereador
O vereador Josenildo Sinésio, autor da lei, agora quer regulamentar a fiscalização nos bancos
Segurança bancária em foco
Acaba de entrar em vigor, no Recife, a nova lei de segurança bancária. Mas os bancos já mostraram todo o seu descaso e não estão cumprindo a legislação
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á quase um ano, no dia 2 de agosto de 2010, o vereador Josenildo Sinésio (PT) aprovou na Câmara Municipal de Recife a lei 17.647 que garante mais segurança nas agências e postos de serviços dos bancos. No dia 2 de outubro, a lei foi sancionada pelo prefeito João da Costa, contendo um prazo de seis meses para os bancos se ajustarem às exigências legais. O prazo terminou em abril e até agora os bancos não se adaptaram. “As instituições financeiras não mostraram a mínima vontade de cumprir a legislação. O desca- “Não são só os so é muito grande. Por isso, va- bancários que mos regulamentar o mais breve correm risco de possível as punições e a fiscaliza- morte nos bancos. ção da nova lei”, diz o vereador. Os clientes também Nesta entrevista exclusiva estão à mercê dos para a Revista dos Bancários, o bandidos. Por isso, vereador Josenildo Sinésio conta essa luta é de toda a história da elaboração da lei e os a sociedade” próximos passos para que ela seja efetivamente cumprida. Durante todo este processo, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco foi parceiro do vereador, contribuindo desde a criação do texto do projeto até a aprovação da lei. “Agora, precisamos da ajuda do Sindicato para garantir o cumprimento da lei. Não só do Sindicato, mas de toda a população. Afinal, não são só os bancários que correm risco de morte nos bancos. Os clientes também estão à mercê dos bandidos”, diz.
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Entrevista Josenildo Sinésio REVISTA – O prazo para os bancos se adaptarem a nova lei de segurança bancária do Recife terminou em abril. As agências estão cumprindo a legislação? Já implantaram todos os itens de segurança previsto na lei? JOSENILDO – A grande maioria das agências ainda não se adaptou. O prazo para os bancos se adaptarem expirou no final de abril. No começo de maio, realizamos aqui na Câmara Municipal uma audiência com o Ministério Público. Chamei a atenção do promotor Ricardo Coelho para o desrespeito dos bancos e nem ele sabia do problema. Após audiência, o Ministério Público notificou as instituições financeiras e, agora em junho, vamos marcar uma reunião com a promotoria e os sindicatos dos bancários e dos vigilantes para definirmos os próximos passos e como fiscalizar melhor os bancos. REVISTA – Quais são as penalidades para os bancos que não cumprirem a nova lei? JOSENILDO – São três penalidades, que variam conforme a gravidade da infração ou a reincidência. Primeiro, a instituição leva uma advertência. Depois, uma multa de R$ 5 mil e, caso a agência não se adapte, a uni-
dade poderá ser interditada. REVISTA – Como será a fiscalização? Pois, pelo visto, se não houver punições, os bancos não vão se adaptar por livre e espontânea vontade. JOSENILDO – Pois é. Numa das audiências que realizamos, a Febraban disse que era difícil se adaptar à nova legislação. Mas não é difícil, o que falta é vontade dos bancos. Por isso, vamos regulamentar esta fiscalização o mais breve possível. No projeto de lei, nós apontamos que a fiscalização deveria ser feita pela Dircon (Diretoria de Controle Urbano da Prefeitura do Recife), que tem o poder de conceder e cassar alvarás. Mas, por um equívoco de en-
motor Ricardo Coelho vai exigir judicialmente que os bancos cumpram à lei. Nos próximos dias, o Ministério Público deve formalizar um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) entre os bancos e as entidades envolvidas para estabelecer obrigações e sanções. REVISTA – Como surgiu a ideia desta lei e como o senhor avalia a segurança bancária atualmente? JOSENILDO – Eu sempre acompanho os noticiários e verifiquei que nos últimos três anos a quantidade de assaltos a bancos cresceu e se tornou alarmante. Fiquei incomodado e me perguntei o que eu poderia fazer para defender a vida das pessoas. Pesquisei na legisla-
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“O Sindicato dos Bancários de Pernambuco foi fundamental para que a lei de segurança fosse aperfeiçoada. É uma entidade que eu respeito muito” tendimento, a Prefeitura vetou esta parte do projeto. Mas já conversei com o secretário de Negócios Jurídicos da Prefeitura e ele concordou que a Dircon deve fiscalizar. Então, vamos fazer uma emenda à lei para definir isso. Vale ressaltar que o Ministério Público também se propôs a fiscalizar os bancos. O pro-
O que prevê a nova lei Portas blindadas, giratórias e individualizadas em todos os acessos ao público, com travamento e retorno automático. Vidros blindados para armas de grosso calibre nas portas, janelas e fachadas frontais. Portas com detector de metais; recipiente para a guarda de objetos metálicos em todos os acessos. Circuito interno de televisão nas entradas e saídas da instituição e também em lugares estratégicos onde se possa ver o funcionamento das agências e postos de serviço. Segurança das agências deverão utilizar coletes a prova de bala e serão proibidos de acumular atividades em outras instituições. Em nenhum momento, a agência pode ficar com menos de dois vigilantes.
ção federal e nos estados e municípios. Vi que em Belo Horizonte há uma lei parecida. Aí, fizemos várias audiências para aprofundarmos o debate e convocamos os sindicatos dos bancários e dos vigilantes para contribuir. Fui até São Paulo, na Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT), e fiz reuniões até com vereadores da capital paulista para adquirir mais experiência. Elaboramos a lei e colocamos Recife na luta contra a insegurança bancária. REVISTA – E qual foi a importância do Sindicato dos Bancários de Pernambuco na elaboração desta lei? JOSENILDO – Foi de suma importância. O Sindicato foi fundamental para que a lei fosse aperfeiçoada. A luta pela segurança bancária é antiga para o Sindicato. Por isso, fui recebido com entusiasmo quando procurei a entidade. O Sindicato nos viu
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Entrevista Josenildo Sinésio
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Hoje, Pernambuco está entre os líderes em ataques a bancos
como parceiros e pudemos discutir sobre os dados e o melhor caminho para seguir. Sempre tive um respeito muito grande pelo Sindicato dos Bancários e agora tenho muito mais. É uma entidade que não luta apenas por questões trabalhistas e que está preocupada com a segurança e a qualidade de vida dos bancários. REVISTA – Segundo levantamento do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba, Pernambuco foi o quarto estado brasileiro que mais sofreu assaltos e ataques a bancos no ano passado. Por que estamos entre os líderes da insegurança bancária? E a lei aprovada pelo senhor deve reverter esta realidade? JOSENILDO – Essa pesquisa é muito interessante enquanto indicativo do problema. O motivo para
estarmos entre os líderes da insegurança bancária é um só: o descaso com que os bancos tratam o tema. A Febraban tentou impedir que a gente aprovasse essa lei no Recife. Os bancos se preocupam mais com a beleza e com o layout das agências do que a segurança dos clientes e bancários. Deixam a vida num segundo plano. Acredito que a nova lei pode não resolver o proble-
Insegurança bancária de Pernambuco em números
81 ocorrências em 2010, entre assaltos, tentativas, sequestros e arromabamentos Mais de 30 assaltos em todo estado em 2010 Duas mortes em decorrência de assaltos no ano passado no estado Pernambuco foi o 4º estado que mais sofreu ataques a bancos no país em 2010
ma, mas vai atacar de frente a falta de segurança bancária. REVISTA – Depois que Recife aprovou a lei, outras cidades, como Abreu e Lima, criaram uma legislação parecida. Quais outros municípios já aprovaram ou estão em fase de aprovar uma lei de segurança bancária? JOSENILDO – Assim que a lei foi aprovada, outros municípios mostraram interesse, como Garanhuns, Moreno e Paulista. Já há projetos de lei tramitando em Cruz das Almas, na Bahia, e, recentemente, foi aprovada uma lei parecida no Rio Grande do Norte. Acredito que todos os municípios do Estado vão criar leis de segurança bancária. Inclusive, já fomos procurados por deputados estaduais que mostraram interesse em criar uma lei que valha para todo o estado de Pernambuco. Assessoria do vereador
Sindicato, representado pelo diretor João Rufino (camisa vermelha), durante audiência na Câmara
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Mobilização Campanha Nacional Fotos: Lumen Fotos
Campanha Nacional do ano passado foi balizada pela resposta dos bancários à pesquisa, explica Jaqueline
O que queremos? Pesquisa aplicada pelo Sindicato até 8 de junho questiona as principais reivindicações dos bancários e vai ajudar a construir a pauta que será entregue aos bancos em agosto
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Campanha Nacional dos Bancários só começa em agosto, mas desde já a categoria está construindo a sua pauta de reivindicações. O primeiro passo foi dado em maio, quando o Sindicato lançou uma consulta que questiona os trabalhadores sobre as prioridades para 2011. A pesquisa deve ser encerrada no dia 8 de junho (responda pelo site www.bancariospe.org.br). Assim como nos anos anteriores, essa consulta vai orientar os debates no encontro estadual dos bancários e nas conferências regional e nacional, que definirão a
pauta de reivindicações e a estratégia para a campanha deste ano. Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, esta consulta é fundamental para balizar os sindicatos na construção da pauta de reivindicações. “No ano passado, metade dos bancários de Pernambuco (49%) apontou que a solução para o problema do assédio moral e o fim das metas abusivas (58%) eram prioridades . Com isso, jogamos peso nestas questões durante as negociações com os bancos e conseguimos conquistar um acordo inédito no Brasil para combater o assédio moral dentro das instituições financeiras. No que se refere à remuneração direta, por exemplo, o aumento real era a principal demanda apontada por 75% dos bancários. Por isso, lutamos e garantimos um reajuste acima da inflação pelo sétimo ano consecutivo”, explica. Jaqueline ressalta que a estrutura de organização dos bancários, principalmente na construção da Campanha Nacional, é a mais democrática possível e serve de exemplo para os demais trabalhadores. “A consulta é o primeiro passo. Depois, vamos afunilando as reivindicações comuns e dirimindo as polêmicas no Encontro Estadual e nas Conferências Regional e Nacional, que é onde fechamos a pauta de reivindicações. Mas, antes que ela seja entregue aos bancos, voltamos a consultar os bancários em assembleia para verificar se a pauta é realmente a esperada pela categoria”, diz. Segundo Jaqueline, é fundamental que os bancários participem de todas as etapas da Campanha Nacional. “Nossa orientação é para que o trabalhador discuta as reivindicações com os colegas nas agências e departamentos dos bancos e responda a pesquisa para definirmos os rumos da campanha. É só com a participação de todos que vamos construir uma grande mobilização para sairmos, mais uma vez, vitoriosos das negociações com os bancos”, afirma Jaqueline. REVISTA DOS BANCÁRIOS 9
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Santo Antônio nos bancos
anto Antônio, o tal casamenteiro, anda meio esquecido. As moças já não fazem adivinhações nem o deixam pendurado de ponta-cabeça para arrumar marido. As moças agora trabalham, estudam, se divertem... não precisam de um homem para serem felizes. O santo tem de se adaptar à nova realidade. E vai para os ambientes de trabalho construir os seus enlaces. Com Wolmer e Luziana Lopes foi assim. Ambos são do HSBC. Casados há 18 anos, conheceram-se no antigo Bamerindus. Menos de um ano depois, estavam casados. Em tempos de namoro, trabalhavam os dois na mesma unidade, embora em andares diferentes. Depois de casados, é norma do banco que cada um fique em uma agência. “O bom é que um compreende a realidade do outro”, diz Luziana. Eveline Ferreira e Ariano Simões, da Caixa Econômica, assinam embaixo. “A gente só aguenta o ritmo um do outro porque trabalha na mesma empresa, sabe como é o pique de trabalho”, diz Eveline. E haja pique!... Ela é gerente regional de Construção Civil. Ele é gerente de atendimento de Pessoa Jurídica.
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O histórico do casal dentro da Caixa começou há 22 anos. Eles já namoravam quando decidiram estudar para o concurso do banco, em 1989. “Tínhamos um grupo de seis pessoas. Juntos, fizemos cursinhos e estudamos. E nós seis passamos no concurso”, lembra a bancária. Todos os casais garantem que se esforçam para não deixar assunto de banco entrar em casa. Mas, vez ou outra, é inevitável. Na família de Wolmer e Luziana, geralmente é ela quem inicia a conversa de trabalho. “Quase sempre eu tento mudar o papo. Mas às vezes não dá. Até porque a carga de Luziana é mais pesada, porque ela
Dia dos Namorados Histórias
é gerente administrativa. É preciso dividir o estresse com alguém”, conta Wolmer, que é gerente de contas. Ele também confessa que, quando os dois estão estressados, o jeito é estender casa a dentro o assunto bancário. A vida a dois dentro da mesma empresa também cria situações engraçadas. Eveline conta que, tempos atrás, teve um cliente que lhe dava trabalho: às vezes não cobria os cheques. Ela pegava no pé dele e ameaçava não acatar os cheques. “Um dia, ele foi parar na agência em que o Ariano trabalhava. E comentou, sem saber que ele era meu marido: - Acho que vou transferir minha conta pra cá. A gerente de minha agência é muito chata!”. Nos momentos de lazer, cada casal tem sua forma de aproveitar a vida. Para Luziana e Wolmer, a diversão é
estar em família. “De vez em quando a gente viaja, só eu e ele. Mas acabamos voltando antes do tempo porque ficamos pensando nos filhos. É como se faltasse alguma coisa”, afirma Luziana. Já Eveline e Ariano têm um círculo de amigos comum – muitos deles também bancários da Caixa. Saem juntos para barzinhos. Mas, claro, também tem as preferências individuais. O futebol, por exemplo. “Somos ambos torcedores do Sport. Mas ela é torcedora fuleira, que não vai para o campo. E eu não perco um jogo”, diz Ariano. Nenhum dos parceiros, nas duas famílias, se considera romântico, do tipo que manda flores. Mas Wolmer, do HSBC, garante: “Sou carinhoso. E a gente se completa: somos muito parecidos”. Entre Eveline e Ariano, as semelhanças são menores, mas eles se entendem muito bem nas diferenças. “Eu sou mais calmo, ela é mais agitada. Fazemos questão de ter nossa vida comum, mas também respeitar o espaço do outro, sem ciúmes”, garante Ariano.
Nem tudo são flores
Um casal do Banco do Brasil, que já foi protagonista de matéria no Jornal dos Bancários, é exemplo de que nem tudo são flores quando Santo Antônio decide ir para as agências. Eles foram, juntos, vítimas de assédio moral. E adoeceram juntos por conta disso. De início, a perseguição se dirigia à ela. Mas, pouco a pouco, atingiu também o parceiro, sobretudo depois que ele recusou a oferta do gestor, que prometeu para ele a comissão que era de sua própria companheira. “Não tivemos direito à lua-de-mel e não podíamos tirar, sequer, uma semana de férias juntos”, conta o casal. Passaram a ter insônia e sintomas de depressão. A doença afetou a relação e os dois chegaram até a pensar em suicídio. Juntos, lutaram para se reerguer: procuraram o médico e o Sindicato e brigaram por uma realocação no banco. Vários casais do BNB também têm histórias tristes para lembrar. Durante os tempos inglórios da gestão Byron, muitas famílias foram separadas. “Como forma de perseguição, o banco enviava cada um para um município diferente. Várias pessoas tiveram que pedir demissão por conta disso, para não verem a família ser destruída”, lembra a presidente do Sindicato, Jaqueline Mello.
Velhas adivinhações para quem quer namorar 1. Amarra-se uma aliança num fio de cabelo e pendura-se no centro da boca de um copo. Momentos depois, se a pessoa merece a graça de uma revelação, a aliança começa a bater nas beiras do copo. Tantas vezes bata, tantos anos faltam para aquela pessoa casar-se. 2. Escreve-se os nomes de três rapazes ou moças em três pedaços de papel. Depois, faz-se um bolinho de cada um, misturando-se com farinha
molhada. Reza-se a Salve-Rainha até “nos mostrai”. Lança-se os bolinhos dentro de um copo d’água e o primeiro que subir à tona terá o nome do futuro namorado ou namorada. 3. Enche-se uma bacia d’água. Reza-se a Salve-Rainha até “nos mostrai”. Com uma vela acesa, deixa-se que caiam alguns pingos de vela dentro d’água, até formar letras. Serão as iniciais da pessoa com quem se há de casar. Ou namorar.
4. Véspera de São João, põe-se água na boca e fica-se detrás de uma porta, escutando. O primeiro nome de rapaz ou de moça que se ouvir, será o nome do futuro namorado ou namorada. 5. Arranja-se uma faca que ainda não foi usada. Junto a uma bananeira, reza-se a Salve-Rainha e enfia-se a faca no tronco. As iniciais do “escolhido” ou da “escolhida” aparecerão no leite que escorre da planta. REVISTA DOS BANCÁRIOS 11
Cultura Bancário artista SEBASTIÃO PIMENTEL
Uma escrita regional e universal
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ebastião Pimentel é bancário há 34 anos. Passou pelo Econômico, Bandepe e hoje é funcionário da Caixa, na Encruzilhada. Desde adolescente, costumava escrever poemas. Mas, somente este ano, publicou seu primeiro livro. O romance costura fragmentos da memória de Sebastião para falar de um Pernambuco rural por meio de uma língua universal: o esperanto. A obra foi sendo gestada aos poucos, em um trabalho que se prolongou por mais de cinco anos. A primeira colheita veio no início deste ano, com o lançamento de duas edições, uma em português, outra em esperanto: Jes, Sinjoro! Vikto Vivas e Sim, Senhor! Vikto Vive. Tudo começou de maneira despretensiosa, como uma forma de treinar os conhecimentos na língua universal. “Quando eu comecei a entrar em contato com o movimento esperantista, decidi criar alguns personagens para conversar com eles em esperanto. Esse foi o início da história”, conta Sebastião. O fio, entretanto, foi se desenrolando; os personagens ganharam vida e a trama começou a se desenvolver. Ela se passa em um Pernambuco rural, berço do autor e de seus ancestrais. “Eu ouvia muitas histórias do meu avô, sobre a família, os moradores da região. Juntei essas com outras lembranças e o livro foi surgindo”, lembra o escritor. Vale destacar que tudo isso foi se tecendo em esperanto. 12 REVISTA DOS BANCÁRIOS
E assim se passaram dois anos e alguns meses. “Eu precisava conciliar a escrita com meu trabalho no banco. Então escrevia no final de semana. Deixava de ir à praia com a família para ficar escrevendo...”, diz Sebastião. Finda esta primeira etapa, tinha início uma outra: traduzir o romance para o português. E se foram outros dois anos. Começava, então, uma nova fase, também muito difícil: a edição. Depois de peregrinar de editora em editora e descobrir os obstáculos que se impõem a um escritor iniciante, ele decidiu publicar o livro de forma independente.
Língua sem dono
Sebastião conta com admiração a história do surgimento do esperanto. “O fundador da língua, Zamenhof, nasceu em uma região da Polônia quando ela estava sob domínio alemão. Então, os dialetos locais, como o polaco e o iídiche, foram proibidos. Somente o alemão podia ser falado. Depois, a área foi subjugada pela Rússia e também o alemão passou a ser proibido. Um dia, quando era criança, ele viu um camponês apanhar de um soldado porque deu Bom Dia em iídiche e o soldado achou que estava sendo desrespeitado. Com apenas seis anos, Zamenhof, que era polilíngue, resolveu que, quando crescesse, criaria uma língua que não tivesse dono e não servisse como forma de dominação”. SERVIÇO: As edições Jes, Sinjoro! Vikto Vivas e Sim, Senhor! Vikto Vive estão à venda nas livrarias Imperatriz (Shopping Tacaruna), Jaqueira e Poti (Rua do Riachuelo). Também podem ser adquiridas pelo sítio eletrônico www.livrorapido.com. Ou diretamente com o autor, na agência Encruzilhada da Caixa ou pelo e-mail: sebastiaopimentelde@ig.com.br.
Cultura Dicas EVENTOS
Temporada junina
Quando esta edição foi fechada, poucas cidades já tinham divulgado sua programação de São João. Caruaru (foto) anunciava uma festança, que começava no dia 4 e ia até o final do mês. No Pátio do Forró, uma programação eclética, com espaço tanto para a tradição do Trio Nordestino e do sanfoneiro Camarão quanto para bandas elétricas como Mastruz com Leite e Limão com Mel. Isso sem falar nos astros da MPB, como Chico César e Zé Ramalho, e no axé music, representado por Margareth Menezes. Em Arcoverde, um São João multicultural, dividido em nove polos, cada um dedicado a públicos e estilos bem variados. Em Salgueiro, dois diferenciais: a festa religiosa em homenagem a Santo Antônio, padroeiro da cidade, e a “Feira de Mangaio”, no Centro de Cultura, que mescla forró e artesanato.
Sindicato também faz festa O Sindicato também está preparando uma festa especial. Será no dia 18 de junho, sábado, a partir das 15 horas, no Clube de Campo dos Bancários (foto), em Aldeia. E a animação é garantida, com barracas de comidas típicas, quadrilha, fogueira e forró pé-de-serra. Cinco famílias de bancários terão o privilégio de poder curtir o resto do final de semana no clube, da sexta a domingo,de graça. É que serão sorteadas estadias em cinco chalés. O Sindicato também quer aproveitar o São João para confraternizar com o pessoal do interior. Para isso, vai montar um ponto de encontro no São João de Arcoverde. E também está sorteando duas estadias no Hotel Olho D’Água, no município. Os interessados em participar do sorteio podem se inscrever pelo telefone (81) 3316-4226, com Vera Vasco.
Livros
RECOMENDADOS Assédio moral
Ótima sugestão para quem quer saber mais sobre assédio moral, o livro “Mal-estar no Trabalho - Redefinindo o Assédio Moral” baseia-se numa pesquisa realizada a partir de depoimentos recebidos pela Dra. Marie-France Hirigoyens.
Causos de viagem
“Trem Doido”, de Mouzar Benedito (Ed. Limiar), é o 23º título desse cronista mineiro de Nova Resende aficionado por viagens e causos. Como viajou o país de ponta a ponta, Mouzar foi “recolhendo” histórias pitorescas e engraçadas.
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Cidadania Diversidade
Liberdade de orientação sexual não é piada União entre pessoas do mesmo sexo está na pauta de discussão do Brasil. Mas o assunto ainda é tabu e alvo de muito preconceito
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esde o início de maio, uma sucessão de fatos forçou a sociedade a refletir sobre um tema que costuma ser objeto de muito preconceito: a diversidade de orientação sexual. A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) estendendo aos casais gays os mesmos direitos que os heteros, os protestos em favor da criminalização da homofobia, as manifestações contra a discriminação sofrida por um jogador de vôlei... tudo isso ajudou a tirar o assunto das entrelinhas. Entre os bancários, algumas vantagens garantidas pelo STF já tinham sido conquistadas pelo movimento sindical, que há muito tempo levanta a bandeira contra qualquer tipo de discriminação. Mas os relatos de alguns trabalhadores homossexuais mostram que o ambiente de trabalho ainda é muito excludente. Piadas homofóbicas são ditas sem nenhum constrangimento, inclusive pelos chefes e até por sindicalistas. Bancários gays e bancárias lésbicas são alvo mais fácil de assédio moral e muitas vezes são preteridos nas contratações e processos de seleção interna, sobretudo quando sua orientação sexual fica mais perceptível. Apesar dos bancários serem uma das categorias pioneiras na luta contra a discriminação por orientação sexual, o assunto é tabu dentro das próprias diretorias sindicais. Ciente disso, o Sindicato realizou, pela primeira vez em seus oitenta anos de fundação, um seminário interno para falar da diversidade. Para a secretária de Formação, Teresa Souza, apesar das resistências e polêmicas sobre o as14 REVISTA DOS BANCÁRIOS
sunto, a realização do seminário foi um passo importante para que o Sindicato, que junto com a Contraf-CUT mantém uma mesa de negociação permanente com os bancos para discutir igualdade de oportunidades, possa ter uma atuação ainda mais incisiva no combate a todo tipo de discriminação. A Revista dos Bancários conversou com dois bancários gays. Ambos assumem publicamente sua opção, mas preferem não se identificar, até porque, nas palavras de um deles, “não há necessidade de expor nossa vida íntima”. Portanto, usaremos nomes fictícios para identificá-los. São histórias e pontos de vista diferentes, o que reforça o fato de que cada ser humano é único, independente de raça, gênero ou orientação sexual.
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O preconceito nos bancos
Mário trabalha há nove anos no Banco do Brasil. Júlio entrou na Caixa Econômica há apenas um mês. Para os dois, a recente decisão do STF fez pouca diferença. Júlio está há 26 anos com seu companheiro. E diz: “Eu morava em Boston quando a Justiça decretou a possibilidade do casamento entre gays. Mas preferimos nos manter como estamos”, diz. Com apenas um mês na Caixa, ele já fez questão de incluir seu parceiro como dependente. Com Mário não é diferente: ele incluiu seu companheiro como dependente desde que o BB autorizou a inclusão de parceiros homossexuais, antes mesmo que isso constasse em acordo coletivo. O casal também já tem uma declaração de união estável, registrada em cartório. “O maior valor desta decisão da Justiça está no fato de a sociedade reconhecer como
família as uniões entre parceiros do mesmo sexo”, diz. Júlio veio de uma cidade do interior de São Paulo. Nas escolas em que estudou, no local onde morou e em seus ambientes de trabalho, diz que nunca foi tratado de forma diferenciada. Ele sabe, entretanto, que é uma exceção. “Talvez isso tenha ocorrido porque eu vim de uma família com maior poder aquisitivo. Mas eu vi muitos colegas sofrerem e serem demitidos por conta de sua orientação sexual”, afirma. Mário também já presenciou muita homofobia, embora não tenha sentido na pele. “Minha orientação sexual não é pública nem perceptível. Mas em minha agência, por exemplo, tem um rapaz que sofre com as humilhações, conversinhas e piadas de mau gosto. O gestor é o primeiro a fazer gracinhas. As nor-
mas de conduta do banco rechaçam qualquer tipo de atitude discriminatória. Mas, na prática, as brincadeiras homofóbicas ocorrem até nos cursos de formação promovidos pela empresa”, conta o bancário. Para ele, a criminalização da homofobia seria um passo importante para reduzir estas ações. “Hoje em dia, é mais difícil você escutar piadas racistas. Mas as homofóbicas são recorrentes, em qualquer lugar. Ninguém pensa, antes de fazer uma brincadeira deste tipo, se existe algum homossexual que pode se sentir humilhado”. Antes de ter certeza de sua própria orientação sexual, Mário chegou a tentar algumas relações com mulheres. “Somos catequizados a ser heterosexuais. A definição de nossa própria identidade é uma briga com nossos valores. Esses conflitos passam. Mas quando você passa a vida usando uma máscara, fica mais difícil de tirá-la”, afirma o trabalhador. Ele conta que tem dois primos que se casaram, tiveram filhos e, só então, resolveram assumir sua orientação sexual. “E aí você acaba machucando outras pessoas”, diz Mário. Júlio não passou por estes problemas. Segundo ele, sua homossexualidade vem de berço. Ele sempre soube o que queria e todas as suas relações foram com homens. Sobre as piadas homofóbicas, ele comenta: “Desde criança, aprendi a não dar trato a gente grossa. Fica somente a decepção de ouvir essas coisas de pessoas que a gente pensava que eram inteligentes”. REVISTA DOS BANCÁRIOS 15
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Turismo Conheça Pernambuco
ARCOVERDE
São João do Sertão
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m dos municípios pernambucanos mais procurados nesta época do ano é Arcoverde, considerado a porta de entrada do Sertão. A tradicional festa de São João da cidade já se tornou uma das mais famosas do Nordeste e, hoje, já é o segundo maior polo junino de Pernambuco. Mas não é só em junho que visitar Arcoverde é uma boa pedida. Com localização estratégica e clima ameno, a cidade também é conhecida por ser o berço de alguns dos mais tradicionais grupos de coco de roda do Estado. Para quem gosta de natureza e história, Arcoverde também é privilegiada. No Morro da Santa Cruz, o turista
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Revista Bancários Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco Redação: Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00 Fone: 3316.4233 / 3316.4221 Correio eletrônico: imprensa@bancariospe.org.br Sítio na rede: www.bancariospe.org.br Presidenta: Jaqueline Mello Secretária de Comunicação: Anabele Silva Jornalista responsável: Fábio Jammal Makhoul Conselho editorial: Josenildo dos Santos (Fio), Geraldo Times, Tereza Souza e Jaqueline Mello Redação: Fábio Jammal, Fabiana Coelho e Wellington Correia Projeto visual e diagramação: Libório Melo Foto da capa: Ivaldo Bezerra Impressão: NGE Gráfica Tiragem: 10.000 exemplares
tem uma das mais belas vistas panorâmicas da cidade. A Fazenda Araras guarda pinturas rupestres indígenas em pedras. Já a Casa do Cardeal Arcoverde, localizada no Sítio Fundão, guarda a memória do primeiro Cardeal da América Latina. A cidade também abriga o Cine Rio Branco, um dos principais pontos turísticos de Arcoverde por ser o mais antigo cinema em funcionamento da América Latina. Outro destaque da cultura de Arcoverde é o cordel. A cidade é berço de cantadores e poetas, como Cordel do Fogo Encantado, Noda de Caju, Super Oara, entre outros artistas. Esta diversidade artística torna o município rico em manifestações populares de dança, teatro e música.
São João
Durante todo o ano, Arcoverde oferece uma programação para todos os gostos. Do Carnaval ao Reveillon, a cidade ferve com shows, festas, feiras e exposições. Agora, em junho, os festejos juninos tomam conta do município, com o Arraial Popular, Quadrilhas de Pernas de Pau, manifestações religiosas, atrações nacionais e regionais e o maior São João do sertão de Pernambuco na Praça da Bandeira. Este ano, a festa está programada para ocorrer entre os dias 17 e 28 de junho, em dez polos de pura magia e animação, que retratam as histórias e causos dos sertões do Nordeste. Somam-se a isso as grandes atrações nacionais e regionais. E os bancários sindicalizados podem curtir esta festa de graça. O Sindicato está sorteando duas estadias no Hotel Olho D’Água, no município. Os interessados em participar do sorteio podem se inscrever pelo telefone (81) 3316-4226. REVISTA DOS BANCÁRIOS 16