DOS
Revista Bancários Ano I - Nº 9 - Julho de 2011
Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco
Leia as matérias completas em www.bancariospe.org.br
QUE FRIO!
QUEM NÃO CONHECE PERNAMBUCO, ACHA QUE NOSSO ESTADO É SÓ CALOR. MAS EM MUITAS CIDADES DO AGRESTE E ATÉ DO SERTÃO O FRIO É O CLIMA PREDOMINANTE
Opinião Editorial
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inverno chegou, mas para a maioria dos moradores de Pernambuco, a nova estação significa apenas um refresco no forte calor que é marca registrada do nosso estado. Enquanto o Sul e Sudeste do Brasil sofrem com temperaturas inferiores a 10º nos últimos dias, por aqui os termômetros giram em torno dos 25º. É possível até pegar uma praia, enquanto paulistas, paranaenses e gaúchos andam encapotados de casacos. Mas quem não conhece Pernambuco acha que nossos estado é só calor. Muitos brasileiros não sabem que aqui também faz frio – e muito. Garanhuns, Gravatá, Pesqueira, Triunfo e muitas outras cidades registram temperaturas O clima começa baixíssimas. Nesta edição da esquentar para Revista dos Bancários, mostraos bancários, mos um pouco dessas cidades com o início que formam o circuito do frio da Campanha pernambucano. Também entreNacional vistamos alguns bancários que moram nesta região e que juram não trocar esse friozinho gostoso por nenhuma cidade quente. E por falar em temperatura, o clima já está esquentando para os bancários. A categoria está finalizando os preparativos para mais uma campanha salarial, que chamamos de Campanha Nacional porque nossas reivindicações não são meramente salariais. Durante o mês de julho, uma série de encontros e conferências vai definir a pauta de reivindicações dos bancários, que será entregue aos bancos na primeira quinzena de agosto. As negociações devem começar logo em seguida, e aí é lutar para pressionar as instituições financeiras e garantir mais conquistas. Lutar também é preciso para os trabalhadores do complexo portuário de Suape. A mídia e o governo mostram todo o lado positivo do empreendimento, mas se esquecem de revelar os problemas que o porto tem trazido para os trabalhadores e para os moradores da região. Enfim, esta edição tem um pouco de tudo, da luta dos trabalhadores a dicas de passeio, de cultura e de turismo. Uma edição especial que marca os primeiros seis meses da Revista dos Bancários.
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Índice Circuito do Frio
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Campanha Nacional
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Os perigos de Suape
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Entrevista: Artur Henrique
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Bancário artista
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Dicas Culturais
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Conheça Pernambuco
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Revista Bancários DOS
Tempo e temperatura
Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco Redação: Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00 Fone: 3316.4233 / 3316.4221 Correio eletrônico: imprensa@bancariospe.org.br Sítio na rede: www.bancariospe.org.br Presidenta: Jaqueline Mello Secretária de Comunicação: Anabele Silva Jornalista responsável: Fábio Jammal Makhoul Conselho editorial: Josenildo dos Santos (Fio), Geraldo Times, Tereza Souza e Jaqueline Mello Redação: Fabiana Coelho e Fábio Jammal Makhoul Projeto visual e diagramação: Libório Melo e Bruno Lombardi Foto da capa: Arte sobre foto de Ivaldo Bezerra Impressão: NGE Gráfica Tiragem: 10.000 exemplares
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Ivaldo Bezerra
ernambuco é terra de muitas faces. Sua diversidade não se marca apenas nos ritmos e manifestações culturais. Quem não conhece bem o estado, fica surpreso em descobrir que este mesmo lugar, cujo sol queima com tanta intensidade, também tem seus cantinhos de frio. A partir do mês de julho, cidades como Garanhuns, Pesqueira, Gravatá, Taquaritinga do Norte e Triunfo mostram a todos, com as festividades do chamado Circuito do Frio, os encantos de um clima bem diferente do que se costuma pensar do estado. E os bancários que moram ou se instalam por lá garantem: não trocam sua terra por nenhum outro lugar. Luiz Gonzaga Menezes é um exemplo. Está em Gravatá há 10 anos, onde trabalha na agência do Banco do Brasil. Sua terra natal nada tem de fria. Muito pelo contrário: nasceu em Petrolândia, sertão do São Francisco. E, em seus 29 anos de banco, passou por muitas cidades – Custódia, Arcoverde, Santa Maria da Boa Vista. Mas garante: gosta mesmo é do friozinho de Gravatá. “Já chegaram a me chamar para trabalhar em Petrolina. Eu não quis ir por causa da quentura”, conta o bancário.
Capa Circuito do Frio
Pernambuco também tem frio
Pesqueira, Nessa época do ano, fica encoberta pela neblina
Bancários de Garanhuns, Pesqueira, Triunfo ou Gravatá não trocam sua cidade por lugar nenhum
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Ivaldo Bezerra
Capa Circuito do Frio
Em Triunfo, no Sertão, é comum andar agasalhado com roupa de frio
Em Gravatá, as festividades do Circuito do Frio chamam-se “Festa da Estação”, geralmente no início de agosto. Luiz Gonzaga conta que seu município já chegou a abrir o circuito e, embora não deixe de participar da festa, acredita que as atrações já foram melhores. Atualmente, é Garanhuns quem abre o ciclo, com o Festival de Inverno, que este ano será de 14 a 23 de julho. Quem mora em Garanhuns é a bancária Verônica de Oliveira, que há 21 anos trabalha na Caixa Econômica Federal. Natural do município 4 REVISTA DOS BANCÁRIOS
de Calçado, na região próxima, ela convive com este clima desde que nasceu. Seus filhos, de 18 e 21 anos, estudam no Recife. Mas Verônica não tem nenhuma vontade de sair de sua terra. Ela, que acompanhou todos os festivais, conta que a cidade vira uma festa em meados de julho. “No banco, nem tanto. O movimento até diminui um pouco porque o pessoal da cidade fica todo envolvido com o festival”, informa Verônica. A mesma coisa acontece em Pesqueira durante a Festa da Renascença. Edgeuza Torres, bancária do BNB,
conta que o movimento em sua agência não é tão diferente. Mas a cidade muda muito. “A gente fica até de madrugada curtindo a programação. Meus familiares vêm todos para cá”, diz a trabalhadora. Assim como Verônica, Edgeuza também já nasceu em clima frio. Natural de Garanhuns, ela confessa: “Até nas férias, eu prefiro viajar para as Serras Gaúchas. E adoro Pesqueira. O cenário é lindo, o clima é agradável e até as pessoas ficam mais bonitas,vestidas de bota e casaco”. Rejane Santos Melo trabalha no
Capa Circuito do Frio
Garanhuns é conhecida no Brasil inteiro pelo clima frio em pleno agreste pernambucano
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Ivaldo Bezerra
Banco do Brasil há 29 anos. Nasceu em Princesa Isabel. Mas, desde criança, mora em Triunfo. Ela conta que gosta tanto da cidade que até na hora de escolher o lugar onde os filhos iam estudar levou o clima em consideração: “Preferimos Campina Grande justamente porque o clima é um pouco mais parecido. E também porque é mais calmo que o Recife”, diz. O marido, que nasceu e se criou em Triunfo, também é bancário e foi recentemente transferido para Riacho das Almas. “Ele sente muita falta daqui”. Em Triunfo, a programação do Circuito do Frio ocorre na Festa do Estudante, no final do mês de julho. “As pousadas ficam cheias e o movimento no banco também aumenta”, conta Rejane. E completa: “Temos outros eventos também, como o Festival de Cinema. E a cidade é linda, com muitas atrações turísticas. Não tenho vontade nenhuma de sair daqui”.
Fotos: Lume
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Mobilização Campanha Nacional
Mês de definições Os bancários realizam em julho uma série de encontros e conferências para definir, no dia 31, a pauta de reivindicações que será entregue aos bancos no início de agosto
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alta muito pouco para os bancários definirem a pauta de reivindicações para a Campanha Nacional 2011. Durante este mês de julho, a categoria realiza uma série de congressos e conferências para construir a minuta que deve ser entregue aos bancos no dia 9 ou 10 de agosto. A partir daí, começam as negociações e a mobilização dos bancários para pressionar as instituições financeiras e garantir, assim, mais um ano de vitórias. “Como sempre as negociações com os bancos não serão fáceis”, avalia a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello. Para ela, a mobilização e pressão dos bancários será, de novo, fundamental para conquistar as reivindicações. “Os bancários formam uma das categorias mais organizadas e fortes do Brasil. Consequentemente, estamos entre os trabalhadores que mais têm direitos no país. Mas nada disso veio de graça. Os bancos sempre tentam diminuir nossos direitos e só “Não são só os não conseguem graças à nossa força. Portanto, os bancários devem bancários que se preparar para o enfrentamento da Campanha deste ano, que em correm risco de agosto já estará nas ruas”, explica Jaqueline. morte nos bancos. Mas até que a Campanha esteja nas ruas, os bancários ainda têm Os clientes também uma longa jornada pela frente. No dia 2 de julho, o Sindicato de estão à mercê dos Pernambuco realiza um Encontro Estadual com os trabalhadores bandidos. Por isso, para discutir as reivindicações que devem ser contempladas na pau- essa luta é de toda ta. Nos dias 15 e 16, é a vez dos bancários do Nordeste realizarem a sociedade” a Conferência Regional para alinhavar as discussões realizadas em cada estado. Para finalizar o debate e fechar a pauta de reivindicações, a categoria realiza, entre os dias 29 e 31 de julho, a Conferência Nacional dos Bancários, que reúne representantes dos trabalhadores do Brasil inteiro. “Na Conferência Nacional, cada estado ou região vai levar as reivindicação definidas pelos bancários para serem debatidas. Os pontos em comuns entram automaticamente na minuta. Já as questões que não forem consenso serão debatidas para verificar se elas são realmente importantes para a categoria”, detalha Jaqueline.
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Mobilização Campanha Nacional
Entrega da pauta de reivindicações será na primeira quinzena de agosto
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Salários maiores
As reivindicações dos bancários de Pernambuco serão debatidas no dia 2 de julho (veja o resultado em www.bancariospe.org.br). Para balizar as discussões, o Sindicato realizou uma consulta com os trabalhadores entre os meses de maio e junho. Entre as principais demandas estão aumento real de salário, PLR maior e o fim do assédio moral e das metas abusivas. Ao todo, o Sindicato ouviu 1.113 bancários em diferentes agências e departamentos dos bancos no estado inteiro. “O resultado da consulta mostra
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“O Sindicato dos Bancários de Pernambuco foi fundamental para que a lei de segurança fosse aperfeiçoada. É uma entidade que eu respeito muito” algumas diferenças entre os bancos, mais especificamente, entre públicos e privados. Mas há coisas que não mudam: o fim das metas abusivas e combate ao assédio moral, por exemplo, é citado como prioridade pela maioria dos funcionários em todas as instituições”, explica Jaqueline. Segundo a consulta, 72,96% garante que aumento real é prioridade. Mais de 34% dos bancários preferiram não apontar um percentual de reajuste. A maioria, entretanto, sugere um valor que varia entre 7,5% a 13%. Para os bancários dos bancos públicos, a valorização do piso aparece como segunda prioridade enquanto nos privados os trabalhadores apontam o 14º sa8 REVISTA DOS BANCÁRIOS
lário. No Banco do Brasil e BNB merecem destaque também a reivindicação de melhorias no Plano de Cargos, Carreiras e Salários. No que diz respeito à remuneração indireta, a cesta-alimentação é citada como prioridade pela maioria dos trabalhadores ouvidos: 68,28%. Exceção é o Bradesco, onde o auxílio-educação é a demanda número um, citada por 53,28% dos funcionários. “Vale lembrar que o Bradesco é o único entre os grandes bancos que não paga uma bolsa de estudos para os bancários”, comenta Jaqueline. Quanto à remuneração variável, a melhoria na PLR (Participação nos Lucros e Resultados) é a principal reivindicação, segundo 85,62% dos consultados. A diferença entre bancos públicos e privados aparece na segunda opção. Enquanto no BB, Caixa e BNB os funcionários querem negociar a remuneração total, nas empresas privadas eles brigam para que a PLR não seja descontada dos programas de remuneração específicos.
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Mobilização Campanha Nacional Muito além da parte financeira Um ponto de consenso entre todos os trabalhadores de instituições financeiras é a urgência em acabar com as metas abusivas e com o assédio moral. Estes dois pontos surgem como prioridades, citados respectivamente por 58,13% e 49,24% dos que responderam a consulta. Há algumas variações de um banco para outro, mas em todos são estas as principais demandas no que se refere a saúde e condições de trabalho. No entanto, nos bancos privados outro ponto merece destaque: a luta pela segurança e por um adicional de risco de vida. No Bradesco e Itaú, por exemplo, estas questões são citadas como prioridade por quase 40% dos ouvidos.
No quesito emprego, 51,66% citaram a garantia da jornada de seis horas para todos e 47,17% a ratificação da Convenção 158 da OIT, que proíbe demissão sem justa causa. Mas há outras demandas. Na Caixa e no BNB, por exemplo, a maior preocupação é com a necessidade de mais contratações, citada respectivamente por 52,33% e 51,43%. No Bradesco, depois da assinatura da Convenção 158, a prioridade é com a garantia de igualdade de oportunidades (34,31%). “A consulta também revela dados preocupantes. Nas principais instituições financeiras que atuam em Pernambuco o índice de afastamento por doença varia de 12%
a 31%. E um percentual de 13% a 29% dos bancários já usou ou usa medicamento controlado”, ressalta Jaqueline. Para a presidenta do Sindicato, o dado mais importante da pesquisa também indica que a Campanha Nacional 2011 tem tudo para ser vitoriosa para os bancários. “Perguntamos sobre a disposição dos trabalhadores para a Campanha Nacional que vem aí. E 84,01% garante que está disposto à lutar. Para eles, as principais estratégias de pressão ainda são a greve e as assembleias. Se essa disposição se traduzir em mobilização, como ocorreu no ano passado, tudo indica que teremos mais conquistas este ano”, finaliza Jaqueline.
Pressão dos bancários garantiu um grande acordo na mesa de negociação, no ano passado
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A Suape que ninguém vê Por trás do maior empreendimento de Pernambuco, existe uma história que não se conta. A história de um Estudo de Impactos Ambientais cheio de falhas; da ausência de contrapartidas sociais que sustentem o fluxo migratório para a área; de péssimas condições de trabalho e de muitos riscos para os empregados e para a população
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Ninguém é contra o desenvolvimento. O que queremos é que os investimentos não sirvam apenas para elevar o PIB, mas se convertam em melhorias para a sociedade e para o trabalhador”. A fala, da secretária de Saúde da CUT (Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco), Lindinére Jane, define o que está faltando nos empreendimentos de Suape. Segundo a professora Idê Gurgel, chefe do Departamento de Saúde Coletiva do Centro de Está em xeque Pesquisas Aggeu Magalhães, já existem no local o modelo de mais de 20 mil trabalhadores e a perspectiva é desenvolvimento de que a população da área cresça cerca de dez que gera riqueza vezes. No entanto, a infra-estrutura do entorno mas não garante não está projetada para acompanhar este cresciqualidade de vida mento. “Hoje, por conta do fluxo migratório, já para a população se verifica o crescimento nos índices de prostituição e gravidez indesejada. Se nada for feito, as expectativas são de que imensos bolsões de pobreza se formem na região”, diz Idê. Aline Gurgel, coordenadora do Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Jaboatão), conta que Ipojuca é, hoje, o município com o terceiro maior PIB estadual e um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano. “A cobertura de esgoto é de apenas 30%.
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Trabalho decente Desenvolvimento A taxa de analfabetismo é de 20%. O que vai ser da cidade se outros 30 mil habitantes chegarem sem que sejam feitos investimentos sociais?”, questiona Aline. Está em xeque o modelo de desenvolvimento adotado, não apenas em Suape, mas em vários empreendimentos que gera riqueza para os estados mas não garante qualidade de vida para a população. “Na Praia do Paiva, construiu-se condomínios de luxo para pessoas ricas. Mas, os pequenos são expulsos de sua terra e desprovidos de sua subsistência, como aconteceu com o pessoal de Tatuoca”, diz Idê. A comunidade da Ilha de Tatuoca era formada por pescadores e lavadeiras
que, há cerca de 200 anos, viviam em uma área hoje ocupada pelos empreendimentos portuários. Expulsos, foram transferidos para conjuntos habitacionais. “São pessoas que têm um vínculo com a praia, que vivem do mar. Como é que fica a subsistência, a identidade destas pessoas?”, questiona Idê Gurgel. Os impactos das obras de Suape repercutem em outros pescadores, além dos de Tatuoca. Pernambuco, hoje, está importando caranguejo do Rio Grande do Norte e Sergipe. A presença de peixes também diminuiu. E as perspectivas para o meio-ambiente são desanimadoras.
Operários organizados pela CUT já lutam por melhores condições de trabalho
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Cubatão pernambucana
Atualmente, já foram aterrados vários manguezais e muitas áreas de arrecifes de coral já foram impactadas pelo movimento dos navios. Segundo Aline Gurgel, o Estudo de Impactos Ambientais é frágil e a falta de uma linha de base é um dos problemas: “Não existe um estudo que retrate as condições atuais do meio ambiente e da saúde da população. Ou seja, quando esta situação for alterada, não vai ter como responsabilizar a administração portuária pelos problemas”, explica. Não são apenas os manguezais, estuários e espécies marinhas que estão ameaçados. Em Suape, vários processos produtivos convivem em uma única região: refinaria, três estaleiros e uma unidade de beneficiamento de coque.
O coque reúne os subprodutos mais tóxicos do petróleo e é usado como combustível e matriz energética. Sua queima libera metais pesados, cujos resíduos são lançados pelo ar, pelo solo e
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bém, aumentar os índices de câncer e de doenças hematológicas, que variam de anemias a leucemias. Sem falar nas doenças crônicas que só são percebidas depois. “Nosso medo é que Suape se
Suape pode destruir belezas naturais, como as praias do litoral sul, e transformar a região num “vale da morte”, como ocorreu em Cubatão, em São Paulo pelos efluentes líquidos. Em longo prazo, este processo pode destruir belezas naturais, como as praias do litoral sul. “Isso aconteceu em Camaçari, na Bahia, depois da instalação do Complexo Petroquímico. O que era um paraíso, hoje tem apenas uma lama preta”, conta Idê. Pode, tam-
converta em uma nova Cubatão, que de Vale Verde passou a ser conhecida como Vale da Morte”, lembra Idê. Segundo ela, os riscos existem. E o pior: a infra-estrutura de saúde não está preparada para acidentes ou explosões, nem para lidar com as doenças que podem surgir.
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Trabalho decente Desenvolvimento Os custos do trabalho A família de Genivaldo José da Silva sabe disso. Ele era marinheiro de convés e prestava serviço em um dos navios afretados à Petrobras. Foi atingido pela corda de atracação e lançado contra as ferragens, em setembro do ano passado. No momento do acidente, não havia médicos ou enfermeiros no terminal. Nos últimos quatro anos, ele foi o quarto trabalhador morto em acidentes no Complexo Industrial e Portuário de Suape. Todas as vítimas eram terceirizadas, como são a maioria dos contratados. Suas histórias trouxeram
à tona as condições de trabalho no empreendimento. “Os levantamentos oficiais não identificam riscos. Mas eles avaliam apenas as questões burocráticas. Não discutem jornada ou forma de organização do trabalho”, afirma Lindinére, da CUT-PE. Segundo ela, o que se sabe é que todos os empregados fazem hora extra e trabalham por metas. A pressão é grande e quem reclama é demitido, sem que sejam observados direitos trabalhistas, como a estabilidade para doentes ocupacionais. Dirigentes sindicais sofrem restrições para entrar no local, assim como a Vigi-
lância em Saúde do Trabalhador. As condições de alojamento também são precárias, inclusive com registros de intoxicação alimentar. “Atraídos pelas promessas de grandes salários, muitas pessoas vem de longe e se afastam das famílias para trabalhar em jornadas longas e sem ofertas de lazer”, denuncia Idê. Tanto ela, como Aline e Lindinére, acreditam que ainda há tempo para minimizar os danos. “Mas é preciso fazer algo agora porque, se medidas não forem tomadas, as perspectivas são desastrosas”, avalia Aline.
Sindicato promoveu manifestação por melhores condições de trabalho em Suape, no final de abril
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Entrevista Artur Henrique
Para artur henrique, outras centrais pegam “carona” nas mobilizações da CUT
O Brasil precisa de mais mudanças
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ilhares de trabalhadores tomaram as ruas das principais cidades brasileiras, no dia 6 de julho, para exigir mudanças que transformem o Brasil num país mais justo. O Dia Nacional de Mobilização organizado pela CUT e movimentos sociais agitou a população, inclusive no Recife, com passeatas, protestos e paralisações em empresas de todos os setores e no serviço público. Abaixo, o presidente da CUT, Artur Henrique, fala sobre a luta dos trabalhadores para o segundo semestre. CUT NA VANGUARDA Temos assistido recentemente tentativas de algumas centrais sindicais de pegar carona nas mobilizações da CUT. Talvez o único ponto em que temos consenso entre as centrais seja a redução da jornada de trabalho para 40 horas. A CUT, por exemplo, é a única que defende e luta pelo fim do imposto sindical. TRABALHO DECENTE Queremos garantir, com a luta do segundo semestre, a implementação da agenda do trabalho decente, com
mais e melhores empregos, por igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, contra a precarização e a terceirização, pela redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução de salário; e pelo fim do fator previdenciário. TERCEIRIZAÇÃO Temos uma posição muito clara em relação à terceirização: ela é responsável pelo aumento das mortes, acidentes de trabalho e de doenças profissionais e vem sendo utilizada pelo capital para precarizar as condições de trabalho, reduzir custos, enfraquecer o movimento sindical criando milhares de sindicatos de gaveta. Por tudo isso, propusemos um projeto de lei, apresentado pelo deputado federal Vicentinho (PTSP), regulamentando a terceirização. FIM DO FATOR PREVIDENCIÁRIO Milhões de trabalhadores aguardam as discussões sobre o fim do fator previdenciário para decidir o que fazer de suas vidas: se aposentam ou se esperam o resultado das negociações. Enquanto isso, a tábua de ex-
pectativa de vida do IBGE vai sendo alterada a cada ano e, assim, aumenta o tempo necessário para que as pessoas se aposentem. Em lugar de indicar propostas concretas e viáveis, como a CUT fez ao apresentar para o debate o Fator 85/95, em 2009, as outras centrais repetem o mantra do “fim do fator previdenciário” sem dizer como isso pode acontecer. EDUCAÇÃO Defendemos a implementação do Plano Nacional da Educação com a destinação de 10% do PIB brasileiro para a educação; a ampliação da educação no campo e a qualificação profissional com participação dos trabalhadores. Esta é uma luta que a CUT e suas entidades têm levado adiante sem o real envolvimento das outras centrais. REFORMA POLÍTICA E TRIBUTÁRIA Lutamos por uma reforma política que amplie a democracia direta e que fortaleça a democracia representativa e por uma reforma tributária que seja progressiva com base na renda e no patrimônio. REVISTA REVISTA DOS DOS BANCÁRIOS BANCÁRIOS 13 13
Cultura Bancário artista
Cartaz dos irmãos vilarim do show na AABB: O bancário é o primeiro da esquerda
Talento em família
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ábio, funcionário do Banco do Brasil em Floresta, é um dos irmãos Vilarim, que tocam forró pé-de-serra e mantém agenda cheia nos meses de junho e julho. Um talento que vem de berço. Os avôs e tios tocavam violão e sanfona. A tia era professora de música e grande incentivadora. “O interesse pela música é herança de família. Depois, eu fui me aperfeiçoando: aprendi violão, percussão, teclado”, conta Fábio. O que começou como mero passatempo acabou ganhando corpo. Virou uma segunda profissão. Hoje, Fábio e os irmãos já têm carteira da Ordem dos Músicos e recebem convites durante o 14 REVISTA DOS BANCÁRIOS
ano inteiro para tocar em vários municípios do estado. Mas é mesmo no mês de junho que o grupo é mais requisitado. “Quase sempre eu tiro férias neste período para poder dar conta das apresentações”, conta Fábio. Os shows não se restringem a Floresta. Em Recife, por exemplo, já foram mais de dez apresentações na Sala de Rebôco. Os irmãos Vilarim também já tocaram em Tacaratu, Triunfo, Petrolina, Arcoverde, Serra Talhada e chegaram até a Bahia. Fora do período junino, já têm apresentações marcadas em Água Preta e na festa de aniversário de Floresta. Embora Fábio afirme que a produção ainda é caseira, o grupo mostra
que tem fôlego também para atuar nos bastidores. Já são três CDs gravados, todos eles com o autêntico forró pé-de-serra, muitas músicas de Luiz Gonzaga, da nova geração de forrozeiros e também composições próprias. “Os Irmãos Vilarim e o Forró Número 1” existe há mais de dez anos e não é formado apenas pela família. Outros amigos tocam sanfona, baixo, cavaquinho, flauta, violão e bateria. Fábio responde pela zabumba. Bancário há 24 anos, ele já aprendeu a conciliar as duas atividades. E os filhos, de 16, 13 e 9 anos começam a colocar em prática o talento que corre em suas veias. Uma delas já toca teclado e outra está aprendendo violão.
Cultura Dicas EVENTOS
Teatro pra meninada Vai até o fim do mês o 8º Festival de Teatro para Crianças. O evento traz para os palcos e praças do Recife 20 espetáculos de todo o país. Serão onze peças nordestinas, seis do Sudeste e três do Sul. Há espetáculos com palhaços, bonecos, teatro de sombras, clássicos e até teatro para bebês. Todos cuidadosamente escolhidos dentre um total de 159 inscritos, do país inteiro. As apresentações ocorrem nos teatros Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu), Barreto Júnior (Pina), Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro) e Santa Isabel. Haverá, ainda, apresentações gratuitas em praças. Confira:www. teatroparacrianca.com.br
Conferência de criatividade Quem gosta de arte, design, quadrinhos, cinema e animação não pode perder o Pixel Show 2011, que acontece no Centro de Convenções nos dias 16 e 17 de julho. O Pixel Show reúne profissionais das áreas de ilustração, games, concept art, design, animação, cinema, intervenção urbana, fotografia, novas mídias, charges, cartoons, artes plásticas e tecnologia. Palestras, workshops, feira de arte, exposições, festival de animação e sessões de live painting com artistas consagrados são parte da programação. Veja os detalhes em: www.pixelshow.com.br/recife. Ao lado, imagem do grafiteiro Crânio, que está entre os palestrantes.
Livros
RECOMENDADOS 7 contos & uns trocados
O novo livro do poeta Samuca Santos é a 2ª parte de uma trilogia que será finalizada com o livro Vinteum. Samuca fez parte do Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco e tem outros quatro livros publicados.
Disse me disse
Esta dica vai para a meninada. Em seu mais recente livro, o escritor Luciano Pontes traz poesias muito divertidas e brinca com o som das palavras. As belas ilustrações de Elma Neves completam o encantamento.
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Turismo Conheça Pernambuco
TRIUNFO
Oásis no Sertão
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riunfo é um oásis no meio do Sertão. Impossível sair da cidade mais alta de Pernambuco sem a impressão de estar em outro lugar. Lá, águas não faltam e o clima da serra chega a baixar a 8 graus nas noites de inverno. É um lugar onde a natureza conspira a favor: são mirantes, cachoeiras, grutas e o belíssimo açude João Barbosa Sitônio, localizado no centro da cidade. Junte-se a isto as calçadas de paralelepípedos, as antigas construções datadas do século XIX, os seculares conventos e igrejas, a história do cangaço e a simpatia de um povo muito hospitaleiro. Com tantas atrações, é preciso no mínimo três dias para curtir a cidade. Um deles deve ser reservado para os passeios pelo centro: andar de pedalinho no açude, subir e descer de teleférico até o Hotel do Sesc, passear calmamente pelas ruas e visitar o Museu do Cangaço e o Teatro Guarany, inaugurado em 1922 e construído com rocha e óleo de baleia. Se for um sábado, é bom dar uma passadinha na feira. Convém, ainda,
visitar o Engenho São Pedro e provar da cachaça, da rapadura de todos os sabores ou mesmo do sorvete de rapadura. Para os outros dias, há duas rotas rurais, que podem ser feitas com ajuda de um condutor local. Uma delas é para o Pico do Papagaio, distante oito quilômetros do centro. Trata-se do ponto mais alto de Pernambuco, com 1.260 metros, de onde se avista seis cidades do vale do Pajeú. O passeio inclui a passagem pela Cacimba de João Neco e Furna dos Holandeses. A outra rota, imperdível, tem como destino a Cachoeira do Pingas, distante seis quilômetros do centro. Convém avisar que dirigir para Triunfo durante a noite não é prudente. A altitude, de 1004 metros, enche a paisagem de névoa e embota a visão. Isso vale, principalmente, para quem optar por fazer o trajeto mais curto, entrando no povoado de Sítio dos Nunes até a cidade de Flores e passando pelo imponente portal da cidade. A outra opção é seguir até Serra Talhada e, depois, pela PE-360. REVISTA DOS BANCÁRIOS 16