Revista dos Bancários 32 - jul. 2013

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DOS

Revista Bancários Ano III - Nº 32 - Julho de 2013

Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco

www.bancariospe.org.br

Uma sociedade em disputa Protestos mostram a beleza da democracia, mas também revelam que a direita está bem viva e pronta para o embate político e ideológico com a esquerda REVISTA DOS BANCÁRIOS 1


Editorial

Que voz é essa? Quinta-feira, 20 de junho de 2013. A noite começava a cair quando mais de 1,25 milhão de pessoas tomaram as ruas de pelo menos cem cidades brasileiras para realizar um dos maiores protestos que o país já viu. Só no Recife, cerca de 52 mil pessoas marcharam pelas principais ruas da cidade. As reivindicações eram as mais diversas: contra a corrupção, por transporte público de qualidade, mais investimentos em saúde e educação. A Rede Globo de Televisão interrompeu sua Enquanto a imensa maioria programação e as manifesdos manifestantes tações tomaram o lugar das defendia novelas. Os jornalistas glocausas justas, bais saudavam os protestos setores mais e, alguns, se emocionaram conservadores quando os manifestantes da sociedade se cantaram o hino nacional em aproveitavam da frente ao prédio da Fiesp, a mobilização para colocar em pauta federação das indústrias, na as suas demandas Avenida Paulista, em São Paulo, que estava todo pintado de verde e amarelo para apoiar os protestos. Apesar da beleza das manifestações, é preciso tomar cuidado. Principalmente quando a Rede Globo de Televisão e a federação das industrias apoiam um protesto. Isso porque, enquanto a imensa maioria dos manifestantes defendia causas justas, setores mais conservadores da sociedade se aproveitavam da mobilização para colocar em pauta as suas demandas que, em geral, são prejudiciais para os trabalhadores e para a população mais carente. Nesta edição da Revista dos Bancários, a reportagem de capa tenta entender os protestos e analisar a disputa política e ideológica que está por trás do movimento. Disputa que também existe no Congresso Nacional, onde há 273 parlamentares que representam os empresários e apenas 72 que defendem os trabalhadores.

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2 REVISTA DOS BANCÁRIOS

Índice O embate no Congresso

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Campanha Nacional dos Bancários

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O Brasil nas ruas

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Entrevista: Evanildo Barbosa

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Dicas de cultura

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Bancário artista

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Conheça Pernambuco

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Revista Bancários DOS

Opinião

Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco Redação: Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00 Fone: 3316.4233 / 3316.4221 Correio eletrônico: imprensa@bancariospe.org.br Sítio na rede: www.bancariospe.org.br Presidenta: Jaqueline Mello Secretária de Comunicação: Anabele Silva Jornalista responsável: Fábio Jammal Makhoul Conselho editorial: Anabele Silva, Geraldo Times, Jaqueline Mello e João Rufino Redação: Fabiana Coelho, Fábio Jammal Makhoul e Sulamita Esteliam Projeto visual e diagramação: Libório Melo e Bruno Lombardi Foto da capa: Marcelo Camargo Impressão: NGE Gráfica Tiragem: 12.000 exemplares


Trabalho Valter Campanato

Política

Direitos Trabalhistas

X

Ganância dos Empresários O Congresso Nacional tem hoje 273 parlamentares que defendem os empresários e 72 que representam os trabalhadores. Com este perfil, a Câmara e o Senado tendem a aprovar projetos que prejudicam a classe trabalhadora, como o PL 4330 que escancara a terceirização

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Trabalho

A

voz das ruas e a diversidade, no conteúdo e no tempo, das respostas das instituições ao recente grito popular provam que “não há soluções para os problemas coletivos fora da política”, como escreve Celso Napolitano, presidente do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Embora o repúdio a políticos e partidos tenha dado o tom nas manifestações de junho, queira-se ou não, todas as conquistas da humanidade são objeto de decisões políticas, afirma o cientista político. Todavia, e o desenrolar dos acontecimentos também o mostra, política é disputa de hegemonia de interesses e classes; sai-se melhor no jogo quem tem mais poder de fogo ou pressão. É comum dizer-se que o Congresso Nacional é o espelho da sociedade brasileira. E é lá que se define as leis que regem a vida de todos os brasileiros. Entretanto, no país da casa-grande e da senzala, e a exemplo da imagem refletida, a representação da classe trabalhadora e dos patrões é proporcionalmente inversa ao que se vê na sociedade real. Essencialmente, porque o sistema político-eleitoral tende a favorecer o poder econômico, que mascara com o marketing a opção sobre “quem me representa”. Tanto é fato, que a bancada sindical nas duas casas do Congresso não chega a um terço da representação dos empresários, eleita para o período 2011-2015. O placar é de 273 a 72. A goleada se verifica, também, na média histórica das legislaturas, nos últimos 20 anos, de acordo com o Diap: 167 a 47. A mudança nas regras político-eleitorais, de um lado, e a gradual conscientização do eleitorado na escolha de quem vai representá-lo no Parlamento, de outro, são bons antídotos para “tudo-que-está-aí”, portanto. Entretanto, é exatamente pela composição sociopolítica do Congresso atual que a proposta de reforma política com plebiscito, encaminhada pela presidenta

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Dilma Rousseff ao Legislativo, tende a ser soterrada pelo parlamentares, a quem cabe a convocação segundo a Constituição. É um exemplo. Prioridade dentre os cinco pactos propostos pela presidenta para ecoar a voz das ruas carece de apoio na base aliada, majoritária, numericamente, mesmo sem a Constituinte Exclusiva, proposta de início e da qual recuou. Só PT, PCdoB e PDT apoiam a mudança nas regras já para 2014. “De fato, os parlamentos de um modo geral só definem uma agenda própria e de interesse das maiorias quando há cobrança e pressão, especialmente as grandes manifestações. A reforma política é um caso típico”, lembra Antônio Augusto de Queiroz, jornalista e analista político, diretor de Documentação do Diap, em entrevista publicada na página do órgão na internet. Apesar do barulho das ruas, ainda assim, Toninho do Diap, como é conhecido, duvida da capacidade de audição

dos parlamentares, assim como avalia que o governo, deitado no berço esplêndido da aprovação popular, acordou no grito: “Embora exista na sociedade, no parlamento e no governo consenso sobre a necessidade e até urgência de uma reforma política, não há nenhum acordo a respeito de seu conteúdo. Esse tipo de reforma resulta em ganhos e perdas e os parlamentares não a fazem temendo prejuízo ou risco a sua sobrevivência política. Matérias com essas características avançam no Congresso com pressão popular e com regras generosas de transição”. Foi para pressionar pela ampliação de direitos e para se contrapor ao sequestro das ruas pela pauta conservadora que a CUT e demais centrais sindicais, somadas aos movimentos sociais e populares, promovem ato unitário nacional no dia 11 de julho. Em pauta, a reativação das agendas trabalhista e de cidadania (veja as reivindicações no quadro).

AGENDA TRABALHISTA E CIDADÃ agnaldo azevedo / CUT

Política

• Fim do fator previdenciário • 10% do PIB para Saúde • 10% do Orçamento da União para Educação • Redução da jornada de trabalho para 40h semanais, sem redução de salários • Valorização das aposentadorias • Transporte público e de qualidade • Reforma Agrária • Suspensão dos leilões de petróleo • Contra o PL 4.330/04, sobre terceirização • Reforma política e realização de plebiscito popular • Reforma urbana • Democratização dos meios de comunicação • Contra o genocídio da juventude negra e dos povos indígenas • Contra a repressão e a criminalização das lutas e dos movimentos sociais • Contra a impunidade dos torturadores da ditadura de 64 • Contra a aprovação do estatuto do nascituro • Contra a redução da idade penal


Política

Trabalho

Terceirização na agenda trabalhista

josé alves

O Sindicato está na luta para enterrar o famigerado PL 4330

Na avaliação do Diap, o ambiente do Congresso tem sido hostil para os trabalhadores, já há algum tempo. A bancada sindical, com uma média de três mandatos, vem perdendo terreno para o setor empresarial, apesar do crescimento nas duas últimas décadas. A bancada patronal se mantém na ofensiva para reduzir custos do trabalho – diretos e indiretos – tanto no Legislativo, com a apresentação de projetos e 101 medidas para flexibilizar direitos, quanto no Executivo, com a desoneração de folha de pagamentos. A chamada pauta negativa, depois de arrefecimento nos governos Lula, se acelerou a partir de 2011, sob Dilma, a despeito de esta ter maioria no Congresso – o que é diferente de dispor, provado está. O risco da retirada de direitos trabalhistas e a tentativa de enfraquecimento das entidades sindicais se manteve em 2012 e ganhou espaço no ano corrente, quando foram retomados projetos que atentam contra o direito ao trabalho decente. Exemplo claro é o PL 4330, do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que reduz salários e direitos dos trabalhadores e torna ainda mais precárias as condições de

trabalho. O objetivo é reduzir custos empresariais, liberando a terceirização, hoje restrita por lei às atividades meio, também para a atividade-fim, o que significa estimular ainda mais as subcontratações. Além disso, enterra a possibilidade da responsabilidade solidária, que é a corresponsabilização da empresa contratante no cumprimento aos direitos do trabalhador contratado de terceiros. Os bancários e a terceirização A categoria bancária, que vive na pele os problemas da terceirização, é uma das principais prejudicadas. “Se, atualmente, os correspondentes bancários, a terceirização dos call centers e de algumas áreas da retaguarda já afetam o emprego dos bancários, imagine o que vai acontecer se até mesmo a atividade-fim puder ser terceirizada?”, questiona a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello. Mesmo com as restrições legais à terceirização, hoje é comum os bancos demitirem bancário para contratar outro mais barato. Pesquisa feita pela Contraf-CUT e Dieese mostra que, ano passado, o

salário dos admitidos era quase 40% menor que o dos desligados. Não é a toa que a própria Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) negocia no Congresso a aprovação do PL 4330. Por isso, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco, junto com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e demais sindicatos de bancários , se uniram às centrais sindicais na mobilização dos trabalhadores para pressionar os deputados a arquivarem o projeto. Até o fechamento desta edição, a força-tarefa visava o adiamento da votação do projeto, em exame na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, até que centrais, parlamento e governo encontrem uma solução para o problema. Estudo Dieese e da CUT, de 2011 revela que o trabalhador terceirizado permanece 2,6 anos a menos no emprego do que o trabalhador contratado diretamente. Em contrapartida, a jornada semanal é superior em três horas e o salário é inferior em cerca de 27%, além de não receber benefícios. Por outro lado, oito em cada dez acidentes de trabalho fatais ocorrem entre trabalhadores terceirizados. REVISTA DOS BANCÁRIOS 5


Campanha Nacional

Mobilização

Quase pronto Bancários fecham a pauta de reivindicações da Campanha Nacional este mês e dão início às negociações com os bancos em agosto

Jaqueline: Jaqueline: Mais Mais uma uma vez, vez, mobilização mobilização será será fundamental fundamental para para garantir garantir bom bom acordo acordo

O

s bancários encerram neste mês de julho os preparativos para a Campanha Nacional 2013. Entre os dias 19 e 21, a Conferência Nacional da categoria vai definir a pauta de reivindicações e as estratégias de luta para pressionar os bancos e garantir que as negociações sejam produtivas. A primeira etapa da construção da Campanha Nacional começou em maio, quando o Sindicato aplicou uma consulta com os bancários de Pernambuco para verificar os anseios dos trabalhadores. Aumento real de salários, cesta alimentação maior, melhoria na PLR (Participação nos Lucros e Resultados), jornada de seis horas para todos, fim das metas abusivas e do assédio moral foram as prioridades apontadas pelos 1374 bancários que responderam a consulta. Em seguida, o Sindicato realizou o Encontro Estadual, no dia 29 de junho, que alinhavou as demandas apontadas pelos bancários de Pernambuco. “Agora, vamos levar o debate que fizemos no estado para a Conferência Regional dos Bancários do Nordeste, que será realizada de 5 a 7 de julho, em Maceió. Em seguida, levaremos as contribuições da nossa região para a Conferência Nacional para fecharmos a pauta de reivindicações que será entregue aos bancos. E, no início de agosto, colocaremos a nossa Campanha nas ruas para pressionar a Fenaban e garantir que as negociações sejam produtivas. Mais uma vez, a mobilização dos bancários será fundamental para conquistarmos nossas reivindicações e encerrarmos mais uma Campanha com vitória”, afirma a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello. Para ela, a Campanha Nacional dos Bancários é

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acompanhe o fechamento dos preparativos da campan

exemplo para outras categorias, não só pela sua organização, mas também pela forma democrática da sua construção. “A pauta de reivindicações e as estratégias de luta começam a ser organizadas pelos bancários que formam a base de cada sindicato. Depois, os debates tomam caráter regional e, em seguida, nacional. E, mesmo depois da pauta fechada, ela ainda é submetida ao crivo dos bancários, em assembleias realizadas


Mobilização Lumen Fotos

Campanha Nacional

nha nacional dos bancários em www.bancariospe.org.br

por todos os sindicatos. Só depois ela é entregue aos bancos para darmos início às negociações”, diz Jaqueline. Eixos da Campanha Durante os debates do Encontro Estadual, o presidente da Contraf-CUT

(Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Carlos Cordeiro, destacou os eixos que os bancários deverão colocar em pauta na Campanha deste ano: emprego, remuneração, saúde e condições de trabalho. “Nossa campanha é chamada de na-

cional, e não salarial, porque não temos apenas reivindicações econômicas. Queremos mais saúde, condições de trabalho, igualdade de oportunidades. E, para conquistarmos tudo isso, precisamos de quatro coisas: esperança, ousadia, mobilização e unidade”, afirmou Carlão. REVISTA DOS BANCÁRIOS 7


Sociedade

Tomaz Silva

Marcelo Camargo

ABr

Política

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Política

Brasília

São Paulo

Sociedade

“O Brasil que nunca dormiu saúda o Brasil que acordou”

A frase, escrita em um cartaz levado pelo Padre Reginaldo Veloso, resume o sentimento dos militantes históricos em tempos de novos protestos

E Rio de Janeiro

sta é uma história inconclusa. Impossível prever os rumos dos protestos que inundaram o Brasil desde o mês de junho. Quando esta matéria foi escrita, movimentos sociais e sindicais preparavam-se para ir às ruas em todo o país, no dia 11 de julho. O Brasil acabara de ser tetracampeão na Copa das Confederações. Mas, se dentro do Maracanã, o time desbancava a consagrada seleção espanhola, do lado de fora, policiais e manifestantes se enfrentavam. No Recife, motoristas de ônibus desafiaram a própria entidade representativa e, junto com a oposição sindical, iniciaram uma greve que, durante uma semana, quase parou a cidade. Tudo começou como um protesto qualquer, contra o reajuste nas tarifas de ônibus em São Paulo. Como tantos outros que acontecem todo ano no país. Nos primeiros meses do ano passado, por exemplo, várias mobilizações foram organizadas pelo Comitê Popular contra o Aumento das Passagens na capital pernambucana. Como de costume, foram tratadas com bombas de efeito moral e balas de borracha. O mesmo tratamento dado aos jovens paulistas nos atos que desencadearam a avalanche de protestos deste ano. Em 2012 ou agora, na grande imprensa, as notícias seguiram o tom de sempre: vandalismo, baderna e caos foram as palavras preferidas.

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Sociedade

fotos: Marcelo Camargo

Política

Sem pauta, manifestantes protestavam “contra tudo”

Parte dos jovens confundiam apartidarismo com antipartidarismo

Mas, desta vez, o tamanho da repressão e, principalmente, o alvo das balas da polícia paulista foi o diferencial. Jornalistas foram atingidos: da TV Folha, da Globo News. A mídia foi forçada a mudar o tom. Ao mesmo tempo, as redes sociais ajudaram a fermentar uma indignação que vinha contida. E transbordou. Esgotamento ou intolerância A necessidade de dar voz ao sentimento de indignação atingiu a todos, indiscriminadamente. Aos que nunca tinham tomado parte em qualquer manifestação e aos que sempre estiveram na luta. Os protestos tornaram-se, então, palco de uma disputa ideológica, que ajudou a pôr em evidência um intrincado jogo de manipulações. Nas ruas, as reivindicações eram as mais diversas. Passavam pelas demandas tradicionais dos movimentos sociais – saúde, educação, transporte público de qualidade. Incorporavam as críticas do Movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) à atuação do deputado-pastor Marcos Feliciano na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Enveredavam pela recusa à PEC 37 – Proposta de Emenda Constitucional que limitava o poder de investigação do Ministério Público. Incluíam a luta contra a corrupção, contra os políticos de todos os partidos e, em alguns lugares do país, até mesmo em defesa da volta da ditadura militar. A extrema-direita mostrou que está bem

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viva, sobretudo no Sul e Sudeste do país. A mídia, que outrora falava em baderna, passou a aplaudir os atos e até mesmo insuflar os ânimos – mas jogando no colo do governo federal toda responsabilidade pela indignação. Denúncias de pessoas infiltradas para provocar desordem e criar um clima de instabilidade foram lançadas nas redes sociais. E, alimentada pela grande imprensa, a sensação de esgotamento com os modelos políticos transformou-se em intolerância. O povo nas ruas mostrou que era preciso redescobrir as formas de fazer política e que os partidos precisavam se reinventar. No entanto, o esgotamento que pode levar à mudanças e servir como recado para que as organizações políticas tradicionais se reavaliem, acabou adquirindo outro viés. Boa parte dos jovens confundiu apartidarismo com antipartidarismo, queimou bandeiras e agrediu quem vestia camisas de partidos. Os meios de comunicação alimentavam a intolerância. Exibiam com destaque os manifestantes se agredindo. Em Pernambuco, as cenas se repetiram. Algumas pessoas tiveram camisas rasgadas e tiveram de ser protegidas pelos policiais. “É uma ironia. A gente que sempre esteve na rua, que era duramente reprimido pelos policiais, agora somos protegidos pela polícia e hostilizados pelos que dizem lutar por algo pelo qual sempre brigamos”, desabafou Patrick Campos, integrante da juventude petista. Apesar disso, grupos organizados também marcaram presença na passeata pernambucana. Estava lá, entre as 100 mil pessoas que se

espalharam pelas ruas, o pessoal do Levante Popular da Juventude – conhecido pela organização dos chamados “escrachos” em frente às residências de antigos torturadores. Estava lá o Movimento LGBT, expressando seu repúdio ao projeto da “Cura Gay” e ao pastor Marcos Feliciano. Estavam lá grupos organizados de várias universidades – a exemplo dos estudantes da UPE – com coro e coreografia em favor dos 100% dos royalties para educação. Ao final do percurso, para quem estava acostumado a ir às ruas, restou uma sensação de vazio. “Cada um foi buscando seu rumo. O protesto foi dispersando. Não tinha carro de som, não tinha lideranças para deliberar os próximos passos, não teve negociação com ninguém... A gente ficou se perguntando: - E agora?”, relata Antônio Carlos Freire, militante de longas datas. Batalha das ideologias No entanto, uma outra briga começava a se articular. Em São Paulo, partidos de esquerda e movimentos sociais realizaram uma ampla plenária, com 76 entidades, entre as quais centrais sindicais, partidos políticos, Movimento Sem Terra (MST), União Nacional dos Estudantes (UNE), União da Juventude Socialista (UJS), Marcha Mundial de Mulheres. Em pauta: a necessidade de politizar as discussões e levar para as ruas as agendas da classe trabalhadora. Também em São Paulo, representantes de diversos coletivos e movimentos sociais que atuam em bairros periféricos se reuniram na


sede da Cooperativa Cultural da Periferia (Cooperifa), para articular estratégias de combate à ação dos grupos de direita. Ao mesmo tempo, nas redes sociais, uma intensa batalha ideológica se travava. E vieram as respostas: a presidenta Dilma anunciou um Pacto Nacional, com cinco itens: responsabilidade fiscal para garantir a estabilidade da economia; plebiscito sobre reforma política e alteração na legislação para que o crime de corrupção se torne hediondo; pacto pela saúde, com criação de novas vagas para médicos e contratação de profissionais estrangeiros; investimento de 50 bilhões de reais em mobilidade urbana, com metrô e ônibus; mais recursos para a educação, destinando 100% dos recursos dos royalties do petróleo para a área. O aumento das tarifas de ônibus foi revertido. Em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad anunciou também que suspenderia o processo licitatório para as novas concessões de ônibus na cidade até que seja instalado o Conselho Municipal de Transportes, com participação popular. Em algumas cidades, a exemplo de Porto Alegre, o passe livre para estudantes foi aprovado. No Congresso, vários projetos foram desengavetados. Acordos de tramitação garantiram maior velocidade na votação de propostas de interesse social. O transporte foi incluído entre os direitos sociais previstos na Constituição. A PEC 37 foi rejeitada. O plenário do Senado aprovou projeto que inclui a corrupção na lista dos crimes hediondos. Para a comunidade LGBT, o governo anunciou a criação do Sistema Nacional de Promoção de Direitos e Enfrentamento à Violência, com comitês de combate à homofobia e centros de apoio psicológico e jurídico para as vítimas. E, no Congresso Nacional, a proposta de “Cura Gay” foi retirada de pauta. Em Pernambuco, o anúncio feito pelo governo antes mesmo da primeira passeata, de redução de R$ 0,10 no preço das passagens, foi recebido como piada pelos manifestantes. Passados os primeiros protestos, nova passeata foi realizada no dia 26 de junho – em direção à sede provisória do governo, no Centro de Convenções. Desta vez, houve confronto com a polícia e a pauta de reivindicações, que tinha sido escrita pelo movimento, não foi entregue. Denúncias de prisões arbitrárias foram trazidas à tona e, até o fechamento desta edição, o governo permanecia sem dialogar com os estudantes.

Sociedade

Prédios de grandes corporações na Avenida Paulista também “aderiram” aos protestos

Ruas em disputa As mobilizações que tomaram conta das ruas espelham as contradições da nação em que se assentam: de classe, de ideologia. Refletem o lugar de cada sujeito político no jogo do poder: da mídia, dos governos, dos parlamentares. Ou, pelo contrário, revelam a posição ambígua de um governo de coalizão, que precisa ser pressionado para encontrar seu caminho à esquerda. Mostram, também, que há uma sociedade em disputa: que a direita está bem viva e tem seus alicerces reforçados pelo poder econômico. E que, portanto, os movimentos de esquerda precisam se repensar e aproveitar o cenário de lutas para garantir avanços e impedir os retrocessos. REVISTA DOS BANCÁRIOS 11

Marcelo Camargo

Política


Tânia Rêgo

Entrevista

Evanildo Barbosa

Não nos convidaram pra esta festa

Obras da Copa revelam a letargia do poder público e o abuso do poder privado. Em Pernambuco, quase mil famílias foram prejudicadas com a construção da Arena Os gastos públicos com as obras para a Copa 2014 integraram o rol de insatisfações que levou a população às ruas, Brasil afora. A própria Copa das Confederações, que já é passado, foi usada como forma de dar visibilidade aos protestos que varreram o país no mês de junho (leia reportagem na página 8). Fato é que o impacto das obras exigidas pelos megaeventos na vida das pessoas é motor de cobranças aqui e alhures. Em Pernambuco, são quase mil famílias e comerciantes prejudicados, todos moradores do entorno da Arena Pernambuco e da futura Cidade da Copa, no Grande Recife. Isso sem contar as famílias afetadas, continuamente, pela especulação imobiliária – Vide Coque x Polo Jurídico e a Vila Oliveira, no Pina – e pelas obras de mobilidade urbana,

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sobretudo a Via Mangue e o futuro Anel Viário projetado para ligar Igarassu ao Cabo de Santo Agostinho. O Comitê Popular da Copa em Pernambuco aponta a falta de diálogo e transparência dos governos estadual e municipais (Recife, Camaragibe e São Lourenço da Mata) nos processos de orientação dos moradores relativos às ações das construtoras envolvidas. Denuncia pressão nas remoções e má-fé nas avaliações dos imóveis para indenização das famílias e comerciantes atingidos pelas obras. E cobra fiscalização das autoridades competentes. “Há gente adoecendo de desespero”, denuncia Evanildo Barbosa Filho, diretor da Fase Nordeste – organização de defesa dos direitos humanos de atuação nacional – e membro do Comitê. Historiador pela UFPB e doutor em Desenvolvimento Urbano pela UFPE/MDU, nesta entrevista ele analisa “o clamor” das ruas e as tentativas de impedir a violação dos direitos da população atingida pelas obras da Copa 2014 em Pernambuco. REVISTA DOS BANCÁRIOS – O Comitê Popular da Copa PE participou da primeira manifestação que houve no Recife, ao qual agregou mais uma bandeira: a defesa dos atingidos pelas obras da Copa. Qual a avaliação deste e dos outros protestos Brasil afora? EVANILDO BARBOSA – Participamos do primeiro, dia 20 de junho. Pareceu-me muito estranho, o clima era de Carnaval de Olinda. Tinha de tudo e política de menos.


Entrevista Claro que falo do que aconteceu até onde eu pude ver, havia milhares nas ruas e não dá para avaliar o todo. De qualquer forma, ainda é muito recente para se fazer uma análise sociológica. Entretanto, a avalanche de críticas à letargia dos poderes públicos aos interesses e necessidades coletivas não questiona o modelo econômico vigente, que, em grande medida, define o padrão precário de reprodução da vida nas cidades e no campo. O clamor nas ruas não aponta para a corresponsabilidade das elites econômicas, empresas e corporações privadas pela violação dos mesmos direitos pelos quais a população exige do poder público. REVISTA DOS BANCÁRIOS – Um detalhe que impactou é que, aparentemente, não há cabeças no movimento. Isso indica a crise de confiabilidade da política representativa? EVANILDO BARBOSA – Há uma pesquisa de opinião internacional sobre cultura política, coordenada no Brasil pelo Observatório das Metrópoles, parte dela está na minha tese de doutorado:

arquivo pessoal

Evanildo Barbosa

todos os dados indicam a crise das instituições, não só uma crise de representatividade. Há uma crise desse modelo de governo baseado em instituições seculares. O mundo é muito mais complexo. REVISTA DOS BANCÁRIOS – Troca-se a hierarquia pelo poder das redes? EVANILDO BARBOSA – Além de historiador e urbanista, sou músico, também, e mais aberto às possibilidades, portanto. As redes sociais são ágeis na operacionalidade de convocar pessoas e grupos dispersos em direção a um ponto físico e material de encontro, mas são um instrumento, apenas. Ainda é prematuro estabelecer uma relação causal entre o meio e a forma de mobilizar. Até porque, desde tempos imemoriais, a rua tem sido o palco das lutas, dos movimentos sindical e social, ou mesmo dos partidos e organizações políticas. Algumas dessas organizações-alvos nas manifestações ajudaram a construir o pensamento crítico, mesmo se consideramos que passaram a reproduzir o modelo hieráquico-político que antes criticavam, num alinhamento automático. Sob esse aspecto, que bom que tem alguém dizendo: “saia da zona de conforto”. É um olho na missa e outro no padre. Volto a dizer, as manifestações revelaram os muitos pontos de insatisfação e conflitos, a partir da ótica espontânea de quem é ou se sente violado e violentado nos seus direitos básicos. Seria uma oportunidade de trazer a público o outro lado: empresas e grandes corporações também são responsáveis pelo superfaturamento de obras, pelos desmandos com recursos públicos, pelas remoções de comunidades inteiras de suas áreas para dar lugar a algum novo projeto urbanístico ou energético. Isso passou incólume, entretanto. REVISTA DOS BANCÁRIOS – As obras de mobilidade urbana e da Copa são bom exemplo dessa simbiose poder público-poder privado na violação de direitos de cidadania?

Evanildo Barbosa

EVANILDO BARBOSA – Exatamente. Acabou de ficar pronto o relatório da autoria participativa da Secretaria de Controle Interno da Presidência da República e do Comitê Popular da Copa. Chega às mesmas conclusões do nosso relatório, a começar pela ausência de diálogo adequado do governo estadual e das empresas com as famílias atingidas pelas obras. Especialmente, sobre os procedimentos de indenização e remoção dessas famílias. Não há orientação, nem fiscalização, nem transparência, nem respeito aos direitos das famílias. O poder público é omisso. Tem gente adoecendo de desespero, mas ninguém quer desagradar “o Rei”. REVISTA DOS BANCÁRIOS – Quantas famílias são atingidas e onde? EVANILDO BARBOSA – Cerca e 800 famílias nos bairros de Cosme Damião (Recife e Camaragibe) e São Francisco, em São Lourenço da Mata, além dos comerciantes de Camaragibe. Quando era governador, Miguel Arraes comprou a área de Cosme Damião e Várzea e distribuiu pelas famílias; é a terceira ou quarta geração que ali vive. É o lugar onde se reproduziram. No caso dos comerciantes da Avenida Belmiro Correia, é ali que também tiram seu sustento. Em São Francisco 70 famílias já foram desapropriadas, e é uma história confusa que remete à antiga Rede Ferroviária Federal. Todo esse pessoal construiu ali uma história de vida, vão para onde e fazer o quê? REVISTA DOS BANCÁRIOS – A esta altura dos acontecimentos, o Comitê Popular da Copa pode fazer o que, além de denunciar? EVANILDO BARBOSA – A gente vai continuar insistindo na necessidade do diálogo e da transparência. Sabemos que evitar as obras é quase impossível, a esta altura, mas pelo menos pode-se tentar reduzir o impacto negativo na vida dessas pessoas. REVISTA DOS BANCÁRIOS 13


Dicas

EM CENA

Dez anos de Teatro para Crianças

Caxuxa fala dos sonhos de cinco figuras que vivem na rua

divulgação

Cultura

O Festival de Teatro para Crianças completa este mês 10 anos de realização. Promovido pela Métron Produções, ele traz, todos os anos, uma programação variada de espetáculos para a meninada. Nesta edição, são 18 peças, espalhadas nos teatros Luiz Mendonça, do Parque Dona Lindu; Santa Izabel; Marco Camarotti, no Sesc Santo Amaro; Capiba, no Sesc Casa Amarela; e Barreto Júnior, no Pina. Confira a programação em www.teatroparacrianca.com.br

Os escritores Marina Colasanti e Antônio Cícero, do Rio de Janeiro; Raimundo Carrero, Fabiano Calixto e Marcelino Freire, de Pernambuco; Ronaldo de Brito, Xico Sá, Everardo Norões e Sidney Rocha, do Ceará, são alguns dos convidados para a IV Mostra Sesc de Literatura Contemporânea. Os debates acontecem na Livraria Cultura de 23 a 28 de julho, com o tema: Era uma vez a palavra. Haverá, também, oficina de prosa com o escritor paulista Luiz Brás, no Sesc Santa Rita. Os debates acontecem a partir das 19 horas e a programação completa está em sesc-pe.com.br/hotsites/2013/laboratorios/ ascenso-ferreira.php.

Marina Colasanti

CDs

RECOMENDADOS Limbo da Rua

Depois de lançar seu primeiro CD “Do Absurdo”, em 2011, o grupo Rua lança, no dia 13, seu segundo CD: “Limbo”. O grupo tem um estilo bem peculiar, que mistura rock e minimalismo e teve trilha sonora premiada, para o espetáculo “Segunda Pele”, do Coletivo Lugar Comum. Quem quiser conferir, pode acessar: www.ruadoabsurdo.com.br.

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Sertão Diverso

No dia 27, quem lança seu CD, de poesias recitadas, é o poeta Felisardo Moura. O lançamento será no Box Canto Sertanejo, do Mercado da Madalena, a partir das 14 horas, com a presença de vários poetas, cantadores, declamadores, entre os quais os mestres Enoc Ferreira e Zé de Cazuza. O CD do poeta será vendido no local.

divulgação

IV Mostra Sesc de literatura contemporânea


Bancário Artista divulgação

Cultura

Tiago Freire e Cleidson Lima

Colegas de arte e profissão

T

iago Freire e Cleidson Lima são amigos de longa data. Quase vizinhos, no município de Serra Talhada, eles compartilhavam o gosto pela música. Tiago, pelo violão. Cleidson, pela sanfona. Juntos, brincavam de tocar forró pé-de-serra, ritmo preferido dos dois. Há alguns meses, passaram a compartilhar também a profissão, de bancário. E decidiram levar a brincadeira para mais gente ouvir e participar: há oito meses, fazem parte da mesma banda de forró. Para Tiago e para Cleidson, a música é herança de família. No caso de Tiago, o pai nunca aprendeu um instrumento. Mas gostava muito de ouvir forró e sertanejo antigo e este gosto pelos ritmos contagiou o filho. “Procurei um instrumento que desse pra tocar estes dois estilos de música

e, quando eu tinha 13 anos, meu pai comprou um violão usado. Aprendi as notas com um vizinho e, a partir daí, ia escutando as músicas e encaixando as notas”, conta o artista. Cleidson nasceu em berço musical. O pai era tecladista e sanfoneiro. Já tocara em várias bandas, inclusive com Assisão. Com uma influência destas dentro de casa, o menino não tardou a aprender. Com 7 ou 8 anos, começou a tocar sanfona. “Toco um pouquinho de teclado também, mas a sanfona é meu instrumento preferido”, diz Cleidson. Os dois tocavam entre amigos, com a família, e às vezes se juntavam em uma brincadeira conjunta. “Um dia, um amigo que tem um bar me chamou pra tocar lá. No começo, relutei um pouco. Achava que não tinha experiência. Mas acabei aceitando. O público gostou e eu fiquei empolgado”, lembra Tiago. Foi assim que ele passou a dividir seu ofício de bancário com a atividade musical. Tiago é empregado do Bradesco há três anos e, atualmente, é gerente de PAA (Posto Avançado de Atendimento). Já Cleidson está há 10 meses como bancário da Caixa. E, dois meses depois de empregado no banco, recebeu do colega o convite para formarem a banda. Além dos dois, o grupo de forró pé-de-serra tem quatro músicos: no baixo, zabumba, triângulo e outro violão. Toca em bares e eventos da cidade e municípios vizinhos. Mas só no final de semana. “Nossa prioridade é o banco. A música é o divertimento”, conta Cleidson. REVISTA DOS BANCÁRIOS 15


Conheça Pernambuco Prefeitura Municipal de Caruaru / Flickr

Turismo

Caruaru

Um princesa superlativa no Agreste

C

aruaru é mais do que a Capital do Forró, conhecida por promover o “Maior São João do Mundo”. É também a cidade mais populosa do interior de Pernambuco, e hoje é certamente o mais importante polo econômico, médico-hospitalar, acadêmico, cultural e turístico da região. Talvez por isso é considerada, também, a “Princesa do Agreste”. Uma das primeiras cidades do Agreste pernambucano, sua fundação é de 1857, Caruaru ficou conhecida nacionalmente por sua feira livre, cantada em versos por Onildo Almeida, na voz do embaixador Lua, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. A história de Caruaru

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é contada no Memorial da Cidade, que funciona em prédio histórico, na área central, aberto também nas manhãs de sábado. Tudo em Caruaru é superlativo. A cidade abriga um dos maiores entrepostos comerciais do Nordeste, e tem no Alto do Moura o Maior Centro de Artes Figurativas da América Latina, segundo a Unesco. No local, o visitante pode conhecer a história e a obra de Mestre Vitalino, ceramista que ficou famoso com seus bonecos de barro, arte perpetuada por gerações de filhos, netos, familiares e vários discípulos. O turismo cultural é uma das forças da também chamada Capital do Agreste. A começar pelo Espaço Cultural Tancredo Neves, um mega espaço de eventos e cultura. Construído em 1935 e reformado em 1988, reúne, no terreno da antiga Fábrica Caruá, pavilhão de exposições, museus (Caruá, do Barro/Zé Caboclo, do Forró/Luiz Gonzaga, Elba Ramalho) e unidades culturais, além das da Secretaria de Turismo e da Fundação Cultura. Quem aprecia a natureza e não dispensa um pouco de aventura, não pode deixar de conhecer a Serra dos Cavalos, reserva ecológica a 10 km da cidade - lugar apropriado para uma boa caminhada, para cavalgar ou mesmo andar de bicicleta. A vista é fantástica e o clima serrano, a 900 metros de altitude, estimula degustar os acepipes da cozinha regional oferecida pelos restaurantes do lugar.


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