DOS
Revista Bancários Ano III - Nº 34 - Setembro de 2013
Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco
www.bancariospe.org.br
A Campanha Nacional dos Bancários chegou num momento decisivo. Sem avanços nas negociações iniciadas há mais de um mês, os trabalhadores vão encarar nova greve por tempo indeterminado a partir do próximo dia 19. Mais uma vez, a mobilização dos bancários será fundamental para garantir que as reivindicações sejam atendidas
Editorial
Vem pra luta! Na última década, não houve um ano sequer que os bancários terminassem a campanha salarial sem greve. E este ano não será diferente. Depois de quatro rodadas de negociações e mais de um mês de debates, os bancos apareceram na mesa com uma proposta que não contempla nenhuma reivindicação da Campanha Nacional 2013. Intransigentes, os bancos ainda disseram que não negociam mais e praticamente empurraram os bancários para uma paralisação nacional por tempo indeterminado, marcada para começar no dia 19 de setembro. Nesta greve Os bancários formam uma das categorias mais organizadas e que se aguerridas do Brasil. Sua centenáavizinha, os ria história de lutas e conquistas bancários credencia as novas gerações a terão de lutar encarar mais este desafio que está muito e ter a colocado. Mas, para vencer mais consciência esta batalha, a união e a particide que, neste pação de cada bancária e de cada momento de bancário na greve é fundamental. paralisação, É comum, em muitas agências, o trabalhador os bancários fecharem as portas deixa de durante a greve, mas continuarem trabalhar para dentro das unidades realizando a empresa trabalhos internos. Este tipo de e passa a conduta não ajuda em nada a luta trabalhar para da categoria. Pelo contrário. Muiele mesmo tos bancos até gostam da ideia dos clientes, principalmente os mais pobres, ficarem sem atendimento, enquanto os bancários aproveitam o tempo para vender produtos ou garantir bons negócios para as empresas. Nesta greve que se avizinha, os bancários terão de lutar muito e ter a consciência deque, neste momento de paralisação, o trabalhador deixa de trabalhar para a empresa e passa a trabalhar para ele mesmo - para ampliar suas conquistas, garantir mais direitos e salários mais dignos. Portanto, greve também não é momento de descanso. É hora de todos estarem nas mobilizações propostas pelo Sindicato, ajudando a convencer os colegas a aderirem ao movimento e dialogando com os clientes. Então, vem pra luta, bancária! Vem pra luta, bancário!
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Índice Campanha Nacional
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Entrevista: Miguel Falcão
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Direito à Moradia
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Dicas de cultura
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Bancário artista
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Conheça Pernambuco
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@bancariospe /bancariospe /bancariospe
Revista Bancários DOS
Opinião
Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco Redação: Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00 Fone: 3316.4233 / 3316.4221 Correio eletrônico: imprensa@bancariospe.org.br Sítio na rede: www.bancariospe.org.br Presidenta: Jaqueline Mello Secretária de Comunicação: Anabele Silva Jornalista responsável: Fábio Jammal Makhoul Conselho editorial: Anabele Silva, Geraldo Times, Jaqueline Mello e João Rufino Redação: Fabiana Coelho, Fábio Jammal Makhoul e Sulamita Esteliam Diagramação: Bruno Lombardi Foto da capa: Montagem com fotos de Beto Oliveira e Ivaldo Bezerra Impressão: NGE Gráfica Tiragem: 12.000 exemplares
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Agora é
Campanha Nacional
GREVE!
Depois de um mês de negociações com os bancos sem nenhum avanço, os bancários decidiram cruzar os braços por tempo indeterminado a partir do dia 19
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além dos itens reivindicados na Campanha Nacional, o movimento dos bancários soma-se às manifestações da CUT para questões que ameaçam os trabalhadores
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epois de um mês de negociações sem nenhum avanço nas reivindicações da Campanha Nacional, os bancários decidiram cruzar os braços e encampar mais uma greve por tempo indeterminado para pressionar os bancos. A paralisação nacional começa no dia 19 de setembro e foi aprovada em assembleia realizada pelo Sindicato no último dia 11. Segundo a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, foram quatro rodadas de negociações com os bancos sem que nenhuma reivindicação fosse atendida. “No último dia 5, a Fenaban fez uma proposta de acordo que está muito aquém das nossas demandas. Ela prevê, apenas, um reajuste salarial de 6,1%, que é exatamente a inflação do período. O mesmo valor seria aplicado nos pisos, na PLR e nas demais verbas de caráter salarial. E o pior: os bancos disseram que
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não vão melhorar a proposta, porque os bancários já têm a melhor Convenção Coletiva do país. Só não lembram que eles têm os melhores lucros do Brasil e podem muito bem atender nossas reivindicações”, afirma. Para Jaqueline, que representa Pernambuco no Comando Nacional dos Bancários, responsável pelas negociações com os bancos, a Fenaban tem se mostrado intransigente nas reuniões. “Em todas as rodadas de negociações, até agora, o ‘não’ é a única resposta para todas as nossas reivindicações. Nem as discussões paralelas com os bancos públicos sobre a pauta específica dos funcionários tiveram avanços até agora”, completa. Portanto, a recomendação do Comando Nacional não poderia ser outra: greve por tempo indeterminado a partir do dia 19. “Como acontece todos os anos, sabemos que os banqueiros só se movem
sob pressão. Por isso é imprescindível que os bancários construam uma grande greve. Queremos avanços nas negociações, principalmente no que diz respeito às reivindicações sobre segurança, emprego, igualdade de oportunidades e remuneração”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), que coordena o Comando Nacional do Bancários. Campanha na rua O Sindicato de Pernambuco tem procurado fazer sua parte, percorrendo, uma a uma, as centenas de agências bancárias na capital, área metropolitana e interior do estado. “Toda quarta-feira, e também nos dias de negociações específicas com cada banco, a caravana de dirigentes e o Teatro dos Bancários estão nas unidades, chamando os trabalhadores para a luta,
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Campanha Nacional
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O Sindicato tem percorrido, uma a uma, as agências da capital e do interior
Exemplo disso é o PL 4330, que amplia a terceirização e afeta diretamente a categoria. O PL tem votação prevista para este mês na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, em caráter terminativo. A receptividade dos bancários com a luta tem sido animadora, garantem os diretores. Isso leva a direção do Sindicato a crer que a categoria responderá ao chamado e fará uma grande greve: “Estamos preparados para o embate com os bancos, inclusive, para encarar a greve. Infelizmente, faltou bom senso dos banqueiros para resolvermos os impasses da campanha na mesa de negociações”, observa Suzineide Rodrigues, secretária de Finanças do Sindicato. O jogo na mesa Remuneração foi a agenda central
nos dois dias de negociação da terceira rodada, realizada no final de agosto. O Comando usou dados da conjuntura para argumentar sobre a justeza das reivindicações de aumento real, piso equivalente ao salário mínimo do Dieese, PLR melhor, Plano de Cargos e Salários e gratificação compatível. Antes, cobrou respostas às reivindicações sobre saúde, condições de trabalho, segurança e igualdade de oportunidades, objeto das rodadas anteriores. Obteve o silêncio como resposta. Os lucros crescentes do sistema financeiro e a rentabilidade se opõem à evolução do emprego e dos salários, o que aumenta a concentração de renda no
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Jaqueline: mobilização será fundamental para avançar na campanha
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contraf-cut e dieese
e buscando a solidariedade de clientes e usuários”, afirma Geraldo Times, secretário de Bancos Privados do Sindicato. Na segunda semana de agosto, por exemplo, o Sindicato reuniu em Salgueiro bancários do Agreste e do Sertão no II Encontro dos Bancários do Interior para discutir a Campanha Nacional: “Foi um encontro bastante produtivo, onde os bancários mostraram-se ávidos em absorver as informações e dispostos a participar ativamente da Campanha”, resume Fábio Sales, que coordena as ações do Sindicato no interior, e um dos organizadores do evento. Para além dos itens reivindicados na Campanha Nacional, o movimento dos bancários soma-se às manifestações convocadas pela CUT e demais centrais sindicais para questões importantes que ameaçam os direitos trabalhistas.
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Campanha Nacional
setor e a torna ainda maior que no resto da sociedade. “Os seis maiores bancos tiveram lucro líquido de R$ 29,6 bilhões no primeiro semestre. Eles têm a maior rentabilidade do sistema financeiro mundial, mas fecham postos de trabalho e reduzem a média salarial da categoria com o mecanismo perverso da rotatividade, apesar do aumento da produtividade dos bancários”, aponta Cordeiro. Estudo do Dieese, a partir dos balan-
ços dos bancos, mostra que o número de bancários por agência diminuiu 5% - de 24,15 para 22,95 em 12 meses (junho 2012/junho 2013), enquanto o lucro líquido por empregado cresceu 19,4% e a carteira de crédito 19,8% no mesmo período. A relação número de conta corrente/número de bancários também subiu de 285 para 304, ou 6,9% (veja o gráfico na página 5). Por tudo isso, os trabalhadores exigem
remuneração decente, que passa por aumento real de salário, valorização do piso e melhoria da PLR: “Queremos, também, melhores condições de trabalho, mais segurança, fim das metas abusivas e do assédio moral. Enfim, toda a nossa pauta, que é justa. Mas é preciso que fique bem claro que só vamos conseguir arrancar isso dos banqueiros com muita mobilização”, acrescenta Jaqueline.
O QUE QUEREM OS BANCÁRIOS
O QUE OS BANCOS OFERECEM
Reajuste salarial 11,93% (5% de aumento real mais inflação projetada de 6,6%)
Reajuste 6,1% (previsão da inflação pelo INPC) sobre salários, pisos e todas as verbas salariais (auxílio-refeição, cesta-alimentação, auxílio-creche/babá etc)
PLR Três salários mais R$ 5.553,15 Piso R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese) Auxílios-alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional) Melhores condições de trabalho Fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários Emprego Fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aprovação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas Carreira Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários em todos os bancos Auxílio-educação Pagamento para graduação e pós-graduação Prevenção contra assaltos e sequestros Fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários Igualdade de oportunidades Contratação de pelo menos 20% de negros e negras
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PLR 90% do salário mais valor fixo de R$ 1.633,94, limitado a R$ 8.927,61 (o que significa reajuste de 6,1% sobre os valores da PLR do ano passado) Parcela adicional da PLR 2% do lucro líquido dividido linearmente a todos os bancários, limitado a R$ 3.267,88 Adiantamento emergencial Não devolução do adiantamento emergencial de salário para os afastados que recebem alta do INSS e são considerados inaptos pelo medico do trabalho em caso de recurso administrativo não aceito pelo INSS Prevenção de conflitos no ambiente de trabalho Redução do prazo de 60 para 45 dias para resposta dos bancos às denúncias encaminhadas pelos sindicatos, além de reunião específica com a Fenaban para discutir aprimoramento do programa de programa Adoecimento de bancários Constituição de grupo de trabalho, com nível político e técnico, para analisar as causas dos afastamentos Inovações tecnológicas Realização, em data a ser definida, de um Seminário sobre Tendências da Tecnologia no Cenário Bancário Mundial
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Entrevista
Miguel Falcão
Quando o traço e a palavra se harmonizam Lumen Fotos
O cartunista Miguel Falcão, do Jornal do Commercio, encarou o desafio de transformar “Morte e Vida Severina” numa, já premiada, história em quadrinhos
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o próximo dia 9 de outubro, faz 14 anos que o pernambucano João Cabral de Melo Neto encantou-se. Se vivo estivesse, teria 93 anos, completados no último 9 de janeiro. Curiosa coincidência, para um poeta avesso a confessionalismos, acabou entregando-se em confidências ao seu biógrafo. José Castelo, jornalista, crítico literário e escritor carioca, acaba de relançá-la no A Letra e a Voz – Festival Recifense de Literatura, que homenageou João Cabral, e que aconteceu ao longo da segunda
quinzena de agosto, e se encerra dia 2 de setembro, na capital do estado. Por conta das vicissitudes da personalidade do poeta, “O Homem sem Alma” é uma biografia-ensaio e tem duas versões: uma se atém à vida literária de João Cabral, lançada com ele ainda em vida; outra agrega o “Diário de Tudo”, segunda parte do livro lançado em 2006, pela Bertrand Russel – inconfidências do autor. Tudo resultado de 30 horas de conversa e 21 encontros com o poeta, que só aceitou gravar acerca de sua obra, segundo afirma o ensaísta aos jornais locais. O que de pessoal desabafou foi com o gravador desligado, e o escritor se sentiu no direito de acrescentar à primeira versão, depois de morto o poeta. Se existe objetividade na poesia, João Cabral a perseguiu. E é exatamente esta característica do autor, a dureza realista ou a frieza da racionalidade, que encanta e segue fazendo devotos. Um deles, confesso, é o cartunista Miguel Falcão, do Jornal do Commercio. Em 2010, teve seus quadrinhos sobre “Morte e Vida Severina”, desenhado por ocasião dos 50 anos da obra, transformado em animação em 3D tudo por obra e graça da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj)/Ministério da Cultura. Miguel já passou pela equipe de Comunicação do Sindicato dos Bancários, em fins dos anos 80, ainda na primeira gestão cutista – que, aliás, completa
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Entrevista
Miguel Falcão foi indicado em duas categorias para o 18º HQ-Mix: desenhista nacional e edição especial nacional. A animação da história também é finalista do prêmio Japan Prize deste ano, um concurso internacional para mídia educativa. Em 2012, Miguel Falcão lançou o livro “As Charges do Século”, pela MXM Gráfica Editora. Reúne 26 charges de 12 anos de trabalho neste século, publicadas no JC. Uma e outra obra estão à venda da Livraria Cultura. No caso do quadrinho, compra-se o DVD por R$ 10 e leva de brinde o livro, cuja venda a família de João Cabral de Melo Neto não autorizou, conta o autor.
25 anos em novembro de 2013. Filho de Timbaúba, na Mata Norte de Pernambuco, veio para o Recife aos 14 anos. Mas a ligação com o desenho vem de tenra infância, assim como o gosto pela leitura e pela “poesia de macho”, a seu ver tão bem traduzida por João Cabral de Melo Neto. Ou mesmo por seu predecessor, o paraibano Augusto dos Anjos (1884/1914), pré-modernista que viveu no Recife e tornou-se estrela em Leopoldina (MG), de quem recita de cor “As Cismas do Destino”. O quadrinho Morte e Vida Severina
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REVISTA DOS BANCÁRIOS - De onde veio a ideia de desenhar Morte e Vida Severina? MIGUEL FALCÃO - Na verdade, a ideia e o convite foi do Mário Hélio (jornalista e escritor), diretor da Massangana, da Fundaj, em 2005. Quis fazer uma homenagem aos 50 anos de publicação da obra (escrita em 1954-55 e publicada em 1956) para dar de presente de fim de ano a clientes e amigos da editora. REVISTA DOS BANCÁRIOS – Você já conhecia o poema, tinha uma ligação mais afetiva com Morte e Vida Severina ou com o poeta? MIGUEL FALCÃO – Sem-
pre gostei de ler poesia, mas não gosto de poesia melodramática, romanceada, tipo Drummond ou Mário Quintana. Gosto de poesia de macho – da poesia dura, não lírica, da métrica realista. Por isso, João Cabral de Melo Neto e Augusto dos Anjos são meus poetas preferidos... REVISTA DOS BANCÁRIOS – Augusto dos Anjos é pesado... MIGUEL FALCÃO – (risos) O que eu mais gosto dele é “As Cismas do Destino: ‘Recife. Ponte Buarque de Macedo./Eu, indo em direção à casa do Agra,/Assombrado com a minha sombra magra,/Pensava no Destino, e tinha medo!// Na austera abóbada alta o fósforo alvo/Das estrelas luzia... O calçamento/Sáxeo, de asfalto rijo, atro e vidrento/Copiava a polidez de um crânio calvo.//Lembro-me bem. A ponte era comprida/E a minha sombra enorme enchia a ponte/Como uma pele de rinoceronte/Estendida por toda a minha vida! (...)” REVISTA DOS BANCÁRIOS – Ufa! Definitivamente, você tem boa memória. Desenhou Morte e Vida Severina também de memória? MIGUEL FALCÃO – Reli o poema várias vezes, claro. Mas foi um prazer inenarrável desenhar o quadrinho. Pude delirar à vontade... Até porque, Morte e
Entrevista
Miguel Falcão Lumen Fotos
Vida Severina não é só poesia, é uma peça de teatro, é um auto de Natal. REVISTA DOS BANCÁRIOS: Quanto tempo você levou para concluir o quadrinho? MIGUEL FALCÃO – Diz o Mário Hélio que foi 30 dias, mas é exagero. Foram três meses entre a a conversa e a entrega. REVISTA DOS BANCÁRIOS – E como os quadrinhos chegaram a Brasília e à animação? MIGUEL FALCÃO – Foi através da TV Escola, que assim como a Fundaj é do MEC. Eric Monserrat, um dos diretores da TV, viu o quadrinho e entrou em contato. REVISTA DOS BANCÁRIOS – Vimos o desenho animado e o making off da produção. O pessoal da Ozi Filmes encarou um tremendo desafio... É impressionante a semelhança com o quadrinho. Como foi esse processo? MIGUEL FALCÃO – A princípio eu tinha uma expectativa ruim, de ficar uma coisa assim caricatural, com sotaque exagerado, meio Saramandaia (novela de Dias Gomes). Na verdade, como disse lá no making off, a animação deu vida ao quadrinho. Não há transposição de linguagem, é o traço em si, a textura, tudo... Os meninos são profissionais, e como eu exigentes com a qualidade. Estive em Brasília algumas vezes, mas no geral, eles iam fazendo e mandando para eu aprovar. REVISTA DOS BANCÁRIOS – E seu traço não é exatamente simples. Os rapazes tiveram dificuldade com o Severino, por exemplo... MIGUEL FALCÃO – É... o desenho é muito artesanal, não há um único Severino, mas vários, um diferente do outro. Então eles tiveram certa dificuldade para chegar. O primeiro Severino
ficou muito parecido com o Renato Aragão, do Maurício de Souza... Pedi para refazerem e acabaram chegando no ponto certo.
Ela também me dava gibis, eu via muito desenho animado, Hulk, etc e eu desenhava, reproduzia os desenhos dos gibis. Começou assim. Sou autodidata total.
REVISTA DOS BANCÁRIOS – Quando você descobriu que podia desenhar? MIGUEL FALCÃO – Não descobri, não... Desde que eu me lembro eu estou desenhando. Perdi meu pai muito cedo, sou o caçula de quatro irmãos – dois meninos e uma menina. Meus irmãos iam passar os fins de semana na casa de praia dos tios, em Ponta de Pedra, e eu ficava em casa sozinho com minha mãe, que também costumava me levar para o trabalho dela, no Cartório. Lá, ela me dava papel e lápis para eu ficar quieto.
REVISTA DOS BANCÁRIOS - Mas o trabalho profissional veio cedo, também? MIGUEL FALCÃO - Aos 14 anos, quando vim para o Recife, já ganhava alguns trocados com meus desenhos. Depois, fui para Nova York e, de volta, cursei Design na UFPE. Em 1989 fui trabalhar no Jornal do Commercio, com o Libório (da equipe de Comunicação do Sindicato), que acabou me apresentando ao Sindicato dos Bancários. Sempre trabalhei como ilustrador e chargista, pois em diagramação sou um desastre. REVISTA DOS BANCÁRIOS 9
Moradia
Bruna Monteiro
Cidadania
RESISTÊNCIA
no coração da cidade
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Cidadania
Moradia
Movimento Coque (R)Existe une 25 entidades, de dentro e de fora da comunidade, em defesa do direito de moradia
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ennifer Borges, arquiteta, estudante de doutorado da Universidade Federal de Pernambuco; Cristina Gouveia, também arquiteta, integrante do Grupo Direitos Urbanos; Luana Varejão, advogada e membro do Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH); João Vale, Maria Peixoto, Chico Ludermir, jornalistas, integrantes da Rede Coque Vive; Cleiton Barros, pedagogo do Neimfa (Núcleo Educacional Irmãos Menores de São Francisco de Assis); Rildo Fernandes, líder comunitário e integrante do Ponto de Cultura Esperança do Coque... essas são apenas algumas das centenas de personagens que se uniram no coração do Recife em defesa do direito à moradia e por uma nova forma de pensar a cidade. O movimento Coque (R)existe uniu mais de 25 organizações, de dentro e de fora do bairro, em uma articulação que cada vez mais se firma como símbolo da resistência às remoções, forçadas pelos grandes empreendimentos e pela especulação imobiliária. Em foco, uma comunidade que há mais de 40 anos é vítima da expulsão de seus moradores.
Dona Chica: “Meu sonho é aqui. Minha vida é aqui”
A rede, que inicialmente fora pensada para se contrapor ao projeto de instalação de um Polo Jurídico na região, acumula vitórias e batalhas. Comemora, por exemplo, o anúncio feito pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que devolverá, para a comunidade, o terreno que havia sido doado ilegalmente pela Prefeitura. A entidade instalará sua sede em outro espaço, fora da comunidade. A batalha mais imediata é, agora, contra a remoção de 58 famílias, que já receberam ordens para desocupar o lugar por conta de obras viárias que compõem o projeto do Terminal Integrado de Joana Bezerra. “O que nós queremos é uma transformação na relação do poder público com os moradores de comunidades populares, que priorize os direitos humanos e fundamentais”, afirma o jornalista Chico Ludermir, do CoqueVive. Minha casa é meu palácio Entre as famílias que estão ameaçadas de remoção está a de Dona Chica, que há 37 anos mora no Coque – 22 deles na atual casa. “Eu gastei muito nessa casa.
Ela não tinha nada. Eu juntava latinha, fazia faxina e o dinheirinho que sobrava, eu colocava aqui. Minha casa é o meu palácio, meu castelo. Meu sonho é aqui, minha vida é aqui, meu lugar é aqui”, afirma, em vídeo produzido pelo movimento Coque (R)existe. Assim como ela, Dona Josedete lembra que, quando recebeu a casa, não havia reboco, o piso era grosso, sequer havia fechadura nas portas. Em 24 anos, ela melhorou o seu lar. Hoje, tem a saúde debilitada e já precisou passar por várias cirurgias. Ânimo para recomeçar não há. Mas sobra garra para brigar em defesa de seu único bem: “É tudo o que eu tenho: minha casa e meus filhos. Que utilidade pública é essa que passa por cima das pessoas? Utilidade pública para quem? Pras empresas de ônibus? Pro turista que vem aqui só na Copa?”, questiona a moradora. Um ato realizado em frente à sede provisória do Governo do Estado, no Centro de Convenções, garantiu a realização de duas reuniões com o secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar. Na mais recente, conseguiram um prazo de 15 dias para elaborar uma proposta alternativa. Interesse social Está no artigo 4 da Lei 16.113, de 1995, que dispõe sobre o Plano de Regularização das Zonas Especiais de Interesse Social (Prezeis). Entre os princípios do plano estão: adequação da propriedade à sua função social; priorização do direito de moradia sobre o direito de propriedade; implementação de infraestrutura básica, serviços, equipamentos comunitários e habitação de acordo com as necessidades socioeconômico-culturais; inibir a especulação imobiliária, evitando o processo de expulsão dos moradores. A lei é uma conquista, que serve de referência. Fruto de um longo processo de REVISTA DOS BANCÁRIOS 11
Cidadania
Moradia
organização das lideranças comunitárias. No Recife, existem 61 áreas Zeis – o que corresponde a 13% da cidade e quase 40% da população. No entanto, segundo dados do Coque (R)Existe, nos últimos 10 anos, R$ 19 milhões do fundo Prezeis foram gastos em melhorias nestas áreas. Por outro lado, só com a ampliação do viaduto Capitão Temudo foram gastos R$ 40 milhões e outros R$ 20 milhões foram investidos na ampliação do Terminal Integrado. A arquiteta Jennifer Borges, em sua tese de doutorado, pesquisa a utilização das terras da União. Para ela, o Coque é emblemático de como empreendimentos públicos vem respaldando os privados e reforçando a exclusão. “O direito à moradia e à qualidade de vida dos moradores são desconsiderados e as áreas que deveriam ser protegidas são entregues a fluxos de interesses empreendedores”, critica. Quarenta anos de expulsões Para os moradores, a história de vida no bairro se une a uma trajetória de expulsões
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e resistência. “Desde a década de 60 nos expulsam do Coque. Isso era tudo maré. Tudo o que temos aqui – rua asfaltada, água, energia – foi fruto de muita luta”, lembra Rildo Fernandes, que tem mais de 30 anos de trabalho comunitário no Coque. Desvio do rio Capibaribe na década de 60, construção do viaduto em 1978... a cada nova obra, centenas de famílias expulsas. “Em 1982, quando fizeram o metrô, a gente resistiu – fizemos atos, reuniões e até paralisamos as obras. Conseguimos evitar as expulsões com construção de casas e doação de lotes no próprio local. No ano seguinte, conseguimos evitar a construção de um shopping”, lembra Rildo. Mas em 1999, eles não puderam evitar as remoções na construção do Fórum Rodolfo Aureliano. Segundo o superintendente do Patrimônio da União em Pernambuco, Paulo Ferrari, em 1979, a União, proprietária das terras, fez um contrato de aforamento transferindo a área ao município para que fossem realizadas obras de infraestrutura urbana. “Mas a destinação de áreas para terceiros é de competência
exclusiva da União. O Fórum e a AACD, por exemplo, foram construídos fora do contrato”, afirma. Em 2002, novas remoções – desta vez, por conta da construção das alças do viaduto. E, desde o ano passado, com a iminência da Copa, novas ameaças se acumulam. No final da gestão passada, a Prefeitura concedeu terrenos do Coque para construção de um Polo Jurídico e o pior: liberando qualquer contrapartida. A construção, pelo governo, do Terminal Integrado de Passageiros e as obras no canal Ibiporã, encampadas já nesta nova gestão da Prefeitura, já deixaram várias famílias desabrigadas. “O único investimento político que se faz aqui no Coque é pra tratar de desapropriações e indenizações. Não se discute saúde, educação, saneamento...”, questiona Cleiton Barros, morador do Coque e professor do Neimfa. “Só quero um cantinho” Maria Grináuria é um exemplo do desrespeito com que são tratados os moradores. Com 87 anos, ela tinha um barraco na beira do canal. Recebeu pouco mais de R$
Cidadania
Sandokan Xavier
4 mil e teve que sair para realização das obras no canal. Agora, continua morando em condições vulneráveis e, todo mês, precisa pagar aluguel. Para a equipe do Coque (R)Existe, em gravação de mais um vídeo, Maria declarou: “A gente disse, na reunião: - E se a gente ganhasse a casa? Mas eles disseram que não tinha mais tempo, porque tinha muita gente. Se os homens resolvessem dar um cantinho pra mim, era melhor... Se dissessem assim: - Vamos lá, na casa da velhinha, dar um cantinho pra ela... era bom. Eu tô esperando né?” Como Maria Grináuria, muitos outros esperam. Nos Coelhos, por exemplo,
a população esperava há anos por um conjunto habitacional que nunca ficava pronto. Enquanto isso, iam se virando em habitações precárias. Veio mais um incêndio e derrubou tudo. “É um exemplo da ausência de políticas públicas para resolução do problema das habitações em áreas de risco e vulnerabilidade. As pessoas deveriam ser contempladas com moradias decentes, não para liberar o terreno para construção de obras, mas para garantir qualidade de vida à população”, afirma Jennifer. No entanto, em várias partes da cidade, a situação se repete: indenizações irrisórias, conjuntos habitacionais cuja
Moradia
construção se estende por anos, falta de diálogo com os moradores, pagamento de auxílio-moradia muito abaixo do custo de um aluguel. Interesse público Como argumento para as remoções, alega-se o interesse público da obra. No caso do Coque, o acesso ao Terminal Integrado de Passageiros de Joana Bezerra. O problema, segundo os integrantes do Coque (R)Existe, é que todo processo foi feito de forma errada, sem diálogo com a população e desconsiderando o fato de que a área é uma Zeis. “O Plano Diretor do município e a Lei Municipal 17511, de 2008, exigem o Estudo de Impacto Ambiental e de Vizinhança, como elemento obrigatório para o licenciamento de obras de grande impacto. Isso não foi feito”, denuncia Luana Varejão, advogada, do CPDH. Para a arquiteta Cristina Gouveia, a obra teria de ser amplamente discutida, não apenas com os moradores, mas com entidades como o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) e IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil). “A exigência do Estudo de Impacto está, não apenas no Plano Diretor e na lei municipal de licenciamento, como também em Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente. No caso da construção do terminal, infelizmente, as obras já começaram. Mas, no que se refere às obras de adequação viária para acesso, é possível paralisar e realizar a obra da melhor forma, sem que o direito de ir e vir se sobreponha ao direito à moradia”, opina Cristina. Junto com os moradores ameaçados de remoção, o movimento Coque (R)existe protocolou treze cartas em diversas secretarias do governo do Estado, nas Defensorias Públicas da União e do Estado e no Ministério Público de Pernambuco, requerendo interrupção imediata do processo. Também ingressou com representação na promotoria de habitação e urbanismo do Ministério Público requerendo abertura de um inquérito civil. REVISTA DOS BANCÁRIOS 13
Cultura
Dicas
BIENAL
Encontro de leitores
divulgação
A Bienal Internacional do Livro de Pernambuco chega a sua nona edição. Entre os dias 4 e 13 de outubro, leitores, escritores, livreiros, editores e distribuidores se reúnem no Centro de Convenções. A Bienal, cujo tema será “Literatura, Futebol e Identidades Nacionais”, promete muitos debates, lançamentos, bate-papos, apresentações culturais e oficinas literárias. Confira em www.bienalpernambuco. com. Na programação da plataforma de lançamentos, a jornalista e escritora Fabiana Coelho, da equipe de comunicação do Sindicato, relança seu livro “O Menino Balão”, ilustrado por Libório Mello. O lançamento será às 11h50 do dia 5 de outubro.
Delícias da Comunidade divulgação
Pra quem gosta de boa comida, a dica é o festival gastronômico “Delícias da Comunidade”. Este ano, o festival acontece em três polos: Bomba do Hemetério, Brasília Teimosa e Santo Amaro. Mais de quinze bares e restaurantes mostram o que têm de melhor em sua cozinha. Entre os estabelecimentos participantes estão o Espetinho da Ceça e o Bar da Geralda, na Bomba do Hemetério; Bar do Cabo e Caçarola, em Brasília Teimosa; e Bar da Marluce e Beca Bar, em Santo Amaro.
CDs
RECOMENDADOS Samba Matuto
Recém saído do forno, o primeiro CD do Conjunto Regional Samba Matuto une várias vertentes do samba e regrava músicas pouco conhecidas do público. Conta com a participação de vários convidados, entre os quais Walgrene Agra e Maestro Spok.
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Júlio Morais
Também lançado esse mês, o disco de estreia do cantor e compositor Júlio Morais tem o amor como mote. “Para que você me veja” é composto por dez faixas e está disponível para download gratuito no site www.amusicoteca.com.br.
Bancário Artista arquivo pessoal
Cultura
HEDER JUDSON
Fera na batida
O bancário do Bradesco já recebeu convite para ser músico profissional. Mas sempre preferiu manter sua arte como um hobby
Q
uando Heder começou a tocar bateria na banda da Igreja, para substituir temporariamente o músico anterior, não sabia que sua relação com o instrumento se estenderia por tanto tempo. Lá se vão 14 anos: ele estudou, se aperfeiçoou e até recebeu convite para tocar profissionalmente. Mas prefere manter com a música uma relação apenas afetiva. Contudo, embora se mantenha na banda da Igreja Batista de Belém de São Francisco, não descarta participar de outros grupos, de jazz ou de rock. Heder Judson Santos da Silva é bancário do Bradesco desde 1987. Começou na agência Recife Centro, passou por Aracaju e hoje é gerente de PAA (Posto de Atendimento Avançado) em Belém do São Francisco. Mas sua relação com a música é bem mais antiga. Vem de berço.
E sempre relacionada à religião. Seu avô tocava sax. Seu pai tocava clarinete e era regente do coral da igreja. Aos 8 anos de idade, sua mãe o mandou para a Escola de Música. Heder aprendeu a ler partitura e tocar piano. Também cantava no coro da igreja. Mas, durante os ensaios, não tirava os olhos do baterista, observando cada um dos seus movimentos. Quando o músico saía e o instrumento ficava vago, ele aproveitava e experimentava tocar. “Um dia ele anunciou que não ia mais poder tocar e a pessoa que sabia mais de bateria no resto do grupo era eu. Fiquei provisoriamente, só pra tapar o buraco enquanto conseguiam outro. Acabei ficando”, conta. Mas, para isso, Heder se dedicou. Durante dois anos, estudou no Conservatório Pernambucano de Música, onde foi aluno do instrumentista Jediel Dutra. “Foi meu grande mestre. Quando terminei, ele chegou a me perguntar se eu queria tocar profissionalmente. Respondi que não”, lembra Heder. É que o bancário e artista prefere manter com a música uma relação apenas afetiva. Não significa que ele não queira tocar também fora da igreja. Pelo contrário. “Tenho muita vontade de ter um grupo de jazz ou de rock para tocar fora do meio secular, como hobby, não como ofício. Faltam apenas os parceiros”, diz o baterista. Independente desta vontade, ele segue mesclando seu talento e sua fé. Junto com a banda da igreja, já participou de vários eventos e fez inúmeras apresentações. No meio religioso, segundo ele, as bandas tocam tudo: do caboclinho ao rock progressivo. Mas o ritmo mais comum é o pop rock. REVISTA DOS BANCÁRIOS 15
Turismo
Conheça Pernambuco
Paudalho
Onde história e religião se misturam
E
stá aberta a temporada de romaria a Paudalho. É assim todo mês de setembro, quando os devotos chegam à cidade para visitar a capela de Nossa Senhora da Luz, no Engenho Ramos, fazer promessas ou agradecer graças alcançadas pela intermediação de São Severino dos Ramos. A sala de ex-votos guarda peças diversas depositadas pelos fiéis em pagamento das promessas. A movimentação de romeiros vai até janeiro, quando se celebra São Sebastião. É a festa mais movimentada da cidade, que também tem como ponto de interesse do turismo religioso as ruínas do Mosteiro de São Francisco, histórico por refugiar religiosos à época da ocupação holandesa em Pernambuco. Marcado pela História, Paudalho nasceu, oficialmente, em 3 de abril de 1893, mas a exploração daqueles sítios
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começou em fins do século XVI, com o corte do Pau Brasil em suas florestas. O nome Paudalho vem de uma árvore secular, comum na margem direita do Capibaribe, e que, ao ser cortada, exalava o cheiro semelhante ao alho: o pau d’alho. O aldeamento indígena organizado pelos padres franciscanos, na margem esquerda do rio, sinalizou a ocupação organizada das terras, e recebeu o nome de Miritiba (corruptela de mbiri-tyba, em tupi, ou juncal). Lá nasceu Poti, o índio batizado Felipe Camarão, herói da luta contra a ocupação holandesa. Paudalho, a exemplo de outros municípios da região, cresceu sob o impulso do cultivo da cana-de-açúcar. A vocação desenhou-se desde os primórdios: já em 1630, instalou-se o primeiro engenho, o Mussurepe e, na primitiva aldeia indígena, o Engenho Aldeia, em 1660. O povoado de Paudalho surgiu em torno do engenho de mesmo nome. A cidade está a pouco mais de 36 quilômetros do Recife, entre Camaragibe, Carpina e Tracunhaém e sua localização à margem da BR 408, que liga a capital do estado à Mata Norte, facilita o acesso. A alternativa para quem vai do Recife é pegar a PE 27, Estrada de Aldeia por Camaragibe, onde, no Km 14, já no município, fica o Clube de Campo dos Bancários. Com 51 mil habitantes no distrito sede e povoados - de Pirassirica, Chã da Cruz, Guadalajara e Rodrízio - Paudalho tem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,670 , o que situa o município como o 34º no ranking nacional. A apenas 69 metros de altitude, o clima é tropical, com temperaturas mais amenas no outono-inverno e verão seco.