DOS
Revista Bancários Ano IV - Nº 41 - Abril de 2014
Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco
www.bancariospe.org.br
DITADURA NUNCA MAIS Há 50 anos, teria início um dos períodos mais sombrios da história de nosso país: a ditadura militar. Durante 20 anos, o silenciamento de toda oposição ao regime vigorou às custas de tortura, assassinatos, repressão, intervenção e censura. O regime mudou. Os militares deixaram o poder. Mas os criminosos não foram punidos. A tortura e assassinato permanecem vivos em prisões e favelas. E ditaduras existem muitas. A do trabalho é uma delas, que escraviza, adoece e desumaniza.
Editorial
Ciclos que não se fecham Na história do Brasil, há ciclos que não se fecham e transições que não se completam. A independência do Brasil e a abolição, por exemplo, não se deram a partir da própria colônia ou dos movimentos abolicionistas. Apesar de todo processo de resistência que abriu terreno para eles, ambos vieram como decreto do império. Não houve ruptura e, por isso, vários legados permaneceram na cultura e política brasileiras. Permaneceu o coronelismo, com latifundiários decidindo sobre a vida e a morte de nossa população rural. Como se fossem ainda os herdeiros das capitanias hereditárias – amigos do rei a quem coube Abril é tempo um pedaço daquelas terras. Permanede lembrar as ceu o modelo patriarcal, de senhores vítimas da donos da terra, dos escravos e das ditadura mulheres. Permaneceram a exclusão militar e de e segregação dos negros. lembrar as A ditadura militar é outro ciclo que vítimas da ainda carece de ser fechado. Mais uma ditadura do vez, a transição foi feita como uma trabalho. espécie de concessão. Apesar dos protestos pelas Diretas Já, não houve eleições gerais, mas um colégio eleitoral decidiu quem deveria assumir o poder. Os que torturaram, mataram e ocultaram cadáveres sob o manto do Estado não foram punidos. E a herança destes tempos sombrios permaneceu. Nas prisões, nos manicômios judiciários, nas favelas – onde a população pobre, sobretudo negra, continua sendo assassinada e torturada por policiais e milícias. No ano em que o Golpe Militar completa meio século, a Revista dos Bancários conversou com o diretor do Sindicato e secretário de Políticas Sociais da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Expedito Solaney, que coordena a Comissão Nacional Memória, Verdade e Justiça da Central. Se o mês de abril é tempo de lembrar as vítimas da ditadura militar, é também tempo de lembrar as vítimas da ditadura do trabalho. Esta edição da revista traz à tona histórias lamentáveis de bancários que viram sua mente sucumbir diante das pressões das empresas. E traz, por outro lado, histórias de bancários que foram buscar na atividade esportiva um contraponto para estas tensões.
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Índice Entrevista: Expedito Solaney
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Uma pausa para o treino
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Almas que gritam
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Vitória dos Internautas
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Dicas de Cultura
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Bancário Artista
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Conheça Pernambuco
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/bancariospe
Revista Bancários DOS
Opinião
Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco Redação: Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00 Fone: 3316.4233 / 3316.4221 Correio eletrônico: imprensa@bancariospe.org.br Sítio na rede: www.bancariospe.org.br Presidenta: Jaqueline Mello Secretária de Comunicação: Anabele Silva Jornalista responsável: Fábio Jammal Makhoul Conselho editorial: Anabele Silva, Geraldo Times, Jaqueline Mello e João Rufino Redação: Fabiana Coelho, Fábio Jammal Makhoul e Wellington Correia Diagramação: Studio Fundação Design & Editorial Foto da capa: Montagem sobre foto do acervo do Instituto Vladimir Herzog Impressão: NGE Gráfica Tiragem: 11.000 exemplares
Entrevista
Expedito Solaney
Cinquenta anos de Golpe INSTITUTO VLADIMIR HERZOG
“Impunidade dos algozes se traduz na perpetuação da tortura e assassinato por parte de nossa Polícia”
1969: Gastone Beltrão, alagoana de Coruripe, militante da Juventude Estudantil Católica e da resistência ao regime militar; seu cadáver revelava 34 lesões, na maioria tiros, mas também facada, marca de disparo à queima-roupa, fraturas, ferimentos e equimoses. 2014: Cláudia Ferreira da Silva, auxiliar de serviços, 38 anos, moradora do Morro da Congonha no Rio de Janeiro. Morta durante operação policial na favela, foi colocada dentro do porta-malas, que abriu e ela foi arrastada por 350 metros do lado de fora do carro da polícia. 1970: Olavo Hansen, operário paulista,
militante do movimento sindical. Preso e morto, após sofrer queimaduras, choques elétricos, palmatória nos pés e nas mãos, espancamentos, pau-de-arara e afogamentos. 2013: Amarildo Gomes, pedreiro, pai de sete filhos, morador da favela da Rocinha. Depois de vários dias desaparecido e de ampla campanha nas redes sociais, descobriu-se que ele foi morto na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), após sofrer asfixia, choque elétrico e afogamento. A distância entre os crimes é de quase meio século. No entanto, o modo como eles acontecem é muito semelhante. A tortura e os assassinatos ainda ocorrem nas favelas e prisões e, para o diretor do Sindicato Expedito Solaney, são frutos da impunidade daqueles que, sob o manto do estado, mataram, torturaram, estupraram, ocultaram cadáveres. Nas últimas semanas de março, a Comissão Nacional da Verdade escutou depoimentos de alguns algozes do período militar, entre eles o coronel reformado Paulo Malhães. Com frieza e sem demonstrar arrependimento, ele descreveu com detalhes os métodos da repressão na chamada Casa da Morte, em Petrópolis, Rio de Janeiro. A seu favor, ele conta com a Lei de Anistia que, no parágrafo primeiro do primeiro artigo, REVISTA DOS BANCÁRIOS 3
Expedito Solaney
igualou os que combateram o regime aos que cometeram crimes de lesa-humanidade sob o manto do Estado, estendendo a todos o perdão. No dia 18 de março, um Tribunal Simulado, organizado pelos movimentos sociais, sindicais e populares, condenou este trecho da Lei e pediu punição para os assassinos e torturadores. Solaney é secretário de Políticas Sociais da CUT e coordenador da Comissão Nacional Memória, Verdade e Justiça da Central. Nesta edição de abril de 2014, quando o fatídico golpe militar completa 50 anos, ele fala sobre os trabalhos das comissões da verdade, sobre a Lei da Anistia e sobre as heranças terríveis da ditadura. JORNAL DOS BANCÁRIOS – Fala um pouco sobre a Comissão Nacional Memória, Verdade e Justiça da CUT, que você coordena. Expedito Solaney – A comissão da CUT tem um objetivo, primeiro, que é fazer o resgate da memória histórica dos sindicatos e dirigentes sindicais de nossa base. Evidentemente que a CUT nasceu em 1983, já nos estertores do regime, mas um número considerável de sindicatos que hoje compõem nossa base sofreram intervenção, inclusive o Sindicato dos Bancários de Pernambuco, que no dia do golpe teve sua diretoria destituída. JB – E como andam os trabalhos? Solaney – Temos já muita coisa catalogada dos 400 sindicatos que sofreram intervenção no dia do golpe, além de federações e confederações. Temos também um grupo de acompanhamento na Comissão Nacional da Verdade, que tem 11 pontos orientadores. E nós, da Comissão Memória e Verdade da CUT estamos contribuindo. Nosso trabalho é um pouco diferente do da Comissão da Verdade., que tem um prazo de existência e precisa apresentar relatório agora em dezembro. Nossa atividade, entretanto, continua, embora a gente pretenda entregar um relatório durante o Congresso
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MARCELO CAMARGO / ABR
Entrevista
ATO NO RJ LEMBRA OS 50 ANOS DO GOLPE
Nacional da CUT, que acontece em 2015, com a perspectiva de que esse material se transforme em uma publicação. Nosso trabalho tem também o objetivo da reparação – tanto material quanto subjetiva: um pedido de desculpas, por parte do Estado, às famílias de trabalhadores que sofreram com a repressão, além do pagamento de indenizações. JB – E com relação à Comissão Nacional da Verdade? Solaney – Há uma expectativa de que os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade culminem com um relatório substantivo, que revele à sociedade os crimes que ocorreram naquele período – assassinatos, torturas, desaparecimentos... crimes de lesa-humanidade. A comissão tomou muitos depoimentos, ouviu muita gente nestes quase dois anos desde que foi instituída. Muitos relatórios também já foram apresentados de tudo o que foi feito até agora. Nossa preocupação é com o relatório final e as recomendações. No princípio, nos preocupamos porque o número de integrantes e o prazo estabelecido eram muito pequenos para o tamanho da tarefa. Este prazo foi ampliado, de maio para dezembro. A etapa de depoimentos deve se encerrar agora em maio ou junho para que se possa juntar todo este material e elaborar o relatório. Recentemente, foram
ouvidos os algozes da Casa da Morte, em Petrópolis, no Rio de Janeiro – que deram detalhes cruéis sobre o modus operandi da repressão, a ocultação dos cadáveres, entre outros fatos. Nossa expectativa agora é que o relatório final, em suas recomendações, culmine com a instauração de um inquérito por parte do Ministério Público e que, com base no Código Penal, os culpados de crimes de lesa-humanidade sejam punidos. JB – Mas isso esbarra na Lei da Anistia... Como podem estes crimes não ficar impunes diante das últimas decisões sobre esta Lei? Solaney – Tivemos recentemente, no Tuca (Teatro da Universidade Católica de São Paulo), o julgamento simulado “Tribunal Tiradentes III”, não da lei como um todo, mas do parágrafo primeiro do primeiro artigo da lei, que trata dos crimes cometidos pelo regime. A Lei da Anistia foi uma grande conquista. Mas os militares, ao sentirem que o regime estava se esgotando, trataram de colocar no corpo da lei este artigo sobre crimes conexos. Por meio dele, iguala-se os atos de resistência ao regime aos crimes de lesa-humanidade cometidos sob o manto do Estado – a tortura, o assassinato, a ocultação de cadáveres... No entanto, o STF, na época o Ministro Eros Grau, de forma muito conservadora, considerou estes crimes como conexos, ou seja, anistiou os
Entrevista
Expedito Solaney
ROBERTO PARIZOTTI
dos que cometeram crimes no regime militar. Aqui, aconteceu diferente. Não houve ruptura, não houve governo eleito, mas um governo indicado por um colégio eleitoral. E tudo continuou como antes no Quartel de Abrantes. A Comissão da Verdade só foi instituída vários anos depois e nenhum dos criminosos foi punido. E nossa Polícia Militar seguiu com a mesma política, da Escola Superior de Guerra, segundo a qual qualquer civil é suspeito e as informações devem ser extraídas mediante a tortura. Hoje, as delegacias de polícia, os presídios, os manicômios judiciários... todos torturam. E eu não tenho dúvidas de que a impunidade dos militares é determinante nisso, bem como na forma como é tratada a nossa população mais pobre e negra.
dois: vítimas e algozes. Recentemente, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, ao condenar o Brasil no caso do Araguaia, também sugere a retirada dos impedimentos legais à punição dos crimes cometidos pelo regime militar. No Tribunal simulado que realizamos semana passada, este parágrafo da Lei da Anistia foi condenado e a sentença foi entregue à Maria Rita Kehl, da Comissão Nacional da Verdade. Também já existe um projeto circulando na Câmara, da deputada
Luíza Erundina, propondo a retirada deste parágrafo. JB – Até que ponto essa sensação de impunidade dos algozes acabou perpetuando a forma de ação da ditadura em nossa Polícia? Solaney – Em outros países, como a Argentina por exemplo, já na abertura, com o fim do regime militar, garantiu-se a anulação desta autoanistia e a punição
JB – Tem havido em alguns países, inclusive no Brasil, um ressurgimento do discurso de extrema-direita, inclusive com marchas, como a Marcha da Família, que pedem o retorno dos militares. Como você avalia este cenário? Solaney – É preocupante, embora a gente saiba que isso é muito residual e está contaminado com as eleições que se aproximam. Dilma foi uma das resistentes ao regime, que foi presa e torturada. E é candidata à eleição. Então, defende-se os militares como uma forma de atacar Dilma. Mas o que não é de
FERNANDO FRAZÃO / ABR
A FORMA DE REPRESSÃO NAS FAVELAS É HERANÇA DA DITADURA
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Entrevista
Expedito Solaney
se admitir é que o Estado de Direito de que a gente fala tanto - o Ministério da Justiça, o Ministério da Defesa – admita esse tipo de coisa, que incita a quebra da ordem democrática e faz apologia a símbolos nazifascistas. Não se trata de um movimento de oposição ao governo. Isso é crime, não poderia ser admitido pelo Estado. E é preocupante, sobretudo em uma América Latina que tem um histórico recente de ruptura da ordem democrática, como aconteceu em Honduras e Paraguai e vem acontecendo na Venezuela. Felizmente, a sociedade como um todo não tem apoiado este tipo de retrocesso. JB – Estas marchas tem se apoiado muito no discurso anticorrupção. As comissões tem pesquisado também sobre a existência da corrupção no regime militar? O que já se sabe sobre isso? Solaney – Sim. Há uma parte dos grupos de trabalho que vem investigando a participação das empresas no golpe e na sustentação política do regime. As grandes obras, como Itaipu e Transamazônica, tinham relação direta com os grandes grupos econômicos de empreiteiras, com corrupção, com favorecimentos, com a iniciativa privada se apropriando do Estado, e isso de forma avassaladora. O próprio Estado serviu à iniciativa privada com a Lei do Arrocho Salarial. Nunca houve tanta concentração de renda quanto durante o regime militar. Somente agora a gente está recuperando o índice de Gini que tinha antes do golpe. Este índice mede o nível de concentração de renda. Quanto mais próximo de zero, mais igualitária é a sociedade. E naquela época, subiu de 0,50 para 0,63. Então, a gente tem uma geração inteira que pagou muito caro com a relação de colaboração entre as grandes empresas nacionais e multinacionais e o Estado. As grandes obras foram realizadas sem nenhum tipo de licitação ou de controle externo. Não havia as ferramentas de denúncia e de controle que se tem hoje, como a Lei de Licitação ou a Lei 8.666, para
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SINDICATO PARTICIPA DE ATO NO MONUMENTO TORTURA NUNCA MAIS
garantir que não houvesse favorecimento na realização de grandes obras que eram, também, realizadas sem qualquer tipo de segurança no trabalho. Por sob os cimentos de Itaipu e da Ponte Rio-Niterói, por exemplo, há muitos trabalhadores sepultados. Então, existe uma relação de corrupção, de patrimonialismo – com o Estado a serviço da iniciativa privada, inclusive arrochando salários e garantindo a concentração de renda nas mãos de uns poucos. JB – Pra que tudo isso seja silenciado, há também uma relação de colaboração entre o regime e a mídia... Solaney – Essa foi ainda mais conivente do que se podia imaginar... Os carros da Folha de São Paulo serviam de camburão para levar militantes e ativistas aos militares. Os jornais eram absolutamente todos pró-regime, faziam a campanha das iniciativas do regime, como “Pra frente Brasil” e por aí vai... E, obviamente, tinham suas recompensas. A família Marinho, com as organizações Globo, tinha três emissoras no início do governo militar – no Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Termina o regime com vinte emissoras, cobrindo quase a totalidade do país. E não foi diferente com o SBT, TV Manchete e outras. Os jornais, também, todos eram pró-regime. Logo depois do AI-5, alguns chegaram a manifestar
alguma crítica. Mas logo se adequaram e continuaram a beijar as botas dos militares. Nada tão diferente dessa mídia que temos hoje. Nós temos um monopólio dos meios de comunicação nas mãos das mesmas famílias, que foram privilegiadas ao longo de todo o regime militar e não querem perder nenhum tipo de poder e instituem uma espécie de ditadura da comunicação. JB – Então, vivemos com a mesma mídia, vinculada aos mesmos interesses do período militar. O que nos diferencia hoje? Solaney – A diferença é que temos uma democracia, com eleições regulares e um mínimo de liberdade de expressão. Nós podemos ter nossos jornais sindicais, nossos jornais alternativos... nós podemos falar mal do governo, fazer oposição... Mas a forma como a mídia faz oposição ao governo de hoje é muito semelhante à forma como ela manifestava seu apoio ao regime militar, porque ela representa os interesses de um grupo econômico que sempre ganhou com aquele regime e não pretende perder nada. Então, esse é um debate essencial quando se quer avançar na consolidação de um governo democrático popular: a regulamentação dos meios de comunicação, a criação de uma TV Pública de qualidade, a democratização das concessões de rádio e TV.
Contra o estresse LUMEN FOTOS
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FELIPE AUGUSTO / BRADESCO
Uma pausa para o treino
Bancários buscam os esportes como contraponto à rotina estressante dos bancos
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etas, insegurança, falta de funcionários. A rotina estressante do trabalho nos bancos tem desencadeado uma série de doenças ocupacionais. O trabalho repetitivo, a pressão e a exposição a jornadas diárias exaustivas têm consequências danosas à saúde física e mental dos trabalhadores do sistema financeiro. Contrariando essa lógica perversa, bancárias e bancários têm procurado, na prática esportiva, uma alternativa para aliviar o estresse, cuidar da saúde, manter o corpo em forma e a mente “sana”. Como consequência, melhorar a qualidade de vida. Agora em abril, quando se realiza a terceira edição dos jogos do Sindicato, nos dias 26 e 27, a Revista dos Bancários foi buscar alguns exemplos de trabalhadores que conseguem se desdobrar entre a rotina do banco e o prazer da prática de esportes.
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ARTES MARCIAIS Faixa preta em Karatê e Taekwondo, Wilker Bezerra pratica artes marciais desde os sete anos de idade. No início, mais por imposição da mãe do que por vontade própria. “Na verdade foi minha mãe quem me levou, forçado. Eu não queria não. Comecei treinando judô mas, com três meses, parti pro karatê”, explica Wilker. Órfão de pai ainda criança, Wilker encontrou no karatê uma lição de vida. “Eu tive um mestre chamado Tanaka que me passou muita coisa. Foi meu referencial de figura masculina, porque meu pai tinha morrido muito cedo. Quando eu era criança, minha mãe me enchia de coisa para que eu não ficasse na maloqueiragem: karatê, música... só para eu ocupar o tempo. Então comecei treinando, tomei gosto e cheguei a ser campeão brasileiro de karatê no início dos anos 90”, revela o bancário. VÁLVULA DE ESCAPE Ao contrário de Wilker, Rosana Cavalcanti, empregada da Caixa há 13 anos, iniciou-se na prática esportiva por vontade própria. Aos dez anos de idade, começou a jogar vôlei de quadra. Depois, passou a praticar também outras atividades: vôlei de areia, pedalada, windsurf, mergulho. Isso sem falar na malhação. Atualmente, Rosana joga vôlei duas vezes na semana e, nos finais de semana, ainda joga na praia. Faz academia às segundas, quartas e sextas, e pedala os domingos. Além de jogar no time de vôlei da Caixa e no time máster de uma instituição privada de ensino. “Eu faço porque realmente me ajuda muito. Você trabalha no banco e é aquela agonia que a gente vive todo dia. Aí, no jogo, você disputa, grita, se diverte. É uma válvula de escape para as tensões do cotidiano. Eu me sinto muito bem quando pratico atividade física. É por isso que continuo fazendo”, expressa Rosana.
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THALES DE ARAÚJO / BANRISUL
CONCENTRAÇÃO E ESTRATÉGIA Outro que descobriu o esporte ainda criança foi Felipe Augusto Melo, funcionário do Bradesco há três anos e dois meses. Segundo Felipe, a descoberta do tênis de mesa aconteceu quando ele tinha cerca de 12 anos, na casa de praia da família. “Lá, tinha uma mesa e meus primos mais velhos começaram a jogar. Eu comecei a observar e treinar com eles, principalmente na época de férias. Depois, comecei a me aperfeiçoar. Notei que tinha talento para o esporte e comecei a participar de alguns torneios no colégio e a ganhar competições interclasse”, lembra o bancário. Para ele, o tênis de mesa ajuda na concentração, porque é um jogo de estratégia, paciência e agilidade. “É um esporte que trabalha tanto meu lado emocional quanto físico. Muito do que eu
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Contra o estresse
pratico no tênis de mesa ajuda no meu trabalho que também requer muitas dessas coisas”, conta Felipe. SAÚDE E SUPERAÇÃO Já no caso de Jean Paulo, empregado do Banrisul há 10 anos, a situação foi bem diferente. Diagnosticado com artrite, começou a praticar natação por orientação de sua médica. A partir daí, tomou gosto pela atividade física e não ARQUIVO PESSOAL
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ROSANA CAVALCANTI / CAIXA
JEAN PAULO / BANRISUL
parou mais. Aos 30 anos, além da natação, Jean também pedala, malha e corre esporadicamente. “Eu hoje nado duas vezes por semana e venho trabalhar todos os dias de bicicleta. O percurso é pequeno, cerca de cinco quilômetros para vir e cinco de volta. Mas essas atividades me fazem sentir muito bem e mais disposto para encarar as atividades do dia a dia”, declara Jean. Colega de Jean no Banrisul , Thales de Araújo, 56 anos, 33 de banco, pratica exercício há 10 anos. Após perder a rótula esquerda em um acidente de moto e ficar com limitação na articulação da perna esquerda, Thales começou a pedalar. No início, ele sentia uma certa dificuldade. Hoje já consegue pedalar normalmente. “Depois disso, cheguei a perder 15 quilos só pedalando. Hoje eu pedalo quase todas as tardes quando largo do banco. Quando chega os finais de semana aí eu dou valendo, pedalo 60, 70
Contra o estresse quilômetros. Praticar esporte também faz muito bem pro sexo e pro humor”, brinca Tales. DE PAI PARA FILHO No caso de Giovanni Domingues, 36 anos, funcionário do Bradesco há 17, a busca pela prática de exercícios começou com a tentativa de emagrecer. Primeiro vieram a corrida e a natação. Em seguida, ele introduziu a bicicleta em sua rotina de treinos e passou a praticar o Triátlon. Segundo Giovanni, a prática de atividade física faz com que ele desopile e chegue no banco mais tranquilo e com mais disposição para o trabalho. “O nosso trabalho requer muito da gente. Eu nem digo fisicamente, mas mentalmente. O exercício ajuda a combater o estresse e a recompor as energias. No meu caso, eu tenho um estímulo a mais para praticar o Triátlon. É que meu filho mais velho é vice-campeão brasileiro da modalidade e foi convocado para o mundial que acontece agora em agosto”, comenta o triatleta e pai orgulhoso.
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GIOVANNI DOMINGUES / BRADESCO. AO LADO, COM O FILHO E O TÉCNICO
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Saúde
Doenças psíquicas
m a t i r g e u q s a m l A Assédio moral e transtornos psíquicos crescem a cada ano entre os bancários
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ário é funcionário do Banco do Brasil. Um dia, ousou ir de encontro às determinações do gestor: negou-se a fazer hora extra e criticou decisões. Ao fazê-lo, não percebia que estava se opondo a toda uma configuração de trabalho que propicia a ocorrência de situações de violência psicológica. “Em determinados ambientes de trabalho, situações de humilhação são repudiadas e rapidamente excluídas, mas para isso é preciso que haja organização e solidariedade entre os trabalhadores e uma estrutura organizacional que permita as discussões e troca de ideias”, afirmou a médica e pesquisadora da Fundacentro Maria Maeno, em entrevista no ano passado à Fetec/CUT-SP (Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito de São Paulo). A organização do trabalho pelos bancos, ao contrário disso, pauta-se pela competitividade, pelo estímulo ao individualismo, com seu modelo de metas e exposição constante do trabalhador diante da equipe. “Neste contexto de esgarçamento do tecido social e de falta de solidariedade, as situações de assédio acabam sendo aceitas pelos trabalhadores como se fossem inevitáveis e como se somente as pessoas ‘fracas’ pudessem ser alvo destes ataques”, diz Maria Maeno. No caso de Mário, ele escolheu ir na contramão deste sistema e, por isso, tornou-se o alvo preferido das humilhações e ameaças. “Eu era o mais antigo na agência. A maioria do pessoal
tinha menos de dois anos de banco. Tudo era jogado nas minhas costas. Um dia eu disse que estava errado, que não tinha como dar conta de tudo aquilo e que algumas das atribuições que estavam sendo repassadas pra mim eram funções dele, do gerente”, desabafa o bancário. Com algum tempo, a mente sentiu. Veio a insônia, a angústia, o cansaço constante. Mário procurou um médico, saiu de licença, passou a tomar remédios. Quando retornou ao trabalho, a situação se agravou: piadinhas e insinuações quanto ao estado de saúde dele se juntaram às humilhações e cobranças cotidianas. Um dia, depois de ser achincalhado na frente dos colegas, de se defender e ser ameaçado, o bancário não aguentou. Foi na Cassi (Caixa de Assistência do Banco do Brasil), procurou ajuda no Sindicato, teve sua doença reconhecida pelo INSS e ficou 60 dias afastado. “Tinha noite, que mesmo tomando remédio tarja preta, eu não conseguia dormir”, conta o trabalhador. Hoje, ele está de volta ao banco. Mas continua tomando antidepressivo e fazendo sessões de terapia. Mário é um nome fictício. O bancário acima prefere ficar anônimo por medo das represálias. Há outros milhares de anônimos nas agências, muitos deles se medicando por conta própria, para não ter que admitir que a mente cedeu. “Se estas pessoas conversassem entre si, se pudessem escutar as histórias umas das outras, veriam que não são elas que são fracas. Mas que esse é um mal que acomete um número imenso de bancários e que, portanto, é fruto da organização de trabalho nos bancos”, afirma o secretário de Saúde do Sindicato, Wellington Trindade. Somente dentre as CATs (Comunicações de Acidente de Trabalho) emitidas pelo Sindicato, o número de doenças psíquicas passou de 71 casos, em 2012, para 117, em
Doenças psíquicas
RALAENIN / SXC.HU
Saúde
2013 – um crescimento de 65%. “Este número é muito maior. Muitos têm medo de ficar rotulados como loucos. Mas tem gente pedindo demissão porque não tem condições de continuar trabalhando. E a doença psíquica é terrível: ela rebate nas relações familiares, nas relações sociais. Tem muita gente se medicando e alguns que já tentaram o suicídio”, relata Wellington. Nas diversas Campanhas Nacionais, o movimento sindical tem garantido avanços na discussão sobre assédio moral. No entanto, recusa-se a discutir a base que origina este mal: a organização do trabalho. “Os bancos não aceitam, por exemplo, discutir metas. Eles insistem em afirmar que o assédio moral não faz parte da política da
empresa e atribui-los única e exclusivamente às características pessoais dos gestores. Ora, se fosse assim, bastava punir estas pessoas e tudo se resolveria: o assédio deixaria de existir”, afirma o diretor do Sindicato, João Marcelo. Ele ressalta a importância da denúncia. “O Instrumento de Combate ao Assédio Moral foi uma conquista importante dos bancários. Está previsto na cláusula 56 da Convenção Coletiva. Diferentemente dos canais de denúncia internos do banco, trata-se de uma ferramenta específica para casos de assédio, que garante o sigilo, conta com o acompanhamento do movimento sindical e tem garantia de resposta em prazo máximo de 45 dias”, explica. Para efetuar a denúncia, é só entrar no site do
Sindicato (www.bancariospe.org.br) e, do lado esquerdo, clicar em “denuncie aqui”, na aba do assédio moral. Há outros casos, vários. Como o de Renato (nome fictício), do Santander, 15 anos de banco. “Vim do Sudameris, que era uma mãe; passei pelo Real, um pouco pior; e o Santander... pelo amor de Deus, é cada vez pior”, desabafa. Houve época em que ele não tinha tempo sequer para comer. “A gente dorme e acorda pensando em metas. Quando pensa que conseguiu cumprir algumas, chegam outras e mais outras. Tudo recomeça, infinitamente... Não temos paz, nunca”, conta o trabalhador. O corpo começou a sentir primeiro: dores no pescoço, ombro, punho... A REVISTA DOS BANCÁRIOS 11
Doenças psíquicas
mente acompanhou. “Ia dormir e a mente continuava processando, o sono não vinha...”, diz. Veio então o descarte: o bancário foi demitido e teve que buscar na Justiça, com apoio do Sindicato, a reparação e reintegração. Mas continua de licença, fazendo sessões de fisioterapia e tratando da saúde. Em menos de dez anos, o Sindicato recolheu muitas histórias de adoecimento psíquico desde o primeiro caso de assédio moral que foi reconhecido como acidente de trabalho pelo INSS. Foi em 2006, uma jovem, do Banco do Brasil, agência do interior do estado, em seu primeiro emprego e cheia de sonhos. Única mulher na agência, ela sofreu o que se chama assédio horizontal. A equipe inteira, todos homens, fazia piadas grosseiras com ela, sempre envolvendo a sexualidade. O chefe a mandava fazer cafezinho e arrumar gavetas, em um calvário de humilhações. A jovem, que chegara cheia de sonhos, abandonou a faculdade, passou a isolar-se de todos, desenvolveu fobia social e transtorno depressivo. No ano seguinte, outro bancário conseguiu ser indenizado por danos morais por conta dos transtornos psíquicos desenvolvidos por conta de assédio. Funcionário do
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HSBC, ele já era portador de doença ocupacional. Após voltar de licença, foi posto em uma sala, isolado dos demais, sem função, computador ou mobiliários disponíveis. Os primeiros sintomas de que a mente sucumbira manifestaram-se no ambiente familiar: “Eu agredia minha mulher, minhas filhas... Depois caía em mim e chorava... Só de lembrar, tenho vontade de chorar”, relatou, à época, o trabalhador. Outro relato, de 2009, vem de uma funcionária do Itaú. Sua doença iniciou como aversão à gestora: “Eu não conseguia olhar pra ela. Quando ela me chamava pra almoçar
eu entrava em pânico, suava frio”, contou a bancária, na época, à equipe de Comunicação do Sindicato. A aversão se estendeu ao trabalho e, um dia, ela não conseguiu levantar da cama. A mãe, que morava com ela, não entendeu e chegou a bater na filha, achando tratar-se de preguiça. Somente quando ela não esboçou qualquer reação, percebeu que havia algo errado e a levou ao psiquiatra, que diagnosticou o transtorno depressivo. Meses depois, a dor na alma se estenderia à vista e ela desenvolveria uma aneurite ótica – inflamação nos nervos dos olhos. Segundo pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), todos os dias um bancário tenta suicídio no Brasil. A cada 20 dias, um deles se mata. Dados do INSS apontam que 21.144 bancários foram afastados do trabalho no ano passado por adoecimento. Entre eles, 25,7% estava com estresse, depressão, síndrome de pânico e transtornos mentais – doenças relacionadas diretamente ao assédio moral. “Há agências inteiras doentes e os bancos se recusam a perceber que essa organização do trabalho e essa política de metas está reduzindo, não melhorando, a produtividade. Mas a solidariedade entre os colegas é instrumento fundamental na luta contra o assédio”, ressalta a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello.
THOMAZ SCALQUO CIA / SXC.HU
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Saúde
Comunicação
Internet
Vitória histórica dos internautas brasileiros
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o dia 25 de março, os internautas brasileiros garantiram uma vitória histórica: a aprovação do Marco Civil da Internet na Câmara dos Deputados. Há cinco meses o projeto travava a pauta da Câmara. Há cinco meses as empresas de telecomunicações pressionavam parlamentares, com reuniões e audiências particulares. Em jogo, direitos e deveres dos usuários da rede. Em disputa, o ponto mais polêmico do projeto: a chamada neutralidade da rede. O princípio da neutralidade, garantido pelo Marco Civil, impede que as empresas façam pacotes diferenciados, limitando a velocidade de acesso aos que contratarem pacotes mais baratos. Em entrevista à Revista dos Bancários de dezembro de 2012, o jornalista e blogueiro Sérgio Bertoni já falava sobre o Marco Civil e a neutralidade da rede. Dizia: “Com o fim da neutralidade, a coisa passaria a funcionar mais ou menos assim: quem tiver mais grana, paga mais e consegue trafegar seus dados mais rápido. Então um gigante, como um google, teria seus serviços acessados com muito mais rapidez que, por exemplo, o Sindicato dos Bancários. É como se, além de cobrar um pedágio, eles garantissem também que uma carreta de 80 toneladas tivesse a pista livre para trafegar a 120 km por hora enquanto os cidadãos comuns ficariam parados, com seus fusquinhas, liberando a estrada”, disse. O Marco Civil veio para se contrapor a essas possibilidades, ditadas pelo mercado. Em resposta à fala do deputado federal Roberto Freire (PPS-RJ), que falou em democracia para justificar seu voto contra o projeto, o deputado Amauri
GUSTAVO LIMA / CÂMARA DOS DEPUTADOS
Teixeira (PT-BA) argumentou: “O Marco Civil é justamente o contrário: vem para impedir que o mercado ou governos de plantão se apropriem de uma ferramenta tão importante para a democracia”. O PPS foi a única bancada a votar contra. Até o PMDB, que chegara a entrar em crise com o governo, firmou decisão favorável. Personagem-chave no lobby contra o projeto, o líder da bancada peemedebista Eduardo Cunha, que já foi presidente da Telerj e tem relação histórica com o setor das telecomunicações, foi obrigado a assumir a derrota: “Eu sou líder de uma bancada e tenho que expressar o que a maioria quer, mesmo que minha posição seja contrária”, disse. CONSTRUÇÃO HISTÓRICA O projeto do Marco Civil foi construído de forma colaborativa, via Internet, em um processo que se estendeu de 2009 a 2011, quando foi enviado ao Congresso. Foram então realizadas sete audiências públicas e vários seminários. Mas a votação era sucessivamente adiada. Em 2013, o tema ganhou relevância depois do vazamento de informações que mostravam monitoramento cibernético por parte dos americanos contra cidadãos e governos, entre os quais o brasileiro. O projeto passou a tramitar em regime de urgência. Para garantir a aprovação, o Marco sofreu algumas modificações. Foi retirado o artigo que obrigava as empresas a manterem data centers para armazenagem de dados exclusivamente no Brasil. As exceções à neutralidade da rede continuam sendo determinadas exclusivamente por decreto presidencial. Mas exige-se que se escute a Anatel e Comitê Gestor da Internet. Por fim, outras duas mudanças: a responsabilização do provedor pela divulgação de cenas de nudez ou sexo privado sem conhecimento de uma das partes; e o amparo ao controle parental de conteúdo, de forma a permitir que os pais possam ter controle sobre o os filhos acessam. REVISTA DOS BANCÁRIOS 13
Dicas
III Jogos dos Bancários
Agende-se: os III Jogos do Sindicato serão nos dias 26 e 27 de abril, no Clube de Campo dos Bancários, em Aldeia. A exemplo do ano passado, as disputas acontecem em várias modalidades: natação, vôlei de areia, tênis de mesa, xadrez, sinuca, dominó, canastra e atletismo, com corrida rústica e de velocidade. As novidades deste ano são as disputas no queimado e spiriball. As disputas serão abertas, também, aos dependentes dos bancários sindicalizados, diretores e funcionários do Sindicato, ampliando o entrosamento entre todos. “Os jogos criam um ambiente agradável de confraternização. Além de tudo, é um estímulo à prática de exercícios físicos”, afirma a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello. Acesse: www.bancariospe.org.br.
PERNAMBUCO DAS PAIXÕES
No mês de abril, Pernambuco é de todas as Paixões. Além da tradicional montagem de Nova Jerusalém, em Brejo da Madre de Deus, vários municípios, bairros e grupos teatrais encenam os últimos momentos da vida de Jesus Cristo, com a crucificação e ressurreição. Algumas propostas foram escolhidas por edital e recebem incentivo do governo do estado. São as Paixões de Gravatá, Bom Jardim, Petrolina, Camaragibe, Cabo, Serra Talhada, Custódia, São Lourenço, Paulista, Orobó, Floresta, Santa Maria da Boa Vista, Tracunhaém, Pesqueira, Limoeiro, Ouricuri e Casa Amarela (Recife).
PAIXÃO DOS CAMARÁS / CAMARAGIBE
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LUMEN FOTOS
Cultura
TEATRO RECOMENDADOS O guardador de poetas
Canções, parlendas, histórias, poemas vão à cena em delicado espetáculo-recital-musical dedicado à infância. “O Guardador de Poetas”, gestado e produzido pelo ator Flávio Renovatto, tem a direção de Quiercles Santana e está em cartaz até o dia 27. Aos domingos, 16 horas, no Teatro Arraial – Rua da Aurora.
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Como a Lua
O musical “Como a Lua” volta aos palcos do Recife. Sucesso dos anos 80, a peça ganha nova montagem, do mesmo encenador: José Manoel Sobrinho. A peça fica em cartaz, no Teatro Barreto Júnior (Pina) até dia 27. Sábados e domingos, 16h, com exceção dos dias 6 e 13, quando a apresentação será às 10h.
Cultura
Bancário Artista
Música para a vida e para a morte Quando a filha se tornou evangélica, também foi o pai que ajudou na composição de várias músicas e na produção do CD evangélico. “Depois resolvi fazer o meu: um duplo – Oliver canta ele e outros. O primeiro com composições minhas e o segundo com canções de compositores que admiro”, diz o artista. MÚSICA FÚNEBRE Oliver tinha uma meta na vida: “Eu nasci em 1954. Então decidi que, quando fizesse 54 anos, teria que estar formado, aposentado e com a música de meu velório composta”, lembra. E assim foi: Com 50 anos, ele ingressou no curso de Administração, que concluiu quatro anos depois. Com 54, deu entrada na aposentadoria e compôs sua música fúnebre. Mas quem morreu, seis meses depois, foi o pai dele. E tanto pediram que ele cedeu a própria música para ser tocada no enterro do pai: “No interior é assim: o carro de som vai acompanhando o cortejo até o cemitério. Então o pessoal gostou tanto da música que começou a pedir o CD cada vez que morria alguém. Então compus outras 13 canções e gravei o CD”, conta. Detalhe: nenhum dos CDs do artista é vendido. São distribuídos entre amigos e conhecidos. Mas as emissoras de rádio de Pesqueira tocam suas músicas sem que ele nunca tenha enviado nada para lá, muito menos pago jabá. Quem quiser conhecer o trabalho, é só acessar: www.palcomp3.com/cantoroliver. ARQUIVO PESSOAL
“E
u não escolhi a música. Foi ela quem me escolheu”. Com essa frase, Antônio de Assis Oliveira, conhecido como Oliver, define sua relação com a arte. O cantor, compositor, escritor e ator tem 30 anos de BNB. E 45 anos de arte. Desde criança, em Pesqueira, sua cidade natal, tocava em bandas marciais. Com 16 anos, já era profissional: cantava em uma banda baile conhecida como CCM-7 que, mais tarde, passaria a se chamar Os Tochas. Foi quando Antônio, ou Oliver, ingressou no Exército. Mudou para o Recife e precisou fazer uma pausa em sua carreira musical. Seu ingresso no BNB serviria, também, para reatar suas relações com a arte. Já no banco, Oliver gravou dois vinis e dividiu palco com cantores como Moraes Moreira e Luiz Caldas. Hoje, além destes discos, ele tem seis CDs e três DVDs, além de músicas gravadas por outras bandas e cantores, como a Banda Talentos, Ovelha Negra e Desejo Louco. Quando decidiu largar a carreira solo, Oliver criou uma banda. Foi o início da Pitu com Limão, que tinha contrato firmado com a Pitu. Então veio a transferência compulsória. Oliver voltou à cidade natal, assumiu uma gerência e já não tinha condições de permanecer com a banda. Sua filha o substituiu, no vocal. E seu genro assumiu a bateria da banda, que chegou a ter dois CDs gravados.
OLIVER (ANTÔNIO DE ASSIS)
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Turismo
Conheça Pernambuco
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BREJO DA MADRE DE DEUS
O maior teatro ao ar livre do mundo
E
ntre os dias 12 e 19 de abril, uma média de 250 mil pessoas passarão pelo município de Brejo da Madre de Deus, onde será encenado o maior espetáculo ao ar livre do mundo. Deste total, cerca de 80 mil pessoas assistirão à encenação da Paixão de Cristo em Nova Jerusalém. Em quase meio século de história, a peça já atraiu mais de 3,5 milhões de expectadores e ajudou a projetar Brejo da Madre de Deus no turismo nacional. A cidade teatro possui 100 mil metros quadrados, um terço da área murada da Jerusalém original. E é uma réplica do local onde Jesus viveu seus últimos dias. Cercada por uma muralha de pedras com 70 torres, possui, em seu interior, nove palcos que reproduzem cenários naturais, palácios, vilas e templos da época. Mas não é só o espetáculo e a cidade teatro que fazem de Brejo da Madre de Deus um lugar especial. Localizada a 202 km do Recife, o município situa-se em meio a um vale formado pelas serras da Prata, Estrago e Ponto. Esta última é uma das serras mais altas de Pernambuco, com altitudes que chegam a 1.190 metros.
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As matas nativas e o relevo acidentado fazem do município um ambiente propício à prática do turismo ecológico. Para isso, não faltam opções: Serra dos Belos Mirantes, Pedra do Cachorro, corredeira do Escorrego, cachoeiras de Sobradinho e Arara... em cada um desses cantos, o turista pode conferir a beleza da paisagem e a fauna e flora típicas de reservas de Mata Atlântica. Os interessados podem procurar a Prefeitura para providenciar guias em roteiros ecológicos. Para os apreciadores da história, a dica é visitar o Sítio Arqueológico do Estrago. No local, há pinturas rupestres diversas e já foram encontrados vários esqueletos pré-históricos. Parte dos achados encontra-se no Museu Histórico – outra opção turística da cidade. O Parque das Esculturas Monumentais Nilo Coelho é outra atração imperdível. Lá, o visitante encontra gigantescas esculturas em granito, feitas por artesãos locais, que retratam personagens típicos do Nordeste. Para chegar a Brejo da Madre de Deus, é só seguir a BR 232 até Caruaru, continuar à direita pela BR 214 e, depois, à esquerda pela PE 145. Os ingressos para o espetáculo custam de R$ 40 a R$ 120. Mais informações pelo site: http://www. novajerusalem2014.com.br/