Revista dos Bancários Publicação do Sindicato dos Bancários de Pernambuco
Redação Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-000 Fone (81) 3316.4233 / 3316.4221 Site www.bancariospe.org.br Presidenta Suzineide Rodrigues Secretária de Comunicação Daniella Almeida Conselho Editorial Adeílton Filho, Cleonildo Cruz, Daniella Almeida, Epaminondas Neto, Jonatas Campos, Micheline Américo e Suzineide Rodrigues Coordenação e supervisão Tempus Comunicação Jornalista responsável Micheline Américo Redação Beatriz Albuquerque e Ingrid Elihimas Estagiário Onirê de Morais Projeto gráfico e diagramação Bruno Lombardi - Studio Fundação Imagem de capa Valter Capanato/Abr Impressão CCS Gráfica Tiragem 12.000 exemplares
Sindicato filiado a
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Revista dos Bancários
Editorial
A brasa das Diretas Já! Caros(as) leitores(as), esta edição da Revista dos Bancários traz como matéria principal a questão das “Eleições Diretas Já”. Na verdade, como está atolado no charco das denúncias da empresa JBS, esperávamos que a manchete fosse “Michel Temer renuncia”. Contudo, em nenhum momento acalentamos tal expectativa, considerando que “dignidade” é uma joia rara que não tem mala de 500 milhões de reais que compre e nem deputado que venda. O mais curioso foi que a justificativa “nobre” para o golpe contra a presidenta eleita democraticamente, Dilma Rousseff, forjava-se na luta contra a corrupção de toga, boa retórica e tudo mais. É exatamente sobre a manta legalista do “impeachment”, que trata o jurista Cristiano Zanin, na nossa seção de entrevista, ao descortinar a prática do Law Fare que atravessa vários países e chega com força ao Brasil. Uma manipulação dessa monta não lograria êxito se o povo brasileiro tivesse a capacidade de fazer uma leitura crítica da realidade, livre da dominação, como defendeu com maestria o educador Paulo Freire, cujos 20 anos de sua morte não apagaram a pedagogia libertária que registramos nas páginas a seguir. Enquanto o mestre recifense estava exilado na Suiça, no ano de 1970, houve duas enchentes em Pernambuco que atingiram a Zona da Mata e o Agreste, vitimando milhares de pessoas, a maioria muito pobre. Quase 50 anos depois, o povo pernambucano volta a sofrer com as mesmas mazelas, resultado da absoluta negligência das autoridades públicas que escolheram construir um estádio de 2.600 milhões de reais em lugar de um cinturão de barragens que custaria cerca de um quinto desse valor. Sem contar que a água é fonte de vida e de energia, e como tal, geradora de trabalho e renda para quem sabe lhe fazer bom uso. Não à toa, o município de Benedito do Sul, localizado na Zona da Mata pernambucana, é intitulado de Cidade das Águas, onde parte significativa da receita local advém do turismo em torno das cachoeiras, áreas de banho e trilhas ecológicas. Essas duas antíteses pernambucanas também figuram em nossas páginas que trazem ainda a PEC 6442/2016 que é de todo uma desgraça para trabalhadoras e trabalhadores rurais e cuja proposta análoga à escravidão integra a lista dos projetos relativos à reforma trabalhista que promete gerar mais empregos para o povo, mas que na verdade apenas precariza as relações de trabalho. No mais, temos o talentoso autodidata baterista Tiago Bispo que vai do pop-rock ao gospel sem LER/DORT e sem estresse; e a programação das festas juninas cuja a fogueira já está acesa em nosso coração nordestino em brasa pelas Diretas Já! Boa Leitura! Suzineide Rodrigues Presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Diretas Já!
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PL propõe legalização de prática análoga à escravidão no campo
ENTREVISTA Cristiano Zanin, advogado do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva, esclarece o conceito Law Fare e denuncia violação de garantias fundamentais no país
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Construção de barragens evitaria enchentes em PE P. 12
20 anos de morte de Paulo Freire P. 10
Bancário de Talento: Tiago Bispo é autodidata na bateria P. 15
Dicas de Cultura: festas juninas P. 14
Cidade das Águas P. 16
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Tomaz Silva/Agência Brasil
Trabalhador rural
Projeto de lei propõe legalização de prática análoga à servidão
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ornada de trabalho de até 12 horas, fim do descanso semanal e remuneração na forma de alimentação e habitação em substituição ao salário. Esses são alguns pontos presentes no texto do Projeto de Lei 6442/2016, que está na pauta da Câmara dos Deputados para ser debatido nas próximas semanas. O ataque aos direitos dos trabalhadores rurais acontece pouco tempo depois que os trabalhadores urbanos sofreram uma grande perda de direitos com a aprovação da reforma trabalhista na Câmara Federal. “Esse pacote faz parte do projeto ultraliberal do governo ilegítimo de Michel Temer, que tem atuado a serviço do macro setor empresarial. Mas, os trabalhadores do campo e da cidade estão unidos para barrar o retrocesso imposto”, avalia a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues.
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Revista dos Bancários
Caso a lei seja aprovada, as relações de trabalho no meio rural deixarão de ser regulamentadas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Um dos pontos mais nocivos do projeto está na definição de trabalhador rural enquanto um empregado que presta serviços de natureza não eventual, “mediante salário ou remuneração de qualquer espécie”. O texto estabelece que a remuneração do trabalhador rural pode ter desconto de até 20% do salário “pela ocupação da morada” e de até 25% “pelo fornecimento de alimentação”. “Desta forma, a proposta esdrúxula autoriza uma prática análoga à servidão. É evidente o interesse em favorecer o setor patronal. Não por acaso, o projeto é de autoria do presidente da bancada ruralista da Câmara, deputado Nilson Leitão (PSDB-MT)”, pontua Suzineide. O Projeto de Lei avança sobre direitos básicos relacionados à saúde física e mental do trabalhador, como descanso e férias. Caso seja aprovado, será permitida a venda integral das férias, se o trabalhador morar no mesmo lugar do trabalho e possibilitar o trabalho ininterrupto, sem descanso semanal, por até 18 dias seguidos. Para a advogada Naiara Bittencourt, a alegação de que o projeto visa modernizar o trabalho no campo e gerar emprego precisa ser contestada. “São duas falácias absurdas que têm sido propagandeadas para esconder seus verdadeiros objetivos: o retorno a um modelo semi-escravocrata de produção e a exploração, até o limite, dos trabalhadores rurais para manter ou recuperar as taxas de lucro do agronegócio”, avalia. De acordo com um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no panorama atual a quantidade de acidentes de trabalho no campo já é elevada. Essa realidade poderá
ser agravada com a realização do trabalho ininterrupto. “O aumento do consumo de agrotóxicos (há cerca de seis mil casos registrados por ano de intoxicação) e o excesso de esforço, fruto do trabalho por produção (no qual o trabalhador ganha pela quantidade que produzir), é causa de acidentes, doenças e mortes no meio rural”, diz o documento. O PL 6442/2016 não é um caso isolado de retirada de direitos da classe trabalhadora. Após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, uma agenda intensa de medidas provisórias, projetos de emenda à Constituição e projetos de lei foi imposta à população. “Em um ano de governo Temer, vemos o completo retrocesso dos direitos sociais e o recrudescimento absoluto nas ainda parcas políticas públicas edificadas no país, sobretudo no campo. A reforma trabalhista e previdenciária, a criminalização dos movimentos sociais rurais, o acirramento dos conflitos e mortes no campo, o desmonte dos programas de fortalecimento da agricultura orgânica, agroe-
cológica e familiar e a crescente financeirização da natureza e da biodiversidade brasileira mostram que o interesse deste governo passa longe do fortalecimento das mínimas garantias às trabalhadoras e trabalhadores e atende aos anseios de uma burguesia que sequer tem agenda de desenvolvimento nacional”, conclui Bittencourt.
Reforma Agrária O avanço no Congresso de matérias de interesse da bancada ruralista, com a ausência de abertura ao debate público sobre o impacto das medidas, revela a forte relação que existe entre o legislativo e empresários do agronegócio. Recentemente, também entrou na pauta dos deputados federais a votação, em caráter de urgência, da Medida Provisória (MP) 759/2016 apresentada pelo presidente ilegítimo Michel Temer. Entidades representativas dos trabalhadores rurais avaliam que o texto contém dispositivos que podem colaborar para a reconcentração fundiária e a privatização das terras públicas, impossibilitando
a Reforma Agrária. A MP estabelece que o prazo limite para emancipar uma família, ou seja, possibilitar ao assentado as condições adequadas para prática agrícola, é de 15 anos. Para aqueles que já estão 15 anos à espera, o prazo limite é de três anos. Apesar do longo prazo, a principal crítica ao texto é por ele não fazer menção às políticas públicas que devem acompanhar a emancipação do assentado, eximindo o Estado de cumprir com obrigações constitucionais de regularização fundiária. “Os trabalhadores rurais se veem pressionados de todos os lados: ausência de reforma agrária, invasão do latifúndio sobre suas terras, desmonte das políticas públicas agrárias e contaminação genética e de agrotóxicos sobre suas lavouras. Tudo isso determina que tenham de vender sua força de trabalho, cada vez mais precarizada, ao agronegócio, ou migrar para as cidades e alojar-se nas periferias urbanas, hoje, também assoladas pelo desemprego”, diz a advogada Naiara Bittencourt.
Representação ruralista na Câmara e no Senado 513 deputados
207 ruralistas 81 senadores
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ruralistas Junho/Julho de 2017
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Entrevista: Cristiano Zanin
“Garantias fundamentais estão sendo rasgadas dentro de um processo com aparência de legítimo”
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Como você analisa o período de março de 1964? Eu nasci em 75, então, o que eu tenho de referência é por aquilo que estudei. A gente sabe que foi um período horrível do nosso país. Quando as garantias fundamentais foram deixadas todas de lado e a população brasileira viveu dias muito difíceis. Eu acho que realmente é um período que devemos sempre ter presente para que nunca mais aconteça. Houve um golpe para o afastamento de uma presidenta eleita democraticamente, a senhora Dilma Rousseff? Com certeza o pressuposto para o impeachment não estava preconizado ou configurado, que era a ocorrência do crime
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Revista dos Bancários
Ricardo Stuckert
advogado de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins, esteve no Recife para lançar o livro “O caso Lula: A luta pela afirmação dos direitos fundamentais no Brasil”, organizado por ele. Em entrevista realizada na oportunidade, o advogado afirmou que o ex-presidente Lula é vítima do Law Fare, fenômeno no qual as leis e procedimentos jurídicos são utilizados para fins de perseguição política.
de responsabilidade. Ficou muito claro para os brasileiros e para os estrangeiros que não havia crime de responsabilidade. Então, se não havia esse pressuposto, o resultado do impeachment é ilegítimo. O que significa o Law Fare? O Law Fare é um fenômeno que está sendo estudado em grandes universidades estrangeiras. Nós mesmos estivemos, por exemplo, em Harvard, com professores que são especialistas no assunto. Porque hoje existe uma tendência em alguns lugares de usar as leis e os procedimentos jurídicos para fins de perseguição política. Essa é a definição do Law Fare. Evidentemente que dentro desse conceito você tem as táticas do Law Fare. Com certeza, quando uma operação busca acusar alguém sem ter nenhuma prova, sabendo que é inocente, apenas para tirá-lo das suas atividades políticas, elege alguém como seu inimigo político, coloca o processo judicial para atacá-lo, isto se enquadra dentro do Law Fare. É uma perseguição política que eu acho, sim, que está relacionada com o próprio impeachment. Toda vez que você tem acusações sem materialidade, frívolas, e usa esses procedimentos para atacar os seus inimigos políticos você está dentro desse conceito.
Durante essa condução coercitiva, agentes da Polícia Federal estavam filmando. Esse material foi entregue para jornalistas e também para uma produtora que tem a intenção de fazer um filme sobre a Operação Lava Jato... Sem dúvida, isso é muito grave. O próprio juiz que havia autorizado a condução coercitiva ilegal, fez a ressalva de que não era para ser feita qualquer imagem naquele ato. Então, a própria gravação já desatendeu à própria decisão judicial. Quando você pega esse material que diz respeito à intimidade, à vida privada e entrega para terceiros, estranhos a investigação, é evidente que você está cometendo mais uma grosseira
Ricardo Stuckert
O ex-presidente Lula está sendo vítima dessa prática do Law Fare no Brasil? O livro que lancei no Recife é parte desse reconhecimento de que garantias fundamentais estão sendo rasgadas dentro de um processo judicial ou um processo com aparência de legítimo. Nesse livro nós temos membros do Ministério Público, do Judiciário e advogados escrevendo artigos que reconhecem que o ex-presidente Lula é vítima de afronta às suas garantias fundamentais dentro desta chamada Operação Lava Jato. Temos artigos que abordam, por exemplo, a condução coercitiva ilegítima da qual foi vítima o presidente Lula. Ele nunca havia deixado de prestar depoimento. E foi tirado da sua casa de uma forma totalmente ilegítima.
violação das garantias fundamentais. Já houve o reconhecimento dessa gravação e agora vamos ver quem é o responsável por ter cedido essas imagens. De que forma os movimentos sociais e sindicais podem ajudar na defesa do Estado Democrático de Direito? É importante que as pessoas saibam o que está acontecendo a fim de se posicionar e defender o Estado Democrático de Direito, porque essa defesa cabe sim à população fazer. Porque o Estado Democrático de Direito não pode ser ferido de morte sem que haja essa percepção e reação da população. Recentemente, nós tivemos uma decisão do Tribunal, sobre recurso à condução da Lava Jato, dizendo que por ser algo excepcional, a operação não está sujeita aos regramentos gerais. Isso é a formalização do Estado de Exceção. Nenhum processo pode ficar fora daquilo
que o regramento geral, ou seja, a lei prevê. Eu não conheço outro país que tenha uma decisão similar. O professor argentino Raúl Zaffaroni, quando tomou conhecimento dessa decisão, disse que era um escândalo jurídico internacional. Esses fatos foram denunciados à Comissão de Direitos Interamericanos? Em julho do ano passado, nós apresentamos ao Comitê de Recursos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) um comunicado mostrando que o ex-presidente Lula estava sendo vítima de violações de garantias fundamentais aqui no Brasil. E que o sistema recursal brasileiro não tinha sido apto a paralisar as delações. Então, nesse contexto, cabe ao Comitê fazer uma análise dessas delações. E n t re v i s ta re al i zada p elo diretor da Tempus Comunicação, Cleonildo Cruz Junho/Julho de 2017
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Diretas Já!
Avança movimento pelas Diretas Já!
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s massivas manifestações populares por todo o país, os índices de rejeição elevadíssimos, os 16 pedidos de impeachment, a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) das Diretas Já, o crescimento das taxas de desemprego, a pífia e duvidosa melhora do Produto Interno Bruto(PIB), envolvimento com esdrúxulos casos de corrupção e a debandada dos partidos da base aliada e a indignação da população com a manobra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para manter Michel Temer na cadeira de presidente. O cenário apresentando vulnerabiliza o já débil governo Michel Temer e oxigena o movimento pelas eleições diretas. O declínio do peemedebista ganhou fôlego a partir da delação do proprietário da JBS, Joesley Batista, que apresenta como provas gravações comprometedoras envolvendo diretamente o presidente. O inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) está apurando os crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça. Importa destacar que o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), receptor de uma mala de 500 mil reais da JBS, homem de confiança de Temer, está preso por determinação do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato. Diante da possibilidade de queda desse governo ilegítimo, 90,6% defendem a realização de eleições diretas, contra apenas 7,2% que preferem que a escolha seja feita pelo
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Congresso. O estudo da Paraná Pesquisas foi realizado depois que veio à tona o escândalo Avança movimento pelas Diretas Já! das gravações da conversa do Chefe do Executivo com o proprietário do grupo JBS, Joesley Batista. Sobre o governo Temer, 74,8% o consideram ruim ou péssimo contra 6,4% que o classificam como ótimo ou bom. Quando questionados genericamente, 84% dos entrevistados dizem que desaprovam o governo.O levantamento foi realizado pelo Paraná Pesquisas com 2.022 entrevistados em todo o país, de 25 a 29 de maio. O governo Temer torna-se ainda mais vulnerável com a aprovação, por unanimidade, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 227/2016) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A proposição, validada no dia 31 de maio, estabelece eleições diretas se a Presidência da República ficar vaga nos três primeiros anos do mandato. A PEC, apresentada pelo senador Reguffe Filho (sem partido-DF) em 2016, altera o artigo que trata da vacância da Presidência. O texto aprovado prevê que, na ausência definitiva do presidente e do vice, o Congresso elege indiretamente o chefe do Executivo federal se a vacância ocorrer no último dos quatro anos de mandato. “Isso vai dar muito fôlego ao movimento pelas Diretas Já. Eles ficaram surpreendidos. Agora é no plenário do Senado”, comemorou o senador e relator da proposta Lindbergh Farias. Contudo, a aprovação unânime não significa que os senadores governistas estejam em sintonia com a vontade popular. Enquanto a oposição propõe que o projeto tenha efeito imediato e permita a antecipação de eleições diretas para este ano, os aliados de Temer rejeitam a possibilidade por considerá-la inconstitucional. Além da aprovação da PEC, outro fator que reforça o debate sobre as eleições diretas surge da votação acerca da cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE. Ficou explícita para a população, com a relatoria do ministro Herman Benjamin, a condução político-partidária do caso presidido por Gilmar Mendes- cuja conversa grampeada pela Polícia Federal na Operação Patmos com o senador afastado Aécio Neves (PSDB), dispensa quaisquer explicações.
Também contribuem para fragilizar o governo Temer os 16 pedidos de impeachment que tramitam no congresso advindos de partidos de oposição, da Ordem dos Advogados do Brasil, entre outros. As solicitações devem ser analisadas pelo presidente da Câmara e governista, Rodrigo Maia (DEM). O deputado, como aliado, deverá engavetar as petições, mas, especula-se nos bastidores sua ambição de usar a faixa presidencial. Não apenas ele. O desejo de poder contagia ainda outras forças da base aliada que aguardam ansiosas a decisão do TSE para botar o bloco na rua. Desidratado, Michel Temer tenta se segurar como pode. Para tanto, propala que seu governo está superando a crise econômica. Contudo, não está sendo capaz de convencer os eleitores e o próprio mercado para que defendam sua permanência no cargo. No levantamento da Paraná Pesquisas, questionados se dariam um “voto de confiança” ao peemedebista diante da perspectiva de a economia voltar a crescer e o desemprego cair, 73,5% dos entrevistados disseram que não, contra 23,5% que responderam que sim. Realmente, não está sendo fácil para o governo sustentar a máscara. Conforme dados da pesquisa divulgada no fim de abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação continua em alta e o país tem agora 14,2 milhões de desempregados no trimestre encerrado em março, número 14,9% superior ao trimestre anterior. Essa foi a maior taxa de desocupação da série histórica, iniciada no primeiro trimestre de 2012.
O IBGE também contrariou a propaganda enganosa de Michel Temer e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que se precipitaram ao afirmar, no início de junho, que o crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano representa o fim da recessão. Essa não é a opinião da gerente de contas nacionais do instituto, Rebeca Palis. Segundo afirmou publicamente, é cedo para falar que a crise chegou ao fim. “É preciso esperar um pouco para ver o que vai acontecer este ano. A gente teve crescimento no trimestre, mas foi sobre uma base muito deprimida. E, se olharmos no longo prazo, ainda estamos no mesmo nível de 2010”, analisou. O temor é que o PIB recue no segundo trimestre em razão da crise política gerada a partir das gravações feitas pelo empresário Joesley Batista, do grupo JBS, onde Temer aparece avalizando o pagamento de propinas para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, preso e condenado na Lava Jato. Desde que chegou ao poder, há um ano, por meio de um golpe parlamentar que tirou a presidente eleita Dilma Rousseff, Temer deixou 2,6 milhões de desempregados, além de ter derrubado a indústria e o comércio. Mas não é só o governo que deseja emplacar a máxima do crescimento econômico. Os setores macroeconômicos já identificaram que Temer está desidratando, por isso já iniciaram o plano b. Para prosseguir com as medidas ultraliberais que extirpam recursos das áreas sociais
e promovem desmontes dos direitos da classe trabalhadora, a exemplo das reformas trabalhista e previdenciária, a elite brasileira insiste no discurso do equilíbrio econômico, chegando a ventilar o nome do Henrique Meirelles para presidente do Brasil em caso de eleição indireta, na qual apostam todas as fichas. Conforme dados do referido estudo da Paraná Pesquisas, despontam como favoritos o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa (24,4%) e a atual ocupante do posto, Cármen Lúcia (13,2%), todos comprometidos com a manutenção do status quo. Enquanto a base aliada ao presidente Michel Temer (PMDB) trabalha para impedir seu declínio, o movimento pelas “Diretas Já!” explode em todo o país reunindo milhões de pessoas. A manifestação congrega opositores, intelectuais, artistas, movimentos populares diversos, segmentos sociais e simples usuários da internet. Foi assim em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Olinda e outras dezenas de cidades brasileiras onde o sentimento de mudança vai tomando corpo e avança a cada dia. Para a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues, apenas as eleições diretas podem dar um novo rumo ao Brasil. “Um terço do Congresso está envolvido em corrupção. Outra parte significativa é financiada pelo empresariado. Portanto, os deputados não têm nenhuma legitimidade para indicar um presidente. Se assim for feito, a gente continua nas mãos deles. Só a força do voto popular nos libertará de tantas iniquidades”, conclui. Junho/Julho de 2017
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Legado de Paulo Freire segue vivo em Pernambuco “Não basta saber ler que ‘Eva viu a uva’. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”. Trecho do livro Educação na Cidade (1991), de Paulo Freire.
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este ano, completam-se 20 anos da morte de Paulo Freire (1921 – 1997), educador que deixou como legado um processo de ensino e aprendizagem voltado para a transformação da sociedade. Em Pernambuco, a pedagogia freireana, que permanece atual e cada vez mais necessária, é mantida viva através do trabalho de profissionais que fazem da educação um caminho para a emancipação popular. Considerado Patrono da Educação Brasileira, em 2012, o educador recifense Paulo Freire criou uma filosofia de alfabetização de adultos na década de 1960, que inseriu o analfabetismo na categoria de problema social, em oposição à visão
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tecnicista da época. Os fundamentos do seu “método”, entretanto, passaram a ser utilizados da educação infantil à pós-graduação. “A Pedagogia de Paulo Freire tem como base uma educação que não se limita a transmitir conteúdos, mas, sobretudo, a produzir conhecimentos a partir da realidade de cada indivíduo. Contribuindo, desta maneira, com o exercício de uma prática libertária”, afirma a secretária-Geral do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Sandra Trajano, que além de bancária já foi professora. Até os dias de hoje, a linha pedagógica desenvolvida pelo educador é utilizada na sua cidade natal e em vários países do mundo. No Recife, professores que atuam no Ensino de Jovens e Adultos (EJA) se baseiam na pedagogia de Paulo Freire para preparar suas aulas. Esse é o caso de Ana Paula Araújo, que atua na Escola Municipal Rozemar Macêdo Lima, no bairro de Casa Amarela. Com uma experiência de 22 anos em sala de aula, ela assumiu o desafio de conduzir uma turma com alunos entre 16 e 65 anos. “Eu acredito que de todas as ideias que Paulo Freire deixou a que mais coloco em prática é a da contextualização. A alfabetização tradicional era desvinculada da realidade das pessoas e Freire rompe com isso. Nas aulas do EJA pensamos a aprendizagem impregnada de sentido e vemos que tudo o que ele deixou escrito se concretiza”, afirma. Segundo Ana Paula, exemplos que comprovam a eficácia da pedagogia de Paulo Freire podem ser vistos em sala de aula. “Tenho uma aluna com
Acervo Instituto Paulo Freire
Memória
Acervo Instituto Paulo Freire
64 anos que vende bolos. Em uma das aulas de matemática estávamos resolvendo problemas e ela disse que não sabia solucionar. Mas, o que ela não sabia era o algoritmo. Então, pensamos juntas a partir da vivência dela e demonstrei que ao fazer as receitas ela estava calculando da mesma forma, e ela aprendeu”, relata. Pesquisadores também seguem se debruçando sobre a obra de Freire e trazendo novas perspectivas para o ensino, sempre com o norte deixado pelo mestre: uma educação que seja a mola propulsora de mudanças sociais. Nesse sentido, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) fundou há 12 anos a Cátedra Paulo Freire. O núcleo realiza atividades de extensão, ensino, pesquisa e gestão na relação acadêmica e social, com alcance nacional e local em forma de seminários, grupo de leitura, aula aberta e grupo de pesquisa. De acordo com os professores Eliete Santiago, Marília Gabriela Guedes e José Batista Neto, integrantes da Cátedra, Paulo Freire atribui à educação o papel de contribuir com o processo de transformação social, pois, para ele, a educação é dialógico-dialética, na medida em que o ato educativo pode superar a prática de dominação e construir uma prática da liberdade em que educador e educando são os protagonistas do processo de construção do conhecimento. “Paulo Freire reconhece que a educação tem limites e possibilidades que não é chave para a transformação social, mas sem ela não é possível que essa transformação
ocorra, por que se faz necessário uma compreensão crítica da realidade”, afirmam os representantes da Cátedra. Durante a ditadura militar, Freire foi perseguido pelo regime e exilou-se no Chile. Foi neste período, em 1968, que ele escreveu uma das suas principais obras, o livro “Pedagogia do Oprimido”. Proibido no país, o livro só chegou a ser publicado no Brasil em 1974. Durante o exílio, Freire desenvolveu projetos no exterior. Em 1969, trabalhou como professor na Universidade de Harvard (EUA) no Centro para Estudos de Desenvolvimento e Mudança Social, em estreita colaboração com numerosos grupos engajados em novas experiências educacionais, tanto em zonas rurais quanto urbanas. Em 1970, depois de um ano em Cambridge (ING), Freire mudou-se para Genebra (SUI) para trabalhar como consultor educacional do Conselho Mundial de Igrejas por um período de dez anos. Durante este tempo, atuou como con-
sultor em reforma educacional em colônias portuguesas na África, particularmente em Guiné Bissau e Moçambique. Com essas consultorias, desenvolveu programas de alfabetização para a Tanzânia e Guiné Bissau, que se concentravam na reafricanização de seus países e para algumas ex-colônias portuguesas pós-revolucionárias como Angola, Moçambique e as ilhas de São Tomé e Príncipe, que lutavam pela reconstrução do país e de uma identidade nacional republicana. Apenas na década de 80, retornou ao Brasil para dar continuidade ao seu trabalho no país. Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa, tendo sido outorgado a ele o título de doutor Honoris Causa por 27 universidades. “Paulo Freire é um pensamento vivo, atual e abrangente. Estudado no mundo inteiro, e em diversos campos do conhecimento, por isso consideramos importante manter viva sua memória, trabalho e contribuição”, conclui a Cátedra. Junho/Julho de 2017
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falta de infraestrutura para a contenção das chuvas em Pernambuco levou as regiões da Zona da Mata e do Agreste à situação de calamidade em maio deste ano. Apesar da trágica experiência já ter sido vivenciada em junho de 2010, o Governo do Estado não priorizou a conclusão do “cinturão” de barragens. O descaso do Poder Público resultou na morte de seis pessoas, duas no Recife, duas em Caruaru e outras duas em Lagoa dos Gatos, e mais de 52 mil desalojados. Das cinco barragens planejadas, com previsão de conclusão em 2014, apenas a de Serro Azul, em Palmares, foi finalizada. Ela recebeu R$ 500 milhões de investimento, sendo R$ 300 milhões do Governo Estadual e R$ 200 do orçamento Federal. Com capacidade para acumular até 303 milhões de metros cúbicos de água, Serro Azul conseguiu absolver um terço do impacto da cheia. O projeto também previa a construção das barragens Igarapeba, Panelas II, Gatos e Barra de Guabiraba. Entretanto, as obras atrasaram e, hoje, estão com andamento inferior
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a 50% (veja na arte da pg.13). As quatro unidades, juntas, custariam R$ 537,8 milhões e teriam protegido cidades afetadas com a inundação, como Belém de Maria, Lagoa dos Gatos, Maraial e Jaqueira. De acordo com o balanço divulgado pelo Gabinete de Crise do Governo de Pernambuco, ao todo,são 3.081 desabrigados e 52.095 desalojados. Dos 27 municípios atingidos, 24 tiveram estado de emergência decretado. As barragens citadas foram planejadas logo após a enchente de 2010. Na época, 68 cidades foram afetadas na Zona da Mata e no Agreste. Em conjunto, as cinco barragens teriam condições de fazer a contenção dos rios Una, Pirangi, Sirinhaém, Panelas e seus afluentes. Segundo a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues, a situação ocorre por negligência do poder público. “A chuva é uma dádiva. Agora, cabe aos governantes desenvolverem mecanismos para reter e armazenar a água. Ocorre que o Governo de Pernambuco, escolheu erguer um estádio de bilhões e não construir barragens que custariam um quinto desse valor”, critica. Frente à devastação causada pelas fortes chuvas, o governo de Pernambuco e o Ministério da Integração Nacional trocaram acusações sobre a responsabilidade pela paralisação das obras das barragens. Enquanto o governo do Estado diz que as obras foram prejudicadas devido à paralisação do repasse de recursos federais, o Ministério da Integração Nacional aponta que falhas no projeto das barragens determinaram a devolução de verba para a União: “o governo do estado identificou falhas e exigências de readequações nos projetos das barragens de Gatos e Panelas II, o que levou o ente a devolver os recursos federais já repassados pela União”, diz o órgão, em nota publicada pela Agência Brasil. O descompromisso dos poderes públicos fez com que centenas de famílias perdessem, pela segunda vez, tudo o que tinham. Em Palmares, um dos 27 municípios afetados, 15 mil pessoas ficaram desalojadas na zona urbana e outras duas mil na zona rural. Segundo o agricultor familiar Joel Clemente, 135 famílias da comunidade de Pirangi, na zona rural, ficaram desabrigadas. Ele comenta o momento
Divulgação/ Governo de Pernambuco
Construção de barragens evitaria caos
difícil e critica os governos de Pernambuco e Federal que, segundo ele, não têm dado atenção aos agricultores. “É uma situação bastante difícil e desafiadora. Além do caos que estamos enfrentando agora devido às chuvas, sofremos com os vestígios de um grande desastre econômico. A agricultura da cana de açúcar sofreu uma queda grande e gerou um impacto negativo muito forte para a região. Quando procuramos por auxílio, o governo aponta inúmeras dificuldades e a população carente sofre à espera de ações efetivas”, lamenta. Para a coordenadora da Articulação de Mulheres da Mata Sul, Eliane Nascimento, o governo do Estado foi negligente em dois aspectos. “Nossa Região sofre há muitos anos com as cheias. Mas, o governo além de não cumprir o compromisso de construir as barragens de contenção, apresentou falha em seus canais de comunicação. A Defesa Civil não alertou, em nenhum momento, as famílias ribeirinhas que acabaram perdendo tudo”, critica. Após a enchente, em reunião com o governador Paulo Câmara em Pernambuco, o presidente ilegítimo Michel Temer autorizou a liberação de recurso emergencial, no valor de R$ 17,5 milhões. Com caráter assistencialista, a verba será utilizada para a compra de cestas básicas, água, kits de limpeza e higiene, lonas plásticas para a contenção de barreiras, combustível e aluguel de veículos. Na avaliação da presidenta do Sindicato, o presidente ilegítimo Michel Temer não trouxe nenhuma solução concreta para o Estado. “Ele apenas pousou
SITUAÇÃO DAS BARRAGENS EM PERNAMBUCO Barragem Serro Azul (Palmares) Única das cinco obras prometidas em 2010 para evitar novas enchentes em operação. Custo total: R$ 500 milhões (R$ 200 milhões do PAC) Capacidade: 303 milhões de metros cúbicos
Barragem Panelas II (Cupira) Obras paralisadas (47% executada) Custo inicial: R$ 109,5 milhões (último repasse federal: R$ 18 milhões) Capacidade: 17 milhões de metros cúbicos
Barragem de Gatos (Lagoa dos Gatos) Obras paralisadas (20% executada) Custo inicial: R$ 82,8 milhões (último repasse federal: R$ 4,6 milhões) Capacidade: 6,6 milhões de metros cúbicos
Barragem de Barra de Guabiraba (Barra de Guabiraba) Obras paralisadas (25% executada) Custo inicial: R$ 94,5 milhões (último repasse federal: R$ 16,9 milhões) Capacidade: 19 milhões de metros cúbicos
Barragem de Igarapeba (São Benedito do Sul) Obras paralisadas (37% executada) Custo inicial: R$ 251,6 milhões (último repasse federal: R$ 48,8 milhões) Capacidade: 70 milhões de metros cúbicos *O orçamento das obras que não foram concluídas poderá sofrer alterações, pois precisarão ser feitas novas licitações.
Histórico de cheias em Pernambuco - Sec. XXI 30 de julho de 2000 - 60 mil desalojados 8 de janeiro de 2004 - 20 mil desalojados 2 de junho de 2005 – 30 mil desalojados 19 de junho de 2010 – 80 mil pessoas desalojados 27 de maio de 2017 – 52 mil pessoas desalojados
para foto e partiu”, destacou. O Governo de Pernambuco ainda pleiteia junto à União a liberação de uma linha de crédito de R$ 600 milhões, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), para concluir a construção das quatro barragens inconclusas. O planejamento será apresentado em uma nova reunião acertada com o presidente ilegítimo Michel Temer. Junho/Julho de 2017
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Dicas de Cultura
7º Arraiá dos Bancários O Sindicato dos Bancários de Pernambuco realiza no dia 1º de julho, a 7ª edição do Arraiá dos Bancários, no Clube de Campo em Aldeia. Além da tradicional fogueira, comidas juninas e grupos musicais animam a festa com muito forró pé-de-serra. Os presentes contam ainda com show pirotécnico, quadrilha improvisada e a ampla estrutura do Clube de Campo, incluindo segurança e primeiros-socorros.
Caruaru: O Maior São João do Mundo Janine Moraes/MinC
Com o tema “Onde a tradição faz par com o novo”, as festividades do São João de Caruaru foram iniciadas no dia 3 de junho e seguirão até 29 do mesmo mês. O Parque de Eventos Luiz Gonzaga concentra as principais atrações, como Petrúcio Amorim, Alceu Valença, Josildo Sá, Fim de Feira, Maciel Melo, além dos shows de duplas sertanejas. O Polo Azulão, por sua vez, será destinado ao som alternativo. Por lá, passarão Lenine, Eddie, Chico César, Siba, entre outros.
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Revista dos Bancários
Arquivo pessoal
Bancário de Talento
Música que alivia a mente e alimenta a alma
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ocar instrumentos musicais pode trazer inúmeros benefícios como aumentar a capacidade do cérebro, melhorar a concentração e a habilidade de leitura. Para o bancário Tiago Bispo, tocar bateria é um dos maiores prazeres da vida. O interesse pela atividade surgiu aos 18 anos. Hoje, aos 31, ele concilia o hobby com o seu trabalho como gerente de negócios do Departamento de Poder Público, na Diretoria Regional do Bradesco. Assim como na carreira bancária, na qual desempenhou as funções de caixa e supervisor antes de conquistar a gerência, Tiago foi perseverante em sua trajetória musical. Autodidata, ele aprendeu a tocar bateria estudando através da internet e praticando com amigos.
“Esse processo de aprendizagem básica durou aproximadamente um ano, mas ainda tenho muito o que aprender”, afirma Bispo, que realizou o sonho de comprar sua primeira bateria aos 25. Nos últimos anos, Tiago integrou mais de uma banda e realizou apresentações, sempre voluntárias, em eventos públicos, congressos e instituições religiosas. “Acredito que uma das recompensas de tocar é poder trabalhar em grupo e, assim, fazer novas amizades”, avalia. A formação musical de Tiago consolidou-se na Igreja Congregacional de Cavalero, no município de Jaboatão dos Guararapes, onde conheceu as suas principais referências: os ministérios e o pop-rock gospel. Com o grupo da Igreja, costuma ensaiar aos sábados e domingos, que são os únicos dias com tempo livre na semana. Segundo Tiago, o bem-estar gerado pela música traz benefícios para o trabalho no banco, onde atua há sete anos. “A música ameniza o estresse do dia a dia, é uma terapia para a vida”, ressalta. A atividade bancária é uma das que mais adoece trabalhadores devido ao alto nível de estresse gerado pela pressão para o cumprimento de metas abusivas. Sem estresse, as relações pessoais também melhoram. Tiago, inclusive, recebe o incentivo da família para continuar tocando, em especial da esposa, Oziane Bispo, que está à espera do primeiro filho do casal. “O meu maior objetivo agora é ensinar tudo o que eu aprendi ao meu filho, Tiago Henrique, que chegará ao mundo em setembro deste ano”, revelou. Junho/Julho de 2017
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Fotos: Márcio Cabral de Moura
Conheça Pernambuco
Cidade das águas
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om o início do período de chuvas em Pernambuco, as praias deixam de ser a opção preferida de passeio. Em contrapartida, o aumento do volume de água torna ainda mais belas as cachoeiras. Em São Benedito do Sul, município localizado na Zona da Mata Sul de Pernambuco, distante 180 km de Recife, existem entre 15 e 20 áreas de banho, incluindo mais de dez cachoeiras. Além de atender às expectativas de quem procura um destino voltado para o ecoturismo de lazer, o lo-
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Revista dos Bancários
cal oferece uma boa infraestrutura receptiva para os turistas, com chalés e hotéis fazenda. A cidade é classificado pela Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur) como o maior recurso hídrico de Pernambuco e, por isso, é chamada de "cidade das águas". Entre as quedas d`água da região, destacam-se as cachoeiras de Aritana, Poço do Caboclo, Poço do Soldado e Peri-Peri. Para ir às cachoeiras é preciso ter bastante disposição, a média é de uma hora de caminhada para chegar a primeira, e a distância entre elas varia de sete a 15 quilômetros. O ideal é recorrer a um guia da Prefeitura da cidade para saber o melhor caminho. Com quedas d'água de até 15 metros de altura, o banho nas águas minerais de São Benedito do Sul proporcionam uma verdadeira terapia de relaxamento e renovação das energias para aqueles que vivem na rotina agitada dos centros urbanos. Outro atrativo turístico é a Serra do Espelho, uma reserva ecológica que compreende 600 hectares de Mata Atlântica, onde é possível encontrar no percurso das trilhas espécies da fauna e da flora preservadas. Por estar localizado em uma região predominantemente rural, o município de São Benedito do Sul é cercado por engenhos de cana de açúcar e de produção de rapadura, com casas de farinha artesanais, que também podem ser visitados.