Revista dos Bancários 73

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nÂş 73 - nov/2018 a jan/2019 ano 8

Trabalhadores resistem para impedir as privatizaçþes


Revista dos Bancários Publicação do Sindicato dos Bancários de Pernambuco

Redação Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-000 Fones (81) 3316.4233 / 3316.4221 Site www.bancariospe.org.br Presidenta Suzineide Rodrigues Secretário de Comunicação Epaminondas Neto Conselho Editorial Adeílton Filho, Epaminondas Neto, Micheline Américo e Suzineide Rodrigues Jornalista responsável Micheline Américo Redação Beatriz Albuquerque e Brunno Porto Projeto gráfico e diagramação Bruno Lombardi - Studio Fundação Imagem de capa Montagem com as fotos de Acervo Sindicato dos Bancários de Pernambuco e Freepik Impressão CCS Gráfica Tiragem 6.000 exemplares

Sindicato filiado à

Editorial

Ninguém solta a mão de ninguém Chegado o mês de dezembro, temos a certeza de que, independentemente dos intensos ataques de um governo central ultraliberal e conservador, a resistência foi a nossa principal bandeira para manter viva nossa missão de construir um País livre, independente e com justiça social. A classe trabalhadora seguirá firme e altiva para enfrentar os enormes desafios que se anunciam para o ano de 2019, como fizemos ao longo de toda a história diante da opressão, exploração e injustiça. A cada novo calendário, desejamos uns aos outros muita paz, amor e prosperidade e nos enchemos de esperança em dias melhores com harmonia, paz e justiça social. Para que este sonho se realize, precisamos resgatar o que há de mais humano em nós e exercitar o respeito à diversidade, à pluralidade e às diferenças, bem como ter coragem para lutar contra as desigualdades, as injustiças, o ódio e a intolerância. Essa missão desafiadora de transformar o mundo só poderá tornar-se realidade por meio da experiência coletiva e solidária, que seja construída conjuntamente e vivenciada por todas e todos. Inspirados por esses valores, convocamos vocês a seguirem com a gente rumo ao ano de 2019 com fé, resistência e confiança de que nos levantemos vitoriosos perante as iniquidades. Sigamos a passos largos adiante, pois não há espaço para acovarda-se diante da vida, porque metade de nós é sonho e a outra metade é luta! Ninguém solta a mão de ninguém!

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PRIVATIZAÇÃO Venda de ativos e fatiamento das estatais ameaçam bancos públicos

PREVIDÊNCIA Modelo de capitalização fracassado no Chile é proposta do governo para o Brasil p. 4

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MAIS MÉDICOS Fim de parceria bem-sucedida com Cuba penaliza a população brasileira p. 12

DICAS DE CULTURA p. 14

p. 6

ENTREVISTA O especialista econômico José Silvestre analisa a conjuntura e aponta perspectivas preocupantes para os trabalhadores em 2019 p. 8

BANCÁRIO DE TALENTO Regente João Coimbra completa 51 anos de carreira p. 15

CONHEÇA O NE Cânion do Xingó atrai turistas para Canindé do São Francisco

Foto: Carolina Vasconcelos/ blogdobilhetepremiado.com.br

Fim do Ministério do Trabalho é inconstitucional

p. 16 nov. de 2018 a jan. de 2019

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Modelo de Previdência que o governo quer adotar fracassou no Chile

Bolsonaro pretende adotar regime no qual o trabalhador faz a própria poupança

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o Brasil, o ano de 2019 inicia-se com o governo eleito discutindo uma proposta de Reforma da Previdência aos moldes da implementada no Chile, em 1981, durante a ditadura militar de Augusto Pinochet. A equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro (PSL) pretende adotar o regime de capitalização, no qual o trabalhador passa a fazer a própria poupança, sem contribuição por parte dos empregadores. Inspirado pela Escola de Chicago e pelo liberalismo, o futuro Ministro da Economia Paulo Guedes é o principal articulador da nova reforma. Caso o “Chicago boy brasileiro” atenda à orientação do governo Temer (2016-2018), a proposta será apresentada até o dia 15 de janeiro de 2019, ainda durante o recesso do Congresso Nacional.

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Segundo o vice-presidente de Assuntos da Seguridade Social da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), Décio Lopes, a Previdência passou por uma série de reformas desde sua criação em 1923. “A reforma da previdência anunciada como pauta prioritária pela equipe econômica do próximo governo pretende fazer mais uma reforma radical na Previdência Social, mais voltada para reduzir e dificultar o acesso aos benefícios, com a instituição e o aumento de limite mínimo de idade para acesso às aposentadorias. Como as propostas de Reforma da Previdência envolvem direito dos trabalhadores e dos segurados, elas devem passar por uma ampla discussão com a sociedade de forma a evitar transtornos na vida do trabalhador, dos segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e dos necessitados (Assistência Social) e assim evitar retrocessos”, avalia. Atualmente, o regime previdenciário brasileiro baseia-se no método de repartição, em que contribuições das empresas, dos trabalhadores e dos recursos da Seguridade Social cobrem as despesas com o pagamento de benefícios e aposentadorias. O novo modelo provavelmente irá prever a capitalização individual, na qual bancos, seguradoras e até fundos de pensão administrarão a poupança dos trabalhadores. “É importante frisar que capitalização individual só com contribuição do segurado não é previdência social, é uma aplicação financeira. Ademais, se a contribuição do trabalhador vai ficar em uma empresa do mercado financeiro, é o fim da Previdência conforme conhecemos, em que paga o trabalhador, paga o empregador e o próprio Estado. Se isso realmente acontecer haverá um retrocesso como nunca visto, pois desonera-se a empresa ou

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Aposentadoria


empregador, o Estado sai da relação previdenciária e o segurado assume sozinho o próprio risco”, alerta. No Chile, após 37 anos da implantação de um modelo de capitalização, apenas metade dos trabalhadores chilenos conseguiu aposentar-se e 91% dos aposentados recebem benefícios de cerca de meio salário mínimo do país, o equivalente, em média, a R$ 694,00, tendo em vista o piso nacional do Chile, que é de 288 pesos, ou cerca de R$ 1.575,00. Com o sistema de capitalização adotado no Chile, as contribuições obrigatórias dos trabalhadores são repassadas para as Administradoras de Fundos de Pensões – AFP, sociedades anônimas que aplicam tais recursos no mercado financeiro. “Como o resultado das aplicações depende das oscilações do mercado, nem sempre as aplicações atingem as metas estabelecidas, além do que as administradoras também cobram as respectivas taxas de administração. Agora se vê que o sistema adotado foi um fracasso e os governos chilenos atuais vêm tentando fazer reformas que possibilitem a melhoria do valor dos benefícios”, afirma Décio Lopes. O modelo chileno não atingiu os seus objetivos, e hoje o país estuda uma contrarreforma para inverter os efeitos negativos, como a pouca cobertura do sistema de previdência, os baixos valores dos benefícios e o aumento da desigualdade social. A crescente insatisfação popular levou milhares de pessoas às ruas, em um movimento chamado No+AFP (Basta das Administra-

O Chile estuda contrarreforma para inverter o caos

doras dos Fundos de Pensões) a fim de exigir que as autoridades se comprometam com a criação de outro mecanismo previdenciário. Um dos fatores que evidenciam o colapso do sistema de pensões e aposentadorias é o aumento no número de suicídios no país. De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), organismo oficial chileno, entre 2010 e 2015, 936 adultos maiores de 70 anos suicidaram-se. Acima dos 80 anos, a taxa é de 17,7 para cada 100 mil habitantes. No Brasil, quando o então presidente Michel Temer tentava aprovar a reforma da Previdência, mais de 40 milhões de trabalhadores aderiram à Greve Geral e impediram a votação da pauta naquela ocasião. O novo presidente Jair Bolsonaro também sinaliza para intenção de acabar com a Previdência pública. A justificativa é sanar um suposto déficit de R$ 149 bilhões. “De acordo com os estudos da Anfip, há mais de 10 anos, o resultado da seguridade social foi superavitário e esse superávit não

foi utilizado para constituição de fundos para solver a necessidade de financiamento em outros períodos. Certo é que, pela primeira vez, o resultado da seguridade social foi deficitário nos exercícios de 2016 e 2017, situação essa causada por diversos fatores como paralisação da economia, aumento do número de desempregados, redução das atividades das empresas, etc.”, assegura. O relatório final da CPI da Previdência entre as distorções relativas ao financiamento do sistema de Seguridade Social, no qual Previdência, Saúde e Assistência Social estão inclusos - aponta a ausência de recolhimentos devidos pela União, sonegação e dívidas bilionárias inadimplidas. Somente a dívida dos empresários somava, até 2015, R$ 374,9 bilhões. “Não serão os trabalhadores que vão assumir essa conta. Vamos lutar por uma Previdência pública, igualitária e para todos. Só assim poderemos garantir o nosso direito à aposentadoria digna”, ressalta a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues. nov. de 2018 a jan. de 2019

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Trabalho

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Ministro Extraordinário da Transição e futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, confirmou o fatiamento do Ministério do Trabalho (MT). No governo de Jair Bolsonaro (PSL), a atual estrutura será dividida entre outros três ministérios, fragilizando a atuação do órgão. Assuntos relativos a emprego ficarão a cargo do futuro Ministério da Economia, que será chefiado pelo economista Paulo Guedes. A concessão de cartas sindicais e fiscalização do trabalho escravo deverá ficar com o futuro Ministério da Justiça e Segurança Pública de Sérgio Moro; e o Ministério da Cidadania, que será comandado por Osmar Terra, será responsável pelas políticas de emprego. A estrutura final do governo vai contar com 20 ministérios funcionais e 2 eventuais – o Banco Central e a Advocacia Geral da União. Sobre o fim do MT, o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou que os trabalhadores não serão prejudicados e que a pasta funcionava como um “sindicato”. Em mais de uma ocasião, o presidente eleito disse publicamente que os trabalhadores terão que escolher entre ter direitos ou ter um emprego. Inclusive, o novo governo estuda mudanças na legislação trabalhista que aprofundariam os prejuízos impostos pela última

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Servidores protestam contra o desmembramento do MT

Reforma Trabalhista. Uma das propostas anunciadas pelo governo eleito é a criação de uma carteira de trabalho “verde e amarela”, que existiria em paralelo à atual azul, regida pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Em tese, o trabalhador que optasse pela novidade abriria mão da CLT, garantiria apenas os direitos previstos na Constituição federal e dependeria dos acordos realizados entre patrão e empregado. “A carteira verde amarela é um engodo, uma fraude, uma forma de regularizar o trabalho informal, precário e sem direitos. Na prática, sabemos que o trabalhador não terá escolha, pois o Brasil hoje tem um contingente de mais de 12 milhões de desempregados”, avalia a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues. Apesar das mudanças na legislação trabalhista serem apontadas como solução para o desemprego pelo governo Bolsonaro, um levantamento realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), afirma que as 670 alterações no sistema coletivo de negociação e na legislação trabalhista de 110 países não tiveram nenhum impacto positivo na geração de empregos. Outro fator criticado pelas organizações sindicais é que, com a nova carteira de trabalho, o empregador não recolherá os encargos previdenciários para a aposentadoria dos funcionários, que terão de pagar uma previdência privada. “O sistema financeiro tem interesse nesta medida, pois a previdência privada é altamente rentável aos bancos. Além disso, o fim da Previdência Social comprometeria não somente o futuro das aposentadorias, como o pagamento dos benefícios dos atuais aposentados e pensionistas”, alerta a secretária-geral do Sindicato, Sandra Trajano. Esta será a primeira vez, desde a criação do MT em 1930, que mudanças

Edu Andrade/Divulgação/MTE

Fim do Ministério do Trabalho é inconstitucional


de grande impacto para os trabalhadores serão implementadas sem a fiscalização do órgão, que tem a missão essencial de mediar a relação entre o empregador e o empregado. Atualmente, o MT concentra tanto a expertise da fiscalização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, da contribuição social e do Seguro-Desemprego, quanto a da inspeção dos ambientes de trabalho com ênfase na redução dos acidentes e adoecimentos, que tanto impactam a vida dos trabalhadores, assim como exerce função fiscalizadora, com ações de combate ao trabalho considerado análogo ao escravo e ao infantil. O próprio MT divulgou nota considerando a sua extinção inconstitucional. “O Ministério do Trabalho reitera que o eventual desmembramento da pasta atenta contra o artigo 10º da Constituição federal, que estabelece a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em

que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação”, afirma o texto. “Dissolver as atribuições do Ministério do Trabalho em diversas pastas, sem a adoção de medidas de compensação democrática, retiraria um dos palcos em que é promovida a interlocução entre trabalhador, empregadores e Estado regulador, essencial à garantia do equilíbrio das relações de trabalho”, finaliza a nota.

Criminalização Além dos ataques à proteção dos trabalhadores, o direito a manifestações dos movimentos sociais está seriamente ameaçado pela proposta de mudanças na Lei Antiterrorismo, com o objetivo de tratar como terroristas organizações como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). A Lei Antiterrorismo foi sancionada por Dilma Rousseff em 2016 du-

rante a realização das Olimpíadas no país. O objetivo original da proposta no Congresso era conter black blocs presentes em diversas manifestações à época. A versão final, aprovada, excluía da legislação manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional. Hoje, a lei diz que terrorismo é a prática de atos individuais ou coletivos “por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião”, com a finalidade de provocar “terror social ou generalizado”. O novo Projeto de Lei do Senado 272/2016, de autoria do senador Lasier Martins (PDT), propõe aprovação do trecho vetado por Dilma, que inclui terrorismo por “motivações políticas, ideológicas, sociais” e a tipificação do crime para quem “coagir autoridade do poder público a adotar determinada conduta.” A presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues, avalia que os ataques contra a democracia serão a tônica do novo governo e é preciso se preparar para criar uma rede de proteção para defender as liberdades individuais e dos movimentos sociais. “Consideramos que este é um ato de censura, que fere à liberdade de manifestação assegurada pela Constituição. Querem criminalizar os movimentos sociais para impedir que as reivindicações cheguem às ruas. Neste momento, estamos solidários ao MST e MTST, que são os principais alvos, mas também atentos e preparados para garantir a luta dos sindicatos em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras deste país”. nov. de 2018 a jan. de 2019

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Perspectivas 2019

“O movimento sindical irá atravessar um período de resistência”

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s perspectivas políticas e econômicas apontam para um ano de necessária resistência da classe trabalhadora em 2019. A avaliação é do coordenador de relações sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre, que, em entrevista à Revista dos Bancários, analisa as medidas anunciadas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Em 2018, os trabalhadores enfrentaram negociações mais duras. No caso dos bancários, os direitos foram garantidos por dois anos. É uma conquista importante? Sim. Considerando o cenário que estamos vivendo, a negociação da última campanha dos bancários foi boa. Esta foi uma negociação em que não houve greve, e se conseguiu um acordo que me parece bastante razoável. Desde 2004, os bancários eram obrigados a fazer greve durante a campanha salarial. E a experiência dos bancários é sempre uma referência do ponto de vista da negociação. Um exemplo disso é que essa é uma das poucas categorias que

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José Silvestre analisa anúncios do presidente eleito

tem uma convenção nacional. Todos os direitos que valem em Recife valem em uma pequena cidade do Interior de Pernambuco. Então, essa convenção que tem mais de 20 anos sempre foi uma referência para as demais categorias do ponto de vista sindical. O desmembramento do Ministério do Trabalho, confirmado por Onyx Lorenzoni, ministro extraordinário da transição, representa uma ameaça para os trabalhadores? É uma ameaça e um prejuízo grande para a classe trabalhadora em que pese ao Ministério do Trabalho nunca ter tido o protagonismo que deveria. O MT é de 1932, tem mais de 80 anos, e é um instrumento do Estado importante para mediação das relações entre capital e trabalho. A pasta tem a função de, além de desenvolver as políticas públicas para o campo do trabalho, ser responsável pelo registro sindical, pela base de dados do mercado de trabalho formal brasileiro e pelos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Outro fator importante é que, como o Ministério será fatiado e algumas políticas ou vão para a Fazenda ou para a Justiça, sua atribuição sofrerá um esvaziamento, que é a política de fiscalização sobre saúde e segurança, como a questão do trabalho escravo. Se isso não se perder de vez, certamente será muito enfraquecido. É um prejuízo para a sociedade brasileira e para os trabalhadores de modo geral. Como você avalia a Reforma de Previdência articulada pela equipe econômica de Jair Bolsonaro?


Está todo mundo achando que a salvação da lavoura é a Reforma da Previdência. É evidente que historicamente, é preciso fazer mudanças na Previdência, por causa do envelhecimento da população, do problema do mercado de trabalho, etc. A proposta de Armínio Fraga prevê uma restruturação na Previdência de forma mais alongada no tempo, um regime de capitalização que estaria espelhado na experiência fracassada do Chile, e a introdução de uma renda mínima. Agora, nós não sabemos o que vai ser de fato, porque as declarações de Bolsonaro e da equipe dele têm muitas contradições. Uma hora diz que vai fazer, outra hora recua, mas certamente no começo do governo a proposta será apresentada e o movimento sindical deve preparar-se para enfrentar esse debate. A criação da Secretaria de Desestatização revela que as privatizações são prioritárias para o governo. Quem sairá perdendo com a venda das estatais? O Brasil sairá perdendo, pois trata-se de entrega do patrimônio público do povo brasileiro, como é o caso da Petrobras. Uma parte do pré-sal já foi entregue com a mudança do modelo de exploração, que foi aberto para as petrolíferas estrangeiras. Estão anunciando o processo de privatização da Petrobras por meio do fatiamento da empresa, ou seja, desfazendo-se dos seus ativos. Além disso, tem o anúncio de privatizações dos bancos públicos, Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Eu

“O Brasil sairá perdendo com as privatizações, pois trata-se de entrega do patrimônio público do povo” quero acreditar que haja uma resistência não apenas por parte dos bancários, mas dos trabalhadores de maneira geral, pois esse governo vem aprofundar o que já estava sendo feito na gestão Temer, com a diferença de que é um governo eleito e estaria mais legitimado. A carteira de trabalho verde e amarela, anunciada por Jair Bolsonaro, contribuirá para a geração de empregos? Esta carteira de trabalho verde e amarela pode ser considerada uma porta de entrada para a informalidade. Quando você tem um mercado de trabalho como o nosso, com um contingente imenso de mais de 12 milhões de pessoas desempregadas, entre outros que estão em trabalhos precários, é óbvio que entre não ter nada e um emprego sem direitos, a escolha será ter emprego. É um cenário

que está propício para você ter um instrumento como esse. É mais um elemento na agenda de precarização posta pelo governo eleito. Em certos aspectos, vamos retornar a meados do século 20. Com essas medidas vamos ter uma piora na remuneração da população, aumento da desigualdade e redução das políticas públicas voltadas para as pessoas mais necessitadas. O desequilíbrio da correlação de forças entre o setor patronal e os trabalhadores será agudizado? Muda a correlação de forças do ponto de vista da legislação aprovada, que é menos protetora do que a que tínhamos. Fortalece o setor patronal e retira recursos para o financiamento dos sindicatos. Então, aprofunda o desequilíbrio entre o capital e o trabalho. Essas medidas reforçam o poder das corporações patronais e os sindicatos ficam fragilizados. O negociado sobre o legislado, por exemplo, acaba sendo uma falácia porque se as entidades sindicais tivessem recursos e condições de negociação mais simétricas tudo bem, mas não é o caso. Qual será o papel das entidades sindicais em 2019? Acredito que o movimento sindical atravessará um período de resistência. Vai haver uma ofensiva no sentido de esvaziar os sindicatos, que por sua vez terão que disputar todos os espaços e fazer o enfrentamento para garantir as conquistas que estão sendo retiradas pelo setor patronal ancorado na nova legislação. nov. de 2018 a jan. de 2019

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Bancos Públicos

Secretaria de Privatizações ameaça bancos públicos

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“superministério” da Economia, resultado da fusão dos Ministérios da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio Exterior, prevê a criação de seis secretarias. Uma delas será a Secretaria de Desestatização e Desmobilização, que terá a missão de coordenar a venda de ativos estatais no governo Jair Bolsonaro. Embora o ministro Paulo Guedes ainda não tenha fornecido detalhes sobre o programa de privatizações, durante a campanha eleitoral, afirmou que pretende vender o maior número de ativos possíveis, incluindo na lista Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal. O executivo Salim Mattar, fundador da empresa de locação de automóveis Localiza e integrante do Instituto Millenium, fundado por Guedes para promover o liberalismo econômico, já aceitou o convite para comandar a secretaria. O avanço das privatizações deverá ser pauta prioritária a partir de janeiro de 2019. A equipe econômica do presidente eleito, inclusive, já estimou que a venda de todas as 144 companhias estatais do país poderia render entre R$ 802 bilhões e R$ 1 trilhão para a economia brasileira. “Esqueceram-se de incluir na conta o prejuízo que a venda das estatais representa para milhares

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de brasileiros. Querem entregar o nosso patrimônio, ameaçando a soberania nacional, ao mercado financeiro. Não tem sentido vender empresas lucrativas, como a Caixa, o BB e o Banco do Nordeste”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues. A Caixa Econômica, banco 100% público, tem como seu papel central a função social e o aporte à infraestrutura do país com taxas de crédito mais baixas que as de mercado dos bancos privados. Também é responsável pelo gerenciamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Programa de Integração Social (PIS), e garante o financiamento habitacional e os programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família. No caso do BB, apesar de ter economia mista, com ações vendidas na bolsa de valores, o governo federal ainda é seu acionista majoritário (50,73%). O financiamento rural, seja do agronegócio, do pequeno e médio produtor ou da agricultura familiar, é a principal política pública efetivada pelo banco, com subsídio do governo federal. O BB viabiliza o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), entre outros. O Banco do Nordeste exerce função social ao conceder linhas de crédito acessíveis aos pequenos e médios empreendedores. É um banco de fomento e desenvolvimento regional que procura gerar emprego e renda, além de atender a população mais carente do Nordeste. “O fim desses programas terá um forte impacto social. Sabemos que 70% do alimento que chega à mesa do trabalhador brasileiro vêm da agricultura familiar, que é financiada por linhas de crédito oferecidas pelos bancos públicos, principalmente Banco do Brasil e o Banco do Nordeste”, destaca A Caixa financia programas como Minha Casa, Minha Vida


a secretária de Bancos Públicos do Sindicato, Cândida Fernandes. Para preparar as estatais para venda, o governo precariza o serviço com o enxugamento das equipes por meio de Programas de Demissão Voluntária, da não convocação de concursos públicos e do fechamento de agências. Desde 2015, a Caixa cortou 12.791 postos de trabalho, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. E o BB fechou 777 agências bancárias de 2015 a 2017. Apesar do desmonte dos bancos públicos estar em curso, os balanços financeiros desmentem as afirmações de que as empresas estatais têm gestão ineficiente. No primeiro semestre de 2018, elas apresentaram lucro líquido de R$ 37,3 bilhões e os dividendos que essas empresas vão repassar para a União giram em torno de R$ 5,7 bilhões. Além de lucrativos, os bancos públicos contribuem para o desenvolvimento regional no país. De acordo com o Banco Central, são bancos públicos 63,3% das agências na região Norte do país e 59,3% no Nordeste. Apenas no Sudeste, região mais rica do país, há um número maior de agências de bancos privados do que de bancos públicos. Para preparar o terreno para as privatizações, o governo eleito convidou executivos com experiência no setor privado para

Bancários de Pernambuco aderiram à Campanha Nacional em Defesa dos Bancos Públicos

assumirem a presidência do Banco Central, BB e Caixa. No Banco Central, Roberto Campos Neto, executivo do Banco Santander, substituirá Ilan Goldfajn. Ele está no banco espanhol desde 2005 e é expoente da corrente liberal. Foi ministro do Planejamento durante o governo militar de Castelo Branco (1964-1967). Para o BB, o escolhido foi Rubem Novaes, que já esteve à frente de entidades patronais, como Confederação Nacional da Indústria (CNI). Já a presidência da Caixa, será entregue para Pedro Guimarães, sócio do banco de investimentos Brasil Plural e especialista em privatizações.

Prevendo os rumos que a direção dos bancos públicos seguirão, a categoria bancária está em mobilização permanente, com a campanha “Não tem Sentido”, em defesa dos bancos públicos. O renomado economista Luiz Gonzaga Belluzo aderiu à campanha nacional, na qual declara: “Não tem sentido propor a privatização dos bancos públicos, porque isso significa desconhecer o papel que eles tiveram e têm no desenvolvimento econômico, na industrial e social do Brasil, sobretudo no período em que a economia cresceu, gerou empregos, criou condições mais adequadas com o Minha Casa, Minha Vida e o financiamento da agricultura”. Banco do Nordeste concede linhas de créditos aos pequenos e médios empreendedores

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Saúde

Brasil perde com saída de cubanos do Mais Médicos

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riado para ampliar a assistência à saúde principalmente em regiões carentes, o Programa Mais Médicos enfrenta a primeira crise desde sua implementação em 2013. Declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que colocou em suspeição a formação dos médicos cubanos, resultaram na ruptura do acordo de cooperação firmado com Cuba, que anunciou a saída de mais de 8,3 mil médicos do programa. “Não é aceitável que se questione a dignidade, profissionalismo e altruísmo dos colaboradores cubanos”, diz a nota do governo cubano. O convênio intermediado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) dispensava os cubanos da revalidação do diploma. Além disso, o pagamento pelo serviço era enviado ao governo da Ilha, que transferia cerca de 30% do valor aos médicos. A bolsa integral paga por Brasília aos profissionais do programa é de cerca de R$ 11,8 mil reais. Após decisão de Cuba, Bolsonaro disse via Twitter que condicionou a continuidade do programa “à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinada à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias”. Em cinco anos de programa, nenhum edital do programa conseguiu contratar quantidade suficiente de

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profissionais brasileiros para as vagas abertas. As vagas remanescentes eram ofertadas a médicos brasileiros e estrangeiros formados no exterior. Até novembro de 2018, o programa tinha 18.240 vagas, e 2 mil estavam abertas, sem médicos. Do total, os cubanos ocupavam 8.332 (45,6%). De acordo com o Ministério da Saúde, o programa atende cerca de 63 milhões de pessoas em 4 mil municípios brasileiros e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Dos cargos em aberto estão localizados em DSEIs 55%. Com o retorno dos cubanos à Ilha, o governo brasileiro lançou um novo edital de convocação para suprir a lacuna. Mas embora tenha recebido mais de 33,8 mil inscrições, os médicos brasileiros não se dispuseram a trabalhar em mais de cem unidades de saúde, localizadas no Amazonas e no Pará. O médico cubano Yonner Gonzales Infante, atuou no posto de Maranguape I B, no município do Paulista, na Região Metropolitana do Recife, e está entre os profissionais que se desvincularam do Mais Médicos. “Tenho esperanças que consigam preencher todas as vagas ofertadas, ainda que sejam aquelas nos distritos indígenas e nas áreas mais pobres e carentes. E não somente preencher, porque a questão é quando chegar ao lugar e ver as condições nas quais terão que exercer a medicina, se vão concordar”, destaca.

A realização do Revalida, exame que reconhece os diplomas dos médicos formados no exterior e que querem atuar no Brasil, é um dos critérios que Jair Bolsonaro exigiu para a permanencia dos cubanos. Embora Yonner não tenha discordância em se submeter a qualquer tipo de exame que possa aferir os seus conhecimentos na área, questiona as motivações da avaliação. “Cuba tem médicos trabalhando em mais de 64 países e o único que exige um exame é o Brasil. Isso quer dizer que as demais nações confiam na medicina cubana, desde que essa confiança seja respaldada pelo resultado do trabalho e melhoria na qualidade de vida das pessoas”, destaca. Alvo de polêmica, a remuneração paga aos cubanos era de R$ 2.976 repassado pelo governo cubano mais R$ 2.500 do auxílio pago pelas prefeituras. “Tem gente que fala que é um trabalho escravo, a mídia fala que é um roubo, só que na minha compreensão acredito que trata-se de contribuir com a sustentação de um sistema de saúde e educação gratuito em Cuba. É também uma forma de contribuir para que Cuba continue prestando ajuda gratuita para países tão pobres quanto o Haiti. Então, depende da valoração que a pessoa faz dos fatos, se vamos chamar esse salário de ‘escravidão’ ou consciência, patriotismo, solidariedade e humanismo”, conclui.


Resistência

Sindicato planeja ações para o próximo biênio

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cenário adverso que se desenha para a classe trabalhadora não intimida o Sindicato dos Bancários de Pernambuco. A diretoria da combativa entidade sindical renova o compromisso com a luta em 2019, tendo como missão combater à privatização, garantir direitos, defender o emprego, a saúde e melhores condições de trabalho. As ações estratégicas para o próximo biênio começaram a ser planejadas visando ao fortalecimento do Sindicato e à defesa da classe trabalhadora. “Com a consciência do dever cumprido e iniciamos 2019 com o planejamento estratégico desta nova gestão, construindo as propostas para enfrentar a conjuntura que é preocupante para a organização dos trabalhadores. Debatemos nossas propostas, mas acima de tudo a esperança, a resistência e a luta, para cumprirmos o nosso compromisso com a defesa dos direitos dos bancários e da classe trabalhadora”, afirma a presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues. A reunião de planejamento foi facilitada pelo consultor Domingos Corcione, que realizou atividades de integração e fomentou o debate sobre a missão da entidade diante dos desafios do contexto atual. “É fundamental no início de cada gestão, seja sindical seja qualquer outra organização, que se projetem

as grandes metas e as estratégias da própria gestão. Todos estão dispostos e o Sindicato está de parabéns pela iniciativa”, avalia Corcione. Para os dirigentes do Sindicato, o momento é de acirramento da luta de classes e exige resistência diante da retirada de direitos e ataques aos bancos públicos, à liberdade, à soberania e à democracia. “A classe trabalhadora, os movimentos sociais e sindicatos, as mulheres, negros e negras, LGBTs, povos indígenas, a população de modo geral, sobretudo os mais pobres, serão os principais prejudicados pela extrema direita. Por isso, a unidade na luta será necessária, mais do que nunca”, aponta Suzineide. O processo de planejamento será realizado em três etapas. Nesta primeira etapa, a missão do Sindicato foi revisitada e as estratégias orientadoras da gestão serão definidas para cada secretaria. Os dirigentes também irão traçar os aspectos inovadores que a gestão pretende

adotar. A meta é concluir o processo até março de 2019, com reuniões intercaladas do Pleno e da Executiva do Sindicato. Entre as ações estratégicas que serão adotadas destacam-se a ampliação da Campanha em Defesa dos Bancos Públicos; luta em favor da revogação da Reforma Trabalhista, da Lei da Terceirização e da Resolução 23 da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União (CGPAR); luta pela reabertura de agências fechadas, principalmente nas cidades do Interior; aprofundar o combate às metas abusivas; e defesa da Previdência Social pública e igualitária. O Sindicato também irá trabalhar a interiorização da entidade, celebrando novas parcerias nos municípios do Interior, instalando novas subsedes, a exemplo das já existentes em Salgueiro e Arcoverde, e expandindo a assistência jurídica com escritórios localizados nessas regiões.

A reunião fortalece a missão do Sindicato

nov. de 2018 a jan. de 2019

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Dicas de Cultura »»Teatro

Janeiro de Grandes Espetáculos

Edição inicia na segunda semana de 2019

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Janeiro de Grandes Espetáculos, um dos eventos tradicionais do calendário cultural do Estado, será realizado entre os dias 8 e 31 de janeiro de 2019.

Em sua 25ª edição, o festival traz na programação espetáculos de teatro adulto e infanto juvenil, dança e apresentações musicais. Entre os selecionados, estão Geni, da Bernache Cia. de Teatro, Cantigas e Histórias na Terra do Sabiá ou o Que é Meu é Meu, e o Boi Não Lambe – Cia Artística Mamulengos e Catrevagens e Desencaixe – Coletivo Mosaico de Artes Integradas.

»»Livro

Solta os cabelos, Maria O livro Solta os cabelos, Maria, da autora Kitéria Silva, conta a história de uma menina negra que não conhecia a beleza que havia em seus cabelos crespos e sonhava em deixá-los lisos. A narrativa aborda o processo de construção da identidade e empoderamento da personagem. Lançado em dezembro, o livro é resultado de uma ação do Ministério Público de Pernambuco contra o racismo reproduzido no material didático de escolas para o ensino infantil. Em tempos de projetos como Escola sem Partido, que não permite que os alunos se reconheçam como sujeitos históricos com sua identidade, a leitura é recomendada para pais e filhos. As ilustrações são de Kadu Loureiro e a editora é Prazer de Ler.

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Revista dos Bancários


Bancário de Talento

Regente João Coimbra completa 51 anos de carreira

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oão Coimbra acabara de completar oito anos de idade quando começou a cantar. Nesta época ele ainda não sabia, mas a música permearia toda a sua vida. Hoje, aos 69 anos, o bancário aposentado carrega uma vasta experiência como regente de coral, que lhe rendeu assento na Academia Pernambucana de Música. O estudo do canto oceânico, disciplina que integrava a grande curricular do Ginásio 7 de Setembro, despertou o interesse de João Coimbra pela música. Aos 18 anos, ele já dominava a arte de reger coros. “O canto em grupo nos ensina valores como a igualdade, humildade e generosidade”, revela. Às vésperas de prestar vestibular para o Curso de Agronomia, o jovem descobriu que a Universidade do Estado do Ceará estava oferecendo um Curso Superior em Música. Com o apoio da família, ele tomou a decisão de ingressar no curso e formou-se músico. João Coimbra mudou-se para Pernambuco e começou a trabalhar como bancário no Bandepe, onde também passou a reger o coral do banco. “A música sempre me ajudou ao longo da minha vida. É terapêutica, rejuvenesce e até esqueço da dor. É uma prática válida para a vida estressante do bancário”, recomenda. Estudos indicam que o canto

Bancário aposentado faz parte da Academia Pernambucana de Música

coral traz benefícios para a vida social e para a saúde. Diminui o estresse, melhora a coordenação motora, fortalece o sistema imunológico, reduz sintomas de depressão e ansiedade e ajuda a preservar a pressão expiratória em pessoas com doenças pulmonares obstrutivas crônicas. O maestro paraibano recebeu o título de Cidadão Pernambucano em 2006, pelas contribuições significativas à cultura do Estado. Em Pernambuco, o músico destacou-se regendo corais como o de São Pedro Mártir de Olinda, do Bandepe e da Universidade de Pernambuco. Por dez anos, foi responsável pelo encontro natalino, chegando a reunir 56 corais em uma única edição do evento. Aposentado há 22 anos, João Coimbra segue trabalhando com a condução do Coral Canto Livre - AABB, Coral do Sindsep e do Coro Via Voz. “Pensei que depois da aposentadoria eu iria me afastar da música, mas foi exatamente o contrário. Hoje, trabalho regendo três vezes por semana, estudo de forma permanente para preparar partituras e sou frequentador assíduo dos corais do Recife.” nov. de 2018 a jan. de 2019

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belezasnaturais.com.br

Conheça o NE Sertão de Sergipe encanta visitantes e revela grandes histórias

Cânion do Xingó é atrativo no Canindé do São Francisco

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anindé do São Francisco, localizada no Sertão de Sergipe, é a cidade mais afastada da capital do estado, Aracaju (213 km). Inserida no polígono da seca, ficando meses sem receber chuvas, a região tem no rio São Francisco o seu oásis. A cidade é ponto de partida para passeios de catamarã, que custam em média R$ 120,00, com destino ao imponente Cânion do Xingó. Em apenas meia-hora de navegação, já se pode avistar a grandiosa estrutura. O passeio ainda permite

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Revista dos Bancários

um mergulho nas águas verdes e cristalinas do Velho Chico, que refresca nos dias de alta temperatura. Barquinhos de remo levam os visitantes até a Gruta do Talhado, formada no interior do Cânion. Também é possível praticar stand up paddle nas águas tranquilas e rapel nos paredões rochosos. Com pousadas e restaurantes, o destino está preparado para receber os visitantes. Além da infraestrutura, uma orla às margens do rio São Francisco também se tornou mais um atrativo. A Usina Hidrelétrica de Xingó, uma das maiores do Brasil, também está aberta ao público. A visita começa no Mirante, com apresentação de audiovisual e maquete do complexo. Em seguida, as instalações da usina e as turbinas são apresentadas. Para os mais aventureiros, existe uma trilha de aproximadamente 700 metros até a Grota do Angico, local da emboscada contra Lampião e seu bando de cangaceiros. Assim como os demais roteiros da região, o passeio deve ser realizado com guias turísticos.


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