DOS
Revista Bancários Ano II - Nº 22 - Setembro de 2012
Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco
Leia as matérias completas em www.bancariospe.org.br
ELES NÃO FOGEM DA LUTA Exclusivo
Em plena Campanha Nacional, os bancários mostram, mais uma vez, a força da sua mobilização, responsável pelas inúmeras conquistas, que colocam a categoria como exemplo para os demais trabalhadores do Brasil
Candidatos a prefeito do Recife falam de suas propostas e sobre a lei de segurança bancária
REVISTA DOS BANCÁRIOS 1
Editorial
A hora de decisão
Setembro é um mês de decisão para a Campanha Nacional dos Bancários. Os representantes dos trabalhadores e dos bancos já discutiram toda a pauta de reivindicações e as negociações entraram num momento de impasse. Sem os avanços pretendidos, os bancários já marcaram a data para o início da greve: 18 de setembro. Se até lá a Fenaban não melhorar a única proposta que os bancos apresentaram, Na Campanha Nacional deste que prevê 6% de reajuste ano, os bancários para todas as verbas contra já mostraram que os 10,25% reivindicados, os estão mobilizados funcionários das instituições e prontos para o enfrentamento com financeiras vão cruzar os braços por tempo indeteros bancos. Se a greve for realmente minado. necessária, será Assim como ocorre touma das maiores dos os anos, a mobilização dos últimos anos. dos bancários será crucial para uma campanha vitoriosa. Na última década, a categoria teve de encampar greves todos os anos para garantir o atendimento das reivindicações. Infelizmente, esta parece ser a única linguagem que os bancos entendem. Em vez de negociar com seriedade, os bancos ameaçam seus funcionários, fazem pressão, apostam na desmobilização e desafiam os bancários a encarar greves sistemáticas. E sempre perdem a aposta. Na Campanha deste ano, os bancários já mostraram que estão mobilizados. Se a greve for realmente necessária, será uma das maiores dos últimos anos. Então, vamos para a luta. Com organização, mobilização, unidade e participação, vamos encerrar mais uma Campanha vitoriosa e mostrar para os bancos que seus truques não colam com os bancários.
>>
2 REVISTA DOS BANCÁRIOS
Índice Mobilização: a força dos bancários
3
Entrevista: candidatos a prefeito
6
Grito dos Excluídos
8
Conferência do Trabalho Decente
10
Comissão da verdade
12
Dicas de Cultura
14
Bancário artista
15
Conheça Pernambuco
16
Revista Bancários DOS
Opinião
Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco
Presidenta: Jaqueline Mello Secretária de Comunicação: Anabele Silva Jornalista responsável: Fábio Jammal Makhoul Conselho editorial: Jaqueline Mello, Anabele Silva, Geraldo Times e João Rufino Redação: Fabiana Coelho e Fábio Jammal Makhoul Projeto visual e diagramação: Libório Melo e Bruno Lombardi Capa: ©Depositphotos / Wavebreakmedia Impressão: NGE Gráfica Tiragem: 11.000 exemplares
Capa
Eu tenho a
força! O
Mobilização
Em meio a mais uma Campanha Nacional, os bancários estão mostrando, novamente, porque estão entre os trabalhadores mais organizados e mobilizados do Brasil
mês de setembro chegou e, assim como ocorre todos os anos, a mobilização dos bancários está no auge. Em meio a mais uma Campanha Nacional, os funcionários dos bancos estão em plena luta por melhores salários e condições de trabalho, pelo fim do assédio moral e das metas abusivas, por mais saúde e segurança. Mas a mobilização dos bancários não acontece apenas no período da Campanha Nacional. Durante o ano inteiro, a categoria está em luta permanente para resolver os problemas que aflige os funcionários dos bancos no dia-a-dia. É justamente esta luta constante que faz dos bancários uma das categorias mais fortes e organizadas do Brasil – e que servem de exemplo para os demais trabalhadores. Não é a toa que os bancários são a única categoria no Brasil que possui uma convenção coletiva nacional que garante os mesmo direitos a todos os funcionários dos bancos, do Oiapoque ao Chuí. No último dia 1º de setembro, a convenção coletiva dos bancários completou 20 anos e foi muito comemorada. “É nesta convenção que estão todas as nossas conquistas, garantidas ao longo de muitas décadas de luta, suor e trabalho”, comenta a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello. Foi justamente a força desta luta e organização que garantiu, por exemplo, que os bancários fossem a primeira categoria do Brasil a conquistar a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), em 1995. Os bancários também estão entre os pioneiros da conquista dos vales-alimentação e refeição e, mais recentemente, fez história ao assinar, pela primeira vez no país, um acordo de combate ao assédio moral. Em meio a mais uma Campanha Nacional, a Revista dos Bancários apresenta uma matéria especial, que tenta explicar um pouco de onde vem esta força para lutar de forma constante por mais direitos.
>>
REVISTA DOS BANCÁRIOS 3
Capa
Mobilização
A união faz a força
C
om apenas 32 anos de idade, a bancária Cristiane Laurentino Barreto já é uma veterana na luta da sua categoria. Funcionária do Banco do Brasil há quase uma década, ela sempre foi sindicalizada e participa de todas as greves, atos e mobilizações do Sindicato. “Eu sempre incentivo meus colegas a participar das atividades do Sindicato e até vou para outros bancos ajudar na mobilização. Sei que os funcionários dos bancos privados têm mais dificuldades para lutar, por conta das pressões que sofrem. Aqui perto da minha agência tem uma unidade do Itaú e sempre vou lá ajudar na mobilização”, conta Cristiane, que trabalha no BB de Prazeres, em Jaboatão. Para ela, a greve sempre é a última opção de luta. “O ideal seria resolver as demandas pela negociação. Mas sabemos que os bancos sempre dificultam o debate e a greve, muitas vezes, acaba sendo a única saída. É por isso que temos de estar mobilizados o ano todo. Assim, os bancos se sentem mais pressionados e as negociações acabam sendo menos difíceis”, explica. A presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, destaca a importância da mobilização constante. “Aqui em Pernambuco, o Sindicato instituiu no início deste ano uma atividade chamada de ‘mobilização permanente’. Com ela, realizamos protestos, manifestações e paralisações cotidianamente nas agências e departamentos dos bancos. Assim, conseguimos chegar no período da Campanha Nacional com a mobilização no auge e prontos para o
4 REVISTA DOS BANCÁRIOS
Os protestos dos bancários sempre foram marcados pelo bom humor
enfrentamento com os bancos”, conta. A funcionária do Itaú Maria Aparecida* é uma das bancárias que está pronta para uma possível greve. “Se a gente tiver que cruzar os braços este ano, vou participar com tudo da greve. Sou bancária do Itaú há 4 anos e sempre quis participar do movimento. Mas eu trabalhava numa agência em que o gerente fazia muita pressão e ameaças. Por isso a gente participava timidamente das atividades da Campanha. Agora, trabalho numa unidade em que as pessoas são mais unidas e conscientes da necessidade de lutar”, diz. O secretário de Bancos Privados do Sindicato, Geraldo Times, conta que os bancários das instituições financeiras privadas encontram realmente muito mais dificuldades de participar das mobilizações. “Nos bancos públicos não há tanto medo de demissões. Eles até usam o descomissionamento como forma de ameaças, mas nos bancos privados a pressão é muito maior. O importante é que a gente se mantenha unido e lute contra esta pressão para superarmos as ameaças dos bancos e construirmos grandes mobilizações”, ressalta Geraldo. A bancária do Itaú concorda e diz que o importante é manter a mobilização o ano todo. “A gente vê o quanto o lucro dos bancos cresce a cada ano. E se a gente não se organizar, não seremos nunca valorizados pela empresa”, diz. O bancário Rafael Antônio*, do Santander, tem dezenas de greves no currículo e também destaca a dificuldade de participar das mobilizações do Sindicato sendo funcionário de um banco privado. Bancário há 32 anos, ele iniciou sua carreira no antigo Bandepe, privatizado e comprado pelo Real que, por sua vez, foi adquirido
Capa pelo Santander. “No Bandepe a gente fazia grandes greves sem medo de retaliações. Num banco privado, a pressão dos gestores é maior. Mas, mesmo assim, não podemos ficar reféns do medo. Temos de enfrentar os gestores e nos unir ao Sindicato para lutar e ampliar nossos direitos. Somos uma das categoria com mais conquistas no Brasil e isso se deve, justamente, à nossa luta”, afirma. Organização no local de trabalho Nos bancos públicos, os sindicatos já conquistaram a figura do delegado sindical, que ajuda a entidade a organizar os bancários no local de trabalho. A reivindicação de estender esta conquista para os bancos privados ainda não foi atendida, até porque a força dos delegados nos bancos públicos assusta as instituições financeiras. Carlos Silva é um deles. Delegado sindical da Caixa Conde da Boa Vista, é representante de base pela segunda vez. A conversa com os colegas de trabalho e a troca de e-mails são sua forma de ajudar
na organização do movimento, durante todo o ano e, principalmente, em tempos de Campanha. E problemas não faltam: poucos funcionários para muito trabalho, metas abusivas, pressão e assédio moral... Mas há grandes desafios a enfrentar: “A gente vive, a cada dia, dentro e fora do trabalho, um ambiente que favorece relações interpessoais muito individualistas. Então, por mais que a gente converse e chame, percebe-se que o trabalhador está menos envolvido com as questões coletivas. Ele prefere aproveitar a greve para ir à praia ou ao cinema do que ajudar a construir o movimento. Greve não é férias. É o momento em que deixarmos de trabalhar para o banco para trabalharmos pela gente”, destaca Carlos. Eliezer José de Souza trabalha há seis anos no BNB. Passou pela agência de Surubim, Recife Centro e, hoje, é delegado sindical na Central de Retaguarda. Representante de base pela primeira vez, ele conta que, em sua unidade, a união e politização da equipe fazem a diferença. “Quando começa uma greve, todo mundo para”, diz. Com a equipe unida, Eliezer garante
Mobilização
que o ambiente de trabalho se torna mais tranquilo e até as metas pesam menos. “Mas não é assim em todo canto. A gente sabe que, em boa parte dos lugares, a agência para durante a greve, mas o pessoal continua trabalhando internamente. E aí cabe ao delegado sindical, e a cada bancário, fazer este trabalho de sensibilização e tentar mostrar ao colega que é melhor brigar por um salário melhor que viver escravo da comissão”, opina Eliezer.
Jaqueline Mello
O Sindicato faz reuniões diárias nas agências e departamentos dos bancos * OS BANCÁRIOS DOS BANCOS PRIVADOS ESTÃO USANDO NOMES FICTÍCIOS PARA EVITAR RETALIAÇÕES
REVISTA DOS BANCÁRIOS 5
Entrevista
Futuro prefeito
Palavra de
N
o próximo dia 7 de outubro, eleitores dos mais de 5.500 municípios do Brasil, 185 deles em Pernambuco, escolherão aqueles que comandarão sua cidade nos próximos quatro anos. É uma responsabilidade e tanto. O voto de cada um define o rumo que será dado ao lugar onde ele mora. Em Pernambuco, segundo informações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), são quase 6,5 milhões de eleitores aptos a votar. O maior colégio eleitoral está na capital, onde estão 1.169.678 eleitores. E os bancários são fatia importante deste eleitorado. A Revista dos Bancários fez três perguntas básicas aos quatro candidatos com maior projeção nas pesquisas eleitorais da capital: Daniel Coelho (PSDB), Geraldo Júlio (PSB), Humberto Costa (PT) e Mendonça Filho (DEM). Dos quatro, apenas Mendonça não respondeu às perguntas, apesar das insistências da reportagem.
6 REVISTA DOS BANCÁRIOS
FOTOS: ASSESSORIA DOS CANDIDATOS
Às vésperas das eleições municipais, a Revista dos Bancários entrevistou os principais candidatos a prefeito da capital pernambucana. O objetivo é contribuir com o debate e ajudar os bancários a definir o seu voto
CANDID Daniel Coelho
Além deles, outros quatro estão na disputa: Edna Costa (PPL), Esteves Jacinto (PRTB), Jair Pedro (PSTU) e Roberto Numeriano (PCB). REVISTA DOS BANCÁRIOS - O que lhe move a candidatar-se a prefeito do Recife? Daniel Coelho - Há 50 anos os mesmos grupos governam a cidade, com as mesmas práticas. Ora eles brigam, ora eles se juntam, sempre com a obsessão de se manter no poder e manter também os privilégios, os cargos comissionados, as indicações políticas. Queremos fazer
Geraldo Júlio
uma mudança radical na maneira de administrar a cidade, decidindo sempre pelo benefício da população, cortando privilégios e fazendo com que os recursos públicos sejam utilizados exclusivamente para trazer benefícios para a sociedade. Geraldo Júlio - A possibilidade de fazer o recifense voltar a sonhar: com uma vida melhor, com uma cidade mais humana, mais bonita, mais justa. Quero ser prefeito para fazer o Recife andar no ritmo de Pernambuco, para a cidade voltar a ocupar sua posição de liderança regional e para garantir
Entrevista
DATO Humberto Costa
que os recifenses participem deste desenvolvimento. Humberto Costa - A vontade de avançar no processo de mudanças que foram iniciados no Recife em 2001, no governo de João Paulo. Acredito que tivemos conquistas importantes nas gestões do PT. Criamos a maior política de morros da história do Recife, duplicamos o saneamento da cidade, o número do Programa Saúde da Família saltou de 27 equipes para 255 e criamos programas que beneficiam diretamente à população, como o Academia das Cidades. Quero ser prefeito para continuar
trabalhando por esta cidade: lugar onde eu vivi a maior parte da minha vida, onde criei meus filhos e que quero ver cada dia mais alegre, bonita, segura e acessível. REVISTA DOS BANCÁRIOS - O que lhe diferencia dos outros candidatos? Daniel Coelho - A maneira de encarar os recursos públicos e a maneira de tomar as decisões. Com um formato mais moderno de gestão, nós vamos diminuir os cargos comissionados, despolitizar a prefeitura e, a partir daí, vamos ter as condições de cumprir as promessas, nossos compromissos. O que estamos defendendo não são números, nem promessas pontuais de construir 100 hospitais ou 200 escolas. O que nós estamos colocando para a sociedade são os princípios que vão nortear nossas decisões. Por isso a gente vai conseguir cumprir com tudo aquilo que está sendo prometido. Geraldo Júlio - Nossa candidatura é a única que reúne uma frente de 14 partidos, construída a partir do diálogo, com paz política e compromisso com a discussão e solução dos problemas da cidade. No Governo do Estado, já provamos que sabemos fazer bem feito, com menos recursos e em menos tempo. Ao lado do governador Eduardo Campos, coordenei algumas das principais ações do governo estadual, como o Pacto pela Vida e a construção dos três hospitais e das UPAs. Com gestão e um novo ritmo nas políticas municipais, acredito que posso fazer o mesmo pelo Recife. Humberto Costa - A experiência e a vontade de fazer. Já fui vereador, deputado estadual, deputado federal, secretário de Saúde, ministro da Saúde, secretário das Cidades e agora senador. Sei onde buscar recursos, tenho sensibilidade social. O Recife precisa de
Futuro prefeito
alguém que saiba governar e que possa cuidar daqueles que mais precisam. REVISTA DOS BANCÁRIOS - Que posição o senhor pretende assumir no que se refere à Lei de Segurança Bancária do Recife? Como vai garantir a efetiva aplicação da lei? Daniel Coelho - Prefeito não tem escolha em relação a uma lei. A única escolha dele é cumprir a lei, que, na verdade, é sua obrigação. Essa pergunta, inclusive, poderia não ter sentido se nós tivéssemos hoje respeito à legislação vigente. Infelizmente, a prefeitura se acostumou a cumprir a lei que quer. Mas além de ser ilegal, isso é um desrespeito ao legislativo e à própria sociedade. Geraldo Júlio - Vamos buscar o diálogo antes do enfrentamento. Hoje, é consenso que é preciso existir prevalência do interesse social na postura e atuação das instituições privadas. Vamos jogar o jogo do ganha-ganha, uma vez que a segurança dos bancos interessa ao governo, à sociedade e às empresas. Além de realizar o controle e a fiscalização das diretrizes da Lei, caberá à prefeitura fazer a integração dos sistemas de comunicação dos bancos à guarda municipal e polícia estadual, cuidar da iluminação no entorno das instituições e garantir as condições de acessibilidade nas agências. Humberto Costa - A Lei terá todo o meio apoio. A falta de segurança nos bancos do Recife atinge os funcionários e toda a sociedade. Eu pretendo, como prefeito, ajudar na fiscalização para que as regras estabelecidas na Lei sejam garantidas. Na minha gestão, segurança pública será prioridade no Recife. Vamos criar uma secretaria voltada para a área, instalar novas câmeras de monitoramento e aumentar a guarda municipal nas ruas REVISTA DOS BANCÁRIOS 7
Mobilização
Cidadania
Estado para quem? Grito dos Excluídos chama a atenção dos governantes para os problemas que impedem o Brasil de ser um país mais justo e igualitário
8 REVISTA DOS BANCÁRIOS
Mobilização
“Q
ueremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população”. Com este lema, o 18º Grito dos Excluídos pretende chamar a atenção dos governantes, ou dos que pretendem sê-lo, para a omissão do Estado. “É obrigação dos que comandam o país, em todas as esferas, garantir uma vida digna para a população. No entanto, o que a gente vê, há décadas, é que o Estado está servindo aos banqueiros, aos empresários, aos latifundiários, à elite econômica do país. Não à população”, afirma Sandra Gomes, que é parte das Comunidades Eclesiais de Base e integra a coordenação do Grito dos Excluídos no Recife. Realizado há quase vinte anos no dia 7 de setembro, a atividade foi, a princípio, proposta pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). A ideia era contrapôr-se aos desfiles oficiais da Independência, para lembrar que falta muito para o Brasil conquistar a verdadeira soberania. Ano a ano, a atividade passou a ser encampada por movimentos sociais, populares e sindicais. E acabou por se tornar um momento de unir estas entidades da sociedade civil e as comunidades eclesiais de base. Este ano, por exemplo, a organização do Grito dos Excluídos no Recife teve início em março, quando os grupos começaram a preparar um evento, que aconteceria no final de maio: a Exposol – Solidariedade e Cidadania. Durante três dias, os mais diversos grupos participaram de seminários e expuseram seus trabalhos. Estavam presentes entidades ligadas aos direitos humanos; a pessoas com necessidades especiais; gênero e orientação sexual; associações de catadores, recicladores, pescadores e atingidos por barragens; representantes de desempregados, empregados domésticos e trabalhadores rurais; associações étnicas e geracionais; grupos de sem-terra ou de discussão
Cidadania
Há anos os bancários marcam presença no Grito dos Excluídos
sobre mobilidade urbana. A articulação entre os movimentos não acabou depois da Exposol. Uma vez por semana, os representantes das entidades continuaram se reunindo e, em agosto, aconteceu o Seminário de Formação do Grito dos Excluídos. O Sindicato estava lá, como todos os anos: “Discutimos temas como a criminalização da pobreza, privatiza-
ção, saúde, violência contra a mulher, eleições, reforma urbana, entre outras. Definimos, também, um calendário de atividades”, conta o diretor do Sindicato, Ronaldo Cordeiro. E, antes da grande marcha no dia 7, uma semana inteira de mobilizações e discussões preparam a sociedade e os movimentos para o Grito dos Excluídos. Confira no quadro abaixo:
AGENDA DO GRITO RECIFE 03/09: Grito das Mulheres
(16h, oficina feminista na sede do Movimento de Trabalhadores Cristãos)
04/09: Pré-grito
(14h, ato público na esquina da Rua Sete de Setembro e Conde da Boa Vista)
Grito pela Saúde
(18h30, lançamento do Fórum pelo Direito à Saúde e contra as privatizações, na sede do Movimento de Trabalhadores Cristãos)
05/09: Grito pela Educação
(14h, ato em favor das cotas para estudantes de escolas públicas nas universidades federais, na Praça do Diário)
06/09: Grito pela Luta
(18h30, seminário contra a criminalização da luta e pelo direito de greve, na sede do Movimento de Trabalhadores Cristãos)
07/09: GRITO DOS EXCLUÍDOS
(concentração às 8 horas, na Praça Oswaldo Cruz e marcha pela Avenida Conde da Boa Vista até a Praça do Carmo)
REVISTA DOS BANCÁRIOS 9
Política pública
Brasil
CAPITALTRABALHO Conferência Nacional do Trabalho Decente mostra antagonismos entre patrões e empregados e deixa evidente a atualidade e a força da chamada “luta de classes”
O
s antagonismos de classe foram expostos em vitrine durante a 1ª Conferência Nacional do Trabalho Decente, realizada no início de agosto. A experiência era inédita, no mundo inteiro: patrões, empregados, governo e sociedade civil discutindo juntos propostas para o mundo do trabalho. A posição dos empregadores, que se retiraram do diálogo ao perceber que não aprovariam suas propostas, reforçou uma das teses básicas do capitalismo: a luta de classes. Mesmo sem a presença dos patrões, a Conferência foi adiante e aprovou várias propostas favoráveis aos trabalhadores.
10 REVISTA DOS BANCÁRIOS
“Aqui não é o final. Existe uma base importante para se continuar a discussão”, opinou, otimista, a diretora da OIT (Organização Internacional do Trabalho), Laís Abramo. As propostas aprovadas serão sistematizadas em um Plano Nacional de Trabalho Decente. Ao mesmo tempo, o governo federal deve retomar o Grupo de Trabalho Tripartite. Para os trabalhadores, a aprovação das propostas, ainda que sem a participação dos empresários, representa mais munição para a cobrança de políticas públicas. Longo processo A Conferência Nacional é a coroação de um processo que começou nos municípios e nos estados. O Sindicato marcou posição em todas as etapas. E, em cada uma, as dificuldades no diálogo foram à tona. Na Conferência Estadual, por exemplo, os empresários também ameaçaram se retirar de campo. Mas os trabalhadores mostraram força e conseguiram aprovar muitas medidas polêmicas. Na etapa nacional, nove Grupos Temáticos, distribuídos em quatro eixos, deveriam debater as mais de 600 propostas consolidadas entre as 3.500 que vieram das conferências municipais e estaduais. Entre os participantes, 30% eram empresários, 30%
Política pública representantes dos trabalhadores; 30% do governo e 10% da sociedade civil. O discurso inicial da bancada dos patrões foi uma amostra do que viria à frente. O representante da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), Robson Braga, classificou a legislação trabalhista como rigorosa e defendeu a desoneração da folha de pagamento. Os entraves começaram já nas discussões em Grupos Temáticos. O GT de número 2, por exemplo, que debatia “negociação coletiva e políticas de valorização do salário mínimo”, sequer conseguiu votar as propostas. No número 1, sobre “igualdade de oportunidades e de tratamento”, os patrões se recusaram a debater. Sem discussão Alguns consensos chegaram a ocorrer nos grupos temáticos: propostas para saúde e segurança do trabalho e de combate ao trabalho escravo e infantil, por exemplo. No entanto, tais acordos não foram validados pelas fases posteriores. “As propostas dos Grupos Temáticos deveriam seguir para discussão nas plenárias por eixo. Mas, como não fizeram 30% em nenhuma votação, que era o mínimo necessário para a proposta seguir, os empresários decidiram não participar destas plenárias”, conta o secretário de Formação do Sindicato, João Rufino, representante dos bancários de Pernambuco na Conferência Nacional. Fizeram mais: foram choramingar com o ministro do Trabalho, Brizola Neto, responsável por intermediar as discussões. Disseram que a expectativa inicial, de aprovar 22% das proposições, fora reduzida para 5% e que, portanto, só continuariam no processo se houvesse uma mudança no encaminhamento dos debates. “A intenção deles era suprimir todos os pontos polêmicos: redução da jornada; ratificação da Convenção 158 da OIT, que proíbe demissão sem justa causa; fim do uso do interdito proibitório para reprimir o direito de greve; igualdade de
Brasil
Rufino representou dos bancários de Pernambuco na Conferência Nacional
Algumas propostas aprovadas na Conferência • Redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais • Proibição do uso do interdito proibitório para restringir o direito de greve • Responsabilidade solidária para as empresas contratantes, nos casos de terceirização • Definição de ações para viabilizar a plena organização sindical a partir do local de trabalho • Em relação à reforma agrária, limitação da propriedade privada e revisão dos Índices de Produtividade • Criação de mecanismos que promovam a igualdade e coíbam a discriminação nas relações de trabalho • Implementação de medidas que coloquem em prática a Agenda Nacional do Trabalho Decente da Juventude
oportunidades; combate à terceirização”, conta Rufino. Diante da frustração de suas intenções, os patrões simplesmente não participaram da plenária final. “Isto revela, inclusive para a OIT que estava presente no encontro, qual a postura do empresariado brasileiro: antidemocrática, autoritária e irresponsável. Eles estavam consumindo dinheiro público para participar do evento que decidiram boicotar. Temos países menores e com economias mais frágeis que já ratificaram, por exemplo, a Convenção 158, sobre demissão sem justa causa”, critica Rufino. E o governo? Se, por um lado, o governo marcou presença em favor dos trabalhadores na
maioria das propostas, acabou expondo suas contradições. Quando o assunto em foco era, por exemplo, a negociação no serviço público, a posição foi bem diferente: o governo foi contrário à ratificação da Convenção 151, da OIT, que estabelece o princípio da negociação coletiva entre trabalhadores públicos e os governos das três esferas. As contradições já tinham sido expostas durante o discurso inicial do presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas. Ele criticou a forma como o governo tem se conduzido no processo de negociação com os servidores em greve e a utilização do Decreto 7.777/12 – que prevê a substituição destes servidores por outros da esfera estadual e municipal. REVISTA DOS BANCÁRIOS 11
História
Brasil Evandro Teixeira
Memória, Verdade e
Justiça Num verdadeiro acerto de contas com a história, CUT apresenta lista de trabalhadores mortos e desaparecidos na ditadura militar para a Comissão da Verdade 12 REVISTA DOS BANCÁRIOS
A
ntônio José da Silva, de Moreno; Deocláudio Pereira da Silva, de Passira; Domingos Inácio da Silva, de Nazaré da Mata; Francisco Nogueira, de Água Preta; Joaquim Celso Leão, de Goiana... esses são apenas alguns dos mais de oitenta trabalhadores do campo que foram mortos ou desaparecidos durante a ditadura militar, e cujos nomes sequer foram reconhecidos oficialmente. Só de Pernambuco, são 26 trabalhadores assassinados no período de 1960-1988. A lista foi entregue em agosto pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) à Comissão Nacional da Verdade.
História
Brasil
>>
Junto com ela, foi documentos, arquientregue uma outra, vos e fotos do períoOs trabalhadores com 27 trabalhadodo anterior ao golpe, res e sindicalistas que vinham em um quando existia uma morreram e desapare- momento de forte forte organização dos ceram neste período e organização e o golpe bancários. Também cujos nomes já fazem tinha um objetivo não há registros dos parte da lista oficial. É claro: destruir e tempos de interveno caso dos bancários interromper este ção. Podemos cobrar José Toledo e Aluízio processo da Comissão da VerPalhano, ambos do dade, inclusive, que Rio de Janeiro. ela ouça o interventor”, explica Solaney. A elaboração das listas foi uma das Um momento propício para alguns decisões do último Congresso Nacional destes encaminhamentos pode ser nos da CUT. O encontro também resultou próximos dias 10 e 11 de setembro, na criação de uma comissão de acom- quando será realizada audiência da panhamento da Comissão Nacional da Comissão da Verdade com a sociedade Verdade, coordenada pela Secretaria de civil do Recife. Políticas Sociais da Central, que tem à Para o secretário de Políticas Sociais frente o diretor da CUT Nacional e do da CUT, a participação dos sindicatos Sindicato dos Bancários de Pernambuco, nestas atividades é fundamental, até para Expedito Solaney. que se minimize um dos pontos que ele O objetivo, além de acompanhar considera negativos na Comissão da Veros trabalhos da Comissão Nacional, é dade: a ausência dos representantes dos coletar informações e documentos que movimentos sindicais, sociais e populapossam municiar neste resgate da me- res. “Em outros países da América Lamória e da verdade. “A gente sabe que tina, a comissão é formada basicamente as organizações sindicais foram alvos por pessoas da sociedade civil: parentes especiais dos militares durante o golpe, de vítimas, representantes de sindicatos tanto na cidade quanto no campo. Os e associações. Aqui, temos uma comistrabalhadores vinham em um momento são muito técnica, com vários notáveis, de forte organização e o golpe tinha um muitos deles com agendas paralelas e objetivo claro: destruir e interromper este sem tempo para dedicar à reconstituição processo”, lembra Solaney. dos fatos”, avalia Solaney. O Sindicato dos Bancários de PerPor outro lado, e apesar deste aspecto, nambuco é um exemplo. Funcionava, na ele acredita que a comissão não está paépoca, na Avenida Conde da Boa Vista, rada e está buscando ouvir a sociedade, quando foi invadido pelas tropas do com uma agenda de reuniões com os Exército. Houve quem escapasse pelos chamados Comitês da Memória, Vertelhados. Alguns observaram à distância. dade e Justiça. Idealizados a partir da Outros foram presos. O presidente Darcy Conferência de Direitos Humanos, tais Leite, empossado há nove meses, estava comitês foram se disseminando pelos fora e escapou. vários estados do país e, com atos e proMas os impactos da intervenção na testos, ajudou a criar a Lei que resultou luta dos trabalhadores duraram muito na Comissão Nacional da Verdade. mais do que o golpe. “Acreditamos que Atualmente, estes comitês ganharam a Comissão da Verdade tem, também, um reforço, com a participação da juque reconstituir esta história. A gente ventude a partir dos chamados atos de não sabe, por exemplo, onde foram parar escracho. Inspirados em movimentos
Expedito Solaney
semelhantes da América Latina, eles organizam atos em frente às casas de torturadores ou agentes da ditadura, resgatando a história e denunciando a impunidade. Sem punição Impunidade é, aliás, a palavra-chave e o principal alvo da sociedade civil atualmente. “Falta, na Comissão Nacional da Memória e da Verdade, uma palavra essencial: a palavra Justiça. Afinal, as atrocidades cometidas tem nome, CPF e endereço. E vale ressaltar: estamos falando de pessoas que agiram em nome do estado, que estavam imbuído do poder do Estado para invadir casas, torturar e matar”, lembra Solaney. O problema é que a Lei da Anistia, imposta pela ditadura em 1979 e que ainda está em vigor, impede que tais assassinos e torturadores sejam punidos. Em todos os demais países da América Latina esta lei foi revista e os casos apurados pelas comissões resultam em julgamentos e condenações. No Brasil, entretanto, a apuração da verdade ainda não pode resultar em justiça. Segundo Solaney, já existe atualmente, na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, uma proposta para elaboração de projeto de lei que faça a revisão da Lei da Anistia. O assunto está sendo discutido em processos, audiências e debates. REVISTA DOS BANCÁRIOS 13
Cultura
Dicas
FUTEBOL
Campeonato começa no dia 15
Os times do Itaú e Bradesco Jurídico abrem as disputas do 14º Campeonato de Futebol dos Bancários de Pernambuco. Do dia 15 de setembro até 27 de outubro serão realizados os jogos da primeira fase. O Bradesco é o recordista em número de inscrições. São cinco times: Bradesco, Bradesco Capibaribe, Bradesco Caxangá, Bradesco Cabo e Bradesco Jurídico; além de uma equipe mista do Bradesco e Banco do Brasil. Além destes, se inscreveram as equipes da Apcef (Associação de Pessoal da Caixa Econômica), Banco do Brasil, Itaú e Santander. Os jogos acontecem aos sábados e domingos, a partir das 8h30, no Clube de Campo dos Bancários (Estrada de Aldeia, km 14,5). Confira a tabela no site: www.bancariospe.org.br.
O Itaú (laranja), campeão do ano passado, é o time a ser batido
Boa Viagem ganha as cores do arco-íris no domingo, 16. Shows com atrações locais e nacionais e doze trios elétricos fazem a programação da 11ª Parada da Diversidade no Recife. A concentração é no Parque Dona Lindu e a organização espera atrair cerca de 600 mil pessoas em uma festa construída para discutir um tema sério: “democracia em todos os cantos: vamos cantar um Pernambuco sem homofobia”. Durante a semana que antecede o evento, haverá seminários, palestras e um debate com os candidatos a prefeito, na sexta, 14, na Boate Metrópole, quando também ocorre a festa de lançamento da Parada. No sábado, 15, é a vez da Corrida da Diversidade, com saída às 8 horas do Parque Dona Lindu. Mais uma vez, o Sindicato marca presença na Parada.
divulgação
Parada da Diversidade anima Boa Viagem no dia 16
Parada do ano passado reuniu 500 mil pessoas
Espetáculos
RECOMENDADOS Terra dos Meninos Pelados
Raimundo era um menino diferente: tinha a cabeça pelada, um olho verde e outro azul. De tanto ser discriminado, decide criar sua terra imaginária. O texto, de Machado de Assis, estará no Barreto Júnior, sábados e domingos, 16h30.
14 REVISTA DOS BANCÁRIOS
O Baile dos Seres Imaginários
Música, poesia e encantamento se misturam nas apresentações do “Baile dos Seres Imaginários”. Os textos de Roseana Murray, Manoel de Barros e Elias José estarão no teatro Joaquim Cardoso, na Rua Benfica. Nos domingos: 16h30 e 19h.
Cultura
João Neto
N
a casa de João Neto – ou João dos Santos Montarroyos Neto, funcionário do Bradesco, tinha um violão. Tinha sido de seu avô, passara para seu pai, mas ficara esquecido e encostado em um canto. Garoto ainda, João brincava com o instrumento, cheio de vontade de aprender. O interesse cresceu quando, na adolescência, passou a conviver com um primo, que tocava. Passou a ler revistas sobre o assunto, buscar informações e foi aprendendo a tocar. Não parou mais. Mais tarde, ele, um outro primo guitarrista, um tio baterista e um amigo de infância improvisaram uma banda e passaram a tocar nas festinhas e encontros de amigos. O que começou como simples brincadeira acabou crescendo, sem nunca perder seu caráter lúdico. A banda ganhou nome: “Só na Manha”. O forró passou a ser o ingrediente básico das receitas. O grupo ganhou nova formação:
Bancário Artista
ENTRE
AMIGOS com sanfona, zabumba, triângulo, violão, guitarra, bateria e baixo. No boca-a-boca entre amigos, as informações sobre a qualidade da banda começaram a correr. “Passamos a ser convidados para tocar em eventos, em bares. Ganhamos um espaço bom, com uma tomada ao vivo no NE TV, da Rede Globo, durante o São João, o que acabou repercutindo bem”, conta João. Ao mesmo tempo, os integrantes foram cavando espaços nas redes sociais e na internet em geral. E em apenas seis meses, idade da atual formação da banda, a “Só na Manha” deslanchou: tocou em bares em Casa Forte, Piedade, Pina e até em Pesqueira, além de festas e eventos. Atualmente, o grupo toca todo sábado à noite no Timoneiro Bar, em Piedade. E esporadicamente, no Guaiamum 17, em Casa Forte. Há propostas, também, do Villas Bar, no Rosarinho. Isso sem falar nos eventos, como a participação na Festa dos Bancários, que será realizada pelo Sindicato no dia 6 de setembro, no Círculo Militar. Com toda esta bagagem, João Neto e os demais integrantes da “Só na Manha” não querem que a banda perca seu caráter de lazer. Bancário há seis anos, sempre no Bradesco, João diz que sua profissão é a prioridade e que a música é seu momento de diversão. “Chegamos a ser procurados por pessoas interessadas em empresariar a banda. Mas recusamos. Para nós, o interesse maior é a farra, a folia, a graça de tocar juntos, entre amigos, e ao mesmo tempo divertir a galera”, diz o bancário-artista. Apesar de tudo, mesmo de forma espontânea, a brincadeira acaba ganhando ares de seriedade e o grupo já está concluindo a gravação de seu primeiro CD. O site da banda é www.sonamanha.com. Acesse também o perfil no facebook: só na manha. REVISTA DOS BANCÁRIOS 15
Turismo
Conheça Pernambuco
Vejo flores em você! Garanhuns
E
m mês de primavera, nada como um passeio pela Cidade das Flores. Erguida entre sete colinas, Garanhuns exala beleza. Situada cerca de 850 metros acima do nível do mar, a cidade tem um clima que contrasta com o calor do Nordeste. A temperatura média, de 21 graus, é ainda mais baixa durante as noites e em dias de inverno ou nos pontos mais altos da cidade. Andar pelas ruas e parques do município, repletas de jardins e canteiros, é suficiente para renovar as energias de cada um. Já no acesso à cidade, tem-se uma ideia do que vem pela frente. Obra do arquiteto Carlindo Lopes, a entrada conta com viadutos, iluminação, jardins, Centro de Artesanato e o famoso Pórtico Monumental. A terra do ex-presidente Lula possui três áreas principais em sua região central: os bairros de Heliópolis, Centro e Guadalajara. De um lado a outro, é possível, e muito mais agradável, fazer o percurso a pé.
16 REVISTA DOS BANCÁRIOS
Em Heliópolis, por exemplo, fica o famoso Relógio das Flores, na Praça Tavares Correia. Com quatro metros de diâmetro, é o único do Norte-Nordeste do Brasil a funcionar com cristal de quartzo. Subindo a Avenida Rui Barbosa, no trecho após o Relógio de Flores, é possível desfrutar de uma bela paisagem e conferir a imponência dos grandes casarões que se erguem no local. Ainda na área de Heliópolis, vale um passeio pelo Parque Euclides Dourado, principal parque urbano de Garanhuns, e uma visita ao Seminário de São José e à Igreja do Perpétuo Socorro que, devido ao seu formato, foi apelidada de Igreja Redonda ou do Cuscuz. No final da tarde e à noite, a dica é circular pela Praça Souto Filho, novo polo gastronômico da cidade. No final da tarde, os pássaros passam pela fonte e se recolhem nas palmeiras imperiais. À noite, os refletores incidem luz verde sobre as águas, em um belo espetáculo visual. Na região central, várias construções merecem uma visita. É o caso da Catedral de Santo Antônio, Palácio Episcopal, Palácio Celso Galvão e o Espaço Cultural Luís Jardim – onde uma série de painéis cerâmicos em alto-relevo, do artista plástico Armando Rocha, contam a história da cidade. Aproveite, também, para fazer um passeio no Parque Van Der Linden e tomar um chocolate quente ou um licor de chocolate na Casa Sete Colinas. É na área de Guadalajara, mais especificamente na Esplanada Guadalajara, que há mais de 20 anos acontecem os principais shows do Festival de Inverno. Próximo a ela, fica a Praça Dom Moura e o Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcanti, antiga Estação Ferroviária que abriga hoje o Memorial da Cidade, a Casa do Artesão e o Teatro Luiz Souto Dourado. A cidade oferece, ainda, outras atrações, como o Santuário da Mãe Rainha, o Castelo de João Capão ou do Cristo do Magano. Este último é uma imagem de quatro metros de altura, localizada no Alto do Magano, segundo lugar mais alto de Pernambuco.