Desenvolvimento de bairro sustentável no contexto urbano de São Carlos: Educação Ambiental e Infraestrutura Verde
Desenvolvimento de bairro sustentável no contexto urbano de São Carlos: Educação Ambiental e Infraestrutura Verde
Trabalho de Graduação Integrado II Barbara Oliveira Silva Instituto de Arquitetura e Urbanismo Universidade de São Paulo São Carlos, SP_ dez.2018
CAPS David Moreno Sperling Joubert Jose Lancha Simone Helena T. Vizioli Luciana Bongiovanni Schenk
Coordenador GT Givaldo Luiz Medeiros
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO, CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E DE PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha catalográfica gerada pela biblioteca do Instituto de Arquitetura e Urbanismo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Bibliotecária responsável pela estrutura de catalogação da publicação da acordo com a AACR2: Brianda de Oliveira Ordonho Sígolo - CRB - 8/8229
Desenvolvimento de bairro sustentável no contexto urbano de São Carlos: Educação Ambiental e Infraestrutura Verde
Banca Examinadora
___________________________________________________ Prof. Dr. David Moreno Sperling Instituto de Arquitetura e Urbanismo IAUUSP
_________________________________________________ Prof. Dr. Givaldo Luiz Medeiros Instituto de Arquitetura e Urbanismo IAUUSP
___________________________________________________ Prof. Me. Rafael Goffinet de Almeida
agradecimentos, Eu agradeço primeiramente a meu Pai. Sem Ele eu simplesmente não seria. Agradeço também por todos os que me ajudaram durante as noites mal dormidas, ou então nem dormidas. Mummy e Daddy, por todas as caronas, todos os abraços, momentos de conforto e conselhos. Carol H., pelo valoroso ato de amizade. Daniel V., quanta paciência e carinho. Valmir, por todos os sorrisos quando eu os precisava. Dibo, pelas experiências compartilhadas. Por todos os professores que me passaram conhecimento e pelos amigos que fizeram parte desta jornada. Meu muito obrigada! Lembro-me de todas as vezes em que sonhava com esta etapa de minha vida. Parecia impossível. Mas todos vocês me ajudaram a chegar até aqui.
resumo Este trabalho propõe uma urbanidade diferenciada em parcelas da cidade de São Carlos, baseada nos princípios da sustentabilidade, portanto com morfologias que dialogam com o relevo, com questões de drenagem pensadas a partir de propostas de aumento na taxa de permeabilização do solo, com a oferta de programas rentáveis e com o protagonismo sendo do pedestre. O conceito de ciclos residuais, energéticos e hídricos por meio da incorporação de sistemas agroflorestais, e a meta de ampliação da consciência ambiental com a proposta de centros de educação ambiental, são fatores que englobam este projeto.
Palavras-chave: infraestrutura verde, centro de educação ambiental, gestão de resíduos, agrofloresta, malha urbana, sustentabilidade.
Architects’ drawings show no roots, no growing, just green lollipops and buildings floating on a page, as if ground were flat and blank, the tree an object not a life. Planners’ maps show no buried rivers, no flowing, just streets, lines of ownership, and proposals for future use, as if past were not present, as if the city were merely a human construct not a living, changing landscape. - ANNE WHISTON SPIRN, The Language of Landscape
índice 01
prefácio;
02
os 3 pilares;
03
resíduos para uns são nutrientes para outros;
04
à luz do lugar;
05
3 pontos. uma proposta;
imagem disponível em: <www.levelframes.com>
prefácio
Quando pessoas
pensam em cidades, certas coisas já aparecem em suas mentes. Pensam, por exemplo, em edificíos, ruas, arranha-céus, carros barulhentos. Mas, quando eu penso em cidades eu penso em pessoas. Aonde as pessoas vão e onde elas se encontram são os pontos cruciais para que uma cidade funcione. Então, mais importante do que os edifícios em uma cidade, seriam os espaços públicos que os entremeiam. Por que então não existem mais espaços públicos nas cidades? Lugares talvez com bancos para se sentar, conforto e vegetação.
Por muitos anos, plazas como apresentada na imagem ao lado, eram construídas, entre outras razões, por possuírem aparência elegante, que geralmente associamos com arquitetura moderna. Planos de concreto, superfícies lisas e uniformes. Porém, pessoas costumam evitar ficar em espaços como estes. Além de muitas vezes transmitirem uma sensação de insegurança, vejamos, onde pessoas poderiam se sentar? E o que se poderia fazer ali? Mas, muitos arquitetos os adoram e para aqueles que tomam conta do local, são espaços ideais. Nada precisa ser aguado, pouca manutenção é necessária, e não é preciso se preocupar com pessoas indesejadas. Mas esse espaço não parece ser um desperdício? Espaços livres em cidades são oportunidades. Sim, são oportunidades para investidores comerciais e imobiliários, mas também são oportunidades para o bem comum. Geralmente, estes dois pólos são opostos um do outro. Então, aí jaz o conflito. As cidades crescem, não só em área, mas em número de habitantes. Por isso, os espaços públicos acabam sendo deixados em segundo plano. Entretanto, embora realmente exista esta questão, é fundamental retomar que são os espaços públicos que dão vida às cidades, que fazem diferença na vida das pessoas. São eles que dão lugar a encontros e que ficam registrados nas mentes das pessoas. São espa-
ços democráticos em que tanto ricos quanto pobres podem fazer uso do mesmo local, um ao lado do outro, proporcionando um ponto positivo no que diz respeito às relações entre diferentes classes sociais. Então, os interesses comerciais estarão sempre lutando contra a instauração de espaços públicos. Os investidores comerciais vêem parques e logo pensam em retirar o verde e instalar lojas ao longo de toda a área, como aconteceu com o High Line Park em Nova Iorque. Inclusive, até hoje este parque é muito estimado pelos órgãos privados. Então estes podem argumentar que com a instalação de lojas muito mais capital seria gerado para a cidade. Bom, então o local se tornaria um centro comercial e não um parque. Poderia ser, realmente, que mais dinheiro fosse gerado para a cidade e movimentasse a economia. Mas é preciso ter uma visão mais ampla, à longo prazo. Uma visão em que seja dada a devida importância para o bem comum. Devemos prezar pela qualidade de vida e lutar por uma cidade em que seja dada a devida importância para o bem comum. Não importa quão popular um espaço público seja, este nunca deve ser tomado por garantido. É necessário que sempre haja alguém que assegure que estes espaços sejam realmente para todos e que não permita que sejam violados, invadidos, abandonados ou ignorados. Estes espaços podem mudar o modo como vivemos na cidade, o que sentimos sobre ela e se a escolhemos em detrimento de outra. Amanda Burden, diretora do departamento de urbanismo de Nova Iorque, disse em uma conferência que a questão não se trata apenas sobre o número de pessoas que se utilizam dos espaços públicos. Se trata do número ainda maior de pessoas que apreciam mais a cidade em que moram somente por saberem que eles existem. Como ela, penso que cidades são como festas. As pessoas só decidem ficar por estarem gostando de estar lá.
os três pilares
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Esse Trabalho de Graduação Integrado surgiu a partir de re-
flexões sobre questões que permeiam as atuais conjunturas urbanísticas das cidades contemporâneas brasileiras. As cidades muitas vezes crescem sem um planejamento que englobe espaços verdes e públicos. Corpos d’água são ignorados, APP’s são invadidas e desrespeitadas, o desenho urbano simplesmente desconsidera o relevo, e áreas permeáveis e drenantes são cada vez mais escassas. A proposta de projeto é de criar uma urbanidade diferenciada, baseada na sustentabilidade. De acordo com Raquel Tardín (2008), espaços livres são vistos por boa parte das cidades e sociedades ocidentais, como áreas residuais ou então como reservas para sua eventual ocupação. São vistos como áreas não ocupadas por assentamentos urbanos ou infra-estruturas viárias. Esse modo de pensar pode gerar descontinuidade, heterogeneidade e fragmentação à medida que as cidades ampliam seus territórios, ocupando o espaço de forma desigual e descontínua. Além disso, nos próximos 30 anos as cidades dos países em desenvolvimento ganharão mais de 2 bilhões de habitantes, direcionando essas regiões a sérios impactos ambientais e socioeconômicos, à poluição, ao consumo e ao esgotamento de recursos naturais, entre outros efeitos catastróficos para o convívio humano e a qualidade de vida. O Brasil chegará a atingir 30 milhões a mais de habitantes nos próximos 30 anos (IBGE, 2008 e 2010), dos quais a grande maioria habitará em centros urbanos. A partir destes dados fica claro que o planeta Terra apresenta um quadro cada vez mais agravante no que diz respeito à questão ecológica e ambiental. Apenas após a compreensão de que a busca por recursos sustentáveis é algo necessário e não opcional é que as consequências geradas ao meio ambiente e às futuras gerações podem ser amenizadas. Mas, afinal, qual é o conceito de sustentabilidade? O sociólogo britânico John Elkington em 1990 amparou o conceito de desenvolvimento sustentável em três elementos que devem ser vistos com pesos iguais. Ele nomeou este conceito como Tri-
ple Bottom Line - o tripé da sustentabilidade, o qual é formado por três elementos: econômico, ambiental e social (BOGUCHESKI; CARVALHO; MAZZUCCO; 2013)
A busca por sustentabilidade deve pautar-se, então, em minimizar os impactos ao meio ambiente, promover o desenvolvimento social e cultural e deve buscar a viabilidade no âmbito econômico. Teoricamente, o desenvolvimento sustentável parece ser um conceito simples de ser executado. Entretanto, viver em harmonia com o meio ambiente gera certos limites com relação ao uso de materiais e energia. No âmbito de escala urbana, é importante a incorporação de corpos d’água, preservação de áreas verdes, consideração do relevo e drenagem, e sistema de gestão de resíduos - entre outros fatores. Na escala de edifício, um fator significativo que auxilia na criação de projetos mais sustentáveis é deter conhecimento sobre a conservação dos materiais utilizados na obra e seus respectivos ciclos de vida. O ciclo de vida do material abrange desde o momento de sua extração até o final de sua vida útil, pós-demolição. Os resíduos que são gerados na obra deverão ser considerados durante a concepção do projeto. Portanto, durante esse processo inicial é necessário maior consciência e do-
mínio sobre esta questão, focando em planos que contenham estratégias de prevenção, redução e reciclagem dos materiais. Estudos e levantamentos sobre a demanda de energia gerada pelo aquecimento e iluminação artificial e pela ventilação mecânica nas obras, são outros fatores que devem ser incorporados durante o processo projetual. Então, ao se adotar a arquitetura sustentável como padrão de construção, benefícios como a ampliação do conforto ambiental e economia de recursos naturais, como água e energia elétrica, entre outros, são promovidos. Contudo, é possível que haja empecilhos por conta de empreendedores, os quais podem questionar se o custo da adoção de tecnologias de construção mais sustentáveis compensariam para eles. Em resposta a este conflito Carreira et al. (2009) diz que “possivelmente a tendência é que este tipo de construção se torne cada vez mais viável, a partir do momento que a diferença no valor inicial da construção for reduzida. Isso pode ser feito mediante o emprego de tecnologias limpas, o uso de materiais reciclados e/ou adaptados às condições locais, comportamentos aliados à preocupação de não exaurir os recursos naturais, que são limitados” (CARREIRA, NUNES, RODRIGUES, 2009). Grandes conferências mundiais foram realizadas, como a RIO 92, no Rio de Janeiro, em 1992, e a Rio+10, em Johannesburgo, em 2002, com o intuito de firmar protocolos e elaborar mecanismos para o desenvolvimento sustentável, como medidas que efetivamente viabilizem esse recurso. Embora houve esforço para uma mudança, fazendo-se um balanço dos resultados, o propósito dessas reuniões acabou sendo de disputas ideológicas e econômicas. Muitos problemas ambientais não foram resolvidos (DUARTE; GONÇALVES; 2006). Mesmo assim, as Conferências das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento continuaram ocorrendo. Uma das mais recentes, a Rio+20, em 2012, realizada no Rio de Janeiro, visou o desenvolvimento de objetivos e metas que facilitassem a busca do desenvolvimento sustentável por meio de ações focadas e coerentes. Os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) discutidos são constituídos por 5 P’s (PNUD, 2015):
Pessoas: Erradicar a pobreza e a fome de todas as maneiras e garantir a dignidade e a igualdade. Prosperidade: Garantir vidas prósperas e plenas, em harmonia com a natureza. Paz: Promover sociedades pacíficas, justas e inclusivas. Parcerias: Implementar a agenda por meio de uma parceria global sólida. Planeta: Proteger os recursos naturais e o clima do nosso planeta para as gerações futuras. O tema da sustentabilidade vem influenciando, então, abordagens de projeto na arquitetura contemporânea, dando ênfase às questões de conforto ambiental e suas relações com a eficiência energética, recursos para a construção e a operação do edifício, tais como materiais, energia e água. Em relação à escala urbana, esse tema vem abordando questões como adensamento populacional, transporte público, resíduos e reciclagem, otimização do consumo de recursos como energia, água e materiais, e a qualidade ambiental dos espaços internos. Nesse contexto, de acordo com Duarte e Gonçalves (2006), existe uma nova geração de projetos de edifícios no mundo que foram pensados para responder aos desafios ambientais e tecnológicos da sustentabilidade. Estes, fazem a síntese entre projeto, ambiente e tecnologia, dentro de um determinado contexto ambiental, cultural e socioeconômico, a uma visão de médio e longo prazo, em que tanto o idealismo como o pragmatismo são fatores fundamentais nesse processo. O economista Paul Ekins destaca exatamente isso: O desenvolvimento sustentável também necessita tanto de pragmatismo como de idealismo. São necessários [...] projetos e experimentos que nos darão confiança para olhar para frente, para um novo milênio, o qual nós podemos estar certos de que será o milênio da escassez dos recursos naturais. Grande parte do planeta já está poluído,
e até a metade deste século que se inicia haverá dez bilhões de habitantes na Terra, habitantes que o planeta terá que sustentar. Isto é apenas concebível com sucesso se nós utilizarmos tanto nosso olhar visionário como nosso pragmatismo.
The Green Apocalypse, 1997 (tradução)
(SCHUTZER, 2014). No Brasil, sua aplicação é tímida, longe de chegar a níveis mais abrangentes, embora pouco a pouco é possível notar o aumento no número de intervenções pontuais que revelam reconher a necessidade de infraestrutura verde em meio urbano ou periurbano, como acontece em Curitiba e Maringá por exemplo.
Partindo disso, em um cenário ideal, a busca pela arquitetura sustentável deve acontecer em três escalas: a do edifício, a do desenho urbano e a do planejamento urbano. Os edifícios devem, então, ser planejados de uma forma que contribuam para a diversidade de usos e classes sociais, a socialização do espaço público, e eficiência da infra-estrutura urbana e a qualidade ambiental do ambiente construído. E não devem levar em conta apenas ao seu entorno imediato, mas pensar na cidade como um sistema em que o urbano e o meio ambiente são interligados. No livro Morte e Vida de Grandes Cidades (2000), Jacobs explica que os princípios do planejamento urbano devem evoluir para a compreensão das cidades como um sistema orgânico.
Semelhante ao que é considerado como infraestrutura urbana tradicional, de circulação, energia, comunicações (telefonia), etc. e somado os espaços destinados à reprodução social (moradias) e à reprodução do capital (áreas industriais e comerciais/serviços), a infraestrutura verde seria, então, aquela necessária à manutenção dos usos urbanos, sobretudo aqueles decorrentes do uso e consumo dos recursos naturais (água, solo, vegetação). O ambiente urbano satisfatório às atividades sociais, representado por espaços para a ocorrência dos processos naturais e dos processos sociais referentes ao lazer das comunidades, bem como à vida ecológica no interior das áreas urbanizadas são também considerados como infraestrutura verde.
No caso deste trabalho, a prática de agricultura urbana - urban farming - também estaria inclusa como parte deste sistema. De acordo com Lidiane Alves (et al., 2009), a agricultura urbana é entendida como a realização de atividades agrícolas em áreas pertencentes ao perímetro urbano. Esse tipo de prática promove a diminuição da pobreza e a geração de renda, através da comercialização, mesmo que em pequena escala, a qual assegura melhores condições socioeconômicas das famílias que praticam tais atividades. A autora também diz que este recurso é a garantia do equilíbrio do ecossistema urbano, uma vez que através desta atividade torna-se possível a concretização do desenvolvimento local, a manutenção da biodiversidade, o escoamento e infiltração de águas de chuvas, além de outros benefícios.
Este termo abrange, assim, além dos aspectos relativos à vida ecológica - vegetação e fauna – direcionados ao conjunto de áreas verdes e espaços abertos permeáveis (parques, praças, arborização urbana), as infraestruturas urbanas que apresentam vinculações com a questão ambiental de territórios urbanizados, tais como: saneamento ambiental – água, esgoto e resíduos sólidos, e de drenagem urbana, bem como as estruturas de controle dos riscos ambientais urbanos - controle da poluição do solo, água e ar; poluição sonora, riscos de deslizamentos de solos (SCHUTZER, 2014).
O termo infraestrutura verde deve ganhar mais importância no processo de planejamento urbano, para a construção de cidades sustentáveis. Este conceito é predominante aplicado na América do Norte, Reino Unido e oeste europeu, principalmente no oeste dos EUA, na Alemanha e na Holanda
A escassez de espaços abertos e permeáveis para o desenvolvimento dos processos naturais, e o aumento da impermeabilização do solo, impulsionaram mudanças qualitativas na ambiência urbana, bem como afetaram consideravelmente o estado natural dos corpos d’água, gerando enchentes e alagamentos nas áreas mais baixas da cidade de São Carlos em certas épocas do ano. Este trabalho busca então desenvolver uma nova proposta
de interação entre o habitante com o seu entorno a partir da criação de urbanidades diferenciadas na cidade de São Carlos, tendo como partido a sustentabilidade. Primeiramente, o programa foi elaborado e em seguida foram feitos levantamentos na cidade para melhor alocação da proposta.
QUESTÃO
Revelar a natureza física na cidade para uso comum, criando-se um sistema de
espaços públicos que se conectam com o ambiente urbano, de forma que os ciclos/fluxos da natureza e da cidade sejam valorizados. Visar a sustentabilidade, a qual engloba as esferas: social, econômica e ambiental.
Proporcionar maior interação entre pessoas e o meio ambiente; conscientiza-
ção e educação ambiental; otimização de energia, água e material; aproveitamento de resíduos; a partir do planejamento de uma parcela de área urbana de São Carlos.
LUGAR
Leva em consideração a densidade demográfica e renda da população; a exis-
tência de equipamentos em geral, mas principalmente educacionais; potenciais comércios colaborativos para o sistema sustentável (supermercados, restaurantes, entre outros) e área livre.
resíduos para uns...
...são nutrientes para outros
O termo sustentabilidade está associado à gestão racional de recursos energéticos, tratamento de efluentes, aproveitamento de resíduos, bioclimatismo e o impacto das tecnologias inovadoras na qualidade de vida humana. Associa-se, ainda, entre outros, à produção urbana de alimentos, permacultura, educação ambiental e elementos de legislação para controle ambiental. (PALERMO, 2009)
As área desenvolvidas incorporam, embasadas nas questões supracitadas, além de áreas residenciais e de uso privado, espaços
públicos que servirão como ponto de encontro de pessoas, ou como um lugar para descanso e relaxamento, para se passar o tempo, ou simplesmente para passar. Espaço de lazer e bastante vegetação. Arquitetos e urbanistas devem pensar primeiramente nas pessoas, antes de pensar em edifícios e paisagens. Então, devido a esses fatores a sustentabilidade deve ser buscada. Se o presente não visar o sustentável, o futuro não há de vir. Uma frase chave para se entender o programa é esta: RESÍDUOS PARA UNS SÃO NUTRIENTES PARA OUTROS. O programa deste projeto se resume a CICLOS. Quanto maiores os ciclos e a mutualidade, mais perto de se atingir um bom resultado. A realização de agricultura urbana, mais precisamente a implementação de agroflorestas, é um ato vantajoso no que diz respeito à sustentabilidade, pois é no meio urbano que o solo se encontra acimentado, onde a taxa de permeabilidade do solo é baixa e onde as pessoas se encontram aglomeradas.
É muito comum hoje em dia ouvir da boca de crianças perguntas tais como a da imagem: “o leite nasce na caixinha?”. Isso mostra o quão afastadas e indiferentes ao meio ambiente estão as pessoas. Então, trazer AGROFLORESTAS e HORTAS para perto delas, em ESPAÇOS PÚBLICOS, pode ser um meio de aumentar o contato das pessoas com a natureza. Para complementar ainda mais a conscientização ambiental, CENTROS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL forneceriam conhecimento sobre ecologia e inclusive cursos profissionalizantes, sendo um recurso a mais para pessoas que necessitam de emprego. Além disso, a matéria produzida pelas agroflorestas e hortas poderão servir de renda para os trabalhadores que os cultivam e para a própria subsistência do centro ambiental e do espaço público em que se insere.
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etomando os ciclos, este processo se inicia desde a plantação das primeiras árvores da agrofloresta e das hortas. Agroflorestas é um ótimo recurso para enriquecer e dar vida ao solo. Existem plantas que são propícias para se plantar no início do crescimento de agroflorestas, por se desenvolver melhor em solos ácidos, etc. E logo que estes nascem e geram frutos, seus frutos podem ser comercializados ou então servirem de alimento. E este alimento pode ser rentável também. A implementação de um RESTAURANTE que se nutre do que for produzido nas agroflorestas e hortas pode oferecer alimentos mais orgânicos e baratos para a população de baixa renda, ou a quem quiser frequentar o local. Inclusive, viveiros de animais podem servir de alimento para o restaurante, lazer para as pessoas que frequentam o espaço, e seus excrementos, como os de coelhos e galinhas, por exemplo, enriquecem o solo. Todos os restos orgânicos formados pelo restaurante ou produzidos na própria plantação, podem servir como ótimos nutrientes para o solo, aumentando, assim, a produção de produtos orgânicos. Com isso, FÁBRICAS DE CRIAÇÃO DE ADUBO são outros elementos que incrementam as ofertas de empregos à população. Com restos orgânicos, é possível produzir ENERGIA, por meio de digestores anaeróbios. A eletricidade gasta no sistema pode ser gerada pelos próprios elementos do sistema. E por que não extender esse caráter de mutualidade e ciclos à nível municipal? Comércios na cidade, que produzem restos orgânicos e que ao final do dia precisam encontrar meios para se livrar do lixo, podem entregá-los a este sistema sustentável e os restos se destinariam à produção de energia ou adubo. Os ciclos são diversos e garantem maior sustentabilidade não somente para o espaço de projeto, mas também para a cidade como um todo. Então, o programa consiste em elementos fixos e alguns mutáveis dependendo do contexto e lugar do projeto. São eles:
FIXO
- AGROFLORESTA - POMAR - HORTA - ENERGIA RENOVÁVEL - CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - ESPAÇO PÚBLICO DE LAZER
MUTÁVEL
- RESTAURANTE - VIVEIRO DE MUDAS - ESCOLA DE ENSINO BÁSICO - FÁBRICA DE ADUBO
“E se nós melhorássemos as condições que damos às plantas ao invés de ficar tentando buscar características genéticas nelas que as façam aguentar os nossos maus tratos?” Ernst Götsch
THE KAS RESTAURANT - Amsterdam O restaurante se insere no interior de uma estufa produtiva. Os legumes vegetais e frutas oferecidos no cardápio são cultivados na estufa em que se encontra, e nos jardins do entorno do restaurante. A estufa localiza-se dentro do parque Frankendael. Esta obra serviu como referência para o conceito de ciclos.
significativo no desenvolvimento de nossas dietas, em como lidamos com comida. Em países industrializados, principalmente, consumidores encontram-se bem distantes da produção do que comem. Comida, hoje, é produzida em massa, para produção globalizada e processos distributivos, com uma complexa divisão de trabalho. Ao invés de criarmos nossa própria comida, para cobrir nossa necessidade em nos sustentarmos, comida se tornou mercadoria que é trocada e vendida. Durante o processo de produto básico à mesa de jantar, a comida passa por uma variedade de diferentes setores. Hoje, comida domina espaços públicos. Uma disputa entre cultura e comércio está sendo travada com cada vez mais veemência na produção de alimentos e na gastronomia. O ponto negativo disto é a formação de uma quantidade super-abundante de resíduos, ou melhor, desperdícios alimentícios. De acordo com a Organização de Alimentos e Agricultura da ONU, aproximadamente 1.3 bilhões de toneladas de comida são jogadas fora por ano.
fonte: https://awesomeamsterdam.com/restaurant-de-kas/
AGRICULTURA URBANA
Um dos desafios no processo urbano, é de atingir eficiência no uso de recursos adaptados aos atuais modos de vida e necessidades sociais, comumente à grande resiliência contra mudança de clima e condições ambientais. Agricultura Urbana com a criação e gestão de agroflorestas é um recurso eficiente neste sentido.
Desperdícios alimentícios estão associados a emissões de gases de efeito estufa, e o desnecessário uso de recursos. Desperdiçar comida também está aliado a questões éticas. Aproximadamente 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo sofrem por fome. A proposta deste TGI é que parte da área urbana seja planejada para situar um sistema de agrofloresta. Neste sistema, são plantadas multiculturas, em oposição à prática de monocultura em que não há biodiversidade, e o solo, por conta disso, passa a
Comida é um assunto onipresente na sociedade, em todos seus momentos, de recurso para consumo. Por isso, é um fator chave de grandes problemas que afetam nossa sociedade hoje - mudança climática e efeito estufa, recursos naturais limitados e escassez de água, pobreza e fome, produção e resíduos em excesso, doenças, entre outros. No decorrer do século XX, a industrialização tomou um papel
Exemplos de espécies plantadas em agroflorestas
apresentar baixíssima qualidade, com ph baixo - ácido, necessitando de muito cuidado, manutenção e uso abundante de fertilizantes e adubos. As plantas crescem e são ceifadas no mesmo tempo. Enquanto não é o tempo da ceifa, é necessário esperar.
USINA DE BIODIGESTOR projeto ‘watershoon’ em Sneek, Holanda
A agrofloresta se destingue da monocultura em diversos pontos. Como há uma diversidade de espécies plantadas, e cada uma com um determinado tempo de colheita, não é necessário esperar o tempo de ceifa. Depois que a floresta atinge maturidade, sempre haverá colheita. Além disso, ao invés de prejudicar o solo, este sistema o recupera. Trazendo biodiversidade ao local, assim como ocorre em florestas nativas, a fauna é re-estabelecida, e os ciclos naturais voltam à ativa. A imagem abaixo mostra alguns exemplos de vegetações que podem ser plantadas. De acordo com Ernst Götsch (s.d.), o abacaxi é o mais indicado para ser plantado no início do processo, pois é a chave para a renovação do solo - se adapta melhor em solos ácidos e ajuda no crescimento das outras espécies, além de já se constituir em uma renda econômica. Como a área de projeto possui grandes descampados, esta seria uma boa solução. Outras espécies podem consistir em: milho, mandioca, banana, mamão, citrus, cacau, jaca, pupunha e ibisco (alimento preferido das minhocas, sendo, portanto, uma das primeiras espécies a serem plantadas). Num primeiro momento, existirão as espécies colonizadoras - vegetação rasteira e arbustos. Num segundo momento, crescerão as espécies secundárias que fazem sombra e criam condições para o crescimento da vegetação primária. E por fim, as espécies primárias que são tidas como a mata do futuro. (Ver ANEXO IA e IB) Os produtos da agroflorestas servem de mercadorias para consumo em restaurantes e afins, e depois, os resíduos gerados são levados para a usina de biodigestor, onde se transformam em matérias-primas para a formação de energia.
fonte: http://www.billundbiorefinery.dk
à LUZ do LUGAR
O projeto deste TGI se instaura na cidade de São
Carlos. Meu interesse por esta cidade média em expansão foi suscitado em razão do potencial de transformação considerável que a mesma apresenta. Muito maior do que, por exemplo, a cidade de São Paulo, que detém um caráter muito mais consolidado. Foram feitos, então, vários levantamentos da cidade, tais como densidade demográfica, renda da população, equipamentos em geral, mas principalmente educacionais; potenciais comércios colaborativos para o sistema sustentável (supermercados, restaurantes, entre outros) e acessibilidade, provindos, em grande parte, do plano diretor de São Carlos. O objetivo é que a partir destes levantamentos, as áreas de projeto se mostrem, se acendam.
SÃO CARLOS
De acordo com o IBGE (2016), São Carlos apresenta 243.765 habitantes, sendo que mais de 29.500 são graduandos e pós-graduandos. É considerada a 13ª maior cidade do interior do estado de São Paulo em número de residentes.
A cidade se extende por uma área de aproximadamente 1.141 km², sendo 1.073,75 km² área rural, e 67,25 km² área urbana. Desta última, apenas 6% é ocupada, ou seja, 33,25 km². Isso mostra que apesar da cidade estar entre as 15 maiores do interior do estado de São Paulo em números de residentes, ela ainda tem muito a crescer. Seu processo de urbanização se deu de maneira típica. A ocupação da área urbana ocorreu de forma descontínua e fragmentada, crescendo sobre áreas inadequadas, com graves problemas de erosão, de drenagem e de proteção de encostas e mananciais (PLANO DIRETOR, 2002). A lógica de ocupação do solo tem sido regulada pelo interesse do mercado imobiliário, não vinculada às condições de infra-estrutura, gerando problemas de mobilidade, moradia e degradação ambiental. É possível perceber claramente este fator ao analisar o mapeamento geotécnico de São Carlos. As áreas periféricas do sul, principalmente, foram implementadas em solos inadequados para assentamento urbano, violando, também, áreas de preservação. Com o passar do tempo, por volta dos anos 70 o conflito entre a expansão urbana e as áreas ambientalmente frágeis se acentuou, principalmente com a instalação de vias
marginais e a invasão de áreas de proteção ambiental à beira dos córregos. Dez anos depois, as áreas das periferias foram consolidadas. E ao virar o milênio, a população sancarlense e a área de ocupação do território dobraram seus valores. Em relação à densidade demográfica, e os padrões de ocupação, é fácil notar pelos mapas que a desigualdade sócio-espacial é grande na cidade. De início, houve um adensamento de moradores na periferia, reduzindo o uso residencial na região central de São Carlos. Consequentemente, esta mesma região sofreu um acréscimo no uso de comércio e serviços. Ou seja, quanto mais afastado do centro, menor a infra-estrutura. Então, a periferia, acaba sendo carente de equipamentos urbanos, exatamente onde os moradores de baixa renda se encontram, enquanto que as regiões mais centralizadas abrigam a população de maior renda. Ao longo do tempo, as zonas de extrema riqueza e pobreza tornaram-se mais delimitados e a mistura social que havia na malha urbana no começo já não ocorre mais.
Como um dos tocantes do meu projeto diz respeito à oportunidades de geração de renda através da agrofloresta e seu sistema - que também demanda um grande espaço livre - o local deve se localizar na PERIFERIA da cidade, próximo à habitações de PADRÕES mais BAIXOS, onde o uso do solo RESIDENCIAL é maior, e o SOLO é adequado.
até 45 hab/ha 45 a 96 hab/ha 96 a 410 hab/ha
DENSIDADE DEMOGRÁFICA
residencial comercial industrial distrito industrial grandes plantas industriais incubadoras de empresas de base tecnolĂłgicas
USO DO SOLO NA Ă REA URBANA
edificação de padrão baixo edificação de padrão médio edificação de padrão médio/alto edificação de padrão alto edificação popular edificação popular com origem de ocupação espontânea
inadequado para assentamento urbano razoável para assentamento urbano adequado para assentamento urbano área de mineração área de preservação
ÁREAS POR PREDOMINÂNCIA DE PADRÕES HABITACIONAIS E MAPEAMENTO GEOTÉNICO
EDUCAÇÃO
L
ocalizando-se as escolas existentes na cidade de São Carlos, nota-se que a maior concentração e diversidade de equipamentos de educação localiza-se na região central da cidade, assim como os maiores índices de escolaridade. Como dito anteriormente, infelizmente, as áreas periféricas têm apresentado as maiores concentrações populacionais e índices de precariedade em relação à formação educacional. E é esta formação que aumenta as oportunidades de emprego no mercado de trabalho. Portanto, são nessas regiões que existe maior demanda por um sistema educacional. Neste quesito os centros de educação ambiental inclusos no programa deste projeto são de grande valia. Eles não geram apenas maior conscientização ambiental para alunos que já frequentam escolas de ensino fundamental e médio, mas também oferecem cursos profissionalizantes voltados para o ramo ambiental, para qualquer faixa etária. Porém, devido à grande demanda por escolas na periferia, ou seja, nas redondezas das áreas do projeto, centros de educação ambiental, que complementariam o ensino dado nas escolas, não seriam suficientes para suprir a carência de um sistema educacional básico. Por isso, dependendo da necessidade, escolas de ensino básico são inclusas no programa.
MUTUALIDADE
Além de ser feito o levantamento de equipamentos edu-
cacionais, foram registrados também os estabelecimentos alimentícios de São Carlos que podem auxiliar na arrecadação de resíduos orgânicos para o sistema sustentável. Como já existe a iniciativa de Coleta Seletiva em alguns bairros de São Carlos, a proposta é de ampliar esta ação. A Coleta atualmente é feita pela prefeitura - trabalhadores passam de casa em casa pedindo produtos recicláveis, que são entregues
pelos consumidores em um único saco, onde plástico, metal e papel estão todos misturados. Após serem recolhidos, os sacos são levados a um galpão, onde o conteúdo dos mesmos são separados e depois distribuídos para empresas que compram os materiais para fabricação de novos produtos. No sistema proposto, o mesmo gesto continuaria a ser feito. Porém, além de serem entregues sacos de recicláveis (saco azul), também são entregues restos orgânicos (saco verde). Os orgânicos são levados para a usina de biodigestor - gerando energia - e os recicláveis são levados para o ponto de coleta mais próximo de onde foram arrecadados - pontos descentralizados significam lugares menores, portanto mais fáceis de serem geridos, e mantidos. Os resíduos que não se encaixam em orgânicos ou recicláveis, são retirados por guaris costumeiros, e levados a aterros para serem incinerados. O objetivo deste sistema é, além do uso e criação de energia renovável, a diminuição de resíduos que auxiliam no efeito estufa e poluição ao serem incinerados. restante
residências supermercados restaurantes, etc.
estaduais e municipais escolas do futuro escolas privadas instituições de ensino previstos outros estabelecimentos de ensino
ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO E OUTROS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO
restaurantes, padarias e lanchonetes supermercados, varejões, sacolões
POTENCIAIS COMÉRCIOS COLABORATIVOS
Considerando todos os levantamentos feitos, três lugares foram ACESOS, à noroeste, leste e sudoeste da cidade. locais de projeto
ÁREAS DE INTERVENÇÃO
O município de São Carlos é dividido em oito zonas.
De acordo com uma das revisões do Plano Diretor (2011), a zona a qual o bairro Jardim Ipanema se instala chama-se zona de uso multifuncional rural (parte da sub-bacia do Monjolinho e parte da sub-bacia do Chibarro); são caracterizadas como áreas de uso agrícola, extrativista ou pecuário, com áreas significativas de vegetação natural. Já o bairro Parque Anhembi, ao leste, situa-se na chamada zona de ocupação urbana conducionada (sub-Bacia do Monjolinho). Esta zona condiciona sua ocupação à implantação de infraestrutura necessária para se urbanizar como de saneamento e estrutura viária. A terceira área de projeto localizada ao sudoeste, ao lado do bairro Antenor Garcia, encontra-se na zona de ocupação urbana restrita (sub-bacia do Monjolinho), a qual é configurada pelas áreas em que predominam EHIS - empreendimentos habitacionais de interesse social, com fragilidade ambiental. É possível reparar como as áreas de projeto estão realmente bem distribuídas no ambiente urbano.
EQUIPAMENTOS EDUCACIONAIS
A
partir do conhecimento da localização das áreas de intervenção, é possível agora traçar quais são os equipamentos educacionais que se encontram próximos a elas. Os equipamentos deveriam se distribuir no meio urbano de modo que todas as moradias e bairros fossem atendidas por pelo menos uma escola de cada nível para que possuíssem fácil acesso a eles. As distâncias máximas recomendadas, em termos de raio de influência, para escolas de ensino de educação infantil é de 300m. De ensino fundamental é de 1500m, e de ensino médio é de 3000m (DUDZINSKA, 2009). As escolas de ensino infantil não foram contabilizadas, pois crianças de 0 a 6 anos não são públicos-alvos para o programa de educação ambiental do projeto. O programa atende alunos do ensino fundamental para cima. Além disso, foi usada a distância de raio para escolas de ensino fundamental por ser menor que a de ensino médio, deixando o levantamento mais preciso.
CICLOVIA
P
zona de proteção paisagística zona de uso multifuncional rural proteção paisagística produção agrícola familiar zona de uso multifuncional rural proteção eagrícola recuperação zona de produção familiarde mananciais zona urbanizável de proteção e recuperação de mananciais de proteção ocupaçãopaisagística urbana restrita zona urbanizável zona de uso multifuncional rural ocupação urbana condicionada restrita produção urbana agrícolainduzida familiar zona de ocupação condicionada proteção eurbana recuperação zona de ocupação induzidade mananciais zona urbanizável zona de ocupação urbana restrita zona de ocupação urbana condicionada zona de ocupação urbana induzida
ZONEAMENTO DO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS
ara assegurar mais um ponto de acessibilidade, foi feito o levantamento do projeto cicloviário de São Carlos, bem como propostas de vias a serem projetadas e implantadas. A proposta levou em consideração o relevo, tentando ao máximo instalar vias para maior conforto ao ciclista. Existem caminhos os quais não foi possível chegar a um resultado ideal, mas que podem ser solucionados criando pontes ou transposições que facilitem sua passagem e a deixe mais confortável.
Bento Silva César E.E. Atília Prado Margarido
2 1
1. ACORDE 2. Centro Interescolar Paulino Botelho 3. E.E Prof. Antônio Militão de Lima 4. Salesianos São Carlos 5. OCA 6. E.E. Prof. José Juliano Neto 7. Educativa
3 4
5
6 7
E.E. Marivaldo Carlo Degan EMEB Arthur Natalício Deriggi público (1500m) privado (1500m) outros estabelecimentos de ensino (1500m)
RAIOS MÁXIMOS DE INFLUÊNCIA DE EQUIPAMENTOS EDUCACIONAIS
ciclovia em diretriz (prefeitura) ciclovia existente ciclovia proposta
PROJETO CICLOVIÁRIO DE SÃO CARLOS
locais de projeto
PROGRAMAS DAS ÁREAS DE PROJETO
POMAR HORTA AGROFLORESTA
CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
VIVEIRO DE MUDAS
ESCOLA ENERGIA renovável
RESÍDUOS BIODEGRADÁVEIS
POMAR HORTA AGROFLORESTA
CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
ENERGIA renovável
POMAR HORTA AGROFLORESTA
RESTAURANTE
RESÍDUOS BIODEGRADÁVEIS
CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
FÁBRICA DE PEQUENO PORTE produção de adubo
ESCOLA ENERGIA renovável
RESÍDUOS BIODEGRADÁVEIS
3 pontos. uma proposta
D
o sistema de três áreas de intervenção, uma será vista a fundo, servindo como base para os outros dois lugares. Por meio de escolha arbitrária, a área localizada ao lado do bairro Parque Anhembi será melhor aprofundada.
~ 137,15 Ha *sem contabilizar as APP’s
ÁREA DE INTERVENÇÃO | PARQUE ANHEMBI
residencial comercial serviços institucional público institucional privado misto áreas verdes não utilizado
USO DO SOLO | LOTE A LOTE ENTORNO
Um estudo de conexões entre as regiões ao redor do espaço livre foi realizado, levando em consideração as trilhas de fluxo pré-existentes, muito marcadas, como pode-se notar na imagem de satélite.
1
DIRETRIZES DE MALHA URBANA
1
Malha seguindo direção de curva de nível.
2
Valorização do corpo d`água incorporado, não rejeitado.
3
Permeabilidade do solo e abertura dos miolos de quadra. 2
3
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REFERÊNCIA DE DIRETRIZES PROJETUAIS - HAMBURGO, ALEMANHA Ne ue
BEBAUUNG ÖSTLICHE HAFENCITY BEBAUUNG ÖSTLICHE HAFENCITY Fortschreibung (Stand 03.03.11), Lageplan M 1:2000
fonte: https://www.hafencity.com/upload/files/files/110303_HafenCity_Ost_Lageplan_2000.pdf
SITUAÇÃO
IMPLANTAÇÃO
IMPLANTAÇÃO GERAL
parque linear
usina de biodigestor
APP
agrofloresta espaรงos de encontro
plantio de reflorestamento
> รกrea permeรกvel
parque
O fluxo de transporte público se conecta com o pré-existente da cidade e passa pelas vias coletoras da intervenção. Ao passo que as vias arteriais percorrem ao longo do parque linear, garantindo o acesso mais di-
linhas de ônibus pré-existentes linhas de ônibus propostas ciclovia proposta ciclovia plano diretor
FLUXOS
reto e rápido do centro da cidade. Foi proposto que as calçadas sejam mais largas em ruas de maior fluxo, ou seja, ao longo das vias coletoras e arteriais. A malha viária buscou se aliar ao conceito de Mascaró (2003), em que ele diz que ”todas as ruas, com seus cruzamentos, formam uma rede de tráfego que possui uma lógica, uma função de origens e destinos”.
via coletora via arterial rodovia sentido único
USO DO SOLO PROPOSTO Equipamentos e comércios encontram-se adjacentes aos parques, invertendo o atual regime na cidade em que o rio é esquecido e rejeitado, a partir de tamponamentos para criações de vias, direcionamento de fundos de lotes para a margem dos rios, que tornam-se, na verdade, depósitos de entulhos. Trazendo equipamentos, comércio e uso misto ao longo do curso do rio, maior interação entre sancarlenses e o rio
é incentivado. Quem sabe, com o passar do tempo, estes passem a olhar o quanto de beleza e riqueza um rio carrega. Como supracitado, as vias coletoras e marginais possuem calçadas mais largas, muitas vezes contando com ciclovias. A imagem ao lado mostra um exemplo de rua em Munique, Alemanha, que mostra esta relação de escala entre o transeunte, o edifício a um lado e o leito carroçável em outro.
2
1
residencial misto comércio instituição
PROPOSTA DE TETO VERDE Além do uso do solo, devida atenção deve ser dada às coberturas das edificações. Por mais que estas não sejam vistas por pessoas em níveis inferiores, grande parte do escoamento de água provém das mesmas. Se as coberturas pudessem reter ou ao menos diminuir a velocidade de escoamento de água pluvial, a frequência de alagamentos diminuaria. Outra medida seria a implantação de painéis solares fotovoltaicos nas coberturas para geração de energia renovável. Munichstrasse, Munique Alemanha
teto verde
1
Via arborizada em canteiro central; Percurso ao longo do parque linear; Comércio e serviços - térreo;
5.0
6.0
3.5
6.0
2.5 2.0
2
Rua arborizada; Calçadas largas com espaço para ciclofaixas; Transporte Público; Comércio e serviços - térreo;
5.3
1.7 2.0 3.0
7.2
12
Calçadas com entradas onde pontos de ônibus são localizados; Ampliação da área de pedestre quando não apresenta automóveis estacionados; 3.3 1.7 2.0
3.0
7.2
10.0
parque linear
usina de biodigestor
APP
agrofloresta espaรงos de encontro
plantio de reflorestamento
> รกrea permeรกvel
bosque
parque APP
arborismo
bacia de mitigação horta percurso elevado
compostagem
mirante bosque área esportiva
restaurante
jardim
centro de educação ambiental
Centro de Educação Ambiental e Restaurante
Centro de Educação Ambiental e Restaurante
Restaurante
Jardim
Área Esportiva - Quadras de vôlei de areia e espaço livre com piso liso
Ă rea Esportiva - pista de skate
Ă rea Esportiva - Quadras Multiesportivas
Percurso Elevado
Percurso Elevado
BIBLIOGRAFIA
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ANEXOS
ANEXO IA
ANEXO IB Fonte dos anexos IA e IB: PENEIREIRO, et. al. Liberdade e Vida com Agrofloresta. Embrapa. São Paulo, 2008.