Patrimônio fotográfico: catálogo seletivo de fotografias da cidade de Cariacica

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Cariacica nas lentes do tempo: um olhar nativo Amarildo Mendes Lemos (IFES)15 O topônimo Cariacica é derivado de “Cari-jaci-caá”, de matriz tupi. Literalmente o termo pode ser traduzido como “forasteiro-rio-lugar” e se popularizou como lugar de "chegada do homem branco” ou “porto do homem branco”, além de “chegada de estrangeiro" ou “porto de estrangeiro”. Cariacica também era o nome do rio que descia entre a encosta da serra e a formação granítica conhecida como Moxuara, desaguando na baía de Vitória, e que hoje é chamado de rio Bubu. O rio Cariacica foi navegável até pelo menos a década de 1950, serviu de meio de transporte e fonte de alimentação para a população local, e hoje absorve o esgoto que depois é lançado ao mar. Com um relevo diversificado, cerca de 50% do território de Cariacica é montanhoso e o município conserva por volta de 25% de mata atlântica nativa. Isso se reflete no clima do município, que faz limite com Santa Leopoldina, Vila Velha, Viana, Vitória, Serra e Domingos Martins, este pela região de Biriricas. Como parte desse relevo privilegiado, temos o monte Moxuara que encanta o turista e o habitante nativo do Espírito Santo. Visto desde a Serra passando pela parte continental de Vitória ou de Vila Velha, o Moxuara está presente em quase todo o acervo imagético que busca traduzir em imagem a beleza natural da baía de Vitória. Seja da Ilha das Caieiras ou da Terceira Ponte é impossível que o Moxuara não seja notado em um clique que se faça do poente, quando se vê o astro-rei descansar atrás desse patrimônio natural de Cariacica. De origem incerta, o nome Moxuara, possivelmente, é originado de Muxanara ou Muchauara (pedra irmã). Segundo uma versão, considerada lendária, o nome teria origem em Monchuar ou Muchuar que seria traduzido como veio de diamantes e, em outra, seria uma suposta exclamação de tripulantes franceses ao adentrarem a baia de Vitória, “Mouchoir! (lenço)”, depois de observarem nuvens no monte. Há quem diga que seja derivado de Amõ-xuara, “o que está distante”. Moxuara, em Cariacica, e Mestre Álvaro, em Serra, são personagens de uma lenda que trata de uma história de amor entre dois jovens de tribos inimigas que ousaram ouvir seus corações e, por isso, teriam sido transformados nessas formações rochosas. 15

Professor de história do campus Serra do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES). Doutorando vinculado ao Laboratório de História das Interações Político-Institucionais (HISPOLIS) do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Espírito Santo (PPGHIS-UFES).


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