2 minute read

Lucas Barros Portfolio

Lucas Barros apresenta na OLD um portfolio urbano, em preto e branco, que traz um pouco do cotidiano das grandes cidades brasileiras. Para conhecer mais sobre seu trabalho e sua histórias, batemos um papo com ele.

Todas as imagens do seu portfolio são flagrantes do cotidiano urbano. Como é seu ritmo de fotografia? Você busca essas imagens ou acaba esbarrando nelas?

Advertisement

ambiente, vivo a realidade urbana, por isso sempre esbarro com as cenas. Porém, muitas vezes, não reparamos nas paisagens do nosso cotidiano, ainda mais com o ritmo alucinante da vida atual. E por isso, ao mesmo tempo, busco essas imagens, me forço a reparar, mantenho o olhar atento. Acho importante para não ser anestesiado pela cidade. Precisamos manter os sentidos ligados e praticar fotografia ajuda. Seu portfolio apresenta um preto e branco denso, contrastado. Como surgiu essa opção? Como você acredita que o PB contribui para o seu trabalho?

As duas coisas acontecem. A cidade é meu

Acredito que a foto colorida consiga demonstrar melhor a beleza, o encantamento

Enxergamos colorido, portanto contemplar a fotografia colorida é algo natural. Porém o preto e branco nos força a montar a cena e entendê-la, e assim estimula nossa mente e olhar, estimula a reflexão, e é o que busco com minha série de imagens. A cor cinza é predominante nas grandes cidades, portanto esteticamente penso ser a melhor escolha para o tema. Já o forte contraste representa a desigualdade retratada, o contraste entre realidades, não apenas na fotografia. Há, em alguns momentos do seu trabalho, um registro da pobreza e da desigualdade nas cidades. Você vê a sua fotografia como um mecanismo de denúncia? Creio que todos que olham para uma fotografia inevitavelmente pensam sobre a cena, sobre o personagem, sobre o lugar, imaginam o que acontecia e o que poderia acontecer. A reflexão sobre a imagem segue baseada nas experiências do próprio observador, o que ele já viu e viveu influencia sua análise sobre a foto.

Mas depois o sentido se inverte e a mesma reflexão interfere no observador, agrega sentimentos, exercita seu pensamento, podendo até alterar sua avaliação e opinião. Por isso a fotografia serve como como alerta, como provocação, como denúncia, para que as pessoas, no mínimo, pensem sobre a situação. Além disso, a fotografia registra uma época, um tempo. E a desigualdade social é uma situação comum atualmente, infelizmente, então condiciona o trabalho, precisamos pensar sobre isso.

Como você se relaciona com os personagens que fotografa? Há um contato ou essas imagens são “roubadas”?

O contato real com o personagem específico da foto nem sempre acontece, pois no momento exato do click tento ser invisível para não interferir na imagem ou provocar reações artificiais. Mas é extremamente importante o contato com o ambiente, ajuda a sentir e interpretar a cena e a situação antes de fotografar, e assim a chance de captar a mensagem e conseguir transformála em fotografia é maior. Por isso procuro me envolver explorando o local, conversando com as pessoas e conhecendo as histórias.

Você vê a cidade como um dos grandes temas da fotografia? Esse é o cenário principal da sua produção?

Como sou formado arquiteto urbanista, acho natural que a cidade me atraia. E é um ótimo tema para a fotografia, é vasto, dinâmico e mutante. Por isso acho válido registrá-la, e assim estimulamos o pensamento sobre o cotidiano urbano, o que interfere no nosso estilo de vida e na forma como encaramos o meio onde vivemos, pensando sobre os problemas e soluções ou encontrando a beleza muitas vezes perdida.

This article is from: