Olho de peixe [n. 7]

Pensar Fotografia OLHOdePEIXE

OLHOdePEIXE

Pensar Fotografia

OLHOdePEIXE

Revista Olho de Peixe é o

Pensar Fotografia – uma experiência em edição, ensaios fotográficos e design gráfico.

Nº 7 - 2019

Edição e Direção de Arte

A. ASSAOKA

Edição de Fotografia

A. ASSAOKA

Produção NEIVA CARDINS

Revisão REVISA JÁ

Tradução TRANSCRITO JÁ

Pré-impressão ELTON GOMES

Impressão GRÁFICA LCR

O DESAFIO DE ANDAR E PERDER-SE POR CAMINHOS INSEGUROS

A fotografia que move novos olhares, que se arrisca e se permite perder-se. A abrir a mente para ver o que ainda não viu, a pensar o que ainda não pensou e a criar o que ainda não criou.

Desconstruir e construir numa reflexão que propõe posturas não convencionais. A expressão fotográfica fundamentada no conflito e na irregularidade. Renoir dizia que “a regularidade, ordem, desejo de perfeição (que é sempre uma falsa perfeição) destroem a arte”. Para Baudelaire, “o que não é um pouco distorcido não tem apelo emocional; disso se segue que a irregularidade – isto é, o inesperado, a surpresa e o espanto, são uma parte essencial e característica da beleza”.

O desafio de juntar várias peças num anagrama para contar uma história lógica (ou ilógica). Diferente do cinema, a fotografia se revela em flashes, mosaicos, conexões que permitem que cada um de nós crie sua própria estória, e sinta emoções guardadas nas suas lembranças.

Onze (um time completo) fotógrafos iniciantes, e alguns nem tanto, aceitaram caminhar por essas veredas inseguras, às vezes tortuosos, e como diz Antonio Machado em Cantares: “Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar”, botaram o pé na estrada.

Agradecimentos:

Museu Dragão do Mar, Porto Iracema das Artes, Valéria Laena, Tiago Santana, Iana Soares, Celso Oliveira, Osmar Gonçalves, Antonello Veneri, Michele Correia.

Quarteto Foto Editorial

Rua Dr, Gilberto Studart, 1520

Fone: 85 99777-3433

ka.assaoka@gmail.com

Tiragem: 120 exemplares

Fortaleza, julho de 2019

O que vemos aqui, na publicação, são somente os primeiros passos desse caminho, desse caminhar.

Mas a discórdia já foi plantada.

A. Assaoka

resultado da oficina

Capa. Foto de Juliana Oliveira

10

DÁRIO GABRIEL

Ele vai fotografando, talvez porque ainda busca o que tem nele. Há um avesso que ainda tateia. Pode ser que todas as imagens capturadas, reveladas e “amostradas” sejam desejos de sempre completar algo. De se misturar com alguém. Há vaidade, há necessidade de olharem para ele também, há generosidade de dividir o que olha e como olha. Fotografar vai ser sempre um pedaço dele que leva também o teu olhar.

16

JULIANA OLIVEIRA

Dentre tantas definições possíveis, a fotografia pode ser, inclusive, caminho. Nesse rumo, fotografar tornou-se um processo pessoal, intransferível e inevitável; é a busca por identidade e o contentamento de dar luz a si mesma.

24

MICHELE CORREIA

É fortalezense e mora na Holanda. Contadora de formação, sua história de amor com a fotografia é antiga, mas só se concretizou em 2016, “no tempo certo” ela diria, para encontrar as pessoas certas. Vem se descobrindo e se reinventando dia após dia e em todos eles a fotografia está presente, seja em forma de clique ou de sentimento. Para Michele, a fotografia é um mergulho no autoconhecimento.

30 NEIVA CARDINS

O pensamento filosófico nos mostra uma condição cíclica da vida. Na teoria dos setênios, Neiva está no início de um novo ciclo, acreditando estar mais consciente do mundo e de si mesma, tenta encontrar o lado humanístico e existencial da vida através da arte. Vivencia de forma tranquila e positiva um novo desafio: a fotografia! Neste novo universo, busca utilizar sua energia de forma madura, profunda e espiritual.

38

KLEITON EVANGELISTA

Economista por formação, iniciou-se em fotografia no ano de 2012. Na elaboração de seus projetos visuais estão presentes conceitos regentes como dignidade, honestidade, leveza, força e poesia. Seja na fotografia de espetáculos, do cotidiano ou, ainda, do documental, fica evidente seu interesse pelo aspecto mais humano.

44

ROSANA CHAVES

Pisciana, 55 anos, tem formação acadêmica na área da Educação. Aos 21 anos ganhou sua primeira câmera e nunca mais parou de fotografar. Não tinha pretensões de “ser uma fotógrafa” até dois anos atrás, quando começou a estudar e a se dedicar à fotografia. E foi na fotografia que ela encontrou espaço para falar de belezas despercebidas. Fotografar é alimentar a alma.

48

LEANDRO CASTRO

Fortalezense, nasceu em 1979. Analista de sistemas, estudou fotografia em 1994 na Universidade Federal do Ceará. Através da fotografia, desenvolveu habilidades para manipular e capturar luzes e sombras, eternizando os segundos mais valiosos de um olhar único.

52

SEMMADA ARRAIS

Odontologia, foi a profissão que abraçou até deixar o Brasil no final de 2011. A Tunísia tornouse então seu lar durante sete anos.

A impossibilidade de trabalhar na sua profissão, a curiosidade por um país tão singular e a necessidade de se redescobrir aos 40 anos, a levaram à fotografia, antiga paixão de adolescência. A fotografia revirou-a ao avesso. Hoje, de volta à Fortaleza, a fotografia lhe possibilita novas vivências e maneiras de enxergar e compreender o mundo.

58

SUELENA MOREIRA

Paraibana, radicada em Fortaleza, é fotógrafa documental. É através da fotografia que ela explora um mundo de possibilidades, e as pessoas que vai encontrando nesse caminho são suas fontes inesgotáveis de inspiração.

66

TONY FERREIRA

Filho de Uruburetama é fotógrafo autoral. A paixão pela fotografia virou caso de amor eterno. Com luz e sombra, procura expulsar seus demônios e, através da fotografia, conhecer pessoas misturando-me a elas na plasticidade do instante captado, que incomoda, acomoda e vai muito além da imagem

72 CLÁUDIA XAVIER

Fotografia, na vida de Cláudia, é uma magia. Ama olhar, ver, sentir e captar o instante para sempre, e essa relação vai além dos sentimentos e afasta, literalmente, os seus fantasmas.

ADEMAR ASSAOKA

A fotografia é a sua arte, não como fotógrafo, que diz não ser, mas como editor. Como se diz: lê imagens. Meio calado por natureza, expressa-se melhor construindo enredos para outros olhares. Agora quer passar seus saberes, de grande valia, para outros, e com a Olho de Peixe ele reencontra seu melhor veículo de expressão.

ALÉM DA TEORIA DA MONTAGEM DE EISENSTEIN: PRINCÍPIOS GERAIS DA CONSTRUÇÃO

DE OBRAS DE ARTE.

Eisenstein é, ao mesmo tempo, herdeiro e fundador de uma corrente de estudos semióticos conhecida por semiótica russa ou semiótica da cultura. Essa corrente “têm como objeto central das pesquisas a série sígnica ou o texto sequencial, sob um ângulo acentuadamente diacrônico e evolutivo”.

O cineasta russo direcionou seus estudos sobre arte no espírito da biônica moderna, “ciência que estuda alguns princípios gerais da construção de sistemas biológicos com a finalidade de transferi-los para a construção de outros sistemas”. Eisenstein procurava operar a transposição das leis que regem a constituição dos fenômenos naturais, orgânicos, para a construção de obras não-naturais, artificiais, como as obras de arte. Este aspecto é fundamental para a compreensão do pensamento de Eisenstein, na medida em que permeia sua teoria da montagem.

O sistema dialético encontra sua origem, para Eisentein, na cisão da consciência primitiva entre o pensamento lógico e o pré-lógico, projetando-se como problema fundamental da arte e da filosofia sob diversas formulações de opostos derivados deste primeiro. O conflito é essencial, para Eisenstein, pois é ele quem determina o princípio dinâmico das coisas: sem o conflito de opostos, não há movimento. E, para Eisentein, assim como para os construtivistas, a noção de movimento e dinamismo é fundamental para a definição da vitalidade (e mesmo de uma verdade) da arte. Cabe, desse modo, ao artista, a tarefa de realizar a síntese dos opostos na forma de conflito dinâmico na arte. O princípio do conflito encontra sua principal formulação na teoria de Eisenstein na noção de montagem. A montagem é o fenômeno de colisão ou justaposição entre partes independentes ou até mesmo opostas que geram novos conceitos e não se restringe a sua aplicação no cinema. Para o cineasta russo, a montagem é um princípio presente em toda a criação artística e, numa perspectiva mais ampla, poderia ser estendido a todo movimento de vida natural e humano. Eisenstein considerava a arte um dos métodos e caminhos do conhecimento. Para ele, as obras seriam construídas de acordo com as normas do pensamento que a produz,

O princípio do conflito CRISTINA PAIVA

e consolidariam, em sua estrutura, as representações que expressam a própria forma desse pensar. O mesmo princípio de construção da obra de arte seria válido para a sua percepção: o espectador reconstitui o curso do processo psicológico que ocorre no criador. Sendo assim, se a montagem, para Eisenstein, é o princípio construtivo de toda arte, ela será a principal responsável por articular essa dinâmica de funcionamento. Por isso, a obra de arte não deve ser vista estatisticamente como um resultado, mas dinamicamente como um processo. O princípio da justaposição de dois elementos diversos, que determina o mecanismo da montagem e mesmo do movimento no cinema (com a sobreposição de fotogramas incongruentes), também gera a intensidade da impressão no espectador. A irregularidade da arte, assim como de todas as linguagens, é um fator determinante na qualidade da representação, uma vez que o movimento dinâmico e o ritmo, essenciais na expressividade, nascem da incongruência e da irregularidade.

Para dar suporte a sua tese sobre a importância da irregularidade na arte, cita artistas e críticos que discutiram o assunto, como Renoir: “A beleza de qualquer descrição vai encontrar seu encanto na variedade. A natureza odeia tanto o vácuo quanto a regularidade. Pela mesma razão, nenhuma obra de arte pode ser realmente assim chamada se não foi criada por um artista que acredita na irregularidade e rejeita qualquer forma estabelecida. Regularidade, ordem, desejo de perfeição (que é sempre uma falsa perfeição) destroem a arte. A única possibilidade de manter o sabor da arte é inculcar nos artistas e no público a importância da irregularidade. Irregularidade é a base de qualquer arte”.

E ainda, para Baudelaire, “o que não é um pouco distorcido não tem apelo emocional; disso se segue que a irregularidade – isto é, o inesperado, a surpresa e o espanto, são uma parte essencial e característica da beleza”.

Portanto, para Eisenstein, a arte deveria se afastar da tentativa de mimetização realista, fadada, segundo ele, ao fracasso na representação de ideias e sentimentos, e buscar um tipo de representação intelectualmente construída, que produzisse o máximo possível de efeito sobre o espectador, obtidos com a incorporação da irregularidade e do inacabamento.

Para que o espectador reconstituísse o processo psicológico que ocorre no criador, a arte não deveria surgir como algo já

pronto, mas fornecer as condições necessárias para que o caminho trilhado pelo artista fosse refeito, alcançando o sentimento que moveu o criador a construir sua obra. A ênfase da obra estaria, deste modo, nos processos dinâmicos de construção da arte, e não só na apresentação do resultado final. Podemos concluir alguns aspectos relevantes na determinação da qualidade da obra de arte para Eisenstein. A obra de arte, para produzir a impressão viva de um sentimento e causar impacto no espectador, como desejava Eisenstein, não poderia reduzir-se nem à mimetização dos aspectos superficiais das emoções representadas, tampouco à exposição lógica ou documental dos fatos, mas construir intelectualmente as situações que produziriam os efeitos desejados nos espectadores. Essa construção seria possibilitada por um princípio básico da arte: o conflito entre opostos, encarnado no cinema por meio da técnica da montagem.

É importante observar que a montagem, para cumprir sua missão, não poderia restringir-se ao “procedimento mecânico” de junção e colagem (como fazem alguns cineastas criticados por Eisenstein, que os chama de “esquerdistas da montagem”), mas obedecer a um princípio maior que a dirige (que é a ideia geral e ou o sentimento inicial do autor), construindo esse todo maior por meio da junção de imagens, detalhes ou fragmentos, que portem uma coerência e permitam a construção do todo. A utilização do fragmento, que não busca a representação realista, mas, ao contrário, incorpora a irregularidade e o inacabamento, permite que o espectador participe do processo de construção da obra e seja atirado para dentro dela, “arrastado para o ato criativo no qual sua individualidade não está subordinada à individualidade do autor, mas se manifesta através do processo de fusão com a intenção do autor”, a partir de “sua fantasia”, “da urdidura e trama de suas associações”, criando uma imagem “concebida e criada pelo autor”, mas, ao mesmo tempo, “também criada pelo próprio espectador”. (EISENSTEIN: 2002).

PAIVA, Cristina. Além da teoria da montagem de Eisenstein: princípios gerais da construção de obras de arte.

Graduada em Arquitetura e Urbanismo- FAU USP Mestranda em Comunicação e Semiótica -PUC SP

Email: crispaivarq@yahoo.com.br; crispaivasp@gmail.com

Tessituras & Criação nº 2 – dez/2011

Concreto não se faz de dureza. A forma não é linear, é o que desenha o olho na câmera e a própria arquitetura na retina do observador. É saber se todos os dias, o olhar de quem passa por ali enxerga o quê?

O cinza, o enxuto das linhas, dos traços, as superfícies... É o rinoceronte que o fotógrafo quis achar se deslocando discretamente no concreto aparente do arquiteto e sua criatura. Vocês viram o rinoceronte?

DÁRIO GABRIEL

No curso do Rio Pacoti, já chegando ao mar, “criaramse” Ivonete e Maria José. “A cumade é mesmo que uma irmã, povo tem é inveja da amizade da gente”, dizem as duas. Espelham-se os dizeres e no próprio correr da vida: deslizam silenciosas pelo rio, no arrasto da rede, juntas. Marisqueiras, desde a adolescência, misturam-se à água escura, lama e raízes, na simbiose com o lugar de sustento querido: ‘prefiro ficar no rio’.

JULIANA OLIVEIRA

Na Holanda, o país das bicicletas, onde fui morar, fiquei um pouco perdida: outra cultura, outro clima, outra comida. Quem sou eu agora longe de tudo que me trouxe até aqui? Foi a bicicleta que me emancipou, com ela me senti um pouco holandesa, pedalando, numa tarde de primavera, com uma câmera pendurada no pescoço. Nessas imagens está um pouco de mim, encontro-me em cada foto. Posso chamar de autorretrato?

MICHELE CORREIA

Em uma comunidade de pescadores, encontrei o mesmo mar, o mesmo céu, a mesma lua e estrelas de outros litorais, mas, a rotina de seus moradores é uma verdadeira lição de vida. Homens, mulheres e crianças entre dunas, lagoas e manguezais lutam para preservar não somente a natureza, mas toda uma ancestralidade. Em seus corações pulsa muito forte o respeito, amor, acolhimento, e respira-se resistência, trabalho, memórias do mar, e a pureza de crianças empinando pipas ou brincando no mar. Isso é Balbino.

NEIVA CARDINS

Um breve recorte no espaço-tempo para revelar a poética de uma vida levada por aqueles que fazem da arte circense um movimento de resistência.

KLEITON EVANGELISTA

Este ensaio é uma homenagem à minha mãe. Nele dialogam a beleza e a delicadeza de duas mães: minha mãe Ana e a nossa grande mãe Natureza. Um diálogo que pretende sensibilizar, humildemente, a todos que o vejam e, quem sabe, levar à uma reflexão sobre o feminino nos dias atuais.

ROSANA CHAVES

Cidade vazia… onde o silêncio não tem vez, sons característicos da calada da noite tornam essa “Fortaleza” de concreto ainda mais misteriosa, amanhar seus mistérios por um olhar diferente, que adentra em seus veios e sente o pulsar anfigúrico de uma cidade que, mesmo vazia, teima em não adormecer.

LEANDRO CASTRO

“Vai, Malandro!” Era matar ou morrer. Lutava corajosamente sob os olhares febris daqueles que apostavam e bebiam a diversão de domingo naquela cidade do interior da Bahia. Malandro ia, olhos machucados, marcas de biqueira sob as penas arrancadas, pulava, golpeava o esporão no adversário. Às vezes apoiava-se no outro na tentativa de recuperar o fôlego. Falo de homens e de seus galos.

SEMMADA ARRAIS

Em Balbino, uma comunidade de pescadores de muita coragem, vivem e preservam uma área ambiental, respeitam a natureza e dela tiram o seu sustento.

Dignidade, trabalho, solidariedade e cultura são os valores que permeiam a vida dessa comunidade.

SUELENA MOREIRA

Esta é uma história sem começo, meio e fim, mas imagens que se misturam em pontos de reflexão: Quantas máscaras possuímos? Quais máscaras usamos em cada situação de nossas vidas? O que se mostra é apenas o que permitimos ser mostrado? Mistérios da nossa percepção.

TONY FERREIRA

Crack é uma doença. Uma brincadeira que começa nas amizades, na bebida, baladas e, de repente, sem que se perceba, toma conta da sua vida e impacta toda uma família. Muitos acham que o crack é um refúgio, mas não passa de um caminho sem volta.

XAVIER

CLÁUDIA

OLHOdePEIXE

Pensar Fotografia

The challenge of walking and getting lost in unsafe paths

Photography that moves new eyes, risks itself and allows itself to be lost. Opening your mind to see what you haven’t seen, thinking about what you haven’t thought, and creating what you haven’t created yet. Deconstruct and construct in a reflection that proposes unconventional postures. Photographic expression based on conflict and irregularity. Renoir said that “regularity, order, desire for perfection (which is always a false perfection) destroy art.” For Baudelaire, “What is not a little distorted has no emotional appeal; It follows that irregularity - that is, the unexpected, the surprise and the astonishment - is an essential and characteristic part of beauty. ”

The challenge of putting several pieces together in an anagram to tell a logical (or illogical) story. Unlike cinema, photography reveals itself in flashes, mosaics, connections that allow each of us to create our own story, and to feel emotions stored in his memories.

Eleven (a complete team) beginner photographers, and some not so much, agreed to walk these unsafe, sometimes tortuous paths, and as Antonio Machado says in Cantares: Foot on the road. What we see here in the publication are only the first steps of this path, of this walk. But the seed of discord has already been planted.

A. Assaoka

page 6

Beyond Eisenstein’s theory of montage: general principles of the construction of works of art.

The beginning of the conflict

Cristina Paiva

Eisenstein is at the same time the heir and founder of a chain of semiotic studies known as Russian semiotics or semiotics of culture. This chain “has as central object of the research the sign series or the sequential text, under a markedly diachronic and evolutionary angle”.

The Russian filmmaker directed his art studies in the spirit of modern bionics, “science that studies some general principles of the construction of biological systems for the purpose of transferring them to the construction of other systems.” Eisenstein sought to operate the transposition of the laws governing the constitution of natural, organic phenomena for the construction of unnatural, artificial works such as works of art. This aspect is fundamental to understanding Eisenstein’s thought as it permeates his theory of montage.

The dialectical system finds its origin, for Eisentein, in the split of primitive consciousness between logical and pre-logical thinking, projecting itself as a fundamental problem of art and philosophy under various formulations of opposites derived from the former. Conflict is essential for Eisenstein, because it is what determines the dynamic principle of things: without the conflict of opposites, there is no movement. And for Eisentein, as for the constructivists, the notion of movement and dynamism is fundamental to the definition of the vitality (and even truth) of art. Thus, it is up to the artist to perform the synthesis of opposites in the form of dynamic conflict in art.

The principle of conflict finds its main

formulation in Eisenstein’s theory in the notion of montage. Montage is the phenomenon of collision or juxtaposition between independent or even opposite parts that generate new concepts and is not restricted to their application in cinema. For the Russian filmmaker, editing is a principle present in all artistic creation and, from a broader perspective, could be extended to every movement of natural and human life. Eisenstein considered art one of the methods and paths of knowledge. For him, the works would be constructed according to the norms of the thought that produces it, and would consolidate, in its structure, the representations that express the very form of this thinking. The same principle of construction of the work of art would be valid for its perception: the viewer reconstructs the course of the psychological process that occurs in the creator. Thus, if montage, for Eisenstein, is the constructive principle of all art, it will be primarily responsible for articulating this dynamic of functioning. Therefore, the work of art should not be viewed statistically as a result, but dynamically as a process. The principle of the juxtaposition of two different elements, which determines the mechanism of montage and even movement in the cinema (with the overlapping of incongruent frames), also generates the intensity of the impression on the viewer. The irregularity of art, as of all languages, is a determining factor in the quality of representation, since dynamic movement and rhythm, essential in expressiveness, are born of incongruity and irregularity. To support his thesis on the importance of irregularity in art, he quotes artists and critics who discussed the subject, such as Renoir:

“The beauty of any description will find its charm in variety. Nature hates both vacuum and regularity. For the same reason, no work of art can really be called that if it

was not created by an artist who believes in irregularity and rejects any established form. Regularity, order, desire for perfection (which is always a false perfection) destroys art. The only possibility of maintaining the flavor of art is to inculcate in artists and the public the importance of irregularity. Irregularity is the basis of any art”. And yet, for Baudelaire, “what is not a little distorted has no emotional appeal; It follows that irregularity - that is, the unexpected, the surprise and the astonishment - is an essential and characteristic part of beauty”. Therefore, for Eisenstein, art should move away from the attempt at realistic mimicry, doomed, according to him, to failure to represent ideas and feelings, and to seek a kind of intellectually constructed representation that produces as much effect as possible on the viewer, obtained by incorporating the irregularity and the unfinishing.

For the viewer to reconstitute the psychological process that occurs in the creator, art should not emerge as something ready, but provide the necessary conditions for the path taken by the artist to be redone, reaching the feeling that moved the creator to build his work. The emphasis of the work would thus be on the dynamic processes of art construction, and not only on the presentation of the final result.

We can conclude some relevant aspects in determining the quality of the work of art for Eisenstein. The work of art, to produce the vivid impression of a feeling and make an impact on the viewer, as Eisenstein wished, could not be reduced either to the mimicry of the superficial aspects of the emotions represented, nor to the logical or documentary exposition of the facts, but to construct intellectually. the situations that would produce the desired effects on the viewers. This construction would be made possible by a basic principle of art: the conflict between opposites, embodied in

cinema through the technique of montage. It is important to note that editing, to fulfill its mission, could not be restricted to the “mechanical procedure” of joining and pasting (as some filmmakers criticized by Eisenstein, who calls them “montage leftists”), but obeying a greater principle that drives it (which is the general idea and or the initial feeling of the author), constructing this larger whole through the joining of images, details or fragments, which carry a coherence and allow the construction of the whole. The use of the fragment, which does not seek realistic representation, but instead incorporates the irregularity and the unfinishing, allows the viewer to participate in the process of construction of the work and to be thrown into it, “dragged into the creative act in which his individuality is not subordinate to the author’s individuality, but is manifested through the process of fusion with the author’s intention, from “his fantasy”, “the warp and weave of his associations”, creating an image “conceived and created but at the same time also created by the viewer himself”.

(EISENSTEIN: 2002).

PAIVA, Cristina. Beyond Eisenstein’s theory of montage: general principles of the construction of works of art.

Graduated in Architecture and Urbanism - FAU USP MSc in Communication and Semiotics - PUC SP Email: crispaivarq@yahoo.com.br; crispaivasp@gmail.com

Waving & Creation nº 2 – dec/2011

Dário Gabriel

He is photographing, perhaps because he still seeks what is inside him. There is an inside out that he still gropes. It may be that all images captured, revealed and “sampled” are wishes to always complete something. To mingle with someone. There is vanity, there is a need to look at him too, there is generosity in sharing what he sees and how he sees it. Shooting will always be a part of him, that also brings with it his look.

About the photo shoot

Concrete is not made of hardness. The form is not linear, it is the one that draws the eye in the camera and the architecture itself in the retina of the observer. It is to know every day what the look of those who pass by can see. Gray, the dryness of lines, dashes, surfaces...

It is the rhinoceros that the photographer wanted to find discreetly moving in the apparent concrete of the architect and his creature.

Did you see the rhino?

Juliana Oliveira

Among so many possible definitions, photography can even be the way. In this direction, photographing has become a personal, nontransferable and unavoidable process; it is the search for identity and the contentment to give light to itself.

About the photo shoot

In the course of the Pacoti River, just arriving at the sea, Ivonete and Maria José “were created.” The “cumade” is like a sister, people are envious of our friendship, “they say. The words are mirrored and in the very course of life: they slide silently by the river, in the drag of the net, together. Craftwork shellfishs since adolescence, mix with the dark water, mud and roots, in the symbiosis with the beloved place of sustenance: ‘I prefer to stay in the river’.

Michele Correia

is from Fortaleza and lives in the Netherlands. An accountant by education, her love story with photography is old, but it was only materialized in 2016, “at the right time” as she would say, to find the right people. She is discovering and reinventing herself day after day and in all of them photography is present, either in the form of a click or a feeling. For Michele, photography is a dive into self-knowledge.

About the photo shoot

In Netherlands, the country of bicycles, where I came to live, I was a bit lost: another culture, another climate, another type of cuisine. Who am I now far from everything that brought me here? It was the bicycle that emancipated me, with it I felt a little Dutch, pedaling, one spring afternoon, with a camera hanging around my neck. In these images is a bit of me, I find myself in each photo. I can call it a self-portrait?

Neiva Cardins

Philosophical thinking shows us a cyclical condition of life. In the theory of septenniuns, Neiva is at the beginning of a new cycle, believing herself to be more conscious of the world and of herself, she tries to find the humanistic and existential side of life through art. She experiences a new challenge in a quiet and positive way: photography! In this new universe, she seeks to use her energy in a mature, deep and spiritual way.

About the photo shoot

In a community of fishermen, I found the same sea, the same sky, the same moon and stars of other coasts, but the routine of its inhabitants is a true lesson of life. Men,

women and children among dunes, ponds and mangroves struggle to preserve not only nature, but an entire ancestry. In their hearts pulsates very strongly the respect, love, welcome, and breathe resistance, work, memories of the sea, and the purity of children flying kites or playing in the sea. That is Balbino.

Kleiton Evangelista

Economist by education, he began in photography in the year 2012. In the development of his visual projects are present regent concepts such as dignity, honesty, lightness, strength and poetry. Whether it is in the picture of spectacles, of the daily life, or of the documentary,it is clear his interest in the human aspect.

About the photo shoot

A brief cut in space-time to reveal the poetics of a life led by those who make circus art a resistance movement.

Rosana Chaves

Piscies, 55, has an academic background in Education. At age 21 she won her first camera and never stopped shooting. She had no pretensions to “being a photographer” until two years ago, when she began to study and dedicate herself to photography. And it was in the photograph that she found space to speak of unseen beauties. To photograph is to feed the soul.

About the photo shoot

This essay is a tribute to my mother. In it they discuss the beauty and delicacy of two mothers: my mother Ana and our great mother Nature. A dialogue that seeks to humbly sensitize all who see it and, who knows, lead to a reflection on the feminine in the present day.

Leandro Castro

From Fortaleza, he was born in 1979. Systems analyst, studied photography in 1994 at the Federal University of Ceará. Through photography, he developed abilities to manipulate and capture lights and shadows, perpetuating the most valuable seconds of a single look.

About the photo shoot

Empty city… where the silence has no time, sounds characteristic of the dead of night make this “Fortress” of concrete even more mysterious, to take its mysteries by a different look, that enters its veins and feels the beat amphiguric of a city that, even empty, insists not to fall asleep.

Semmada Arrais

Dentistry, was the profession that embraced until leaving Brazil at the end of 2011. Tunisia then became her home for seven years. The impossibility of working in her profession, her curiosity about a country so unique and the need to rediscover herself at the age of 40, led her to photography, an old passion from her adolescence. The photograph turned it upside down. Today, back in Fortaleza, photography allows her new experiences and ways of seeing and understanding the world.

About the photo shoot

“Go, malandro!” It was killing or dying. He fought bravely under the feverish glances of those who bet and drank, the Sunday fun in that inland city of Bahia. Malandro went, bruised eyes, toe marks under the plucked feathers, jumped, struck the spur in the adversary. Sometimes he leaned on the other in an attempt to catch his breath. I speak of men and their fighting cocks.

Suelena Moreira

From Paraíba, based in Fortaleza, is a documentary photographer. It is through photography that she explores a world of possibilities, and the people she meets on this path are her inexhaustible sources of inspiration.

About the photo shoot

Balbino, a community of fishermen of great courage, they live and preserve an environmental area, respect nature and take from it their livelihood. Dignity, work, solidarity and culture are the values that permeate the life of this community.

Tony Ferreira

Who is from Uruburetama is a copyright photographer. The passion for photography has become a matter of eternal love. With light and shadow, he seeks to expel his demons and, through photography, to meet people mixing with them in the plasticity of the instant captured, which bothers, accommodates and goes far beyond the image.

About the photo shoot

This is a story with no beginning, middle and end, but images that mingle in points of reflection: How many masks do we have? What masks do we wear in every situation of our lives? What is shown is just what we allow to be shown? Mysteries of our perception

Claudia Xavier Photography, in Claudia’s life, is magic. She loves to look, see, feel and grasp the moment forever, and this relationship goes beyond feelings and literally drives away her ghosts.

About the photo shoot

Crack is a disease. A game that start with friendships, drinking, in night clubs, and suddenly, unnoticed, it takes over your life and affects an entire family. Many people think that crack is a refuge, but it is just a one way road.

OLHOdePEIXE