e morfológicos dos principais procedimentos técnicos, ilustrados com obras de 55 artistas. Quase todos os nomes citados são norte-americanos com vínculos com o livro-objeto plástico ou gráfico-plástico. Entre os artistas de origem não anglófona, está a brasileira Lucila Machado Assumpção, com fotos de seu livro O fio, de 1990. É uma obra em sanfona com desenho em linha de costura através das páginas; com o livro fechado é possível ler nos dorsos “une”, “consciência”, “verso” e “subtil”; com ele aberto lê-se “meditando”, recortado em uma letra por página. A apresentação modesta, com acabamento “de máquina”, aliada à necessária interação com o leitor, faz desses “livros sobre livros” um espaço de intercâmbio entre a indústria gráfica e a arte. As páginas em branco, os textos e os espaços autocomentando-se, a necessidade de recortar e dobrar Keith Smith, livros sobre livros, as páginas (especialmente em Text in book publicados a partir de1984, alguns já reeditados. format, também já reeditado), e a possibilidade de experimentar encadernações pessoais (adquirindo os volumes em folhas soltas, especialmente para a série Non-adhesive binding, em três tomos), impedem que as obras se comportem silenciosamente, como “corpos mortos” (qualificação usada certa vez por um professor em uma banca examinadora de pós-graduação, apontando problemas recorrentes nos livros especiais). Parece que existem poucos manuais úteis, direcionados para a elaboração de livros-objetos. A maioria deve ser, de fato, sobre encadernação criativa, uma evolução da encadernação tradicional tornada possível graças às vanguardas dos anos 60 a 80 (considerando-se as precedentes, dos anos pré-guerras) e a uma relativa, às vezes contrariada, aceitação do livro-objeto. Além dos livros de Smith, há menção na “Bibliografia” de Lauf e Phillpot, 1988, do trabalho de Shareen LaPlantz, Cover to cover: creative techniques for making beautiful books, journals and albuns, 1995. Trata-se de um manual do tipo faça-você-mesmo, para grande público, que pretende proporcionar ao leitor livros feitos à mão que são certeza “de se tornar objeto de estima para você ou alguém de sua lista de presentes” (texto promocional da contracapa). Possivelmente ele abra mais portas para mal-entendidos e confirme uma “reartezanalização” pós-moderna do livro-objeto. LaPlantz reconhece ter acontecido “uma explosão nas artes do livro na última década”. No entanto, usa book arts se referindo a “todo 128