salvo em duas exceções. Autobiográfico, ele traz cruzamentos entre o estado mórbido que pode acompanhar a consciência de mortalidade, a depressão causada por um câncer de pele maligno (melanoma) e a etimologia de palavras como “melan”, preto. A linea alba existe, muitas vezes imperceptível, como uma linha pálida na superfície da pele da mulher, descendo do umbigo até a área púbica. Relacionada com níveis de ácido fólico, essa marca escurece pelo aumento da pigmentação durante a gravidez e se torna a linea negra. Essa linha normalmente desaparece após o parto.
Melanina é o pigmento escuro que dá cor aos cabelos e à pele. O elemento compositivo melan, do grego, significa negro, sombrio, escuro. O estado de depressão chamado de melancolia tem esse nome porque se acreditava que sua causa era a presença de bílis negra no corpo. Eu aspirei ser inviolada, invulnerável. Eu poderia vestir roupas imortais como Ulisses, ou talvez um cilício. Um tecido prodígio. Mas mesmo Aquiles, mergulhado no rio Styx, tinha seu ponto fraco [spot].
A presença ameaçadora do preto é percebida diretamente pela capa e fotos, bem como por milhares de pequeníssimos pontinhos que recobrem o papel. Como cada sinal da pele da artista, que guarda em si um prenúncio de finitude. Um outro tipo de comunicação verbo-visual é o que realiza uma dissertação “física” (num sentido ambíguo) apenas pela leitura de registros escritos, onde a imagem Barbara McGill Balfour, m: melancholia & melanomata/ é apenas a imagem da caligrafia. Como em mélancolie et mélanome, 1996. Figures of speech, 1995, de Joseph Grigely. Nesse caso a palavra é lida como parte integrante de uma imagem, as fotos de recados manuscritos. Por isso, dar forma à fala. Com formato um pouco maior que o 203