A página violada: da ternura à injúria na construção do livro de artista

Page 260

Depoimentos Quanto às declarações gravadas. Tentar consertar a transcrição do português falado tende a resultar num texto de sonoridade falsa. Foi do interesse desta pesquisa manter ao máximo a autenticidade da fala dos artistas entrevistados, para que fosse preservada um pouco da sua naturalidade. Mesmo assim, algumas palavras foram redigidas da forma aceita como correta, deixando para o leitor a compreensão de que se fala diferentemente do que se escreve. Isso é evidente em casos como quando se diz “prá”. Grafei “para”, o que não me parece uma intromissão, e penso que os artistas aprovariam. Entretanto, em momentos marcantes, definidores da personalidade do entrevistado, o falar pessoal foi mantido. Como na má concordância característica do falar sul-rio-grandense, por exemplo. Por ser tão usual dizer “tu vai”, “tu foi”, etc., pareceu-me franco manter a grafia dessa forma, ao menos quando ela é enfática. Se corrigidas as expressões, poderia ser transmitida a mesma sensação de artificialismo típica do falar correto (no dia-a-dia do Sul do Brasil isso é facilmente percebido na fala de alguns repórteres e apresentadores de televisão, que, penso, soa forçado e antipático). Caso o leitor prefira, pode, em pensamento, substituir o “tu” pelo “você”. Quando é dito “né” eu escrevo “não é”, se é essa a intenção implícita de fala do entrevistado. Mas se o “né” for enfático ou galhofeiro, ele é mantido. Interrogações entre colchetes [?] indicam que tenho dúvida se a palavra em questão foi corretamente entendida por mim (a maior parte das entrevistas foi colhida através de gravador portátil, às vezes com muito ruído, o que dificulta a audição). Reticências entre colchetes [...] indicam a supressão de um momento de fala informal que não interessa à entrevista. Quanto aos textos redigidos. Dentro do possível foi preservada a forma gráfica original, inclusive no uso de maiúsculas, negritos, itálicos e sublinhados. Não houve qualquer tentativa de revisão desses textos, considerando-se a possível (ou provável) intencionalidade do gesto de redigir.

260


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook

Articles inside

Texto avulso Enzo Miglietta O ato estético da escrita

1hr
pages 287-319

Entrevista: Iolanda Gollo Mazzotti

7min
pages 279-282

Entrevista: Vera Chaves Barcellos

8min
pages 275-278

Entrevista: Anne Moeglin-Delcroix

8min
pages 283-286

Entrevista: Wlademir Dias Pino

20min
pages 267-274

Entrevista Lenir de Miranda

7min
pages 260-263

Entrevista: Neide Dias de Sá

7min
pages 264-266

Depoimentos

1min
page 259

Suplemento: Erguendo os olhos e olhando ao redor

19min
pages 250-258

A leitura agonizante

34min
pages 225-244

Considerações finais

11min
pages 245-249

Polimorfismo, desconstrução e destruição

42min
pages 203-224

Sequestro e aliciamento da aparência e da leitura

19min
pages 193-202

Mimese formal e funcional do corpo e da leitura

34min
pages 165-182

Sequestro e aliciamento da ordem e da função

16min
pages 183-192

Fronteiras com o livro e a literatura

21min
pages 153-164

Ingresso na gravura: objetificação em espetáculo solo

14min
pages 144-152

As artes do livro e a identidade do livro artístico

13min
pages 122-127

Até pode ser que isso não seja um livro de artista. Mas e se for?

30min
pages 128-143

Representação do confessional e do lúdico: memória real versus memória emulada

26min
pages 105-118

O livro como corpo físico

6min
pages 119-121

A exacerbação documental: passionalidade versus contrição

8min
pages 95-99

Presunção de verdade ou verossimilhança

9min
pages 100-104

Registro temporal e presentificação pelo documento

8min
pages 89-92

Memória e documento pela escolha da forma códice

4min
pages 93-94
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.