A página violada: da ternura à injúria na construção do livro de artista

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concepção à realização e, às vezes, à divulgação. Ele tem o domínio total sobre tudo (mesmo que não o fabrique com suas mãos), justamente porque o livro é uma obra no sentido pleno do termo, ou seja, é concebido de tal maneira que todos os aspectos do livro participam da significação. O livro não é aí um simples continente ou suporte para uma mensagem que seria independente dele, como é o caso dos livros de literatura ou dos livros em geral. 6. Como você descreveria o papel artístico do livro-objeto radical (ou objeto-livro) hoje, na França e na Europa? Não posso responder a essa pergunta, pois não sou justamente especialista do livro-objeto e não me interesso muito por isso. Talvez porque, na França, em todo caso, não haja nada muito importante nesta área e porque os livros-objetos não são senão objetos divertidos, decorativos, repetitivos (quantos livros queimados, amarrados, cortados, dobrados, em mármore, etc.!), mas raramente são grandes obras plásticas. É claro que há alguns êxitos excepcionais, como os livros em chumbo de Kiefer, na Alemanha. Não creio, porém, que o livro-objeto tenha alguma importância artística atualmente como fenômeno de conjunto (não me refiro à importância que pode ter na obra de um artista em particular).

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Texto avulso Enzo Miglietta O ato estético da escrita

1hr
pages 287-319

Entrevista: Iolanda Gollo Mazzotti

7min
pages 279-282

Entrevista: Vera Chaves Barcellos

8min
pages 275-278

Entrevista: Anne Moeglin-Delcroix

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Entrevista: Wlademir Dias Pino

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Entrevista Lenir de Miranda

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Entrevista: Neide Dias de Sá

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pages 264-266

Depoimentos

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page 259

Suplemento: Erguendo os olhos e olhando ao redor

19min
pages 250-258

A leitura agonizante

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pages 225-244

Considerações finais

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pages 245-249

Polimorfismo, desconstrução e destruição

42min
pages 203-224

Sequestro e aliciamento da aparência e da leitura

19min
pages 193-202

Mimese formal e funcional do corpo e da leitura

34min
pages 165-182

Sequestro e aliciamento da ordem e da função

16min
pages 183-192

Fronteiras com o livro e a literatura

21min
pages 153-164

Ingresso na gravura: objetificação em espetáculo solo

14min
pages 144-152

As artes do livro e a identidade do livro artístico

13min
pages 122-127

Até pode ser que isso não seja um livro de artista. Mas e se for?

30min
pages 128-143

Representação do confessional e do lúdico: memória real versus memória emulada

26min
pages 105-118

O livro como corpo físico

6min
pages 119-121

A exacerbação documental: passionalidade versus contrição

8min
pages 95-99

Presunção de verdade ou verossimilhança

9min
pages 100-104

Registro temporal e presentificação pelo documento

8min
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Memória e documento pela escolha da forma códice

4min
pages 93-94
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