Agrupamento de Escolas de Oliveira de Frades
Árvores são poemas - Poemas selecionados e ilustrados pelos alunos do 8º A
edição Agrupamento de Escolas de Oliveira de Frades Escola Básica e Secundária de Oliveira de Frades - Biblioteca Escolar Rua Nossa Senhora dos Milagres 3680-077 Oliveira de Frades
composição João Aparício e Manuela Pereirinha
Março, 2022
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Índice AS ÁRVORES E OS LIVROS — Jorge Sousa Braga
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POEMA DAS ÁRVORES — António Gedeão
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COMO UM VENTO NA FLORESTA — Fernando Pessoa
7
ÁRVORE VERDE — Fernando Pessoa
8
VENTOS QUE DISCORREM — Bruno Sousa
9
PLANTAR UMA FLORESTA — Luísa Ducla Soares
10
SEGUE O TEU DESTINO — Fernando Pessoa
11
SÊ — Douglas Mallock
12
CERTEZA — Miguel Torga
13
A UM CARVALHO — Miguel Torga
14
O QUE EU QUERO — João Mêda
15
SE EU FOSSE UMA ÁRVORE — Guilherme Pinhão
16
SE EU FOSSE UMA ÁRVORE - Dinis
17
SE EU FOSSE UMA ÁRVORE — Marta Malafaia
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AS ÁRVORES — Ana Pereira
19
A ÁRVORE — Isa Mota
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ÁRVORES SÃO POEMAS — Khalil Gibran
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DIA DA ÁRVORE — [Externato Mãe de Deus]
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DEVEMOS AMAR AS ÁRVORES — Marcial Salaverry
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AS ÁRVORES E OS LIVROS — Jorge Sousa Braga Ilustrado por Maria João
As árvores como os livros têm folhas e margens lisas ou recortadas, e capas (isto é, copas) e capítulos de flores e letras de oiro nas lombadas.
E são histórias de reis, histórias de fadas, as mais fantásticas aventuras, que se podem ler nas suas páginas, no pecíolo, no limbo, nas nervuras.
As florestas são imensas bibliotecas, e até há florestas especializadas, com faias, bétulas e um letreiro a dizer: «Floresta das zonas temperadas».
É evidente que não podes plantar no teu quarto, plátanos ou azinheiras. Para começar a construir uma biblioteca, basta um vaso de sardinheiras.
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POEMA DAS ÁRVORES — António Gedeão Ilustrado por Marcos Lopes
As árvores crescem sós. E a sós florescem. Começam por ser nada. Pouco a pouco se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo. Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos, e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se. Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores, e então crescem as flores, e as flores produzem frutos, e os frutos dão sementes, e as sementes preparam novas árvores. E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas. Sem verem, sem ouvirem, sem falarem. Sós. De dia e de noite. Sempre sós.
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COMO UM VENTO NA FLORESTA — Fernando Pessoa Ilustrado por Tomás Pinhão
Como um vento na floresta. Minha emoção não tem fim. Nada sou, nada me resta. Não sei quem sou para mim.
E como entre os arvoredos Há grandes sons de folhagem, Também agito segredos No fundo da minha imagem.
E o grande ruído do vento Que as folhas cobrem de som Despe-me do pensamento: Sou ninguém, temo ser bom.
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ÁRVORE VERDE — Fernando Pessoa Ilustrado por Ruben
Árvore verde, Meu pensamento Em ti se perde. Ver é dormir Neste momento. Que bom não ser 'Stando acordado ! Também em mim enverdecer Em folhas dado! Tremulamente Sentir no corpo Brisa na alma! Não ser quem sente, Mas tem a calma. Eu tinha um sonho Que me encantava. Se a manhã vinha, Como eu a odiava! Volvia a noite, E o sonho a mim. Era o meu lar, Minha alma afim. Depois perdi-o. Lembro? Quem dera! Se eu nunca soube.
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VENTOS QUE DISCORREM — Bruno Sousa Ilustrado por João Carvalho
Ventos que discorrem Nesta floresta homizia Onde irrompem gotas Frias, fugazes, mortais Dilapidadas pela dor Excruciadas pelo amor Deste plissado coração Pelas entranhas adentro Onde reside o pensamento No oblívio da razão Desmembrada pelo passado Assassinada por dentro Na serendipidade da vida…
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PLANTAR UMA FLORESTA — Luísa Ducla Soares Ilustrado por Madalena
Quem planta uma floresta Planta uma festa. Planta a música e os ninhos, Faz saltar os coelhinhos. Planta o verde vertical, Verte o verde, Vário verde vegetal. Planta o perfume Das seivas e flores, Solta borboletas de todas as cores. Planta abelhas, planta pinhões E os piqueniques das excursões. Planta a cama mais a mesa. Planta o calor da lareira acesa. Planta a folha de papel, A girafa do carrocel. Planta barcos para navegar, E a floresta flutua no mar. Planta carroças para rodar, Muito a floresta vai transportar. Planta bancos de avenida, Descansa a floresta de tanta corrida. Planta um pião Na mão de uma criança: A floresta ri, rodopia e avança.
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SEGUE O TEU DESTINO — Fernando Pessoa Ilustrado por Gil
Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias. A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sempre Iguais a nós-próprios. Suave é viver só. Grande e nobre é sempre Viver simplesmente. Deixa a dor nas aras Como ex-voto aos deuses
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SÊ — Douglas Mallock Ilustrado por Francisco
Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina, Sê um arbusto no vale mas sê O melhor arbusto à margem do regato. Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore. Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva E dá alegria a algum caminho. Se não puderes ser uma estrada, Sê apenas uma senda, Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela. Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso... Mas sê o melhor no que quer que sejas.
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CERTEZA — Miguel Torga Ilustrado por Afonso Gândara
Sereno, o parque espera. Mostra os braços cortados, E sonha a primavera Com seus olhos gelados. É um mundo que há-de vir Naquela fé dormente; Um sonho que há-de abrir Em ninhos e semente. Basta que um novo sol Desça do velho céu, E diga ao rouxinol Que a vida não morreu.
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A UM CARVALHO — Miguel Torga Ilustrado por André Duarte
Eis o pai da montanha, o bíblico Moisés Vegetal! Falou com Deus também... E debaixo dos pés, inominada, tem A lei da vida em pedra natural! Forte como um destino, Calmo como um pastor, E sempre pontual e matutino A receber o frio e o calor! Barbas, rugas e veias De gigante. Mas, sobretudo, braços! Longos e negros desmedidos traços, Gestos solenes duma fé constante... Folhas verdes à volta do desejo Que amadurece. E nos olhos a prece Da eternidade. Eis o pai da montanha, o fálico pagão Que se veste de neve e guarda a mocidade No coração!
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O QUE EU QUERO — João Mêda Ilustrado por Diogo Oliveira
Quero correr pela floresta Esconder-me nos troncos largos Brincar nos ribeiros frescos. Oh como adoro florestas Onde tudo é natural e intocado! Mas se eu vou à floresta e lhe toco, Perde a beleza e fica cinzenta como eu.
Oh noite tudo em ti é belo! O silêncio, a paz, o vazio. A escuridão negra e as estrelas, Os sons dos animais selvagens.
Oh noite como és pura! Como és intocada pelos humanos. Abraça-me. Ama-me Deixa-me admirar-te.
Quero rebolar na pradaria Na erva fresca e alta. Quero andar no meio dos bichos, Fazer como eles fazem e ser feliz Mas não posso porque penso e sou diferente. Sou humano, sou Homem. Tudo o que toco perde a natureza, A graça, a pureza e tudo o que me faz feliz. Oh eterno pesadelo! Ter o que mais se ama à frente Mas não lhe poder tocar. Talvez essa seja a essência do amor. Oh frescura da noite! Envolve-me nos teus braços frios, Guarda-me no meio das tuas vestes negras Abraça-me com saudade. Oh escuridão da noite! Mostra-me as estrelas brancas no céu, Deixa que me guiem o caminho E que me deixem viajar…
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SE EU FOSSE UMA ÁRVORE — Guilherme Pinhão Ilustrado por Guilherme Pinhão
Se eu fosse uma árvore seria um salgueiro-chorão, os meus ramos tentariam tocar o chão e abraçar as crianças ávidas de sombra. Ou um carvalho carismático e robusto cujas folhas verdes e multicolores rejuvenesceriam os montes outrora despidos. A minha beleza inspiraria sorrisos de alegria.
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SE EU FOSSE UMA ÁRVORE - Dinis Ilustrado por Dinis
Se eu fosse uma árvore seria um ipê roxo Seria alta e com utilidade medicinal Teria raízes fortes, Pois assim não daria passos em vão. Teria bonitas flores rosas e roxas Que ornamentariam palácios, Espelhando alegria e cor E adoçando fantasia e sonhos.
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SE EU FOSSE UMA ÁRVORE — Marta Malafaia Ilustrado por Marta Malafaia
Se eu fosse uma árvore Seria um elegante cipreste Seria sensível aos climas frios Mas suportaria os climas secos. Se eu fosse um cipreste Viveria um pouco por todo o país Ornamentaria os espaços urbanísticos. Se eu fosse um cipreste Com a minha forma esguia Tocaria no céu e beijaria as estrelas.
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AS ÁRVORES — Ana Pereira Ilustrado por Ana Pereira
Árvore querida, Purificas o ar Dás-me fruta e madeira Uma riqueza sem par! Por isso, árvore querida, As árvores vamos proteger E da natureza cuidar!
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A ÁRVORE — Isa Mota Ilustrado por Martim Silva
Como podes sobreviver à chuva, ao frio e ao vento, continuar sempre erguida sem um único lamento? A tua figura imponente revela a tua eternidade. Quem olha para ti não vê onde se esconde a fragilidade. Os teus ramos são abrigos, são braços de embalar, para todos os que te querem os que te vão procurar. Dás flores, frutos e cores. És uma alegria ao olhar e como se não bastasse ainda tens sombra para dar. Mas como nada é eterno, tu começas a envelhecer. Secam-te os frutos e os ramos tudo começas a perder. Antes que não sirvas para nada, teu dono te vem abater, mas nunca perdes a pose e finges não estar a sofrer. Só restaram as raízes para contar a tua história. Todos depressa te esquecem as árvores não ficam na memória.
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ÁRVORES SÃO POEMAS — Khalil Gibran Ilustrado por Inês Rodrigues
Árvores são poemas que a terra escreve para o céu. Nós as derrubamos e as transformamos em papel para registar todo o nosso vazio.
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DIA DA ÁRVORE — [Externato Mãe de Deus] Ilustrado por Délia Bulat
De mãos dadas Iremos celebrar A vida de uma árvore que se acaba de plantar. Dia e noite A veremos crescer. Árvore florida, Rapidamente, frutos dará. Virão depois os passaritos Os seus ramos ocupar, Rindo às gargalhadas E o dia da árvore festejar!
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DEVEMOS AMAR AS ÁRVORES — Marcial Salaverry Ilustrado por Filipe Jin
(...) Para defender a Natureza, Temos que saber amá-la e bem preservá-la… Ajudando a preservar as florestas, estaremos preservando nossa vida futura. (...)
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