NºO
Tu és aquilo que fotografas!
Filefoco
Magazine
UK £2,5 S USD $5 EUR €5
James Reynolds Aaron Farley, Carl Kleiner. Joanna Kustra. Andrew
Myers. Alison Brandy. Marin Amm, Ines van Lamsweerde e Vinoodh Matadin, Jill Greenberg, Miss Aneila, Abby Ross, Alex Mustar
EK 47,5 JPY §2,31o AUD $ 7,45
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“A Fotografia é uma lição de amor e de ódio ao mesmo tempo. É uma metralhadora, mas também é o divã. Uma interrogação e uma firmação, um sim e um não ao mesmo tempo. Mas é sobretudo um beijo muito cálido.” Henri Cartier-Bresson
Sumário Editorial
Fotografia As grandes camaras fotograficas do séc. XX Ermanox, Leica, Nikon Lomography Quantae Expo/ World Press Photo
Fotografos Aaron Farley Carl Kleiner Joanna Kustra Andrew Myers Alison Brandy Marin Amm Ines van Lamsweerde e Vinoodh Matadin Jill Greenberg Miss Aneila James Reynolds Abby Ross Alex Mustard Citação
Direcção: Beatriz Dionísio Concepção Gráfica: Beatriz Dionísio Direcção de Imagem e Fotografia: Beatriz Dionísio Redação de Textos: Vários Coordenação Geral: Célia Figueiredo Coordenação de Edição: Célia Figueiredo
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Editorial SEM REGRAS. Sem excepções.
Sem mas. Sem vírgulas. Sem objeções.
Sem argumentos . Sem mais. Aqui enaltecemos, na sua abrangência interpretativa, com este acervo de portefolios e não só, que são um retrato do mundo.
Não do mundo que idealizámos, mas dessoutro que gerámos na sentença de nele viver: um mundo globalizado que se reduzio à vizinhança, antes de se ampliar em irmandade.
Talvez por isso, um mundo que está feito para ser refeito, em que há menos para descobrir do que para inventar. E a invenção, filha da imaginação, é um estranho labirinto onde se torna mais fácil descobrir a saída do que encontrar a entrada. Que esta FileFocoMagazine, possa ser a timida fresta nos permita essa entrada evolutiva. E que, de fresta, ela se rasgue em pórtico de luz, na volúpia da imaginação. Pois, afinal, tudo o que é, é mais que a sua essência: é, também, o que dela concebemos na sua representação plendida. Tal como uma bandeira é um pano, mas representa a Pátria; tal como uma cruz é uma madeira massiça, mas representa a Fé!
Liberdade é pouco. O que “eu” desejo ainda não tem nome. ... fica sempre a certeza de que se dormiu e se sonhou.
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Fotografia
“Há prazeres como fotografias. O que se toma em presença do ser amado não é mais do que um cliché negativo; revela-se mais tarde, quando estivermos em casa, quando encontrarmos de novo à nossa disposição esta câmara escura interior, cuja entrada está condenada a ver tanto do mundo.” Marcel Proust
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As grandes câmaras fotograficas do século XX O primeiro de uma série de três artigos sobre as câmeras que marcaram a evolução da fotografia ao longo do século XX. Conheça a Ermanox (ou Ernox), a primeira câmera verdadeiramente moderna. Se tivesse de eleger as três câmaras fotográficas mais importantes do século XX não hesitaria em seleccionar a Ermanox, a Leica e a Nikon, por ordem cronológica. Hoje falarei da Ermanox (ou Ernox). Escolhi-a porque foi a primeira câmara fotográfica verdadeiramente moderna, que abriu o caminho ao aparecimento de todas as outras. Em 1924 foi posta à venda ao público sob o nome de ErNox e as suas características inovadoras eram tantas que se impôs rapidamente como um novo paradigma, deixando para trás toda a concorrência. Um novo conceito de câmara fotográfica - aquele que conhecemos hoje - tinha nascido. O seu inventor e fabricante, Heinrich Ernemann, não era novo no ramo. Em 1907 tinha inventado e produzido a primeira câmara SLR, sigla que designa que a mirada é feita através da objectiva graças a um sistema de espelhos. Estava, portanto, na vanguarda da tecnologia. Quase todas as câmaras da época eram feitas de madeira e as suas objectivas eram pouco luminosas. Estes dois factores tornavam-nas volumosas e pesadas, necessitando de um conjunto de acessórios extenso, entre os quais um tripé figurava como obrigatório.
À excepção das Kodak, que usavam um filme fotográfico em rolo que dava para muitas fotos, quase todas as câmeras usavam chapas únicas. A Ermanox não era excepção. Mas a sua caixa era feita de metal revestido a pele e tinha o tamanho exacto para uma chapa comum de 6 x 4,5 cm (no ano seguinte surgiu uma versão para chapas de 6 x 9 cm). Era pequeníssima e leve e por isso extremamente portátil. Além disso possuía uma objectiva revolucionária e muito luminosa de f 1.8, a Ernostar, maior que o corpo da máquina, e o famoso sistema SLR.
Estas características tornaram-ma portátil e funcional, adequada a reportagens jornalísticas (o termo fotojornalismo era ainda inexistente). Graças à situação financeira da Alemanha, foi exportada a preços muito baixos para diversos países, facto que salvou a empresa da falência nos anos difíceis do pós-guerra. Tornou-se famosa nas mãos de fotógrafos como Erich Solomon, que fez dela a sua ferramenta exclusiva de trabalho, e Alfred Eisenstaedt. A sua popularidade só começou a diminuir quando surgiram no mercado as câmaras de 35 mm, nomeadamente uma certa Leica.
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O modelo original de 1914
As grandes câmaras fotograficas do século XX Este é o segundo de três artigos sobre as câmeras fotográficas que marcaram a evolução da fotografia ao longo do século XX. No artigo de hoje conheça a mítica Leica, o aparelho de eleição de Henri Cartier-Bresson. Leica. Este nome faz qualquer amante de fotografia curvar-se respeitosamente. Todavia, as origens deste puro-sangue das câmaras fotográficas remontam, curiosamente, ao cinema. Em 1913 Oscar Barnack, um funcionário da empresa de óptica Leitz, construiu uma câmara para testar película cinematográfica. O aparelho era em tudo idêntico a uma câmara de cinema com uma bobina no seu interior que alojava cerca de 2 metros de filme de 35 mm. No entanto, tinha a possibilidade de captar um fotograma de cada vez, sendo necessário rodar uma alavanca para passar ao seguinte. Durante esta operação um obturador tapava a abertura da lente impedindo a luz de impressionar o filme. A câmara era pequena e portátil mas a qualidade das fotografias que fazia era espantosa. Em 1923 produziram-se cerca de 31 exemplares deste novo modelo, distribuídos a fotógrafos profissionais para que o testassem. Paradoxalmente, as críticas foram desfavoráveis, pois achavam o formato muito pequeno. Mesmo assim a produção foi avante e na Feira de Leipzig de 1925 foi apresentada ao público a primeira Leica, abreviatura de Leitz Camera, um nome que haveria de perdurar e brilhar no mundo da fotografia. Nesse ano venderam-se 1000 exemplares e, em 1929, 15000. O sucesso consolidou-se. A cada ano que passava a Leica apresentava melhoramentos técnicos e novos acessórios. Em 1932 lançou um
Modelo de 1923
Modelo de 1932
modelo com um mecanismo de focagem integral e uma gama de velocidades de obturação que ia até 1/1000 de segundo, equipado com um conjunto de objectivas e compartimentos de filme intermutáveis. Sólida, pequena e fácil de usar, a Leica introduziu o padrão das modernas câmaras fotográficas. Tudo o que apresentava de inovador haveria de se tornar regra e ser copiado por todos os fabricantes de equipamento fotográfico, a começar pelo uso do filme de 24x36 mm. Em 1932 lançou um modelo com um mecanismo de focagem integral e uma gama de velocidades de obturação que ia até 1/1000 de segundo, equipado com um conjunto de objectivas e compartimentos de filme intermutáveis. Sólida, pequena e fácil de usar, a Leica introduziu o padrão das modernas câmaras fotográficas. Tudo o que apresentava de inovador haveria de se tornar regra e ser copiado por todos os fabricantes de equipamento fotográfico, a começar pelo uso do filme de 24x36 mm. Em 1932 lançou um modelo com um mecanismo de focagem integral e uma gama de velocidades.
Modelo de 1925
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No terceiro e último de uma série de três artigos sobre as grandes câmeras fotográficas do século XX falaremos da Nikon F. Saiba um pouco mais sobre a história deste aparelho e sobre as características que fizeram com que ao longo de quase 50 anos mantivesse uma relação de sucesso com o fotojornalismo. Durante anos as Leica dominaram o mercado das câmaras fotográficas profissionais de filmes de 35 mm com os seus modelos de visor. Até então as câmaras SLR (acrónimo para Single Lens Reflex, que significa que a mirada é feita através da objectiva) não eram muito populares devido certas limitações técnicas, como a lentidão do reposicionamento manual do espelho após cada disparo. Esta característica, entre outras, fez com que as SLR fossem desprezadas pelos fotojornalistas e por outros profissionais da fotografia para quem o momento do disparo era determinante. Mas este panorama iria mudar a partir de 1959 com o lançamento da fabulosa Nikon F.
Nikon F
Desde o fim da 1ª Guerra Mundial que os japoneses se encontravam no mercado dos fabricantes de material fotográfico com marcas como a Olympus e a Asahi Pentax (1919), a Minolta (1928) ou a Canon (1933). Porém, a empresa pioneira tinha sido a Nippon Kogaku, fundada em 1917 e que veio a ficar conhecida pela sigla “Nikon”. A experiência aliou-se à excelência da tecnologia nipónica para criar um modelo SLR capaz de ultrapassar as tradicionais limitações deste sistema e fazer frente às clássicas câmaras de visor. É preciso lembrar que, apesar da sua qualidade e fiabilidade, as câmaras de visor tinham dois grandes inconvenientes: a dificuldade em usar lentes intermutáveis e o facto da mirada não corresponder exactamente ao que é captado pela objectiva
Nikon F4
Quando a Nikon F surgiu no mercado não era apenas mais uma SLR. Possuía um mecanismo automático de retracção do espelho articulado com o movimento do obturador que eliminava a principal limitação deste sistema e que acabou por ser adoptado por todos os fabricantes de câmaras fotográficas.Mas as inovações não se ficavam por aqui. Os mecanismos de avanço do filme, de rebobinagem, de regulação da velocidade do disparo tinham sido muito aperfeiçoados e havia a possibilidade de se mudarem uma série de componentes do aparelho, como a cabeça com o prisma, o fundo, adaptando um motor para avanço do filme, e, obviamente, a objectiva. A enorme funcionalidade e versatilidade deste aparelho, acompanhada de uma qualidade mecânica e óptica irrepreensível, fez com que se impusesse no mercado da fotografia profissional de filmes de 35 mm. Durante a guerra do Vietname muitos fotojornalistas fizeram dela o seu instrumento de trabalho e com ela deram ao mundo algumas das melhores imagens deste terrível confronto. Larry Burrows foi um dos muitos a empunhar uma destas “câmaras indestrutíveis”.
Nikon F1
Nikon F3
Com a Nikon F a indústria japonesa mostrou a sua maturidade e passou para a frente numa área tradicionalmente dominada pelos fabricantes alemães, lugar que não deixou de ocupar desde então. Desde a data do seu lançamento até aos dias de hoje o modelo passou por várias evoluções e aperfeiçoamentos que culminaram na F5, o estádio final supremo de um conceito. Para trás ficou um caso de sucesso. Depois entrou em cena a tecnologia digital, mas isso já é outra história...
As grandes câmaras fotograficas do século XX 12
Nikon F
Nikon F5
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Considerada um estilo de vida, a Lomografia e as suas máquinas Lomo com lentes de plástico constituem uma comunidade internacional de seguidores, tendo originado a Sociedade Lomográfica Internacional. Os seguidores da Lomografia, os lomógrafos, convivem com um conjunto de 10 regras básicas, uma das quais dita que «não te preocupes com quaisquer regras».
«NÃO TE PREOCUPES COM QUAISQUER REGRAS»
Em 1991, dois jovens vienenses de férias em Praga, na República Checa, descobrem a máquina Lomo passando as férias a fotografar sem parar ou pensar. Já de regresso ao seu país ficam fascinados com a luz, cor e qualidade das fotografias tiradas com a máquina Lomo. Este fascínio acabou por se alastrar aos jovens de Viena tornando-se numa moda.
em massa máquinas fotográficas pequenas, robustas e fáceis de manipular. Estas seriam comercializadas a baixo custo, podendo ser adquiridas por todas as famílias da ex-URSS que registariam o seu estilo de vida, tornando-se instrumentos de propaganda. Foi então poduzida a Lomo Kompakt Automat e comercializada tanto na União Soviética, como também na Alemanha de Leste, Vietname e Cuba.
Foi em plena Guerra Fria que surgiu a Lomo Kompakt com o objectivo de se tornar num meio para documentar o estilo de vida soviético. Decorria o ano de 1982 e o general Igor Petrowitsch Kornitzky, amante de fotografia e admirador de uma pequena máquina japonesa, a Cosina CX-1, ordenou que a empresa Lomo produzisse
Em 1995, nasceu a Sociedade Lomográfica em Viena, constituindo a primeira Lomo Embaixada tendo como propósito impedir o desaparecimento destas máquinas russas, já que a fábrica de S. Petersburgo tinha acabado com a produção.
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Actualmente, a Lomografia engloba a venda de produtos com novidades frequentes, assim como a realização de diversas actividades culturais, dinamizadas pelas Embaixadas Lomográficas existentes um pouco por todo o mundo. O seu principal projecto comum é a constituição do LomoWorldArchive que será um registo visual realizado por fotografias de lomógrafos de todo o mundo, lomógrafos esses que nos últimos anos constituem uma comunidade de cerca de 500 mil membros. As máquinas Lomo tornaram-se objectos de culto e a Lomografia constituiu-se como um modo de vida, tendo subjacente um conjunto de 10 regras básicas adoptadas pelos lomógrafos, originando um movimento cultural cujos princípios são partilhados por todos: 1. Leva a tua Lomo onde quer que vás; 2. Fotografa a qualquer hora do dia ou da noite; 3. A Lomografia não interfere na tua vida, é parte dela; 4. Aproxima-te o mais possível do objecto a ser fotografado; 5. Não olhes pelo visor; 6. Não penses; 7. Sê rápido; 8. Não precisas saber com antecedência o que fotografaste; 9. Nem depois; 10. Não te preocupes com quaisquer regras. A Lomo é uma câmera automática, de alta sensibilidade, capaz de capturar cor e movimento sem necessidade de flash e sem deformação. Existem vários modelos de Lomo, dependendo do efeito que produzem nas fotografias, sendo os mais conhecidos a LC-A, Diane, Holga, Fish-Eye, assim como vários acessórios complementares a cada uma delas. É apenas uma questão de escolher qual a Lomo do dia, sair a «disparar» e divertir-se com o resultado final que poderá ser surpreendente!
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Quantae A memória está sempre na captura. Todos os momentos, pessoas objetos, medos de barata e aperto no coração que surgem sem aviso estão guardados e postos juntos, sobrepostos, e não sabemos quem estabeleceu a ordem. Os sonhos digerem a desmemória. Tudo que somos está guardado nelas, onde quase nunca podemos ver. Essa é a matéria das fotografias em Quantae.
Quantum é um conceito utilizado pela física quântica e pela mecânica quântica para designar a menor, a indivisível parte de um fenômeno quantitativo que, mesmo sendo pequeno, mantêm todas as características daquele mesmo fenômeno.
na superfície enquanto todo o resto, nossa memória esquecida, forma uma coisa submersa que é gigantesca, e que está submersa, perigosamente fascinante. Ainda assim, a ponta está lá aparente e guarda as informações sobre o invisível.
Para muitas correntes da psicanálise, todo sintoma causa um trauma que encerra os elementos do trauma principal que desencadeou a neurose. Isso quer dizer, mais ou menos, que investigando a agonia de uma pessoa que não consegue atravessar a rua no momento em que ela precisa realizar essa tarefa, é possível investigar o que causou tal limitação. A mente é como um iceberg, acreditava Freud. O consciente fica ali aparecendo
Nisso tudo estão os sonhos. Confusos, pequenos acasos, digestões do cotidiano que às vezes são tão estranhos, as situações podem ser tão absurdas e não fazemos ideia de porque aqueles objetos estão ali juntos. Os sonhos são uma digestão das nossas memórias, das informações que engolimos dia após dia e que formam imagens, sons e sensações necessárias para a manutenção do nosso cérebro, mas são também o campo de manifestação da parte de nós que
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está no fundo do oceano do que queremos esquecer, do que nos perturba. A comunidade Quantae no Flickr, foi criada pela italiana Daniela, procura reunir imaginários e fragmentos do inconsciente, fotografias feitas de propósito ou ao acaso que trazem à tona a junção inconstante e às vezes incompreensível de objetos e impressões. Hoje a galeria conta com mais de 9,500 imagens; capturas altamente criativas que nos levam a alguma concretização das nossas loucuras sonhadas, além de nos deixar ver um pouco dos resgates obsessivos dos próprios fotógrafos.
Toda seleção de lembrança é um quantae do esquecimento.
EXPO/
WORLD PRESS PHOTO 2011/ A World Press Photo transforma o talento individual em recompensa coletiva, pois dá voz a uns pelos olhares dos outros – fotógrafos que buscam os melhores ângulos de todas as cenas, sejam elas trágicas ou românticas, sejam elas as duas coisas juntas (como um ligeiro ato de Shakespeare), tenham elas arranha-céus, sorrisos e sangue a salpicar a paisagem. São fotografias que transformam a arte em informação. E vice-versa. Por vezes a cena parece irreal, com elementos que jamais poderiam estar dispostos em um mesmo espaço. São violinos e armas, crianças e bombas, drogas e flores, na mesma hora, na mesma rua, na mesma história. As lágrimas queimam o rosto ferido, o peito cheio de desesperança dos heróis entre os déspotas, dos vivos entre os mortos. Há casas destruídas, corações partidos, natureza impiedosa, homens transgredidos. Há casas destruídas, corações partidos, natureza impiedosa, homens transgredidos. Há casas destruídas, corações partidos, natureza impiedosa, homens transgredidos.
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A World Press Photo “tem uma dupla missão
A World Press Photo tem uma dupla missão: além de incentivar o fotojornalismo, promove a liberdade de informação entre as mais variadas culturas. De repente, é o mundo que se comunica, que troca, que vê e que sente. De repente, é o mundo todo em flashes
Mas por vezes a cena é mais amena, piedosa, com sorrisos largos em um contraste quase poético entre o cinza e as cores que contornam as expressões. De repente se vê um flash iluminando o momento que se torna eterno em capas de revistas, jornais e também sites de notícias. Uma simples fotografia pode mudar o rumo das coisas ou fazer o mundo mudar de idéia. Uma simples fotografia pode mudar o rumo das coisas ou fazer o mundo mudar de idéia. Uma simples fotografia pode mudar o rumo das coisas ou fazer o mundo mudar de idéia. Uma simples fotografia pode ser a mais pura e completa informação, pode falar por todo um povo, por um ideal. Chama à luta, chama à vida, chora a morte, conta a dor. Porque revela todas as realidades e, também, particularidades. Revela as belezas e as mais terríveis fealdades. A organização, independente e sem fins lucrativos, foi fundada em 1955 em Amsterdã, Holanda, e realiza atividades como programas educacionais – dando grande visibilidade à fotografia profissional de imprensa – seminários, oficinas e outros projetos de intercâmbio em todo o mundo.
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E é por meio da fotografia que a World Press Photo faz o mundo inteiro reagir. Por aqui passam o caos, ou a lógica, através de um prestigiado evento de fotojornalismo, no qual participam fotógrafos de todos os cantos do planeta. A iniciativa premeia as melhores fotografias do ano, em várias categorias, e seus autores vêem seus cliques rodar o mundo em uma exposição itinerante, visitada por milhões de pessoas em mais de 40 países. As fotografias contempladas são, também, reunidas em um livro anual, publicado em seis idiomas.
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Fotografos "É preciso fotografar sempre com o maior respeito pelo tema e por si próprio." HenriCartier-Bresson
“A câmara não tem senão um olho: a lente. Só pode registar um fragmento do mundo visual. O fotografo leva com ele o segundo olho. Este é o olho da selecção. O artista tem ainda um terceiro olho: o olho da imaginação criativa. Este terceiro olho é o que pode penetrar no nosso mundo interno.
O artista tem ainda um terceiro olho: o olho da imaginação criativa. Este terceiro olho é o que pode penetrar no nosso mundo interno”.
David H. Curl, Photocommunication , 1979
Aaron Farley Fotografia Aaron Farley é um fotógrafo contemporâneo, com um olhar atento e criativo. Brinca com as cores, contrastes e movimento de forma a desenvolver um trabalho admirável nesta arte que tanto seduz. A fotografia é de facto um mundo fascinante, onde cada pessoa desenvolve o seu olhar e perspectiva própria sobre o que a rodeia. Aaron Farley é um apaixonado pela fotografia. Faz desta arte o seu trabalho e modo de vida desde os seus 20 anos. É hoje um conceituado fotógrafo Americano, com um Portfolio recheado de olhares e com um leque de clientes fixos para os quais desenvolve trabalhos unidos pelo factor de nome criatividade. Agarra as cores, sabe como as destacar, evidencia as sombras, capta o movimento e desenvolve acima de tudo um trabalho bastante diversificado. Aaron tem de facto a capacidade de elaborar trabalhos admiráveis quer em cenários urbanos, quer em ambientes mais selvagens e naturais. Desenvolve e mostra ao mundo as suas fotografias, consideradas de autor, mostrando a sua perspectiva única e criativa sobre determinado objecto, pessoa ou situação, chegando mesmo a fotografar algumas celebridades. Aaron Farley estudou fotografia, chegando a adquirir o bacharelato na Universidade de Washington. Em 2000 muda-se para Los Angeles, onde vive actualmente com a sua mulher e filha, sendo também aqui que desenvolve trabalhos para clientes de nome, como por exemplo, a marca Adidas, a agência Ogilvy & Mather, Getty Images, Guitar Center, entre outros. Assumindo sempre vários registos fotográficos, torna-se um fotógrafo dinâmico e conceituado no trabalho que desenvolve para esta arte. Julgo que o poder dos seus registos se torna forte, porque neles existe uma marca pessoal, uma perspectiva de autor, o que faz com que quem admire e veja o trabalho de Aaron, o saiba identificar como sendo do próprio e reconheça futuros trabalhos do mesmo.
Um olhar atento unido á dedicação e ao saber criar.
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Carl Kleiner Fotografia
A fotografia é o que fizermos dela; para realismo, basta-nos prosseguir com as nossas vidas. E é por isso que trabalhos como os de Carl Kleiner merecem a nossa atenção: trata-se de objectos feitos sujeitos feitos objectos, como actores à frente de um cenário, nas suas marcações de palco. A objectiva de um fotógrafo profissional nunca cessa de se ajustar às infinitas realidades capturadas pelo olho artístico. No caso do sueco Carl Kleiner isso é, mais do que uma evidência, a sua ética de trabalho. Já trabalhou com clientes como a MTV ou a Amnistia Internacional, mas o seu portefólio prova que a sua visão artística a nada nem a ninguém se compromete, se não ao próprio mundo e ao que também se pode construir com ele. A sua inspiração provém do lado emocional dos sujeitos perante a sua câmara.
“Há uma grande variedade de géneros em fotografia e eu interesso-me pela maioria. Se não criarmos para um nicho, nunca vamos aborrecernos com o que fazemos” Carl Kleiner
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Paradoxalmente, estes sujeitos são, muitas vezes, objectos no sentido literal da palavra. Veja-se a série fotográfica “Stadium”, que reorganiza toda a nossa noção do atleta e do seu esforço como figura central e heróica do desporto actletico. Apresentando um estilo de composição extraordinariamente preciso, Carl Kleiner coloca-nos, literalmente, nos sapatos - e aqui a expressão inglesa “put yourself in (someone’s) shoes” fazia-nos tanta falta -, desses praticantes da maratona, do salto em comprimento; do vencedor, do perdedor. E porque quase todos os objectos que conhecemos são criação do Homem, facilmente nos relacionamos e comunicamos com eles. Não raramente, sofremos por intermédio deles - e aqui voltamos à eterna dicotomia Homem/máquina, que no fundo é um disfarce para uma relação de maior dependência do que julgamos.
Arcs, 6 08002 Barcelona +34 933 043 097
Joanna Kustra Fotografia
Com três anos na fotografia profissional, Joanna Kustra tornou-se uma referência na Fotografia. A polaca de 25 anos mudou-se há pouco tempo para Londres numa tentativa de continuar a crescer num mercado que lhe é cada vez mais favorável. Confira aqui as fotos do seu último trabalho. Com apenas 25 anos, a polaca Joanna Kustra é já um nome de peso na Fotografia. Tendo trabalhado em várias empresas de moda polacas, os seus trabalhos assentam na beleza e na publicidade fotográfica, com uma forte marca das últimas tendências. Com grandes aptidões artísticas, Kustra é, desde a sua infância, fascinada pela música, tocando piano e oboé, tendo estudando também linguística. Há três anos aventurou-se pela Fotografia e rapidamente o
passatempo se transformou numa verdadeira paixão e modo de vida. Autodidacta e talentosa, o seu trabalho reflecte o fascínio pelas pessoas, retratos e pela moda. Conhecida pelo seu perfeccionismo e delicadeza, o seu novo trabalho é uma prova da sua expressão única. As imagens desta colecção parecem pintura, com um estilo vivido e forte, mas são na verdade fotografias. Com indumentária de inspiração renascentista, os rostos aparentam uma perfeição pitoresca e quase irreal. Uma beleza deslumbrante e estonteante.
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Andrew Myers Fotografia
Andrew Myers é um jovem fotógrafo canadense que, influenciado pela pintura e design gráfico, cria imagens servindo-se de elementos de ambas as técnicas.
A luz, as cores e a composição dessas imagens são cuidadosamente manipuladas, como cenários teatrais, onde tudo está em seu devido lugar. A passividade de suas fotografias pode gerar certo incômodo. Por serem indiretas, é possível que caiba a nós – observadores – definir a ideia por trás de cada uma.
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O fotógrafo diz gostar quando as pessoas ficam intrigadas quanto à natureza inspiradora de suas fotos. Myers recorre a efeitos digitais, que considera uma prática excitante e moderna na arte contemporânea.
pontos de vista, onde não faltam detalhes criativos e um atraente toque “nonsense”. O jogo de cores e a enérgica elaboração das cenas arrematam a identidade artística de Andrew Myers.
Em alguns trabalhos, o ângulo é tão imprevisto que nos permite um olhar inusitado da cena. É como se tirássemos uma foto enquanto deitados, sentados ou encostados em uma parede qualquer, de modo que não tivéssemos a visão panorâmica que nos deixa esquadrinhar todos os detalhes e componentes – sobrando apenas o enquadramento limitado do nosso próprio campo visual. A impressão que se tem é que faltam elementos para a foto fazer sentido.
Com seus trabalhos já publicados em revistas canadenses, Andrew Myers foi considerado no livro Flash Forward, da Magenta Foundation, um dos melhores fotógrafos emergentes do Canadá. Myers espera trabalhar comercialmente e revela sua satisfação ao ser pago para fazer aquilo que, de qualquer maneira, sempre faria.
Por esse motivo, a fotografia de Myers consegue apresentar interessantes e invulgares
O artista vive em Toronto e diz que de lá não sai. É apaixonado pela imensidão e mistério das terras solitárias de seu próprio país. Afirma que talvez sejam esses os principais fatores que o inspiram a criar.
Alison Brady Fotografia
É difícil olhar para as fotografias da americana Alison Brady e ficar impávido. Existe algo de perturbador nas imagens, nas poses, na iluminação, no mistério e na ocultação que lembra vagamente as pinturas surrealistas, algo que nos coloca no papel forçado e incómodo de voyeur. Mas aqui não se trata de pinturas e sim de fotografias de coisas e pessoas bem reais. Este realismo torna-as ainda mais insólitas.
A artista explica que explora temas relacionados com a alienação na cultura ocidental manifesta em distúrbios psicológicos como a depressão ou a ansiedade e mesmo em situações traumáticas. Procura expressar tudo isto em composições exageradas e grotescas onde se misturam o horror, o erotismo, a beleza e o humor. Por vezes surgem contrastes interessantes e evocações simbólicas inusitadas que convocam inadvertidamente imagens do subconsciente. Não obstante, as fotografias de Brady revelam uma enorme imaginação, criatividade e sentido dramático, conseguindo com parcos meios muito bem geridos criar atmosferas profundamente poéticas e sugestivas. Se Freud fosse vivo certamente veria nestas fotografias excelente material de trabalho...
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“As fotografias de Brady revelam uma enorme imaginação, criatividade e sentido dramático”
Martin Amm Fotografia
Eles são pequenos, alguns sem graça, outros lindos. Muitos encantam, têm os que incomodam e até os que assustam. Para pessoas comuns, insetos geralmente são motivo de desprezo, mas eles têm sido tema para muitos e muitos fotógrafos. E Martin Amm certamente sabe captar como poucos, os momentos incríveis destes pequeninos seres. Nascido em Kronach (Franconia/Alemanha) em 1986, Martim começou a fotografar com apenas 12 anos e apesar de hoje ainda ser muito novo, ele tem a sensibilidade necessária para despertar todo o tipo de reações em quem vê seus trabalhos. Principalmente suas fotos em macro. As cores, texturas e luzes, garantem sequências sempre surpreendentes. Afinal, depois de ver estas imagens, sempre que você olhar para uma árvore ou campo com o orvalho da manhã depositado sobre flores e folhas, irá lembrar que ali sem dúvida, Martim Amm poderia encontrar momentos mágicos para registrar. Nascido em Kronach (Franconia/ Alemanha) em 1986, Martim começou a fotografar com apenas 12 anos e apesar de hoje ainda ser muito novo, ele tem a sensibilidade necessária para despertar todo o tipo de reações em quem vê seus trabalhos. Principalmente suas fotos em macro. As cores, texturas e luzes, garantem sequências sempre surpreendentes. Afinal, depois de ver estas imagens, sempre que você olhar para uma árvore ou campo com o orvalho da manhã depositado sobre flores e folhas, irá lembrar que ali sem dúvida, Martim Amm poderia encontrar momentos mágicos para registrar. Nascido em Kronach (Franconia/Alemanha) em 1986, Martim começou a fotografar com apenas 12 anos e apesar de hoje ainda ser muito novo, ele tem a sensibilidade necessária para despertar todo o tipo de reações em quem vê seus trabalhos completos.
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Ines van lamsweerde e vinoodh matadin Fotografia
o ensaio “décadas” é o seu mais recente trabalho. magnif ico. 36
Ines van Lamsweerde e Vinoodh Matadin, ambos nascidos em Amsterdão, começaram uma colaboração conjunta que resultou em projectos diversos na área da arte e da moda. Em vez de serem meros observadores do mundo da moda enquanto artistas, começaram a fazer parte do próprio sistema da moda, criando imagens críticas e desconcertantes. Ines van Lamsweerde e Vinoodh Matadin, ambos nascidos em Amsterdão, começaram uma colaboração conjunta que resultou em projectos diversos na área da arte e da moda. Em vez de serem meros observadores do mundo da moda enquanto artistas, começaram a fazer parte do próprio sistema da moda, criando imagens críticas e desconcertantes.
Jill Greenberg Fotografia
Conhecia pelo mundo como The Manipulator, Jill Greenberg é uma fotógrafa com um trabalho fascinante, possui em sua carreira clientes como Microsoft, EPSON, Sony Pictures entre outros,
possui também trabalhos publicados em revistas, livros e exposições e Museu pelo mundo. Jill Greenberg gerou polêmica em um set chamado “End Times“, onde mostra crian-
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ças chorando, Jill faz uma crítica forte ao governo Bush. Ela afirma que o sentimento de uma criança é o mais sincero, mas a polêmica foi a forma com ela fez as crianças chorarem, ela dava goloseimas ás crianças, e no momento do disparo da camara fotografica ela tirava as goloseimas.
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"Nada é mais puro do que a angústia de uma criança. Fotos de crianças chorando captam emoções cruas: perda profunda. Em muitos aspectos nós tornamos-nos insensíveis a imagens perturbadoras. Mas a honestidade dos sentimentos de uma criança é inegável e isso atrai para a fotografia. Talvez porque as crianças experimentam um tipo de emoções mais fortes que nós, como adultos, têm reprimido em nós mesmos. As crianças que fotografei não foram prejudicados de alguma forma. E, como mãe, estou completamente ciente de quão facilmente os bebês podem chorar. Tempestades de varrer dor através de suas características sem aviso prévio; um sorriso alegre pode dissolver em uma careta de desespero. O primeiro meni-
no eu tirei foto, Liam, de repente tornou-se histericamente chateado. Lembrou-me do desamparo e raiva que eu sinto sobre a nossa actual situação política e social. Isso fez-me pensar na minha indignação com os nossos motivos falsos para ir à guerra no Iraque e a maneira escandalosa em que o conflito foi vendido para o povo americano. Eu pensei que George W. Bush, em seguida, apenas empossado no seu segundo mandato, e decidiu chamar a imagem "mais quatro anos." Como qualquer novos pais vão lhe dizer, o futuro de repente torna-se uma preocupação muito séria. Como em êxtase enquanto eu estava no nascimento da minha filha, eu senti-me egoísta em trazê-la, e mais tarde o meu filho ao nosso mundo. Pareceu-me
ser mãe exactamente no momento em que as coisas deram errado. É claro, os seres humanos sempre foram gananciosos, violentos e desonestos. Mas a ascensão da direita cristã como uma força política no país fez com que se desse a terrível situação. Os fundamentalistas mais perigosos não são a guerra justa travada no Iraque, eles estão atacando a evolução, bloqueando a pesquisa médica e ignorando o meio ambiente. É como se eles acreditassem que o tempo do fim apocalíptico está próximo, portanto, proteger a terra e o futuro dos nossos filhos é fútil. Como mãe, eu tenho que contar com o conhecimento de que os nossos filhos vão sofrer pelos erros que nosso governo está a fazer. A sua dor é um precursor do que está por vir. "
Por Jill Greenberg
Miss Aniela Fotografia
Há quem tenha uma gémea, duas, três, ou até mais, em casos muito raros. Miss Aniela não tem nenhuma – pelo menos, que se saiba – mas recria a sua identidade, criando a ilusão de que é muitas. A fotógrafa britânica cria auto-retratos em que, muitas vezes, se multiplica na mesma imagem. A internet tem destas coisas. Natalie Dybisz, mais conhecida por Miss Aniela, está a causar sensação na rede e, mais especificamente, no Flickr pelas suas fotografias digitais. Através da manipulação digital, Aniela cria maioritariamente auto-retratos, onde a sua figura é centro de destaque. Trabalhando de forma completamente independente, é ela a modelo, a fotógrafa, a encenadora e ainda se ocupa da pós-produção. Miss Aniela teve tanto sucesso no site de partilha de imagens que foi capa da revista American Photo, integrada numa reportagem sobre as suas maiores estrelas. Voyeur de si própria, como se caracteriza, sempre se considerou criativa, escrevendo a sua autobiografia de uma forma completamente diferente: através de imagens inspiradas no seu fascínio pela possibilidade de fazer parte de uma encenação nova cada vez que tira uma fotografia. E, claro, também pelo controlo total que tem de todo o processo. Por exemplo, na série de fotografias Multiplicity (Multiplicidade), Miss Aniela aparece diversas vezes no mesmo cenário, criando uma sensação de narrativa na mesma fotografia ou, talvez, de clonagem. As imagens de várias raparigas iguais vestidas de vermelho dentro de um pequeno barco de madeira ou escondidas no meio das rochas espalham-se agora na internet, aumentando as possibilidades de esta jovem fotógrafa se tornar famosa num futuro próximo. A internet tem destas coisas. Natalie Dybisz, mais conhecida por Miss Aniela, está a causar sensação na rede e, mais especificamente, no Flickr pelas suas fotografias digitais. Através da manipulação digital, Aniela cria maioritariamente auto-retratos, onde a sua figura é centro de destaque. Trabalhando de forma completamente independente, é ela a modelo, a fotógrafa, a encenadora e ainda se ocupa da pós-produção. Miss Aniela teve tanto sucesso no site de partilha de imagens que foi capa da revista American Photo, integrada numa reportagem sobre as suas maiores estrelas. Voyeur de si própria, como se caracteriza, sempre se considerou criativa, escrevendo a sua autobiografia de uma forma completamente diferente: através de imagens inspiradas no seu fascínio pela possibilidade de fazer parte de uma encenação nova cada vez que tira uma fotografia. E, claro, também pelo controlo total que tem de todo o processo. Miss Aniela teve tanto sucesso no site de partilha de imagens que foi capa da revista American Photo, integrada numa reportagem sobre as suas maiores estrelas. Voyeur de si própria, como se caracteriza, sempre se considerou criativa, escrevendo a sua autobiografia de uma forma completamente diferente: através de imagens inspiradas no seu fascínio pela possibilidade de fazer parte de uma encenação nova cada vez que tira uma fotografia. E, claro, também pelo controlo total que tem de todo o processo. Miss Aniela teve tanto sucesso no site de partilha de imagens que foi capa da revista American Photo, integrada numa reportagem sobre as suas maiores estrelas.
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James Reynolds Fotografia
Se esta fosse a sua última refeição, o que é que pediria? James Reynolds foi à procura de respostas com a sua máquina fotográfica.
James Reynolds criou impacto logo num dos seus primeiros trabalhos como fotógrafo: Last Suppers (As Últimas Ceias) é um conjunto de nove imagens que retratam os últimos pedidos dos prisioneiros norteamericanos, antes de ser cumprida a pena de morte, quando estão no chamado corredor da morte. O jovem londrino trabalha em publicidade, depois de ter estudado Design Gráfico, e é co-responsável por campanhas
de consciencialização do vício do jogo e de conduta rodoviária em Inglaterra. Esta série de fotografias documenta os últimos pedidos dos prisioneiros que são, no mínimo, bizarros. Apresentados em tabuleiros cor-de-laranja - talvez a condizer com os uniformes - há quem peça menus do KFC; uma cebola, duas coca-colas e um pacote de pastilhas-elásticas; fruta ou simplesmente uma azeitona. ou coca-colas.
James Reynolds criou impacto logo num dos seus primeiros trabalhos como fotógrafo: Last Suppers (As Últimas Ceias) é um conjunto de nove imagens que retratam os últimos pedidos dos prisioneiros norteamericanos, antes de ser cumprida a pena de morte, quando estão no chamado corredor da morte. Uma ideia simples no entanto bastante poderosa. O jovem londrino trabalha em publicidade, depois de ter estudado Design Gráfico, e é co-responsável por campanhas de consciencialização do vício do jogo e de conduta rodoviária em Inglaterra. O jovem londrino trabalha em publicidade, depois de ter estudado Design Gráfico, e é co-responsável por campanhas de consciencialização do vício do jogo e de conduta rodoviária. Esta série de fotografias documenta os últimos pedidos dos prisioneiros que são, no mínimo, bizarros. Apresentados em tabuleiros cor-de-laranja - talvez a condizer com os uniformes - há quem peça menus do KFC; uma cebola, duas coca-colas e um pacote de pastilhas-elásticas; fruta ou simplesmente uma azeitona. Sorvetes da Häagen-Dazs ou um maço de cigarros. Ovos ou coca-colas.
Abby Ross Fotografia
A beleza favorita de Abby Ross não pode ser encontrada em nenhum editorial de moda. Sua obsessão pessoal está em buscar a beleza dos defeitos e do paradoxo, algo muito além do que sempre se vê, que resulta numa sensível redescoberta da própria condição humana.
Crianças adoram ficar nas janelas observando as coisas, as pessoas lá fora. É impressionante como essa fascinação passa depois que resolvemos decretar a idade adulta; é como se o tempo reduzisse a lista de coisas com as quais devemos nos fascinar, a vista torna-se comum e a janela. Para Abby Ross, poucas constatações são tão tristes quanto essa: no olhar da fotógrafa norte americana, nada é mais instigante e fascinante quanto os milhares de detalhes que ficam ali escondidos no cotidiano, só esperando para serem encontrados. Com certeza ela e sua câmera estarão por lá descobrindo vida onde menos se imagina. Nascida e criada em São Francisco, Califórnia, Ross se interessou por fotografia durante as longas
viagens de ônibus que fazia entre sua cidade e o centro de Nova Iorque; os montes de personagens e histórias que passavam por ela formavam um conjunto intrigante - cães, frutas, aves, imigrantes, miscigenações, pobreza, sobrevivência - que logo começou a perturbá-la: como aprisionar aqueles momentos? Como desvendar os mistérios neles? Eu gostaria que eles se movimentassem em câmera lenta, ela conta, para que eu pudesse gravar cada cena. Há uma beleza oculta no que é ordinário, e uma beleza maior ainda naquilo que já foi exageradamente olhado. As pequenas coisas são grandes, menos é mais. A imperfeição é bonita. Esses paradoxos fascinam-me bastante”. A beleza nos defeitos, a beleza
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nos contrastes. As pessoas e objetos explorados por Abby Ross se revelam donas de múltiplos planos e possibilidades. E o modo como os detalhes se repetem, as pessoas simples e o modo como se relacionam com as coisas, as cores, o modo como se juntam hipnotizam pela verdade que contem, pela existência absurdamente comum. É tudo muito realista mas, ao mesmo tempo, brilhante e otimista. Sabe o filme “Beleza Americana”? As vezes eu sinto que no mundo há tanta beleza que não vou conseguir suportá-la”. O belo de Abby Ross é difícil, mas deixa à mão o convite para darmos um olhar mais demorado sobre as paisagens e pessoas que já não nos parecem mais mistério através das nossas pequenas janelas.
Alexander Mustard Fotografia O fotógrafo britânico Alexander Mustard registrou o mergulho que ele e outros colegas fizeram na fenda entre as placas tectônicas da América do Norte e da Eurásia. A aventura para conhecer a "fronteira" entre as duas placas ocorreu no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia. A paisagem submer-
sa do parque é cheia de vales, falhas e fontes de lava, formados pelo afastamento gradual entre as duas placas, que se distanciam cerca de 2,5 centímetros uma da outra a cada ano. Os mergulhadores que participaram da expedição desceram cerca de 24 metros na fenda entre as placas, mas chegaram a até 60 metros de profundidade em cânions como o Silfra e o Nikulasargia. Mustard, de 36 anos, diz que as imagens mostram "o mundo submarino único da Islândia, que, assim como
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a ilha, é formado por paisagens vulcânicas". A lava e o vapor quente na interseção entre as placas criou também a chaminé hidrotermal Arnarnes Strytur, visitada pelos mergulhadores. A água é expulsa da chaminé 80°C e forma uma coluna turva ao entrar em contato com a água do mar, que está a 4°C. Alexander Mustard é especializado em imagens submarinas. Um de seus trabalhos mais conhecidos é o registro fotográfico de destroços de navio no fundo do mar ao em todo o redor do mundo.
Placas tectônicas A noção de placas tectônicas foi desenvolvida nos anos 1960 para explicar as localizações dos vulcões e outros eventos geológicos de grande escala. De acordo com a teoria, a superfície da Terra é feita de uma "colcha de retalhos" de enormes placas rígidas, com espessura de 80 km, que flutuam devagar por cima do manto, uma região com magma nas profundezas da terra. As placas mudam de tamanho e posição ao longo do tempo, movendo entre um e dez centímetros por ano velocidade equivalente ao crescimento das unhas humanas. O fundo do oceano está sendo constantemente modificado, com a criação de novas crostas feitas da lava expelida das profundezas da Terra e que se solidifica no contato com a água fria. Assim, as placas tectônicas se movem, gerando intensa atividade geológica em suas extremidades. As atividades nestas zonas de divisa entre placas tectônicas são as mesmas que dão origem aos terremotos de grande magnitude.
Maria Dolores Fotografia
A jovem fotógrafa Maria Dolores documenta sua vida buscando, foto a foto, apreender a beleza das coisas do seu cotidiano. Há males que vem para o bem. Apesar do crescimento assustador e da inserção também assustadora da tecnologia no cotidiano das pessoas, a internet, por outro lado, tem sido um óptimo meio para a divulgação e promoção de novos artistas - que, se dependessem dos antigos meios de publicidade e promoção, arriscaria dizer que jamais teriam suas obras expostas ou vistas por um número tão grande de pessoas como a internet permite. A jovem fotógrafa Maria Dolores, por exemplo, mantém há cerca de três anos um Flickr intitulado Colores de Dolores, onde documenta sua vida pessoal através da sua arte. Este diário fotográfico, digamos assim, só está acessível a nós por causa deste atual contexto, onde os meios de exibição e promoção da obra de arte de certa forma se democratizaram, e todos os novos artistas acham meios de se comunicarem e interagirem com seu público. Sorte deles, e sorte nossa também. O Flickr de Maria Dolores me parece sintomático também de uma estética que me agrada bastante. Uma estética que não prioriza técnicas fotográficas ou temas já imortalizados dessa arte, como, por exemplo, fotos de pessoas humildes e manifestações populares, como já o fez lindamente o fotógrafo Pierre Verger (francamente, ele não precisa de imitadores). A estética procurada por Maria Dolores é nada mais que extrair as cores do seu cotidiano, das coisas e das pessoas que a rodeiam. Sem mentiras, sem invencionices. É uma procura pelo belo dentro de mecanismos e experiências que a sua breve vida possui. Neste sentido, seus personagens fotográficos quase sempre são seus amigos e familiares, ou lugares conhecidos e íntimos - em certas circunstâncias, seu próprio corpo: são numerosos os auto-retratos e também alguma nudez.
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"Somos, cada vez mais, operadores de rótulos, apertadores de botões, "funcionários" das máquinas, lidamos com situações programadas sem nos darmos conta delas, pensamos que podemos escolher e, como decorrência, imaginamo-nos inventivos e livres, mas a nossa liberdade e a nossa capacidade de invenção estão restritas a um software, a um conjunto de possibilidades dadas à priori e que não podemos dominar inteiramente. Esse é o ponto em que a Filosofia de Flusser quer justamente intervir: ela quer produzir uma reflexão densa sobre as possibilidades de criação e liberdade numa sociedade cada vez mais programada e centralizada pela tecnologia." "Do lado do receptor, a proliferação imensa de imagens técnicas resulta na predisposição da sociedade para um comportamento mágico programado. Os homens já não decifram as imagens como significados do mundo, mas o próprio mundo vai sendo vivenciado cmo um conjunto de imagens. Não sabendo mais servir-se das imagens em função do mundo, eles passam a viver em função de imagens, de modo que estas últimas, tradicionalmente encaradas como mapas, se transformam gradativamente aos seus olhos em biombos, cuja função já não é mais representar, mas mascarar o mundo" Arlindo Machado, Introdução a ENSAIO SOBRE FOTOGRAFIA, de Vilém Flusser.
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