Beira 155

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Beira do Rio

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Junho, Julho e Agosto, 2020

Entrevista

Aldemir Branco

Identificação, controle e prevenção Em que a pesquisa com HIV pode auxiliar o combate à covid   Walter Pinto

P

ós-graduado em Genética e Biologia Molecular, o professor Aldemir Branco de Oliveira Filho, do Instituto de Estudos Costeiros, do Campus Bragança da UFPA, desenvolve pesquisa em saúde coletiva, com ênfase em epidemiologia. Recentemente, ele realizou pós-doutorado sobre a prevalência do HIV em pessoas usuárias de drogas ilícitas no Pará e no Amapá. Baseado na sua experiência com o estudo do vírus transmissor do HIV, ele indica pontos em comum nos caminhos trilhados pela ciência na produção de conhecimento sobre esse vírus, o novo corona e o vírus influenza, que ceifou milhares de vítimas na pandemia de 1918.

O novo coronavírus Há diversos vírus pertencentes ao grupo do coronavírus. Eles podem fornecer algumas pistas sobre o comportamento dessa nova forma de corona à ciência, mas o SARS-CoV-2 é um vírus novo. Assim como qualquer novo vírus que surge na natureza, é necessário tempo para a aquisição de informações seguras e aplicáveis para identificação, controle e prevenção. Nos últimos meses, um esforço coletivo está sendo feito para obter informações seguras que possibilitem reduzir a transmissão do SARS-CoV-2, cuidar de forma eficiente dos infectados e prevenir novas infecções. Nesse sentido, o isolamento social e as medidas de proteção individual são as melhores estratégias para conter a dis-

persão da doença e evitar um colapso dos serviços de saúde.

A resposta da ciência O tempo necessário para termos informações consistentes sobre um medicamento seguro e uma vacina eficaz contra o novo coronavírus é uma incógnita. Entretanto destaco que muitos cientistas estão realizando procedimentos para indicar resoluções que possam ser empregadas com sucesso nessa nova pandemia. Apesar de serem vírus distintos, podemos fazer uma analogia com a infecção pelo HIV. Atualmente, já podemos realizar ações precisas direcionadas para prevenir a infecção pelo HIV, dispomos de diversos testes laboratoriais para diagnosticar e monitorar esse retrovírus e podemos utilizar inúmeros

medicamentos no tratamento, os quais têm possibilitado uma melhora significativa na expectativa e na qualidade de vida dos infectados. Porém, até o momento, ainda não foi descoberta uma vacina eficaz contra ele. Desde a década de 1980, diversos governos e empresas têm investido em educação, ciência e tecnologia, mas ainda há lacunas a serem preenchidas. Por exemplo, o desenvolvimento de uma vacina leva em consideração a biologia do agente, altos padrões de exigência de qualidade e protocolos éticos em todas as suas fases. Equalizar todas essas “variáveis” não é fácil, especialmente no curto período de tempo. Entretanto essa equação já foi solucionada para diversos agentes infecciosos e podemos manter a ILUSTRAÇÃO PRISCILA SANTOS


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