Uirapuru - miolo

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O Uirapuru Jo達o Carlos Couto

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Meus agradecimentos; Am isitasp errorem adissi consequia is alisinum cum qui neculpa corepel magnimusam, omnitatus, incide voluptassum liquide labore, et vitem is aceatio to torrum quid ut ut qui omnis acculla utatia dolumquiduci coriates doluptatem et omniet aut vit utat hil inihil is es estionsedi officiderum dolupta turiaspis nem as doloren ditatem fuga. Min ra quatur aut eos non et odi odicimi ligendebitia volupicit quuntur, optaquis ne cus re mi, ne peliquis erovitios nam am et eum

nononononononono nonononononononononononononononononononononononononononononononononononononononononononononononononononononononononononononononononono nonononononononono nonononononononono nononononono

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O Uirapuru Jo達o Carlos Couto

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Sumรกrio O Uirapuru

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Perto de Paracatu, Minas Gerais

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Assim Fosse

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O Uirapuru Desbrava-se e penetrava-se pela mata. Não era um tuiuiú, galo-de-campina, tucano ou tesourinha. Era um uirapuru-verdadeiro, um passarinho, puro e simples. Todo esplendor da noite azulada, azul-claro do céu risonho e límpido, o verde gracioso do mais alto dos buritis, disso tudo, não tinha coisa alguma; era um puro simples passarinho, nada diferente como antes. Seu papo não era alaranjado ou avermelhado, os olhos eram nem enegrecidos ou azulados. Eles variavam com as cores da margem que o sol dá de presente, a cada dia, para a lua cheia, que gira, e gira.

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Vinha lá do cerrado, do interior do mato, lugar que não há flores aos desbundes; é lugar de terra seca, das árvores retorcidas. Porém, sábia é esta terra dita árida. Como não é sempre cercada de pétalas ou árvores que lhe tampam a luz, tem horizonte que não tem fim; sabe apreciar o mundo porque, no fundo do fundo, é o que importa, a maneira como você traça o caminho de raiz à copa, seja por ele, por elas, flores das mais bonitas. Só quem já cheirou flor do cerrado sabe aquele momento você e ela só É preciso se entregar plenamente aos sentidos com olhos e ouvidos aguçados ao canto do uirapuru porque era tão alto quanto um cair da folha mais seca Sendo pardo-avermelhado, se perde de vista facilmente nos galhos e entre as casas de joão-de-barro e os formigueiros, pois não era nem escuro ou claro. Seu vermelho era como o das terras das plantações de café e seu pardo como sabiá. Seus sons eram tão baixos que quase eram inaudíveis. Era preciso que pousasse nos ombros que viria a melodia, notas e toda a poesia.

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Coitadinho, ninguém jamais conseguiu escutar as palavras que ele, tão desesperadamente, queria cantar. Já tinha até se tornado infeliz. É o que acontece com toda beleza ofuscada pela falta de atenção plena Gerava mais infelicidade porque ele sempre foi todo alegria.

há, neste mundo, alegria e tristeza. elas podem estar infelizes ou felizes, mas nunca haverá um triste alegre ou alegre triste. pode lhe parecer estranho, mas é a verdade. conhecer-te a ti mesmo é a mais árdua e bela viagem que um pode fazer. faça aonde quiser: montanhas, serras, um barco entregue ao mar. saber sua emoção, seu alicerce central a qual tudo derivará pode parecer impossível, mas se quiser lhe direi qual é; me escute. muitos passam uma vida sem saber o por quê de tudo. perceber isso é sentir a delicadeza da lágrima escorrer; não dormir durante o entardecer, o se pôr e o nascer para depois acompanhar as primeiras das águas evaporadas da manhã; assistir da janela a mais bela dança de todas entre a calma tempestade e a ventania e, depois que elas dançaram bastante e estão um pouco cansadas, despir-se de tudo e expor a alma as gotas pela pele, e cantar, dançar, chorar e se soltar.

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Perto de Paracatu, Minas Gerais Debaixo das casas de joão-de-barro e em meio às mangabeiras, mangueiras, e tudo que é nome de pé, sob a terra laranja havia dois meninos. Um mais velho, desnutrido, de bermuda um tanto curta e com a boca enlambuzada de fiapos de manga; outro mais novo, vestindo uma camisa vermelha com alguma marca fajuta em inglês manchada, aparentemente, de marcas de pasta de dente e uma cueca branca – os dois descalços e imberbes. O menor, com o indicador nos beiços, assistia a seu irmão arremessar galhos mortos já caídos no chão contra os vivíssimos para conseguirem mais mangas. Fazia isso com uma maestria e errava pouquíssimas vezes e vibravam juntos toda vez que as mangas caíam. Os pais estavam à beira da estrada vendendo óleo de pequi, tal como outros muitos a cem metros, esquerda e direita, do asfalto.

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Ora em cadeiras de plástico, ora debruçados sobre os balcões de madeira esturricados pela luz. Rostos cortados de rugas como os rios secos. Estáticos – as crianças não; eram poetas que só faltavam-lhe os lápis. Resplandeciam o ébano suado de vida de menino brasileiro; bola, estudo, pais, brincar na mata até ficarem boles de perna bamba. O uirapuru-verdadeiro, para os caminhoneiros, piava; para os meninos, cantava ali nas flores do primeiro ipê amarelo do verão. Os ipês são assim, pingos que transbordaram do Sol, atravessaram o espaço em cometas que se incandesceram quando passam pelos céus. Crepúsculos, auroras, ipês; é assim que eles nascem e alegram a todos, nossos restinhos de céu. Ninguém deve passar uma vida sem conhecer os ipês silvestres. Vê-los em parques é tirar-lhe de beleza;, só à pé pelo cerrado, pelo sertão eles nos provocam o suspiro. São quando virgens que podemos ainda sentir o calorzinho materno dos pingos do Sol nas flores, que escorreram e acham o caminho aos nossos dedos. É como nos juntássemos por um instante ao mundo e aos heróis das estrelas. Os meninos sorriram. O mais novo agora fazia uma rede com sua camisa, agora cheia de manga e mais suja do que antes, e o mais velho segurava um galho como um pirata tendo nunca havia visto o mar exceto na televisão do barraco dos pais. Faltavam-lhe tudo, mas eram antenados como os marcianos que vinham à Terra. Saíram os dois chutando uma pedrinha, revezando entre si quem que conseguisse lança-la mais longe. Vou tomar banho no ribeirinho e observava os meninos até que eles sumiram para a vida. Seu espírito ficou triste. Queria adotálos sobre suas asas, porém elas são pequenas e frágeis. Quê serão? Os poetas que poderiam ser...

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Assim fosse Saberias, o tempo? Seria assim, fosse assim; a vez que o vi recém saído do mar, e ele o viu. Havia acabado de chegar. Jamais havia visto o mar. Adorava os lagos, os ribeirinhos, mas jamais havia visto o mar, ainda mais um litoral branco. A princípio se incomodou com as ondas; é como se aquela força lhe dizia para se afastar. Lembrava-se dos cantos de outros pássaros que o mar deveria ser respeitado e era cordial também. Porém, pensou: cordialidade seria se as ondas se invertessem e ajudassem um a se banhar. Como que existiam os argonautas que saudavam sobre o navegar vir antes de viver se embarcavam sob algo que lhe expeliriam assim que tivesse a chance?

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Uma série de ondas se tornou mais violenta que as demais. Na sétima onda, se repartiu em vários arco-íris e, pouco a pouco, secaram, exceto uma. Algo começou a brotar da água que ainda não havia entrado na areia; as gotas estavam se juntando e tomando forma. Reconheceu a imagem do que começou a avistar em meio àquela água do começo da manhã acima dos ribeirinhos que adorava. Não era comum, lhe era ausente da couraça que sua forma pedia. “Assim dou valor às três, mais do que se tivesse quatro. Decepe uma e tombo para jamais me reerguer. Sei que sou frágil nessa pele flácida e lanças me perfurariam em segundos; teria medo que perdesse a forma, jorrasse água como sangue. Tenho sangue? ...mesmo assim, viverei. Não pela minha integridade física, mas pelo hoje e pelo calor de meus amores.”. Gritavam-lhe a pele: melancolia, solidão, a vida do que foi e jamais será pelas límpidas íris das quais compartilhavam das mesmas cores, o uirapuruzinho e o que se revelou a ser um rinoceronte azul. Ser como esse é fadado a perecer neste mundo; há apenas esse mundo, então por que não vivê-lo? Sentou após muito esforço. Mórbido e pacato, o uirapuru melodiou para seus ouvidos para que, juntos, espantassem os males. Era um sorriso que viu ao replicar “quem canta os males espanta” e repetir mais uma vez com um sussurro para si. Porém, nasceu velho, o rinoceronte azul. Sua vida tendia sumir a qualquer instante como seus miúdos olhos. O mar havia se acalmado e o uirapuru permaneceu perto de sua orelha. Ficaram até a tardinha.

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Quando a lua se olhava no espelho, a maré se revoltou repentinamente. Aumentara de tamanho e beirava às patas do rinoceronte. Estava chamando-o de volta. Demorou um tempo e parecia que pensava; tinha a virtude, sim, de ter uma consciência sonolenta. “Não.” Só isso e nada mais. O mar se violentou de tal maneira com ondas imperdoáveis e era desse jeito que contava como seria essa efêmera vida da única água que se despediu do mar. “Ficarei aqui. Sei que morrerei, mas amarei, o que nenhum oceano poderá fazer por mim. Sim, amarei.” e repetiu mais uma vez para si, porém com um sorriso timidamente maior que o outro que dera. Sentia-se que se acostumara a falar de carinho.

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