Folder EOL´s Unicamp e Fuvest 2019

Page 1

Coleção Bernoulli EOLs UNICAMP E FUVEST


Caderno Extra EOLs UNICAMP E FUVEST Os Estudos de Obras Literárias Unicamp e Fuvest são uma publicação ilustrada com estudos aprofundados de todas as obras literárias exigidas nesses exames. Além da análise da obra, o material conta com exercícios que capacitam o aluno a responder questões de vestibulares e favorecem a compreensão da obra abordada.


 































 



IMPRESSÃO: uSO ExcluSIvO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREITOS RESERv RESERvADOS vADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPRODuzIDA Ou DESTA

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


IMPRESSÃO: uSO ExcluSIv vO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREITOS RESERv RESERvADOS vADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPROD DESTA REPRODuzIDA Ou

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


3RU )HUQDQGR 6DQWDQD ,OXVWUDo}HV

José Martiniano de Alencar – pai do romancista José de Alencar –, ainda padre, conheceu Ana Josefina – mãe do escritor –, sua prima em primeiro grau, numa viagem entre Pernambuco e Ceará, e dela logo se enamorou. Antes, ele, ainda seminarista, envolvera-se na Revolução Pernambucana de 1817; e, depois, já padre, na Confederação do Equador. Foi muito perseguido por suas posturas políticas e ideológicas bastante avançadas. Naquela viagem, conta Domingos Jaguaribe, biógrafo de José de Alencar: Meu tio [José Martiniano de Alencar] o primeiro cuidado que teve [ao saber das perseguições que sua família sofria no interior do Ceará] foi ir ao Catro para trazer minha avó e seus filhos; aconteceu que sendo muito formosa minha tia [Ana Josefina] e já moça, o padre Alencar na viagem uniu-se a ela, tendo minha avó sofrido tal desgosto que perdeu a voz, ou simulou ter perdido. Chegando ao Ceará, em Fortaleza, sua primeira ocupação foi procurar o cirurgião-mor Santiago, a quem ela entregou minha mãe, com idade de um ano, pedindo que a recebesse e educasse como filha, porque não queria que nada tivesse com a família Alencar.1 Essa viagem ocorreu em 1826, e José de Alencar nasce nasceu em 1829. Em 1832, livre das batinas, José Martiniano foi eleito senador e, em 1834, tornou-se Presidente (governador) da Província do Ceará. José de Alencar, com 9 anos, seguiu em viagem ao Rio de Janeiro. Aos 15 anos, inscreveu-se na Faculdade de Direito de São Paulo. Com 18 anos, escreveu seu primeiro romance (que foi “fumado” por colegas da república em que morava). Transferiu-se para a Faculdade de Direito de Olinda, Pernambuco. Interessou-se pelo jornalismo e voltou a São Paulo, onde concluiu seus estudos, em 1850.

IMPRESSÃO: uSO ExcluSIv vO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREITOS RESERv RESERvADOS vADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPROD DESTA REPRODuzIDA Ou

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


*murta: arbusto, árvore pequena.

IMPRESSÃO: uSO ExcluSIvO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREITOS RESERv RESERvADOS vADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPROD DESTA REPRODuzIDA Ou

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


IMPRESSÃO: uSO ExcluSIvO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREIT DIREITOS OS RESERv RESERv vADOS ADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPROD DESTA REPRODuzIDA Ou

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


JHLUR H OKH HQWUDP Q·DOPD 2 FULVWmR VRUUL D YLUJHP SDOSLWD FRPR R VDt IDVFLQDGR SHOD VHUSHQWH YDL GHFOLQDQGR R

( DWULEXL QRV WUHFKRV ´DTXL OKH VRUULµ H ´OKH HQWUDP Q·DOPDµ YDORU SRVVHVVLYR DR SURQRPH ´OKHµ

,

´1HVWD REUD DVVLP FRPR QRV ¶SRHPDV DPHULFDQRV· GRV QRVVRV SRHWDV SDOSLWD XP VHQWLPHQWR VLQFHUR GH

DOM{IDU G·iJXD DLQGD D

IMPRESSÃO: uSO ExcluSIvO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREITOS RESERv RESERvADOS vADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPROD DESTA REPRODuzIDA Ou

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


 











































 



IMPRESSÃO: uSO ExcluSIvO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREITOS RESERv RESERvADOS vADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPRODuzIDA Ou DESTA

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


Para Armando Freitas Filho “Dos cem prismas de uma joia, quantos há que eu não presumo?”

Ana Cristina Cesar surgiu como um nome relevante para a poesia brasileira, na virada da década de 1970 para a de 1980. Nesse momento, na cultura brasileira, convivem o rigor e a erudição dos poetas concretos (Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari), a linguagem coloquial e anárquica das letras das canções tropicalistas (Caetano Veloso, Gilberto Gil e Torquato Neto) e a emergente valorização do cotidiano, acompanhada pela expressão radical da intimidade por meio de uma linguagem bem próxima da oralidade, nos textos dos chamados “poetas marginais” (Francisco Alvim, Cacaso, Charles, Chacal, Ledusha, entre outros). Paulo Leminski, poeta-síntese de todos esses grupos e tendências, em carta de 1977 a Régis Bonvicino, formula esta certeira profecia dos caminhos que trilhariam a poesia e a cultura brasileiras na década de 1980: Talvez não haja mais tempo para grandes gestos inaugurais como a Poesia Concreta foi a Antropofagia foi a Tropicália foi Agora é tudo assim ninguém sabe as certezas se evaporaram1 Nas décadas de 1980 e 1990, as organizações grupais, tanto nos movimentos sociais quanto no mundo artístico, enfraqueceram-se, porque a luta pela sobrevivência individual tornou-se tão áspera que as pessoas não mais encontravam tempo nem disposição para dedicar-se às lutas coletivas. Cada poeta inventava sua própria poética. Grande poeta e crítico da cultura brasileira dessa época, Haroldo de Campos falava, por um lado, em degradação do princípio-esperança, dos valores utópicos voltados para o futuro. Por outro, afirmava a vitória do princípio-realidade, ancorado no presente.

IMPRESSÃO: uSO ExcluSIvO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREITOS RESERv RESERvADOS vADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPRODuzIDA Ou DESTA

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


Diante do silêncio das vozes guerreiras que se erguiam nos manifestos dos grupos artísticos, surgem as expressões marcadamente individuais: Arnaldo Antunes e Sebastião Nunes dialogam criativamente com a vanguarda concretista; Manoel de Barros focaliza os pequeninos seres da terra; Adélia Prado encanta-se com a vida interiorana e lança seu grito de erotismo feminino sob o signo do sagrado; Francisco Alvim oscila entre a herança modernista e a proposta marginal. Pequeno niilismo, confissões mínimas de minúsculos desejos. Poética minimalista. Essa “poética do menos” tem como precursoras as “pílulas poéticas” da Poesia Pau-Brasil, de Oswald de Andrade. É nesse contexto que surgem a poesia e a prosa singularíssimas de Ana Cristina César. Mesmo quando ainda fazia parte do grupo “Nuvem Cigana”, ao lado dos chamados “poetas marginais”, seu “olhar estetizante” já se destacava pelo ineditismo. Algumas frases do poeta francês Baudelaire, extraídas de “Elogio da Maquilagem”, ajudam a pensar a natureza e a composição do texto de Ana Cristina, que não se entrega com facilidade ao leitor que por ele se interessa: A natureza não ensina nada ou quase nada [...] só pode de aconselhar o crime [...] a virtude é artificial [...]. Sou levado a olhar o adorno como um dos sinais da nobreza primitiva da alma humana [...]. A maquilagem não tem que se esconder, de evitar ser percebida; ela pode, ao contrário, expor-se, senão com afetação, pelo menos com uma espécie de candura. (apud CHIAMPI, 1991, p. 116-118). As “luvas de pelica”, bela imagem de uma “escrita de simulação”, ajudam a compor a maquilagem exibida no livro A teus pés. Simular é fingir ter ou ser o que não se tem e não se é. O sujeito da escrita de Ana Cristina lembra o eu lírico “fingidor” de Fernando Pessoa, que chega a fingir ter ou ser até o que realmente tem ou é: O poeta é um fingidor. / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente2. Esse “teatro da intimidade” encena-se com várias poses e máscaras. Intimidade, sim, mas de cartão-postal. Uma última observação introdutória: se a poesia marginal girava em torno da expressão que revelasse a intimidade do eu lírico, através de registros de fatos corriqueiros e estados de alma cotidianos, em A teus pés predomina a construção, o trabalho com a linguagem. Uma linguagem que testa a si própria.

Agora, passaremos a uma leitura horizontal dos poemas de A teus pés. Nem todos os textos serão contemplados. Nosso critério é o da relevância que atribuímos aos textos escolhidos. Nosso leitor deve ter o livro nas mãos para ler os poemas, seguidos dos respectivos comentários feitos por nós. $XWRSVLFRJUDÀ D

IMPRESSÃO: uSO Exclu xcluSIvO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREIT DIREITOS OS RESERv RESERv vADOS ADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPROD DESTA REPRODuzIDA Ou

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


É para você que escrevo, hipócrita. / Para você – sou eu que te seguro nos ombros e / grito verdades nos ouvidos, no último momento. / Me jogo nos teus pés inteiramente grata. / Bofetada de estalo – decolagem lancinante – / baque de fuzil. É só para você y que letra tán / hermosa. Pratos limpos atirados no ar. Circo / instantâneo, pano rápido mas exato descendo / sobre tua cabeleira de um só golpe, e o teu / espanto! (p. 55)

IMPRESSÃO: uSO ExcluSIvO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREITOS RESERv RESERvADOS vADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPROD DESTA REPRODuzIDA Ou

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


As chaminés espumam pros meus olhos As hélices do adeus despertam pros meus olhos Os tamancos e os sinos me acordam depressa na madrugada feita de binóculos de gávea e chuveirinhos de bidê que escuto rígida nos lençóis de pano (p. 64)

O tempo fecha. / Sou fiel aos acontecimentos biográficos. / Mais do que fiel, oh, tão presa! Esses mosquitos / que não largam! Minhas saudades ensurdecidas / por cigarras! O que faço aqui no campo / declamando aos metros versos longos e sentidos? / Ah que estou sentida e portuguesa, e agora não / sou mais, veja, não sou mais severa e ríspida: / agora sou profissional.

Cartilha da cura As mulheres e as crianças são as primeiras que desistem de afundar navios.

IMPRESSÃO: uSO ExcluSIvO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREIT DIREITOS OS RESERv RESERv vADOS ADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPROD DESTA REPRODuzIDA Ou

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


Cabeceira Intratável. Não quero mais por poemas no papel nem dar a conhecer minha ternura. Faço ar de dura, muito sóbria e dura, não pergunto “da sombra daquele beijo que farei?” É inútil ficar à escuta ou manobrar a lupa da adivinhação. Dito isto o livro de cabeceira cai no chão. Tua mão que desliza distraidamente? Sobre a minha mão

Fica difícil fazer literatura tendo Gil como leitor. Ele lê para desvendar mistérios e faz perguntas capciosas, pensando que cada verso oculta sintomas, segredos biográficos. Não perdoa o hermetismo. Não se confessa os próprios sentimentos. Já Mary me lê toda como literatura pura, e não entende as referências diretas

IMPRESSÃO: uSO ExcluSIvO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREITOS RESERv RESERvADOS vADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPROD DESTA REPRODuzIDA Ou

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


IMPRESSÃO: uSO ExcluSIvO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREIT DIREITOS OS RESERv RESERv vADOS ADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPROD DESTA REPRODuzIDA Ou

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


IMPRESSÃO: uSO ExcluSIvO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREITOS RESERv RESERvADOS vADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPROD DESTA REPRODuzIDA Ou

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


IMPRESSÃO: uSO ExcluSIvO DO GRuPO BERNOullI. TODOS OS DIREIT DIREITOS OS RESERv RESERv vADOS ADOS. NENhuMA PARTE P DEST PuBlIcAçÃO PODE SER REPROD DESTA REPRODuzIDA Ou

vERSÃO PRElIMINAR: SujEITA A REvISÃO DE cONTEÚDO, DE lÍNGuA E DE lAYOuT.


Bernoulli Sistema de Ensino Rua Diorita, 43 Prado – CEP 30411-084 Belo Horizonte | MG

Centro de Distribuição

Rua José Maria de Lacerda, 1 900 Galpão 1 - Armazéns 4 e 5 Cidade Industrial – CEP 32210-120 Contagem | MG

Contato:

(31) 3029-4949

bernoulli.com.br/sistema Conteúdo programático sujeito a alteração sem prévia comunicação.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.