Livro de Filosofia 2020 do Bernoulli para Ensino Médio - 100% BNCC

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1ª SÉRIE – ENSINO MÉDIO FILOSOFIA

Formação integral para a vida e para o futuro.


Desenvolvimento da atitude crítica e autônoma pelo ato de filosofar O ensino da Filosofia no Ensino Médio ganha relevância por desenvolver a reflexão crítica no estudante. Nessa etapa, ele terá de fazer escolhas importantes de ordem pessoal, acadêmica, profissional e cidadã. Por isso, deverá orientar o pensamento sobre si mesmo e sobre o mundo, apropriando-se de experiências e dedicando-se a uma transformação da própria vida. A partir das definições da BNCC, a Coleção de Filosofia do Bernoulli propõe uma nova abordagem da disciplina. Ela pretende atender à demanda dos temas filosóficos ao propiciar o desenvolvimento, em sala de aula, da verdadeira discussão filosófica. Para isso, relaciona o saber filosófico à contemporaneidade, bem como se apropria de recursos tecnológicos para a contextualização teórica com o estudo da reflexão.

O foco da Coleção é conduzir o estudante ao conhecimento efetivo da tradição filosófica, de maneira que ele tenha a fundamentação teórica necessária. Além disso, formar pessoas capazes de produzir reflexões sólidas sobre as mais diversas questões ao assumir uma atitude crítica e autônoma, característica do ato de filosofar.

Relaciona o saber filosófico à contemporaneidade.

Apropria-se Contém seleção de recursos atual e diversificada tecnológicos para de questões dos a contextualização principais vestibulares teórica. do Brasil.


Conteúdo programático LIVRO

CAPÍTULO

TÍTULO

TÓPICOS A origem existencial da filosofia

1

Do Mito à Filosofia: o Nascimento de uma Nova Forma de Pensar

A origem histórica da filosofia A mitologia O nascimento da filosofia A filosofia pré-socrática ou naturalista Contexto histórico

2

O Problema da Verdade: os Sofistas, Os sofistas – Os mestres na arte de ensinar Sócrates e Platão Sócrates: educador da juventude e parteiro das ideias Platão – A invenção da metafísica

1

Aristóteles – A importância da realidade sensorial 3

A Verdade Está no Mundo Real e a Contexto histórico Busca pela Felicidade: Aristóteles e O estoicismo o Helenismo Epicurismo – O encantamento dos jardins de Epicuro O ceticismo Contexto histórico

4

A filosofia cristã de Santo Agostinho A Filosofia Medieval: o Pensamento Contexto histórico entre a Fé e a Razão O surgimento das universidades São Tomás de Aquino e o aristotelismo cristão

5

Filosofia Política Moderna

A política moderna Os pensadores contratualistas Epistemologia moderna: qual é o caminho que leva à verdade?

6

Racionalismo moderno Filosofia Moderna: os Problemas do Empirismo moderno Conhecimento e da Moral Kant A Nova Revolução Copernicana do pensamento Friedrich Nietzsche Cidadania e democracia

7 2

O Mundo em Reviravolta: a Filosofia John Stuart Mill Alemã e o Positivismo Contexto histórico Auguste Comte O positivismo no Brasil Sartre Jürgen Habermas Michel Foucault Epistemologia contemporânea

8

A Filosofia Contemporânea

O que é bioética? A vida como valor fundamental da bioética Os princípios elementares da bioética Os grandes desafios da bioética no mundo contemporâneo Ética ambiental

Conteúdo programático sujeito a alteração sem prévia comunicação.


Demonstrativo do material


FILOSOFIA | Capítulo 1

VERSÃO PRELIMINAR: SUJEITA A REVISÃO DE CONTEÚDO, DE LÍNGUA E DE LAYOUT.

PARA REFLETIR Devemos procurar o valor da filosofia, de fato, em grande medida na sua própria incerteza. O homem sem rudimentos de filosofia passa pela vida preso a preconceitos derivados do senso comum, a crenças costumeiras da sua época ou da sua nação, e a convicções que cresceram na sua mente sem a cooperação ou o consentimento da sua razão deliberativa. Para tal homem o mundo tende a tornar-se definitivo, finito, óbvio; os objetos comuns não levantam questões, e as possibilidades incomuns são rejeitadas com desdém. Pelo contrário, mal começamos a filosofar, descobrimos […] que mesmo as coisas mais cotidianas levam a problemas aos quais só se pode dar respostas muito incompletas. A filosofia, apesar de não poder dizer-nos com certeza qual é a resposta verdadeira às dúvidas que levanta, é capaz de sugerir muitas possibilidades que alargam os nossos pensamentos e os libertam da tirania do costume. Assim, apesar de diminuir nossa sensação de certeza quanto ao que as coisas são, aumenta em muito o nosso conhecimento quanto ao que podem ser; remove o dogmatismo algo arrogante de quem nunca viajou pela região da dúvida libertadora, e mantém vivo o nosso sentido de admiração ao mostrar coisas comuns a uma luz incomum. RUSSELL, Bertrand. Os problemas da filosofia. Lisboa: Edições 70, 1980. p. 216-217.

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

A partir da leitura do texto de Russell, pense e discuta com seus colegas as seguintes questões, registrando suas respostas.

01

O que o autor quer dizer quando situa o valor da Filosofia na sua “própria incerteza”? Como pode a incerteza ser um bem?

02

O que você entende por “tirania do costume”? A seu ver, como a Filosofia pode “alargar nossos pensamentos” e nos ajudar a nos libertarmos dessa “tirania dos costumes”?

03

Segundo o autor, a dúvida é “libertadora”, pois mantém vivo nosso “sentido de admiração”. O que você pensa a respeito disso? Será que existe alguma relação entre essa afirmação e a ideia de Aristóteles de que a filosofia nasceu da “admiração”?

COTIDIANO Merlí e a Filosofia Merlí é uma série de TV catalã que tem ganhado cada vez mais telespectadores e fãs no mundo todo, sobretudo entre estudantes do Ensino Médio. Isso porque a série aborda questões filosóficas a partir da vida e da realidade cotidiana dos alunos, assim como de seu pouco ortodoxo professor de Filosofia, Merlí Bergeron. Cada episódio da série tem o nome de um filósofo (Aristóteles, Sócrates, Maquiavel, Foucault, Nietzsche, Schopenhauer...) e em cada um deles as ideias do filósofo em questão são abordadas por Merlí de uma forma bastante criativa e provocadora. Por sua abordagem pertinente e ao mesmo tempo lúdica e “descolada” do pensamento filosófico, Merlí ganhou, no Brasil, a simpatia e a admiração de um reconhecido filósofo e divulgador da Filosofia, o professor Renato Janine Ribeiro, que criou inclusive uma página no Facebook para discutir os episódios da série. Ficou curioso? Saiba mais sobre essa série acessando o QR Code.

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VERSÃO PRELIMINAR: SUJEITA A REVISÃO DE CONTEÚDO, DE LÍNGUA E DE LAYOUT.

FILOSOFIA | Capítulo 1

1.2 Aristóteles: a Filosofia como filha do “espanto” ou da “admiração” Aristóteles (384-321 a.C.) também se perguntou o que levou os homens a filosofar. No início da Metafísica, uma de suas mais importantes obras, ele escreve que “os homens começaram a filosofar, agora como na origem, por causa da admiração...”. Essa “admiração” a que se refere o filósofo corresponde àquilo que Pitágoras chamava de theoría ou contemplação. Cheio de admiração e de espanto diante de tudo aquilo que existe e ciente de sua própria ignorância, o filósofo é aquele que, por meio da contemplação, busca conhecer a si mesmo e ao mundo que o cerca. É importante notar ainda que Aristóteles, ao tratar do início da Filosofia, se vale da expressão “agora como na origem”. Ora, ao referir-se, nessa passagem, à “origem”, Aristóteles tem em mente o que podemos chamar de o começo histórico da Filosofia; já quando emprega a palavra “agora”, ele nos remete à necessidade e à atividade de filosofar que compete a cada um de nós, individualmente, independentemente das circunstâncias históricas e das condições particulares em que vivemos. Desse modo, para Aristóteles, a reflexão

filosófica não é uma atividade exclusiva daqueles que oficialmente chamamos de “filósofos” ou que a tradição consagrou como tais, mas sim algo que diz respeito a todos, na medida em que compartilhamos uma razão comum (todos os seres humanos são seres racionais, igualmente dotados de logos) e somos igualmente movidos pelo desejo natural de conhecer. Essas considerações feitas por Aristóteles nos permitem distinguir uma origem existencial da Filosofia (que não é datada nem exclusiva dos gregos, mas compartilhada por todos que pertencem ao gênero humano) e sua origem histórica, sobre a qual falaremos no tópico seguinte. Aristóteles nos diz ainda que o saber filosófico se diferencia de outros tipos de saberes por seu caráter particularmente “desinteressado”. O que ele quer dizer com isso? Vejamos: ele nos diz, como já vimos, que os indivíduos filosofam para se libertarem da ignorância, visto que aqueles que experimentam a sensação de dúvida e de admiração diante do mundo reconhecem que nada sabem.

Ora, diz Aristóteles, primeiramente o ser humano buscou aquele tipo de conhecimento necessário para viver no mundo, para resolver os problemas práticos que sua própria existência no mundo lhe impunha. Trata-se, então, daquele tipo de conhecimento que pudesse lhe trazer algum benefício ou vantagem, que visava à satisfação de suas necessidades imediatas, assim como ao seu conforto e ao seu bem-estar. Tendo conseguido tudo de que necessitava para sua vida prática, continua Aristóteles, o ser humano se lançou na busca de um outro tipo de saber, um saber, ele diz, buscado por si mesmo, e não por alguma vantagem que lhe seja estranha. A esse tipo de saber Aristóteles dá o nome de Filosofia. Dizer que o saber filosófico é “desinteressado” significa que ele não é regido pelo imperativo da utilidade, da aplicabilidade imediata, da eficácia (como é o caso dos saberes das diversas ciências que conhecemos). O pensar filosófico, diz Aristóteles, é um tipo de saber que é um fim em si mesmo e, portanto, livre, assim como dizemos que é livre o indivíduo que não está submetido à vontade de um outro indivíduo.

TÁ NA MÍDIA

O Show de Truman. O Show da Vida. Neste filme, Jim Carrey é Truman Burbank, um homem aparentemente comum, que acredita viver uma vida bastante simples até descobrir que tudo ao seu redor não passa de uma farsa televisiva montada para o entretenimento do mundo inteiro. O processo de descoberta de si vivido por Truman, assim como sua curiosidade e eterna busca de respostas, é um exemplo do modo de ser e de pensar propriamente filosóficos.

APLICATIVO

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FILOSOFIA | Capítulo 1

VERSÃO PRELIMINAR: SUJEITA A REVISÃO DE CONTEÚDO, DE LÍNGUA E DE LAYOUT.

Para Aristóteles, o saber filosófico é desinteressado na medida em que responde a uma necessidade existencial do indivíduo enquanto ser humano. Essa qualidade atribuída a esse tipo de saber é, antes de tudo, uma forma de diferenciá-lo dos outros saberes ou das outras formas de conhecimento (as que hoje denominamos “ciências”) e de estabelecer uma hierarquia entre elas: um saber é mais perfeito quanto mais ele disser respeito às necessidades mais fundamentais do espírito humano, necessidades essas bem diferentes daquelas que dizem respeito à subsistência, ao conforto material, à posse de bens e a outras utilidades práticas da vida. O filósofo alemão Karl Jaspers (1883-1969) alertou para o equívoco de se considerar que a Filosofia não teria nada a nos dizer hoje e de que careceria de qualquer “utilidade prática”. Assim, aqueles que dizem que “a Filosofia é algo muito difícil: não é para mim” ou ainda “quero fazer algo útil na vida, sendo advogado, médico, astronauta, empresário, etc., e, por isso, a Filosofia não me diz respeito” enganam-se a respeito do que é a Filosofia e acerca de sua importância. Para Jaspers, dizer que a Filosofia é inútil é o mesmo que dizer que é inútil o interesse pelas questões fundamentais da vida.

“Todo aquele que se dedica à filosofia quer viver para a verdade. Vá para onde for, aconteça-lhe o que acontecer, sejam quais forem os homens que ele encontre e, principalmente, diante do que ele próprio pensa, sente e faz – está sempre interrogando. As coisas, as pessoas e ele próprio devem tornar-se claros a seus olhos. Ele não se afasta de seu contato. Ao contrário, a ele se expõe. E prefere ser desgraçado em sua busca da verdade a ser feliz na ilusão. ” JASPERS, Karl. Introdução ao pensamento filosófico. 9 .ed. São Paulo: Cultrix, 1993. p. 141.

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

01

4

Considerando o modo como Pitágoras e Aristóteles concebem a Filosofia, escreva um pequeno texto mostrando a diferença entre a utilidade prática do conhecimento científico e o caráter “desinteressado” do saber filosófico.

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