Grandioso e acessível

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Sandra Lima reflete sobre o Deus misterioso que se revela nas Escrituras e no chão de nossa história, por vezes tão discretamente e em dias tão nebulosos que temos dificuldade de perceber sua amorosa providência, ou tão assustadoramente que não discernimos sua poderosa mão providenciando um final proveitoso. A leitura deste livro edifica e fortalece nossa fé, pois a autora nos convida a refletir com maior profundidade sobre as ações de Deus, não só na grande história da humanidade e da salvação, mas na história de cada um de nós. Essa reflexão da minha amiga Sandra capacita-nos a perceber que Deus usa desde simples e claras manifestações de sua graça até as situações mais “estranhas” para nos abençoar, mas sempre da melhor forma e para sua glória e nosso bem. Após a leitura desta obra, você perceberá mais claramente que o Deus dos céus e da terra, que nos ama, é ao mesmo tempo grandioso e acessível. Sérgio Ribeiro Diretor da Juvep


Falar da vida da missionária Sandra Lima é descrever o vaso nas mãos do Oleiro. O cristianismo protagoniza um mundo transformado em consequência de pessoas que foram transformadas pelo grande Oleiro que continua trabalhando o barro de nossa vida. O desejo de meu coração é que este livro produza todo bem e edificação que produziu na vida da autora. Marcone de Carvalho Santana Pastor da IEC — Pombal (PB)

Teologia abstrata não é teologia cristã de base trinitária. Esta tem relação visceral com a vida, com o mundo, com as pessoas e com a prática, ou seja, é teologia encarnada. Na presente obra, a autora reflete de maneira simples e relevante sobre teologia e seu alcance existencial, tendo como referência a própria experiência de vida. Minha gratidão à missionária Sandra, companheira de fé e amiga, por essa iniciativa oportuna e renovadora para a igreja. Josemar Guedes Pastor da IEC — Cajueiro Seco (PE)


Sandra Lima

Reflexões sobre Deus: seus mistérios e sua presença


Sumário Prefácio............................................................................................... 11 Introdução........................................................................................... 13 Primeira parte Misterioso, mas conhecido 1. O Deus das Escrituras e nossa crise............................................... 19 2. A grandiosidade de Deus e as percepções humanas...................... 29 3. Perdidos e achados em nossas reflexões......................................... 37 4. O que Jó contemplou?................................................................... 43 Segunda parte Invisível, mas real 5. A contemplação da invisibilidade de Deus e o espetáculo de sua existência..................................................... 53 6. Ele é meu Deus, e não duvidarei disso!......................................... 61 7. Ele não apenas existe, mas está agindo.......................................... 67 Terceira parte Suas marcas são visíveis 8. Por onde passa, ele sempre deixa marcas....................................... 73 9. O Deus de mistérios nos bastidores da história da humanidade... 77 Apêndice: Alguns sinais da atuação de Deus...................................... 85 Referências bibliográficas...................................................................... 91


Introdução

Refletir sobre Deus, a respeito de quem exatamente ele é (sua forma, seu tamanho, seus pensamentos), é como querer descobrir todos os segredos do universo. É a tarefa mais árdua, incompreensível e inatingível da humanidade. No entanto, sua revelação aos homens ora nos surpreende, ora nos constrange, uma vez que o Deus absconditus (misterioso) se torna o Deus revelatus (revelado). Nessa revelação, o Verbo de Deus assume a forma de servo, torna-se em semelhança humana e se apresenta no mundo dos homens (Fp 2). E, por causa de seu amor encarnado em Cristo, somos convidados a conhecê-lo. “Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos” (1Tm 1.17). Quanto a nós, homens e mulheres limitados que somos, ao dialogar sobre o Deus revelado discutimos sobre sua existência, seu amor, seu cuidado, seus atributos e tantos outros conceitos que ora alegram nosso coração, ora nos perturbam profundamente. Atordoados, sem conseguir livrar-se da ideia de um Ser supremo e superior, uns gritam,


G randioso

e

A cessível

outros ficam emudecidos, outros ainda se alegram, o louvam, o adoram e o servem de todo o coração. E quase todos, em algum momento da vida, arrancam do mais íntimo do ser tempestuosas indagações: “Onde ele está? Que tamanho tem? Como ele é?”. Múltiplos questionamentos são feitos diariamente pela humanidade sobre o Senhor do universo. Até as criancinhas perguntam sobre ele, mas é delas que sai o “perfeito louvor” a Deus (Mt 21.16). Apesar das muitas e incansáveis controvérsias em torno do assunto, não podemos negar — e a história confirma tal verdade — que pensar em Deus atentando para sua Palavra é trazer bálsamo para a alma, mas também significa provocar um vendaval nas ideias humanas, certezas no meio de dúvidas e incertezas entre as afirmações e assertivas humanas. Nesse sentido, desejar exprimir pensamentos sobre Deus ou dialogar com ele e a respeito dele requer muita cautela. É o trabalho mais meticuloso que alguém se propõe fazer, pois é o finito descrevendo o Infinito, o pequeno contemplando o Maior, o imperfeito querendo entender a Perfeição — enfim, é o homem falando do Divino. No desejo de escrever sobre esse Ser misterioso e ao mesmo tempo tão próximo do ser humano, fiquei inicialmente aturdida, emudecida, pois fui desafiada pela minha pequenez. Não sabia por onde começar nem o que dizer, contudo o Deus de toda sabedoria me guiou ao longo desta reflexão. Este livro originou-se em momentos de grandes crises. Quando pensei que estava me distanciando de Deus,1 paradoxalmente ele estava apenas me aproximando dele ainda mais. Em meio aos meus conflitos, parei para refletir sobre o Deus absconditus e observei que as indagações e as reflexões a respeito dele não eram só minhas, mas também de todos os que desejam se aproximar de Deus. 1 Daqui em diante, quando me referir a Deus, estarei fazendo menção a Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Reporto-me dessa forma por entender que as Escrituras ensinam que só temos acesso à presença do Pai por intermédio do Filho. E o Espírito Santo traz luz ao nosso entendimento para que compreendamos as verdades bíblicas. João, no livro de Apocalipse, tem uma visão muito clara dessa unidade: ele vê uma multidão adorando tanto ao Pai quanto ao Filho. A mesma adoração dirigida ao Pai é direcionada também ao Filho. E o Espírito Santo nos deixa prontos para adorarmos. Não podemos pensar em Deus sem as pessoas de Jesus Cristo e do Espírito. De fato, é uma unidade em três pessoas distintas, mas de mesma substância e natureza.

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I ntrodução

Assim, nessa linha de pensamento, absorta em sua infinita grandeza, incomparável beleza e poder majestoso, tive toda cautela para tornar este texto o mais claro e agradável possível. Minha esperança com esta reflexão é que Deus alcance o coração do leitor, restaure suas forças quando estiver sem nenhum vigor, renove sua fé quando se achar abatido e organize seu mundo interior quando não souber mais o que dizer ou fazer. Dividi a obra em três partes, cada uma contendo subdivisões, com o propósito de costurar a colcha de retalhos que estava diante de mim. Na primeira, detive-me no paradoxo que se estabelece quando pensamos sobre a pessoa de Deus, pois como Alguém tão grandioso e intocável pode ser conhecido e tocado? Como pode alguém estar tão distante e tão perto ao mesmo tempo? Nessa parte, tive como referência os pensamentos de Agostinho, do qual pude depreender algumas ideias, e as experiências vividas pelo patriarca Jó,2 por encontrar nele manifestações visíveis de um homem que declarou ter visto a Deus (mas o que ele viu?). Na segunda parte, após ter “abordado” a situação conflitante, desejo levar o leitor a contemplar a invisibilidade do Senhor dentro daquilo que ele é: real/ existente. Busco fazer isso evocando algumas teorias filosóficas e especialmente bases bíblicas, com a finalidade de refletir sobre a segurança do que é esperar no Deus autoexistente, que está além do que nossa razão, nossos olhos e nossas crises queiram delimitar. Na terceira parte, menciono alguns acontecimentos históricos com o propósito de mostrar as marcas de Deus na vida cotidiana dos seres humanos, no campo político e social e nas realizações corriqueiras. O Senhor sempre está agindo, seja de forma visível, seja nos bastidores da história, para conduzir os acontecimentos e cumprir seu querer. Desse modo, almejo com esta obra aproximar o leitor do Deus Soberano, na certeza de que ele, o Senhor dos céus e da terra, apesar de toda a sua Grandeza e Suficiência, tem prazer em nos levar nos seus braços e nos acolher em seu colo, como crianças desmamadas. Como afirma o profeta Isaías: “Como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamentam ele guiará mansamente” (Is 40.11). 2 Faço menção ao patriarca Jó aceitando a concepção teológica de que ele foi um personagem histórico.

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