Era Outra Vez

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Apresentação: Esse livro é parte do projeto cultural “Era Outra Vez”, composto também por uma peça teatral. O projeto visa incentivar o desenvolvimento de hábitos de leitura na infância através da ludicidade. Idealizado com o objetivo de acompanhar as ações de incentivo à leitura já existentes, aborda o tema a partir de clássicos literários que fazem parte do imaginário coletivo, repletos de elementos culturais enriquecedores à formação humana. Para compor o livro foram especialmente escolhidos, adaptados e ilustrados três contos menos conhecidos de grandes autores de clássicas histórias infantis.

São eles: Cereja, A Noiva Rã – Hans Christian Andersen Rei Barba Horrenda – Irmãos Grimm A Roupa Nova do Imperador – Hans Christian Andersen Adaptação: Marina Medeiros Branco Ilustração: Felipe Rostodella Mais informações sobre o projeto em: www.projetoeraoutravez.com.br


Sinopse: Cereja, a Noiva Rã (Hans Christian Andersen) Conta a história de Cereja, uma bela jovem que é enfeitiçada e transformada numa pequena rã. Após ajudar um jovem príncipe em três grandes desafios, ela revela o poder da confiança. Rei Barba Horrenda (Irmãos Grimm) Em um reino havia uma princesa difícil de ser agradada e que gostava de zombar das pessoas. Após despedir-se do conforto do castelo, ela passa a viver uma nova vida, surpreendendo-se com a beleza que existe na simplicidade do amor. A Roupa Nova do Imperador (Hans Christian Andersen) O maior desejo do Imperador era estar sempre bem vestido. Até que um dia dois malandros alfaiates apresentaram ao Imperador um tecido revolucionário. Apenas a honestidade poderá revelar a verdade sobre a nova roupa do Imperador.



Cereja, a Noiva Rã


Era uma vez um rei que tinha trĂŞs filhos. Certo dia, pensando

em escolher seu sucessor, o rei mandou seus filhos conhecerem o mundo para aprender com as diferentes culturas como governar com sabedoria. Perto daquele reino vivia uma jovem chamada Cereja e sua mĂŁe. Cereja, era chamada assim porque gostava muito dessa fruta e, como nĂŁo tinha pomar, nem dinheiro para comprar, sempre colhia cerejas escondida em um pomar vizinho.

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Os príncipes em suas andanças, passaram em frente a casa de Cereja e se encantaram com a beleza da jovem. Começaram uma disputa para decidir quem pediria a mão de Cereja em casamento. Incomodada com o tumulto que os príncipes faziam por causa de Cereja, a vizinha, dona do pomar de cerejeiras, desejou que a bela jovem se transformasse numa rã horrenda. Vendo a imagem transformada, os príncipes desistiram da batalha e voltaram pra casa.

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O rei já estava ficando velho e doente, então decidiu que o filho que cumprisse melhor três desafios por ele passados seria o novo rei. E assim passou a primeira tarefa: “Encontrar um tecido tão fino que um rolo inteiro dele possa passar por dentro de um anel de ouro”. Os filhos partiram pelas estradas a procura do tecido. Os dois mais velhos acompanhados por carruagens e soldados seguiram pelo caminho mais fácil. O mais novo, sozinho, partiu pelo caminho mais difícil.

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Depois de caminhar durante horas, o príncipe mais novo sentou para descansar na beira de um riacho onde uma rãzinha se refrescava. Desanimado e sem esperanças, começou a lamentar da sua má sorte. A rã então perguntou o que havia acontecido. Escutando a história do príncipe, disse que poderia ajudá-lo, mas o príncipe desanimado não acreditou no que ela falava. Então a rã mergulhou fundo no riacho e voltou segurando um pedaço de pano. O príncipe não acreditou que aquele pedaço de pano poderia ser útil, mas colocou-o no bolso e partiu. 9


De volta ao castelo, os três irmãos se reuniram para mostrar ao rei os tecidos que traziam. Os irmãos mais velhos apresentaram muitos tecidos, cada um mais bonito e valioso, porém nenhum deles cumpria a exigência feita pelo rei. O irmão mais novo tirou do bolso o pedacinho de linho que havia se transformado em um rolo de um belo e macio tecido, jamais visto. O rei, surpreendido, passou o tecido por dentro de seu anel de ouro e parabenizou o filho mais novo pelo feito. Sendo assim, passou o segundo desafio aos filhos: “Tragam-me um cãozinho tão pequeno que caiba na casca de uma noz”. 10


Os filhos então partiram. Os mais velhos acompanhados por mais carruagens e soldados partiram pelo caminho mais fácil; o mais novo foi sozinho pelo caminho mais difícil. Chegando ao riacho o príncipe mais novo sentou para descansar, e lá encontrou a rãzinha que o havia ajudado. Contou a ela sua história. A rã, então, mergulhou e voltou trazendo uma castanha, dizendo para que o príncipe a quebrasse com cuidado quando chegasse a hora. O príncipe não acreditou que aquela castanha pudesse ser útil, mas a colocou no bolso e partiu. 11


Chegando ao castelo viu que seus irmãos traziam cachorros de todos os tamanhos, cores e raças e os apresentavam para o rei. Porém, por menores que fossem, nenhum deles cabia numa casca de noz. O irmão mais novo, na sua vez, pediu para seu pai quebrar com cuidado a casca da castanha que trazia em seu bolso. A grande surpresa foi quando de dentro da castanha saiu um pequeno e gracioso cãozinho latindo. O rei surpreendido parabenizou seu filho e logo revelou a todos o terceiro desafio: “Quem trouxer até o castelo a mais bela dama receberá a coroa de rei”. 12


Os irmãos então partiram da mesma forma como haviam feito das outras vezes. O irmão mais novo chegando ao riacho, logo procurou a sua amiga rã, mas desconfiou que ela não pudesse ajudar nessa última tarefa. Sua surpresa foi quando ela disse para que ele seguisse seu caminho de volta, pois a mais bela dama o acompanharia. Ao longo do caminho notou que estava sendo estranhamento seguido, mas continuou andando. Chegando ao castelo viu o salão cheio de belas moças trazidas de todo o reino por seus irmãos, mas confiou no que lhe dissera a rã. 13


De repente, surge em frente ao castelo uma linda jovem. O príncipe mais novo logo reconhece que era Cereja, por quem seu coração ainda palpitava. Corre até ela e ao lhe segurar a mão sente sua pele fria, reconhecendo que a bela jovem é também sua amiga rã e a apresenta para o rei como a mais bela jovem. O rei e toda corte concedem à Cereja a coroa de mais bela. O príncipe recebe a coroa de rei e finalmente se casa com Cereja. E os dois viveram uma vida longa e feliz.

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Rei Barba Horrenda


Era uma vez um poderoso rei que tinha uma única filha. O rei

queria muito casar sua bela filha, mas nenhum pretendente agradava a princesa, que era muito arrogante. Um dia o rei fez uma grande festa e convidou todos os reis, príncipes e duques da região para que sua filha pudesse escolher com quem se casaria. Porém, a princesa observando todos os pretendentes convidados começou a zombar de cada um deles, fazendo de cada característica uma piada. Zombou especialmente de um bondoso rei: - Olhe só a barba desse homem! Parece um esfregão velho e sujo! Seu nome deveria ser Barba Horrenda! 16


O rei ficou muito envergonhado com o comportamento da filha e decretou que ela se casaria com o primeiro homem que batesse a sua porta. Depois de alguns dias, apareceu no palácio um pobre músico, e o rei cumpriu sua palavra, oferecendo a mão da princesa em casamento. Mesmo com o choro e as súplicas da princesa, o casamento foi realizado.

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Depois da festa de casamento, o rei disse a sua filha que ela deveria se preparar, pois de agora em diante acompanharia o seu marido. Ao longo do caminho a princesa inconformada chorava e resmungava. Por onde quer que passasse, ela perguntava ao músico a quem pertencia tal lugar, e a resposta era sempre a mesma: “Esse lugar pertence ao Rei Barba Horrenda”. E assim, a princesa a cada passo se arrependia mais de não ter se casado com o bondoso rei barbudo. Finalmente chegaram a um casebre e a princesa logo percebeu que não teria empregados. 18


Na manhã seguinte o músico acordou a princesa bem cedo e disse a ela que precisavam de dinheiro para sobreviver e, por isso, deveriam trabalhar. O músico trouxe ramos de salgueiro para a princesa tecer cestos, mas isso deixou as mãos da princesa doloridas. Trouxe então fios para a princesa fiar, mas os fios cortaram os dedos da princesa. Por fim, decidiu que traria pratos de louça para a princesa vender no mercado. Mesmo envergonhada, a princesa montou uma barraca no canto do mercado para vender as peças. 19


A barraca de louças da princesa ia muito bem. Mas, numa manhã, um dos soldados do rei, que passava pelo mercado, perdeu o controle de seu cavalo e, esbarrando na barraca montada pela princesa, quebrou todas as peças de louça expostas para serem vendidas. A princesa desconsolada com o estrago foi chorando contar ao marido o que havia acontecido. E o músico tratou de arrumar um novo emprego para a princesa. A partir de agora ela seria a auxiliar da cozinheira no castelo do rei Barba Horrenda.

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A princesa passou longos dias trabalhando na cozinha do castelo, até que um dia todos preparavam uma grande festa para o casamento do rei. Arrependida por tê-lo tratado tão mal quando ainda vivia com seu pai, a princesa foi espiar onde estava o rei, pois pretendia pedir desculpa por suas ações. Quando estava saindo encontrou o rei Barba Horrenda vestido em belas roupas. Pensou que seria um bom momento para se desculpar, mas no mesmo momento o rei a convidou para dançar no baile. 21


Durante a dança a princesa reconheceu que o Rei Barba Horrenda era também o seu marido músico, que vivia com ela no casebre. Ao perceber o susto que a princesa levara ao ter lhe reconhecido, o rei contou-lhe que havia feito tudo isso porque a amava e queria ensinar a princesa que de nada lhe valia toda arrogância. Feito isso, toda a corte se reuniu em felicidade para festejar o verdadeiro casamento da princesa com o Rei Barba Horrenda.

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A Roupa Nova do Imperador


Era uma vez um imperador muito vaidoso. Ele gostava tanto de

roupas novas e bonitas que gastava todo o seu tempo e dinheiro comprando-as. Certo dia apareceram na cidade dois forasteiros que se apresentaram ao povo como excelentes tecelões. Em pouco tempo haviam espalhado por todos os cantos da cidade notícias sobre as propriedades mágicas do tecido com que trabalhavam, até que a notícia chegou aos ouvidos do imperador, que sem demora chamou-os até seu castelo para conhecer o famoso tecido. 24


Chegando ao castelo os tecelões trataram de apresentar o tecido. Grande foi a surpresa do imperador quando os tecelões abriram a caixa onde guardavam o tecido. “Não há nada” – pensou. Segundo os malandros tecelões o tecido era mágico e, mesmo quando transformado em peças de roupa, continuava invisível aos olhos daqueles que não desempenhassem bem suas tarefas ou que fossem pouco inteligentes. Disfarçando sua surpresa, o imperador encomendou aos tecelões o mais belo traje que pudessem fazer. 25


Sendo assim, os dois homens passaram dias fingindo trabalhar no traje especial do imperador. Tiravam medidas, mexiam com tesouras e agulhas, mas todos que se aproximavam da sala de trabalho dos falsos tecelões nada viam, porém, nada perguntavam. Alguns homens que passavam por lá, por medo de serem julgados incompetentes ou pouco inteligentes, até elogiavam o belo trabalho de costura dos malandros. Ao fim de algum tempo, o imperador já estava curioso para ver como estava sua nova veste e enviou o seu mais honesto ministro para conferir a obra. 26


Chegando à tecelagem onde trabalhavam os malandros o ministro levou um grande susto. Por mais que abrisse seus olhos, não conseguia ver coisa alguma da tão esperada roupa. Pensou: “Será que sou um estúpido?”. Mas guardou o pensamento para si, pois não gostaria de assumir ao imperador sua incompetência. Levou ao imperador as melhores notícias possíveis. Disse a ele que a roupa estava magnífica e que ainda não havia visto nada tão belo.

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Mais tarde, o imperador mandou outra honesta funcionária para ver o andamento do trabalho e saber quando sua encomenda estaria pronta. E grande foi também a surpresa dela quando olhou para os teares e nada viu. Pensou: “Será que não sou competente o bastante para exercer minha função?”. Mas não dividiu esse pensamento com ninguém, pois não gostaria que desconfiassem de sua inteligência. E não paravam de chegar ao imperador boas notícias sobre a qualidade de sua roupa nova. Todos na cidade elogiavam suas cores, a maciez do tecido e a beleza do corte. Foi quando o próprio imperador decidiu ver com seus próprios olhos a vestimenta em produção. 28


No dia seguinte, o imperador e alguns servidores cuidadosamente escolhidos foram visitar os tecelões que estavam trabalhando a todo vapor. Chegando à sala todos cuidaram de exclamar suas opiniões sobre a obra. “Que tecido esplêndido” – exclamou o velho ministro. “Veja o padrão, majestade! Observe as cores!” – disse outro servidor. O imperador pensou: “Mas é terrível! Não vejo nada! Serei eu incompetente e estúpido?”. Mas guardou esse pensamento para si e tratou de elogiar também. 29


Durante vários dias o assunto de toda a cidade foi a nova roupa do imperador. E depois de dias e noites fingindo trabalhar em seus teares, os impostores anunciaram: “A roupa está pronta!”. Então, cuidadosamente, o Imperador vestiu as belas roupas imaginárias e preparou-se para o desfile. E partiram todos para o grande cortejo, fingindo ver as vestes.

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As ruas estavam repletas de pessoas curiosas para ver a grande obra de arte que o imperador vestia. E a cada passo que dava escutava um elogio para sua nova roupa. “Como é maravilhosa!”. “Que elegância!”. “Que magnífico está o imperador!”. Quando, de repente, escuta-se claramente a voz de uma criança espantada: - O imperador está nu!

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E o murmúrio se espalha por toda a cidade. Todos repetiam as palavras do menino, até mesmo o imperador acreditou que eles deveriam ter razão, mas pensou “Não posso parar agora, senão estrago o cortejo”. O imperador, então, continuou andando como se nada tivesse acontecido.

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