Rústicos

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Rústicos Elvira Maria




Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Limberger, Elvira Maria Cerbaro Rústicos / Elvira Maria Cerbaro Limberger. -- 1. ed. -- Campinas, SP : Ideia Coletiva, 2021. PDF ISBN 978-65-995539-1-2 1. Poesia brasileira I. Título. 21-74865

CDD-B869.1 Índices para catálogo sistemático:

1. Poesia : Literatura brasileira B869.1 Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129




Lá vai uma mulher, mal vestida e despenteada. Uma sandália feia (comprada na promoção). Cabeça baixa, olhar triste uma mochila nas cosas. Chega na primeira casa bate palma e diz quem é diz um bom dia com sorriso. Assim passa o dia, Trabalhando sem parar. Procura encontrar forças, para sua casa voltar. O lar dos seus sonhos, ela nunca conquistou. O marido bêbado e grosso só sabe brigar e xingar. Suportou durante anos esta vida dura e triste. Agora parte e vai ao encontro de Deus que dela tem piedade. Levou-a para o céu, ser feliz na eternidade. Descansa em paz mulher que teu exemplo vai ficar.


Fiz uma viagem estranha por dentro do meu coração pensando em encontrar coisas lindas só encontrei destruição. Quando plantei sonhos e amor esperei colher felicidade.

A dor de encontrar destruído.

O jardim estava morto as flores viraram feridas parei na entrada da porta. Não tive coragem de entrar.

Tranque a porta e a chave joguei fora. Com passos lentos e tristes na escuridão eu fui embora.


Marido, pega a cadeira. Senta aqui para conversar. Tenho tempo para te ouvir, pode desabafar. Conta tudo o que sentes, por favor não esconda nada. Sempre fui tua companheira não me deixe desamparada. Ainda triste e distante não fala quase nada. Como posso ser feliz vendo essa cara amarrada? Eu tenho que te dizer assim não vai continuar. Ou você se recompõe, ou eu vou te abandonar.


O bêbado tem duas caras: uma em casa, outra no bar. Em casa é bruto e triste já no bar só quer festejar. Em casa maltrata a esposa os filhos quer espancar. No bar conta com orgulho que tem uma família exemplar. Em casa reclama de tudo, nada está em seu lugar. No bar fala, com orgulho, que não tem do que se queixar. A esposa do bêbado sempre diz que não tem mais alegria. Enquanto o dono do bar serve o bêbado com euforia.


Estou aqui sozinha, triste e abandonada. Dediquei minha via a você e em troca não recebi nada. Você fala forte e grosso como se fosse o dono da verdade mas dento de ti esconde muitas traições e crueldade. Me traiu quando jovem sem dó nem piedade. Só esqueceu que um dia chegaria a terceira idade. Está velho e triste, sem rumo nem direção, mas não perdeu o costume de magoar meu coração.


Sou mulher, um bicho triste. Não sei porque Deus colocou você na minha estrada. Conquistou meu coração com carinho e amor. O tempo passou, só restou dor e sofrimento. A nossa música está tocando e passa um filme em minha mente. Sozinha, triste e amargurada eu me pergunto o que você ainda sente.


Fumo mais um cigarro, tomo mais uma cerveja. Trancada entre quatro paredes para que ninguém me veja. Pego o papel e a caneta me ponho a desabafar. Só assim eu consigo minha tristeza contar. Tornei-me uma mulher fria sem amor e sem tesão. A culpa é toda sua por maltratar meu coração. Nem alegria nem riqueza. Só o que me restou foi amargura e tristeza. Chegas em casa bêbado dando uma de machão não percebes que eu estou morrendo de solidão.


Tristeza é como um bichinho que vai roendo. Bem aos poucos, o coração de tristeza vai morrendo. Passam dias, passam meses passam anos, passa a vida. A tristeza me acompanha e eu a cada dia, mais desiludida. Eu fiquei assim tão triste porque eu sonhei demais. Te amei tanto na vida e me amar não fostes capaz.


Quantas lágrimas derramei por te amar e te querer coloquei tudo em suas mãos. Lágrimas não vou mais derramar. Por todo meu sofrimento um dia você há de pagar. Pensou que era o dono do mundo, da verdade e da razão. Quando chegar a hora, Lágrimas irão brotar do seu coração.


A fumaça do meu cigarro vai para o ar e some. O que eu mais quero na vida é poder esquece teu nome. Uma chuva cai e mansinho na noite fria e gelada. Na minha cama sozinha, quando você chegar nem sei como te receber. Com certeza estará bêbado e não vai me entender.


A noite está chegando e o coração bate mais forte. Sinto um vazio imenso saindo de dentro do peito. A solidão é triste. Pergunto se a felicidade existe e quando ela vai chegar. Se existisse um remédio que cura a solidão, certeza que daria um jeito de alegrar meu coração.


Ser mãe é parte de um livro vários capítulos escritos mas de todos, eles dizem que ser mãe é o mais bonito

Meus filhos foram pra longe em busca de seu futuro mas eles não têm ideia de quanto pra mim isso foi duro

Quando eles telefonam eu falo alegre e feliz depois desabo a chorar. Ter eles pertinho é o que eu sempre quis.


Meu filho compre a passagem e venha logo me ver. Se demorar muito tempo de saudades vou morrer. Quando você viajou dentro de um avião enorme, senti uma dor no peito. Chorando gritei seu nome. Você foi para tão longe, mas dentro do meu coração continua um menino risonho. Sinto muita saudade de te abraçar e beijar. Já está chegando o dia de poder te reencontrar. Todo domingo espero o telefone tocar É o dia de ouvir sua voz para o meu coração se alegrar.




Ideia Coletiva 2021



Filhos criados e longe de casa, o marido no bar. Rimas cotidianas para momentos cotidianos da vida de tantas mulheres. Um recorte de dor e abandono.

Elvira Maria Nascida no Rio Grande do Sul e crescida no interior do Paraná. Viúva, tem dois filhos e um neto.


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