Catálogo: A máquina humana

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AMÁQUINA HUMANAEuclidesFernandes

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Edição | SBID-Serviço de Biblioteca e Informação Documental

Produção e Coordenação Editorial | Rute Marchante Pardal

Textos | Euclides Fernandes, Rute Marchante Pardal

Revisão Textos | SBID.UÉ

Design Gráfico | Pedro Lopes - Divisão de Comunicação da UÉ

Curadoria | Rute Marchante Pardal

Execução e Montagem da Exposição | SBID.UÉ

Contactos Gerais | SBID – Serviços de Biblioteca e Informação

Documental

Universidade de Évora, Largo dos Colegiais, 2. 7004-516 Évora

Telefone dinamização cultural SBID | 266 740 813

E-mail | din-cultural@bib.uevora.pt

Agradecimentos | Reitora UÉ, Administradora UÉ.

O artista agradece à Universidade de Évora, ao mestre Maiomona Vua, que o instruiu na arte de pintar e desenhar, ao seu amigo e artista Kizembe, a Félix de Lemos, e aos restantes amigos e família.

O presente Catálogo foi publicado por ocasião da Exposição, A Máquina Humana, de Euclides Fernandes, inaugurada no dia 23 de junho de 2023, nos espaços do corredor da sala das Bellas Artes dos SBID-Serviços de Biblioteca e Informação Documental, no Colégio do Espírito Santo da Universidade de Évora.

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a máquina (des)umana

A exposição intitulada, A Máquina Humana, é uma proposta artística de Euclides Fernandes, artista plástico e aluno do curso de Artes Visuais e Design da Escola de Artes da Universidade de Évora. Esta é uma exposição que é agora apresentada nos espaços da Biblioteca, e é o resultado de um trabalho que traduz uma abordagem pictórica futurista, onde o artista reflete a imagem de um homem-máquina que gradualmente se distancia da sua génese original.

Como resultado da revolução tecnológica, progressivamente, máquinas e sistemas operativos em rede, baseados na IA inteligência artificial, têm acelerado a automatização da sociedade e da economia, levando a um gradual distanciamento de um saber fazer orgânico, cada vez mais separado de um saber fazer integral. Expectantes, assistimos a uma transformação galopante de modos de ser, de estar e de fazer coletivo, que muito têm contribuído para as alterações que temos vindo a presenciar nas sociedades contemporâneas, e com impactos a diferentes níveis, quer ao nível relacional e filosófico, quer ao nível económico-social, e ambiental, como também ao nível do ensino e da investigação científica, e da própria psicodinâmica do trabalho. Nesse sentido, e segundo esta abordagem, o trabalho artístico de Euclides Fernandes, se por um lado se foca na vontade de partilhar e dar a conhecer a sua expressão artística (moldada que está pela revolução tecnológica em curso), por outro lado procura evidenciar, também, uma narrativa que coloca em luz um homem-máquina que, afetado pelo distanciamento do que lhe é natural, se vê a braços com uma crise de valores, e se sente na necessidade de se (re)colocar numa posição de consciência e reflexão.

Ao mesmo tempo que as novas tecnologias assumem um papel determinante nos processos societais, e prosseguem o seu rumo histórico e o seu percurso evolutivo, instituições e pessoas tornamse beneficiárias, mas também dependentes e reféns, da análise e do cruzamento de dados avançados e da IA inteligência artificial, que molda de forma sistemática toda uma sociedade. Por outro lado,

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e apesar dos contributos fomentados pela nova era Green Deal, os avanços tecnológicos e as necessidades de negócios latentes tornaramse motivo de projeção para determinados setores, mas também de inquietação, uma vez que têm vindo a provocar mudanças radicais nas sociedades contemporâneas em que vivemos, com alterações profundas e bastante significativas, nalguns casos, irreversíveis. Estas, por sua vez, têm resultados impactantes que afetam as dinâmicas relacionais e os diferentes circuitos empresarias e económico-financeiros globais. Quer ao nível do impacto que essa tecnologia de ponta (assente em clouds e em sistemas operativos de rede de alto desempenho) desempenha nos processos de transformação digital/societal, quer ao nível do impacto que causam na própria evolução planetária, e da humanidade no seu todo.

Que evolução/transformação, e que comunicação/relação do homem entre si e o meio, poderemos nós esperar, à medida que a aceleração tecnológica e a sistematização da conexão digital, e da IA evolutiva, centralizar esta odisseia no espaço1? Será possível pensarmos o homemmáquina, com a robótica que tudo resolve e transforma, sem que tenhamos presente o escrutínio fundamental, assente nessa tão incrível analogia da intenção e do afeto, que não é própria da máquina nem da IA, mas tão caraterística dos humanos? Onde e como ficará o pensamento e a ação, quando nos detivermos perante máquinas altamente/ artificialmente inteligentes, criadas para auxiliaram a humanidade, mas que deixam o seu maior capital (as pessoas) de fora?

Rute Marchante Pardal SBID.UÉ Serviços de Biblioteca e Informação Documental

Dinamização cultural| JUN 2023

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1. (sub)referência ao filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick de 1968, e a “Odisseia de Homero” do séc. VIII a.C.

A Máquina Humana

A Máquina Humana é uma exposição que nos procura colocar numa posição de reflexão sobre os efeitos impactantes que as novas tecnologias têm vindo a provocar no modo e na forma como vivemos os dias de hoje. Num mundo em que as máquinas e as novas tecnologias alcançaram um lugar de primazia na gestão do dia a dia de cada um de nós, estando hoje em todos os lugares, e em quase todas as componentes da nossa vida diária; pretendo, com esta exposição, mostrar que o modo como vivemos neste mundo tecnológico acaba por nos influenciar nas formas mais essenciais de sociabilização, deixandonos mais desconexos, apesar da evidente conexão digital, permitindo que as crianças, os jovens, os adolescentes e os adultos acabem por se substituir às novas tecnologias, num uso desenfreado de computadores, videogames e teleséries.

Consciente de que as artes desempenham um papel preponderante na vida social, politica, e cultural de um povo ou de uma nação, e preocupado que estou com esses aspetos caracterizados na minha arte, por meio de ilustrações de banda desenhada, de traço firme e expressivo; acabei por desenvolver o tema ao longo do meu percurso de aprendizado, ficando com cada vez mais interesse e desejo de aprender e desenvolver esses meus trabalhos, através de diferentes técnicas artísticas. Em 2008 passei a frequentar o atelier Disengomoka, no qual tive a oportunidade de experimentar várias técnicas de pintura e trabalhar com diferentes matérias e materiais, com o meu mestre Maiomona Vua, que me orientou e acompanhou durante 13 anos, até que passei eu mesmo a representar os meus trabalhos com figuras e desenhos relacionadas com a mecânica robot. Uma área pela qual sempre tive uma paixão e admiração, de modo que as minhas obras passarem a refletir essa característica singular, quanto à forma de compor e de pintar, formas que ilustram o homem-máquina num mundo que a tecnologia governa.

Consciente de que as artes ocupam um papel determinante no seio de qualquer sociedade, acredito que de alguma forma estou a contribuir para uma filosofia pictórica, com as minhas figuras da mecânica robot,

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numa visão futurista e otimista (que cientistas há muito projetam), que demonstra que, apesar de máquinas e humanos serem seres antagónicos, os dois partilham aquilo que são as competências humanas, num mundo para lá do inimaginável!

Euclides Fernandes JUN 2023

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8 FICHA TÉCNICA Título| QUEM CONTROLA? Técnica| Acrílico sobre tela Dimensão| 135x75
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FICHA TÉCNICA

Título| A MUSA ARTIFICIAL Técnica| Acrílico sobre tela

Dimensão| 60x40

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FICHA TÉCNICA

Título| VIDA HUMANA Técnica| Acrílico sobre tela

Dimensão| 100x50

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Título| S/TÍTULO Técnica| Acrílico sobre tela

Dimensão| 30x30

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FICHA TÉCNICA
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FICHA TÉCNICA

Título| INFÂNCIA DIGITAL Técnica| Acrílico sobre tela

Dimensão| 100x60

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FICHA TÉCNICA

Título| MÁQUINAS AVANÇADAS Técnica| marcador e aquarela sobre tela Dimensão| 50x40

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FICHA TÉCNICA Título| TECNOWORLD Técnica| aquarela sobre tela Dimensão| 80x40
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FICHA TÉCNICA

Título| INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Técnica| aquarela sobre tela

Dimensão| 44x90

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24 FICHA TÉCNICA Título| ARTIFICIAL Técnica| Acrílico sobre tela Dimensão| 40x38
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TÉCNICA
FICHA
Título| APARÊNCIA Técnica| aquarela sobre tela Dimensão| 44x40
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NOTA BIOGRÁFICA

Euclides Hednezer Gomes Fernandes, Natural de Luanda, nasceu no Município das Imgonbotas a 20 de setembro de 1993, em Angola.

Desde muito pequeno que despertei para o interesse pelas artes, e sempre me maravilhei com as obras de artes que via nos filmes e nas séries televisivas, perguntando-me se um dia seria capaz de conseguir fazer o mesmo.

Aos 15 anos entrei para o estúdio Olindomar, depois de pedir muito à minha Mãe, e foi lá que começei a dar os meus primeiros passos, mais construtivos, no que diz respeito à arte de desenhar e pintar. 2010 foi um dos anos mais importantes para mim, porque foi nesse preciso ano que vim a conhecer aquele que se tornaria no meu grande mestre, o mestre Maiomona Vua, ou, como eu gosto de chamá-lo, o mestre Maiyo. Com ele aprendi tudo o que sei sobre as artes, ao nível da Pintura, do Desenho, da Cerâmica e muito mais.

Em 2012 ganhei o meu primeiro concurso de desenho organizado pelo governo de Luanda, em alusão ao aniversário da cidade, e em 2014 fui o vencedor do prémio de artes, organizado pela Embaixada da Itália, em Luanda, no setor dos jovens. No mesmo ano de 2014 tornei-me membro da UNAP - União dos Artistas plásticos de Angola, e em 2015 entrei para o CEART - Instituto Médio de Artes de Luanda, onde fiz o meu curso médio de artes plásticas, na especialidade de pintura.

Exposições

2012 A minha primeira exposição coletiva organizada pela embaixada da Itália em Luanda

2014 A minha segunda exposição coletiva organizada pela embaixada da Itália em Luanda

2016 Exposição coletiva organizada pela UNAP

2017 Exposição de Jovens organizado pela UNAP em alusão ao dia da Juventude

2018 A minha primeira exposição individual, intitulada A Máquina Humana

2018 Concurso de artes plásticas Ensa ART- Seguros de Angola Encontro de Artes Plásticas

2020 Concurso de artes plásticas Ensa ART

2019 Exposição coletiva na Galeria Tamar Golan com os artistas Jardel Selele, Uolofe Griot, Marques e Quisha Kipito

2020 Exposição coletiva de Natal organizada na galeria da Escon

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