I PARTE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: A CULTURA DA EXCLUSÃO EM PROCESSO Acácia Maria Costa Garcia, Universidade Estadual da Paraíba Este trabalho objetiva socializar os resultados de uma pesquisa sobre avaliação, realizada em séries iniciais do Ensino Fundamental, da rede pública de ensino da cidade de Campina Grande Paraíba-Pb, no período 2002-2003. Penetrou-se no cotidiano de três escolas, procurando analisar os significados atribuídos à avaliação da aprendizagem pelos segmentos escolares nela envolvidos, os processos avaliativos utilizados e a relação existente entre avaliação e dinâmica organizacional da escola. A investigação foi conduzida através de observações à prática escolar, dando-se particular relevo ao planejamento, e observações à sala de aula. A utilização de entrevistas realizadas com docentes, estudantes e equipes técnico-pedagógicas das escolas complementaram os instrumentos da pesquisa. Os dados coletados e sistematizados permitiram apreender a força do senso comum na avaliação praticada na escola e traços para a tendência tecnicista, que segmenta o trabalho escolar e exime a educação de um compromisso com a produção de identidades socialmente engajadas no contexto sócio-histórico. A escola, fechada nos limites do seu cotidiano, não se reconhece como organização de trabalho orientada por um princípio educativo e funcionando com um currículo disciplinar, homogeneiza o conhecimento através do livro didático e valida os resultados pedagógicos através de exames. Em decorrência, a avaliação continua mantendo a sua função de instrumento burocrático, reforçador de um processo de dupla exclusão: educacional, quando seleciona os estudantes pelos comportamentos e resultados das aprendizagens, e social, quando utiliza mecanismos de controle para formar consenso em torno dos resultados e induzir à conformação frente à repetência e abandono escolar, ambos potencializadores da exclusão social. UMA VELHA/NOVA DISCUSSÃO: A RELAÇÃO ESCOLA-COMUNIDADE Adir da Luz Almeida , UERJ O debate do significado e importância da participação popular junto às escolas públicas e a necessidade de canais para esta participação é retomado de maneira intensa anos 80/90, do século passado. No cenário acadêmico forte produção sobre políticas públicas consolida um campo de discussão chamado de “gestão democrática”. Porém, ainda é uma produção acadêmica de menos vulto a que se dedica a pesquisar nas políticas públicas implementadas em diferentes períodos da história do país, o papel a ser desempenhado pela escola na relação com a comunidade. Nossa perspectiva de pesquisa vem buscando a relação existente entre as concepções que sustentam as discussões e ações dos anos 80/90 sobre escola-comunidade com o movimento escolanovista, reconhecendo no pensamento e ação de intelectuais a ele pertencente a gênese, no Brasil, dessa relação. Os intelectuais escolanovistas consideravam a escola como “agência reconstrutora da sociedade”. Nessa visão o estreitamento da relação com a comunidade é importante estratégia do trabalho pedagógico. Trabalho de interação e participação através dos pais, onde “toda comunidade é convidada a colaborar na obra educativa (...) a educação assim compreendida é um dos meios naturais, talvez o mais seguro, de provocar mudanças, de criar uma sociedade próspera (...) a sociedade deve sofrer transformações”(1). Implementando políticas nesta direção destacamos Fernando Azevedo, Anísio Teixeira e Arthur Ramos. Fernando Azevedo defendia a importância da relação “ESCOLA-COMUNIDADE”, onde a escola tivesse em sua organização interna “uma forma de vida e de trabalho em comum”, que possibilite ao aluno “a prática da vida social e coletiva, nas suas principais manifestações”.(2) Já na gestão Anísio Teixeira vamos encontrar o estímulo ao self-governmen, em algumas escolas do então Distrito Federal, “através do qual a gestão escolar era realizada pelos próprios alunos, organizados em conselho” e, também, a interação da escola com as famílias e comunidade, através da
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