ROT A Ano 1 - Nº 1
escolha a sua
Pacotes de Viagens Saiba como surgiram e o porquê tem atraído o público brasileiro
Paranapiacaba O cenário inglês e a cultura brasileira moram ao lado
Intercâmbio Conheça as histórias de quem já fez e saiba os primeiros passos para colocar sua viagem na prática
Group 5
EDITORA
MOCHILEIROS Informação, atitude, dinheiro guardado e mochila nas costas... O resto está na estrada e natureza
Editorial
O SEU GUIA TURÍSTICO IMPRESSO
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pós meses de estudo e pesquisa, chegamos à primeira edição da Revista Rota! Foram dias e noites de trabalho árduo em equipe, preparando um material que chegasse às mãos de nossos leitores e os ajudassem na escolha de seu roteiro, de seu entretenimento e cultura, propiciando informações, alternativas, liberdade e muita energia. A cada publicação, traremos a você, respeitado leitor e consumidor, o passo a passo para variados modos de viagem e destino, deixando a seu critério a escolha de passeio. Para isso, desenvolvemos matérias que contemplam desde a tomada de decisão para viajar, até o retorno para casa, transitando por entre as boas e más experiências de quem já passou por esses caminhos. Compartilhar informações é uma de nossas missões e interligar grupos heterogêneos com nosso conteúdo, verossímil e diversificado, é nossa visão. A Revista Rota estará em eventos, feiras de turismo, restaurantes, aeroportos e universidades e meios de transporte público a título promocional. Não há custo algum para tê-la e também fazer parte dessa história. Iniciamos aqui, uma relação de parceria: informações de qualidade – do jeito que você entende e quer ler – em troca de boas experiências em sua viagem. Depois de viajar, conte seu passeio! É você o personagem que compõe a história de nossa publicação. Boa leitura e até as páginas a seguir!
Group 5 - Equipe Rota
Group 5
EDITORA
Editora Chefe Natalya Beatriz Martins Diretora de Arte Daniele Fernanda Natucci Torres Design Marciel de Oliveira Antunes Diretora Comercial Thaiane Liandro Januário
Revista ROTA é uma Reportagem publicação mensal Daniele Fernanda Natucci Torres, da Group 5 editora Luane dos Santos Souto, Marciel A. de Oliveira, Natalya Beatriz Martins, Thaiane L. Januário
Colaboradores Eric Reis Alves, Jean Acêdo Silva, Jéssica Bonato, Lahys Helena Mansano, Luciano Somenzari, Inacio Shibata, Rosângela Lofti
Revisão Natalya Beatriz Martins Thaiane Liandro Januário Impressão Newscomp Tiragem 20 mil exemplares
ÍNDICE
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Viajantes desconhecem os benefícios e vantagens do Seguro de Viagem
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Pacotes de viagens em sites de compras coletivas: Benefício ou Cilada?
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O olhar além do horizonte
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Mochileiros: A rota além dos cartões postais
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Pacotes de Viagens: Beleza que transcende o papel?
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Vá a Santos e veja mais que uma praia, conheça o Tamboréu
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Heranças de uma Ferrovia
Revista Rota
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VIAJANTES DESCONHECEM OS BENEFÍCIOS E VANTAGENS DO SEGURO DE VIAGEM Pensar em contratar um Seguro de Viagem para fora do país pode poupá-lo de dores de cabeça e prejuízos financeiros durante as férias
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O cardápio de opções é diversificado, com ampla abrangência, de acordo com o perfil do viajante e o destino da sua viagem, seja no Brasil ou no exterior. Há planos para quem viaja sozinho com frequência, por lazer ou a negócios, para a família e para executivos a trabalho. Segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), de 2005 a 2012, houve um crescimento na venda do Seguro Viagem que quase quadruplicou ao passar de R$9,5 milhões para R$33,5 milhões. Outra pesquisa realizada pela corretora “TaCerto.com” também fez um levantamento com base nas pessoas que contrataram seguros nos últimos dois anos e elaborou o perfil do viajante que contrata esse tipo de serviço. Os dados mostram que 45% dos segurados são mulheres contra 55% que são homens, com média de idade de 28 a 35 anos. Mas, apesar do crescimento, alguns consumidores desaprovam as políticas e a burocracia dos seguros, uma vez que muitos não são atendidos e, às vezes, ressarcidos pelas asseguradoras.
ada vez mais o brasileiro viaja, seja para o Brasil ou exterior. Muitos deles aderem aos planos de seguros para garantir o passeio, seja para negócios ou para conhecer outro lugar do mundo, mas, nem sempre os turistas sabem o que estão contratando quando o assunto é Seguro de Viagem. Levando em consideração que os seguros são obrigatórios por lei para entrar em diversos países da Europa, esse tipo de serviço se torna indispensável para quem não quer passar por apuros fora ou dentro do país. O Seguro Viagem funciona como um garantidor de pagamento de coberturas com gastos, como internação, extravio de bagagem, custos com remédio etc. Esse tipo de prevenção tem que oferecer, obrigatoriamente, proteção para riscos de morte acidental e invalidez total ou parcial por acidente. Outras coberturas podem ser incluídas, como despesas médicas, hospitalares, odontológicas, diárias por atraso vôo, perda ou roubo de bagagem, danos a malas, entre muitas outras.
Marciel Antunes de Oliveira
Lapatotal.wordpress.com
Fachada do Terminal Intermodal - Palmeiras-Barra Funda
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Vista da bilheteria do Terminal Barra Funda
Política Arquico Pessoal
Arquico Pessoal
reembolso, em caso de despesas médicas em decorrência de acidentes. Quem viaja de ônibus não precisa pagar nada por este seguro, como consta no anexo da Lei N.º 6.194/74, com a alteração dada pela Lei Nº 11.945/09, pois ele já é pago pela empresa prestadora de serviço. Qualquer pessoa envolvida em um acidente com veículo automotor tem direito ao seguro DPVAT. Ele cobre acidentes ocorridos com carros particulares, táxis, motocicletas, caminhões, ônibus urbanos, intermunicipais (rurais e interestaduais) e veículos de terraplanagem. O seguro pode beneficiar os parentes da Apesar de saber da importância do seguro, Márcio Roberto não viaja sem o seguro Solange Couto não aprova sua burocracia. e aprova os serviços prestados. vítima em caso de morte, ou a própria vítima em De acordo com Solange Couto, que teve caso de invalidez, e despesas médicas e hospitalares. A pessoa tem direito ao DPVAT sua bagagem extraviada, além da perda de mesmo que seja culpada pelo objetos de dentro de sua mala, o acidente e mesmo que não atendimento e a burocracia tenha anotado a placa mostram como algumas do veículo e suas seguradoras são informações. É displicentes com os importante seus clientes: salientar que ao “Entrei em contato s o f r e r u m por mais de um mês acidente, devepara ser ressarcida s e j u n t ar o das minhas perdas, máximo de eu estava em d ocumentos Boston, durante a possível: boletim de Ana Cardozo - Viajante viagem, e até agora o c o r r ê n c i a , nada”. testemunhas, laudos Por outro lado, para médicos etc. Marcio Roberto Delben, o Apesar do direito ao DPVAT, muitas seguro foi fundamental para que sua pessoas desconhecem sua obrigatoriedade, viagem fosse agradável: “Fiz o pedido de dois Seguros de Viagem e foi excelente. Tive várias uma vez que, ao entrar no ônibus, em qualquer opções de empresas e preços e, além disso, o rodoviária licenciada, não sabem que estão serviço foi muito rápido, em menos de uma hora assinando o seguro antes de embarcar. Esse é o após o pedido, o Voucher já estava no meu e-mail caso de Ana Cardazo, que viajou para rever parentes em sua cidade natal. Abordada pela com todas as informações necessárias”. reportagem da Revista Rota, no Terminal Intermodal Palmeiras-Barra Funda, a viajante A amplitude do Seguro de Viagem desconhecia o seguro obrigatório: “não sabia que O Seguro de Viagem não se restringe estava assinando uma apólice de seguro, eu apenas aos vôos de avião. Para quem pretende pensava que era para garantir o assento do viajar de ônibus, existe uma apólice obrigatória – o ônibus”. Comprar ou não o plano depende de cada seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por viajante. Há duas opções que podem optar por um Veículos Automotores de Via Terrestre). Esse seguro viagem ou pela assistência de viagem. No seguro paga por todos os veículos automotores (incluindo ônibus) com o objetivo de garantir caso do seguro, a cobertura é por evento, ou seja, o segurado tem direito ao valor integral do plano indenizações em caso de morte ou invalidez e
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airbookblogbr.blogspot.com
em cada situação. Já na assistência, há um limite que é descontado por circunstância. Além disso, em um seguro viagem, não há limite de idade. Na assistência, o usuário com mais de 60 anos pode ter de pagar um acréscimo de 50% no valor do serviço. Para os viajantes que gostam de emoções mais fortes, no seguro viagem há cobertura mundial para todos os esportes de risco. Na assistência, o plano é internacional e só cobre práticas de esqui, por exemplo.
Tipos de Seguros Seguro Obrigatório Os países europeus que assinam o Acordo de Schengen exigem que se comprove na entrada a contratação de um Seguro de Viagem com cobertura de pelo menos 30 mil euros. Como lá uma consulta custa no mínimo 300 euros, a exigência até faz sentido.
Seguro Público Todos os brasileiros que contribuem para o INSS têm direito a assistência médica gratuita no sistema público de saúde dos seguintes países: Portugal, Espanha, Grécia, Itália, Uruguai, Argentina, Chile e Cabo Verde. Para usar os benefícios, antes de viajar é preciso retirar aqui, no Brasil, o seguinte documento: Certificado de Direito a Assistência Médica Durante Estadia Temporária (CDAM).
Cobertura A cobertura contratada e a quantidade de dias da viagem fazem variar o preço do seguro. O mais importante, ao escolher a seguradora, é analisar se o seguro atende suas necessidades e se os valores de reembolso estão dentro da realidade do lugar a ser visitado. Pesquisar bastante é sempre a regra para garantir um bom seguro por um preço razoável.
Cartão de Crédito As operadoras de cartão de crédito costumam oferecer algum tipo de cobertura de seguro para quem compra as passagens com o cartão. Isso, claro, varia entre os tipos de cartão: quem paga mais anuidade vai ter mais benefícios. É importante ler as regras com cuidado para ter certeza de que o seguro oferecido pelo cartão de crédito cobre todos os aspectos da sua viagem.
Seguro DPVAT Para ser beneficiado pelo DPVAT, deve-se fazer contato com uma seguradora levando a documentação necessária.
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agenciat1.com.br
aeroportocongonhas.net
Fachada do Aeroporto de Congonhas
Embarque e descanse com segurança
Como viajar tranquilo com um seguro de viagem
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ão muitas as histórias de pessoas que foram viajar e enfrentaram problemas de saúde, dentários ou até jurídicos, fora atrasos e perdas de conexão, malas extraviadas que não chegaram ao destino, coisas relativamente comuns em viagens. O advogado Raul, praticante de esqui aquático, deslizava sobre as águas em Miami quando caiu e fraturou uma costela. Os custos para se tratar nos Estados Unidos eram proibitivos e a viagem foi interrompida para tratamento no Brasil. Problema similar aconteceu com a blogueira Regina, que ao chegar à Espanha foi acometida por uma dor de canal no dente com nervo inflamado, causada pela pressão no interior do avião. Ninguém pode adivinhar os imprevistos. A diferença entre as duas situações é que Regina tinha adquirido um Seguro de Viagem que proporcionou a ela duas consultas de emergência para resolver o problema. Se fossem pagas por ela, as consultas custariam mais de 500 euros cada uma, mas o Seguro de Viagem, que custou um terço desse valor, arcou com as despesas e deu a ela condições de continuar o passeio. História como estas ilustram a importância de contratar um serviço assim, principalmente, quando a viagem é internacional. No Brasil, há planos de saúde com cobertura nacional ou o SUS, mas fora dele, além da barreira da língua, há falta de serviço público de saúde em muitos países. Antes de embarcar para qualquer viagem internacional, seja de turismo, educação, estágio, trabalho ou permanência por tempo determinado, é fundamental que seja feito um Seguro de Viagem por todo o período de permanência. Ele proporciona assistência médica em caso de enfermidade ou acidente, cobertura de gastos com medicamentos e serviços odontológicos, indenização suplementar à da companhia aérea por perda de bagagem, ajuda em caso de perda de documentos, serviços de localização e identificação de bagagens, auxílio em problemas jurídicos e traslados do corpo em caso de morte e até planos que podem incluir a cobertura de gastos com advogados e fianças no exterior, seguro de cancelamento de viagem, entre outros serviços . Os seguros são feitos na esperança de não serem necessários, mas para se resguardar é importante ter e viajar tranquilo.
Arquiv o Pe s soal
Rosângela Lotfi é jornalista especializada em economia e negócios, mas com múltiplos interesses. Possui experiência e atua em mídias impressas [jornais, revistas] e internet, nos quais produz conteúdos informativos e institucionais. Atua também como ghostwriter.
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PACOTE DE VIAGEM EM SITE DE COMPRAS COLETIVAS: BENEFÍCIO OU CILADA? Venda online têm atraído o público brasileiro nos últimos anos
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O outro lado do clique: entenda como funciona O site de compra coletiva oferece produtos e serviços com um desconto vantajoso para o cliente final. Por exemplo, um site disponibiliza uma quantidade de 30 pacotes de viagens com tudo incluso para o Nordeste do Brasil. Acabando essa quantia a promoção é encerrada. Alguns sites determinam um período de horas em que aquela promoção ficará na página, ou seja, o produto ficará disponível dentro do prazo de 24 horas. Passando esse período, é encerrada a venda, independentemente, de quantos pacotes foram vendidos. Os descontos vão de 15% a 90%, devido à venda ser em quantidade, pois quando se vende mais o preço abaixa. Daniele Natucci
onhecidos no Brasil desde 2010, os sites de compras coletivas caíram no gosto popular pela facilidade da aquisição de objetos e pacotes de viagens por um preço muito abaixo do mercado. Algumas páginas proporcionam para o cliente descontos de até 90% Uma das vendas que tem ganhado espaço nesses sites é a de pacotes de viagens. Os destinos são variados e há opção para todos os bolsos, além da comodidade de comprar sem sair de casa. A estudante de direito, Karina Silva, de 24 anos, pesquisou e acabou comprando seu presente de formatura em um site de compras coletivas. Com viagem marcada para março de 2014, Karina viu dezenas de vantagens em adquirir o pacote de viagem para Salvador. “Antes de fechar negócio com o site, fui a uma agência de turismo, mas o valor, comparando as duas opções, é grande. Dez dias com tudo incluso pela operadora era aproximadamente R$3 mil, enquanto pelo site de compras coletivas eu paguei em nove dias R$ 1.200 mil. Claro que pesquisei em vários sites, não comprei no primeiro que encontrei”. No Brasil, há vários sites de compras coletivas, mas os três mais conhecidos e que vendem pacotes de turismo são: Criado em Chicago, nos Estados Unidos, o site desembarcou em terras brasileiras no ano de 2010. O primeiro site de compras coletivas brasileiro é o Peixe Urbano, criado em 2010. Também criado em 2010 e sendo totalmente verde e amarelo, há o Oferta Única.
Usuário visitando página de pacote de viajem no site Peixe Urbano.
Economía
Caiu em uma cilada? E assim como em toda compra, uma opção site. Somente quatro reclamações não foram para tirar o medo de cair em uma roubada é ler e atendidas das 28.550. O Oferta Única foi avaliado e as pessoas o pesquisar sobre o site em que se pretende adquirir a mercadoria. É a melhor escolha e evita danos consideraram regular. O site teve 2.235 futuros, é o que explica a assessora técnica do reclamações e 12 não foram solucionadas. A representante do setor de comunicação PROCON-SP (Órgão de Proteção e Defesa do do site de compras coletivas Peixe Urbano, Consumidor) Maíra Feltrin Alves. “Uma das maiores reclamações que recebemos aqui no Marcela Villa, diz que a empresa investiu na área de viagens com equipes de PROCON são de não cumprimento com profissionais especializados no aquilo que foi acordado no contrato, ramo de turismo. “Com uma na maioria dos casos por parte do equipe de profissionais estabelecimento virtual. Caso o especializados em cliente não queria mais o pacote turismo, podemos ou produto, ele tem o prazo de assegurar a satisfação sete dias após o pagamento total do cliente estando à realizado para efetuar o frente não apenas da cancelamento da compra”. seleção e venda dos Uma segunda opção Samara Souza - Turismóloga m e l h o r e s d e s t i n o s e para o consumidor é o site de parceiros, mas também da reclamação “RECLAME AQUI”, montagem dos diferentes onde as pessoas escrevem sobre pacotes e de todo o processo de problemas que tiveram com a empresa. agendamento e uso do cupom”. O Groupon tem uma avaliação A turismóloga Samara Souza, de 25 anos, considerada boa pelos consumidores. De 44.614 embarcou para Trindade, no Rio de Janeiro, em reclamações, 64 não foram atendidas. O P e i x e U r b a n o t a m b é m é t e m outubro deste ano e em dezembro de 2012. Na primeira vez, ela adquiriu um pacote de cruzeiro considerado bom pelas pessoas que utilizam o para passar três dias na cidade maravilhosa em uma agência de turismo. A segunda vez, foi por indicação de um grupo de amigos que já havia comprado um pacote através de um site de compras coletivas. Samara decidiu seguir as dicas e comprou um pacote de uma semana para Trindade. Cidade de Orlando, no estado da Flórida localizado na região sudeste dos EUA, Ela sentiu a diferença de Samara Souza, a usuária que comprou cupons para
“...senti falta da assistência
que a agência ofereceu quando comprei no site”
Arquivo Pessoal
blog.mundi.com.br
é um dos destinos mais procurados nos sites de compras coletivas.
viajar a Trindade, no estado do Rio de Janeiro.
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impala-miami.com
valores entre a operadora de turismo e o site, porém, contratand o u m pacote em Também no estado da Flórida, a ciade de Miami é um dos mais clicados em compras coletivas. u m a agência, o suporte fornecido é mais seguro. “Há uma diferença de preços, com certeza, em alguns casos muito grandes. Comparando as “...senti falta da assistência que a agência ofereceu quando comprei no site...”, minhas duas viagens não foi tanto, mas senti falta da assistência que a agência ofereceu quando comprei no site, como por exemplo, o seguro viagem. Caso minha mala extraviasse, eles me dariam um suporte”. Alguns casos de clientes que compraram a sonhada viagem e não conseguiram embarcar já foram noticiados na mídia. O mais recente foi de um grupo de diversas partes do Brasil que seguiriam para Cancún, no México, porém ao chegar ao aeroporto, em São Paulo, foram informados que não poderiam prosseguir viagem. Na ocasião, órgãos de defesa do consumidor foram acionados para resolver o problema.
Como Fazer uma Compra Segura Pesquise sobre o site. Converse com pessoas que já tenham
comprado. Não compre no primeiro site que achar. Decidiu comprar? Leia atentamente o
regulamento da compra, pois lá constam os prazos que a viagem poderá ser realizada e se há alguma taxa a parte que precisará ser paga. Os sites de compras coletivas aceitam
pagamento em cartão de crédito e boleto bancário. Sendo autorizada a compra será
gerado um cupom eletrônico onde será encaminhado para o e-mail cadastrado e, também, ficará disponível no site da empresa para impressão.
Aproveite e Bom Passeio!
Poupe e Divirta-se!
Comprar ou não? Eis a questão! Os sites de compras coletivas são novos no mercado brasileiro. Com apenas quatros anos, o sucesso dos descontos nos preços de variados produtos e serviços os sustentam até hoje. Porém, tudo que é novo nos remete ao medo e, de fato, temos que tê-lo porque, às vezes, o item adquirido não corresponde com a expectativa do cliente. De toda forma, isso não é motivo para não experimentar esse método de comprar – que por vezes pode ser um gerador de economia. A crescente demanda de internautas mudou a maneira caseira de antigamente, em que para comprar um produto, havia um receio entre escolher e pagar pelo que não era palpável, que não se pudesse provar ou trocar. Os sites começaram com produtos muito simples e funcionais como, por exemplo, pacotes de cabeleireiros, ensaios fotográficos, impressões de fotografias e hoje coloca na prateleira desde viagens nacionais e internacionais a passeios de balão. Essa mescla de ofertas caiu na graça do público e o site, para atrair de forma rápida e efetiva, colocava um cronômetro para limitar a oferta, a fim de que o público pudesse se sentir, quase, exclusivos ao consumir. Groupon, Clickon, Hotel Urbano, são algumas das empresas que alavancaram as vendas e também assumiram junto ao PROCON uma posição de reclamação de destaque. Eric Alves Reis é um dos clientes que é oposição às reclamações feitas nesse ramo. Ele alega que as pessoas que reclamam, em sua maioria, não leem os informativos que estão entre as linhas finas abaixo do destaque da oferta e afirma: “tenho costume de sempre aproveitar as ofertas e até o momento não tive problemas. Minha última viagem foi para Ubatuba, um pacote de três dias em um hotel de frente para praia, foi inesquecível!”. É importante ressaltar que algumas ofertas, de fato, não são o que os clientes esperam. É importante observar que os sites de compras coletivas fazem a intermediação de uma compra e dão descontos porque negociam diretamente com a empresa, que em troca de ter o marketing da marca no site, abatem o valor da oferta. Portanto, é necessário saber qual é a empresa que comercializa o produto, se ela tem uma loja própria, se é brasileira ou não, endereço, CNPJ, telefone e outras informações para servir de suporte, caso necessário no futuro. A economia deve ser aliada a segurança e cabe o alerta, porque os sites de compras coletivas podem ser excelentes vendedores e realizadores de sonho, mas para um bom vendedor vale um comprador atento. O s i t e d o P R O C O N (www.procon.sp.gov.br) fica à disposição para solucionar casos e esclarecer dúvidas quando ao tema.
O OLHAR ALÉM DO HORIZONTE Segundo pesquisa, o índice de procura por intercâmbio tende a crescer cerca de 40% nos próximos quatro anos
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Thaiane Liandro
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Faça as malas e explore o mundo! Os destinos são variados, assim como as agências que oferecem o intercâmbio. Há diversas empresas especializadas em levar as pessoas para conhecer o mundo.
As mais conhecidas no Brasil são: As três companhias com foco em intercâmbio possuem programas para todas as pessoas, inclusive viagens para a terceira idade e programas de duas semanas para quem deseja trabalhar como voluntário na África do Sul, Botsuana, Índia, Namíbia, Nepal, Peru e Zimbabue. Ana Carolina Marquez, de 20 anos, cursa o segundo ano de jornalismo. O sonho de conhecer outro país e outra cultura a motivou a fazer intercâmbio. Decidiu ir para Chicago, nos EUA durante as férias. “A escolha do lugar foi por ser uma cidade parecida com São Paulo, porque prefiro o ritmo da cidade, e também pensei no clima, assim eu veria neve na época que eu fui”.
Thales Willian no parque Nacional da Espanha
Mariana Pôncio, na calçada da Fama em Los Angeles
Fotos: Arquivo Pessoal
onhecer novos lugares, novas culturas, novas pessoas e, principalmente, conhecer a si mesmo. O intercâmbio, seja ele para estudar ou trabalhar, proporciona ao viajante uma bagagem de experiência para toda a vida. Os brasileiros estão cada vez mais querendo viajar e passar por situações que somente um intercâmbio pode proporcionar. É o que mostra os dados da Associação Brasileira de Operadores de Viagens Educacionais e C u l t u r a i s ( B e l t a ) : n o a n o d e 2 0 11 , aproximadamente 220 mil pessoas foram estudar fora do país. O curso mais procurado foi o de idiomas, seguidos por estudantes que fizeram ensino médio no exterior e curso de férias, de acordo com pesquisa realizada pela Ideafix Pesquisas Corporativas. Alguns programas também concedem bolsa de estudos para universitários. O Grupo Estado, por exemplo, em parceria com o banco espanhol S a n t a n d e r, c o n t e m p l a a n u a l m e n t e u m estudante do curso de jornalismo em todo o país com uma vaga na Universidade de Navarra, na Espanha. Para concorrer ao intercâmbio, é preciso que o aluno assista às palestras que acontecem ao longo de uma semana, na sede do Grupo Estado, sem faltar nenhuma vez e, no final, escrever uma matéria com o tema indicado no primeiro dia. O grande vencedor de 2012 foi o jornalista Thales Willian da Silva, de 22 anos. Thales, que está na Espanha desde Agosto deste ano, diz que o intercâmbio está o ajudando a quebrar preconceitos e agregando conhecimentos a sua vida. “Nunca pensei que o intercâmbio fosse me agregar tanto. A convivência com outra cultura e o aprendizado em uma nova universidade acrescenta valores essências à minha vida, tanto pessoal quanto profissional. Noto que todos os dias deixo de lado muitos preconceitos, aprendendo a ser um ser humano melhor”.
Internacional
Fotos: Arquivo Pessoal
A estudante de jornalismo conta que a viagem só acrescentou benefícios para sua vida pessoal e profissional e manteve as amizades feitas no exterior. “Aprendi a me virar, me conhecer melhor, a respeitar mais os outros, e percebi mais confiança em mim da parte do meu chefe, que me confiava mais responsabilidades no trabalho. No ano seguinte, voltei a Chicago para visitar a família que me hospedou e eles me levaram para conhecer outras cidades, como São Francisco, Los Ageles, Las Vegas entre outras”. Além de Chicago, Ana Carolina fez intercâmbio cultural de 15 dias para Europa. “Temos que ir em busca dos nossos sonhos e estarmos preparados para tudo. Viver em outro país é outra vida, outra realidade. Não é só morar, tem que fazer parte do lugar”. Mariana Poncio, de 24 anos, cursa o último ano de Ciências Sociais na Universidade Federal do Paraná (UFP) e também desfrutou de intercâmbio para alavancar a carreira. “Tudo é novo, é uma experiência e tanto de vida”. Mariana Pôncio No início deste ano, a universitária passou quatro Thales dias na Argentina e seis na Colômbia. Essas viagens foram frutos de projetos realizados na faculdade, que foram aceitos em congressos acadêmicos nesses países. “Foi muito diferente nesses dois lugares. A cultura, o comportamento das pessoas, a comida e a balada. Tudo é novo, é uma experiência e tanto de vida. Tive a oportunidade de conhecer museus e monumentos históricos dos países”. Mariana gostou tanto das experiências, que no final de outubro embarcou para o México, dessa vez por conta própria. “Trabalhei durante seis meses no Brasil e vendi fotos e rifas para completar o valor da viagem. Com o dinheiro arrecadado, passei um mês no México. Meu objetivo foi buscar autoconhecimento, aventuras, novas vivencias e compartilhar cultura com pessoas completamente diferentes. Fiz amizades para toda vida e tive experiências que só podem ser vivenciadas em um intercâmbio”.
Locais visitados por Mariana em seus Intercâmbios: Bogotá (Sup.) e Argentina (inf.)
“Noto que todos os dias e
deixo de lado muitos preconceitos, aprendendo a ser um ser humano melhor” Willian da Silva ... Os 10 destinos mais procurados para intercâmbio Canadá Estados Unidos Reino Unido Austrália Irlanda Nova Zelândia África do Sul Suíça Espanha Alemanha Fonte: Associação Brasileira de Operadores de Viagens Educacionais e Culturais (Belta)
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MOCHILEIROS Natalya Beatriz
A ROTA ALÉM DOS CARTÕES POSTAIS Informação, atitude, dinheiro guardado e mochila nas costas... O resto está na estrada e natureza
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inco segundos de coragem insana e o primeiro passo para mochilada foi tomado. Eles optaram por conhecer diversos lugares em um território chamado “mundo” sem se prender àqueles indicados nos cartões postais oficiais das viagens. Durante os momentos seguintes, essa decisão fez com que eles se tornassem seus próprios “experts” nas trilhas desconhecidas a fora. A gaúcha visitou 23 países em 13 meses e, hoje, já chegou à marca das 37 localidades percorridas como mochileira; a mineira estudava psicologia quando largou o terceiro ano de estudo para viajar por aí. Um dos ingleses tem 21 anos e há pelo menos três já mochila pelas estradas e o outro, que escreve para revistas da Inglaterra, dentre suas indas e vindas, apaixonou-se pelas paisagens brasileiras e já alterou seu status de localização do Facebook para São Paulo. O que eles e suas histórias têm em comum? A busca incessante pela informação e conhecimento, aventura e diversão, munidos de seus próprios raciocínios e roteiros. São eles, viajantes independentes. Os mochileiros são caracterizados por organizar seu trajeto por conta própria – totalmente independentes de companhias de
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viagens – utilizando dados e fatos importantes das regiões, cultura e sociedade locais que pretendem visitar como ferramenta para o sucesso de seus passeios. A economia proposta nos percursos através de meios de hospedagens mais baratos, as compras coletivas em supermercados para abastecimento por mais tempo e a opção de obter uma carona ou caminhar ao invés de gastar com transporte público ou privado, também são características marcantes dessa prática. Ressalta-se, porém, que a viagem mochileira não é sinônimo de descaso ou irresponsabilidade, mas liderança de um caminho próprio, sem interferências comerciais ou de terceiros. A rede social “Turismo Backpacker” (backpacker = mochileiros), que desenvolve estudos sobre a prática, traz definições de mochileiros sob diversos olhares, dentre eles: “para um pesquisador do turismo, o mochileiro é um segmento do mercado turístico. Possui características, como itinerário flexível, tempo de viagem extenso, pouco gasto diário, mas grande gasto total, que busca atividades participativas e interação com a população local e com os outros mochileiros. Aparenta ser um
Meio Ambiente
FreePixel.com
introduzido pelo escritor grupo homogêneo, mas contém subamericano Jack Kerouac (1912segmentos (ou nichos) com 1969), que lançou, em 1957, sua peculiaridades bem visíveis. O autobiografia intitulada “On The pesquisador definiria o perfil de cada Road” (Na Estrada) contando nicho conforme características sobre a viagem de sete anos socioeconômicas, motivação de p ela Rota 66. O site viagem etc. Afirmaria, ainda, que os “dentrodomochilao.com” define: mochileiros podem ser benéficos aos “O livro influenciou não só o destinos turísticos nos pontos de vista cinema como toda uma geração socioeconômico, cultural e que colocou a mochila nas ambiental”. costas em busca de aventuras Nessa modalidade, ou estilo de pelo mundo. Nesse período, vida, mais vale o inusitado, vários serviços foram criados a s s u s t a d o r, s u r p r e e n d e n t e , Jack Kerouac - Escritor para esse novo modelo de comovente, desconhecido meio, viajante – os mochileiros”. percurso, caminho, do que a chegada em si. Avançando para os tempos atuais, de Diga-se de passagem, para eles, nunca parece acordo com a pesquisa lançada no segundo haver um “destino final”, mas sim uma parada s e m e s t r e d e 2 0 1 2 , f e i t o p e l a Tu r i s m o planejada ou impensada, dependendo única e Backpacker, com apoio da equipe do site exclusivamente da rota traçada na mente do “mochileiros.com”, há no Brasil um universo viajante e sua vontade. É o primor pela liberdade aproximado de mais de 100.000 pessoas incondicional. praticantes do estilo mochilada. Desse montante, 550 contribuíram para o O passado estrangeiro e o presente desenvolvimento e conclusão da análise. Os brasileiro destinos mais procurados por eles estão na América do Sul e a liderança é da Argentina, com Voltando as décadas de 60 e 70 – apogeu do 46% da procura, seguida pelo Chile (32,8%), nascimento da cultura dos mochileiros – verificaPeru (27,7%), Bolívia (25,4%) e Uruguai se a origem da prática, provinda da Geração (23,6%). O segundo continente mais visitado é a Beatnik: movimento sócio-cultural que visava Europa, com a França, e os Estados Unidos, nas um estilo de vida anti-materialista, contestando viagens para América do Norte. A soma de 26% padrões, valores e modo de vida da sociedade dos brasileiros ainda não fizeram mochilão dos Estados Unidos.O termo “beatnik” foi
Fotos: Arquivo Pessoal
Katrine Martins
Barbara Basso
Saul Woollacott
Matthew Pike
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do próprio País.
faculdade. Gostou tanto da experiência, que passou a viajar constantemente, mas a trabalho. Há quem embarque mesmo nessa? Oh Yeah! Os negócios iam bem: “trabalhava em uma ONG internacional de estudantes (AIESEC), fui Katrine Martins, de 25 anos, é natural de membro da diretoria nacional dessa ONG, na Minas Gerais e faz mochilada há oito meses. República Tcheca, e coordenadora regional para o Anteriormente, trabalhava como vendedora em Leste Europeu. Nessa época, visitei 27 países em São Paulo, no Shopping Higienópolis, localizado 13 meses. Certamente, foi o período com mais na região central da capital paulistana, e estudava histórias inusitadas e interessantes. Depois, ainda por intermédio de bolsa integral no Mackenzie. No morei por seis meses no Uruguai, meio ano na terceiro ano do curso de psicologia, a estudante Costa Rica e, ainda depois de voltar ao Brasil, decidiu largar emprego e universidade para viajar também mochilei pela Bolívia. No total, conheci 37 como mochileira. Em setembro de 2013, já estava países, tendo morado em seis deles”. A executiva na Europa, precisamente na França, em uma viajante menciona que muito se é deixado para fazenda. Sua estadia lá era em estilo “Help trás durante as transições de locais: “costumo Exchange”, ou seja, ela ajudava nos dizer que todos os meus pertences afazeres da casa em troca de abrigo e físicos cabem em umas poucas comida. “Tenho paixão pelos caixas, mas, o que mais dói lugares mais remotos. Na deixar pra trás são os França, morava numa amigos que fiz ao longo fazenda que é no meio do do caminho, tanto que, nada, literalmente! Para ir hoje, acredito que para cidade mais próxima, nunca vou conseguir só era possível de carro, juntar em único lugar pois não tinha ônibus. Era to d o s e l e s”, bem diferente. Outra vida, complementa outra visão de mundo”. Ela emocionada. Para admite preferir conhecer ela, a real importância bem o lugar por que passa, está em viver o que as ainda que demore mais Katrine Martins - Mochileira pessoas vivem em seus tempo, do que visitar diversos locais de origem. locais rapidamente. A Assim como mochileira não se considera boas amizades, há também corajosa, mas ainda assim foi viajar para as lembranças de belas a França com apenas 100 euros no bolso: “eu paisagens. sou bem medrosa. As pessoas não acreditam, mas é verdade. De todo jeito, acho que você só precisa de cinco segundos de coragem insana e daí vai. Uma vez dado o passo, você não volta atrás. Além disso, você não faz ideia do quanto as pessoas estranhas podem ser boas contigo e tem que acreditar nisso, digo, acreditar na bondade das pessoas, já que é um sistema de troca”.. Atualmente, Katrine está no Marrocos, localizado no extremo noroeste da África e não tem previsão de quando viajará para outra cidade, estado ou país. Bárbara Basso, natural de São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre, no sul do Passagem de Katrine pela França Brasil, foi para Argentina logo no primeiro ano de
“Você só precisa de
cinco segundos de coragem insana e daí vai. Uma vez dado o passo, você não volta atrás”
Fotos: Arquivo Pessoal
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Meio Ambiente
Matthew visita Stein Valley, no Canadá.
Matthew em uma de suas vindas para o Brasil, em São Paulo.
to find myself. If I come back, before I return, please, tell me to wait”, que significa “Estou perdido. Fui me encontrar. Se eu voltar antes de retornar, por favor, diga-me para esperar”. A psicóloga brasileira, Iara Pereira, explica quais possibilidades podem levar a escolha por viagens independentes desse tipo: “Acredito que vários fatores diferentes podem levá-los a esta aventura: o desapego, a busca de si próprio, autoestima, desejos reprimidos de conquistas etc... A busca deste desafio acaba sendo um preenchimento que supre profundamente as necessidades do psíquico de um ser humano. Este aumento de autoconfiança transforma o sujeito em seus desempenhos, fazendo-os mais abertos e expressivos e movimentando, também, suas crenças e valores. Ou seja, pode ser um momento onde cada um busca, do seu jeito, transformações e crescimentos intelectuais e emocionais”. Matthew Pike também é inglês e após a n o s mochilando pelo Canadá, E s t a d o s Unidos, Suécia e Brasil, volta a o P a í s brasileiro em 2013, dessa vez, para morar em Saul Woollacott em uma de suas mochiladas.
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Saul Woollacott tem 21 anos e a, pelo menos três, é mochileiro ao extremo. De nacionalidade inglesa, Saul sairá da Inglaterra em novembro com destino a Holanda e Dinamarca, e pretende visitar a América do Sul no inverno, mas ainda não definiu o local. Da parte dele, há vontade de conhecer o Brasil, porém quando questionado sobre a data provável, disse: “I haven't been in Brazil, but my friend is there now. I would like to go one day. But I am not in a hurry”, que diz: “Nunca estive no Brasil, mas meu amigo está lá agora. Quero ir um dia, mas não estou com pressa”. Sua real paixão é pela cultura local e natureza, e sempre que possível, o inglês posta fotos em seu Facebook evidenciando suas viagens e estilo de sociedade em que está no momento. Ainda na rede social, há a frase: “I am lost. I have gone
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Cadê os gringos?!
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Viajar independentemente pressupõe o encontro de vários cenários proporcionados pela natureza, que exigem atenções para manutenção eficaz do meio. O ambientalista e professor Paulo Roberto Costa, formado pela Universidade de São Paulo (USP), afirma que é de extrema importância a preocupação com o ambiente natural visitado, uma vez que, nós, seres humanos, somos integrados a ele: “é preciso ter a consciência que fazemos parte da natureza, não estamos separados dela. O que viermos a fazer com o ar, solo, água e os seres vivos irá impactar também a nossa qualidade de vida. Devemos primeiro pesquisar bem a características do hábitat que pretendemos visitar para desfrutar melhor, entendendo algumas peculiaridades desses diferentes ambientes (montanhas, florestas, vales e rios) e, a partir daí, buscar ter o espírito de integração com o meio. Não adianta ir para um lugar paradisíaco com um olhar desatento e insensível e uma postura descuidada”. Ele ressalta, também, seu cuidado em gerar o mínimo de impacto ambiental possível aos lugares que visita através de manejo sustentável e da prática conciliadora entre desenvolvimento econômico local e preservação do ambiente natural.
São Paulo e trabalhar como professor da língua inglesa. Antes de tomar a decisão de fixar raízes, Matthew visitou Campos do Jordão, no interior paulistano e se encantou com a cultura e clima local. O viajante acumulou diversas experiências e histórias para contar, e por agora, resolveu colocar em prática uma ação há muito deixada em segundo plano: o planejamento. O Governo brasileiro prevê, em 2014 – quando todos os olhos estarão voltados ao Brasil devido a Copa do Mundo – que 600 mil turistas estrangeiros visitarão o País e que ocorram cerca de 5,9 milhões de viagens durante os jogos. O mercado de turismo está aquecido e mochileiros de todas as nacionalidades contribuem para composição desse quadro. Uns mais jovens, outros mais velhos. Uns estudantes, outros executivos. Ao final, foram – e são – todos viajantes independentes carregando a mensagem do ambientalista: “cuidem do meio ambiente, ambiente no qual vocês vivem. Ele faz parte de vocês. De resto, boa viagem e belas lembranças”.
1º Mochilada? Por onde começo e o que faço? Orçamento Reveja seus hábitos de consumo e planeje cuidadosamente para que o passeio não saia muito mais caro que o orçamento disponível. Dica: economize sempre e pechinche ao máximo.
Transporte Aéreo Compre pela internet, pois sai mais barato. Pesquise antes de comprar, Dica: procure em site de comparação de passagens como o www.fly.com.br.
Viajar de Carona Em muitos países a carona é parte da cultura, então, pensar nela como meio de transporte é muito viável para o bolso e novas amizades. Dica: procure em www.caroneiros.com no Brasil e o www.hitchhikers.org na Europa.
Transporte Público É uma ótima forma de transitar dentro das cidades visitadas. Dica: utilize sempre que possível.
Hospedagem Albergue/Hostels Se for viajar sozinho, procure por quartos coletivos, mas, se viajar em dupla ou casal, os albergues também possuem quartos privativos. Dica: albergues e hostels são geralmente mais baratos que hotéis econômicos.
Camping Free Há campings free em quase todos os locais do mundo, então, a sua barraca pode ser indispensável. Procure no Google por “free campsite” ou “free campgrounds”.
Casa de outros Mochileiros Há o couchsurfing, onde você se hospeda na casa de outro mochileiro para conhecer a cidade e fazer novas amizades. Dica: cadastre-se no www.couchsurfing.com e pesquise bem.
Alimentação Pode ser a segunda coisa que mais levará seu dinheiro embora. Para se alimentar bem e barato, a melhor opção é o tradicional “mercadinho da esquina” e preparar a própria comida. Dica: se estiver hospedado em albergue/hostels, não tenha medo de chamar outros mochileiros para uma “vaquinha do mercado”, afinal assim se economiza bem e se inicia amizades.
Dinheiro Sempre bom dividir sua “verba de viagem” em vários locais como bolsos, moneybelts (cinto com bolso escondido para dinheiro) e também usar o Visa Travelmoney (cartão pré-pago internacional).
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Em busca do Verde
A Preservação Ambiental vem de todos os grupos A preservação ambiental é um tema de preocupação crescente por parte da sociedade, organizações sociais e do governo. Essa prática consiste em cuidar de tudo o que engloba o meio ambiente, ou seja, água, solo, fauna, flora, dentre outros. Desde os anos 60, as atividades de organizações de proteção do meio ambiente vêm atuando em favor da preservação ambiental e, atualmente, temos mais um grupo capaz de auxiliar tal prática: Os Mochileiros. Eles são viajantes que organizam sua própria viagem, buscando meios econômicos e realizando passeios mais longos. Atualmente, existem diversos tipos de mochileiros, como exemplo: os gastronômicos, que buscam conhecer os alimentos locais; os montanhistas, que procuram por cada montanha existente e os ambientalistas, que tem por objetivo conhecer a natureza, verificando as espécies existentes sem comprometer a visita de um próximo turista ou morador local. Tais pessoas buscam preservar a natureza seguindo algumas ideias, são elas: · Transporte: Durante a viagem, é preferível ir andando ou de bicicleta, pois assim, além de praticar exercício físico, a pessoa também contribuirá com a diminuição da emissão de gases do efeito estufa. · Água: Nada melhor que tomar banho em um chuveiro, mas, se possível banhos em rios e lagos também são uma boa pedida. Além de natural, ainda economiza água potável. · Resíduos: Todo o resíduo gerado não deve ser jogado em rios ou florestas, pois animais podem vir a se alimentar deles e consequentemente morrer por sufocamento. O mesmo acontece com chicletes, uma vez que os pássaros se alimentam de restos de alimento humano, não sabendo diferenciar qual faz bem ou não. Jéssica Rocha Silva Bonato é formada em Gestão Ambiental pela UNIABC. Desenvolve o projeto SustentABC.
Arte e Cultura
PACOTE DE VIAGENS BELEZA QUE TRANSCENDE O PAPEL? Atenção aos itens do contrato de prestação de serviços e pesquisa do destino escolhido contribuem para a tranquilidade de sua viagem
S
serviços aéreo, transfer e hoteleiro foram ao encontro de suas expectativas, diferentemente do restante, quando a restrição começou a tocar seu bolso: “gastei mais de R$400,00 do orçamento previsto para viagem toda apenas com refeições noturnas durante uns cinco dias, pelo menos. Os jantares já estavam inclusos em meu pacote originalmente, mas procurei por outro, pois o local escolhido pela operadora, levado pelo guia, não tinha bom atendimento e comida. Foi uma decepção logo de cara e eu ainda paguei o dobro por isso”. Entre boas e más experiências, o que mais entristeceu a empresária foi o roteiro programado pelo guia. Ela comenta que havia muita restrição de horário nos lugares visitados e que um ponto emblemático, e comum, deixou de ser visitado: o centro da cidade. Em um dos dias livres de seu pacote, aproveitou para conhecer o local e lá se deparou com belas construções – algumas antigas, inclusive – com comércio de roupas, lembranças da Serra Rita Peruffo durante viagem a Gramado
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ão meses de planejamento para realização de dias de diversão e descanso: a rotina frenética brasileira estimula a busca por uma rota satisfatória a cada gosto que reúna cultura, comércio e costumes locais para propiciar novas experiências e, também, o tão merecido descanso. Mas, quando o toque comercial vem em demasia, o que inicialmente era um pacote de viagens pode se tornar um pacote de problemas. De acordo com pesquisa realizada pelo PROCON – Orgão de Proteção e Defesa do Consumidor, veiculada no primeiro semestre de 2012, foram mais de 2.080 reclamações feitas pelos usuários contra os pacotes de viagens adquiridos em agências de turismo e sites de compras coletivas – 28% a mais que o mesmo período de 2011. O descumprimento de itens do contrato, desatenção durante os serviços de guia turístico e reservas de hotel – que não são feitas efetivamente – estão entre os registros mais recebidos. Recentemente, entre os meses de junho e julho desse ano, a Gestora de Distribuição da empresa Chocolates Garoto, Rita Peruffo, viajou para Gramado, no Rio Grande do Sul, para aproveitar sete dias e oito noites de um pacote completo fechado com a Agência de Turismo CVC. Sob o ponto de vista da executiva, os
Gaúcha e ótimos restaurantes e lanchonetes para possível durante nosso percurso e sempre com a alimentação. Tudo era aconchegante, mas não melhor oferta para consumo do comércio local. De mencionado por aquele cuja função era guiar: lá, só trago boas memórias”. Os passeios que compõe os pacotes de “enquanto passeava pelas calçadas do centro, vi um trenzinho vermelho parado em frente à igreja viagens, muitas vezes, são efetivamente de Gramado. Eles vendiam passeios de uma hora enraizados em intenções comerciais. As por R$14,00 com guia turístico incluso. A boa indicações de lugares para frequentar recebidas verdade é que aprendi muito mais sobre a cidade pelos usuários, seja uma loja de roupas e sapatos naqueles 60 minutos – sua história, seu contexto, ou um restaurante, são previamente combinadas seu presente, suas opções, suas curiosidades – e organizadas, pois tudo o que é comprado pelos do que as longas horas dentro do ônibus de turistas, torna-se um dinheiro a mais no final do viagem da operadora, indo para os lugares onde a mês, uma comissão para o guia turístico e equipe. equipe da companhia recebia comissão. A viagem Subliminarmente, é uma relação de troca: o lado de cá (guia) indica o comércio em questão e o de trenzinho, simples e barata, foi um passeio que lado de lá (estabelecimento) paga valeu muito a pena”. uma quantia extra em cima do Já o casal, da região oeste valor gasto pelo viajante de São Paulo, que viajou por 15 durante suas compras. dias para Fortaleza/CE, não Essa é a razão pela teve a mesma percepção qual se pergunta negativa. O 2º Sargento durante os Bombeiro da Polícia passeios: “qual o Militar de São Paulo, nome do seu Gescivan Farias da g u i a ? ” . Silva, de 43 anos, e Obviamente, sua esposa, a t u d o e s t á Professora do embutido por de Estado de SP, Milva trás de um Buscariolo Ribeiro, de discurso cultural, 46 anos, compraram um pacote de viagens Rita Peruffo - Viajante. em que se pensa vivenciar tudo o que o com a mesma operadora, destino tem de bom. CVC, e não levantaram nenhuma queixa: “Os Por onde seguir quando se restaurantes indicados pela quer reclamar de um produto? companhia, os parques e os passeios de barco foram excepcionais! Tivemos toda atenção Em contato com a companhia de viagens CVC, a consultora de vendas, Alessandra Girelli, explicou qual é o caminho a ser percorrido diante de um desagrado com o serviço: “a CVC tem departamento de SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente). Qualquer problema ou reclamação que o cliente tenha durante a viagem, deve ser enviado ao SAC que, por sua vez, abrirá um processo de análise e repassa a devolutiva ao cliente num prazo de 30 a 40 dias”. A reputação da companhia de viagens no site “Reclame Aqui” é regular. Na pesquisa que contempla 12 meses (01/11/2012 a 31/10/2013), foram 1.188 reclamações, sendo Casal que viajou à Fortaleza que 1.183 foram respondidas dentro do prazo de
“Aboaverdadeéqueaprendi
muitomaissobreacidadenaqueles 60minutosdoqueaslongashoras dentrodoônibusdeviagem daoperadora”
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Arte e Cultura
Pesquisar sobre o destino da viagem não a torna menos surpreende, mas pode muni-lo de ferramentas importantes e vantajosas na hora de fechar sua viagem ou, posteriormente, reclamar do pacote. Conhecer, ainda que minimamente, quais são as opções alternativas, história do local e lugares do cotidiano, contribui para uma rota mais enriquecida, que transcende o roteiro descrito no contrato de prestação de serviços. Obviamente, muito se aprende como turista, enquanto visitante, mas, ainda assim, a melhor arma para prezar pela tranquilidade de seu trajeto é o conhecimento independente e prévio, lembrando-se sempre da orientação do PROCON: “Problemas durante a viagem devem ser comunicados aos responsáveis e, se possível, registrados por meio de fotos ou
Natalya Beatriz
12 dias. O índice de solução é de 75% e quase 53% voltariam a fazer negócios com a empresa. A nota dada pelo consumidor é 5,06. A equipe do PROCON instrui – via comunicação oficial, disponibilizando informações também em seu site – quais são as atenções indicadas antes da aquisição de serviços do tipo. Primeiramente, o órgão ressalta a importância de avaliar o pacote, seja ele personalizado (individual) ou excursão, visto que um permite maior liberdade na programação, já o outro tem horários e roteiros fixos, alavancando um grau de restrição maior. Outro item abordado é a pesquisa de preços: para quem compra, é imprescindível que seja feita; para quem vende, é vital que as informações dos anúncios, sejam quais forem, estejam claras e precisas, contendo, por exemplo, valores cobrados nas partes aérea e terrestre, categoria de passagens, taxas de embarque, tipos de acomodação, traslados, refeições oferecidas, guias, número exato de dias, juros nos pagamentos a prazo e, também, despesas extras que ficarão por conta do consumidor.
Fachada de Gramado
vídeos”. Registre, reclame. Faça seu direito valer. Aquela tão sonhada viagem tranquila? Confira algumas orientações: ·Pesquise sobre o destino escolhido · Faça variadas cotações de pacotes de viagens e fique atento aos anúncios das companhias: os valores e condições precisam estar descritos de forma clara. · Nas viagens internacionais, tenha atenção para as questões de câmbio de moeda, pois isso afeta os gastos de maneira geral. · Procure referências sobre agências de viagem com pessoas de sua confiança, que já tenham utilizado o serviço. · Acesse o cadastro das empresas que obtiveram reclamações no site do PROCON. · Verifique se o contrato especifica todos os detalhes do roteiro a ser percorrido. A tendência é que a publicidade mescle discursos utópicos em detrimento da realidade. Guarda uma cópia datada e assinada com você. · Você deve receber, após fechar negócio com a agência, os vouchers (comprovantes de reservas),
.
recibos de valores pagos, bilhetes e passagens · Fique atento e pergunte sobre a necessidade de vistos, vacinas, autorização para viagem de menores etc. · Se houver reclamações, registre-as sempre que possível.
Revista Rota
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Viajar é cultura
Aquela tão sonhada Viagem de Férias Viagem de férias tem sabor de encanto, de leveza, de alegria! Quem nunca sonhou com um passeio onde tudo e todos têm suas atenções voltadas única e exclusivamente a si próprias? Existem diversas empresas que se comprometem a oferecer exatamente isso, com a elaboração de pacotes, por muitos, considerados encantadores. Divulgam a cultura local, os costumes e ainda oferecem aos seus contratantes a sensação nítida de importância exclusiva como um “cliente vip”. Mas tudo isso é realmente verdade? Em junho de 2013, como tantos outros, estivemos em período de oito dias em um passeio nas Serras Gaúchas através de uma conceituada empresa de turismo (CVC), com uma programação digna e das mais elegantes que poderiam ter sido oferecidas. Ocorre, no entanto, que todos os passeios que foram feitos, eram também reduzidos. Não existia aquele interesse em realmente mostrar as origens e características de cada região: passeios marcados pelo relógio, pelo tempo em estacionamento e nos restaurantes. Qual seria a finalidade de tanta pressa, de tanto “corre-corre”? Simples. A palavra mais indicada é comissão. Sim, a comissão para tudo o que foi comprado pelos turistas de um determinado grupo, em que parte iria para a empresa e outra para o guia responsável pela visita. Isso me pareceu bem deselegante, pois estávamos fazendo nossa tão sonhada viagem, com promessas imensas de total satisfação e nada disso foi possível. Claro que encontramos pessoas maravilhosas, fizemos grandes amizades, porém o encanto maior foi descartado frente a tantos horários e tantas limitações para os passeios. Portanto, acredito que as empresas deveriam se preocupar em atender de forma mais abrangente seus usuários, mesmo que fossem necessários alguns ajustes para os pacotes. O turista deveria ter, em minha opinião, a opção de escolher o que quer no jantar, ou então em qual loja entrar, por exemplo. Coisas simples, mas que fazem muita diferença. Voltar as Serras? Sempre! Com agências? Vale à pena pensar muito e colocar na ponta do lápis, ou melhor, na planilha do Excel quais os passeios fazer, quanto gastar, quanto tempo ficar, o que almoçar ou jantar. Talvez seja interessante aproveitar os chamados descontos em diárias, voo e transfer por agências e, de resto, correr pela livre vontade de conhecer e aproveitar cada encanto que a Serra oferece e cada mimo que podemos trazer em nossa lembrança, afinal a viagem é de férias.
Helena Mansano tem MBA em Gestão Empresarial e é compradora da UNIP. Esporadicamente, escreve textos para o site Recanto das Letras.
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Dicas de etiqueta para não fazer feio em um Restaurante Asiático Por Inacio Shibata Quem nunca cometeu uma gafe em um restaurante de comida asiática que atire o primeiro garfo! Todos nós já passamos por algum tipo de saia justa quando vamos a um local pela primeira vez ou com o qual não estamos acostumados. Apesar de isso ser perfeitamente normal, em uma cidade como São Paulo, que reúne a gastronomia de grande parte do planeta, saber como se comportar à mesa diante de um prato exótico pode contar pontos! Ainda mais se for em um restaurante de comida oriental e, principalmente, para quem não está familiarizado com o uso de hashis (palitos de madeira) para comer. Para não fazer feio na próxima vez em que for convidado para um festival de sushi (bolinhas de arroz com postas de peixe cru), veja as dicas abaixo e mostre o quanto você é um cidadão do mundo! Dizem que asiáticos têm todos a mesma cara... o que é uma grande
Inácio Shibata jornalista, tem 46 anos e morou 16 no exterior. Já visitou mais de 30 países, adora viajar e comer. Atualmente, trabalha como assessor de imprensa da CEAGESP, em São Paulo.
inverdade! Da mesma forma, a cozinha japonesa é diferente da coreana, que por sua vez é completamente oposta à chinesa e assim por diante. Por isso, as regras à mesa também mudam de uma culinária para outra. Na etiqueta japonesa, fazer barulho ao comer macarrão ou tomar sopa não é
falta de educação. Ao contrário: se for comer lámen (uma espécie de macarrão servido dentro de um ensopado) é indicado que se faça muito barulho ao tentar “chupar” o macarrão com a boca, porque isso mostra ao cozinheiro que você está se deliciando com a iguaria. O mesmo vale para a sopa. Quando for comer sushi ou sashimi (postas de peixe cru), coloque somente
um pouco do molho de soja (shoyu) no pratinho: é considerado falta de educação desperdiçá-lo. Ao molhar o sushi ou sashimi no shoyu, não mergulhe o bolinho ou a posta do peixe no molho,
porque senão o sabor do alimento poderá ficar mascarado por ele. Molhe somente a posta do peixe, jamais o arroz. Embora na maioria dos restaurantes orientais o palito de madeira
(hashi) seja descartável, há locais em que isso não é regra: na Coréia, os palitos são achatados, compridos e feitos de metal (dizem que o metal muda de cor caso a comida esteja envenenada) e na China, os hashis são de plástico, com formato roliço e mais compridos que os usuais. Há uma explicação para isso: enquanto no Japão as porções são
individuais e a etiqueta permite
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Inacio Shibata
que se leve o vasilhame onde está a comida à boca, na Coréia e na China isso é considerado considerado falta de educação. Nestas duas culturas, os pratos são colocados à mesa e cada um se serve à vontade. Um hashi mais longo ajuda a alcançar a comida com mais facilidade. Nem toda refeição asiática é servida com arroz como acompanhamento, portanto não se frustre
se em um jantar chinês, por exemplo, o arroz vier só no final. Isso acontece porque lá na China o arroz é considerado um produto barato e é falta de educação o anfitrião serví-lo antes dos pratos principais, para não dar a impressão que se pretende encher a barriga dos convidados com arroz para comerem menos dos outros pratos. Os coreanos a-do-ram pimenta, mais isso não quer dizer que toda a sua culinária seja
apimentada! Se for a um restaurante coreano, peça ao atendente indicar quais são os pratos que não levam pimenta e evite ficar suando feito um louco! Ao final, caso não saiba como comer ou se servir adequadamente, lembre-se da regra número
um de etiqueta: na dúvida, observe as mesas ao lado e imite o que os outros estão fazendo. Afinal, se for para pagar mico, que paguemos todos juntos!
VÁ A SANTOS E VEJA MAIS QUE UMA PRAIA, CONHEÇA O TAMBORÉU O esporte de origem santista que forma famílias a cada jogo
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uma rede. Essa “saída alternativa” democratizou o esporte, conquistando pessoas de todas as idades desde 1937. A dinâmica do jogo consiste em lançar a bola ao campo adversário sobre uma rede de maneira que ela não possa ser devolvida. Em todas as suas variantes de participação – simples ou por equipe – há funções específicas: um é chamado “frentista” e o outro “fundista” e, dependendo da quantidade, tem-se mais de uma pessoa em cada posição. A contagem é de 10 pontos em cada “set”, que é encerrado quando há dois pontos de diferença de um adversário para o outro. O que caracteriza o ponto é a queda da bola dentro ou nas linhas feitas na areia. Thaiane Liandro
o chegar à famosa praia do Boqueirão em Santos, já se identifica um clima diferente. Nota-se uma organização disposta por barracas e muitas pessoas praticando esportes na beira da praia, instigando a curiosidade dos turistas. Mais a frente, na areia batida, uma rede divide um chão riscado e de longe se avistava uma bolinha nos padrões da jogada no Tênis. O mais peculiar da cena estava nas mãos de quem batia e rebatia a bola, de um lado para o outro, com uma espécie de pandeiro de aro amadeirado e tampa de couro. Era o início de uma partida, de um curioso esporte visto no litoral, que se difere e se destaca entre o Futevôlei de Edinho, filho de Pelé, ou o Surf de Picuruta Salazar. Apresento-lhes o Tamboréu. Entre as várias barracas que evidenciam os jogos praticados na praia, uma tem mais destaque: a chamada “Boqueirão Praia Clube”, onde adeptos do esporte – há 74 anos – acolhem sócios e banhistas que vem ao litoral a procura de lazer e amizade. O esporte genuinamente Santista, como os jogadores fazem questão de falar, surgiu no Brasil na década de 30 devido à influência europeia de dois italianos conhecidos como “Donatellis”, que jogavam o Tamburello nas quadras da Itália. O nascimento Tamboréu original foi traçado pelo improviso: uma vez que não havia quadras para tal prática, riscava-se a areia da praia, dividindo o espaço em dois por
Perez, mostrando o pandeiro de jogo
Esporte
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. É fácil encontrar na praia do Gonzaga ou no Boqueirão turistas que se misturam com famílias santistas para aprender o jogo e se divertir à moda da casa. O Tamboréu, além de ser genuinamente de Santos, ganhou o mundo. Os brasileiros marcam presença, levando sempre o melhor que temos na bagagem. O Brasil participou do Campeonato Mundial, em Marselha, litoral Francês, brigando Pandeiro de madeira e couro usado na prática do Tamboréu Os campeões e suas histórias pelo título com alguns países como a própria França, Itália, Espanha, Hungria entre outros. Pedro Perez morou por muito tempo na Geraldo Manteiga, 40 anos de Tamboréu, excapital paulistana, no bairro do Tatuapé, e lá jogador do Sport Clube Corinthians e que tem um construiu sua vida no ramo de administração e time na modalidade de quadra, foi um dos que corretagem de imóveis. A correria da cidade de fizeram parte do time campeão por três anos São Paulo fez com que ele tomasse a decisão de consecutivos. Ele conta que a Prefeitura de morar no litoral santista, onde descobriu o Santos e o Santos Futebol Clube ajudaram Ta m b o r é u q u e o a c o l h e u o time com a estrutura para a socialmente. Quando viagem. Para Manteiga, o cheguei a Santos, o Tamboréu é mais que um Eduardo – um dos esporte, foi o cupido jogadores mais entre ele e a esposa. experientes da “Ele trouxe, em p r a i a – m e primeiro lugar, a convidava direto minha mulher. Ela para as partidas. jogava também e “Eu o chamo de isso foi um marco 'meu padrinho no Pedro Perez - Jogador de Tamboréu para mim”. Boqueirão Praia R a f a e l Clube'. Isso aqui é uma Marques tem 23 anos e verdadeira família”. Para joga Tamboréu há seis ele, o esporte é importante meses – um iniciante em porque cria turmas saudáveis, abre o relação aos pioneiros do esporte. “Moro horizonte na área social e profissional, além do na Praia do Sonho e vim para cá porque recebi envolvimento com a comunidzade. “Em qualquer uma promoção no emprego. Tenho alguns amigos lugar quem pratica algum esporte se destaca”. aqui, mas moro sozinho. Eles sempre me falavam O presidente da ANT (Associação Nacional que tinha um esporte que era a cara da praia e eu do Tamboréu), Paul Simons, é um jovem nunca me interessei, então, comecei a jogar para tamborelista há apenas três anos. Ele conta que me enturmar com a galera e ter como me exercitar divide a sua rotina de Engenheiro Sanitarista com e estou gostando bastante”. a presidência da ANT. Sua vida no esporte começou por intermédio de sua esposa, Wanessa Vem jogar também! Simons, que convidada por uma amiga foi à primeira da família a jogar Tamboréu na praia. Se você ficou com vontade de conhecer “Primeiro foi ela, depois fui eu e em seguida pessoas novas e praticar uma atividade física convencemos nossos dois filhos Victor (12) e diferente quando for à praia, Santos pode ser a Gabriela (11). Fomos contagiados pelo vício sua rota. Os moradores recomendam todos os gostoso e atraente de se jogar o Tamboréu”. A esportes, mas falam com bastante carinho do prática é admirada por ser um “esporte família” e Tamboréu, pois fizeram história junto a ele. Quem não tem restrição de idade por equipe. vive em Santos, tem à disposição a escolinha de
“Eu o chamo de 'meu padrinho no Boqueirão Praia Clube'. Isso aqui é uma verdadeira família”
Revista Rota
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Panoramio.com
Estrutura para partida de tamboréu
Tamboréu – parceria da prefeitura municipal com a ANT que dá aulas gratuitas do jogo. Para quem está de passagem, pode ir ao “Posto 02”, situado entre os canais 01 e 02, na orla da praia entre as Avenidas Oswaldo Cochrane e Conselheiro Nébias. Eduardo Dardaqui, de 84 anos – um dos jogadores mais antigos do Boqueirão Esporte Clube deixa o convite: “O Tamboréu é um esporte acolhedor. Ele abraça, é um vício. Se chegar alguém, por mim, será muito bem recebido. Aqui é um ambiente fantástico”.
A melhor pedida de Santos SE QUER JOGAR: Conheça o Tamboréu! Esporte genuinamente santista que faz a cabeça de aficionados de qualquer idade na orla da praia. Acesse: www.tamboreu.com.br ou vá a qualquer ponto da praia. SE QUER COMER:Restaurante Estação Bistrô. Destaca-se pelo ambiente charmoso e pela próxima localização do centro histórico da cidade. Acesse: www.estacaobistro.com ou vá ao Largo Marques de Monte Alegre S/Nº. SE QUER SABER: Complexo Turístico Monte Serrat. É o segundo morro mais alto de Santos que carrega a história da Padroeira da cidade. A visita é monitorada e feita de bondinho. Acesse: www.monteserrat.com.br ou vá a Praça Correa de Melo - Nº 33. SE QUER NAVEGAR: Parque Estadual Marinho da Laje de Santos. Grande diversidade de vida marinha ao redor com possibilidade de mergulho em alto mar e passeios noturnos. Acesse: www.cachalote.com.br ou ligue (13) 7806-0921. SE QUER FICAR: Hotel Cantinho da Praia. Localizado a 100m da praia do Gonzaga, conta com piscina, sauna, wifi e reservas. Acesse: www.pousadacantinhodapraia.com.br ou ligue (13) 3288-1174.
Integrantes e amigos da equipe de Tamboréu: (da esquerda para direita) Italo Dalcin, Eduardo Dardaqui e Pedro Perez
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Cidade
Thaiane Liandro
HERANÇAS DE UMA FERROVIA A Vila que começou a ser construída para abrigar os trabalhadores ingleses da ferrovia hoje é orgulho dos moradores e destino de turistas
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ranquilidade, forte neblina, casas à moda do século XIX feitas de madeira vindas da Inglaterra, ruas de paralelepípedo e muita vegetação ao redor. Sim, esse cenário europeu é mais acessível do que parece: é a Vila de Paranapiacaba, subdistrito de Santo André, em São Paulo, que o abriga. Cheia de histórias desde a época em que o café era uma das principais economias do Brasil, é envolvida por mistérios que atraem turistas e cativam moradores até hoje. Começou a ser construída em 1860, quando o Barão de Mauá cedeu a concessão de ferrovia para os ingleses. Casas começaram a ser erguidas para abrigar os operários da estrada de ferro que proporcionava o transporte do café e algodão do porto de Santos. As casas foram produzidas conforme a hierarquia. A casa do engenheiro chefe era de luxo, ficava em um ponto alto para que seus subordinados tivessem a sensação de estarem sendo vigiados. As construções seguiam um alto padrão: as dos ferroviários com família, eram geminadas com cômodos capazes de acomodar a todos, já para os solteiros, as acomodações eram menores e mais simples, conhecidas como barracão. Hoje a Vila é tombada como um dos lugares históricos turísticos do país e recebe
em média 220 mil turistas ao ano. A expectativa é de que esse número aumente com o investimento de mais de R$40 milhões do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) em Cidades Históricas, explica Samantha Dean, gerente de projetos turísticos da Secretaria do Turismo de Santo André. “As casas serão restauradas, novas expectativas e oportunidade de trabalho surgirão. A Vila ficará nova sem perder a carga histórica. Paranapiacaba é um diferencial em São Paulo. É uma honra para o município cuidar dela”. Vez dos Turistas: Destino Eleito A alta temporada é em julho, devido ao Festival de Inverno. Para o mês de atividades, a Vila recebe uma estrutura reforçada da prefeitura para os eventos. As atrações não param por aí: no primeiro semestre, tem o Festival do Cambuci, a Feira de Presépios Oratórios e a Corrida do Sesi e do Sesc. O segundo semestre conta com a Festa do Padroeiro, o Festival de Curta Neblina e o Festival de Ferromodelismo. Além dessas ocasiões, a Vila tem diversos atrativos, como exemplo, o Relógio da Estação, mais conhecido como Big Ben de Paranapiacaba; Passeio de Maria Fumaça; Centro de visitantes do Parque
Revista Rota
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Thaiane Liandro
É conhecido como um guia incomum, por se vestir a caráter de safári e ser especializado em plantas e animais selvagens. Ele explica que a trilha é uma das principais atrações. “As pessoas têm curiosidade de explorar a Vila. Sinto que é pela história que carrega e o contato com a natureza”, conta o guia, conhecido popularmente como Sukita. Quando questionado sobre os mistérios e lendas da região, ele confirma a existência de seres sobrenaturais. “Demorei em admitir, mas realmente morei em uma casa mal assombrada. Dona Francisca recita com satisfação um de seus poemas Depois passei a gostar da ideia. Me divertia Nascentes de Paranapiacaba; Museu Castelo; levando meus amigos lá”. Museu Funicular entre outros. Adalberto Luiz Rangel Nazário é a 3ª As ciclistas Francisca Barbosa e Rose geração da família vinda da Inglaterra. Fala com Correa são moradoras de Santo André e saudosismo sobre o passeio que fez na infância. constantemente praticam o esporte na redondeza. “Tive o imenso privilégio de andar de Locobreque “Pedalamos em vários lugares, mas esse com meu pai. Na época, aquilo era uma é um dos nossos favoritos”, conta tecnologia de ponta. Uma visão Francisca. E Rose completa: inesquecível que essa geração “Gosto da tranquilidade não teve o prazer, daqui”. infelizmente. Seria perfeito É a primeira vez se o trem voltasse para a que Fabiana Honório cidade ferroviária”. visita Paranapiacaba. “É Francisca Araújo, de diferente do que 80 anos, é a moradora costumamos a ver mais antiga na Vila de diariamente”. Seu Adalberto Rangel - Morador Paranapiacaba. Foi ela namorado, Anderson Souza, quem solicitou o Expresso é frequentador de longa data da Turístico para o local e insiste Vila e fez questão de trazê-la com que os moradores devem valorizar mais dois amigos. “Venho há anos aqui. Já mais esse patrimônio. Sempre foi a fiz trilha, acampei e vim no festival de Inverno. contadora de histórias da região.“Antigamente, as Gosto desse ambiente família”. crianças se sentavam ao meu redor para ouvir Segundo Simone Oliveira, receptiva do Centro de Informações Turísticas da Vila de Paranapiacaba, o ápice de público é alcançado durante o Festival de Inverno. Para isso, conta com diversas pousadas prontas para atender à demanda. A hospedagem diária custa entre R$100,00 e R$200,00. “Os serviços atendem a variados gostos e condições. Em alta temporada recomendamos que façam reservas devido à grande procura”
“Seria perfeito se o trem voltasse para a cidade ferroviária”
Luane Soutoz
Vez dos Moradores: Modéstia a parte, eu sou da Vila. Marcos Vital é monitor ambiental do local há 16 anos e durante sete morou na Vila,
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Casas construídas com madeira vindas da Inglaterra.
Cidade
meus contos. Foi uma época de ouro”, conta com emoção. “Valeu a pena tudo o que foi vivido nesse lugar. Tudo vale a pena quando se sabe viver”. Hoje, Francisca vende artesanato e é poetisa. Descreve com palavras harmônicas o sentimento que ela e os demais moradores de Paranapiacaba têm pelo lugar, e que saúda o tempo que não volta, desejando dias tão encantadores quanto. Em seu estabelecimento, deixa à mostra alguns de seus trabalhos e faz questão de frisar um de seus poemas favoritos: Flôr da Benedetti. Versos de amor que descrevem as peculiaridades de uma Vila que representa um pedaço da Inglaterra em São Paulo. dicasfree.com.br
Expresso Turistico visto por outro angulo
Flôr de Benedetti Aqui a Vila é mágica A Vila aparece E desaparece Tem horas que você vê o morro Tem dias que você não vê nada Parece o grande caldeirão Que você põe pra esquentar E a fumaça vem para a Vila apagar Tem bruxa no pedaço Com sua vara de condão E põe fogo no chão A fumaça aparece E a Vila desaparece Como um passe de mágica O morro a sumir E a fumaça a perseguir O dia não passa Nem as horas Só fica a fumaça Na cidade mágica.
Francisca Araújo Revista Rota
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Luciano Somenzari
A primeira vez na Argentina A primeira viagem ao exterior a gente nunca esquece. Valho-me desse lugar comuníssimo para emendar que eu não esqueço minha primeira viagem à Argentina. Antes que alguém deduza que iriei falar mal dos nossos irmãos do cone Sul, adianto que sou fã deles. Gosto de tango, do bife de chorizo, do Maradona (do Messi nem tanto porque tem cara de fuinha – que o próprio Messi me perdoe a grosseria), do Ricardo Darín, do Jorge Luis Borges, do cinema argentino, da Ley dos Medios etc. Mas, voltando ao assunto, minha primeira ida à Argentina foi movimentada. Em primeiro lugar, não fui a passeio. Fui como repórter de um jornal de São Paulo cobrir o lançamento de um automóvel de uma grande montadora que mantém negócios lá e aqui. É o que chamamos “viagem jabá”, ou seja, a dita montadora paga todas as despesas do jornalista para que este no fundo, no fundo, não fale mal do produto a ser lançado. Parênteses: não faria isso de novo hoje, nem preciso dizer que é altamente questionável esse tipo de postura jornalística. Mas, retomando a história, cheguei ao aeroporto de Buenos Aires junto com uma turma de jornalistas brasileiros, alegres e entusiasmados. Todo mundo estava com o passaporte na mão e procurando a fila para Luciano Somenzari receber o visto da autoridade local. Passei com o meu e esperei meu colega do jornalista, pósoutro lado do guichê. Não demorou muito e ele veio com o passaporte ainda na graduado em Gestão mão e com cara tranquila. Continuamos a caminhada até que chegamos no da Comunicação. portão de saída do aeroporto. Ele olhou bem para os lados e me perguntou: Trabalhou nos jornais “quando é que vão checar o meu passaporte?”. “Como assim?”, devolvi. “Você não passou pela imigração?”, completei curioso. “Eu não, estava conversando, Folha de S. Paulo, entrei num corredor qualquer e cheguei aqui com você”. Em outras palavras: Euro Brazil Press pode haver situação mais tranquila para entrar num país? Percebendo a gafe, (Londres) e Gazeta esse meu colega retornou com seu passaporte e fez questão de registrar Mercantil. oficialmente sua chegada, obviamente. No hotel, o check-in não foi menos tranquilo. Tudo organizado e rápido. Um outro colega gaúcho, daqueles que enxergam cada portenho com desconfiança desmedida, reclamava do tratamento recebido, com seu típico sotaque: “bah, esses argentinos não aprendem mesmo!” E eu, a quem via novidade em tudo, custava a identificar algum tipo de deselegância no tratamento da recepcionista, uma loirinha que insistia em manter sua boca semiaberta mesmo quando estava calada. No mesmo dia, seguimos para a base aérea de Morón, na grande Buenos Aires, era lá que teríamos a oportunidade de dirigir pela primeira vez os ditos modelos de lançamento. Nem bem entrei no carro estalando de novo, o meu guia, um argentino alto e de bigodes espessos me disse: “Usted sabe lo que pasó em esta base?” Eu já tinha ouvido histórias sobre o regime militar na Argentina (1976-1983), que, como no Brasil (1964-1984), praticaram terrorismo de Estado, fazendo desaparecer centenas de pessoas que simplesmente discordavam dos rumos do governo. Lembro-me também que no dia seguinte, depois da tarefa cumprida, sobrou-nos um tempo para um passeio. Pegamos um ônibus no hotel e fomos conhecer o bairro La Boca, um dos mais tradicionais de Buenos Aires, de forte tradição italiana (uma espécie de Bixiga argentino). Assim que chegamos, cada um foi para um lado, todos buscando explorar os detalhes de La Boca, que nasceu como um porto às margens do Riachuelo e sedia o estádio de futebol do Boca Junior, o La Bambonera. Depois de alguma horas perambulando, encontro meu colega de pena, o Henrique, que havia acabado de chegar à La Boca. Perguntei o porquê do atraso e ele me disse entre irado e irônico que se atrasou por causa do motorista de táxi (que existem aos milhares em Buenos Aires). E não é que Henrique pediu ao chofer para levá-lo próximo ao La Bambonera e cara se recusou? “Como recusou?”, perguntei curioso. “Ele, como torcedor fanático, insistia em me levar ao estádio do River Plate primeiro, só depois me traria ao La Bambonera”. “E aí?”, perguntei. “Depois de uma quase discussão, finalmente disse a ele que toparia ir ao River Plate primeiro, desde que a tarifa do táxi corresse por conta dele”. Bastou para convencer o torcedor.
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